BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que semanalmente estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de quartas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
244: (18.01.2017) Boa Tarde para Você, Manoel Sales de Menezes
Em vários meses passados, mais recentemente, venho me queixando de não dispor de tempo suficiente para voltar ao nosso convívio fraterno nas manhãs domingueiras da Praça Padre Cícero, para reencontra-lo em meio a tantos amigos comuns, a rolar conversa farta e prazerosa. Saúdo você, querido amigo Manoel Sales, desejando-lhe ainda e com atraso, os votos sinceros de um ano novo muito proveitoso, não só na sua atividade exemplar de representante comercial, mas especialmente ao encontro de seu porte cidadão tão estimado por todos nós. Reservei para essa saudação a pauta longamente ansiada de melhorias sobre a nossa praça central, aquela que já tratamos como Quadro Grande, ou Praça da Independência, da Liberdade, a do Almirante Alexandrino, para ser hoje essa homenagem precisa ao velho e querido Patriarca. Investido no cargo para o qual foi festivamente celebrado entre campanha, urnas e diplomação, imagino que também a você, Manoel, haja satisfação com a notícia de que o prefeito Arnon Bezerra se volta para a inserção no seu plano de governo da velha e requerida revitalização da Praça. Em diversos momentos, especialmente com a sua participação, nós todos tivemos a oportunidade de refletir sobre demandas dessa necessária reforma, certos de que isso é o conveniente para resgatar a nossa autoestima para novamente dispor com satisfação do nosso maior cartão postal. O marco fundamental dessa praça, visto na atualidade, é precisamente o seu traçado que se recuperado deixaria mais confortável as duas questões mais flagrantes: o trajeto para o qual foi concebido como ambiente percorrido em travessia e a ambiência acolhedora dos seus espaços. Você, Manoel, testemunhou arremedos de reformas que desde os anos 60 retiraram perversamente essa adequação do equipamento, a título de certa modernidade funcional, questionável, que a tornou árida e desprovida de encantos pela subtração de diversos sinais embelezadores. Refiro-me especialmente, e sei o quanto também é seu sentimento, Manoel Sales, à questão paisagística de jardinagem, a qual a palavra revitalização se aplica com precisão, e que inclui, não só a questão da vegetação mais rasteira, e que não deve ignorar as velhas árvores e palmeiras quase seculares, e o velho Juazeiro de frondosa existência, esquecido injustificadamente.
Em muitos anos vimos com tristeza a perda gradual de certas referências ou a sua depreciação, a citar: a estátua do Patriarca mal posicionada em meio a uma fonte; o descaso com o funcionamento do relógio da Coluna; a eliminação de monumentos de homenagens; a improvisação do coreto, etc.
Como sinal fundante do comportamento incivilizado de administrações anteriores, fez-se da Praça o espaço de negociatas para ceder o público ao privado, como troca de favores e de atos de corrupção, o que a tem levado a ser locus de favelamento, vendendo alimentos de má qualidade. Todos, Manoel Sales, reclamamos, como o prefeito, que a Praça deve ser um espaço de convivência familiar, e como tal esperamos severa intervenção para coibir a bandidagem, a vadiagem, a droguice, a violência e a desocupação de seu solo para um melhor serviço à comunidade. Esse quisto, no que se tornou a Praça, se estende de forma alastrante e perniciosa ao seu entorno, nas quatro ruas que a cercam, deixando a sensação que a fuga é o que melhor nos convém para que a Praça não seja mais um ingrediente no quadro que nos coloca como reféns da violência urbana. Creio que merece respeito e acolhida a intenção de que o eixo da Rua São Francisco, entre as ruas Santa Rosa e São Pedro se converta num grande passeio, no estilo dos velhos boulevares, para completar a funcionalidade desse entorno, permitindo melhor circulação de veículos. Esse fato é relevante, pois já temos à frente o impacto que haverá com a abertura da operação do trecho do Anel Viário entre o São José e o Salgadinho, como grande atalho para minimizar a circulação de veículos através da Rua Pe. Cícero. Some-se a isso, sem dúvida, a necessária intervenção para regulamentar a utilização de espaços urbanos públicos apropriados indevidamente nas áreas do entorno da praça, e mais especificamente nas duas quadras do atual terminal rodoviário que necessariamente precisa ser requalificado. Em suma, Manoel, você e eu celebramos essa antevéspera de tais medidas, certos de que o gestor público caminha ao encontro dessa velha aspiração, tão cansada diante dos nossos anseios, mas que chega em boa hora para iniciar um novo período administrativo com todas as nossas esperanças.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 18.01.2017)
BOM DIA!
Continuo transcrevendo nesta coluna semanal o conjunto de sete textos que estão sendo publicados na minha página do Facebook, tratando de questões relacionadas com a atualidade da vida juazeirense, com o objetivo de fomentar uma ampla discussão sobre esses temas de nosso interesse. Os que desejarem contribuir com esse propósito, poderão dispor do espaço na rede social, ou encaminhando sua opinião para o nosso endereço. Muito grato.
