Aconteceu na noite de ontem, na Chácara do Rei, propriedade da família do presidente da AFAJ – Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte, no Bairro de Alagadiço Novo, distrito de Messejana em Fortaleza, a décima terceira concessão da Comenda Memórias de Juazeiro. Abaixo transcrevo a íntegra do discurso de saudação aos homenageados (in memoriam): Expedito Ferreira Lima, João Maurício e Silva e Teodoro de Jesus Germano.
Excelentíssimo Senhor, Dr. Odival Limeira Lima, Presidente da Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte (AFAJ);
Excelentíssima Senhora, Antonia Limeira Lima, viúva do homenageado, Expedito Ferreira Lima, através de quem saudamos com apreço seus filhos, netos, e bisnetos, e bem assim todos os demais membros da família;
Excelentíssima Senhora, Maria de Fátima Siqueira, filha do homenageado João Maurício e Silva, por quem apresentamos nossos cumprimentos a toda sua família e amigos;
Excelentíssima Senhora, Maria do Perpétuo Socorro Sampaio, viúva do homenageado Teodoro de Jesus Germano, em nome de quem cumprimentamos todos os membros da família e seus amigos;
Excelentíssimas autoridades;
Senhoras e senhores, membros da Diretoria da AFAJ e do seu quadro social;
Minhas senhoras e meus senhores, queridos filhos e afilhados de Juazeiro do Norte.
Eis-nos aqui reunidos, mais uma vez, para celebrar, embora com alguma demora, a festividade de nascimento do Patriarca de Juazeiro, a centésima, sexagésima nona da existência de nosso fundador, Padre Cícero Romão Batista. Pois como é sabido, esta dignidade concedida, nomeada de Comenda Memórias de Juazeiro, foi instituída para homenagear nomes de expressiva significação no nosso desenvolvimento sócio-político-administrativo-religioso e cultural. E tratou-se, na época, de fazer a entrega desta concessão, exatamente no dia ou nas proximidades do 24 de março de cada ano. Ora, se já era verdade que em tempos de nossa meninice escutávamos o bordão cantado por Doca do Oião, pelas ruas e praças do Juazeiro (“meu padim é o dono do lugar”), não é menos verdadeiro que esta menção memorial ligue tão grados e ilustres cidadãos, à sua cidade natal ou adotiva, de Juazeiro do Norte, e o respeito e a admiração à figura do reverendíssimo capelão. Sempre lembrado, agora parece ser finalmente reconhecido como o santo do lugar, a ponto de nos parecer, não muito longe, o dia em que esta mesma Igreja deverá se retratar para reabilitá-lo de culpas atribuídas ao calor da hora, durante o milagre eucarístico, para finalmente, reconciliar a grande Nação Romeira. Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e a Trindade Santa, por cujas luzes tantos foram os inspirados, aqueles que com o suor de seus rostos contribuíram para a construção desta nova Jerusalém.
É por alguns destes que estamos aqui hoje. Em anos anteriores, foram homenageados com a Comenda Memórias de Juazeiro, as seguintes personalidades: na primeira concessão, em 2001: José Geraldo da Cruz, Manoel Francisco Germano e Odílio Figueiredo; Em 2002: Antonio Fernandes Coimbra, Dário Maia Coimbra e José Monteiro de Macedo; Em 2003: Felipe Néri da Silva, Expedito Pereira e Francisco Erivano Cruz; Em 2004: Francisco Néri da Costa Morato, Mozart Cardoso de Alencar e José Bezerra de Menezes; Em 2005: Expedito Guedes, José Teófilo Machado e Antonio Corrêa Celestino; Em 2006: Samuel Wagner Marques de Almeida, Walter de Menezes Barbosa e Mons. Francisco Murilo de Sá Barreto; Em 2007: Amadeu de Carvalho Brito, Aureliano Pereira da Silva e Edgar Coelho de Alencar; Em 2008: Durval Aires de Menezes, Getúlio Grangeiro Pereira e Tarcila Cruz Alencar; Em 2009: Antonio Conserva Feitosa, Gumercindo Ferreira Lima e Francisca Pereira de Matos; Em 2010: José Perboyre Sampaio Sabiá, José Pereira Nobre e Tereza de Sousa Pereira; Em 2011: Luiz Gonçalves Casimiro, Orlando Bezerra de Menezes e Valdetário Pinheiro Mota; Em 2012: Manuel Rodrigues Veloso, Raimundo Saraiva Coelho e José Feijó de Sá. Neste ano de 2013, são reverenciados os senhores: Expedito Ferreira Lima, João Maurício e Silva e Teodoro de Jesus Germano.
EXPEDITO FERREIRA LIMA
Entre os anos 40 e 50, Juazeiro do Norte viveu os últimos tempos de uma fase dourada de sua existência como centro urbano, bem provinciano. Lembraremos sempre a pertinência de expressão tão consagradora quanto aquela que Dário Maia Coimbra eternizara, ao se referir a um pequeno trecho de sua cidade. Era o quarteirão da Rua São Pedro que começava na Rua São Francisco e ia até 100 metros depois, no cruzamento da Rua da Conceição. Nasceu pelo Centro Regional de Publicidade, na voz do locutor que vos falava, a designação do Quarteirão Sucesso da Cidade. Esta cidade, já estendida desde a Rua do Brejo até por além da Feira do Capim, ia acabando com os ariscos e firmando um novo zoneamento para comércio e residências. Mas, os arredores da Praça ainda guardavam a graça, o buliço e o glamour de jovens tardes de domingos, quando se frequentava o Roulien, para ver cenas inesquecíveis das mocinhas daquele tempo, como Ava Gardner, Bette Davis, Dorothy Lamour, Ginger Rogers, Gloria Swanson, Greta Garbo, Hedy Lamarr, Jean Simmons, Joan Collins, Judy Garland, Kim Novak, Lauren Bacall, Loretta Young, Mae West, Marlene Dietrich, Maureen O’Hara, Rhonda Fleming, Rita Hayworth, Shirley Temple, Silvana Mangano,Virginia Mayo,Vivien Leigh e Yvonne De Carlo, dentre tantas, e outros tantos astros consagrados como para em seguida se deliciar com o sorvete da Sorveteria Havai, de Guimarães, ou um combinado de salda de frutas e sorvete da Sorveteria Rex, de Né Cansanção.
