LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO
Eu tenho duas lembranças de Luiz Gonzaga do Nascimento (Exu, 13 de dezembro de 1912 — Recife, 2 de agosto de 1989), o Lua, seu Luiz Gonzaga. A primeira foi quando se realizou ainda nos anos 50 um show no cruzamento das Ruas Santa Luzia e São Pedro: o Show Vigorelli, patrocinado por uma antiga fábrica de máquinas de costura, apresentada pelo Coelho Alves da Rádio Iracema, e que se repetiu outra vez na cidade, sempre trazendo um grande astro da música brasileira. Neste primeiro, era Luiz Gonzaga a grande estrela. Acho que foi a primeira vez que o ouvi cantar e a impressão foi definitiva. Nasceu daí uma simpatia que o tempo não carregou. A outra, ou outras mais, eram as passagens de Luiz Gonzaga em frente a nossa casa, na Rua Santa Luzia, quase em frente à agência da Varig, quando ele vinha de Exu para comprar passagem para o Rio de Janeiro, ou outro local. O Gonzaga, na verdade, seria um ilustre cliente da companhia e em diversas oportunidades de sua vida há menções a este fato. Encontrei até na internet uma pequena história que liga Gonzaga, Juazeiro do Norte e Pe. Cícero, contada pelo colega Roberto Bulhões e reproduzida no site:
http://www.luizluagonzaga.mus.br/index.php?Itemid=32&id=14&option=com_content&task=view
Pela Varig: Essa, eu estava na hora em que Luiz Gonzaga chegou ao gabinete do prefeito de Juazeiro do Norte - CE, Manoel Salviano, em 1985. Dispensando qualquer cerimônia e simples como ele só, entrou acompanhado por alguns funcionários que o admiravam e foi dizendo: “Prefeito, estou chegando do Rio de Janeiro pela Varig e antes de seguir pro meu Exu, vim lhe fazer um pedido muito importante”. O prefeito já estava de pé e foi logo abraçando Gonzaga e respondeu imediatamente: “Pode pedir seu Luiz. Um pedido seu aqui na terra do Padre Cícero é uma ordem!”. Gonzagão foi enfático e praticamente deu um ultimato ao prefeito: “Em nome do povo de Juazeiro e do meu Padim Pade Ciço Romão Batista, faça uma correspondência à Direção da Varig e peça que a Companhia determine aos seus pilotos, que quando vierem para pouso em Juazeiro do Norte, procedam da mesma forma como procedem no Rio de Janeiro! Lá, Salviano, eles, os pilotos, fazem questão de anunciar que, do lado tal da aeronave, está o monumento do Cristo Redentor. Por que não fazer o mesmo procedimento em Juazeiro, dizendo que ao lado esquerdo da aeronave está o monumento ao padre Cícero?..." Não deu outra: A solicitação foi feita no mesmo dia, à Varig, através do seu presidente Hélio Smith, que determinou o procedimento. E, a partir desse dia, em todas as aeronaves, no momento do pouso, os pilotos falavam o jeito que Gonzagão pediu."Senhores Passageiros, estamos procedendo a um pouso normal, de escala, na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará. Do lado esquerdo da Aeronave os senhores podem observar a magnífica estátua do Padre Cícero Romão Batista, Padroeiro da cidade e de todo o Nordeste! Sejam bem-vindos e... Viva o Padre Cícero!" Oxente! Rei é Rei!... (finaliza, Bulhões).
Gonzaga tinha um grande afeto por Juazeiro do Norte. Pelo menos duas de suas canções clássicas refletem este amor: Juazeiro, dele mesmo (1949) e Beata Mocinha, de Manezinho Araújo e Zé Renato (1952). No caso da primeira, a canção não foi feita para a cidade, mas um poema de amor dedicado à árvore, tão típica do sertão. Contudo, ela ficou como uma grande homenagem a nós. São incontáveis as vezes que Gonzaga veio a Juazeiro para se apresentar ou para apenas transitar em busca de outras cidades do país. A última viagem, caprichosamente, também incluiu Juazeiro do Norte. Na Wikipedia se encontra isto numa menção na biografia de Gonzaga; “Luiz Gonzaga sofria de osteoporose a alguns anos. Morreu vítima de parada cardiorrespiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte (a contragosto de Gonzaguinha, que pediu que o corpo fosse levado o mais rápido possível para Exu, irritando várias pessoas que iriam ao velório e tornando Gonzaguinha "persona non grata" em Juazeiro do Norte) e posteriormente sepultado em seu município natal. ” Infelizmente, um capítulo desnecessário e que foi contornado admiravelmente pelo seu grande fã, o vigário Murilo de Sá Barreto, que tinha na canção Ave-Maria Sertaneja, de Júlio Ricardo e O. de Oliveira (1964), a sua maior admiração. A propósito das viagens de Gonzaga, passando pelo Aeroporto Regional do Cariri, eu mesmo flagrei em agosto de 1984, com algumas imagens, quando ele desembarcava, na companhia de sua mulher Helena Cavalcanti, e o casal era recebido por familiares e amigos, dentre os quais os jornalistas Antonio Vicelmo, Roberto Bulhões e Jackson Pires Barbosa, exatamente como ele preferia voar, pela Varig.
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