domingo, 12 de junho de 2016


BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
229: (13.05.2016) Boa Tarde para Você, José Flávio Bezerra Morais
Já seria um ato, minimamente civilizado, agradecer-lhe publicamente a gentileza de ter feito chegar a esse cronista, na semana passada, com simpático ofertório, um exemplar da sua mais recente obra literária, Padre Ibiapina, Histórias Maravilhosas, lançada em Crato, no ano passado. Desejo agradecer-lhe muito penhoradamente, Dr. Flávio, porque ao sentimento imediato da leitura mais apressada, ocorre-me o registro, e também gratidão, porque tenho sob as vistas um pequeno grande livro, tratando de alguém que se eternizou nesse Cariri como um extraordinário santo. Seus cuidados históricos e literários, de méritos tão emergentes, recaíram sobre a figura notável do advogado José Antonio Pereira Ibiapina, o amado Padre-Mestre, de quem principiei a admirar por leitura tão recuada em página notável do escritor juazeirense João Gonçalves Dias Sobreira, ainda no século XIX, sobre as famosas curas em “águas cálidas” barbalhenses. Por sorte, Dr. Flávio, em tão incipiente iniciação, aberei-me em José Joaquim Telles Marrocos para ler na edição de A Voz da Religião no Cariri, de 13 de dezembro de 1868, registrando pela primeira vez notícia de um milagre atribuído ao missionário cearense, quando a devota de nome Luzia, paralítica e aconselhada pelo padre, foi curada banhando-se na fonte do Caldas. Tomei, então, essa motivação para percorrer lhe em suas páginas, deliciando-me com essas histórias maravilhosas que são colhidas na fantástica trajetória do Pe. Ibiapina, homem que já se consagrara brilhante na judicatura do Nordeste brasileiro e que se santificou no Ministério. Aliás, essa menção que faço a José Marrocos, Dr. Flávio, se faz necessária para realçar a origem de precioso manancial de seus estudos, por ele escrito, Crônica das Casas de Caridade, felizmente publicado por iniciativa de Eduardo Hoornaert, depois que ele foi presenteado por Amália Xavier de Oliveira com o empréstimo dos seus originais, então integrante do Acervo do Padre Cícero. Devemos a vários autores, especialmente a Celso Mariz, com o seu Ibiapina, um Apóstolo do Nordeste (de 1942), bem como a Luitgarde Cavalcanti, pelo conjunto de sua obra mais nordestina (a partir de 1970), o admirável crescimento de bibliografia tão farta sobre Ibiapina, tendo isso provocado a apropriação mais que respeitável da academia sobre esse santo nordestino. É nesse contexto, Dr. Flávio, que o seu livro se insere, depois que em diversas oportunidades suas atenções já estavam confirmando esse foco sobre o missionário e que aparece em dois outros livros seus, como Histórias que ouvi contar (1993) e Histórias de Exemplos e de Assombração (1997). O Cariri, esses Cariris Novos, do tempo de Ibiapina, como sabemos, foi um dos alvos marcantes da visão, da missão e do zelo pastoral do Padre-Mestre, e será sempre por essas razões, ao roteiro fascinante dessas histórias maravilhosas, como na sua narrativa, que ele será lembrado eternamente. Quero, particularmente, exaltar esses seus predicados literários, por já ter produzido mais de uma dezena de obras, especialmente aquelas que não se situam apenas à margem dos misteres de sua ação civil de douto juiz da comarca cível, mas que mesclam suas atenções com as searas da cultura, da história, da literatura, do direito e da cidadania. Como não poderia deixar de figurar, encontramos noutro livro seu, A Sombra do Laço, Ibiapina se tornando inspiração para rever o intrigante caso de Brejo da Areia (PB), atuando como juiz da cidade para defender um réu que havia morto o padrasto por motivação passional. Concordo inteiramente com o que já lembrara Antonio Vicelmo sobre o valor dessa narrativa, para um ótimo “enredo cinematográfico com jagunços, prisões, injustiças, crimes, coronéis, padres, juízes, advogados e possíveis enforcamentos, tendo como cenário o sertão nordestino.” Não posso deixar de considerar também, Dr. Flávio, a sua polimorfa versatilidade literária, vista em sua produção livresca que não descurou da oportunidade de construir uma atenção sobre os novos quadros cidadãos, através da literatura infantil, exatamente você que vive a judicatura. Isso é uma preocupação fundamental que não serve apenas ao beletrismo, mas a uma função social de grande envergadura, embora possa parecer que se alimenta de veleidades e do trato com textos de menor significação, em falsa apreciação. Quero, enfim, Dr. Flávio Morais, fazer votos por sua felicidade pessoal, desejar-lhe sucesso pelas entrâncias da vida, ao modo em que nos sentimos também agraciados por seus serviços e missão. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 13.05.2016)