Bons tempos aqueles em que num percurso meticuloso, palmilhado com gosto se podia ver a elegância da cidade, posta em tantas lojas de calçados, tecidos e presentes. Saindo da Praça, a começar da esquina da Pernambucana, e seguia-se pelo armarinho de dona Sinhá Augusto, passando pelo Armazém Feijó, chegando a Casa Alencar, a Casa Rosada (de Vicente Teixeira), e a Casa Menezes (de Zé Menezes). Do lado oposto, era para se ver as vitrines da Casa Sampaio (de Dorgival Pinheiro), a Casa Branca (de Antonio Ferreira), a Simpatia (de José Gondim Lóssio), a Casa Celeste (de Celestino) e a Sapataria de seu Pereira. Para a elegância masculina, especialmente, era assim: boas lojas de tecidos e ótimos alfaiates. Pela Rua São Pedro e arredores, havia o Moura, o Zé Magalhães, o Zé Catão, o Alcântara e pegado ao seu Pereira, de sapataria e material esportivo estava a Alfaiataria e Camisaria Iracema - Rua São Pedro, 401, telefone 543, de seu Expedito Ferreira Lima. No piso de baixo, o atelier e as vendas, onde se tomavam as medidas e se providenciavam as confecções. Em cima, era a oficina onde até uns 10 colaboradores se esforçavam para por a costura em dia, enquanto que os menos iniciados, a garotada da família, punham os ilhoses da fabricação em massa da velha cueca tipo samba-canção. Era assim, nessa época.
Expedito Ferreira Lima veio à luz no dia 4 de junho de 1919, no município de Serrita, Pernambuco, dos pais Helena Silva Lima e do joalheiro ambulante Virgulino Ferreira Lima. Dona Helena enviuvou muito jovem, ao tempo em que constituira uma família com quatro filhos: Gumercindo, o mais velho, personagem muito referenciada na vida do Juazeiro, Maria Helena, Expedito, e Neuma. Ainda pelos anos 30 a família decidiu mudar-se para Juazeiro do Norte, atraída pela religiosidade da cidade, cujo patriarca, Pe. Cícero Romão Baptista, sempre despertara grande amor e muito devoção.
Estabelecidos na cidade, Dona Helena montou uma pequena pensão e de sua atividade de costureira, fazendo especialmente peças de camisaria, fez o sustento da família. Gumercindo, o mais velho, já se iniciara no trabalho bem cedo e ajudava a criar os irmãos. Expedito em plena juventude, se fez grande aprendiz da arte de sua mãe, tornou-se autodidata e vem daí a sua grande habilidade com a costura o que o levaria a empreender mais tarde seu próprio negócio, abrindo loja de muitos êxitos no quarteirão sucesso da cidade.
Em 1941, aos 22 anos de idade Expedito casou com Antonia Limeira Lima, nascida em Cajazeiras na Paraíba, em 15.08.1919, hoje com 94 anos, entre nós, reouvindo estas histórias que viveu. Veio com seus avós para Juazeiro do Norte, onde passaram a residir na propriedade Arraial, nos arredores da cidade. A família de Expedito se fez numerosa, de 13 filhos, embora 6 não tenham sobrevivido e não se criaram. Os que construíram parte destas histórias de Tonha e Expedito mencionamos: Maria Helena Limeira Lima Costa (que conhecemos como Vera Lúcia), graduada em Pedagogia e História, funcionária pública aposentada, casada com Nelson Costa, com três filhas médicas e duas netas; Oduvaldo Limeira Lima, oficial do Exercito Brasileiro, reformado, solteiro, residente em Fortaleza; Odival Limeira Lima, economista e administrador de empresas, casado com Graça Cruz Limeira Lima, com 4 filhos e 2 netos; Orivaldo Limeira Lima, administrador de empresas, casado com Cláudia Maria Macedo Lima, com 4 filhos; Osélio Limeira Lima, cirurgião dentista, solteiro, com 2 filhos; Oriel Limeira Lima, médico, casado com Elisabete Lima, 2 filhos; Ana Lúcia Limeira Lima Leite, bacharel em História, casada com Hernane Leite, com 3 filhos; e Maria do Socorro Lima, pedagoga, casada com o jornalista Eliomar de Lima, com 2 filhos.
No início de sua atividade profissional, Expedito já era reconhecido como profissional habilidoso, mercê de sua experiência doméstica com a costura. E princípio foi operário da costura na alfaiataria do Moura, de grande conceito na sociedade de Juazeiro. Homem humilde e destemido, muito trabalhador, Expedito alcançou uma larga simpatia por seu trabalho, tornando-se o mais famoso alfaiate da cidade, confeccionando especialmente roupas personalizadas para a elite juazeirense da época. Expedito Ferreira Lima fundou a Alfaiataria e Camisaria Iracema no seu primeiro endereço da Rua São Pedro, em 1952. Ali ele confeccionava produtos que comercializava em sua loja ou atendia clientes sob encomenda e sob medidas do interessado. Também vendia tecidos. Sua loja empregava cerca de 10 operários de máquinas e também locava mão de obra de diversas costureiras em Juazeiro que trabalhavam em suas casas.
