BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que semanalmente estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de quartas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
251: (08.02.2017) Boa Tarde para Você, Cristina Rodrigues Holanda.
Há muitos anos eu carrego comigo, Cristina, algo que me emociona e que me tem proporcionado enormes alegrias em todas as minhas vivências, especialmente nas andanças que com alguma frequência eu faço por lugares maravilhosos deste velho mundo, entre o nosso chão e o além mar. Trata-se de um indisfarçável prazer com que lido com a memória, a começar da minha própria, das minhas origens, e tudo mais que me liga à cultura de minha gente, particularmente com respeito a sua história e, por extensão, a tudo que experimento de conhecimento sobre as civilizações. Nessas incursões eu me habituei a valorizar os museus pela cura fiel e competente com que guardam tudo o que nos importa para nos permitir um mergulho fundo nos trajetos da humanidade. Parte disso que tanto me encanta, desaguou no Memorial Padre Cícero quando, entre novembro de 2009 e junho de 2010, assumi a sua presidência, certo de que o momento me ensejava a oportunidade para por em prática aquilo que eu nunca teorizei, mas me sentia motivado para fazer. Não deu certo e frustrou-se em mim aquela chance que a vida me reservou porque, enfim, quase ninguém me ajudou e era absolutamente impossível fazê-lo se jogasse tudo para cima e me solidarizasse à mediocridade da gestão prefeitural de então. Desejo crer, Cristina, que os tempos de fato mudaram e que um novo e auspicioso bafejo de bons ares se reserva aos dias vindouros da Fundação Memorial Padre Cícero, agora que conta com sua experimentada habilidade e competência para nos distribuir essas esperanças. Os museus vivem da comunidade e para a comunidade que a frequenta, enxergando aí as vocações apropriadas para o lazer, o estudo, o cultivo às tradições, a guarda memorial, e a pesquisa que se empreende para novos olhares sobre o passado, ao tempo em que avançamos no presente. Confesso-lhe a minha mais completa satisfação pela prontidão e disponibilidade com que você respondeu ao chamamento da municipalidade juazeirense que lhe retirou de Brasília, do Instituto Brasileiro de Museus, para lhe entregar a chave dessa sala honorária de nossa memória. Vários de nós, amigos e admiradores, Cristina, por tê-la conhecido na gestão do Museu do Ceará, o mais requintado e emblemático equipamento museal dessa nossa terra, bem sabemos de sua energia e entusiasmo que, como brilhante historiadora, você é de se atirar a esses novos desafios. O Memorial Padre Cícero, por sua acanhada estrutura, assim dizemos sem qualquer menosprezo, tem nesse concerto de museus brasileiros, um amplo espaço de convivência, de intercâmbio e, sobretudo, de aprendizado para completar lhe nos seus espaços de organização e desempenho. Os números de sua visitação, por exemplo, numa estimada série que se iniciou no final da década de 80, representam muito bem aquilo que isso traduz pelo acerto de sua existência e pela continuada missão de proteção a bens materiais e a valores imateriais de nossa cultura. Afinal essa sua missão de preservar o que nos conta o emocionante acervo da vida e obra de nosso Patriarca, por si só motiva nos dias atuais, em tempos de reconciliação manifestada pela Igreja, tão ansiosamente aguardado, a preocupação para tornar ainda maior o seu valor histórico. Se me faço compreender, mais por sentimento que por alguma ciência, é isso que desejamos de suas energias, Cristina, nesse exato momento em que o Memorial é solidário ao esforço conjunto da comunidade para também celebrar e contribuir para a 15ª. Semana Nacional de Museus, em maio. Nós temos um sentimento de que o pouco de nossa geografia, mas a exuberância de nossa história é merecedora de grandes esforços para que tenhamos uma maior diversidade de olhares em novos museus para a cidade, para contemplar essa ânsia que nos move entre o passado e o presente. Ao recebê-la em nossa cidade, na alegria de sua festiva, entusiasmante presença e disposição para o cargo que assumiu, somente nos cabe o gesto solidário para que estejamos juntos diante desses desafios, para compreender planos e estratégias de modo a que não lhe faltem os recursos mínimos. Quero me congratular com você Cristina Holanda, e o faço também para com a sensibilidade do secretário Alemberg Quindins, pela felicidade de ter empreendido esse voo de mais alto curso, assim como expresso o meu cumprimento ao prefeito Arnon Bezerra pelo acerto da decisão. O que você fará pela Fundação Memorial Padre Cícero já esta em nossas certezas, porque é do íntimo de nossa confiança que você fará, certamente, sem medo de ser feliz.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 10.03.2017)
BOM DIA!
Continuo transcrevendo nesta coluna semanal o conjunto de sete textos que estão sendo publicados na minha página do Facebook, tratando de questões relacionadas com a atualidade da vida juazeirense, com o objetivo de fomentar uma ampla discussão sobre esses temas de nosso interesse. Os que desejarem contribuir com esse propósito, poderão dispor do espaço na rede social, ou encaminhando sua opinião para o nosso endereço. Muito grato.
BOM DIA! (65) Por Renato Casimiro
A MORTE DE FELIPE NERI DA SILVA (III)... A imprensa nacional deu ampla cobertura aos fatos determinantes da tragédia com mais um acidente aéreo e alguns dos seus dramas revelados pelas páginas dos jornais nos dias posteriores. Relevo alguns deles: 1. Como já mencionei, Felipe Neri da Silva não viajaria no voo sinistrado. Ele cedeu seu lugar ao deputado federal José Gomes Talarico, da bancada do PTB, do Estado da Guanabara. Paulistano nascido em 11.11.1915, jornalista e funcionário público, ele é uma pessoa dentre os que foram salvos da tragédia. Ele diria à imprensa, no dia seguinte ao acidente, que sua esposa, por telefone, comentou consigo que havia sonhado no dia anterior que ele se acidentaria em desastre aéreo. Insistia para que ele não viajasse naquele dia. Mas ele não alterou o plano e fez naquela aeronave o primeiro trecho, entre Brasília e Belo Horizonte, pois era o número 13, dentre os passageiros. Como na escala, por algum motivo, o avião ficou retido mais tempo, Talarico procurou permutar o seu vôo por outro para o Rio de Janeiro. Ao que sabemos hoje, encontrou a compreensão do passageiro Felipe Neri da Silva que lhe cedeu a reserva do seu voo e viajou no sinistrado RL 435. Talarico só veio a falecer, recentemente, no Rio de Janeiro, em 06.12.2010, aos 95 anos. Ele sofria de Alzheimer. 2. O deputado federal Miguel Antonio Bahury, do PSD/MA perdeu sua esposa no acidente, pois dentre os falecidos estava a sra. Maria de Lurdes Menezes Bahury. Ele confessou para amigos e imprensa que teve um mau pressentimento quando ela lhe comunicou que estava antecipando a viagem, mudando de voo, para chegar mais rápido em casa para se encontrar com os filhos e a família. Ele manifestou o desejo de que ela não fizesse isto, mas não a convenceu. Estranhamente, o deputado faleceria quase três anos depois, em 03.05.1963, num outro desastre aéreo, com o mesmo tipo de aeronave (Convair) que caiu na cidade de São Paulo, depois de decolagem de Congonhas. E mais intrigante: Miguel Bahury presidia na Câmara dos Deputados, uma CPI para apurar as causas de desastres aéreos que ultimamente aconteciam com grande frequência. 3. O ex-deputado federal Airton Mendonça Teles, do PSD/SE, e funcionário público no Ministério da Justiça em Brasília, uma das vítimas, foi outro que teve de trocar a data do seu retorno ao Rio de Janeiro na quinta feira anterior porque não havia mais disponibilidade de lugar no voo de sua escolha. 4. Edgar Borges Lima, 50 anos, funcionário do gabinete do Ministro do Trabalho, estava de mudança para a nova capital federal. Tinha ido a Brasília para receber o apartamento para o qual se mudaria. Sua esposa em forte crise emocional não mais aceitou ir morar lá com os seus sete filhos menores. 5. Parte da família Correia do Lago, o casal Fernando e Sílvia (ele – Carlos Mayrink Fernando Correia do Lago), e a criança de dois anos e meio Ana Christina (não Edna, como diz a nota da Real) estavam entre as vítimas. Outro filho do casal, Marcelo, de 1 ano e meio, viajou na companhia da avó por trem e somente no Rio de Janeiro souberam dos acontecimentos. 6. A presença da aeromoça Lúcia Maria Vieira Lima Jaguaribe, nascida no Ceará, da tripulação do sinistrado, também foi uma coisa de última hora. Ela era uma das mais jovens no quadro de empregados da companhia e naquele dia estava substituindo uma colega de nome Maria do Carmo. 7. Uma das vítimas do acidente da Ilha dos Ferros foi o arquiteto Nei Fontes Gonçalves. Muito jovem, 26 anos, era visto como profissional de grande futuro. Foi um dos membros da equipe de um dos projetos que concorreram ao Concurso para o Plano Piloto da Nova Capital Federal, em 1957 e que logrou o segundo lugar, logo abaixo do escolhido, o do arquiteto Lúcio Costa. 