BOA
TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta
página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio
Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e
sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
112: (26.01.2015) Boa Tarde para Você, Laurinda Barros da Silva
Já devo ter dito em algum destes
momentos nas crônicas habituais, do meu imenso orgulho pessoal de ter as minhas
origens de família em gente romeira que aqui se estabeleceu pelo início do
século passado, migrantes vindos da Paraíba e de Alagoas. Por muito tempo,
mesmo sem ignorar esta significação étnica, eu minimizei este fato reduzindo-o
a um tratamento de pouca expressão, algo como uma destas circunstâncias lógicas
da genética e da aparente casualidade dos entrelaçamentos familiares. Hoje,
felizmente, já não vejo isto na simplicidade da ocorrência como este Juazeiro
do Norte foi construído em sua cena humana, para valorizar especialmente a
grande contribuição cultural e antropológica que isto implicou. Digo-lhes isto
para falar de que fui conhecer dona Laurinda Barros da Silva, protagonista
quase anônima de um destes instantes do milagre de que falamos quando tratamos
da cidade que amamos, que nos aparece como vindo desta gente simples que povoa
a grande nação romeira. Dona Laurinda comemorou ontem, 25 de janeiro, o seu
centenário de existência, e quando lhe perguntei qual era o seu sentimento ela
me olhou e me disse com grande simplicidade: “seu doutor, nossa vida é uma
nuvem.” Dona Laurinda nasceu em 1915 na zona rural do município de Viçosa, como
meus avós, como costumo me lembrar, no berço da civilização das Alagoas,
nascida de pais agricultores, Maria Joaquina da Conceição e Manoel Barros de
Lima. Ainda na sua juventude, de romeiros que haviam estado na cidade santa,
recebeu de presente um rosário e medalhas que haviam sido bentas pelo querido
padrinho e a partir daí desejou ardentemente vir morar em Juazeiro. Aquele
presente foi tão importante na vida de dona Laurinda que ela, em seguida, veio
a Juazeiro em romaria e repetiu a estrada tão longa e tão cheia de pedra e
areia, em 5 outras viagens que mais e mais aumentaram o seu desejo de vir morar
conosco. Depois que seus pais faleceram, e já casada com José Francisco da
Silva, o Zé de Benedito, Laurinda vendeu quase tudo, ficando apenas com os
pratos da cozinha e os santos de seu oratório e para cá se mudou
definitivamente, em 1942. Ela vinha de família numerosa, pois eram 15 irmãos, dos
quais ainda estão vivos 5 (José Belinir, José Duda, Jesuino, Luis e a caçula
Maria José). Do seu casamento com José de Benedito, dona Laurinda teve 17
filhos, sendo onze homens, dos quais apenas 8 se criaram (Bartolomeu, Manoel,
Severino, Enoque, Antonio, Cícero, Manuel e Elias, o mais novo que veio abraçar
a mãe, centenária) e seis mulheres (Maria José, Maria do Carmo, Maria Cícera,
Maria Návia, Maria das Dores e Maria Anita). Em tal numerosa descendência, dona
Laurinda hoje se vê cercada por netos, bisnetos e trinetos, gerações que a
cumulam de afeto e zelo, num ritual diário que invade a modesta residência da
Rua Todos os Santos, num cumprimento respeitoso pelas bênçãos e orações da
matriarca. Capítulo importante de sua existência é a sua religiosidade, a sua
fé inquebrantável, a sua dedicação às confrarias e às associações da igreja,
desde 06.01.1943, como fiel servidora, na frequência diária do santo sacrifício
da missa, em caminhadas de quilômetros, em madrugadas palmilhadas, até debaixo
de chuva. Aos cem anos de vida, dona Laurinda continua a receber este
tratamento carinhoso que já vinha de Pe. Murilo, de Pe. José Alves, e que chega
hoje aos vigários paroquiais que não lhe faltam em assistência espiritual, a
grande festa da renovação de sua casa humilde, na alegria de alguém que se
conserva lúcida e amável. Devota consagrada ao Sagrado Coração de Jesus, à Mãe
das Dores e ao Padre Cícero, eu senti que dona Laurinda teve um grande prazer
em falar de sua vida, do seu legado, de seu serviço, para hoje se considerar
feliz pelo que viveu e o que pôde realizar por sua família e pela comunidade,
enquanto me diz, na conformação dos justos e sábios: “Já estou aqui esperando
as ordens de Deus”. Parabéns, dona Laurinda! Que seja muito feliz e saudável, e
que a providência de Deus ainda seja deixa-la conosco e com sua família, por
muito mais tempo.