Em 1956, Expedito promove uma mudança da sua empresa que passou a atender no novo endereço da Rua da Conceição esquina com Rua São Paulo, apenas como alfaiataria. Era um trabalhador incansável, esticando a jornada até altas horas, para prover meios com os quais pode se dedicar à educação de seus filhos, pondo-os para estudar nos melhores colégios da cidade e fora dela, até que atingissem a sua formação universitária.
O hobby por excelência de Expedito Ferreira Lima era o futebol. Grande entusiasta do esporte em nossa terra, era de sua cadeirinha cativa, pequena e desmontável, transportada para o velho campo da LDJ em memoráveis tardes domingueiras em tempos de Treze e Guarani. Era assim que já se reconhecia à distância , Expedito o torcedor vibrante e entusiasmado, na beira do campo. Fundou uma equipe com o nome de Panamá Esporte Clube, integrado pelos operários de sua empresa. No emblema do time o símbolo de sua tarefa diária, uma tesoura.
A gradual saída dos filhos de Juazeiro do Norte para a educação na capital do Estado fez com que dona Tonha e Expedito Ferreira Lima decidissem por vir morar em Fortaleza, por volta de 1970-71. Deixando o ramo de alfaiataria para trás, empreendeu atividade com os filhos, montando uma farmácia no centro da capital. Antes de deixar Juazeiro do Norte, onde viveu cerca de 40 anos, foi diretor do Matadouro Industrial da cidade, nos anos 60. Também procurou diversificar seus negócios, abrindo um bar. Mas a alfaiataria, a confecção, a arte de costurar roupas era algo visceralmente ligado à sua vida. Em diversas ocasiões foi para os serviços de alfaiataria que ele se voltou. Como foi o caso de, já em Fortaleza, ir trabalhar numa alfaiataria especializada em roupas militares, na Rua Liberato Barroso.
Com a sua aposentadoria encontrou mais tempo disponível para ajudar os filhos e a viver mais intensamente a experiência de vovô, o chefe de família que tinha imensas alegrias em reunir a família para os almoços dominicais e ter todo o tempo do mundo para brincar com os netos e encher-lhes os bolsos de balas e bombons.
Expedito Ferreira Lima faleceu em Fortaleza, próximo dos seus 83 anos de idade, no dia 10 de março de 2002 e está sepultado no Cemitério Parque da Paz.
JOÃO MAURÍCIO E SILVA
A história oficial do Bairro de São Miguel, segundo os livros, teve um marco principal quando foi eregida a Capela de São Miguel, fundada pelo Padre Cícero, cuja construção operária se deve ao Beato Manoel Cego, por cima do antigo cemitério dos variolosos. Muitos anos depois, a paróquia de Nossa Senhora de Lourdes foi instituída no dia 1º de Maio de 1958, pelo então bispo diocesano Dom Francisco de Assis Pires, cuja cerimônia litúrgica da bênção oficial se deu em 4 de Outubro. Sendo a segunda paróquia de Juazeiro do Norte, depois da Matriz de Nossa Senhora das Dores, ela teve como seu primeiro vigário o padre Antônio Onofre de Alencar, recentemente falecido, que foi empossado em 29 de Setembro do mesmo ano. No dia 10 de Outubro de 1958 foi erigida a via-sacra da Igreja, pelo frade capuchino Frei Egídio. Em 12 de Outubro aconteceu a primeira cerimônia da crisma, tendo 720 pessoas crismadas, pelo então bispo Dom Vicente de Paulo Araújo Matos. A sede provisória ficou sediada na Capela de São Miguel, próxima ao Hospital São Lucas. Em 12 de Maio de 1959, teve início a construção da nova igreja de São Miguel que passou a sediar em definitivo a Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes.
Como se percebe, neste sumário relato, o nome de João Maurício e Silva não aparece, mesmo que modestamente, ai citado. Contudo, não se pode omitir que no desenvolvimento daquela parte da cidade, o nome de João Maurício já figurava como Presidente da Sociedade Pró Melhoramentos do Bairro São Miguel, fundada em 29 de setembro de 1956. Por sua iniciativa pessoal, ele fez a instalação de um gerador de luz para servir à Casa Paroquial de São Miguel, fundada em 29 de setembro de 1956, ainda como capelania.
Alguns ainda não esqueceram que ele fez a reforma desta capela que a tornaria sede da Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes. E que foi ele quem fez a cessão e reforma da casa, outrora pertencente a sua genitora, na Rua São Francisco, para instalação da Casa Paroquial e residência do primeiro Vigário, Padre Onofre, efetuando transferência definitiva no Cartório Machado. Sem falar que era ativo participante do movimento paroquial, tendo sido Presidente da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Paróquia. Também, de suas preocupações com o novo bairro, foi ele quem fez a cessão de um prédio de sua propriedade para instalação da Delegacia de Polícia, à Rua São Benedito.
O Bairro São Miguel tinha em João Maurício o mais expressivo dos seus beneméritos. Por sua iniciativa, também se pode alardear a construção de 3 “barragens” para obstruir os antigos “valados” ou trincheiras da Guerra de 1914, nas Ruas São Benedito e do Cruzeiro, construídos como parte do Círculo da Mãe de Deus, para defesa do Juazeiro, por Padre Cícero e Floro Bartolomeu da Costa e a doação de uma quadrada de terreno de sua propriedade, no Sítio Malvas, para construção de internato e escola para as crianças pobres e abandonadas.
