quarta-feira, 28 de maio de 2014

BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
032: (28.05.2014) Boa Tarde para Você, Maria Stela Inácio de Sales
Em Agosto irei à Biblioteca Pública Municipal Dr. Possidônio da Silva Bem, a seu convite. Será mais uma etapa do Projeto Memória Viva, para preservar e promover o patrimônio histórico e cultural da cidade. Eu espero contribuir com um depoimento que lhes diga sobre as minhas experiências neste rumo. Não sei se vou lhes atender plenamente, porque terei, apenas, avexados 20 minutos para lhes falar de meio século de dedicação a este mister, com muito orgulho. Mas, deixe-me que lhe conte, Stela, uma história que me liga emocionalmente à Biblioteca Pública de Juazeiro. Eu a vi nascer, no Bosque Luiz de Queiroz, na lateral direita da Matriz. Ali, ela era miudinha, uma salinha de leitura, pequeno acervo, tudo pequenininho. Disso vai lembrar o Zé Carlos Pimentel que também a dirigiu. O padrinho da obra era o médico parteiro que me viu nascer. Foi meu padrinho na cerimônia dos santos óleos da Crisma e ainda me seguiu, dispensando atenções de um pediatra. Nasceu esta obra, para mim, em meio a um clima de muito afeto. Mas, naquele ano de 1964, eu estava concluindo o Ginásio, aqui nos Salesianos. Daniel Walker e eu editávamos um jornal mural no colégio. E tínhamos um rival, também no mural, dos colegas do terceiro ano. Numa destas edições semanais, eu me enfureci com algo e num gesto tresloucado, arranquei-o do flanelógrafo, amassei-o e joguei-o no chão. Foram logo denunciar-me ao prefeito da disciplina, o Pe. Mário Balbi que, incontinenti, lavrou a sentença condenatória, aplicando-me merecida suspensão com uma semana de afastamento das atividades do colégio. Teria, mais, que levar para casa, na velha caderneta, o apontamento da suspensão, para conhecimento dos pais. Este, para mim, seria o mais doloroso, exatamente por não saber qual seria a atitude dos meus velhos. Então, preferi não lhes dizer e me ocorreu fazer do seguinte modo. Todo dia eu saia para o colégio, como se nada tivesse acontecido. Mas, tomava o caminho do Bosque e me internava na Biblioteca Pública. De lá só saia pelo meio dia que era quando a Rua Padre Cícero se enchia dos colegas que desciam do colégio para suas casas. Na contramão, desconfiado, eu ia encontrando a turma, até pegar o beco da Santa Luzia e entrar em casa, como se tudo fosse normalidade. Semanas depois a família soube, mas só amarguei fortes repreensões, sem mais nenhuma consequência de castigos. Estes, Stela, foram o texto, o contexto e o pretexto. O que posso lhe dizer ainda é que nas entrelinhas, a Biblioteca Pública, ainda na sua fase inicial, de tal pobreza franciscana, operou um grande milagre de me fazer um leitor contumaz e compulsivo. O que isso significou para mim, a partir daquelas longas leituras das obras de Monteiro Lobato, o mundo não sabe e eu apenas desconfio. Amanhã, não vou contar esta história lá. Fica apenas entre mim, você e a torcida do Icasa. Afinal, que papelão faria este sessentão diante de um alunado tão jovem que enche o auditório da Biblioteca, na ansiedade de bons exemplos? Vou dizer apenas que na Biblioteca Pública de Juazeiro, há cinquenta anos passados, eu comecei lendo as Reinações de Narizinho, aprontei muitas pela vida e terminei fazendo alguma coisa para preservar a memória e o patrimônio histórico e cultural da cidade. Será que eles vão acreditar?

NOVA UPA-LIMOEIRO
A nova Unidade de Pronto Atendimento que a Prefeitura Municipal vai inaugurar no Bairro do Limoeiro será uma homenagem ao conhecidíssimo e benemérito médico juazeirense, Odílio Camilo da Silva. Veja o ato publicado no Diário Oficial do Município, em 26.05. LEI Nº 4316, DE 22 DE MAIO DE 2014. Denomina a Unidade de Pronto Atendimento – UPA – DR. ODÍLIO CAMILO DA SILVA e adota outras providências. O Prefeito do Município de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará. Faço saber que a Câmara Municipal decretou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei: Art. 1º – Fica denominada de UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTOM - UPA – DR. ODÍLIO CAMILO DA SILVA, a UPA localizada à Rua Capitão Domingos com a Avenida José Bezerra, no bairro Limoeiro, nesta cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará. Art. 2º – A presente Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º – Revogam-se as disposições em contrário. Palácio Municipal José Geraldo da Cruz, em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, quinta-feira, 22 (vinte e dois) de maio do ano dois mil e catorze (2014). Raimundo Antonio Macedo, Prefeito de Juazeiro do Norte. Autoria: Vereador Paulo José de Macedo.

