sábado, 23 de abril de 2016


BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
225: (21.04.2016) Boa Tarde para Você, Roberta Mendonça
Era março de há dois anos passados quando estava apenas iniciada esta jornada de tão modesto cronista, e eu dediquei exatas dezesseis linhas para falar de seu pai, a respeitabilíssima criatura, amada por todos nós, de José Adail de Mendonça, então às vésperas de seus 97 anos. Noutro dia, Roberta, revendo aquele texto com o propósito de me incluir nas alegrias deste fato mais recente, quando na intimidade da família foi aberto o seu ano centenário, completando há pouco os seus 99 anos de idade, eu me envergonhei de fato por ter perpetrado aquilo que apenas denotava a minha indigente e franciscana pobreza, incapaz de um maior realce a vida tão brilhante. De tão poucas coisas referidas, lembrei o “Seu” Adail Mendonça, o grande desbravador desta ocupação do solo juazeirense, desde 1954, semeando loteamentos, quase cinquenta empreendimentos de sua Socil, a principiar pelo hoje populoso Tiradentes, e sequenciado pelo Pio XII, o Pirajá, o Dom Bosco, o União, os Parques da Liberdade, os Loteamentos do Triângulo, o Presidente Vargas, o Cinquentenário, os Loteamentos da Lagoa Seca, o Timbaúba, o Dr. Juvêncio, o Castelo Branco, o Virgílio Távora, e tantos outros, até os mais recentes como o Cicerópolis, o Solar dos Cajueiros e o Campo Alegre, só em Juazeiro, sem falar do Parque do Sol, em Barbalha. Realmente, partilho com você, Roberta, e também com Virginia e Henrique, e seus filhos, dessa graça com a qual somos beneficiados, por ainda poder viver à sombra de tão generoso e frondoso exemplo de dignidade e trabalho, como assim é a existência de Adail Mendonça. Lembro bem, Roberta, no começo dos anos 60, quando Adail sucedeu ao grande Mascote e assumiu a presidência do nosso mais destacado ambiente social, o Treze Atlético Juazeirense, tendo sido meu pai um dos seus diretores, em fase de grande entusiasmo pela vida social em clubes. E a partir daí foi como vimos Edenir e Adail, em corpo e alma, reunindo a sociedade local naqueles momentos, festas inesquecíveis que enchiam os salões do velho clube, onde se celebrava uma fase monumental, pouco depois da eletrificação do Cariri e onde se plantava em doses alentadas os anseios de desenvolvimento, plenos de esperanças que nos projetaram para os dias atuais. Ele tinha esta sensibilidade para emprestar seu entusiasmo para a vida social da cidade, tendo também participado da fundação da agremiação Juazeiro Clube e reorganização do Clube dos Doze. Nessa convivência que se estirou em muitos anos, uns trinta, pelo menos, foram bem recheados dessa recíproca benquerença de nossas famílias, mercê do afeto que se cultivou no entorno de Edenir, Adail e sua família, na vivenda charmosa da Lagoa Seca. José Adail de Mendonça nasceu na celebração do dia de São José, padroeiro do Ceará, no longínquo 1917, no distrito de Pernambuquinho, em Guaramiranga, no maciço de Baturité. Nós do Cariri, especialmente de Juazeiro, começamos a ganhar com sua presença quando ele veio para trabalhar aqui junto ao Departamento de Economia Agrícola, como classificador de algodão, nos bons tempos das usinas da P. Machado, de Antonio Pita e da Anderson Clayton. Pouco depois dessa sua iniciação empresarial, ele partiu para a criação e o sucesso da sua mais importante contribuição, a Socil - Sociedade de Comércio e Imóveis Ltda., empresa pioneira que se mantém bem ativa às vésperas de seus 60 anos de tradição e grande empenho na sua missão. Ainda por sua iniciativa fomentou operações de de crédito e financiamento para empreendimentos a partir de uma Cooperativa de Consumo, nascida de uma sociedade com Antonio Ribeiro de Melo e que posteriormente foi transformada numa Cooperativa de Consumo. Essa nossa cidade não pode deixar passar esse momento vivido por Adail Mendonça, sem uma manifestação de grande apreço e consideração, pois ele é parte da construção de nossa cidadania, a partir mesmo de como por seus empreendimentos, garantiu um futuro melhor para nosso povo. Outro fato relevante em sua personalidade, Roberta, e disso sua família muito deve se orgulhar, reside no nosso entendimento de que ele fez essa longa travessia de vida apoiado numa profunda identidade com princípios éticos e morais que não se negociam por ocasiões. Por isso mesmo, Roberta, peço-lhe que o cumprimente e o abrace afetuosamente pela admiração que lhe tenho, e o respeito que toda esta sociedade lhe tributa. E vida muito mais longa para Adail Mendonça. 