Tão simplesmente assim apresentado, este era João Maurício e Silva. Um juazeirense nascido em 20 de julho de 1901, no Sítio Timbaúbas. Seus pais eram Joaquina Maria da Conceição e Manuel Maurício da Silva. Exerceu, exclusivamente, a profissão de agricultor até que, em sonho, foi convencido pelos conselhos do Padre Cícero e, trabalhando sob a inspiração do Dr. Miguel de Oliveira Couto, passou a estudar e cultivar plantas e ervas medicinais, exercendo a prática da medicina alternativa de então. Para isto, fabricava o “Bálsamo de Babosa” (Bálsamo Amargo).
Durante sua vida, atendeu a todos sem discriminação, preferencialmente as pessoas pobres e, gratuitamente, as viúvas e órfãos, receitava auscultando o pulso. Após fixar residência em Juazeiro, em 1957, exerceu sua arte nos estados nordestinos, em viagens e, no sertão de Ouricuri, Pernambuco, a partir da Fazenda Viração, percorreu estradas receitando e distribuindo medicamentos (ervas e bálsamos), ajudando em partos difíceis, acidentes com agricultores na roça ou com animais, etc.
João Maurício casou em primeiras núpcias com Idalina Maria da Conceição, e o casal teve um único filho, Januário Maurício da Silva. Viúvo, contraiu segundas núpcias com Maria Gomes de Siqueira e Silva, e geraram os filhos: Deusdedit Maurício Silva, Tarcísio Maurício e Silva, Maria Gomes de Queiroz, Heleniza Maria de Siqueira, Expedito Maurício da Silva, Francisco Maurício e Silva, Epifânio Siqueira Neto, Joaquina Maria de Siqueira, Maria de Fátima Siqueira e Silva, Hermínia de Siqueira e Silva, João Bosco de Siqueira e Silva e Cícero Elias Siqueira e Silva. Viúvo, novamente, aos 71 anos de idade, convolou novas núpcias com Maria das Dores Bezerra e Silva, e tiveram os filhos Maria das Dores Bezerra e Silva, Emanuel Maurício Bezerra e Silva, Márcia Maria Bezerra e Silva, Maura Bezerra e Silva e Marcos Robério Bezerra e Silva.
Permitam-me que introduza aqui este emocionado testemunho filial, de Expedito Maurício da Silva sobre seu pai. “João Maurício retornou para de onde veio ao por do sol de 19 de outubro de 2001, nesta santa cidade de Juazeiro do Padre Cícero Romão Batista, exatamente aos cem anos de sua existência, neste Nordeste onde a vida é conquistada a duras penas e a morte tem que ser sempre tangida para longe, pois sua presença é insidiosa e permanente. Os nove meses que lhe faltaram aos cem anos já tinham sido vividos com a nossa avó Joaquina Maria da Conceição, já ida, na juventude dos seus quase noventa anos. Foi-se nosso pai como se vão estes inúmeros bravos nordestinos, estes inúmeros e teimosos homens que só se vão após pelejar uma longa vida, numa dura terra que parece querer reter seus filhos em seus caminhos e veredas, num pacto de sobrevivência, pois a cada partida, vai-se um pouco dela; e ela é como uma mãe que morre um pouco na morte de cada filho seu. João Maurício, este nosso pai de cem anos, criou e recriou seus dezoito filhos como se fosse eterno, na ilusão de que nunca os deixasse. Certamente, pela dureza de sua vida, quisesse permanecer vivo, numa morte sempre adiada até que cada um criasse ramas na terra ou todos fossem capazes de se transportarem, dirigindo seus próprios passos, rumo sul ou norte de suas vidas. Nosso pai, João Maurício, sabia da natureza da vida e de como comprá-la, pois a vida para ele tinha que ser vivida à vista, como ele começou a vivê-la nos sertões de Ouricuri, nas caatingas no Navio ou nas ribeiras do Pajeú onde as alpercatas ferradas do Capitão Virgulino Ferreira da Silva deixou guias e o Santo Antônio Aparecido, o Conselheiro, deixou cruzes para serem seguidas até os vales dos Cariris, para onde ele se dirigiu com sua récua de meninos para aprenderem a ler e escrever na cartilha do Padre Cícero Romão Batista, de Dona Clara Taveira e Dona Maria Pedrina, já iniciados pela professora Adelina. Assim ele nos falava em suas longas conversas com o compadre Antônio Neco e nossa mãe Maria Gomes de Siqueira e Silva, no alpendre da casa das Malvas. João Maurício comprou sua vida e adiou suas mortes à vista, desde sua infância quando, escapando da Guerra de Quatorze, refugiado no Círculo da Mãe de Deus, vindo da Timbaúba, começou a entregar leite na casa do Padrinho Cícero, recebendo a sua paga das mãos da Beata Mocinha. Aprendeu a comprar sua vida e adiar suas mortes observando a dureza da vida do Beato José Lourenço no Caldeirão da Santa Cruz, três vezes corrido e quatro vezes voltado ao Santo Juazeiro onde, hoje, repousam no Cemitério do Socorro, bem próximos de onde também deveria estar a santa dos pobres Maria de Araújo. Das três vidas de João Maurício da Silva me vem, de imediato, após a notícia de sua morte da UTI da Clínica São José, lembranças da primeira, no sertão de Ouricuri, onde nosso pai era um homem de mil atividades, um fazedor de coisas de sobrevivência, do viver de cada dia, da feira de cada semana, das safras ou secas de cada ano. Sempre na preocupação de alimentar e cuidar dos seus meninos foi um homem que dominou as manhas da terra da Fazenda Viração, onde plantava o milho para quando não tivesse o arroz, andu para quando não tivesse o feijão, a manjirioba para quando não tivesse o café, o jerimum, a