BOM DIA! Por Renato Casimiro
A ideia de uma Exposição Fotográfica surgiu logo na primeira reunião de preparativos para a comemoração do Centenário. Daniel Walker e Renato Casimiro, convidados para participar de uma subcomissão de História, dentro da Comissão Central dos festejos, indicaram a possibilidade de realizar este evento, por algumas razões como a disponibilidade de grande acervo desses pesquisadores, a realização anterior de algumas exposições, inclusive no âmbito da Paróquia, e o grande apoio que sempre foi dado por Pe. Murilo de Sá Barreto na formação de nosso arquivo e em nossas promoções, sediando algumas delas em próprios da Paróquia. Então as Comissões setoriais acolheram de bom grado as nossas ideias e nos pusemos a trabalhar para selecionar material, elaborar expositores para a mostra, escolher ambiente possíveis para a exposição e estabelecer temas para compor a linha do tempo. Em princípio as fontes de imagens foram os nossos acervos pessoais e a própria paróquia, através de seus arquivos. Em futuro próximo, tal o sucesso desse empreendimento, é provável que outras ideias possam surgir para ampliar a visão sobre todos os grande momentos da história desse grande marco da igreja católica entre nós. Uma questão que está em consideração é a possibilidade de que este acervo passe a ter uma mostra permanente, atrelada ao acervo do museu paroquial. Em diversas reuniões fomos trabalhando a ideia e a exposição foi tomando corpo para mostrar um pouco do muito que esta Paróquia realizou e empreendeu, através do seu povo, de seu clero, de suas capelas, dos seus eventos, da acolhida às romarias, de personagens emblemáticos como seus párocos, e outras ilustradas pessoas, como Pe. Cícero e Pe. Murilo, sem esquecer de mostrar as suas mutações arquitetônicas, reformas, etc, e as expressiva atividades das confrarias como o Apostolado da Oração, da Pia União, da Liga de Sta. Terezinha, da Congregação Mariana, do Círculo Operário, dentre outras. Então, com todos estes aspectos destacados, foi possível reunir parte do acervo disponível, com cerca de 200 fotografias em tamanho, aproximado, de 30cm x 40cm, convenientemente montadas em elegantes molduras e com as suas legendas para facilitar a compreensão dos visitantes. A exposição está estruturada com a apresentação de suas imagens em expositores especialmente desenhados e construídos para a mostra, bem como a formação de painéis formados pelo arranjo de imagens em paredes do ambiente, de modo a deixar livremente a área de circulação para os frequentadores. Finalmente, no último dia 3 a exposição foi aberta ao público e assim se encontra por muitos meses. Em princípio ela deverá se manter aberta, no auditório do Círculo Operário São José, nessa fase das grandes romarias a Juazeiro do Norte, entre esta Romaria da Festa da Padroeira até à Romaria das Candeias, podendo, inclusive, a circular itinerante por alguns ambientes do Cariri, como colégios, museus, centros culturais, universidades e faculdades, outros municípios que se interessem, etc. A ideia é leva-la a outros ambientes para ampliar a observação de toda a comunidade, em conhecimento de parte substantiva da história da cidade. O principal critério elencado para a seleção das imagens foi o da relevância no contexto da história da Paróquia. Assim, foram constituídas algumas sessões bem específicas para abrigar essas escolhas. Por exemplo, iniciamos com registros efêmeros da antiga Capelinha, objeto da arte pictórica da artista Assunção Gonçalves, em telas memoráveis nas quais ao representar os primeiros momentos do Joaseiro Antigo, relativamente a 1827, data da sua fundação, a capelinha do Pe. Pedro Ribeiro, primeiro capelão, é vista em meio o arruamento do lugarejo. A este aspecto juntamos mais alguns flashes como a primeira planta da cidade e a primeira reforma da capela, tornando-a mais imponente, já por obra e graça do trabalho do Pe. Cícero, entre 1875 e 1884. Nesse sentido, continuamos explorando aspectos de sua arquitetura, enfocando diversas mutações, tais como reformas, ampliações e até mesmo as reconstruções em 1928 e 1974, esta última após rumoroso desabamento de seu teto, porque a coluna mestra não aguentou o peso dos anos e a inclemência do tempo. No caminhas, itinerário histórico, fomos mostrando muitos eventos, tais como a própria festa da padroeira, cerimônias tais como primeira eucaristia coletiva, celebrações litúrgicas, visitas pastorais e a grande movimentação das confrarias religiosas. Fizemos uma revisão de todos os paroquiatos e seus titulares, bem como apresentamos imagens do clero que tanto contribuiu para a grandeza de suas ações, especialmente com respeito às romarias. Demos espaço para uma revisitação a figuras extraordinárias de lideranças comunitárias ligadas às confrarias, bem como a diversos membros das confrarias dos beatos. Demos particular atenção ao zelo pastoral de Pe. Cícero Romão Baptista, como o grande patriarca da comunidade, embora não tenha sido ele, efetivamente um pároco, mas uma figura histórica da maior grandeza a assentar quase tudo o que hoje representa esta Paróquia. Neste particular há algumas imagens inéditas e alguns flagrantes dos dias em que se verificaram o velório e seu sepultamento. Há uma sessão dedicada a um dos grandes momento vividos pela comunidade católica de Juazeiro, bem