sábado, 25 de junho de 2016


SAUDADES DE IVENS DIAS BRANCO
É com imensa tristeza que partilho com sua família as angústias desses momentos em que nos despedimos do empresário Francisco Ivens de Sá Dias Branco (*Cedro, CE: 03.08.1934; +São Paulo, SP: 24.06.2016). Foi para mim um imenso privilégio que durou vinte e dois anos, no convívio diário com seus ideais, em meio às suas obras, e no dinamismo de sua ação empresarial. 

Vai fazer falta!... À repercussão desse infausto acontecido, muitos são os que se apressam em relembrá-lo como um figurante da Forbes, a expressão glamourosa de uma listagem restrita e exuberante pelas cifras que encerra. Felizmente, sem que isso nos coloque em antagonismo a tantos outros que assim pensam, nós nos lembraremos sempre, enquanto isso nos for possível, da sua extraordinária figura humana de um homem que, em sua essência, era de grande simplicidade no conviver e no trabalhar. De modestas padarias de interior e de bairro da capital, construiu algo que no presente nem sabemos avaliar na sua grandeza, pela repercussão magnífica com que desencadeou parte do desenvolvimento desse nosso Ceará, nas diversas áreas que empreendeu, gerando intermináveis somas de empregos diretos e indiretos e produzindo riquezas que se distribuem hoje por todo o território pátrio. Se alguma coisa mais me impressionou do seu posicionamento pessoal como expressivo homem de negócios, foi o seu sentimento cristalino de um cidadão angustiado com a lentidão com que a nossa sociedade ia aos poucos incorporando, e à duras penas, os benefícios que a levaria a uma melhor qualidade de vida e a justa retribuição por um esforço continuado para fortificar a nossa nacionalidade. Dessa sua exemplar conduta e pensamento, nasceram os gestos concretos de um empresário que acreditou de forma inabalável na função social de suas empresas e desses compromissos com os quais superava as seguidas crises financeiras que tanto tem maltratado a nação brasileira. Manteve aqui, em nossa terra, o núcleo gestor de suas ações, e daqui irradiou brilhantemente o sucesso da performance de toda a sua organização, superando as cíclicas convulsões de nossa economia, acreditando que crises se superam com crença, determinação e investimentos. Nosso Estado do Ceará aprendeu muito com Ivens Dias Branco e suas lições, as que o confirmaram como a mais legítima das nossas lideranças empresariais, arrogante nos horizontes, destemido em seu arrojo, criativo em suas soluções, amoroso cidadão cearense, serviçal impenitente de sua coletividade. Ao mencionar lhe respeitosamente nesta despedida, o faço com um sentimento profundo de gratidão, por tudo aquilo que me foi permitido presenciar, participar, colaborar, e até de certa forma influir, diante da missão que estava posta para que suas empresas fossem parte desse orgulho imenso que temos na indústria de nosso Estado. Apresento, em nome de toda a minha família, a dona Consuelo e seus filhos, Ivens Júnior, Graça, Regina, Cláudio e Marcos, os nossos sentimentos de grande pesar, porque junto a isso estarão as nossas orações e preces por seu repouso eterno, na crença no Ressuscitado. 

Juazeiro do Norte, 25.06.2016
BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
231: (24.06.2016) Boa Tarde para Você, Lais de Brito Norões
Uma das coisas mais angustiantes a nos torturar ultimamente diz respeito a como estamos enfrentando a desconcertante questão da saúde pública em nosso pais que tem que conviver a duras penas, sentindo em sua própria pele, ao que vai da falta de recursos à má vontade dos governantes.

Bem imagino, dona Lais, o que isso não é dolorido ao seu coração, uma profissional exemplar, por muitos anos dedicada aos cuidados e ao carinho para lidar com o sofrimento de tantos dessa nossa gente, você que se esmerou nos atendimentos de saúde como uma autêntica enfermeira leiga. Lembro isso, ao mencioná-la, dando graças a Deus porque por aqui tivemos dignas e muito honradas figuras como a sua, a nomeá-las brevemente, desde dona Guidinha Pereira, Edite Cabral, as irmãs Olivia e Soledade Magalhães, Zuila Figueiredo, Valdelice Magalhães e outras mais. E em citar tão poucas, seguramente aí estou cometendo uma omissão quase imperdoável, mais por ignorância de uma realidade que não vivi amiúde, mas que talvez se desculpe na ansiedade traída por não conhecer a fundo uma mais extensa lista de voluntariado dedicado a muitos profissionais.