abóbora, a cana, a banana e coisas mais para trocar nas feiras pelo açúcar e o sal que são podia fazer. Onde a água mais falta construiu com a ajuda de seus meninos e de seus compadres três açudes: o de beber, o dos animais têm o mesmo direito dos homens, um na dependência do outro. A segunda vida de João Maurício transcorreu nos quarenta e cinco anos de Bairro São Miguel para onde ele levou a meninada com o objetivo de aprender a ler e escrever e, lembramos bem, quando o caminhão atravessou o Arco do Santo Juazeiro. Vimos a luz elétrica pela primeira vez, conhecendo o gelo nos picolés da Praça Almirante Alexandrino e a massa de milho já pronta, pois isto pula três séculos num só dia, conhecendo o progresso deixado pelo Padre Cícero e que era isto que ele queria para o povo da Mãe de Deus. João Maurício e Silva, chegado ao Juazeiro, continuou no seu hábito de fazedor de coisas. Botou os meninos no Grupo Escolar Padre Cícero, as meninas na Escola de Dona Anita e um no seminário, que tinha de ter um padre na família e nos levou para conhecer o trem, ver os Franciscanos e tomar a bênção a Frei Francisco e Frei Jesualdo. Meteu-se a melhorar as portas da Igreja de São Miguel, a fazer uma parede de cimento na Rua São Benedito, esquina com a do Cruzeiro, para assorear a areia dos aguaceiros que desciam pelo imenso valado do Círculo da Mãe de Deus ainda existente e melhorar as ruas, pois o Bispo do Crato viria medir, como veio, a passos largos o cumprimento e a largura da igrejinha construída pelo Beato Manoel Cego para aprovar ou não a Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes. Instalou até um motor de luz que funcionava com óleo comprado na Cirol para ajudar na iluminação da Igreja e melhorou a casa da nossa avó para hospedar o primeiro Vigário, Padre Antônio Onofre de Alencar, pois João Maurício tinha a instituição de um futuro melhor para aqueles ariscos, antigo cemitério de variolosos. Ajudou a fundar e foi Provedor da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Participava com orgulho das longas rezas e procissões com seus irmãos de fé e do jejum cuja ceia se fazia como muita solenidade, seriedade e respeito, com reza antes e depois. João Maurício gostava dos pobres e era com redobrado orgulho que os atendiam, receitando pelo pulso, mais ouvindo queixas a lamentações como se fora um psicólogo das vidas desafortunadas e ajudando-os na cura com alguns medicamentos que receitava, sempre acompanhados do seu bálsamo de babosa, feito em casa, num ritual e fórmula que levou consigo. A sua profissão de receitador e de curador espalhou-se pelo Nordeste inteiro e não houve uma cidade cruzada pelas sandálias de Frei Damião, como curador das almas, que João Maurício não tenha visitado e onde não deixasse a certeza de uma pessoa salva, como curador do corpo. Admirador e defensor das manifestações culturais do Nordeste eram longas suas conversas com José Bernardo da Silva, da Tipografia São Francisco, cujos cordéis nos levavam ao mundo mágico do Príncipe Oscar e a Rainha das Águas, do Pavão Misterioso, da Donzela Teodora e outros romances destes vendedores de sonhos nas feiras semanais. Uma das satisfações de João Maurício era trazer o reizado para suas evoluções guerreiras e coloridas, na sala, e em frente a nossa casa da Rua Cruzeiro, com o alarido do Mateu correndo atrás da meninada curiosa. Como esquecer também o seu orgulho em fazer-nos ouvir as vozes potentes de João Alexandre, Antônio Aleluia, Pedro Bandeira, seus irmãos e outros nos embates plangentes de violas afinadas e desafios gigantescos, marcos e mourões perguntados e romances violados que acordavam e adormeciam o Cariri, como se todas as cantigas árabes se tivessem transportado para esta terra, oásis do Nordeste. João Maurício viveu sua terceira vida ao lado de sua terceira família, agora já preocupado em visitar os meninos que estudavam na capital, em acompanhar formaturas e casamentos, conhecendo netos e bisnetos, sempre cheio de afazeres e ainda criando os cinco mais novos. Quando sua mente se iluminava e voltava aos seus momentos de lucidez sempre perguntava pelo seus amigos Frei Egídio e Frei Virgílio, por andava Dom Beda e por outras pessoas do seu mundo. Com olhos miúdos nos olhava e se recolhia em um silêncio profundo e triste como desistindo, sem querer demonstrá-lo, de tentar forçar a vida e espantar a morte. Deve ter soluçado silenciosamente na certeza de que não controlava mais vidas e talvez isto tenha apressado a sua. Mas agora João Maurício se foi de verdade nos seus duzentos anos, como bem lembrou e disse o Poeta Pedro Bandeiro pois duas vida tem que ser contada em dobro: cem anos de dias e cem anos de noites, tanta a sua vontade de viver que já nos acostumava com a eternidade de sua presença. Nosso pai João Maurício se foi junto com o por-do-sol, tão ele no outro dia, cedo como era acostumado a fazer. Que os sinos do São Miguel e dos Franciscanos dobrem as tuas excelências, meu pai, dizendo que “a hora é hora, ajunta os carregadores que o corpo quer ir embora e quando passares em Jordão e fores perguntando sobre o que é que levas, dize que levas cera, capuz e cordão, mais a Virgem da Conceição...”