(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 21.04.2016)

NOVAS DENOMINAÇÕES DE LOGRADOUROS 
Por atos sancionados no Poder Executivo, oriundos da Câmara Municipal, Juazeiro do Norte tem oficialmente novos logradouros com denominações que homenageiam diversas pessoas. Vejamos os Atos:

LEI Nº 4589, DE 15 DE ABRIL DE 2016: Art. 1º – Fica denominada de RUA PADRE JOSÉ PEREIRA, a artéria paralela à esquerda com a rua Antônio Olímpio de Souza e laterais com as ruas Sebastião Régis e Joaquim Cruz, no bairro Pedrinhas, neste município. Art. 2º – Fica sob a responsabilidade do Executivo Municipal os informes aos órgãos competentes como CAGECE, COELCE e CORREIOS, sobre a denominação. AUTORIA: Vereador Cláudio Sergei Luz e Silva. 

LEI Nº 4590, DE 15 DE ABRIL DE 2016: Art. 1º – Fica denominada de RUA DOMINGOS MENDES CABRAL, a primeira artéria paralela sul a rua Antônio Severino e segunda paralela norte a rua Onofre Antônio Landim, com início na rua João Romão de Sá Barreto e término na rua Maria Herbênia Ferreira, sentido oeste/leste, no bairro Professora Geli de Sá Barreto (antigo Brejo Seco), em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará. Autoria: Vereador Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha. 

LEI Nº 4591, DE 15 DE ABRIL DE 2016: Art. 1º – Fica denominada de RUA JOSÉ CARLOS FILHO, a a primeira artéria paralela a rua Onofre Antônio Landim e segunda paralela sul a rua José Antônio Severino, com início na rua João Romão de Sá Barreto e término na rua Maria Herbênia Ferreira, sentido oeste/leste, no bairro Professora Geli de Sá Barreto (antigo Brejo Seco), em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará. Autoria: Vereador Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha. 

LEI Nº 4592, DE 15 DE ABRIL DE 2016: Art. 1º – Dá denominação às artérias públicas Rua Projetada 01; Rua Projetada 02 e Rua Projetada 03, do LOTEAMENTO JARDIM BURITI, bairro Frei Damião, nesta cidade de Juazeiro do Norte, na forma abaixo: I – RUA Cabelereira VERA LÚCIA SANTANA NASCIMENTO, a rua projetada 01, sentido oeste/leste, com início entre os lotes L15 da Quadra “Q33” e L25 da Quadra “Q32” do mesmo loteamento e término entre os lotes L10 da Quadra “Q02” e L15 da Quadra “Q01” do mesmo loteamento; II – RUA MARIA CELCA RIBEIRO CRUZ, a rua projetada 02, sentido oeste/leste, com início entre os lotes L15 da Quadra “Q34” e L24 da Quadra “Q33” do mesmo loteamento e término entre os lotes L10 da Quadra “Q03” e L14 da Quadra “Q02” do mesmo loteamento; III – RUA Protético VALDIR OLIVEIRA, a rua projetada 03, sentido oeste/leste, com início entre os lotes L15 da Quadra “Q35” e L24 da Quadra “Q34” do mesmo loteamento e término entre os lotes L10 da Quadra “Q04” e L14 da Quadra “Q03” do mesmo loteamento. Autoria: Vereador Danty Bezerra Silva; Coautoria: Vereadora Rita de Cássia Monteiro Gomes; Subscrição: Vereador Cícero Claudionor Lima Mota.