DO POETA ZÉ DE MATOS
Por e-mail (26.05), Luiz Afonso Cavalcante Gomes (Fortaleza) me conta que: “Zé de Matos foi um poeta cratense, analfabeto, alcoólatra inveterado, que segundo ouvi quando menino, de pessoas que o conheceram, vivia a dispensa dos cidadãos que o admiravam pelos seus repentes poéticos. Acredito que muita coisa deve estar guardado nos anais da história de Crato e, naturalmente, de alguns de seus historiadores. Ouvi muitas vezes, o Pe. Cícero Coutinho, que anotava todos os fatos de Juazeiro e das cidades circunvizinhas, desde política, vida social e vários outros, principalmente das figuras que se sobressaiam no dia a dia de cada uma delas. Guardei alguma coisa, pouca, é bem verdade, mais digna de ser relembrada. “Um padre saído de Crato, acompanhado de varias pessoas, ele montado num burro e os demais a pé, ia fazer a “desobriga”(missa) no  povoado “Taboleiro Grande” hoje, Juazeiro do Norte. Na metade do caminho, os caminhantes encontraram Zé de Matos deitado junto à umas  moitas à beira da estrada, completamente bêbado e dormindo. O padre, complacente, mandou algumas pessoas acordá-lo e pedir para que seguisse com os demais ao seu destino. Tentativa vã, resmungava, virava de um lado para outro até que, depois de vários safanões, conseguiu abrir os olhos, entender o pedido e respondeu com este verso:
“EU ME SINTO TÃO PESADO,
 QUE JÁ DEI UM PASSO PERRO,
EU PENSO QUE SOU DE FERRO,
OU NO CHÃO TÔ APREGADO...
SÓ SAIO DAQUI ARRASTADO
OU PARTIDO EM QUATRO TORA...
ISTO MESMO, COM DEMORA...
SÓ ASSIM ME ALUIRÃO...
D´OUTRO JEITO EU NÃO VOU NÃO,
QUANDO EU PUDER, VOU EMBORA...”

CINE ELDORADO
O Eldorado exibe nesta sexta, 30.05, O tesouro de Sierra Madre (The Treasure of the Sierra Madre), USA, 1948, do gênero aventura, dirigido por John Huston. A ficha técnica, sumariamente, é: O roteiro foi adaptado por Huston de uma obra homônima de 1927, escrita B. Traven. Foi um dos primeiros filmes de Hollywood a realizar locações fora dos Estados Unidos; foram feitas externas em Tampico, no México. Mas as cenas noturnas são de estúdio. O filme apareceu em 30º lugar em uma lista comemorativa do American Film Institute (AFI) quando da comemoração dos 100 anos do cinema. Elenco: Humphrey Bogart (Fred C. Dobbs), Walter Huston (Howard), Tim Holt (Bob Curtin), Bruce Bennett (James Cody), Barton MacLane (Pat McCormick), Alfonso Bedoya (Gold Hat), Arturo Soto Rangel (El Presidente), Manuel Dondé (El Jefe), José Torvay (Pablo), Margarito Luna (Pancho), Jack Holt (Mendigo). Sinopse: A história se passa nos anos 20, no México, quando a sangrenta revolução mexicana já havia terminado, mas inúmeros bandoleiros continuavam a aterrorizar o país. Três forasteiros (gringos) resolvem procurar ouro nas montanhas de Sierra Madre. Eles vão de trem (comboio) e depois penetram no deserto, guiados pelo idoso Howard, que os convencera que havia encontrado uma mina. A história se mostra verdadeira e os três conseguem uma grande quantidade de ouro. Mas logo um dos exploradores, Fred C. Dobbs, começa a sucumbir à ganância e entra em conflito com os companheiros, traindo os seus amigos, ao mesmo tempo que são atacados por numerosos bandoleiros. Principais prêmios e indicações: Oscar 1949 (EUA): Venceu na categoria de melhor diretor, melhor roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante (Walter Huston). BAFTA 1949 (Reino Unido): Indicado na categoria de melhor filme de qualquer origem. Globo de Ouro 1949 (EUA): Venceu nas categorias de melhor filme - drama, melhor diretor de cinema e melhor ator coadjuvante (Walter Huston). Festival de Veneza 1948 (Itália): Indicado ao Leão de Ouro.