como de todo o Cariri, com a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que veio de Portugal, em 1953 e que aqui foi alvo de vibrante acolhida, com procissões, celebrações e homenagens, entre inauguração de capela e monumentos (o famoso Arco, nos Salesianos, e o terço esculpido na lateral da Igreja-Matriz). Também demos destaque à figura do mais longo paroquiato, por seu titular Mons. Murilo de Sá Barreto. E como mostra fotográfica, finalizamos a exposição fazendo um percurso por seus espaços sagrados, apresentando imagens que nos chamam a atenção para velhos e novas ornamentações de capelas, de altares e diversos locais do velho templo. Na mostra essas sessões estão apresentadas, sempre que possível, seguindo-se uma logica de tempo, com o propósito de mostrar eventos, momentos que sempre serão relembrados como fatos de grande relevo na história de nossa primeira paróquia. Os organizadores desta Exposição fotográfica desejam expressar sua gratidão pelos gestos concretos de toda a equipe paroquial, a partir de seu pároco, o Pe. Cícero José da Silva, bem como de todo o clero, os vigários paroquiais, os funcionários da paróquia, os voluntários, e de modo particular a Comissão Organizadora e Curadora, também integrada por Daniel Walker, Raimundo Araújo, Socorro Gondim, Rozelia Costa, Homero Araújo, Francisco Fechine, Jacivânia Gomes, e Rejânia Roque. Enfim, a todos que se empenharam e ainda continuarão dando muito de si para melhor servir à permanência da mostra à atenção dos romeiros e dos paroquianos de Nossa Mãe das Dores, enquanto durar a mostra. Conclamamos a todos, de Juazeiro, de todo o Cariri, do Nordeste inteiro, pelo menos, para que entre hoje e o próximo mês de fevereiro de 2017, não deixem de vir a Juazeiro para ver esta mostra tão expressiva para a revisão histórica da primeira e ainda hoje a principal paróquia de nossa comunidade. Bom Dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 15.01.2017)
BOM DIA! Por Renato Casimiro
Retomo o tema das memórias da Rua São José, entre 1953 e 1963, para falar de trapalhices, da molecagem do meu tempo de menino. Quando completei 50 anos, em setembro de 1999, parte da homenagem que a família e os amigos me prestaram foi a edição de um folheto de cordel, de autoria de Abraão Batista, baseado em fatos de minha infância, juventude e até das coisas atuais do meu dia a dia, sob o título de “As Trapalhices de um Professor de Micróbios e Alimentologia”. Minha irmã, para colaborar com a narrativa do poeta, relacionou alguns fatos mais domésticos para permitir que o cordelista fizesse seus versos. Na sua argumentação, diz minha irmã que “quando criança e adolescente eu era muito rápido, não dava tempo mamãe dizer não, porque então já havia feito, ou quebrado algum objeto”. Isto, efetivamente é uma coisa que me persegue. Eu não sei ao certo dizer porque sou assim. Não devo ter nascido em circunstâncias mornas, monótonas, pachorrentas. Dizem que a parteira até foi muito apressada, não amarrando bem o cordão umbilical, no que teria dado um bom sangramento. Lembro que ajudando meu pai no Centro Elétrico era, de fato, muito desastrado. Vamos situar um pouco a questão. No início dos anos 60, meu pai transferiu seu estabelecimento para a mesma Rua São Pedro, no número 619. Pela manhã eu me encontrava no Ginásio Salesiano, e no turno da tarde, depois de ter cumprido os deveres, ia para a loja fazer alguns trabalhos. Por exemplo: medir fio elétrico, testar lâmpadas, consertar ferros de engomar, trocar plugs ou pinos dos cabos de correntes de aparelhos, montar lustres, desencaixotar material que chegava pelos caminhões, fazer algumas cobranças, ir aos bancos ou repartições, e coisas assim. Freqüentemente o meu pai era muito exigente no cumprimento destas tarefas. Exigia prontidão, perfeição, eficiência. Tantas eram as coisas que eu penso às vezes que esta pressa nasceu desta pressão com a qual me cobravam. Minha mãe, mais compreensiva parecia querer conciliar as coisas, e dizia: deixa o menino, Luiz ! No que ele resmungava: Dora, esse moleque só tem isso mesmo pr’a fazer, e tem que fazer bem feito ! Mas não adiantava. Lembro inúmeras vezes em que as coisas, quero dizer, vidros, cristais e coisas delicadas, me caíram das mãos, sem que eu soubesse exatamente porque. Então, é notório que entre os de casa, os que me conheceram tão de perto, haja este sentimento de que me habituei a fazer de tudo um pouco, mas sempre desastradamente. Na narrativa da mana, ela comenta que “ainda criança quebrou um tabuleiro de pirulito que um garoto passava vendendo na Rua São José. Nossa avó, Neném Soares, louca por ele, disse ao garoto do bombom: - Eu vou pagar mais por favor meu filho não passe mais por aqui vendendo pirulito”. Eu não me lembrava deste fato, exatamente assim, embora a circunstanciada defesa de minha inesquecível Dona Neném seja a mesma. A verdade é que era um carrinho de picolé. Os carrinhos de picolé naquele tempo não eram bem isolados, não se conheciam materiais isolantes como isopor, etc. Então, havia, circundando a caixa onde ficavam arrumados os picolés, uma câmara cheia de gelo picado e sal, para manter o frio do produto. Isto fazia com que os carrinhos fossem muito pesados, e por terem duas rodas, apenas, um movimento mais brusco faria o carrinho virar rapidamente. O camarada vinha pela