8. O juazeirense José Mauricio Xavier de Oliveira, filho de Zarele Amorim e Vicente Xavier de Oliveira, então estudante universitário na Faculdade de Farmácia de Ouro Preto, MG, também deveria ter apanhado este voo em Belo Horizonte. Sua faculdade estava em greve, e sem perspectiva de retorno à normalidade ele tomaria esse voo para ir ao Rio de Janeiro e daí para Juazeiro do Norte. Mas ele chegou atrasado e perdeu o voo. Depois de ter concluído os seus estudos, retornou ao Ceará e ainda hoje reside em Juazeiro do Norte com esposa, filhos e netos. Tantos anos decorridos desta tragédia, eu me propus a tocar nesta ferida com a concordância da família. Nunca o faria se assim não fosse, pois antes de tudo é necessário preservar as suas conveniências. A imensa saudade que sempre se confessa pelo prematuro infausto é sinal sobejo deste respeito que cada um lhe deve tributar. Por isto, vão ainda algumas considerações finais à margem dos acontecimentos. Felipe Neri empreendeu sua última viagem a partir de Juazeiro do Norte, em avião da mesma companhia Real Aerovias que pousava no Aeroporto de Juazeiro do Norte. Desde 05.02.1959 a Real Aerovias vinha operando no Aeroporto de Juazeiro do Norte com aeronaves do tipo DC3 e C46, para 40 passageiros, fazendo a rota Rio de Janeiro-Fortaleza, com muitas escalas pelo interior de Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, principalmente. Tendo pousado em Belo Horizonte, Felipe seguiria para Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Nesta última permanência trataria com a empresa Taurus, da qual era revendedor autorizado de armas. Acontecido o fato, a família somente foi notificada no início da tarde do dia seguinte por um telefonema. Dona Lili estava repousando e, segundo o relato familiar, sonhou com um acidente envolvendo seu marido. Teria acordado em meio a esta angústia, para em seguida ser comunicada da morte de seu esposo. Entre este momento e a longa espera pelo corpo, tristeza, muita comoção, orações. A missa de sétimo dia pelo repouso de Felipe Neri da Silva foi rezada antes mesmo do sepultamento de seus restos mortais, em decorrência da longa demora no aguardo da identificação dos corpos e a remessa para a família. Este fato doloroso ocorreu em meio a uma grande expectativa por um fato que teria tido maior repercussão social, envolvendo a família de Lili e Felipe. Das suas filhas, Darcila estava noiva e com data de casamento já marcado. Efetivamente, se casariam Darcila e o tenente Raimundo Saraiva Coelho, do Exército, em 30 de julho de 1960, pouco mais de um mês depois, em clima de sobriedade e grande resignação, em Crato. Sabia-se em família que um dos objetivos da viagem de Felipe era adquirir objetos para o enxoval da sua filha. Quem hoje, como eu, procura conhecer maiores detalhes daqueles fatos que tanto impressionaram um garoto de pouco mais de 10 anos, sabe o quanto outras informações poderiam ainda ser acrescidas a este relato, no afã de proporcionar um melhor conhecimento de todas as suas circunstâncias. Não obstante ser esta uma tarefa de jornalismo investigativo, por um principiante, justificado também pelo não esclarecimento do caso, conforme foi explicitado, bem se vê que não se trata de angustiar o leitor e a família por uma certa “curiosidade mórbida” inerente ao enunciado de graves e perturbadoras questões imersas na angustia reinante até que, sobretudo o espírito cristão de consolação viesse em socorro para prover-lhes a necessária conformação aos desígnios do criador. Morreu tragicamente Felipe Neri da Silva em circunstâncias pouco esclarecidas. Mais que isto, sua família e a sociedade se viram privadas precocemente da existência da vida e do trabalho de um homem, bem adiante do seu tempo, audaz e intrépido, que só poderia ter a sua trajetória cerceada por força de uma tragédia, como houve. E foi assim, e em sinal de respeito a tudo mais, nada deve ser perguntado, porque se alguma coisa mais tivesse que ser acrescida, de que adiantaria se não mais o tivemos? Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 05.03.2017)
BOM DIA! (66) Por Renato Casimiro
LICÕES À MESA... Não é difícil recordar alguma coisa que nos orientava na hora das refeições, quando crianças. Eu e Ana Célia, mas principalmente ela, um tanto mais rebelde, devemos ter causado alguns transtornos para sermos educados, porque não foram poucas as oportunidades em que fomos punidos diante dessa recalcitrância manifestada, em resistência ao chamado geral “para ser gente”. Talvez porque nisto prevalecesse, em primeiro lugar o rigor com que meu pai tentava disciplinar a postura, os gestos, as preferências. Ao seu lado, mais solidária, menos contundente, amorosa por natureza, minha mãe adoçava as lições como se nos fizesse entender que às regras gerais havia as exceções, pouco aceitas por meu pai, mais incisivo na hora de cobrar o cumprimento das tarefas. Vou tentar lembrar algumas destas idéias, recomendações e reflexões que se faziam, mesmo que subliminarmente, à hora das refeições. 1. A mesa está posta e esta é a hora de sentarmos para nos alimentar: Minha mãe e Dina, a empregada, cuidavam do cardápio, com atenção às preferências modestas da família. E tudo, diria, o suficiente, e à hora, vinha para a mesa, não raro, em panelas de barro, ou ferro, fumegantes, com olorosos fumos de aromas fantásticos. E era aquilo. Se um de nós choromingasse por algo, mesmo que estivesse à mão, como um queijo de coalho na petisqueira, não valia, não era da refeição. Com o tempo, eu aprendi de meu pai que isto nos disciplinava em nossos hábitos para que os olhos não vissem além do que podíamos. Para ele, isto não era civilizado. Por extensão, ninguém tinha o melhor pedaço, o maior pedaço. O exercício era o da liberdade de poder, a qualquer momento, por no seu prato o que se deseja comer. Meu pai elogiava a comida, e a Dina ficava feliz. Não era necessário oferecer, embora minha mãe reconhecesse sempre que era elegante e gentil (“coma um pouquinho disto...”), porque, principalmente, rompia com a timidez que uma ou outra circunstância determinava, por exemplo, com alguma visita na casa. E frases do tipo: você não quer, não ? Havia “não” em demasia na oferta, e isto era uma intimidação. Era como se dissesse: não coma. Então, isto se reprovava. A mesa era farta no trivial, carne, arroz, feijão, farofa, ovos, tomate. E talvez, só. O que meu pai não tolerava era que se tivesse algo mais importante para fazer nessa hora. E quando a Dida, por exemplo, cismava de tomar banho, justamente naquele momento, aí o balde entornava e ela, a duras penas, tinha que reconsiderar e sentar à mesa, bem bonitinha, com biquinho, lágrimas, mas sentadinha. 2. Higiene é fundamental: A pergunta, “lavaram as mãos?” era o mínimo que se esperava. Da postura de meu pai, o banho antes da refeição era o desejável e assim fazia, exemplarmente. Na hora do almoço, quando às vezes pouco tempo lhe restava, já de volta ao trabalho, não dispensava uma higiene mesmo que mais ligeira, que incluía o rosto, a cabeça e os braços, usando bacia que ficava na área, com jarra, sabonete e toalha sempre muito limpa e alva. Vez por outra se falava mais detalhadamente desta necessidade. Se advertia das “dores na barriga” das “ânsias de vômito” e de coisas assim que, certamente, vinham das mãos sujas e da falta de higiene dos moleques. E para quem, como nós, que brincávamos nos fundos dos quintais, em contato com terra, toda a sorte de riscos, principalmente. Dina tinha ordem expressa para observar muita higiene no preparo dos alimentos. 3. A refeição acontece em clima bem humorado: Não me lembro que meu pai tenha levado do Centro Elétrico algum problema para conversar na mesa. E o que havia de triste, como as doenças na família, dificuldades financeiras, gente amiga que falecia, não cabia na mesa. Meu pai gostava de contar umas histórias e elas sempre animavam o encontro da família. Mas, ele detestava que a Dida cantasse alguma coisa durante a refeição. Era desrespeitoso. Cantar não é bem o termo. Tratava-se de cantarolar, baixinho, uma música qualquer, emitindo sons, ficar quase resmungando, principalmente quando a comida não era interessante ou se algo estivesse contrariado. Se persistisse, não tinha outra: ia pro castigo que era a privação de alguma coisa, como as brincadeiras da tarde, cinema, passeios. Então era a tarde toda “enfiada” em casa, para estudar e adeus a casa da vovó, a rua, os coleguinhas do quarteirão. Sem falar que naquele dia o jantar já estava em clima de velório. A dormida era para mais cedo, e adeus à roda noturna na casa da vovó. Uma tristeza. Então, por estes motivos todos, procurávamos ter um almoço bem humorado, dando vazão às histórias de meu pai, piadas ingênuas e bem acabadas, nunca um palavrão. Frequentemente envolvia amigos próximos, gente conhecida, os parentes da Paraíba, sua fase de rapaz. Quando vinham os parentes da Paraíba, então era hora de matar as saudades, perguntar por todo mundo. Em