BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que semanalmente estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de quartas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
JOSÉ ADAIL DE MENDONÇA, CENTENÁRIO!
Há nesse Estado do Ceará, de tantos contrastes, até mesmo em sua geografia, um lugar um tanto paradisíaco que ao conhecê-lo, cada um de nós, inevitavelmente, cai de amores, pelo conjunto da obra e a beleza de sua criação. Pode-se descrevê-la pela exuberância de sua vegetação, resquício de Mata Atlântica, ainda vastamente encontrada, desde a distância dos tempos do descobrimento. Aí, em comunidades da região que se denomina Maciço de Baturité, zona fisiográfica desse chão cearense, pontuam-se algumas pequenas cidades a indicar que uma de suas virtudes é a acentuada prevalência de zona rural, outrora tão dedicada a cultura do café, e hoje mais cativa de uma certa vocação hortifruticola, mais embelezada pela abundância de floração diversa, encantadora por formas e um colorido mágico de cores incomuns. Quem percorre suas cidades a partir de Baturité, passando por Mulungu, Aratuba, Palmácia, Pacoti, e chega a Guaramiranga, começa por ter a sensação de que nos aproximamos de um espaço celestial, a tirar por uma elevação que nos transporta até 1.115 metros, para nos trazer o conforto exponencial de clima e ambiência que se distancia em muito dos lugares tão comuns em nossa terra. Estando em Guaramiranga, por exemplo, é inevitável experimentar esse sentimento tão gratificante, a vivenciá-lo por sítios, vilas, fazendas, lugares e distritos de encantadora fisionomia. Num desses distritos, o Pernambuquinho, tem-se a visão de uma sucessão de sítios e árvores gigantescas, por um passeio que é parte obrigatória de seu roteiro turístico para se chegar ao Parque Ecológico de Guaramiranga, felizmente protegido por Decreto, desde 1979. Quem passa pela estrada do Pernambuquinho seguindo para o antigo Tramonto, bem ao lado do Pico Alto, na maior altitude desse Estado, vai encontrar no altiplano um belo monumento a Nossa Senhora de Fátima. O local além do belíssimo visual de todo o Maciço de Baturité, proporciona ainda um mirante onde os visitantes desfrutam de um prazeroso pôr-do-sol. O Pernambuquinho, por encantos como esse, é parte indissociável de Guaramiranga. Seu crescimento até ensejou em 1963 que ele fosse desmembrado para se constituir num novo município do Ceará. Mas, durou pouco, pois em 1965 o Pernambuquinho voltou a ser parte distrital da rainha da Serra de Baturité, e aí se conserva em grande harmonia administrativa. Foi nesse Pernambuquinho, pouco adiante de Forquilha, a caminho de Pacoti, cem anos atrás, que nasceu José Adail de Mendonça, nosso grande homenageado dessa data centenária, aqui presente, Graças a Deus, saudável, lúcido, altivo, ereto, digno e honrado pela sociedade a que tem servido, zelado ao carinho da família que constituiu, admirado pela coletividade à qual emprestou – e diga-se, a juros baixíssimos, os melhores anos de uma juventude e maturidade, sendo um dos construtores desse Cariri que tanto amamos. José Adail de Mendonça, nasceu no Distrito de Pernambuquinho, no município de Guaramiranga, Ceará, em 29 de Março de 1917. Seus pais foram José Brasiliano de Mendonça e Virginia Medina de Mendonça, casal que já nutria uma prole de sete filhos, sendo Adail o oitavo, sete anos depois do mais moço. A lembrança de seus anos de infância é marcada por uma tristeza que resultou da perda de sua mãe, dona Virginia, ainda não havia completado cinco anos de idade e pela saída dos seus irmãos mais velhos que foram deixando o Pernambuquinho para estudar em Fortaleza, em Recife e em Salvador. Em suas memórias a recordação de uma infância acalentada aos carinhos da casa paterna e a casa dos avós, nas proximidades, privando mais intimamente com a vida rural de produção de frutas, a moagem de cana de açúcar e o café da Serra de Baturité. No convívio com a família realizou os seus estudos fundamentais, depois se transferindo para Cajazeiras, na Paraíba, onde residiu com um irmão, até que completou os estudos primários. Para dar continuidade aos seus estudos secundários, Adail transferiu-se para Fortaleza e passou a estudar no tradicional Colégio Castelo Branco. Concluídos os estudos secundários, profissionalizou-se através de um curso de Classificação e Fiscalização de Produtos Agrícolas, na Escola de Classificação de Algodão, criada pelo Ministério da Agricultura no Ceará, em 1940, o que lhe permitiu ingressar muito jovem no serviço público, ainda no começo dos anos 40. Nesse serviço, entre 1946 e 1947, Adail vivenciou uma fase importante do desenvolvimento agrário do Ceará, especialmente nas regiões Centro e Jaguaribana, onde trabalhou, com a expansão das culturas de algodão, cera de carnaúba e oiticica, sob a coordenação do notável agrônomo Dr. Ramir Valente, então Diretor do Departamento de Fiscalização e Classificação Interna do Algodão, da Secretaria da Agricultura, que dividiu o Estado do Ceará em 5 regiões, para melhor atendimento das demandas agrícolas. Aos 34 anos, em 1951, Adail Mendonça passou a desempenhar as funções de Chefe do Serviço de Classificação de Algodão, da região do Cariri, com sede em Juazeiro do Norte, nos bons tempos do ouro branco na região e das usinas que tínhamos, como a da P. Machado, a de Antonio Gonçalves Pita e a da americana Anderson Clayton. Fixando residência em Crato, conheceu Maria Edenir Carvalho Bezerra, de quem se enamorou para todos os anos de sua vida, contraindo núpcias em 19 de novembro de 1952. Edenir era uma jovem aos 25 anos, nascida em Lavras da Mangabeira, em 16 de Março de 1927, filha de Francisco de Paula Bezerra e de Maria de Carvalho Bezerra. Ela havia feito os seus estudos básicos no Colégio Santa Tereza e se diplomado pela Escola Doméstica 19 de Maio, de tanto renome como a Escola Doméstica São Rafael, de Fortaleza. Após o casamento, o casal passou a residir na cidade de Juazeiro do Norte, integrando-se a sociedade local. É necessário que se relembre aqui e a essa hora, o papel de grande relevo que Edenir conferiu à família que gerou, pois foi exemplar na sua dedicação às atenções domésticas e educacionais aos filhos que foram chegando. Desde que Edenir chegou a Juazeiro foi grande sua participação em todo movimento sócio religioso da cidade. Participou ativamente do Movimento das Bandeirantes, juntamente com outras senhoras da sociedade. Seu concurso foi fundamental para a vida em sociedade a partir das atividades em clubes sociais e de serviço. No movimento de "Miss Juazeiro" promovido por este clube, teve destacada atuação, preparando as candidatas e acompanhando-as até Fortaleza ou onde houvesse desfile. Foi fundadora do 1º Clube de Mães existentes em Juazeiro do Norte, quando funcionava em precária situação no bairro Salgadinho, sob a orientação da Legião Brasileira de Assistência. Destacou-se também, com serviços de