Lembro, por exemplo, dona Lais, o papel de antigas visitadoras, como um dia lembrei aqui dona Alaide Bezerra e muita gente prática, em apoio aos quadros médicos de clínicos e cirurgiões, farmacêuticos, dentistas e tudo que havia mais expresso nas atenções básicas. Se existe algo notável à nossa percepção, dona Lais, isso emerge de como somos gratos a essa dedicação virtuosa de pessoas que lidaram por longos anos com o sofrimento alheio, pela humanidade, pela compaixão sentida e pela vocação de se dar ao próximo como a si mesmo. Desde o início do século XIX, a enfermagem ganhou páginas históricas memoráveis, a partir de Ana Neri e hoje, por formação bem cuidada, entre escolas e academias, a profissão se insere admiravelmente no desenvolvimento social de nosso pais. Mas, muito triste é constatar que apenas essa formação atenciosa e necessária, a partir dos cursos básicos de enfermagem não faz frente prevalente sobre as mazelas que se instalam junto a nossa cena rural e urbana, com a qual ainda convivemos com moléstias vindas da idade média. Se de um lado nos é muito difícil até compreender a lentidão das atitudes dos gestores públicos que tardam as iniciativas e soluções para esses emergências, de outra sorte, ou infelicidade, permanecemos chocados com os desvios dos recursos tão carentes demandados pela saúde. Parece até surrealista, dona Lais, como a senhora tão bem sabe, que dentre as riquezas materiais e humanas, nosso povo ainda viva a implorar a caridade pública por um mínimo de olhar sobre seus problemas, a mendigar um acolhimento fraterno e humanizado às suas dores. Na atualidade desse nosso pais, onde se lava a jato o dinheiro imundo da corrupção, nossas esperanças são profundamente abatidas, diariamente, como o noticiário volumoso e violento veiculado pela mídia informa e como entendemos que essa sangria parece não estancar. Quanto mais se vai ao fundo dessas investigações sobre a sanha incontrolável desses aloprados e desonestos homens públicos, mais fácil fica a nossa compreensão sobre tudo o que de mais perverso se instalou para findar na desgraça do nosso povo, preso a leitos de hospitais. Benditas essas vocações maravilhosas como a sua, dona Lais, mulher forte e de grande iniciativa e compreensão, que vivendo longamente dedicada ao serviço comunitário, deixou para nós um exemplo edificante e a mensagem contundente de que tudo o que foi necessário fazer, em cada caso, por mais simples que fosse, não passou por conveniência pessoal, diante da dor do ser humano. Certamente, o que mais nos comove diante de homens e mulheres iluminados, os que tem habilidades de mente e coração para nos auxiliar na superação desses obstáculos em nossas vidas, vem pelo testemunho dessa sensibilidade admirável e que se mede pela ternura de um olhar. Já disseram, e é grande verdade, dona Lais, que essa, felizmente, é a grande revolução, algo que nunca pode ser apartado da técnica, da evolução que até nos permite trocar órgãos vitais em pacientes, mas que deve conviver com esses impressionantes sinais da solidariedade. Boa Tarde para você, Lais de Brito Norões, pois sua vida e trabalho, desde sempre, é algo que nos comove, a cada instante em que nos encontramos para sentir-lhe disponível e feliz por realizar tudo aquilo que importa para minorar nossas dores e sofrimentos. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 24.05.2016)