alguma coisa, o gostinho da Carnaúba, nem que fosse a sobremesa de batida, rapadura ou alfenim. Quando não era isto, eram as histórias da escola que contávamos, os doidos da Rua São José (principalmente o Lista – Evangelista Guimarães) além de tipos populares que transitavam pela rua e faziam as suas brincadeiras. Um dia morremos de rir e até me engasguei de boca cheia porque meu pai nos contou como foi sua visita na noite anterior ao seu José Pedro da Silva, nosso vizinho, já em leito de morte. Ele mandara chamar papai e o chegar fez aquela cena chocante de chama-lo para junto da cama e com um gesto rápido abraça-lo para dizer: - Luiz, eu estou morrendo, vamos comigo, Luiz, vamos comigo... Já era o suficiente para a gente gargalhar, puxados pelo bom humor da mamãe. Ao que meu pai respondia que não podia, tinha as suas obrigações os filhos para criar, etc, etc. Uma cena engraçadíssima que nos fazia rir à toa. De outra sorte era para falar de um primo da Paraíba, residente no Juazeiro, pessoa esperta que vez por outra o procurava para pequenos empréstimos em dinheiro. O que havia de jargão nesse fato era que o camarada já entrava no Centro Elétrico gritando: Luiz, me empreste tanto, para que não “desinterar” o meu... 4. Refeição em prato único: Um prato, só. Crescemos sabendo que o alimento era um privilégio. Em nossa rua, como qualquer uma do interior, era a hora dos mendigos baterem à porta implorando um prato de comida. E determinados dias, eram tantos que mais nos perturbávamos, pois alguns tinham, pela voz percebíamos, um ar de gente sofrida que mais nos comprazia a caridade. Dina tinha a instrução de partilhar alguma coisa de nossa mesa com essa pobre gente que esmolava. Por isso, mesmo, o rigor de meu pai nos impedia que tivéssemos dois pratos à mesa. Ninguém poderia fazer isto, nem simbolicamente, por ação discreta. Por exemplo: tirar com um garfo, ou colher, algo de um prato e trazê-lo diretamente para a boca. Para ele, não era apenas o gesto sem civilidade e que depunha contra um mínimo de higiene à mesa, mas era o que estava implícito no gesto. Nessa hora se podia ouvir a advertência: viram, quantos não tinham um? Talvez eu tenha sentido destes momentos uma das grandes qualidades de meu pai, à qual, por adesão minha mãe também se esmerava. Era a generosidade, com a qual partilhavam a mesa, o vestuário e a atenção com os desfavorecidos da vida. 5. Comer com educação: Meu pai tinha uma escala de preferências que se esmerava até na seqüência durante a alimentação. Não misturava certas coisas como feijão e macarrão, por exemplo. Feijão era como se fosse a entrada. Ficávamos a observar quão paciente e prazerosamente ele o amassava para degustar com o caldo grosso, acompanhado de macaxeira. Se percebia nossos olhares mais curiosos, já quebrava com a observação: “aqui tem muito ferro e é bom pro sangue”. Fazia parte dessas lições pequenos tratos para que não mastigássemos com a boa aberta, fazendo barulho, se encharcando de suco ou água, mesmo porque demoramos a ter refrigerantes. Por fim, levantar da mesa por qualquer motivo, isso era “pecado mortal” e mais ainda se alguém se antecipava, saindo antes que todos terminassem, era preciso ter um pouco de paciência e aproveitar esse convívio. Poderíamos continuar a falar dessa matriz regular com a qual hoje temos que reconhecer: talvez não tenhamos aprendido as lições corretamente como se desejava a aquele tempo, Talvez não tenhamos tido a sensibilidade de transferir isso quando fomos pais, mas ficou a lembrança de um casal que procurou ao seu tempo nos imprimir uma civilidade que muitos anos depois eu percebi que era daquelas coisas que nos preparavam para não ser “gauche” na vida. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 06.03.2017)
BOM DIA! (67) Por Renato Casimiro
HAROLD ELMER REINER (I)... A primeira lembrança que guardo de Harold Elmer Reiner remonta, sem precisão, ao final dos anos 50. Foi quando se alardeou pela Rua São José que “uns americanos” estavam fabricando um avião na velha garagem do Sr. Rochinha, bem no começo da rua, vizinho a residência do proprietário. Essa garagem foi construída para servir a um ônibus, ou vários, (o costume da terra era chamar, uma “sopa”), que José Rocha Magalhães tinha e explorava o transporte de passageiros no trajeto Juazeiro do Norte – Crato, em tempo em que não havia asfalto, e era uma estrada carroçável, estreita e por onde, ao se transportar para a vizinha cidade, era “uma viagem”. E isso, esse tipo de comunicação entre as duas cidades vizinhas, ficou até quando houve um desastre na estrada, e aí estava minha mãe, diversas outras pessoas, uma das quais, mutilado no acidente, o sr. Oscar Sampaio, da Aliança de Ouro. Em processo rumoroso e demorada, onde minha mãe foi ouvida como testemunha, o final foi o de indenizações e o fim da empresa de Rochinha. A empresa foi encerrada e a partir daí esse transporte ficou por conta de veículos de praça, até que se instalam as famosas kombis que marcaram época. A outra ocupação foi a fábrica de bombons de José Figueiredo, querido amigo de nossa família, na qual a vedete era o famoso “Nêgo Bom”, uma espécie de bala volumosa, embalada em papel vegetal, uma delicia de doce feito com banana, canela e cristalizado, ao que me pareceu, pois a fórmula era “secreta”. Mas, então, espalhou-se a notícia do avião. A garotada correu lá e lá fui também para conhecer a fábrica do teco-teco que ocupava o galpão onde já funcionara a oficina dos americanos. A garagem ficava na entrada do chamado beco da bosta, uma passagem para quem se dirigia para os Brejos e a Boca das Cobras. Lá encontramos o corpo do aviãozinho com as rodas já montadas, mas sem asa e hélice. Lembro de ter visto aí o mister Haroldo e algum ajudante. Satisfeita a curiosidade, voltamos e esquecemos da garagem. Até que dias mais tarde veio outra notícia, a de que o aviãozinho estava pronto e faria o seu primeiro voo. Ficamos curiosos para saber como aquilo aconteceria, como o avião alçaria voo naquela rua. Um tanto frustrante foi não ver isto, mas apenas o desfile do aviãozinho pela Rua São José, puxado por um jipe, sem asa e hélice, anda, subindo em direção ao Salesiano. Aí se soube que o fato aconteceria a partir de um campo de pouso construído no terreno da Missão Batista, no Triângulo, onde hoje está o Shopping Cariri, e naquela época ainda não havia sido construído o edifício central, como ficou vistoso muitos anos, quase à beira da estrada, de saída para Crato/Barbalha. Ainda assim, isto não seria possível de ver porque o terreno era protegido por inexpugnável cerca viva de aveloz. Aí, nem pensar, pois como era do conhecimento, ao tentar ultrapassar, poderia se romper algum galhinho e caindo o leite na visão era cegueira na certa. Bom, mas enfim, o avião voou, tivemos essa certeza de vê-lo no ar, fazendo alguma manobra, ou ao subir ou a pousar. Alguns anos depois, já trabalhando com meu pai no Centro Elétrico, aí, sim, conheci o mister Haroldo, nosso cliente, pessoa que meu pai distinguia com atenção, sempre que ia nos comprar alguma coisa para seus constantes empreendimentos. Era dos poucos clientes que poderia ter acesso direto ao estoque e procurar o que desejasse. Não é que não falasse bem o português. Não! Mister Haroldo era, provavelmente, de todos os americanos no Cariri, o que tinha melhor expressão oral. Na verdade, sua inteligência e competência técnica afloravam com inventivas e eu ouvia as conversas com respeito ao que estava tentando fazer, especialmente quando da construção do novo Seminário Batista, nesta área em que já me referi. Depois de 1964, quando sai de Juazeiro, nunca mais o vi e somente ouvia falar raramente, do seu continuado ministério, em Iguatu e na Bahia. Há pouco tempo, uma nota encontrada na internet me permitiu pesquisar sobre Harold Elmer Reiner. Dizia a nota, oriunda da cidade de Remanso (BA): “Faleceu nessa segunda-feira (27/06/2011), nos Estados Unidos, o Missionário batista Haroldo E. Reiner, que por mais de 30 anos morou em nossa cidade, contribuindo de forma relevante para u desenvolvimento. Haroldo, apesar de circular por todo o país em suas atividades religiosas, escolheu Remanso como sua base, e não escondia o amor por esta terra. Por várias vezes apresentou idéias junto a políticos e lideranças, no sentido de melhorar as condições de vida dos remansenses, e de modo especial aqueles da zona rural, com quem tinha excelente relacionamento. Conhecido como Mister Haroldo, ou Os americanos (com sua esposa Joana), eram muito queridos pela comunidade, e ajudaram espiritualmente a muitos, sendo sua atuação fundamental do desenvolvimento da Igreja Batista Regular de Remanso, no começo dos anos 1980. Teve ainda uma participação decisiva na estruturação do Aeroporto de Remanso, e tentou por várias vezes trazer projetos de plantio para a região, impedido por questões técnicas ou políticas. Haroldo Reiner era exímio aviador, respeitado e reconhecido em todo o país, até mesmo por oficiais da Força Aérea