decorações, proprietária do Buffet Só Festas, responsável por grandes acontecimentos sociais, nesta cidade e nas cidades vizinhas. Empregou ainda, de maneira eficiente, suas atividades como coordenadora da Creche Municipal Alayde Andrade, instalada no Bairro Limoeiro, que mantinha aproximadamente 150 crianças dando assistência necessária. Em 1957, José Adail de Mendonça fundou a SOCIL, a Sociedade de Comércio e Imóveis Ltda., firma pioneira nos negócios imobiliários, empresa muito conceituada e conhecida na região, abrangendo grande parte do Cariri cearense, firma ainda hoje muito ativa com sua sede em Juazeiro do Norte, cujos produtos em destaque tem sido loteamentos e terrenos para moradias. A missão da empresa tem sido o de facilitar o acesso ao investimento imobiliário proporcionando realização pessoal com qualidade, mantendo um relacionamento de fidelidade, disponibilizando total apoio e assistência, e estabelecendo uma relação de confiança com seus clientes. Pensando na comodidade do cliente, a empresa desenvolveu planos de pagamento de acordo com a disponibilidade de cada comprador, tornando muito mais acessível o sonho da casa própria. No presente momento a empresa desenvolve suas atividades em dois escritórios, situados nos bairros Centro e Campo Alegre. A SOCIL foi a responsável pela ampliação dos limites desta cidade grande, posto que em todas as direções, o seu espírito empreendedor lançou uma semente fecunda para abrir loteamentos, ruas, praças, avenidas, equipamentos públicos e infraestrutura urbana, contribuindo decisivamente para que a expansão urbana atinja em nossos dias 95% da área territorial do município. Exatamente porque já não é mais novidade essa sua profunda identificação como um autêntico desbravador das terras do velho Tabuleiro Grande. Não podemos falar de um bairro, apenas, senão de largos espaços criados, destacando-se: Parque Tiradentes (primeiro loteamento, em duas etapas); Parque da Liberdade (em quatro Etapas); Parque Limoeiro (em três Etapas); Jardim Aldeota; Loteamento Bela Vista; Parque Triângulo (em três Etapas); Parque Presidente Vargas; Parque Cinquentenário; Parque Santa Clara; Parque União; Loteamento Solar dos Cajueiros; Loteamento Santos Dumont; Loteamento Cabo Verde; Loteamento Vila Valley View; Loteamento Francisco Dias Sobreira; Parque Dom Bosco; Parque 22 de Julho; Parque Cardoso; Parque Timbaúba; Parque São Vicente; Parque Dr. Juvêncio Santana; Av. Castelo Branco; Av. Virgílio Távora; Loteamento Lagoa Seca (em duas Etapas); Loteamento Campo Alegre; Loteamento Cicerópolis; e Loteamento Parque do Sol (em Barbalha). Ainda por sua iniciativa fomentou operações de crédito e financiamento para empreendimentos a partir de uma Cooperativa de Consumo, nascida de uma sociedade com Antonio Ribeiro de Melo e que posteriormente foi transformada numa Cooperativa de Consumo. Edenir e Adail Mendonça constituíram uma família, onde se tornaram pais, avós e bisavós na seguinte descendência, sendo pais de: 1) Virginia Maria Bezerra Mendonça de Alencar, casada com Francisco Gledson Salatiel de Alencar, médico, pais de Dário Gledson Mendonça de Alencar, casado com Ana Clarice Ribeiro Macedo de Alencar; Tatiana Mendonça de Alencar Bringel, casada com Isaac Coelho Bringel, pais de: Ana Júlia Mendonça de Alencar Coelho Bringel e Isabela Mendonça de Alencar Coelho Bringel; e Ana Virginia Mendonça de Alencar, falecida precocemente; 2) Henrique Luiz Bezerra de Mendonça, em cujo relacionamento com Elizângela Rodrigues, são pais de: José Adail de Mendonça Neto e Eduardo Miguel Rodrigues de Mendonça; e 3) Roberta Bezerra de Mendonça Pinheiro, casada com Fernando Augusto Pinheiro Teles, pais de: Ana Carolina de Mendonça Pinheiro, Juliana de Mendonça Pinheiro e Bruno de Mendonça Pinheiro. Infelizmente, e para nós é um lamento indisfarçável, Edenir Mendonça faleceu em 15 de Março de 1996, véspera dos seus 69 anos de idade, quando a família e a sociedade se viu frustrada pela perda física de um grande exemplo de mulher que nos deixou uma profunda saudade e lágrimas inconsoláveis pela grande ausência que se sentiu daí por diante, e ainda hoje nos assalta. No início de 2014, já residindo de volta ao meu amado Juazeiro, e iniciando essa atividade de escrevinhador modesto, eu dediquei um pobre texto de exatas dezesseis linhas para falar sobre Adail Mendonça, a respeitabilíssima criatura, amada por todos nós, então às vésperas de seus 97 anos. Noutro dia, revendo aquele texto com o propósito de me incluir nas alegrias deste fato mais recente, quando na intimidade da família foi aberto o seu ano centenário, na celebração dos seus 99 anos de idade, eu me envergonhei, de fato, por ter perpetrado aquilo que apenas denotava a minha indigente e franciscana pobreza literária, incapaz de um maior realce a vida tão brilhante. De tão poucas coisas ali referidas, lembrei o “Seu” Adail Mendonça, o grande desbravador dessa ocupação do solo juazeirense, desde 1954, semeando loteamentos, quase cinquenta empreendimentos de sua Socil, a principiar pelo hoje populoso Tiradentes, e sequenciado pelo Pio XII, o Pirajá, o Triângulo, a Lagoa Seca, a Timbaúba, o Dr. Juvêncio, o Campo Alegre, só para falar do Juazeiro. Tem sido gratificante para todos nós receber notícias de Adail Mendonça, agora que está mais restrito a sua vida doméstica, mais familiar, enquanto a Socil está a pleno vapor, administrada pelas mais novas gerações, tendo Roberta como Gerente Administrativa, Virginia como Gerente Financeira e Dário Gledson como Gerente de Planejamento e Vendas, bem como todos os demais do clã familiar, solidários à vontade de perpetuar essa obra tão fundamental para eles, quanto para a comunidade a que serve há tantos anos, com uma folha inestimável de serviços e bem estar. Por vezes, até parece ser comovente a nós ver ou saber de Adail pelas redes sociais, não abrindo mão do seu contato diário com o computador, plugado na internet, navegando curioso e com agilidade, como se a nos demonstrar a jovialidade que há em sua mente, conservada e dinamizada por um espírito elevado e desligado das mazelas da vida que, seguramente tanto mal lhe fariam. Realmente, desejava partilhar com vocês, Roberta e Fernando, Virginia e Gledson, e Henrique, e seus filhos e netos, dessa graça com a qual somos beneficiados, por ainda poder viver à sombra de tão generoso e frondoso exemplo de dignidade e trabalho, como assim tem sido, por todos esses anos, a existência fecunda de José Adail de Mendonça. Ainda é possível que eu recorde a mim mesmo, na memória de um garoto, relembrando o começo dos anos 60, quando Adail sucedeu à grande e exemplar figura de Antonio Fernandes Coimbra (Mascote) e assumiu a presidência do nosso mais destacado ambiente social, o Treze inesquecível Atlético Juazeirense, tendo sido meu pai um dos seus diretores sociais, em fase de grande entusiasmo pela vida em torno do querido clube. E a partir daí foi como vimos