Obs.: Nessas leis, segundo constato, pela primeira vez foi inserida a recomendação de que “Fica sob a responsabilidade do Executivo Municipal os informes aos órgãos competentes como CAGECE, COELCE e CORREIOS, sobre a denominação. Faço aqui algumas considerações. Em primeiro lugar, seria de bom procedimento que a egrégia Câmara verificasse a extensa lista de pessoas de grande significação para a cidade e que ainda não foram homenageadas deste modo. Em segundo lugar eu, pessoalmente, acho de uma pobreza inominável a citação do tipo “barbeiro”, “cabelereira”, “protético” etc. Isso não aumenta a honraria. Mas é conveniente que se mantenha algumas designações como a de religiosos e militares. O desejável é que esses procedimentos na Câmara fossem subsidiados com uma circunstanciado currículo, uma biografia do homenageado, para que ficasse no arquivo a razão fundamental para esta distinção. Mais ainda, quando da afixação da placa no logradouro, em algum lugar bem vistoso também se fixasse uma placa com breves informações sobre o distinguido, como, aí sim, profissão, formação, quanto tempo viveu na cidade, a partir de datas como nascimento e falecimento. Outra coisa que insisto é de que a CÂMARA RESPEITE O NOME CORRETO E INTEIRO DO HOMENAGEADO, evitando simplificações e qualquer outra notação. Há muitos exemplos na cidade. Também insisto para que o procedimento a que se refere o Art. 3º da primeira lei citada, seja de acordo com o procedimento do Correio para a abertura do respectivo CEP (Código de Endereçamento Postal). Nesse caso há necessidade de inclusão na notificação dos documentos da Secretaria de Infraestrutura com o fragmento do mapa da cidade indicando a localização da via nomeada, bem como o ato respectivo sancionado pelo Executivo, com a respectiva publicação no Diário Oficial do Município. Isso é fundamental. Na tramitação do Correio, por exemplo, isso pode demorar até um ano. E tanto a Coelce quanto a Cagece esperam que o Correio faça primeiro. Só depois é que eles incluem o CEP no endereçamento das contas mensais. 

(Foto: Maria Celca Ribeiro Cruz, Arquivo de Raimundo Araújo)
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
CINEMARANA (SESC, CRATO)
O Cinemarana (Teatro Adalberto Vamozi, SESC, Rua André Cartaxo, 443, Crato), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 25, segunda feira, às 19 horas, o filme UM HOMEM QUE GRITA (Um homme que crie, França/Bélgica, 2010, 92min). Direção de Mahamat Saleh-Haroun. Sinopse: Primeiro lhe tiram o emprego, depois lhe tiram outros direitos que ele foi aceitando calado. Adam (Youssouf Djaoro) tem 60 anos de idade, é ex-campeão de natação, e há 30 anos trabalha com guardião de piscina de um hotel de luxo situado no Chade, na África. Contudo, investidores compram o estabelecimento e ele se vê obrigado a ceder sua vaga para seu filho Abdel (Diouc Koma), situação que o incomoda bastante por ver nela um declínio social. Além de estar diante deste conflito pessoal, seu país passa por uma guerra civil, com rebeldes ameaçando o governo. Neste contexto, Adam precisa ajudar o governo com dinheiro ou enviando seu filho para que lute pelo país. Assim, o líder do bairro pede que Adam dê sua contribuição, mas ele não tem dinheiro, só tem o filho.
CINEMATÓGRAPHO (SESC, JN)
O Cinematógrapho (Teatro Patativa do Assaré, SESC, Rua da Matriz, 227, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 27, quarta feira, às 19 horas, o filme A MARCA DA MALDADE (Touch of evil, EUA, 1958, 95min) Direção de Orson Welles. Sinopse: Quando um assassinato ocorre, os conceitos da ética policial de Ramon se confrontam diretamente com os do corrupto capitão da polícia local. Ao investigar um assassinato, Ramon Miguel Vargas (Charlton Heston), um chefe de polícia mexicano em lua-de-mel em uma pequena cidade da fronteira dos Estados Unidos com o México, entra em choque com Hank Quinlan (Orson Welles), um corrupto detetive americano que utiliza qualquer meio para deter o poder.




CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 30, sábado, às 17:30 horas, o filme FILHOS DO PARAÍSO (Bacheha-Ye aseman, Irã, 1997, 89min). Direção de Majid Majidi. Sinopse: Um menino de nove anos perde o único par de sapatos que sua irmã possuía. Ali (Amir Farrokh Hashemian) é um menino de 9 anos proveniente de uma família humilde e que vive com seus pais e sua irmã, Zahra (Bahare Seddiqi). Um dia ele perde o único par de sapatos da irmã e, tentando evitar a bronca dos pais, passa a dividir seu próprio par de sapatos com ela, com ambos revezando-o. Enquanto isso, Ali treina para obter uma boa colocação em uma corrida que será realizada, pois precisa da quantia dada como prêmio para comprar um novo par de sapatos para a irmã.