Brasileira, que lhe prestavam continência. Chegou ao Brasil em 1949, construiu ou estruturou inúmeras igrejas, escolas, casas pastorais, acampamentos como a Ilha do Tesouro, no município de Casa Nova, e conhecia o Brasil como poucos. Mas por onde andava, falava de Remanso, com empolgação e afeto, tanto que resistiu muito em sair daqui. Ele e D. Joana diziam abertamente que preferiam Remanso aos EUA, pelo lugar e pelas pessoas. O Pr. Haroldo Reiner foi encontrado sem vida no banheiro de sua residência, na segunda-feira pela manhã. Além da Esposa, Joana Reiner, deixou filhos, netos, bisnetos, uma obra monumental e muito exemplo de vida. Hoje está com o pai no Reino Celeste.” A partir desta informação, passei a acessar uma infinidade de sites na internet em busca de melhores dados sobre a vida deste homem que me deixou uma grande impressão na minha infância e juventude. Minha primeira preocupação foi traçar lhe um perfil com sua origem de família, o que sumariamente está na nota funerária: “Harold Elmer Reiner, falecido em 27 de junho de 2011, em Boston, NY; marido de Joan (nascida Cook) Reiner e Ruth (primeira esposa) (nascida McCallister) Reiner; pai de Timóteo (Vicki), (Kent) Darlene Smith, Jo (Norm) Culver, Douglas (Renate) e dos falecidos Peter Douglas e Sandra Joanne Reiner; avô de Jason, Tim, Sandra, Melissa, Karyn, Peter, Nathaniel, Jane, Alex, Candice e James tarde; bisavô de Avery, Chloe, Benaia, Jocelyn, Trey, Krystal e Blake; amado irmão de Betty Bender e da falecida Alvina Madsen, Ralph e Reiner Raymond. A Família vai receber amigos sexta-feira, às 17-21:00h na casa funerária WURTZ, 9287 Boston Rd. State, Boston, NY. A Família e amigos são convidados para um serviço de funeral, sábado às 11:00h na Primeira Igreja Batista de Hamburgo. Em vez de flores, memoriais podem ser feitos às Missões Reiner Harold Student Scholarship Fund., na atenção da The Baptist Mid Missions de Ohio.” Aos poucos, minha curiosidade foi alimentada por muitos dados sobre Harold. E assim essa conversa se estica mais um pouco. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 07.03.2017)
BOM DIA! (68) Por Renato Casimiro
HAROLD ELMER REINER (II)... Harold Elmer Reiner nasceu em 16.08.1927. Não foi possível saber o nome de seus pais, nem onde veio à luz. Há referências contraditórias que apontam o Estado de Ohio ou a cidade de Boston, no Estado de Massachusetts. Na nota já referida está a relação mais completa de seus parentes mais próximos. No final dos anos quarenta, Harold desposou Ruth McCallister. Ingressaram na Baptist Mid-Missions (BMM), em 1948. Decidiram vir para o Brasil e desembarcaram num cargueiro no porto de Belém, Pará, em 1949. Dai vieram para Juazeiro do Norte, onde os Reiners estudaram português, com professores particulares. Ainda em 1949, Harold e Ruth reuniram-se a Edward Guy McLain na Igreja Batista Regular, da vila de pescadores do Mucuripe, Fortaleza. Esta foi a primeira Igreja Batista Regular na cidade de Fortaleza, que havia sido fundada em 19.12.1934. Harold e Ruth trabalharam nesta igreja de 1949 a 1954. De 1950 a 1952, também missionaram na Igreja Batista de Barbalha, com Charles Hocking, Tom Willson, e outros. De 1952 a 1954, trabalharam com Edward Guy McLain na Igreja Batista de Parangaba, em Fortaleza. Mais uma vez eles ajudaram com a pregação e ensinavam na escola dominical. Enquanto estava trabalhando na igreja de Parangaba, Harold construiu o dormitório Casa Grande para a alunos do ensino fundamental estudar na escola nova MK, Fortaleza Academy. De 1955 a 1958, Harold trabalhou com Edward Guy McLain e Jim Willson na Primeira Igreja Batista Regular de Juazeiro do Norte. Ele ajudava com a pregação e ensinava na escola dominical. Em 1956, Harold e Ruth fundaram a Igreja Batista de Assaré, e cumpriam atividades missionárias viajando de avião. Após a fundação da igreja, ele trabalhou lá de 1956 a 1960. Enquanto realizavam este ministério, Ruth travou uma batalha contra um câncer que durou 10 meses, falecendo em 1960. Viúvo, com quatro filhos (Timothy, Peter, Joan e Darlene), Harold conheceu Joan Cook que havia ingressado na BMM, em 1958. Em 01.04.1960, ela e Janet Roudybush chegaram ao Brasil e vieram residir em Juazeiro do Norte. Joan estudou português durante seis meses com um professor particular. Harold e Joan casaram-se em 29 de abril de 1961. Em 1961, começaram a trabalhar na Igreja Batista de Iguatu, e continuaram até 1980. Durante este tempo, eles fundaram a congregação de Campos Sales, sempre viajando de avião, expandindo o trabalho para outras comunidades como Bom Sucesso e Quixelô. Harold Reiner fez mais do que plantar igrejas. Ele foi pioneiro no campo de ministério BMM no Brasil e começou em dois campos: foi influente na fundação de um seminário, o maior programa de treinamento BMM no mundo e ajudou a organizar uma escola para crianças missionárias, que ao mesmo tempo era o maior do BMM. Durante décadas, Harold foi perenemente eleito líder do Nordeste BMM Brasil conselho de campo e foi ativo com o conselho All-Brasil também. Entre vários papéis de Harold como missionário era piloto. Ele aprendeu a voar, porque segundo suas próprias palavras, ele queria "levar o evangelho além de onde minha mula iria me levar." Harold deu liderança significativa para a expansão da aviação no Brasil, desenvolvendo o mais antigo programa da aviação continua missionária naquele país. E foi exatamente esta dedicação esmerada que foi reconhecida em 2008, quando Harold foi o primeiro missionário batista a ser distinguido com uma honraria por inteiros 60 anos de dedicação. Harold Reiner, como vimos, esteve envolvido longamente com a missão batista no Ceará. Foi com sua participação que as sedes da Rua São Paulo (Seminário, Escola e Igreja) foram construídas. Também, depois, quando a missão opta pela construção do Seminário Batista do Cariri nas terras do Bairro Triângulo, Harold e Joan foram de inteira dedicação, especialmente no acompanhamento de alunos no internato. Também deve-se a ele muitas gestões para a transferência deste Seminário para a nova sede que a missão construiu em Crato, onde está presentemente. O missionário fez ainda parte do Conselho Administrativo do Seminário Batista do Cariri até o ano de 2011, quando por questões de saúde, ausentou-se do Brasil. Mas, no dia 25.11.1962, ainda residindo na missão, em Juazeiro do Norte, aconteceu a tragédia do acidente em que um avião monomotor, pilotado por Harold, se chocou na pista da Missão Batista, no Triângulo, em Juazeiro do Norte, incendiando e explodindo. Este foi o fato profundamente lamentável que marcou a vida da família Reiner em nossa cidade. O Jornal O Povo (Fortaleza,CE) deu cobertura nas suas edições de 26 e 27.11.1962. Na segunda-feira (26), a chamada de primeira página vinha com informações do seu correspondente na cidade, e o jornal abria a seguinte manchete: Avião da Missão Batista caiu em Juazeiro matando 3 pessoas. E publica uma foto do casal Joan e Harold, com os filhos Peter, Timothy, Joan e Darlene. A notícia, ainda muito sumária, informava a morte de duas crianças (Peter Douglas e Sandra Joanne) e da missionária Bernice Lind (chamávamos Berenice, abrasileirando). No dia seguinte (27), o mesmo jornal abre outra manchete de primeira página: Ao tentar retirar as crianças do banco de trás, o avião explodiu (Mr. Harold narra como ocorreu a tragédia). Transcrevemos: “O casal norte-americano Harold-Joan Breimer (observo, Reiner), da Missão Batista do Brasil, cujo acidente em Juazeiro do Norte comoveu o Ceará inteiro, está fora de perigo, conforme informações enviadas para O Povo, na manhã de hoje. Já refeito, Mr. Harold, em contacto com Mr. Charles Barbey, contou a verdadeira versão da trágica ocorrência de domingo último, cuja reprodução publicamos abaixo para conhecimento dos leitores do “jornal das multidões”. “- Cerca das 7 horas de domingo, juntamente com Joan, Bernile (observo como a chamávamos, Bernice, ou Berenice) e os filhos Peter e Sandra, levantei voo normal da pista de Juazeiro com destino a Oeiras, no Piaui. Após alguns minutos verifiquei que o tempo estava “fechado” e que não conseguiria atravessar a Serra do Araripe. Sem mais delongas, fiz uma volta e retornei para o campo de pouso. Ao tentar a aterrisagem percebi que havia algo de anormal, talvez um pneu furado ou um galho enganchado, e o aparelho começou a deslizar de lado. Qual não foi o meu espanto quando se partiu um dos trens dianteiros do “piper”, sucedendo-se um enorme impacto fazendo com que a metade da hélice se enterrasse no chão. Sandra (a de apenas 4 meses) morreu instantaneamente e o medo dominava minha familia, naqueles minutos e segundos terriveis de minha vida. Descemos normalmente do aparelho, com muita rapidez e ao perceber que escorria gasolina em minha calça gritei para Joan e Bernice que corressem para longe, pois havia perigo de explosão. Infelizmente não me atenderam. Ao tentar retirar as crianças do banco traseiro, ocorreu o que esperava: o aparelho explodiu. Meu Deus! Peter tinha sido lançado longe e o fogo dominava a todos, a mim, Joan, Bernice e à minha idolatrada Sandra, já morta. Minha esposa, inexperiente como qualquer pessoa nesses casos, saiu correndo e gritando permitindo que o fogo, sempre mais lhe dominase o corpo. Por sorte, conseguimos, eu e a família por termo às chamas e subirmos no jipe com direção ao hospital. Bernice, apesar de bastante ferida, agradecia a Deus, tê-la salva do mais dificil instante de sua existência. Peter ofegava e sofria muito. Depois de os enfermeiros e médicos nos terem acolhido no Hospital, nada mais sei contar. Desmaiei e domi a sono solto, por força das injeções que me aplicaram. Voltando a si, soube da morte de miss Bernice Lind e do meu idolatrado Peter, bem como da perfeita recuperação de Joan, cuja vida devo ao Divino Pai. Que não digam nada aos meus queridos Timothy, Darle e Jo (de 6 a 10 anos e alunos da Escola Americana em Fortaleza) sobre o lamentável acidente que vitimou nossa família”. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 08.03.2017)