Rua São José oferecendo o picolé. Eu não estava mesmo afim, senão de pegar no carrinho e dar uma volta. O cara permitiu, e numa desembalada carreira, o carrinho me fugiu das mãos. Resultado: a pancada foi tal que a tampa abriu e a quase totalidade dos picolés caiu no chão. Os picolés não tinham embalagem, e para completar ninguém tomou uma pronta reação. Conclusão: os picolés começaram a derreter, deixando na calçada umas manchas de corantes rosa (morango ?), marrom (chocolate ?), verde (abacate ?),etc. A pronta reação de minha avó, chegando na porta e vendo a tragédia, foi a de agarrar o neto, empurrá-lo para dentro da casa, e dizer para o vendedor de picolé: bem feito, quem mandou passar nessa calçada ? Depois, entrou no quarto, pegou um dinheiro e foi acertar as contas com o vendedor. A Dina veio prontamente lavar a calçada que ainda ficou uns dias colorida. Minha irmã nos diz que “com uma baladeira feita por ele, quebrou muitas lâmpadas dos postes da Rua São José”. Menos verdade. Assim vão continuar dizendo que aprontei sempre, o que nem sempre era verdade. Uma só lâmpada, isto sim, é verdade. No começo dos anos 60 vínhamos sonhando com o dia em que a energia de Paulo Afonso entrasse em nossas casas. Até se falava que o Padre Cícero já dissera: “Meu amiguinho, haverá um dia em que as águas do São Francisco virão bater na nossa porta”. Então, se dizia que, não sendo possível trazer a água do São Francisco, estavam trazendo a energia gerada por suas quedas, o que até poderia ser muito melhor. Então, víamos a cidade se encher de postes. E no canto esquerdo da casa de minha avó, no limite da calçada da casa do Cel. José Pedro da Silva, foi plantado um destes postes feitos pela Cavan, lá no Arisco. Estendidas as linhas, logo puseram a luminária, e nela uma lâmpada que não era lá grande coisa para iluminar, veríamos depois. Numa tarde-noite, eu sentei ao lado de minha avó, como frequentemente acontecia, e ficamos conversando alguma coisa enquanto eu lhe mostrava uma baladeira que fizera com graveto que arranjara para o lado da Boca das Cobras, e borracha de uma câmara de ar que me deram na oficina de Siri. E ela me perguntou: você tem boa pontaria ? E eu respondi que não tinha coragem de ter boa pontaria, porque o Nego de Pretinha tinha me dito que para ter boa pontaria era preciso matar um beija-flor e comer o coração, cru. A minha avó ficou indignada com aquilo, e pelo menos para mim resmungou que “aquele nego não sabe nada. Onde já se viu matar um beija-flor e fazer esta perversidade”. Fez-se um silêncio, e eu lembro de ter dito alguma coisa como: veja como eu nem sei atirar direito. Mirei na direção do alto do poste, soltei a pedra e foi certeira na lâmpada. Dona Neném e eu ficamos de boca aberta olhando para aquela situação inusitada. Foi ela quem quebrou o silêncio: “tem nada, não, antes da inauguração eles mandam botar outra”. E não mais se falou neste assunto. Reconheço que no Juazeiro do meu tempo, eu fui um moleque que aproveitou bastante o encanto e uma certa pureza nos bandos que se formavam, entre gente da vizinhança e de outras ruas. Mas, principalmente da Rua São José, pois tinha o olhar vigilante de Dona Neném Soares que a tudo espreitava nos passos dos netos. Então, não íamos longe, ou às vezes íamos longe demais. Convivendo com os colegas, em inúmeras brincadeiras pela Rua São José, becos e praças de Juazeiro, nem sempre as coisas corriam bem. Às vezes era necessário medir forças. E era como diz minha irmã: “Brincava de briga-de-galo com os colegas e como era muito magro ficava todo machucado”. Nunca me tiraram sangue, essa é que é a verdade, mas muitas vezes sai com fortes dores. Físicas e morais. Com o tempo eu fui vendo que aquilo não era vida. Eu não ganhava uma só, e fui me moldando aos favoritos que, como galos daqueles terreiros, não aceitavam perder nenhuma. Então, eu não tomava partido nas dores de ninguém, a não ser que a coisa fosse muito grave. Por exemplo, já não me mexia para defender a honra da mãe de quem quer que fosse, pois a provocação vinha sempre num “filho da puta” sonoro e irresponsável. Tínhamos os locais prediletos, como os banhos no Salgadinho, para os lados da Boca das Cobras, as peladas de futebol no Bosque, os passeios nos engenhos da Rua da Matriz, ou do Salgadinho. As traquinices eram tantas que para relatá-las, nem há tanto papel para tal, e muito menos gente com paciência para lê-las. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 16.01.2017)
BOM DIA! Por Renato Casimiro
Deve haver uma boa explicação. Penso que há. Só assim saberemos, se é que interessa, porque as crianças gostam tanto de quintais. Ou, pelo menos, gostavam. As cidades cresceram, muitas casas cederam à construção de prédios de apartamentos, veio a televisão, e os quintais foram drástica e quase definitivamente substituídos por outros encantos. É a vida, Quem sabe, seja esta apenas uma lembrança poética (galos, noites e quintais...). Talvez porque os quintais de antigamente reuniam elementos muito expressivos do mundo lúdico da infância. Quintais, haviam – sim, senhor. Com imensos espaços a chão batido. Não havia esta de grama ou cimento. Este estado de coisas era motivo sério de advertência da nossa empregada Dina: “Não vá para lá neste solzão. De noite vai estar ruim da garganta”. E era profético. Tanto mais