Obs.: Alguns amigos me procuraram para saber a razão pela qual a leitura das crônicas na FM Pe. Cícero há tempos não acontece. Infelizmente lhes informo que por diversos motivos, todos da minha inteira responsabilidade, as crônicas deixaram de ser escritas, mas esta semana voltarão a ser remetidas para a editoria do Jornal da Tarde para a sua respectiva leitura nos dias de segundas, quartas e sextas. Com isso, e com muito atraso, as minhas desculpas.

AEROPORTO
O Portal de Juazeiro e toda a imprensa do Cariri vem refletindo sobre a questão complexa do abandono do nosso aeroporto (evidentemente, naquilo que forma a extensa pauta de melhorias), a ponto de estar em curso uma retirada das empresas que ai operam, fato que determinará, inevitavelmente o encerramento de suas operações. Esperamos que isto não aconteça, pois é mais uma vez a população penalizada. Os políticos, pressionados pela opinião pública resolveram fazer o pior: ao invés de se unirem para o interesse público, estão brigando para ver quem será o vencedor na proclamação pública do “pai da obra” ou o “salvador da pátria”. Nesse instante, o mais lamentável é que diante dos problemas que se acumularam não há um só projeto para a superação das dificuldades já tornadas públicas, com respeito a taxi way, a extensão da pista, e o nível de sua compactação, além da ampliação da estação que deve ser bem mais de 2000 metros quadrados. Sem falar evidentemente de outras coisas como a dimensão do estacionamento, reduzido para a demanda atual. Na quarta feira próxima, dia 15, às 19 horas no Hotel Verde Vale (Lagoa Seca) haverá uma reunião aberta aos interessados para discutir estas questões e o modo como encaminhá-las. O convite é do coordenador de turismo da PM JN, Dr. José Roberto Celestino. 
A propósito de projeto para um novo aeroporto, nos informou Celestino que a prefeitura tem recebido sugestões de projetos para a reforma do Regional. Um desses é objeto de matéria encontrável na internet que aqui reproduzimos, pelos detalhes de ilustrações na sua concepção arquitetônica, devidamente ilustrada também pela situação física de localização e o pátio de estacionamento para clientes e passageiros. Transcrevo, a seguir, uma matéria que acompanha estas ilustrações. “Projeto Inovador para o Aeroporto de Juazeiro do Norte: Em 2010, foi divulgado por uma estudante de Arquitetura da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) um projeto para construção do novo terminal de passageiros do Aeroporto de Juazeiro. Na verdade a aluna Tamires Oliveira Cabral o fez como trabalho de conclusão de curso, sendo o projeto aplaudido pelo reitor da universidade e o mesmo até foi encaminhado para o então prefeito de Juazeiro, Manoel Santana. O projeto conta com uma estrutura totalmente remodelada dando uma maior estrutura para o aeroporto para que o mesmo possua duas salas de embarque, praça de alimentação, escadas rolantes, elevadores, mais uma esteira de bagagens e um quesito inovador e ao mesmo tempo importante para o terminal, a presença de fingers que possibilitam o acesso direto ao aeroporto/aeronave sem contar com ações do ambiente externo, como chuva, ventania e sol. Contando ainda com ampliação do estacionamento e acesso coberto as entradas do aeroporto, o projeto tem tudo para ser a estrutura perfeita que atualmente se necessita para um aeroporto que quase triplica anualmente sua capacidade de passageiros frequentemente. Não se sabe ainda se este projeto foi aprovado pela Infraero ou pelo Governo do Estado e muito menos se foi estudado pela Prefeitura Municipal. Mas já podemos afirmar que este é o projeto que mais se encaixa com o terminal de passageiros e não vemos motivos para que o mesmo não seja concretizado.” Confira abaixo imagens divulgadas do projeto.