BOM DIA! (69) Por Renato Casimiro
HAROLD ELMER REINER (III)... Em março de 1963, pelo Boletim Batista, Harold expressa num artigo o seu sentimento sobre o ocorrido. Ele foi redigido depois de três semanas do acontecido. É uma peça que revisa a sua extrema angústia vivida no ato, contendo as reflexões do reverendo Harold sobre aquele duro momento que ele experimentou. Nós não aventuramos a uma tradução. O final desta história comporta algumas considerações que são necessárias à margem do que continuou a acontecer com Joan e Harold Reiner e sua família, por mais de 50 anos, até este momento mais recente da sua partida para a Casa do Pai. Voar era uma das missões de Harold Reiner, este missionário que ajudou a edificar 13 igrejas pelo Nordeste, durante mais de 60 anos de serviço exemplar. Ele costumava referir que escolheu voar porque gostaria de levar o Evangelho até mais longe do que a sua “mula” poderia ir. Harold começou a pilotar aviões a menos de 40 anos depois que eles foram inventados. Chegou a trazer quatro aeronaves para a missão, desde os Estados Unidos para o Brasil. Sua competência era frequentemente avaliada por critérios da aviação civil brasileira e americana que o fizeram brevetado para as categorias de: FAA Piloto Privado, Piloto Comercial FAA, Piloto Privado DAC, FAA A & P de classificação mecânica, Cat DAC 1 Rating Mecânica, que é a classificação de engenheiro de aviação. Era tido como tal, engenhoso e criativo. Ele detinha uma patente registrada nos Estados Unidos sobre um dispositivo de Energia Eólica. No final do seu texto acima, após o acidente, ele mesmo se questionou: "Será que Harold vai voar de novo? Será que ele vai ter a coragem?" Ja pensei nisso, muito. A resposta é simples - é de coração, dizer isso. Tudo o que Deus lhe pede para fazer, você vai fazê-lo independentemente do custo. Isso vai trazer "tragédia", "desastre"? Não! Só a perfeita vontade de Deus e a paz que o acompanha.” E assim, por mais 40 anos, continuou a usar o avião como parte indissociável do seu ministério. Ele tinha iniciado o Programa de Aviação da BMM em 1950, e só interrompeu em 2006. De Juazeiro do Norte, Harold e sua família se transferiram para Iguatú, exercendo o ministério na Igreja Batista Iguatu, entre 1962 e 1980. Durante este tempo, eles iniciaram uma congregação em Campos Sales, e outras em Bom Succeso e Quixelô. Em 1976, trabalharam na Igreja Batista de Senador Pompeu, Ceará. Sempre usando avião, eles também missionaram em Martins, Rio Grande do Norte. Depois, transferem-se para Remanso (BA), e aí trabalharam no período de 1980 até 2010, aproximadamente. Haroldo, apesar de percorrer todo o país em suas atividades religiosas, escolheu Remanso como sua residência e local de trabalho, e não escondia o amor por aquela terra. Por várias vezes apresentou ideias junto a políticos e lideranças, no sentido de melhorar as condições de vida dos remansenses, e de modo especial aqueles da zona rural, com quem tinha excelente relacionamento. Conhecido como Mister Haroldo, ou Os americanos (com sua esposa Joana), eram muito queridos pela comunidade, e ajudaram espiritualmente a muitos, sendo sua atuação fundamental do desenvolvimento da Igreja Batista Regular de Remanso. Teve ainda uma participação decisiva na estruturação do Aeroporto de Remanso, e tentou por várias vezes trazer projetos de plantio para a região, impedido por questões técnicas ou políticas. Haroldo Reiner era exímio aviador, respeitado e reconhecido em todo o país, até mesmo por oficiais da Força Aérea Brasileira, que lhe prestavam continência. Continuou a construir igrejas, escolas, casas pastorais, acampamentos como a Ilha do Tesouro, no município de Casa Nova, e conhecia o Brasil como poucos. Mas por onde andava, falava de Remanso, com empolgação e afeto, tanto que resistiu muito em sair de lá. Ele e D. Joana diziam abertamente que preferiam Remanso aos EUA, pelo lugar e pelas pessoas. Harold e Joan tornaram-se beneméritos da cidade e foram homenageados com os títulos de Cidadão Remansense, em 25.11.2005. Durante os últimos 26 anos de ministério, que trabalhou na Igreja Batista Regular de Remanso, também supervisionou as congregações de Pilão Arcado, Pereira, e Tamboril. Simultaneamente, ele também atuou por mais de 30 anos no Conselho de Administração do Seminário Batista do Cariri. Ajudou a formar uma corporação legal no Brasil conhecido como o SEBMM e formulou o sistema de contabilidade que regia a organização segundo a legislação brasileira, a partir de 1970. Além disto, foi um dos fundadores da agência de envio de missionário brasileiro chamado MAB (Missão Auxiliar Batista). Exclusivamente, por razões de saúde, Joan e Harold retornaram aos EUA, em 2011, quando o casal se afasta de todas suas atividades missionárias e passaram a residir em Boston (NY). O repouso deste guerreiro, infelizmente durou pouco, pois faleceu em 27.06.2011. Mr. Harold Elmer Reiner foi encontrado sem vida no banheiro de sua residência, naquela segunda-feira pela manhã. Dos seus filhos, salvo algum engano de minha parte, dois deles, Timothy James Reiner (Tim, casado com Vicki) e Douglas Jay Reiner (Doug, casado com Renate) seguiram os passos dos pais, também ministeriando em Igrejas Batistas. Douglas, o mais novo dos filhos, nascido provavelmente no Cariri, poucos anos depois do acidente, foi Diretor-Tesoureiro da Sociedade Evangelizadora Baptist Mid-Missions – SEBMM, com sede na Aldeota, Fortaleza. E Timothy, e Vicki, são pastores da Igreja Batista em Petrolina. Timothy, inclusive, na sua juventude habilitou-se como piloto e exerceu o ministério do mesmo modo que o pai. Após o falecimento de Harold, sua nora Vicki escreveu, em 01.07.2011, um depoimento que não podemos deixar de reproduzir neste texto: “Conheci um homem chamado Haroldo. Conheci um homem chamado Haroldo Reiner, sorridente, generoso e gentil. Histórias elaboradas, estocadas na memória sempre contava à mil. Em aventuras difíceis até de imaginar, em meio a bênçãos e desafios diários, ele conseguia fazer o trabalho, nos seus fantásticos dias de missionário. Alguns assuntos mexiam com ele, mas nada que desafiasse a sua inteligência e perspicácia. Consertos complexos, mesmo sem equipamento, peças ou ferramentas, para ele era tudo muito fácil. Com lições para cada ouvinte e enfrentando oposição sem piscar, Gostava de bancar o apologista, colocando quem quer que fosse para pensar. Tinha um jeito de discordar, inclinando a cabeça e apertando as mãos, dizia “negativo” e corrigia a seu gosto ou levava a conversava em outra direção Coração de ferro, as fraquezas nem notava e raramente amolecia. Dificuldade e perda? Servir ainda mais ao SENHOR é o que sempre resolvia. Do seu assunto predileto, coisas da Missão, ele não desviava. Convencido que estava certo, qualquer obstáculo sempre enfrentava! Qual palavra usaria – ocupação, vocação ou ministério? Quer discutir? Bem, ele diria, vou te falar: se quer Deus como Chefe, esse é o emprego para seguir. Como é que se resume esta vida? Talvez no seu otimismo, pode ser explicado. Não há serviço tão difícil que não dê para terminar; e o trabalho só termina quando estiver realizado. Faça o serviço, talvez pelo lado mais difícil e mesmo se você estiver sozinho. Sem ferramenta? Fabrique! Sono tranquilo? Sem problema, com a consciência limpinha. Nunca se preocupe, mas mostre interesse por quem você tem comunhão. Pense andando, planeje em pé, sempre para a frente, mãos na direção. Se Deus está nisso, o dinheiro virá e o trabalho será completo, você pode confiar. Lembre-se que Deus em tudo vem primeiro e na Sua Palavra todas as respostas sempre buscar. Se Haroldo Reiner pudesse, ao menos mais uma vez, falar com a gente Certamente nos lembraria que todas essas coisas estavam na sua mente. Mas ele está ocupadíssimo naquele lugar do céu azul, para ele bem preparado. Com a cabeça inclinada e apertando as mãos, só para comprovar que nesse novo lugar não tem nada errado.” Bom dia.