Edenir e Adail, em corpo e alma, reunindo a sociedade local naqueles momentos, festas inesquecíveis que enchiam os salões do velho clube, celebrando uma fase monumental, depois da eletrificação do Cariri e onde se plantava em doses alentadas os anseios de desenvolvimento, cheios de esperanças a nos projetar, vitoriosos, para os dias atuais. Adail era de manifestar essa sensibilidade para emprestar seu entusiasmo para a vida social da cidade, tendo também participado da fundação da agremiação Juazeiro Clube, da reorganização do Clube dos Doze, e de tantas promoções de benemerência, magnificamente realizadas. Como liderança de grande expressão, nos setores comerciais e de serviço, Adail Mendonça também participou da diretoria da Associação Comercial de Juazeiro do Norte, em tempo de grande representatividade na agremiação, como tesoureiro da instituição, e a sua presença era dos melhores sinais de dignidade e trabalho, para uma casa que sempre teve uma contribuição à altura dos desafios que a cidade experimentou e que dali recebeu a força maior da vitalidade de jovens empresários, interessados no progresso e no desenvolvimento de nossa terra. Nessa convivência que se estirou em muitos anos, uns trinta, pelo menos, foram bem recheados dessa recíproca benquerença de nossas famílias, mercê do afeto que se cultivou no entorno de Edenir, Adail e sua família, na sua vivenda sempre charmosa, como assim víamos a Lagoa Seca. Essa nossa cidade não pode deixar passar esse momento vivido por Adail Mendonça, sem uma manifestação de grande apreço e consideração, pois ele é parte da construção de nossa cidadania, a partir mesmo de como por seus empreendimentos, garantiu um futuro melhor para nosso povo. O fato relevante em sua personalidade, e disso sua família muito deve se orgulhar, como nós mesmos, caririenses, reside no nosso entendimento de que ele fez essa longa travessia de vida apoiado numa profunda identidade com princípios éticos e morais que não se negociam por ocasiões. Por isso mesmo, meu querido Senhor José Adail de Mendonça, nós – seus amigos e admiradores, nós nos reunimos aqui, nesse momento com sua família para trazer-lhe não apenas o cumprimento entusiástico que a data inspira, mas o testemunho de nossa afetuoso tributo a alguém que marcou esse século com um exemplo de vida digno dos maiores heróis da nossa história e com quem ainda desejamos privar mais intimamente no aprendizado dessas definitivas lições de vida. Seja muito feliz por muitos anos à frente, na saúde e na paz, e que da Providência Divina recaiam sobre si graças e fortaleza para que essa sua existência ainda seja motivo substantivo para os louvores que ainda deveremos propagar, reconhecendo as grandes virtudes que ornaram o seu inestimável caráter. Receba de todos nós, nesses votos e nessa mensagem por seu centenário, todo o nosso carinho e afeto, onde queremos demonstrar o amor que lhe dedicamos.
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
CINE CAFÉ VOLANTE (FAMED, BARBALHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Barbalha (Auditório da Faculdade de Medicina), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 6, quinta feira, às 19 horas, o filme O ÓLEO DE LORENZO (Lorenjos´s Oil, EUA, 1992, 129min). Direção de Georege Miller. Sinopse: Um garoto levava uma vida normal até que, quando tinha seis anos, estranhas coisas aconteceram, pois ele passou a ter diversos problemas de ordem mental que foram diagnosticados como ALD, uma doença extremamente rara que provoca uma incurável degeneração no cérebro, levando o paciente à morte em no máximo dois anos. Os pais do menino ficam frustrados com o fracasso dos médicos e a falta de medicamento para uma doença desta natureza. Assim, começam a estudar e a pesquisar sozinhos, na esperança de descobrir algo que possa deter o avanço da doença.
CINE CAFÉ VOLANTE (NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 7, sexta feira, às 19 horas, o filme SAI DE BAIXO (Brasil, 1956, 100min). Direção de J. B. Tanko. Sinopse: Desafiado por um sargento do corpo de paraquedistas, que está interessado em sua namorada e quer ridicularizá-lo publicamente, o palhaço Carequinha decide se alistar ao serviço militar, como paraquedista. levando com ele seus amigos Raul e Fred. Sem querer perder a aposta, o sargento - que treina o grupo - faz de tudo para dificultar a vida dos rapazes.
CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 8, sábado, às 17:30 horas, o filme O FEITIÇO DE AQUILA (Ladyhauke, EUA, 1985124min). Direção de Richard Donner. Sinopse: Europa, século XII. O Bispo de Áquila (John Wood) toma consciência que sua amada, a bela Isabeau (Michelle Pfeiffer), está apaixonada por Etienne Navarre (Rutger Hauer), um cavaleiro. Áquila fica possuído de raiva e ciúme e lança uma maldição sobre o casal: de dia ela sempre será um falcão e de noite Navarre toma a forma de um lobo, sendo que desta forma fica o casal impedido de se entregar um ao outro. Eles têm como único aliado Phillipe Gaston (Matthew Broderick), mais conhecido como Rato, que é o único prisioneiro que escapou das muralhas de Áquila.
CINE ELDORADO (JN)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe no próximo dia 7, sexta feira, às 20 horas, dentro do Festival Oscar, o filme UM ESTRANO NO NINHO (One Flew Over the Cuckoo´s Nest, EUA, 1975, 129min). Direção de Milos Forman. Sinopse: Randle Patrick McMurphy (Jack Nicholson), um prisioneiro, simula estar insano para não trabalhar e vai para uma instituição para doentes mentais. Lá estimula os internos a se revoltarem contra as rígidas normas impostas pela enfermeira-chefe Ratched (Louise Fletcher), mas não tem idéia do preço que irá pagar por desafiar uma clínica "especializada".
DES. TEODORO SILVA SANTOS: NOVO LIVRO
O livro “O Tribunal do Júri no Contexto dos Direitos Humanos”, de autoria do desembargador Teodoro Silva Santos e do promotor de Justiça Ionilton Pereira do Vale, será lançado às 19h desta terça-feira (21/03), no auditório da Biblioteca da Universidade de Fortaleza (Unifor). A obra faz análise da instituição do Júri à luz das Convenções Internacionais dos Direitos Humanos. Durante o lançamento, serão proferidas duas palestras sobre o júri, sendo uma proferida pelo procurador-geral de Justiça do Ceará, Plácido Rios, e a outra pelo professor de Direto Penal, Francisco Marques. Teodoro Silva Santos ingressou do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), em 29 de abril de 2011, tornando-se membro da 5ª Câmara Cível, que foi transformada na 2ª Câmara de Direito Privado. Também é professor das disciplinas de Processo Penal (graduação) e Processo Penal e Direito Penal (pós-graduação) da Unifor. Antes de ingressar na magistratura, foi promotor e procurador de Justiça do Estado. Além dessa obra, o magistrado também é autor do livro “A transação penal nos crimes de ação privada à luz da hermenêutica e dos princípios constitucionais”, lançado em 2008.