Francisco Cartaxo
NOVO LIVRO SOBRE PE. CÍCERO 
O livro, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero, encontra-se na gráfica para a impressão final, após revisões feitas esta semana. Chegou a 175 páginas, com cinco capítulos, além do prefácio, da apresentação, introdução e de considerações finais. Espero tê-lo pronto e acabado no correr do mês de abril, quando pretendo definir, com ajuda de amigos, locais e datas do lançamento em Cajazeiras e João Pessoa. O prefácio foi preparado pelo doutor, Carlos André Cavalcanti, professor da Universidade Federal da Paraíba, onde ensina História das Religiões e Diversidade Religiosa, e desenvolve intensa atividade como orientador de alunos na feitura de dissertações e teses. Do prefácio, de cinco páginas, selecionei os trechos a seguir como um aperitivo intelectual a possíveis (e por mim desejados) leitores e leitoras do ensaio acerca da diocese de Cajazeiras. Se há um tema fascinante na História das Religiões no Brasil é o cerco ao Padre Cícero pela reação conservadora do alto clero católico, cuja mentalidade neocolonialista se traduziu no desprezo ao catolicismo popular alcunhado de fanatismo. O livro que você, nosso prezado leitor ou leitora, tem em mãos agora é um presente para a historiografia livre escrita sobre o tema. Prefaciá-lo é uma alegria e uma honra para mim como acadêmico e como cidadão. Diga-se, aliás, que esta pesquisa vem no exato momento em que o Papa Francisco reconcilia a memória de Cícero com a Igreja, abrindo o caminho para a beatificação do mesmo. Não poderia vir em momento melhor, pois é hora de conhecer mais e de refletir com qualidade sobre a figura do padre. Cartaxo pesquisa aqui um dos episódios mais densos deste divórcio que o Papa Francisco tenta anular com o perdão a Cícero post mortem. Este cenário torna este livro muito precioso, pois não sabemos nem se nem até quando esta singularidade brasileira sobreviverá à modernização dos sertões, aos hábitos trazidos pela mídia e ao forte discurso neopentecostal/carismático, que se opõe, em geral, ao culto dos santos sertanejos que o povo escolheu de coração. Para chegar aqui, este livro teve uma densa trajetória. Pesquisador atento e eficiente, o autor lidou com a documentação digitalizada da imprensa católica da época com a mesma profundidade com que lidou com arquivos convencionais. Deduziu daí e do seu vasto conhecimento historiográfico toda uma conjuntura histórica e promoveu a crítica documental de forma serena e independente. É ousado em várias de suas assertivas e conclusões, o que me leva a afirmar que a obra nasce com vocação para clássico da historiografia. Sobre historiografia, aliás, duas palavras rápidas por falta de espaço aqui para maiores considerações. Primeiro, desconsiderar a noção de historiografia regional imposta pelo Sudeste quando da consolidação da História acadêmica no Brasil. Este é um livro de História do Brasil, da mesma forma que livros de história do Rio ou de São Paulo o são…. Segundo, afirmar nosso respeito pela História feita por não historiadores de profissão, mas de fato. Destes, são exemplos contundentes Raymundo Faoro e Evaldo Cabral de Mello. Cartaxo está nesta historiografia que gosto de chamar de livre, como um elogio carregado de uma certa dose de inveja aqui confessada. É historiografia livre por ser produzida sem os ditames produtivistas que a academia impõe. É livre por não estar presa a considerações de carreira!
Francisco Frassales Cartaxo (cartaxorolim@gmail.com) é escritor, filiado União Brasileira de Escritores/PE, ex-secretário de Planejamento da Paraíba, ex-secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco, ex-secretário-adjunto de Planejamento do Recife, Articulista semanal do jornal Gazeta do Alto Piranhas, de Cajazeiras, Consultor associado à CEPLAN, Consultoria Econômica e Planejamento. Matéria publicada em Fonte: http://www.diariodosertao.com.br/coluna/prefacio-do-livro-guerra-ao-fanatismo

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