BOM DIA! (70) Por Renato Casimiro
MONS. JOVINIANO (I)... É provável que da leitura destas memórias, o leitor venha a classificar de pretexto o clima de lembranças que se enseja ao falar da Rua São José. No início, até lembrei que, paradoxalmente, Rua São José era uma enorme simplificação da minha visão memorialística, mas que me permitia igualmente uma larga licença para mergulhar um pouco em alguns aspectos da vida citadina. Desejo tocar numa questão que muito nos abateu levando a toda a primeira Paróquia da cidade, a Paróquia, hoje Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores, a uma enorme dor: o assassinato do então vigário Mons. Joviniano da Costa Barreto, em 06.01.1950. Eu não tinha, senão, 100 dias de vida quando o fato aconteceu. Lembraria que algumas vezes ter ouvido comentários em família, já residindo na Rua, e que me deixava muito curioso sobre o fato, principalmente para compreender a sua motivação e as suas circunstâncias. Vou procurar, à luz de uma revisão de textos da imprensa e do panfletário, revisitar o contexto de sua ação pastoral, para tentar compreender o pretexto do brutal assassinato, analisando as entrelinhas que guardaram opiniões e juízos que até perpetraram, convenientemente, o tresloucado gesto do doente mental Manoel Pedro. Monsenhor Joviniano presidiu o nascimento de minha família, casando meus pais em 08.12.1948. Na igreja-matriz de Nossa Senhora das Dores ele me batizou, em Cristo, na manhã do dia 22.10.1949, um sábado, na presença dos meus padrinhos Maria das Dores Germano Magalhães e José Gonçalves Magalhães, 75 dias antes de tombar morto. Na minha adolescência, a tradição oral era de exaltação ao mártir, vítima de um maluco que teve a sua pretensão contrariada: queria que Monsenhor fizesse o seu casamento com uma senhora da sociedade. Freqüentei escolas e agremiações e outros ambientes que não faziam, senão, o elogio de seus grandes méritos de sacerdote cristão. Mas, percebe-se que a permanência de Mons. Joviniano em Juazeiro do Norte foi marcada por grandes intrigas, decorrentes da sua determinação de combater o Pe. Cícero e o propalado fanatismo religioso da cidade. Quem era Mons. Joviniano? A essa pergunta que eu mesmo fiz, se pode responder através de uma biografia exuberante para um membro eclesiástico na Diocese de Crato. Aqui cuido de breve perfil, fazendo uma boa simplificação no relato. Filho dos Inhamuns, região a noroeste do Cariri, ali nascido em 05.05.1889, dos pais Roberto Barreto e Cristina Gonçalves de Amorim Barreto. Estudou e aí se ordenou padre no Seminário de Fortaleza, em 21.12.1911. Entre a sua ordenação e 27.03.1935, quando é empossado como o quinto vigário da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, Mons. Joviniano teve funções de vigário em Independência e Lavras, Cura da Sé Catedral em Crato, Secretário do Bispado, Diretor do Colégio Diocesano, Reitor do Seminário de Crato, e Diretor do Ginásio do Crato, além de ter sido membro proeminente da direção do Banco do Cariri, como seu vice-presidente. Em 1934, com a morte prematura de Mons. Esmeraldo, que havia retornado à condição de vigário da Paróquia, no seu segundo vicariato, houve uma vacância de seis meses suprida por alguns padres da Diocese, até que Mons. Joviniano toma posse. Suas atividades como pastor de uma das mais importantes paróquias do bispado, geralmente, são bem elogiadas como todo o apoio à fixação de ordens religiosas na cidade como os Salesianos, os Franciscanos e a Congregação de Jesus Crucificado. Fez uma ampla reforma e muito embelezou a Igreja-Matriz, tendo contratado o artista Agostinho Balmes Odísio, então residente e tendo atelier e fábrica de mosaicos e estátuas na Rua São José, renomado escultor de origem italiana, nascido em Turim. Dessa época são as ornamentações do altar-mor, das capelas de Nossa Senhora de Lourdes e do Santíssimo Sacramento, os altares laterais ao altar-mor, sacristia, bem como a via Sacra, a imagem de Nossa Senhora das Dores, no alto da torre e demais elementos da decoração, como a mesa da comunhão, o altar de Cristo Rei, detalhes em colunas, teto, enfim, podia-se dizer, uma obra de arte. Um fato relevante na vida da Paróquia Matriz de Nossa Senhora das Dores foi a reforma de sua fisionomia, cuja essência, a não ser o altar-mor, ainda hoje pode ser contemplado. Vale a pena transcrever aqui observação de um historiador, com respeito a igrejas do Ceará. “Monsenhor Joviniano, tendo em vista ordenar e aprimorar os serviços de melhoramentos e reforma da Matriz, contratou o técnico Agostinho Odísio Balmes, de nacionalidade italiana, que há cinco meses se fixara na cidade, capaz, pelos conhecimentos adquiridos nas Escolas Salesianas de Belas Artes, em Turim e em Roma, de realizar, com garantia de elegância e confiabilidade, obras de arquitetura, escultura e pintura, tendo vindo, seguidamente, a ser autor de numerosas igrejas e capelas, por construção total ou reconstrução, em todo o Ceará. Uma notícia do jornal “O Nordeste”, de fins de 1939, refere que D. Francisco de Assis Pires aprovou o projeto (em 1º. de julho de 1935), tanto que os trabalhos anteriores, não condicionados a um bom plano, tinham deixado a igreja de Nossa Senhora das Dores “sem estilo e proporções, anti-higiênica e sombria”. No ano de 1935 foi reformada a torre única – já construída (portanto, já ocorrera a remodelação da fachada, sem que o período dessas obras fosse referido no Livro de Tombo da Matriz de Nossa Senhora das Dores) – dando-se lhe um cunho religioso; foi elevada a agulha final, pondo-se lhe no cimo uma cruz de cimento de 5 metros, com imagem de Nossa Senhora das Dores de 3,30m; foi montado o para-raios, junto a estas e colocadas as estátuas de São Pedro, à direita da frontaria, e de São João, à esquerda. Iniciou-se a 5 de novembro de 1935 a construção da capela lateral de Nossa Senhora de Lourdes, conhecida como “A Gruta”, que veio a ser inaugurada em 11 de fevereiro de 1937. Todas essas imagens, assim como a concepção da Gruta foram de Agostinho Balmes Odísio. Em fins de 1936 foi começada a remodelação da capela do Sagrado Coração de Jesus, concluído em 4 de junho de 1937, D. Francisco benzeu a capela e a imagem de Santa Margarida Maria Alacoque, também de Agostinho Balmes Odísio. Por essa época foi substituído o altar, provavelmente corroído e irrecuperável, de madeira, por outro idealizado pelo arquiteto-escultor italiano, imitando o Gólgota. Em 15 de setembro de 1939, na festa da Padroeira, ocorreu a inauguração dos melhoramentos, descritos mais perfeitamente em reportagem de “O Nordeste” que no Livro de Tombo. “O altar é belíssimo, encimado por um grande nicho-painel, com Nossa Senhora sobre o Calvário, representado por uma Cruz e pelo Sudário; os altares laterais são do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora de Lourdes, com outros, pequenos, com o Cristo Rei e o Cristo Crucificado. O Livro de Tombo também fala de pequenos altares, laterais ao altar-mor, de Santa Terezinha e de São Francisco Xavier, com várias estátuas produzidas pela arte de Agostinho Balmes Odísio. Os corredores, ou passagens laterais internas, têm mais de três metros de largura, contendo bancadas e os quadros, de terracota, da Via-Sacra. Na entrada principal fica pequeno batistério aberto, com pia de marmorite, e cena do Batismo no Jordão, em relevo, na parede, obra evidentemente de Agostinho Balmes Odísio, assim como as imagens da fachada. Os corredores reduzem–se em arcos elevados, ao chegarem ao arco-cruzeiro, mas continuam entre a capela-mor e as dos braços, findando na parede que dá para a sacristia, parede onde foram feitos dois altares menores, ainda de marmorite (tudo isso vindo da reforma realizada por Agostinho Balmes Odísio), com estátuas de Santa Teresinha e São Francisco Xavier, nos pódios, e outras pequenas um pouco abaixo. Em 1999, o altar-mor veio a ser reconstruído como era no tempo do Padre Cícero. Nesse particular, pesou bastante a opinião de Maria Assunção Gonçalves, pois ela tinha a memória visual, pictórica e iconográfica, de como era antigamente, a partir de 1875, quando o capelão reformara a capelinha ampliando substancialmente. Dois detalhes foram conservados da concepção de Agostinho Balmes Odísio: são painéis, em alto relevo, aos lados do altar – hoje novamente coloridos pelos mesmos técnicos vindos do Recife – a morte na Cruz, apresentada muito realisticamente, com Maria, João e as mulheres ao pé, e uma representação do túmulo ocupado, significando o enterramento.” Bom dia.