PADRE CÍCERO & JUAZEIRO: DISSERTAÇÃO (1)
MULHER SOKA EM TERRAS SANTAS: A PROPAGAÇÃO DO BUDISMO EM APARECIDA DO NORTE E JUAZEIRO DO NORTE. MARIA DE LOURDES DOS SANTOS. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014. RESUMO: Essa pesquisa foi realizada com mulheres budistas de Juazeiro do Norte, CE, e Aparecida do Norte, SP, para conhecê-las e saber como as integrantes da Divisão Feminina da Associação Brasil Soka Gakkai Internacional desenvolvem a prática budista nesses locais marcadamente cristãos. Em Juazeiro, o culto ao Padre Cícero move a cidade. Em Aparecida, o culto a Nossa Senhora Aparecida também mobiliza milhares de pessoas. Duas cidades tão parecidas, mas ao mesmo tempo tão diferentes na forma de manifestar a religiosidade uma popular, outra institucionaliza. Sendo assim, a BSGI em cada localidade também difere na forma de desenvolver suas atividades de proselitismo, o que resulta em uma forma singular da participação das mulheres, principalmente em Juazeiro, e no discurso de seus líderes. A distância geográfica de Juazeiro em relação a São Paulo, onde a sede da BSGI está instalada, e a pouca experiência de sua liderança, pareceu-nos ser o motivo de se desenvolver no distrito uma forma diferenciada de atender aos membros locais, muito diferente das demais localidades onde a BSGI está instalada. Ao mesmo tempo, essa forma poder ser um dos motivos da redução de adeptos apresentada pelo distrito nos últimos anos, associada à questão de relacionamento e afastamento de líderes centrais da Divisão Feminina da organização. Em Aparecida, o apoio de São José dos Campos e a maior experiência de prática das líderes da Divisão Feminina favorecem a existência de uma organização com maior identidade Soka. O sincretismo cristianismo-budismo nasceu no Japão, país em que a fidelidade religiosa não é fundamental. O budismo praticado no Brasil assume elementos do cristianismo. Mesmo sendo japonesa, a BSGI não permite o duplo pertencimento por questões doutrinárias. Apesar da exigência de fidelidade religiosa, nem sempre ela é possível, e o discurso difere muitas vezes da ação de muitas mulheres que se converteram ao budismo. Que tipo de conversão foi realizada, em que plano de consciência é um dos pontos que apresentamos. Como é muito difícil surgir no Brasil um budismo brasileiro , trazemos a proposta de um budismo de fronteira , espaço onde tudo pode acontecer. O espaço entre duas fronteiras fluidas, budismo e cristianismo, favorece o transitar por seus territórios delimitados por culturas e identidades. Por isso, quando uma fronteira se retrai, como está acontecendo com o catolicismo, outras se ampliam, como o pentecostalismo, e, nessa onda, muitas escolas budistas. Dentre elas, a BSGI está se desenvolvendo, mas os espaços religiosos sempre serão delimitados. Nesse universo vive a Divisão Feminina da BSGI. Para conseguir transitar, mesmo que indiretamente por essas fronteiras afinal, estão em um país com mais de 80% da população cristã , necessitam de estrutura social (dos companheiros budistas) e religiosa (dos líderes budistas). Faltando uma delas, não conseguem seguir praticando o budismo.
PADRE CÍCERO & JUAZEIRO: DISSERTAÇÃO (2)
SÍTIO CALDEIRÃO: A VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL CONTRA UMA COMUNIDADE FRATERNA (1889 1937) REGIÃO DO CARIRI / CEARÁ. BENEDITO TADEU DOS SANTOS. Dissertação (Mestrado em História) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014. RESUMO: A irmandade de Santa Cruz do deserto foi uma comunidade liderada pelo Beato José Lourenço, que surgiu em 1926, formada inicialmente por sertanejos nordestinos, devotos do Padre Cícero Romão Batista que, desde 1889, haviam seguido para Juazeiro do Norte em romaria, após o Milagre Eucarístico, protagonizado pela Beata Maria de Araújo. Ao longo desses 37 anos, retirantes de diversas regiões do Nordeste foram aglutinando-se na região do Cariri, mas esse contingente aumentou significativamente com a chegada gradativa de vitimados pela seca de 1932, a qual maximizou a atávica exploração dos oligarcas rurais, denominados coronéis. No Sítio Caldeirão, situado no munícipio do Crato, no Estado do Ceará, terras do Padre Cícero, José Lourenço e os membros de sua comunidade, calcados em experiências fraternas herdadas do Padre Ibiapina e práticas religiosas comuns aos sertanejos, organizaram-se a partir dos pilares que lhes garantiam a sobrevivência material e preenchiam suas necessidades espirituais: trabalho, oração e partilha dos bens produzidos. Tal estrutura comunitária foi considerada pelos segmentos dominantes cearenses uma ameaça à ordem social estabelecida. A Igreja Católica Romana, por meio de sua hierarquia, comprometida com o projeto de romanização e com as oligarquias agrárias, desprezou suas práticas religiosas, considerando-as expressão de fanatismo. A isso se somou uma intensa disseminação de acusações de práticas comunistas e agrupamento periculoso, o que ajudou a formar uma opinião pública favorável à sua repressão. A campanha militar, formada por policiais civis e militares, do município, do Estado e com a ajuda de forças federais, desencadeada em 11 de setembro de 1936, resultou na dispersão dos membros da comunidade e na desocupação das terras do Caldeirão, tendo como desfecho a campanha ocorrida em maio de 1937, com ataque dessas forças aos remanescentes, que se haviam refugiado na Mata dos Cavalos, na Serra do Araripe. O Sítio do Caldeirão, juntamente com o movimento de Canudos e Pau de Colher, expressa a violência do Estado para com essas formas organizacionais que emergem naquela sociedade, cujo único pecado foi o de lutar contra a miséria, respeitando, conforme sua cultura, as normas e regras estabelecidas pelo próprio Estado e pela Igreja Católica. A análise dessa temática pautou-se em documentos diversos, tais como: periódicos, cartas, relatório da invasão policial, testamento do Padre Cícero, discurso do deputado Dr. Floro Bartholomeu na Câmara Federal, em 1923, e depoimentos (de remanescentes e contemporâneos do Beato José Lourenço).
PADRE CÍCERO & JUAZEIRO: DISSERTAÇÃO (3)
A AÇÃO PASTORAL DE PADRE CÍCERO A PARTIR DOS SERTANEJOS: FÉ COMPROMISSO E LIBERTAÇÃO. ULISSES ABRUZIO. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008. RESUMO: O presente estudo analisa, diante da realidade nordestina, a trajetória e a ação pastoral do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte. Diante de sua perspectiva de evangelização, Padre Cícero foi o mensageiro da libertação do povo oprimido, povo esse, que diante das dificuldades do dia-a-dia era constantemente espoliado e explorado por um sistema político e uma classe dominante que o exclui. O contexto do final do século XIX retrata a dicotomia entre a religiosidade da Igreja Oficial e a religiosidade popular. Diante dessa realidade, Padre Cícero desponta com sua ação pastoral em busca da liberdade do povo simples, respeitando suas tradições e sua religiosidade, comprometendo-se com uma transformação através da fé. Associando fé e vida, e inserindo o povo como agente de sua própria história, não é exagero falarmos de que Padre Cícero inaugurou, mesmo que de maneira embrionária, uma proto-teologia, teologia, essa, que mais tarde foi chamada de Teologia da Libertação.