O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
CINEMARANA (SESC, CRATO)
O Cinemarana (Teatro Adalberto Vamozi, SESC, Rua André Cartaxo, 443, Crato), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 27, segunda feira, às 19 horas, o filme O VENDEDOR (Le vendeur, Canadá, 2011, 107min). Direção de Sebastien Pilote. Sinopse: Marcel Lévesque (Gilbert Sicotte) tem 67 anos, trabalha como vendedor de carros e sua rotina é a esperada para alguém cujo futuro mais próximo é a aposentadoria. Dedicado ao ao trabalho e também à família, sua filha Maryse (Nathalie Cavezzali) e seu neto Antoine (Jeremy Tessier), ele sempre foi um grande campeão, superando a todos no quadro de vendas do mês. Mas o fechamento da fábrica de papel na pequena cidade Lac Saint-Jean, em Quebéc, acaba provocando uma revolução no local, interferindo diretamente na vida de todos os moradores, fazendo com que alguns valores necessitem ser revistos.
CINEMATÓGRAPHO (SESC, JN)
O Cinematógrapho (Teatro Patativa do Assaré, SESC, Rua da Matriz, 227, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 29, quarta feira, às 19 horas, o filme AS FÉRIAS DO SENHOR HULOT (Les Vacances de Monsieur Hulot, França, 1953, 74min). Direção de Jacques Tati. Sinopse: Mr. Hulot (Jacques Tati) decide passar férias num hotel próximo a um balneário francês, mas acidentes e confusões insistem em acontecer onde quer que ele vá. O bem-intencionado Hulot acaba com a paz do local e impede o descanso dos demais hóspedes, provocando uma onda de catástrofes.

CINE CAFÉ VOLANTE (BARBALHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Barbalha (Auditório do Centro de Esportes e Artes Unificados Mestre Juca Mulato, Parque da Cidade, Parque da Cidade), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 01.07, sexta feira, às 19 horas, o filme CORAÇÃO SELVAGEM (Wild at heart, EUA, 1990, 98min). Direção de David Lynch. Sinopse: Marietta Pace Fortune (Diane Ladd) é uma sulista rica e de comportamento instável que não aceitava que Sailor Ripley (Nicolas Cage) namorasse sua filha Lula Fortune (Laura Dern), mas não por se preocupar com ela e sim pelo simples fato de que Marietta queria tanto transar com Sailor que foi ao banheiro masculino para tentar seduzi-lo. Mas como ele a repudiou categoricamente, ela imediatamente mandou Bob Ray Lemmon (Gregg Dandridge), um capanga, para cumprir uma ameaça dita no banheiro. Entretanto, Sailor reagiu prontamente e, com as mãos limpas, matou Bob Ray. Quase dois anos depois ele foi posto em liberdade e, juntamente com Lula, viaja para a Califórnia, fazendo com que Ripley quebre sua condicional. Durante o trajeto ele dá vazão à fixação que tem por Elvis Presley, eaquanto Lula tem obsessão por "O Mágico de Oz". Enquanto a viagem transcorre eles fazem muito sexo, compartilham seus passados, são perseguidos por Marcello Santos (J.E. Freeman), um assassino contratado por Marietta, e conhecem diversos tipos bizarros, mas principalmente conhecem Bobby Peru (Willem Dafoe), um ex-fuzileiro naval que convence Sailor a participar de um assalto a banco.
CINE ELDORADO (JN)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe no próximo dia 01.07, sexta feira, às 20 horas, dentro do Festival OSCAR, o filme O HOMEM QUE NÃO VENDEU SUA ALMA (a man for all seasons, Reino Unido, 1966, 129min). Direção de Fred Zinnemann. Sinopse: Na Inglaterra do século XVI, Henrique VIII (Robert Shaw) planeja se separar de sua primeira esposa para se casar com Ana Bolena (Vanessa Redgrave), mas não recebe a aprovação de Thomas More (Paul Scofield), um fervoroso católico que se tornou Lord Chanceler, um altíssimo posto que ele preferiu renunciar a trair suas convicções. Entretanto, a importância de Sir Thomas é tão grande que mesmo após sua renúncia o rei continua lhe perseguindo. Até que surgem "provas" que o incriminam como alta traição, um crime punido com a morte.
CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 02.07, sábado, às 17:30 horas, o filme CONTRACORRENTE (Contracorriente, França/Alemanha/Peru,Colômbia, 2009, 100min). Direção de Javier Fuentes-Leon. Sinopse: Miguel (Cristian Mercado) é um pescador respeitado na vila onde mora e trabalha. Casado com Mariela (Tatiana Astengo), está prestes a ganhar o primeiro filho, mas ele vive um romance com Santiago (Manolo Cardona), artista chamado pelos moradores de Príncipe Encantado. O tempo passa, a hora da verdade está chegando e Mariela começa a questionar Miguel, que precisará decidir sobre sua sexualidade.

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