BOM DIA! (71) Por Renato Casimiro
MONS. JOVINIANO (II)... É indiscutível que o paroquiato de Mons. Joviniano da Costa Barreto foi objeto de críticas severas, como a sua própria postura, muito rígido em disciplina e, principalmente, a sua conduta para varrer de todo modo os menores sinais das romarias a Juazeiro. Um fato representativo dessa antipatia que cresceu em certos setores esclarecidos foi quando se revelou ter sido ele o portador dos paninhos ensanguentados que foram levados de Juazeiro do Norte para a Diocese e daí para a incineração acontecida no Seminário de Crato. Enfim, a intriga que se instalou em intolerância a Mons. Joviniano não dispensava nem a observação pública de que, amigo e frequentemente reunido a promotor, juiz da comarca e delegado de polícia, o grupo quando era visto em público, em animada conversação, ou transitando, passou a ser conhecido como a “Corte Celeste”. Uma coisa que não podemos deixar de mencionar diz respeito ao papel da Congregação Mariana de Juazeiro do Norte, à época integrada por um quadro de expressiva representatividade da sociedade local, empresários de renome, na maior parte homens de grande valor ético e moral e que prestaram desde o início uma solidária adesão aos propósitos do vigário para conduzir suas funções a frente da Paróquia. Uma janela importante por onde se via essa relação estreita e inquestionável aparece no jornal da Congregação, O Lutador, que circulou com seu primeiro número em 05.05.1945, com periodicidade quinzenal, e em cujo expediente figuravam: Censor Eclesiástico: Mons. Joviniano Barreto; Diretor-Responsável: José Menezes Pereira; Redator-Secretário: Elias Rodrigues Sobral; Gerente: Arcelino Ferreira Nobre; Auxiliar da Redação: Olon Coimbra, mas que contava também com uma boa equipe de colaboradores, como Taumaturgo Nogueira, Pe. José Jesu Flor, Mário Malzone, Maria Luiza Linhares, Andrade Furtado e outros. Em 1947, através do Lutador sabe-se que espalharam pela cidade o boato que Monsenhor Joviniano seria o candidato a prefeito de Juazeiro do Norte, e que uma das suas primeira providências seria a retirada das duas estátuas do Padre Cícero situadas na Praça Alm. Alexandrino de Alencar e em frente à capela do Perpétuo Socorro. Eram, portanto, provocações como essas que assaltavam a população e o jornal da Congregação, imediatamente, rebatia com veemência. Em pequenos fatos se manifestava essa aleivosia, como por exemplo a intriga durante uma Semana Santa, quando o Centro Regional de Publicidade não alterava sua programação musical, irradiando música popular enquanto pelas ruas centrais caminhava a procissão do Encontro de Maria com Jesus. Outros fatos eram provocados por ditas evidências das inimizades de Mons. Joviniano com alguns segmentos da sociedade, e isso aparecerá maios declaradamente, embora sem assinatura, através de boletins impressos. Por essas e outras, articulou-se, sabe-se lá quem, uma campanha para denegrir Mons. Joviniano, através de boletins apócrifos, como esse primeiro que foi distribuído em Juazeiro do Norte, em 12.06.1949, causando muita indignação. O primeiro boletim tinha o seguinte título e teor: “Monsenhor Joviniano Barreto, o maior inimigo do Padre Cícero, do Juazeiro e dos Padres Salesianos. Monsenhor Joviniano no tempo em que era vigário no Crato foi o Padre que com Dom Quintino mais perseguiu o Reverendo Padre Cícero. Desde que assumiu a Paróquia de Juazeiro que vem desenvolvendo perseguições a fim de destruir o amor que os romeiros tem ao Padre Cícero. Uns anos atrás um amigo do Padre Cícero quis homenageá-lo com uma missa celebrada dentro da Capela do Perpétuo Socorro e o Monsenhor Joviniano não consentiu e mandou fechar as portas da Capela neste dia. A maior vontade de Monsenhor Joviniano é derrubar a estátua do Reverendo Padre Cícero, nosso querido Mestre, que se encontra em frente do Perpétuo Socorro. Cuidado, romeiros, com essa estátua! Não se confiem em tirá-la dali, nem para dentro da Capela. O Padre Cícero deixou no seu lugar os Padres Salesianos. Os Padres Salesianos que tem vindo para cá, quando se tornaram queridos dos romeiros, por causa da sua humildade e grandes virtudes, e começaram a chamar a atenção dos romeiros para o Colégio, o Monsenhor Joviniano começa logo a fazer campanha para botá-los para fora do Juazeiro. Frei Damião está proibido pelo Monsenhor Joviniano, a nunca mais pisar aqui. Mas, sabem vocês romeiros, porque é isso? É por causa do dinheiro!!! Os romeiros estavam se passando para os Salesianos, deixando a Matriz. As esmolas da caixa de Nossa Senhora das Dores que o Monsenhor todos os anos despesca, atingem a mais de quinhentos contos de reis e de agora em diante este dinheiro ia para a construção do Templo de Nossa Senhora Auxiliadora. Esse dinheiro atualmente está sendo desviado para o Bispado do Crato, para a construção de casas da Obra das Vocações Sacerdotais, naquela cidade. Isto reverte em prejuízo para o Juazeiro. Vejam, a igreja de Nossa Senhora das Dores, nem foi terminada ainda! A calçada da nossa Matriz, parece mais um secador de arroz. Conforme consta, Monsenhor Joviniano vendo que o dinheiro das esmolas ia diminuir, escreveu ao Bispo de Crato, ao Arcebispo de Fortaleza, e a Ordem Salesiana no Recife, dizendo que o Padre Galli estava pregando fanatismo em torno do nosso inesquecido e grande benfeitor Padre Cícero Romão Batista. Que infâmia! O resultado desta perseguição foi a retirada do saudoso Padre Galli que nunca mais voltará a esta terra como aconteceu com o Padre Davino e a Frei Damião. Salvo se Sua Santidade o Papa consentir que eles voltem. O povo desta cidade e os romeiros devem se vingar da ofensa recebida, dando, de agora em diante, as suas esmolas para a Obra Salesiana, isto é: o Colégio que está instruindo os meninos pobres de Juazeiro, e a igreja de Nossa Senhora Auxiliadora que era o grande sonho do Reverendo Padre Cícero, agora revelado ao Padre Galli. Fujam do inimigo do Padre Cícero, do inimigo número 1 dos romeiros, do verdadeiro inimigo do progresso de Juazeiro e se aproximem dos Salesianos para que eles construam a igreja de Nossa Senhora Auxiliadora. Dêem apoio e esmolas aos Padres Salesianos. O Espírito do Patriarca Padre Cícero está derramando suas Bênçãos sobre os Salesianos nesta cidade. Romeiros não abandonem Nossa Senhora Auxiliadora, dêem suas esmolas para a sua igreja, a fim de que em 1959 possamos nós todos aqui reunidos testemunhar as maravilhas do Céu, reveladas pelo Santo e saudoso Padre Galli. Padre Cícero, defendei o JUAZEIRO!!!” Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 11.03.2017)
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
CINEMA NORDESTE (CINEMA ALAGOANO)
(CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 15, quarta feira, às 18 horas, os seguintes filmes:
A VOLTA PELA ESTRADA DA VIOLÊNCIA (BRA, 1971, 74 min). Direção de Aécio de Andrade. Sinopse: Após a morte do marido, Geracina e seus três filhos, agregados do fazendeiro nordestino Alberto Lopes, dependem apenas de um cavalo como fonte de sustento. Com a seca que assola a região, o fazendeiro manda fechar a cacimba, única fonte de água das redondezas. Ao tentar violar a cacimba para dar água ao cavalo, o filho mais velho é assassinado por Lopes. Ameaçada de morte, a viúva apela para a Justiça, mas o juiz, comprado pelo fazendeiro, absolve-o. Mãe e filho abandonam a região e passam a trabalhar num engenho de açúcar. Quando Calixtinho, o filho caçula, atinge a maioridade, Geracina incita-o contra Lopes para vingar a morte do irmão e os ultrajes sofridos pela família. Calixtinho organiza um bando de jagunços, ataca o fazendeiro e todos os Lopes são exterminados. O grupo fica rondando pelos arredores, sem rumo, até que a polícia, num ataque organizado, consegue vencê-lo.
O PONTO DAS ERVAS (BRA, 1978, 10min). Direção de Celso Brandão. Sinopse: Ponto das Ervas de Senhor do Bonfim, Alagoas. Casa especializada em plantas e ervas medicinais para cura de todos os tipos de doenças.
ARTE RETIRANTE (SESSÃO CURUMIM)
(JUAZEIRO DO NORTE / CARIRIAÇU)
O Centro Cultural BNB promove de forma itinerante (Arte Retirante) uma sessão de cinema para crianças, denominada Sessão Curumim, no Orfanato Jesus Maria José, Bairro Santa Teresa, Juazeiro do Norte, com entrada gratuita, exibe no próximo dia 17, sexta feira, às 14 horas, o filme RATATOUILLE (EUA, 2007, 111min). Direção de Brad Bird. Sinopse: Paris. Remy (Patton Oswalt) é um rato que sonha se tornar um grande chef. Só que sua família é contra a idéia, além do fato de que, por ser um rato, ele sempre é expulso das cozinhas que visita. Um dia, enquanto estava nos esgotos, ele fica bem embaixo do famoso restaurante de seu herói culinário, Auguste Gusteau (Brad Garrett). Ele decide visitar a cozinha do lugar e lá conhece Linguini (Lou Romano), um atrapalhado ajudante que não sabe cozinhar e precisa manter o emprego a qualquer custo. Remy e Linguini realizam uma parceria, em que Remy fica escondido sob o chapéu de Linguini e indica o que ele deve fazer ao cozinhar.
(Esse mesmo filme será apresentado em Caririaçu, na E.E.F. Julita Farias, no dia 20, segunda feira, às 15 horas.)
CINE CAFÉ VOLANTE (NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 17, sexta feira, às 19 horas, o filme INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (A.I. Artificial Intelligence, EUA, 2001, 146min). Direção de Steven Spielberg. Sinopse: Na metade do século XXI, o efeito estufa derreteu uma grande parte das calotas polares da Terra, fazendo com que boa parte das cidades litorâneas do planeta fiquem parcialmente submersas. Para controlar este desastre ambiental a humanidade conta com o auxílio de uma nova forma de computador independente, com inteligência artificial, conhecido como A.I. É nesse contexto que vive o garoto David Swinton (Haley Joel Osment), que irá passar por uma jornada emocional inesquecível.