PADRE CÍCERO & JUAZEIRO: DISSERTAÇÃO (4)
THE CONTRADICTORY IMAGES OF THE POPULAR FIGURE OF PADRE CÍCERO: MITHOLOGIZED AND DEMYTHOLOGIZED. Dissertação (Mestrado em Literatura) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012. RESUMO: Este trabalho propõe um estudo sobre imagens contraditórias da figura popular de Padre Cícero Romão Batista como matéria mítica. Assumimos, com o auxílio das teorizações do mitólogo romeno Mircea Eliade e do antropólogo francês Gilbert Durand, a perspectiva de que o mito permanece e se atualiza infinitamente por meio de imagens e simbolismos arquetípicos. Dividida em três partes, sendo na primeira analisado o sertão mítico, desde suas primeiras tentativas de caracterizá-lo, passando pelo estudo de autores que atribuem uma multiplicidade de significados expressa no discurso de seus personagens; na segunda parte, analisa-se a cidade de Juazeiro do Norte como a cidade mítica, a começar pelos mitos iniciáticos desde o seu tempo inaugural até surgir o mito o qual envolveu a figura popular de Padre Cícero na região do Cariri, onde se situa a cidade de Juazeiro; na terceira parte, analisa-se a imagem contraditória da figura de Padre Cícero, em autores que o mitificam e o desmitificam, reconhecendo na sua figura um messiânico seguidor de Padre Ibiapina e Antônio Conselheiro. Em relação aos protestos sociais, com a diferença de como se deu cada movimento, em Canudos, seu líder morreu tragicamente com seus seguidores e, em Juazeiro do Norte, a violência foi simbólica, transcorrendo exclusivamente dentro dos quadros eclesiais e religiosos: a suspensão das ordens sacerdotais de Padre Cícero.
(https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/14701/1/Maria%20de%20Fatima%20Oliveira%20Magalhaes.pdf)
PADRE CÍCERO & JUAZEIRO: TESE (5)
ROMEIROS E DEVOTOS DO PADRE CÍCERO: INVESTIGAÇÃO PSICANALÍTICA DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS DA VIDA RELIGIOSA. KARLA DANIELE DE SÁ MACIEL LUZ. Tese (Doutorado em Psicologia) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012. RESUMO: Ao longo da história, a religião, com sua gama de significados, despertou e vem despertando, cada vez mais, o interesse de pesquisadores das mais variadas áreas, incluindo a psicanálise, começando mesmo com o próprio Freud. Sua obra nos oferece inúmeras contribuições para a compreensão de tal fenômeno. Tais contribuições vão desde um discurso mais científico, passando por um discurso de ordem analítica, até novas maneiras de teorizar acerca da experiência religiosa. Alguns aspectos da religiosidade popular, por exemplo, vêm se destacando enquanto objetos de investigação, seja da psicologia seja da psicanálise. Dentre as mais variadas manifestações da religiosidade popular, temos, aqui no Brasil, os romeiros de Padre Cícero. Essa manifestação caracteriza-se pela peregrinação e culto à imagem do Padre Cícero Romão Batista, pelo povo oriundo do sertão nordestino. Todos os anos, em períodos específicos, a multidão ruma para a cidade de Juazeiro do Norte em busca das bênçãos do Padim Ciço, assim por eles denominado. Desse modo, este trabalho objetivou investigar os processos psíquicos subjacentes à crença religiosa dos romeiros e devotos de Padre Cícero, na medida em que esses se faziam conhecidos. Tal estudo foi realizado por meio da observação participante e da coleta de depoimentos, os quais foram postos em diálogo com os aportes teóricos da metapsicologia freudiana. Essa investigação possibilitou a construção de reflexões sobre a transferência no processo de pesquisa em psicanálise, como também a compreensão da representação das figuras familiares nas insígnias religiosas, passando pelo processo sublimatório das pulsões frente à experiência de fé. Com isso, pretendeu-se conhecer melhor a organização psíquica quando marcada pela experiência religiosa, como também refletir sobre investigação em psicanálise e fenômenos da cultura brasileira.
(https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/15155/1/Karla%20Daniele%20de%20Sa%20Maciel%20Luz.pdf)
PADRE CÍCERO & JUAZEIRO: TESE (6)
PADRE CÍCERO & JUAZEIRO: TESE (6)
HOMENS, LETRAS, RISOS E VOZES EM TRINCHEIRAS: MATRIZES NARRATIVAS DOS MOVIMENTOS ARMADOS NO CEARÁ (1912-1914). ANTONIO ZILMAR DA SILVA. Tese (Doutorado em História) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009. RESUMO: Nossa pesquisa perscrutou a participação popular no período da Primeira República no Ceará, quando o Brasil passou pela reformulação da política dos governadores: as chamadas Salvações do Norte, que destituíram elites viciadas no poder desde o tempo do Império. Como pontos de reflexão escolhemos os movimentos armados em Fortaleza e Juazeiro do Norte, em 1912 e 1914, que resultaram na deposição do governo Nogueira Acioli, há 16 anos no poder, e na reorganização das forças do Partido Republicano Conservador (PRC). Em Fortaleza de 1912, as movimentações populares em apoio ao candidato Franco Rabelo ganharam as ruas através de passeatas, palestras, homenagens promovidas por ligas de diversas categorias profissionais. Os enfrentamentos com a polícia aciolina foram inevitáveis, culminando com a morte de crianças numa passeata infantil. Essa ação gerou a deposição de Acioli e a eleição de Rabelo, em meio à grande participação popular. Em Juazeiro do Norte, políticos ligados ao presidente deposto se articularam com Pinheiro Machado e programaram movimento armado para tomada do poder, alegando ilegalidades na eleição de Franco Rabelo. Nesse processo, Padre Cícero e seus fiéis foram integrantes preponderantes, levando ao êxito aquela empreitada. Percebemos as alianças tácitas e sutis entre intelectuais e políticos letrados, entre estes e populares, como suas mobilizações políticas onde emergiram usos de letras, vozes, imagens e desdobramentos de performances. Analisamos suas produções textuais e orais em poesias, crônicas, memórias, caricaturas, como suportes de circulação de seus humores e disputas em livros, jornais, panfletos, folhetos, discursos, canções e paródias, procurando intersecções e mediações possíveis dessas práticas culturais e de suas formas de leitura. Neste processo, encontramos lembranças e esquecimentos em diferentes matrizes narrativas, configurando modos como àqueles episódios foram narrados para a população cearense e o restante do país.
PADRE CÍCERO & JUAZEIRO: TESE (7)
The dynamics of backcountry devotional space: devotion to Padre Cicero and his contribution to the establishment of the identity of the backcountry. Wagner Lima Amaral. Tese (Doutorado em Ciências da Religião) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014.