O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI

CINEMARANA (SESC, CRATO)
O Cinemarana (Teatro Adalberto Vamozi, SESC, Rua André Cartaxo, 443, Crato), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 13, segunda feira, às 19 horas, o filme PLANETA SOLITÁRIO (The Loneliest Planet, Alemanha/EUA, 2011, 133min). Direção de Júlia Loktev. Sinopse: Alex (Gael García Bernal) e Nica (Hani Furstenberg) formam um jovem casal apaixonado. Eles pretendem se casar, e alguns meses antes da cerimônia os dois fazem uma viagem pelas montanhas, com a ajuda de um guia. Mas eles se envolvem em um acidente violento com três moradores locais, transformando completamente a relação entre os dois.
CINENINHO (CRATO)
O CineNINHO (Casa Ninho, do Grupo Ninho de Teatro, em frente a RFFSA, Crato), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 14, terça feira, às 19 horas, o filme NOITE DE ESTRELA (Opening Night, EUA, 1977, 144min). Sinopse: Myrtle Gordon (Gena Rowlands) é uma famosa atriz de meia idade, que passa por uma crise de identidade por se sentir culpada pela morte de uma ardorosa fã na estréia de sua nova peça teatral. Myrtle passa a ver a mulher em alucinações e se recusa a aceitar o papel de uma mulher que envelhece.
CINEMATÓGRAPHO (SESC, JN)
O Cinematógrapho (Teatro Patativa do Assaré, SESC, Rua da Matriz, 227, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 15, quarta feira, às 19 horas, o filme LUGARES COMUNS (Lugares Comunes, Argentina/Espanha, 2002, 110min). Direção de Adolfo Aristarain. Sinopse: A vida de um professor universitário argentino muda radicalmente depois que ele é obrigado - por decreto - a se aposentar. Ao lado de sua mulher, com quem forma um casal apaixonado e dedicado, viaja para a Espanha. Na volta, procura uma nova ocupação mudando-se para uma fazenda.
CINE CAFÉ VOLANTE (BARBALHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Barbalha (Auditório do Centro de Esportes e Artes Unificados Mestre Juca Mulato, Parque da Cidade, Parque da Cidade), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 17, sexta feira, às 19 horas, o filme AMOR EM ESCALAS (Up in the air, EUA, 2009, 109min). Direção de Jason Reitman. Sinopse: Ryan Bingham (George Clooney) tem por função demitir pessoas. Por estar acostumado com o desespero e a angústia alheios, ele mesmo se tornou uma pessoa fria. Além disto, Ryan adora seu trabalho. Ele sempre usa um terno e carrega uma maleta, viajando para diversos cantos do país. Até que seu chefe contrata a arrogante Natalie Keener (Anna Kendrick), que desenvolveu um sistema de videoconferência onde as pessoas poderão ser demitidas sem que seja necessário deixar o escritório. Este sistema, caso seja implementado, põe em risco o emprego de Ryan. Ele passa então a tentar convencê-la do erro que é sua implementação, viajando com Anna para mostrar a realidade de seu trabalho. 
CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 18, sábado, às 17:30 horas, o filme UM HOMEM, UMA MULHER (Um homme et une femme, França, 1966, 102min). Direção de Jean Claude Lelouch. Sinopse: Um Homem, Uma Mulher despertou os olhares do mundo para a obra do premiado diretor Claude Lelouch. Vencedor dos Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Original, além da Palma de Ouro em Cannes, o filme faz uso de uma fotografia belíssima, e da música dos brasileiros Vinícius de Moraes e Baden Powell, para mostrar o despertar do amor entre um solitário convicto e uma mulhar precocemente viúva. Ele, um piloto de corridas de automóveis (Jean-Louis Trintignant); ela, roteirista de cinema (Anouk Aimée), tentam conduzir um relacionamento sincero e bem humorado em meio às insistentes demandas familiares e profissionais. Uma linda história de amor à francesa que conquistou o mundo, mas que poderia muito bem acontecer com você. 
REEDIÇÃO
Casualmente, numa livraria de Cajazeiras, encontrei esta reedição de um dos clássicos da bibliografia de Juazeiro: A Sedição do Juazeiro, de Rodolfo Teófilo. Essa reedição saiu pelo selo Sebo Vermelho, uma coleção preciosa de livros sobre o Nordeste, a cargo do sebista Abimael Silva, livreiro estabelecido na Av. Rio Branco,em Natal, RN. Ele mesmo declarou que a sua iniciativa se circunscrevia à celebração dos 100 anos da Sediçãqo. Abimael já publicou outra obra rara, a de Floro Bartholomeu da Costa, contendo o seu famoso discurso na Câmara Federal, em defesa do Pe. Cícero.
MEMÓRIA(I)
Nesta foto que publicamos estão dois amigos de grande relacionamento: Edgar Coelho Alencar (comerciante de material de construção) , sentado num fundo de quintal, e seu amigo “Zequinha das Bolsas” (comerciante de bolsas e malas). Eram solidários, fraternos, inseparáveis, exatamente porque ambos comercializavam, vizinhos, no famoso quarteirão progresso da Rua São Pedro (entre as ruas da Conceição e Santa Luzia, lado par). Zequinha tinha Edgar como seu guru, amigo de muitos conselhos e da melhor conversa. Conta-se, e parece que não é anedota, que um dia, descendo a rua São Pedro, observavam um cortejo fúnebre que seguia para a matriz para depois seguir para o cemitério do Socorro. Inesperadamente, Edgar decidiu acompanhar o féretro e chamou o Zequinha para acompanha-lo. Ele seguiu sem perguntar qualquer coisa. Acompanharam todo o cortejo e à hora do sepultamento no Socorro, Edgar pediu a palavra e pronunciou um daqueles seus antológicos discursos, muito emocionado em despedida ao pranteado. Já de volta à rua São Pedro, pela Santa Luzia, Zequinha interpelou o amigo sobre a razão daquele discurso inusitado. E conclui perguntando: meu compadre, quem era aquele homem que fomos sepultar? Ao que, para grande surpresa do Zequinha, Edgar respondeu: - Meu compadre, eu sei lá quem era aquele infeliz...