CINE ELDORADO (JN)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe no próximo dia 17, sexta feira, às 20 horas, dentro do Festival Filmes Inesquecíveis, LA VIOLETERA (La Violetera, Espanha/Itália, 1958, 108min). Direção de Luis Cesar Amadori. Sinopse: Na Madri do início do Século XX, Soledad vende violetas no lado de fora do principal teatro da cidade. Jovem, bonita e sonhadora, ela canta para distrair seus fregueses. Até que um dia, sua voz encantadora chama a atenção de um jovem e rico aristocrata. Desse encontro, após muitas tentativas e sofrimento, ela se transforma em um grande sucesso mundial. E em meio a tribulações e preocupações, acontece o amor entre os dois. Música, alegria e emoção em um filme inesquecível, responsável pelo grande sucesso de Sarita Montiel.
CINE JURIS (FAP, JN)
A Faculdade Paraiso do Ceará (FAPCE) está incluída no circuito alternativo de cinema do Cariri, embora seja restrito aos alunos desta Faculdade. As sessões são programadas para um sábado por mes, às 8:30h, na Sala de Vídeo da Biblioteca, na Rua da Conceição, 1228, Bairro São Miguel. Informações pelo telefone: 3512.3299. Neste mês de março, dia 18, estará em cartaz, o filme THE PEOPLE V. O. J. SIMPSON - EPISÓDIO 6: MARCIA, MARCIA, MARCIA ( EUA, 2015, 100min). Direção Rayan Murphy. Sinopse: É o sexto episódio do seriado da Tv americana American Crime Story. O foco é a história do julgamento por assassinato que o ex jogador de futebol americano O.J. Simpson passa. Ele foi acusado em 1994 pelo assassinato de sua ex-esposa Nicole Brown e do amigo dela, Ronald Goldman, ambos mortos a facadas. O.J. foi absolvido após um julgamento muito longo, que recebeu um destaque enorme da mídia na época. E o seriado é também baseado no livro The Run of His Life – The People vs. O. J. Simpson.
CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 18, sábado, às 17:30 horas, o filme TARDE DEMAIS (The Heiress, EUA, 1949, 115min). Direção de William Wyler. Sinopse: Século XIX. Catherine Sloper é uma rica jovem sem qualquer atrativo especial, desajeitada, solitária e muito tímida. Morando com o pai, Austin, e a romântica tia Lavínia num casarão em Nova York, Catherine tem no bordado sua única diversão. Tudo muda quando ela conhece Morris Townsend, belo e sedutor.
NOVO CIDADÃO JUAZEIRENSE
A Câmara Municipal agraciou mais um cidadão juazeirense. Eis o ato: RESOLUÇÃO N.º 839 DE 23 DE FEVEREIRO DE 2017 Concede Título Honorífico de Cidadão Juazeirense e adota outras providências. O Presidente do Poder Legislativo de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, faz saber que a Câmara Municipal aprovou e eu promulgo, a seguinte Resolução: Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Excelentíssimo Senhor ROGÉRIO DE MENEZES FIALHO MOREIRA, (Desembargador Federal), pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade. Autoria: José Nivaldo Cabral de Moura; Coautoria: Glêdson Lima Bezerra; Subscrição: Cícero Claudionor Lima Mota, José Adauto Araújo Ramos, Paulo José de Macêdo, Francisco Demontier Araújo Granjeiro, Antônio Vieira da Silva, Damian Lima Calú, Domingos Sávio Morais Borges, José Barreto Couto Filho, Márcio André Lima de Menezes, Cícero José da Silva e pelas Vereadoras Rosane Matos Macêdo, Luciene Teles de Almeida e Jacqueline Ferreira Gouveia. O novo cidadão juazeirense é natural de João Pessoa, Rogério de Meneses Fialho Moreira, é desembargador federal do TRF, promovido em 5 de maio de 2008. Atualmente exerce a função de vice-presidente. É professor de Direito Civil da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), desde 1991. Ingressou na magistratura federal em 1993, como juiz substituto em Recife, tendo sido promovido a juiz federal titular da Vara de Petrolina-PE em 1995. Em 1996 foi removido para Campina Grande-PB, e em 2002 para a 7a Vara Federal, em João Pessoa (JEF). Exerceu, desde janeiro de 2003, até a sua promoção ao TRF, a função de Diretor do Foro da Seção Judiciária da Paraíba. Antes da sua promoção, em várias oportunidades foi convocado para compor o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em funções de substituição ou de auxílio. É especialista em Direito Processual Civil, pela UNB- Universidade de Brasília (curso em convênio com o Conselho da Justiça Federal) e fez o Curso de Preparação de Magistrados da Escola da Magistratura da Paraíba. Integrou a diretoria da Associação dos Juízes Federais do Brasil -AJUFE, por dois mandatos. Antes de ingressar na magistratura, foi advogado e assessor de Juiz no TRF-5ª Região.
REITORES DE SANTUÁRIOS DO BRASIL
Reitores e representantes de Santuários de todo o Brasil estiveram reunidos de 6 a 10 de março, em Caeté (MG), no Santuário Nossa Senhora da Piedade para o 22º Encontro de Santuários do Brasil. Com o tema central ‘Santuário: lugar de oração, cultura e serviço aos pobres’, o Encontro oportunizou a comunhão e a partilha de experiências entre responsáveis por lugares que acolhem um grande número de fiéis católicos. Sob a coordenação do Conselho de Reitores de Santuários que é presidido pelo reitor do Santuário Nacional de Aparecida, a edição de 2017 refletiu sobre as linhas de atuação dos Santuários do Brasil. “O assunto principal deste encontro foi a análise das Diretrizes da Ação Pastoral e os Estatutos dos Santuários no Brasil, este documento que já existe há mais de 30 anos”, adiantou o Missionário Redentorista, padre João Batista de Almeida, reitor do Santuário de Aparecida. “Nos últimos dois anos fizemos uma avaliação e revisão destes dois documentos e agora, neste encontro em Minas Gerais finalizamos essa revisão. A partir destes documentos queremos discutir a nossa ação pastoral”, completou o reitor. De acordo com padre João Batista, os Santuários brasileiros tiveram um aumento muito significativo na sua atividade pastoral nos últimos anos e diante dessa realidade surge uma preocupação. “É sempre uma preocupação dos reitores e, sobretudo, os bispos onde há santuários, que haja cada vez mais sintonia entre o que se faz em todos os Santuários do Brasil”, assinala o reitor. O turismo religioso envolve quase 18 milhões de brasileiros no país. Desse grupo, uma grande parte visita os santuários católicos, que hoje são aproximadamente 380. Esses lugares se destacam pela intensa vivência da fé e são marcados por uma forte experiência de conversão, como destaca o Documento de Aparecida: “Aí, o peregrino vive a experiência de um mistério que o supera, não só da transcendência de Deus, mas também da Igreja, que transcende sua família e seu bairro. Nos santuários, muitos peregrinos tomam decisões que marcam suas vidas. As paredes dos santuários contêm muitas histórias de conversão, de perdão e de dons recebidos que milhões poderiam contar”, destaca o Documento. Tanto a quantidade de visitantes quanto as demonstrações de fé expressas nesses espaços são objetos de contínua reflexão para os reitores, que necessitam a partir da pluralidade do ser humano que visita os santuários, buscar evangelizar e levar a fé católica em sua totalidade, sempre com espírito de acolhida a todos. “Há muita coisa a ser considerada, mas uma delas é essa mudança de época que estamos vivendo nesse mundo que é muito religioso e também muito secular. A partir do comportamento das pessoas no Santuário, os problemas que trazem para o confessionário, e também o que as pessoas buscam no Santuário: mais do que um compromisso religioso a satisfação de encontrar Deus, mas sem muito compromisso. Então, o grande desafio é fazer com que as pessoas despertem para um compromisso de vivência da fé”, reflete padre João ao falar sobre qual realidade mais desafia os Santuários no momento presente. O Santuário Nacional vai apresentar durante o encontro a criação de uma plataforma para utilização de todos os Santuários do Brasil. A plataforma será acessada por meio do Portal A12.com e vai possibilitar que cada Santuário disponibilize as suas principais informações nesse espaço. “A intenção é fazer com que todos os Santuários do Brasil tenham um lugar comum. Nesse espaço, os responsáveis poderão divulgar a história do Santuário, os serviços que prestam, etc. Outro objetivo é fazer crescer a comunhão pastoral dos Santuários. Quanto mais organizados mais comunhão entre nós. O povo de Deus também ganhará com isso, porque a organização traz uma melhoria significativa naquilo que se faz. Esse banco de dados é para conhecimento e história, mas também para provocar a necessidade dessa comunhão pastoral”, finalizou o reitor do Santuário Nacional. O evento foi realizado na Casa da Padroeira de Minas Gerais, em Caeté, e no Hotel Fazenda Tauá. A programação incluiu celebrações, conferências, oficinas, momentos culturais, de integração e lazer. Representaram os santuários de Juazeiro do Norte (Paróquia de Nossa Senhora das Dores e Paróquia de São Francisco) os revderendíssimos Pe. Cícero José da Silva e o Frei Raimundo Barbosa.