RESUMO: A dinâmica do espaço devocional sertanejo - A devoção a Padre Cícero e sua contribuição na constituição da identidade do sertanejo tem como objeto de estudo a devoção sertaneja a Padre Cícero, sendo realizada através de ampla análise bibliográfica por meio de trabalhos historiográficos, analíticos e poéticos. Parte da análise do lugar do sertanejo o sertão, entendendo ser a difícil vivência em seu lugar a motivação para a invenção de um espaço particular, por meio de sua devoção, estabelecendo esperança de vida. Neste espaço cria uma dinâmica de transcendência x imanência em que ele transcende ao seu lugar, através de sua ligação com a referência de sua devoção Padre Cícero, somando-se à sua ligação de convívio com seus iguais os devotos romeiros; e, desta forma, percebe a imanência do divino em seu lugar pela prática de sua fé, através de suas dimensões: coletiva, pela oralidade; performática, pelas romarias; e literária, pelos cordéis. A preservação desse espaço por meio da devoção, não somente estabelece novas dinâmicas para o sofrido sertanejo como influencia determinantemente em sua própria identidade, acrescentando ou acentuando características como uma visão poética da realidade, uma apropriação dos símbolos, uma resistência à desesperança, uma compreensão mística da vida. Tais características influenciam na formação de sua identidade, tornando-o autor e ator de sua própria realidade, inventor de uma dinâmica bela e esperança para a vida; na qual ressignifica antigos conhecimentos, tornando-os aplicáveis em seu novo contexto, criando uma resistente esperança na qual toda a realidade é entendida, interpretada e vivida em forte tonalidade mística cristã, trazendo significado para esta vida e a por vir, numa perspectiva escatológica triunfal. Assim, é o devoto que determina a preservação da vida ao sertanejo por meio de seu espaço
PADRE CÍCERO & JUAZEIRO: TESE (8)
Padre Cícero do Juazeiro do Norte: a construção do mito e seu alcance social e religioso. Carlos Alberto Tolovi. Tese (Doutorado em Ciências da Religião) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016. RESUMO: Tomando a figura de Padre Cícero como referência é possível perceber um processo de santificação que coincide com a construção de um mito. Porém, este santo mitificado tem algo de específico: ele foi construído pela religiosidade popular e ainda hoje pertence a ela. Afinal, o patriarca do Juazeiro do Norte, carinhosamente chamado como meu padim é um santo que vive no sol pelo fato de ter morrido afastado das Ordens Sacerdotais. Decisão eclesial que permanece até os dias de hoje. Padre Cícero ainda não foi reabilitado pela hierarquia da Igreja Católica. Portanto, é proclamado santo pelos seus romeiros e romeiras, mas ainda não pode entrar na Igreja e ocupar um espaço ao lado de outros santos em sua grande maioria, europeus. Reflexo de uma ideologia colonialista que, por meio do controle do sagrado estabelece uma relação de poder caracterizado como clerical, centralizador e hierárquico. Uma realidade histórica que só pode ser compreendida a partir de um cenário mais amplo, onde também estão inseridos Padre Ibiapina, Conselheiro e Zé Lourenço. Cenário de grandes e marcantes conflitos entre a hierarquia da Igreja católica, a religiosidade popular e o Estado brasileiro. É dentro deste contexto que procuramos compreender a estrutura do mito em torno da figura de Padre Cícero. Uma figura aparentemente enigmática e contraditória. Porém, do ponto de vista da religiosidade popular ele estará inserido num universo coerente e pleno de sentido, na luta pela sobrevivência, abrindo brechas nas estruturas de poder constituídas. É nesta perspectiva que podemos compreender um processo de mitificação envolvendo a figura de Padre Cícero, com impactos direto na realidade política, social e econômica que envolve Juazeiro do Norte, a Região do Cariri, o Estado do Ceará, com reflexos imediatos no cenário das disputas pelo poder a nível nacional. Enfim, a partir de Padre Cícero e Juazeiro do Norte podemos perceber que o mito possui uma íntima relação com a religião, influenciando diretamente as relações sociais.
COMENDA MEMÓRIAS DE JUAZEIRO, 2017
No próximo dia 13 de abril (quinta feira da semana santa) às 20 horas no Memorial Padre Cícero, acontecerá a Décima Sétima Edição da Concessão da Comenda Memórias de Juazeiro, promovida pela Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte, AFAJ, com sede em Fortaleza. Este ano, os agraciados escolhidos por todos os membros da diretoria em votação secreta recaiu sobre as seguintes personalidades (na foto, vistos da esquerda para a direita): José da Cruz Neves (Zeca da Cruz), Dr. Juvêncio Joaquim de Santana e Maria Assunção Gonçalves. Assim, anualmente, a Associação tem realizado a escolha dos seus homenageados, seguindo um ritual previsto pela indicação circunstanciada, patrocinada pelos associados, e justificada pela proposta subsidiada em dados biográficos que informam os valores de vida e obra dos candidatos apresentados. Em anos anteriores foram agraciados com a Comenda Memórias de Juazeiro, as seguintes personalidades: Em 2001: José Geraldo da Cruz, Manoel Francisco Germano e Odílio Figueiredo; Em 2002: Antonio Fernandes Coimbra (Mascote), Dário Maia Coimbra e José Monteiro de Macedo; Em 2003: Expedito Pereira, Francisco Erivano Cruz e Felipe Néri da Silva; Em 2004: Francisco Néri da Costa Morato, José Bezerra de Menezes e Mozart Cardoso de Alencar; Em 2005: Antonio Corrêa Celestino, Expedito Guedes e José Teófilo Machado; Em 2006: Mons. Francisco Murilo de Sá Barreto, Samuel Wagner Marques de Almeida e Walter de Menezes Barbosa; Em 2007: Amadeu de Carvalho Brito, Aureliano Pereira da Silva e Edgar Coelho de Alencar; Em 2008: Durval Aires de Menezes, Getúlio Grangeiro Pereira e Tarcila Cruz Alencar; Em 2009: Antonio Conserva Feitosa, Francisca Pereira de Matos e Gumercindo Ferreira Lima; Em 2010: José Perboyre Sampaio Sabiá, José Pereira Nobre e Tereza de Sousa Pereira; Em 2011: Luiz Gonçalves Casimiro, Orlando Bezerra de Menezes e Valdetário Pinheiro Mota; Em 2012: José Feijó de Sá, Manuel Rodrigues Veloso e Ten. Raimundo Saraiva Coelho; Em 2013: Expedito Ferreira Lima, João Maurício e Silva e Teodoro de Jesus Germano; Em 2014: Antônio Araújo Silva, Bartolomeu Alves Feitosa e Cel. Firmino Araújo; Em 2015: Francisco Edmilson Brito, Maria Alacoque Bezerra de Menezes e Milton Sobreira da Cruz; e Em 2016, pela primeira vez realizada em Juazeiro do Norte, a AFAJ decidiu homenagear os senhores José Mauro Castello Branco Sampaio, Leandro Bezerra de Menezes e Odílio Camilo da Silva. Na cerimônia do dia 13.04 próximo, estará também sendo lançado um livro, de quase 400 páginas, alusivo à essa Comenda, contendo as 51 biografias dos homenageados em todas essas solenidades, incluindo os homenageados de 2017. A AFAJ já está endereçando convites às famílias desses agraciados, desde 2001, para que mais uma vez recebam as homenagens da Associação. Para participar desse evento uma grande caravana de associados está sendo aguardada em nossa cidade, oportunidade em que passarão aqui as celebrações da semana santa, fato sempre tão agradável aos juazeirenses que há muitos anos residem em Fortaleza e outras cidades. A AFAJ e essa Coluna convocamos amigos e parentes de todos esses distinguidos pela Comenda Memórias de Juazeiro para prestigiar esse acontecimento. No ato, portanto, haverá uma sessão solene para a Concessão, seguida do lançamento do livro Comenda Memórias de Juazeiro e um coquetel, no encerramento.