(Crônica
lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em
26.01.2015)
BOA
TARDE (II)
113: (28.01.2015) Boa Tarde para Você, Sargento Edinaldo Aparecido
Costa Moura
Ao meu sentimento, neste instante o
mundo está caminhando celeremente para duas das piores tragédias anunciadas: as
famílias estão se tornando reféns das drogas e as nações vivem o terrorismo
imposto pelo sectarismo político e religioso. As drogas e o terror impuseram à
humanidade um clima insuportável de conflitos permanentes para que passássemos
a viver o desespero desta ausência de um horizonte que possa restabelecer a
nossa convivência com os valores que animam a nossa própria existência. Daí
porque não há como não enxergar, exaltar, difundir e apoiar com todas as nossas
forças as ações de homens e mulheres que se entregam de corpo e alma a esta
reconstrução da esperança, e ao rearmamento moral de que tanto necessitamos
para sobreviver à barbárie. Foi por isto, certamente, que fizeram chegar até
nós a cruzada meritória que se fundou através do Programa
Educacional de Resistência às Drogas – PROERD, adaptado da iniciativa
norte-americana do Drug Abuse Resistence Education - D.A.R.E., criado em 1983.
Em nosso país, o Programa implantado em 1992 também consiste em uma ação
conjunta de Policias Militares, Escolas e Famílias, para prevenir o abuso de
drogas e a violência entre estudantes, para ajudá-los a reconhecer as pressões
e as influências diárias que contribuem ao uso de drogas e à prática de
violência, desenvolvendo habilidades para resisti-las. Aqui em Juazeiro do
Norte, há vários anos, o programa também existe numa articulação entre a
Polícia Militar, Secretaria de Educação do Município e as famílias para atingir
anualmente milhares de alunos. Parte integrante do entusiasmo que há nesta
iniciativa é a sua coordenação, na pessoa do sargento Edinaldo Aparecido Costa
Moura, um militar que assumiu a força tarefa para empreender uma grande jornada
de treinamento e capacitação dos jovens para mantê-los saudáveis, longe das
drogas. A saudação que lhe fazemos nesta tarde, sargento Edinaldo, pretende não
ser a atitude efêmera de apenas uma citação casual que se impõe no
reconhecimento humanitário de sua tarefa, pela exemplar dedicação que assumiu. Receba-a,
também, como um gesto concreto de adesão deste que vos escreve e, certamente,
de milhares de outros solidários, não ao meu sentimento provocador, senão à sua
generosa e tão esforçada postura para fazer o que deve ser feito em tal
calamidade.
Diariamente
estamos vivendo com angustiante apreensão os índices alarmantes desta galopante
ascensão da violência, motivada pelo consumo de drogas pesadas, tão amplamente
disseminadas entre nossa juventude e a pressioná-la para marginalidade do
crime, do roubo e dos conflitos sociais. É confortante, é parte deste nosso
desejo de respirar um tanto aliviados, saber que em instantes tão graves desta
nossa conturbada existência, podemos contar com sua sensibilidade e a atitude
consciente de que algo está sendo realizado com este propósito. Quero
manifestar aqui, sargento Edinaldo, o meu louvor ao seu trabalho, aos
resultados que anualmente vem sendo obtidos e que contribuem de forma tão
importante, para que estas famílias se sintam fortalecidas, tranquilizadas, na
medida em que isto atinge tantas escolas e tantos alunos. Agradecer-lhe,
Edinaldo, é apenas o necessário, o formal, educado e civilizado, algo muito
pequeno diante do seu trabalho que se agigantou nesta missão e que felizmente
surte o grande efeito que nos tranquiliza diante da ameaça que está diariamente
a nos angustiar. É importante destacar que o seu trabalho, tão publicamente
reconhecido, conscientiza todos nós para que não fujamos à responsabilidade
social que tanto contribui para a ordem pública, prevenindo a criminalidade,
para que a guerra não exista apenas entre a ação criminosa e a repressão.
(Crônica
lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em
30.01.2015)
CINE
ELDORADO
O Cine Eldorado (Rua Pe. Cícero, em
frente ao Museu Pe. Murilo de Sá Barreto) exibe nesta sexta feira, dia 30, às
20 horas, o filme Belle, filme americano de 2013, dirigido por Amma Asante. Elenco: Gugu Mbatha-Raw (Personagem:
Dido Elizabeth Belle); Tom Wilkinson (Personagem: Lord Mansfield); Sam Reid (Personagem: John Davinier); Sarah Gadon (Personagem: Elizabeth Murray ); Miranda Richardson (Personagem: Lady Ashford); James Norton (Personagem: Oliver Ashford); Matthew Goode (Personagem: Sir John Lindsay); Emily Watson (Personagem: Lady Mansfield). Sinopse: Dido
Elizabeth Belle (Gugu Mbatha-Raw) é a filha do capitão britânico John Lindsay
(Matthew Goode) com uma escrava africana. Após a morte da mãe, Dido vai morar
na Inglaterra com o tio, Lorde Mansfield (Tom Wilkinson), para ser criada como
uma dama da aristocracia. A jovem se apaixona pelo advogado John Davinier (Sam
Reid), mas esse relacionamento irá enfrentar os preconceitos da sociedade
inglesa.