João Maurício e Silva faleceu em Juazeiro do Norte, na Rua da Luz, 26 – Bairro Juvêncio Santana (Sítio Malvas), onde morou seus últimos tempos, em 19 de outubro de 2001, com quase cem anos. Sua família considerou muito significativa a homenagem prestada pelo prefeito Raimundo Antônio de Macedo que, através da Lei nº 3.303, de 23 de fevereiro de 2006, deu o nome de João Maurício e Silva ao PSF – Posto de Saúde da Família, situado à Avenida Dr. Floro, 1514 – Bairro Juvêncio Santana (antiga Malvas).
TEODORO DE JESUS GERMANO
Daqui a poucos dias, em primeiro de maio, vamos celebrar os cinqüenta anos do Icasa Esporte Clube, fundado, portanto, em 1963. Não haverá, nesta ocasião, no campo de futebol, pela cidade, e em muitas partes deste pais, como não lembrar de Teodoro de Jesus Germano, por ter sido, dos fundadores, aquele que mais se sobressaia pela determinação e entusiasmo. Doro Germano, pelo nome afetivo de família, nasceu na Rua do Horto, em Juazeiro do Norte em 26 de fevereiro de 1934. Seus pais, os romeiros alagoanos Manoel Francisco Germano e Maria Francisca Germano, vieram de Murici, casados e com três filhos (Maria das Dores, a primogênita, professora normal rural), nascida em 1918; Manuelzinho (o Noé, que seria Padre Jesuita), de 1919, e José (que faleceria aos 14 anos de idade). Seu Manoel, pela segunda vez estava decidindo pela vida em Juazeiro. Na tristeza da família, a morte de Luzia, ainda em Alagoas, a segunda filha, com 3 anos de idade. A família seria muito numerosa, e antes e depois de Doro, se seguiram: Antonio, (que seria o Pe. Jesuíta) nascido em 1927; Maria de Jesus,( a Zuis, freira Salesiana) de 1929; Cícera, (a professora normal rural), de 1931; Maria Dircíola, (a Loló, outra professora normal rural), de 1932; Ceilde (que o escrivão registrou como Maria Cleide), de 1935; Francisco Alcides (o Alci, o engenheiro pelo ITA e primeiro PhD da UFC), de 1936; o economista José Milton, de 1938; João Célio, que faleceria precocemente, em 1940; Carlota Célia (a Celita, professora da UFC), de 1941; e Maria Luisa (a Isa, professora ruralista que completava um clã de 12 irmãos), de 1942.
Doro Germano fez os seus estudos iniciais, o curso primário, no então Instituto Salesiano Padre Cícero, quando ainda recém fundado. Em meados dos anos 40 transferiu-se para a Escola Apostólica de Baturité, onde cursou dois ou três anos do ginásio. Deveria ter sido o terceiro padre jesuíta da família, mas resolveu deixar e voltar para Juazeiro e reingressar no Instituto Salesiano retomando os estudos de ginasiano, até 1952. Seguiu com o irmão Alci, em 1953, para o Colégio Salesiano Santa Rosa, em Niterói, quando cumpriu os estudos no nível do então científico. Retornou a Juazeiro do Norte em 1956, quando então se dedicou a auxiliar os negócios de compra e venda de algodão e às atividades agropecuárias com seu pai, em diversas propriedades da família. Foi por excelência o herdeiro da vocação para os negócios, pois a escola de seu pai tornou-se uma legenda em matéria de êxito empresarial, somente afetada quando da grande crise, pelo advento da praga do bicudo.
Em 1957, Doro Germano começou a participar, em sociedade com Antonio Correia Celestino e José Feijó de Sá, da empresa Industrial de Óleos Cariri S.A., que sucedia à velha organização fundada por Fenelon Gonçalves Pita e seqüenciada por seu filho Antonio Gonçalves Pita, cuja atividade industrial era a produção de algodão em pluma e a extração de óleo comestível, na sua sede da Rua São Francisco, onde hoje está o Banco do Brasil. Esta razão social foi a precursora da que se tornou mais conhecida, algum tempo depois, como Indústria e Comercio de Algodão Sociedade Anônima - ICASA. Em 1961, face o desenvolvimento deste grande empreendimento, a empresa se transfere, da sua sede na praça Almirante Alexandrino, para a margem da rodovia Juazeiro-Crato, onde novo parque industrial é construído, implementado por moderníssimos equipamentos no processamento de pluma e óleo.
Sobre a presença de Doro Germano nestes primeiros anos de atividade da ICASA, damos a palavra a um antigo colaborador da empresa, Geraldo Moreira, que nos diz: “Conheci Doro Germano na ocorrência da explosão de uma bomba em sua mão, tirando-lhe um pedaço de seu dedo indicador para sempre. Transcorria o ano de 1958, mês de junho, comemoração da copa do mundo na Suécia. No início dos anos sessenta (61/62) passei a trabalhar na ICASA - Indústria e Comércio de Algodão S.A., da qual Doro era o seu Diretor Industrial. Jovem, rico, bonito, vaidoso, dinâmico e organizado. Fazia o que gostava e sentia-se muito à vontade na execução de suas atividades. Diariamente, visitava o parque industrial, várias vezes, verificando o seu funcionamento, a qualidade dos produtos, como o algodão em caroço que entrava, buscando junto a Jaime Melo, não somente o volume, classificação e a fibra do algodão bruto. A qualidade do algodão em pluma, o caroço de algodão, a linter e na parte destinada a indústria de óleo lá estava Doro querendo saber do encarregado Domício como estava a acidez do óleo, a qualidade do resíduo e da torta de caroço de algodão, estes dois últimos produtos responsáveis pela engorda do rebanho bovino e sua produção de leite. Doro, quando necessário, também atuava na área financeira, solucionando problemas inerentes às instituições financeiras da época. Doro era organizado, exigente e disciplinado. Seus objetos de uso pessoal, no escritório da Icasa, sempre estavam nos mesmos lugares, a sua disposição. Esse procedimento era, também, cobrado de seus subordinados.”