NOVAS LEITURAS
O V Simpósio sobre Padre Cícero deu espaço para que livros novos fossem lançado e alguns antigos voltassem à cena. Foi o caso da obra da profa. Loureto de Lima, José Lourenço – o beato perseguido. Dos novos foi vendido na lojinha improvisada Incêncios da Alma, de Edianne Nobre. E reencontrei, depois de longo tempo o meu amigo Abraão Batista, sempre trazendo parte de sua coleção de folhetos de cordel. Mas sempre com uma oportunidade para mostrar coisas novas, como esse “Deu Xixi nas Cabeças de Deputados e Vereadores da Princesa da Menopausa. Pra gente ler e morrer de rir.
DOCUMENTO: FLORO, PRESIDENTE
Que lê a crônica da Sedição de Joazeiro (1913-1914) sabe que houve uma divisão inevitável da Assembléia Legislativa do Ceará em dois grupos, um comandado pelo Deputado Floro Bartholomeu da Costa que veio para o Cariri e um outro que permaneceu resistindo na Capital. Franco Rabelo somente se afasta do Governo do Ceará em 14.03.1914. Mas pelo documento acima mostrado, Floro Bartholomeu antecipou-se ao desfecho e se proclamou Presidente do Estado. Nesse documento, ele toma uma atitude de rotina, e pelo instrumento, onde ele decide e assina como Doutor Floro Bartholomeu da Costa, Presidente do Estado do Ceará, em Joazeiro do Cariry, etc, nomeou o senhor Manoel Honorato Cavalcante Filho coletor estadual na cidade de Morada Nova, datando o documento de 10.03.1914, assinando-o também, solidário Theodomiro Ramalho. A anotação embaixo se refere ao fato do nomeado ter feito o compromisso legal quando assumiu em 16.03.1914, perante o intendente municipal da vila de Morada Nova e o termo foi assinado pelo secretário interino Pedro Barreto. Interessou-me saber quem era Theodomiro Ramalho. E descobri que esse cidadão tinha uma empresa em Joazeiro, em 1914, com o nome de Theodomiro Ramalho & Cia. Para descaroçar algodão. Como é que ele foi parar sendo chefe de gabinete de Floro, ou seu secretário, eu não sei.
ANTOLOGIA CORDEL E MEIO AMBIENTE
Será lançada no dia 28.04, pp, a ANTOLOGIA CORDEL E MEIO AMBIENTE, de ZÉLIA MONTEIRO BORA (Universidade Federal da Paraíba - UFPB), ANNA CHRISTINA FARIAS DE CARVALHO (Universidade Regional do Cariri – URCA) e ADAYLSON WAGNER SOUSA DE VASCONCELOS (Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “Nesta seleção, muitos outros poetas do cordel clássico, além de Leandro Gomes de Barros e Manoel Monteiro, poderiam ter sido escolhidos, entretanto, sabemos que essa lista se estabeleceria para além dos limites de páginas propostas para a organização desta antologia. Por essa razão, os autores optaram por esta pequena amostragem e privilegiaram a possível gênesis de uma literatura de cordel mais ecocrítica, centrada na ideia de devastação do meio ambiente que vem atravessando o milênio como um dos temas mais importantes do cordel contemporâneo, como tentamos evocar em nosso trabalho. Além desses dois clássicos, o cordel contemporâneo demonstra que, nas fronteiras do ecológico, expressas nos textos aqui presentes, é prioridade um tema quase existencial do ser nordestino, tanto da perspectiva masculina, quanto da feminina, como são os casos das poetisas Rosário Lustosa, Anilda Figueiredo, Semira Adler, Sebastiana Gomes (Bastinha), Nezite Alencar, e dos poetas Nelson Barbosa, Marcelo Soares, Marco di Aurélio, Stélio Torquato, Medeiros Braga e Luar do Conselheiro.” Agradeço a Anna Christina Farias de Carvalho o gesto atencioso pela remessa do convite. O ato acontecerá às 18:30h no Salão da Terra, na Universidade Regional do Cariri e conta com o apoio da Pro Reitoria de Extensão.
V SIMPÓSIO: REPERCUSSÃO (1)
Sempre que possível, estaremos reproduzindo aqui algumas impressões sobre o mais recente Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero, há pouco realizado. É o caso desse artigo, divulgado através da REVISTA IHU ON-LINE (28.03.2017), com o título de "A IGREJA RECONHECERÁ A SANTIDADE DO PADRE CÍCERO".
“Existem figuras que estão intimamente ligadas a certos lugares. O Padre Cícero Romão Batista e Juazeiro do Norte são um exemplo desta afirmação, ao ponto de poder dizer que não é possível entender um sem o outro, pois a história do personagem e da cidade são marcadas reciprocamente.
A reportagem é de Luis Miguel Modino, publicada por Religión Digital, 26.03.2017. Traduzido por Henrique Denis Lucas. De 20 a 24 de março, dias em que foram celebrados os 173 anos do nascimento do "Santo Nordeste" brasileiro, ocorreu no Memorial Padre Cícero o V Simpósio Internacional Padre Cícero, organizado pela Universidade Regional do Cariri (URCA) e pela prefeitura da cidade de Juazeiro do Norte, evento que coincidiu com a 35ª semana Padre Cícero. Diversos oradores conhecidos, provenientes do Brasil e do exterior, entre os quais cabe destacar a figura notável de Leonardo Boff, conversaram com mais de 650 participantes, ajudando-os no aprofundamento da vida e da obra do sacerdote. O tema escolhido foi: "Reconciliação, e agora?", ideia que surge após o processo desencadeado pela Igreja Católica e que teve como consequência a reconciliação da Igreja com o Padre Cícero, através do Papa Francisco, cumprindo assim as palavras que o próprio sacerdote dizia aos que se preocupavam com a sua situação canônica: "Não se preocupem, meus filhos, quando chegar a hora, a própria Igreja Católica me defenderá". Leonardo Boff, na conferência de encerramento, ansiosamente aguardada pelos participantes do simpósio, abordou a figura do Padre Cícero a partir do Pontificado do Papa Francisco, estabelecendo pontes de união entre os dois personagens de grande importância para a história da Igreja. O teólogo brasileiro declarou que é importante que a Igreja reconheça a santidade de alguém que já é santo para o povo, como testemunhou mais uma vez no Simpósio a dona Rosinha do Horto, uma das poucas pessoas ainda vivas que conviveram com o padre Cícero, para quem ele nasceu, viveu, morreu e continua santo. Boff salientou que chegará o dia em que o Padre Cícero será beatificado e canonizado, processo ao qual Maria de Araujo também deveria passar, reconhecendo assim o papel e o valor das mulheres, pois em sua boca teve lugar o milagre da hóstia que se converteu em sangue, e que em consequência disso, ela tenha se mantido reclusa até a sua morte.