repetisse, tanto mais se ia para as dolorosas intervenções: em casa – embrocação com violeta de genciana, azul de metileno, tintura de iodo ou coisa assim; no ambulatório da Farmácia Belém, ou no de Dona Dade Magalhães – injeção de angino-bismuto. Ah, como doía. Ainda há destas coisas tenebrosas ? Há outros, como não há mais quintais. O espaço urbano se tornou caro e o delicioso, e doméstico jardim de infância cedeu lugar a outras demandas. Falo-lhes do meu quintal da nossa casa na Rua São José, 484, e de tantos outros por onde cumpria viagem itinerante aos sonhos de uma infância festiva e buliçosa. O de lá de casa era de bom tamanho. Havia uma parte coberta que me servia de oficina. Nela se guardava carvão para a cozinha, e os troços velhos encostados da mobília. Lembro de ai ter os restos do meu carrinho de bebê que me levava a passeio pela praça, de meu primeiro velocípede e sucatas, com as quais fazia, com prego, martelo, serrote e madeiras, os exercícios da criatividade. Fazia aviões, carrinhos, patinetes, brinquedos que me traziam na alma a sensação de uma conquista magnífica. Já não era tão dependente de uns poucos brinquedos que custavam muito caro às parcas economias da família. Era o meu ócio criativo, antecipado, perdido no tempo de uma felicidade invejável. No fundo havia banheiro e sanitário, além da cacimba dividida com a casa de minha avó. Era daquele tipo de cacimba tão peculiar pelos sertões, onde um muro dividia a boca do poço para duas casas. De plantas só tínhamos a romã, velho bálsamo para as gargantas infectadas. As cascas, a Dina guardava paciente e zelosamente para os chás e lambedores necessários. Os frutinhos vermelhos eu os degustava como se fossem coisas preciosas para um paladar mais exigente. O quintal se limitava à direita com a velha casa de Dona Maria Muniz, depois reformada pelo proprietário Ângelo de Almeida e agora a morada de Socorro e Geraldo Militão. Depois viria a primeira filha, a Jeny. Que saudade ! Ao fundo, as casas do prof. Elias Rodrigues Sobral. E na esquerda e parte do fundo, a casa de minha avó Dona Nenén Soares, em cujo quintal não se brincava, pois era muito “organizado”, e as minhas tias estavam sempre vigilantes. De nosso quintal, facilmente eu podia alcançar os telhados, escalando os muros em determinados lugares onde a subida era facilitada. Daí podia bater um papo com Evilásio e Yony Rodrigues, sempre surpresos com aquela invasão de privacidade. À tardinha, nos tempos em que frutificavam as parreiras (havia, sim) eu poderia ousar e apanhar alguns frutos, tão exóticos para este lugar do Juazeiro. No muro da vovó era grito certo: Você não me escapa, seu moleque ! Mas, este mundo diverso dos quintais era fantasticamente ampliado, quanto mais se gozasse de privilégios para entrar e sair de tantos outros. Havia os quintais das oficinas, onde encontrávamos peças sucateadas de carros em consertos. Havia o quintal da casa de Dr. Feitosa, o então prefeito. E como já referi, anteriormente, este, sim, imenso e cheio de atrativos indescritíveis. Ai tínhamos um verdadeiro mini zoológico ao nosso alcance, com aves, pássaros, cobras, onça, gato maracajá, anta, macacos, tartarugas, etc. Com duas áreas amplas de quintal, uma pela Rua São José, e outra pela Rua Santa Luzia, com fundo para a Santa Rosa, o terreno era cheio de pés de seriguelas de incrível dulçor. O quintal do Museu da Casa do Pe. Cícero era outra coisa fascinante. Havia uns pés de cajaranas e cajás e vários aquários. Íamos lá acompanhados com os pais ou as tias que se dispunham. Era uma visita muito bem comportada, pois aquele era um quintal de respeito, para se ver e não profanar. Infelizmente o fizeram, modificando-o. Contra a nossa vontade. O quintal da casa de Júlia pegada a casa da família de Maria e Antonio Flor tinha algo diferente: um belíssimo urubú rei que enchia os nossos olhos, enquanto alguém que nos levava, lhe comprava deliciosos doces. Sempre me disseram que aquele urubú-rei fora um presente que alguém dera ao Padre Cícero, e Júlia, como gente da casa do Padre, era a encarregada de criá-lo. O quintal da casa dos meus padrinhos de batismo, Maria Germano e José Magalhães era amplo e bem arrumado, com jardim bem cuidado. Madrinha Germano era dona de casa exemplar. A mesa da copa, em marmorito bem liso era ótimo para os jogos de botão. A caixa d água, num descuido do pessoal de casa, era ótima para se escalar por uma escada de ferro, presa na parede. Daí se viam os telhados do casario por perto, as torres das igrejas e da coluna da hora, em imagens de curiosidade e espanto. O quintal da casa dos nossos compadres Dolores e José Figueiredo descia para os Brejos, por trás do Abrigo dos Velhinhos. Ali eu podia ir ver outro universo de terras nas companhias dos filhos da casa, Francisco Wilson, Cícero Antônio, Lúcia, Maria das Graças... No inverno, terras úmidas pelas cheias do salgadinho, os quintais cediam seus encantos pelas ótimas caminhadas e aventuras para os lados da Boca das Cobras. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 17.01.2017)
BOM DIA! Por Renato Casimiro