Em 1963, Doro Germano sensibiliza seus sócios para a fundação do Icasa Esporte Clube. Na verdade, Doro na sua juventude tinha um bom relacionamento com o esporte, especialmente o futebol, tendo inclusive integrado a equipe do então Volante Atlético Clube, formando uma zaga que se anunciava como Doro, Bagaceira e Zé Moleque, o que desagradava profundamente Seu Manoel Germano. Ouçamos, a continuação do depoimento de Geraldo Moreira:
“Na área esportiva, Doro era um apaixonado pelo futebol de campo, tendo certa habilidade com a bola, em que pese a resistência e até a proibição, quando estudante, por parte de seu pai, Manoel Germano. Atuou no futebol de salão, na época em que figuras como Dr. Nei, Dr. Zí, George, e outros que praticavam o esporte da bola pesada. Pesada porque, naquela época, a bola era confeccionada com crina de cavalo. O dia-a-dia do esporte juazeirense era acompanhado "pari passu" por aquele desportista, torcedor do Fortaleza e do Vasco da Gama e foi em primeira mão que ele teve a notícia da possível extinção do Volante Atlético Clube, então clube juazeirense. Preparou o ambiente junto a José Feijó de Sá para abrigar grande parte dos jogadores que atuavam no clube dos motoristas para formar uma nova equipe. Na ICASA, sob o incentivo de Doro e Feijó, existiam duas equipes de futebol, formadas por operários da Usina de Algodão e Indústria de Óleos e dois ou três funcionários do escritório. As equipes eram denominadas de ÓLEO e ALGODÃO e geralmente disputavam entre si, memoráveis partidas nas tardes de domingo. Assim, praticamente, houve apenas uma transferência de jogadores do Volante Atlético Clube para a nova equipe com a denominação de Icasa Esporte Clube. O Icasa Esporte Clube nos idos dos anos sessenta, sob a direção de Doro Germano, como presidente, cumpria fielmente suas obrigações, bem como seus jogadores. Assim, cada jogador dispunha de um pequeno armário onde continha, um par de chuteiras, um par de meiões, calção, camisa, suporte, ataduras e protetores de canela. Cada jogador apanhava o seu material e ao final do treino colocava o que precisava de lavagem separado dos demais. Jogador de futebol se submeter a esse tipo de procedimento, à época, era por demais admirável. E essa maneira de ser ficou bastante evidenciada quando na véspera de uma decisão do campeonato juazeirense, entre Icasa x Guarani, o famoso zagueiro do Icasa, Pirajá, revoltado com a qualidade da comida, arrasta a toalha da mesa de jantar existente no local da concentração e tudo vem ao chão. Doro, comunicado do fato, lá compareceu e dispensou a “muralha” da lateral direita do Icasa. Enquanto torcida e dirigentes do Guarani vibravam com a notícia, no Icasa a preocupação era enorme, mas o apoio a medida extrema era unânime por parte da diretoria alviverde. Para surpresa de todos, no dia seguinte, lá estava Pirajá arrependido e pedindo desculpas a Doro e uma nova oportunidade para continuar defendendo as cores do maior campeão juazeirense de todos os tempos. Com a compreensão de Doro, e superada a questão, o Icasa foi novamente campeão, o que se repetiria por oito vezes consecutivas, coisa nunca antes vista no futebol juazeirense.”
Com o desaparecimento prematuro do empresário José Feijó de Sá, o Pe. Manoel Germano Filho, seu irmão, assumiu o cargo de Presidente da ICASA, Antonio Correia Celestino, o de vice-presidente, e Reginaldo Duarte como Diretor Industrial. Doro Germano passou a ocupar o cargo de Diretor-Gerente. A organização chegou a contar com uma folha de cerca de uma centena de colaboradores. Todo o algodão que beneficiava era negociado paro o pólo algodoeiro e têxtil do Nordeste, mostrando o papel expressivo desta empresa para o desenvolvimento regional.
Em 1976, o nome de Doro Germano foi posto como alternativa para a sucessão municipal de Juazeiro do Norte, pós interventoria sob a chefia de Erivano Cruz, pela ARENA. O partido estava dividido na cidade, em dois grupos. De um lado, um grupo numeroso que era chefiado pelo então governador do Estado do Ceará, Cel. José Adauto Bezerra, e do outro um grupo menor cujo mentor era o então deputado federal Mauro Sampaio. No dia 27.08.1976, aconteceu na Câmara Municipal, presidida pelo Dr. Possidônio da Silva Bem e secretariado por Gumercindo Ferreira Lima, a Convenção do Partido que deliberou pela homologação das duas chapas, Arena 1 (com 32 votos, pela eleição de Ailton Gomes de Alencar, prefeito municipal e Getúlio Pereira Grangeiro, vice-prefeito) e Arena 2(com 13 votos, pela eleição de Teodoro de Jesus Germano, prefeito municipal e Severino Gonçalves Duarte, vice-prefeito). No dia 15.11.1976, as eleições foram realizadas em 137 seções, com um total de 38.267 voantes habilitados. Houve uma abstenção de cerca de 18,6%. No resultado, a chapa da Arena 1 foi vitoriosa por uma maioria de 9.581 votos. Os adeptos da candidatura de Doro Germano ficaram indignados com os resultados e jamais se convenceram de que aquele pleito e aquela apuração tivessem sido realizados dentro de critérios aceitáveis de honestidade.