MEMÓRIA (II)
Recentemente, uma estudante me perguntou com respeito a existência de mapas antigos sore Juazeiro. Eu lhe respondi que os mapas do Ceará, a partir de 1870 já registram Joaseiro como distrito de Crato e assim vão se sucedendo até quando de fato estamos no mapa como município, pela lei de 1911. Planta de cidade mesmo, só conhecemos o croquis de Otávio Aires de Menezes que procura dar uma ideia do lugarejo de Joazeiro em 1875, já depois do estabelecimento do Pe. Cícero como capelão. Daí por diante, nada conhecemos, a não ser em alguns documentos oficiais, especialmente do governo estadual, ligados à área de planejamento de governo, alguns mapas sumários. É o caso deste de 1955 que nos mostra como a cidade era reduzida, a ponto de que boa parte da área dos Franciscanos se chamava Cidade Perdida e que hoje engloba, dentre outros o bairro do Pio XII. Felizmente, crescemos. Infelizmente, crescemos demais, muito desajeitadamente.

A SETIMA CHEGA À 32
Com a regularidade desejada, a Revista Sétima de Cinema chegou esta semana que passou à sua trigésima segunda edição, no terceiro ano de sua existência. É o órgão do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, coordenado por Elvis Pinheiro. Nesta edição referente a junho, a capa anuncia uma matéria de grande valia para uma página de memória sobre os cinemas de ruía da cidade, através do depoimento de Francisco de Sales, antigo projecionista dos cinemas Roulien e Eldorado. Na programação de lançamento, com a presença de Sales, foi exibido o documentário Sales e Salas, de Ravi Carvalho, contendo um fragmento do substancioso depoimento de Sales sobre sua atuação nestas salas de cinema. A revista contém ainda escritos assinados por Erick Linhares, Samuel Macedo, Davi Oliveira e Elvis Pinheiro, além da programação de cinema nas principais cidades do Cariri. Parte desta programação estamos reproduzindo aqui nesta coluna, como sempre fazemos. A revista pode ser encontrada com o coordenador Elvis Pinheiro que distribui gratuitamente os seus exemplares durante as exibições sob sua coordenação no programa de cinema alternativo no Cariri. 

AGENDE-SE

Anotadores do inventário da imprensa juazeirense, continuamos dando conta de novos títulos de jornais, especialmente de pequeno porte. Como este Agende-se, editado por Hudson Jorge, que procura prestar um grande serviço de informação sobre eventos na Região do Cariri. Desejo vida longa ao Agende-se e recomendo aos leitores que procurem ver as suas primeiras 3 edições no endereço: https://pt.calameo.com/accounts/4777215

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