Quando cheguei na Rua São José já havia a bodega de Firmino Teixeira, pai de Plácido e Elisio Teixeira, grandes amigos de meu pai. Ela ficava no lado impar da Rua, em frente à Padaria Luzitana, do português Ângelo de Almeida, no cruzamento da Rua São Francisco. Aos olhos de um menino, não havia diferença de uma loja muito sortida, cujo estoque era muito diversificado. Vale a pena ouvir o poema de Jessier Quirino (Parafuso de cabo de serrote: https://www.youtube.com/watch?v=3FCKtFPxGsI). O balcão, de madeira, em forma de L tinha uma parte para serviço de bebidas, principalmente aguardente. Lembro que desse serviço, por derramamento de bebidas tipo conhaque, quinado, “zinebra”, vinho (havia o famoso vinho Leão, e outros) o balcão ficava impregnado daqueles odores. Talvez por isto que, quando em casa, pelos mesmos motivos, estes aromas apareciam, certamente por alguma traquinagem, a nossa empregada Dina logo exclamava: “Isso aqui está com um cheiro de bodega !” No estabelecimento de “Seu” Firmino Teixeira havia uma exposição de peças do estoque que ficavam penduradas desde o teto, caindo sobre o balcão. Era uma casa de variedades. Semelhante àquela do meu primo José Lopes de Oliveira (o “Seu” Oliveira) da Praça. Do sortimento de “Seu” Firmino, minha frequência era para a aquisição de bolas de gude, “enfias”(cadarços) para sapatos (que eu quebrava sempre, talvez com raiva dos primeiros sapatos apertados), peões e carrapetas e, principalmente, as ponteiras, doces tipo mariola e cocadas, querosene para lamparina, aviamentos para roupas, como linhas em carreteis de madeira, fechos, botões e outras necessidades de casa. Mas, penso que desta casa, o mais expressivo era a cera de abelha que estava sobre o balcão, em grandes porções, como, se fossem modeladas em bacias. Havia um tipo clara, amarelada, mas a preferida era uma escura, bem preta. Com a cera ia para a calçada de Audísio Figueiredo (Dona Santinha) para aprender a fazer bonecos. Esta loja foi sucedida, no mesmo local, por outro comerciante, o sr. Albis Sobreira. Depois, no mesmo local, estabeleceu-se meu tio Ananias com um pequeno mercadinho, até que veio a desapropriação da área, pelo Prefeito Manoel Salviano, para o alargamento da Rua São Francisco e a consequente construção do terminal rodoviário interurbano, hoje ai existente. Com este alargamento da via tombaram, igualmente, os prédios da Padaria Luzitana e o das antigas bodegas de “Seu” Rocha e da portuguesa Dona Lucila (irmã de Dona Maria Almeida, esposa de Ângelo de Almeida), que funcionaram na Rua Santa Rosa, esquina de Rua São Francisco. Aí em frente, outrora funcionou também a bodega da família de Jaime Brandão. Outra bodega muito conhecida era a de Catarina que ficava no beco que ligava a Rua Nova (depois Av. Dr. Floro) com a Rua São José. Era um quartinho pequeno que vendia de tudo para as necessidades mais urgentes de uma casa, como aliás era o sortimento das vendas deste tempo. Coisas mais especiais tinham que vir das casas de estivas e cereais (os ditos secos e molhados) da Rua São Pedro, ou de redor do Mercado. Mas, para nós, a grande atração era umas balas de imburana, cuja fórmula ninguém nunca soube ou tentou imitar comercialmente. Não se encontravam noutro lugar. Não era como cocada, branca ou de côco queimado, que se achava em qualquer biboca. Imburana é uma madeira muito conhecida no Juazeiro, ainda hoje, principalmente pelos artesãos que a utilizavam para fazer santos, xilogravuras, carimbos, ex-votos, etc. Fácil de cortar e muito macia, ainda hoje é a preferida. Há variantes de sua nomenclatura, como umburana, ou imburana de cheiro. Se era de partes verdes da planta, ou de infusão de pó de serragem que Catarina usava, não sabemos. O fato é que estas balas tinham um gosto particular, inigualável. Recentemente, numa roda de amigos, perguntei: quem se lembra da bodega de Catarina ? E a associação foi imediata: balas de imburana. Eram pequenas, esféricas, carameladas, bem doces, sem serem enjoadas, que ao serem degustadas se ligavam aos dentes feito um chiclete. Certamente Catarina não usava qualquer recurso extraordinário, a partir mesmo do açúcar, que parecia ser de rapadura. Ao escrever estas linhas, sinto que elas saem doces, da alma e dos sentidos, sentimentos eternos, como as balas de imburana de Catarina. Mas, o assunto não termina por aqui, pois não é possível esquecer outros estabelecimentos como as bodegas de Dona Otília, a mãe de Zuza e de Tetê, de quem ainda falaremos. Não posso esquecer a bodega de Dona Isaura, no cruzamento da São José com a rua Santa Luzia, miudinha, mas que tinha sempre algo que nos satisfazia como o velho pirulito chamado de pirró, com corantes muito vivos, como o vermelho. Inesquecível também era a de dona Afrinha e seu Deca. Dona Afra era irmã de Aureliano e de Zeca, romeiros famosos, filhos de Marcolino. Zeca Marcolino foi homem que fez fortuna no Juazeiro, mas que teve um fim trágico, assassinado por um seu ex-empregado, num hotel em Fortaleza. A bodega de seu Deca era bem sortida, mas além do trivial que nossa casa necessitava, entre açúcar, fósforo e querosene, tinha umas cocadas que o tempo não me permitiu ainda deixar de sentir o seu sabor. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 18.01.2017)
BOM DIA! Por Renato Casimiro