Com 26 anos de idade, Doro Germano contraiu primeiras núpcias com Maria Mirtes Assunção Feitosa, filha de Heloisa e Antonio Conserva Feitosa. Deste relacionamento conjugal nasceram os filhos: Mitzi Maria Costa, formada em Enfermagem, divorciada do empresário Olivio Costa, de cujo consórcio nasceram os filhos Olivio Costa Neto e Lucas Germano Costa; Mirna Maria Feitosa Germano, graduada em Enfermagem, solteira e residente nos Estados Unidos; Cícero Teodoro Germano, agropecuarista, divorciado, pai de Cícero Teodoro Neto, Mateus e João Pedro; e Heloisa Maria Feitosa Germano. Divorciado, Doro Germano contraiu segundas núpcias, em 31 de janeiro de 1990, com a odontóloga, graduada pela UFPE, Maria do Perpétuo Socorro Sampaio, filha de Rosa Arrais Sampaio e Antonio Oliveira Sampaio.
Depois da Icasa e dos desenganos que a política lhe trouxe, Doro Germano ainda empreendeu atividades de agropecuarista nas suas propriedades Fazendas Faustino (município do Crato) e Emboscada (município de Missão Velha). Também realizou empreendimentos imobiliários em Juazeiro do Norte. Ainda nos anos 70 teve um empreendimento em sociedade com Reginaldo Duarte, cuja razão social era CONDISPEL, cujo objeto de negócio era a venda do combustível querosene, enlatado.
Teodoro Jesus Germano faleceu em 14 de março de 2007, e está sepultado em Juazeiro do Norte. Bem recentemente, em 22.07.2012, foi prestada uma homenagem a Doro Germano, com a inauguração de uma praça, no Bairro Leandro Bezerra, dentro das comemorações dos 101 anos de Emancipação Político Administrativa de Juazeiro do Norte.
Meus senhores e minhas senhoras:
Estes são os homenageados desta décima terceira versão da Comenda Memórias de Juazeiro. A AFAJ está plenamente gratificada com a presença de suas distintas famílias que nesta noite recebem o nosso tributo. Feliz é nossa gente e nossa cidade querida, a Juazeiro do Norte de seu santo padrinho, por terem tido o privilégio de tê-los como figuras beneméritas de sua cidadania.
Muito obrigado.
(Discurso pronunciado por Antonio Renato Soares de Casimiro, em nome da Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro – AFAJ, na noite do dia 20 de Abril de 2013, por ocasião da sessão solene para a entrega da Comenda Memórias do Juazeiro, na Chácara Recanto do Rei, no Bairro Alagadiço Novo, Distrito de Messejana, em Fortaleza, Ceará).
CINE ROULIEN
O que os nossos pais assistiam antigamente? Voltamos aos cartazes dos cines Roulien (Rua São Pedro, 389) e Eldorado (Rua Santa Luzia, 429) durante o ano de 1949. No dia 04.03 o Roulien exibiu em sua sessão às 19:30h o filme O Pirata dos sete mares. A ficha técnica da película é: Título original: The Spanish Main; Estados Unidos, 1945; Direção: Frank Borzage; Elenco principal: Paul Heireid, Maureen O'Hara e Walter Sleakaz; Sinopse: Primeiro numa série de filmes technicolor contratados pela RKO, O Pirata dos Sete Mares é um típico filme de pirata ajudado imensamente pela performance enérgica de Heireid, O'Hara e Sleakaz. Sleazak faz um vilanesco governador espanhol que ordena destruir um navio e esscravizar os marinheiros holandeses e seu capitão, Henreid. Os holandeses escapam no entanto, e formam uma gang de piratas que se concentram na costa espanhola. Em busca de vingança, Henreid e seu homem de confiança, capturam O'hara, prometida de Sleazak, e a levam no navio para o méxico. Henreid força O'hara a casar-se com ele, mais pela segurança dele que enfrentará toda a armada espanhola em retaliação sobre sua cabeça. Henreid leva então O'hara a sleazak para evitar um massacre. Inafortunadamente para Sleazak, O'hara apaixona-se por Henreid e ela torna-se assistente do capitão pirata em seus esforços para tê-la de volta.
CINE ELDORADO
O Eldorado exibia no dia 04.03: Deuses de barro. A ficha técnica, sumariamente, é: Título original: Disputed Passage; Estados Unidos, 1939; Direção: Frank Borzage; Elenco principal: Dorothy Lamour, Akim Tamiroff, John Howard, Judith Barrett e William Collier; Sinopse: Praticidade versus idealismo é a tônica deste filme , ricamente executado, baseado em um romance de Lloyd C. Douglas (The Robe Obsession). O filme é estrelado John Howard como o jovem estudante John médico Beaven Wesley. No curso de sua educação, Beaven está dividido entre duas filosofias: o pragmatismo frio do Dr. Forster (Akim Tamiroff) e as atitudes humanistas do gentil Dr. Cunningham (William Collier) A crise de Beaven vem à cabeça quando ele deve escolher entre sua carreira e seu casamento iminente com Audrey Hilton (Dorothy Lamour). Um clímax literalmente explosivo no devastado pela guerra na China traz a história de uma solução lógica e satisfatória.
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