O Papa Francisco é considerado por muitos como uma das grandes vozes da teologia da libertação e como alguém que vem desse mundo, de uma Igreja que pensa sobre a justiça social, que fez a escolha pessoal de viver na pobreza, estando perto dos pobres, visitando uma vez por semana as vilas miseráveis da capital Buenos Aires, sempre através de transportes públicos, sozinho, entrando nas casas, tomando café com as pessoas. Boff qualifica o Bispo de Roma como uma das grandes bênçãos que Deus deu aos cristãos e à humanidade, o que tem feito que muitos se sintam orgulhosos de serem católicos. Ele é atualmente o único líder mundial a quem todos escutam, alguém que promove a reconciliação e o diálogo entre países e religiões, em uma clara opção pela vida, alguém que diz a verdade com ternura e determinação. Neste sentido, Francisco é definido como aquele que trouxe uma primavera para a Igreja, depois de um longo inverno, uma Igreja de abertura, de diálogo com a cultura e com o mundo, com os movimentos sociais, para escutar das próprias bocas das pessoas que sofrem com os tormentos, os gritos das vítimas. Francisco estabelece uma Igreja de portas e janelas abertas, não encerrada em um castelo cercado de inimigos por todos os lados. Ele é alguém que se despoja dos símbolos de poder, o que irá criar uma genealogia de Papas advindos do terceiro e do quarto mundo, iniciando uma nova forma de exercer o papado como serviço colegial, dirigindo a Igreja não a partir do direito canônico, mas a partir da caridade, sem condenar ninguém e reconciliando-se com quem foi condenado em outros tempos, tal qual os teólogos da libertação.
Quando o Papa Francisco, de acordo com Leonardo Boff, fala aos cardeais, bispos, sacerdotes ou seminaristas, mostra-lhes muitas das coisas que foram vividas pelo Padre Cícero, alguém que era um conselheiro, que caminhou com o povo, que abençoou, que esteve no meio das pessoas, com cheiro de ovelha, um exemplo de uma Igreja em saída, em direção ao povo, aos pobres. Entre os reconhecimentos que o Papa fez ao Padre Cicero estão os seus dez mandamentos ecológicos, cujo espírito está presente na Encíclica Laudato Si. O Padre Cícero compreendeu o seu ministério não como burocracia, mas como um serviço aos outros, a partir da simplicidade, realizando um movimento de convivência direta com as pessoas, as quais eram o centro de sua vida, falando com todos que encontrava, visitando todas as casas, abraçando as crianças, dando orientação e bons conselhos para todos os que reuniam-se à tarde em frente de sua casa, especialmente os mais humildes, as pessoas mais pobres, sendo sempre um exemplo de paciência, conforto, atenção, carinho e disponibilidade, com um coração compassivo e misericordioso que se comovia diante da necessidade das pessoas, sem nunca cobrar nada pelo seu trabalho pastoral. Foi alguém que obedeceu o que Roma determinou sobre a sua vida e nunca fez qualquer crítica à Igreja. A importância do Padre Cícero vai mais além do âmbito eclesial, sua figura é destacada por representantes da sociedade civil. Nas palavras do prefeito da cidade, José Arnon Bezerra, ele "só ganhou a importância que tem hoje para milhares de pessoas, por causa das mudanças que promoveu na sociedade. Por isso a sua palavra ainda é ouvida e repassada até hoje", aspecto que também foi ressaltado pelo Reitor da Universidade, Patricio Pereira Melo, que organizou o simpósio, que não hesitou em dizer que a "história do Padre Cícero se entrelaça com a história da região do Cariri", porque, em sua opinião, "a história de Padre Cícero é um entrelaçamento de política e misticismo". Um dos principais fatores de reconciliação entre a Igreja Católica e Padre Cícero foi o atual bispo emérito da Diocese de Crato e Presidente de Honra do Simpósio, Dom Fernando Panico, em um processo que ele mesmo promoveu desde 2002, que se prolongou quase 15 anos e que, finalmente, tornou-se uma realidade com o Papa Francisco. Em sua apresentação, o prelado destacava a realidade sócio-religiosa cada vez mais rica de Juazeiro do Norte, um fato que se deve à figura do Padre Cícero e que tanto influencia a vida pastoral da capital do Cariri, não hesitando em afirmar ao longo dos dias de hoje que ele é uma maravilha em nossas vidas. Esta ideia foi corroborada por Dom Gilberto Pastana, bispo diocesano de Crato, para quem o evento realizado ajuda a fazer uma leitura da vida, memória e herança espiritual do sacerdote cearense. Mas o Padre Cícero não é uma figura isolada, mas uma parte de uma corrente que teve seus antecessores e sucessores. Neste sentido, o arcebispo Antonio Muniz Fernandes, Arcebispo de Maceió, insistiu em uma palestra com temática orientada para a unidade de vida e ação compartilhada entre o Padre Cícero e o Padre Ibiapina, que realizou grande trabalho social na pobre realidade do Nordeste brasileiro, sobretudo através das casas de caridade. Enquanto o segundo foi esquecido, os romeiros nunca deixaram cair no esquecimento aquele que sempre teve reputação de santidade, inclusive sendo excluído da Igreja Católica. Entre os seguidores desta corrente iniciada por Ibiapina e seguida por Padre Cícero, cabe destacar, na opinião do Padre Vilecí Basilio Vidal, a figura do beato Zé Lourenço que constituiu uma comunidade de cerca de duas mil pessoas no lugar conhecido como Caldeirão e que tornou-se um exemplo de desenvolvimento sustentável e ecológico, com uma forte influência religiosa, o que levou seus habitantes a viver com alegria e abundância, em uma época em que a maioria dos pobres passava por grandes necessidades, provocando a ira dos governantes e sua posterior destruição. O Simpósio não quis esquecer os romeiros, figuras profundamente ligadas àquele que consideram santo, para quem, nas palavras de Edin Sued Abumanssur, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o importante não é como chegar, mas chegar, pois não podemos esquecer que a maioria dos romeiros são pobres. Esta forma de catolicismo popular se expressa de muitas maneiras, pois ainda hoje há muitas pessoas que escrevem cartas para o padre Cícero, contando seus problemas e preocupações, pedindo sua intercessão ou agradecendo favores alcançados através dele, como constatava em sua apresentação a professora Maria das Graças Ribeiro de Oliveira Costa. Um dos grandes estudiosos do padre Cícero é a professora da Universidade de Berkeley (EUA), Candace Slater, que após a nova situação canônica do Padre Cícero, empenhou-se em perguntar aos romeiros a sua opinião a respeito, ressaltando que isto não tenha mudado muito a relação do romeiro com o seu "Padim", próximos de quem eles se sentem bem, pois como também ressaltou o historiador Renato Casimiro, a crença de que Padre Cícero seja um santo se estende entre os romeiros. Uma das preocupações entre os romeiros é o fato de que agora a Igreja Católica queira se apropriar da figura de seu santo popular, constatava a irmã Annette Dumoulin. O caminho de reconciliação é um primeiro passo que certamente vai acabar no reconhecimento de alguém que nunca se preocupou com o que os outros pudessem pensar, tendo como prioridade tornar presente entre os mais pobres o Deus da misericórdia. Santo ou não, para a Igreja, os pobres sempre o tiveram como uma mão de Deus em sua vida, como um santo dos pés à cabeça.
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