Nos anos 60, as lojas que vendiam presentes, e principalmente brinquedos não eram tantas. Nos primeiros tempos eram pequenos brinquedos que eles adquiriam nas lojas de Rosinha Xavier, de Genésio Matos, do Barbosa, de “Seu” Felipe Neri. A sucata mecânica da Fazenda Carnaúba, de meu avô Antonio Alves Casimiro, em Sousa-PB, despertou minha curiosidade para a construção de meus próprios brinquedos. Nada complicado. A elaboração veio com o tempo, em que os carrinhos tinham que ter feixes de molas, que aprendi a fazer observando a arte de Aécio Germano, artesão fino, de grande elaboração, construindo caminhões de grande porte. Como também fazer a instalação elétrica, usando pilhas, interruptores, fiação e “foquitos” de lanternas, com os quais os carros adquiriam um charme especial, principalmente na hora e fazê-los desfilar pelas calçadas, à noite. No Centro Elétrico, loja fundada por meu pai em 1954, eu usava materiais como madeiras, “haspas” metálicas, pregos, parafusos e madeira à vontade, das embalagens que recebíamos. Contudo, era necessário outras relações com outro mundo, lá fora. Foi ai que descobri as oficinas para completar este artesanato que me fascinou e ainda hoje me encanta, sempre que penso numa terapia que me remeta a aquele período lúdico. Eram, portanto, as carpintarias, as oficinas que de preferência eu procurava, na Rua São José e ao seu redor. Na esquina da Rua Santa Luzia havia uma delas. Sempre ia lá para cortar algumas madeiras. Eu me tornei também um freqüentador de outras duas. Na do meu primo Francisco Gonçalves Casimiro (Chichico), na Rua São Francisco, perto da Escola Técnica de Comércio, pelo menos duas ou três vezes por semana, saindo da Escola Normal Rural, era lá que me sentia mais à vontade. Sobrinho de meu pai, Chichico era uma figura doce e amiga. Foi ele quem me ensinou, pacientemente, a cortar madeira, aplainá-la, usar a serra tico-tico, fazer os furos necessários e com isto executar pequenos trabalhos manuais. Ao mesmo tempo ia à movelaria do outro primo, Cipriano Casimiro de Oliveira, na Rua São Paulo, quase em frente ao estabelecimento de “Seu” Lunga. Também ai gozava do privilégio do primo tão estimado de meu pai. Com seus filhos menores, brincávamos sempre fazendo carrinhos, casas e outros brinquedos. Outro tipo de oficina na Rua São José era a mecânica de automóveis. Em frente a nossa casa funcionavam duas. Vizinho à casa do Cel. Fausto Guimarães, que era uma garagem do Sr. José Monteiro de Macedo, ai funcionava uma oficina de Zé de Siri – assim chamávamos esse senhor que numa certa época era motorista de praça. Ele era irmão de “seu” Siri, que tinha a outra garagem. Aliás, no quarteirão lado impar, havia cinco garagens: duas de José Monteiro, duas de Ângelo de Almeida e esta do “seu” Siri. Quando ele encerrou o negócio, meu pai adquiriu o imóvel e a garagem foi reformada para nos servir. Depois, meu pai a vendeu ao Sr. Fabião, então gerente das Casas Daher, e hoje é parte de sua residência. Nestas oficinas, eu ficava horas olhando aquele movimento de monta/desmonta veículos. Dali sempre ganhava peças velhas como velas, platinados, rolamentos para fazer patinetes, aros para fazer rodas com as quais empurrávamos com uma haste de arame, sem falar em restos de câmaras de ar para fazer baladeiras. Tinha a paciência para ver o trabalho meticuloso de calibração de válvulas, e o ajuste de queima de combustível na regulação dos carburadores. Outro tipo de oficina era a de calçados. Havia uma que funcionava no quintal da casa dos tios Silvanir e Ananias Araújo. Como era da família, freqüentemente ia por lá e ficava sentado junto aos operários, principalmente o Deca, que me era simpático. Sempre apanhava um resto de aparas de couro para fazer baladeiras que me serviam para os passeios nos fins de semana, pelas Malvas, pelo Horto, pela Boca das Cobras, ou nos Coqueiros de Damiãozinho, na Lagoa Seca, ou na Timbaúba. Havia uma outra oficina, onde hoje deve ser a casa de Raimundo Araújo. Ali eu freqüentava pela curiosidade de ver um senhor, que não lembro o nome, e que fazia rádio-galena. Não era apenas o suporte para o mineral, com uma agulha que pacientemente se procurava encaixar para a sintonia da emissora. Fazia parte deste artesanato a feitura de alto-falantes e de fones de ouvidos. Ele era muito atencioso e nos deixava ficar ouvindo aquilo por alguns minutos, até mesmo em várias ocasiões que lá ia. Às vezes ouvíamos estórias de como se fazia aquele “milagre”. Ele fantasiava um pouco para não contar o “segredo”, como a fórmula dos ingredientes do fone, contendo cocô, seco e pisado, de uma certa galinha de sua propriedade, misturado com carvão, além de um imã, que não era fácil de encontrar. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 19.01.2017)
BOM DIA! Por Renato Casimiro
Da Rua São José, ou circulando por ela, era possível no seu dia-a-dia encontrar um desses malucos de rua, com os quais, ou até temendo, a meninada muito se divertia. Eu penso que eles eram parte da nossa alegria cotidiana, pelo inusitado, bizarro e surpreendente modo de nos trazerem a uma realidade que ainda não conhecíamos. Quando se falava, por exemplo, de hospícios, de asilos, ou uma casa qualquer para o tratamento desta gente, se falava de algo distante, noutro mundo. Daí porque parecia mesmo a rua o único e derradeiro abrigo desta gente, freqüentemente desvalida. Mesmo que tivessem endereço fixo, perambulavam pelas ruas. Lembro bem que quase à nossa vizinhança havia o Tetê, a minha primeira notícia viva de um drogado irrecuperável. Um maluco que consumia maconha e se consumia com álcool e outras mazelas. Seu nome era Adonias, filho de Dona Otília, uma viúva que tinha uma bodega na Rua, no cruzamento da Cruzeiro. Na família outros filhos com problemas mentais e uma filha, particularmente, algumas vezes vimos acorrentada, em frente a nossa casa, parcialmente livre do cativeiro. De Tetê havia muitas notícias, sempre. Talvez a mais comum fosse a das suas inúmeras prisões no quartel da cidade, ainda na esquina da São Luiz com São Pedro. Numa destas, um inquérito de praxe, pois ele havia sido pego com um pacote de maconha. À indagação de onde obtivera aquela erva, o maluco saiu com esta beleza de afirmação: - “Seu delega”, eu ganhei essa erva numa rifa.” Passados os anos, Tetê transitara para outras drogas, especialmente a cola de sapateiro, de violentos efeitos. Transferido para tratamento de saúde, em Fortaleza, Tetê aí faleceu. Quase em frente a nossa casa havia a residência dos irmãos Guimarães, várias mulheres e o Evangelista, o único dos homens aí residente. “Lista” era sacristão nos tempos do vigário Zé de Lima. No tempo em que tudo era em latim. Várias vezes eu fiquei perto do Lista para perceber como ele pronunciava aquele formulário litúrgico, principalmente quando já achava que, aluno do Ginásio Salesiano, cursando Latim, alguma coisa poderia entender das respostas do sacristão. Ledo engano. Era uma enrolada só, com a complacência do pároco. Enquanto estava no altar, ajudando a celebrar a missa, ficava fazendo caretas e dando língua para os assistentes. Dizíamos, fazia mungangas. Posso ainda traçar-lhe uma pincelada de sua fisionomia: altura mediana, cabeça arredondada, entradas de calvície, com cabelo bem aparado na máquina, calças frouxas, camisa sempre branca e um surrado paletó, além de alpargatas de rabicho, das pesadas. Quase sempre, me parecia, carregava um missal ou um livro qualquer. Sempre que aparecia a gurizada ficava ao seu redor e aí se deliciava e a nós também, com brincadeira que apelavam para alguma agilidade nas mãos, ou umas “mágicas” de improviso. Algumas vezes o vi em crise, exaltado, desesperado, sendo acudido pelas irmãs, principalmente Dona Paz e Dona Mercedes, que tinham pulso para contê-lo. Numa única vez entrou em nossa casa exaltado e encontrou minha mãe costurando. Apanhou a tesoura e minha mãe ficou angustiadíssima para lhe tomar das mãos, temendo que partisse para uma agressão. Felizmente nada houve a lamentar. Com as crianças era dócil e brincalhão, jamais tendo cometido qualquer grosseria. Mas, não fossem estas as presenças mais próximas, era para se ter o trânsito freqüente de tantos outros que ainda podemos falar com uma certa saudade. Por exemplo, o João Remexe Bucho, há pouco falecido. Baixinho, moreno, de falar baixinho, carregando sempre um monte de papelão, e a pedir esmolas “pra mãe”. Dele, por todos estes materiais de embalagens coletadas no comércio local, falávamos que estava construindo algumas fábricas: uma para desentortar banana, outra para engarrafar fumaça, e outras mais, nesse tom de brincadeira. O João fazia disto, podia contorcer o baixo ventre com tal habilidade que daí veio, prontamente, o apelido por toda a vida. Toda semana João transitava pela Rua São José, procurando por papelão e papeis, mas também pelo sustento que ele prometia levar “pra mãe”. Outro maluco, beleza, que transitava pela Rua São José era o Joaquim Gomes Menezes. Conheci o “Príncipe Ribamar” na casa de meus padrinhos Maria Germano e Zé Magalhães. Ribamar tinha feito para eles duas espreguiçadeiras de ótima qualidade, pois antes mesmo de ser este maluco, beleza, era um artista na madeira, e assim também reconhecido. Mas, penso comigo que seu estado mental foi se agravando a ponto de ter abandonado as artes e os ofícios para se dedicar a este seu mundo de fantasias, com o qual se imaginava um príncipe, um fidalgo, refletido na postura quase marcial de seu andar, vestido em traje militar, com quepe, armas e condecorações. Convenceram o Ribamar que ele era Príncipe, e “sagraram-no” em cerimônia com toda a pompa e circunstância. E assim ficou. Deram-lhe um “reino”, o da Beira Fresca, tomado de empréstimo da conhecida sorveteria da Rua Santa Luzia. Davam-lhe pelas ruas notícias de muito dinheiro, outras fortunas, felicidades e um casamento com certa princesa Gioconda. E havia outros tantos, como o Nena, que era um lavador de carros na praça. Mas, um prestador de serviço muito disposto. Havia o Doca, “do oião”, olhos esbugalhados, a repetir o refrão impenitente: “meu padrinho é o dono do lugar.” E tinha a Adélia, de quem já falei noutra oportunidade, era uma preta simpaticíssima, que servia às casas de minha tia Silvanir e de Dona Neném, minha avó, fazendo faxina. Tinha um defeito, como relatei, a um descuido nosso, tomava “porres” com os perfumes da casa, até se embriagar e cair ao chão. Era a fama. Noutro dia, recolhido ao silêncio de velhos guardados, em fotografias preciosas, eu pude perceber quanto Daniel Walker e eu tivemos a felicidade de ajuntar todos estes flagrantes dos malucos de nossa infância, perpetuados em imagens inesquecíveis. Esta é uma coisa fascinante que qualquer dia destes vamos mostrar a todos, como fazíamos, anos atrás, ao entusiasmo da fundação do Arquivo Fotográfico de Juazeiro e das Exposições com as quais lotávamos o Edifício Dom Pires. Bons tempos para este menino, também maluco... pela Rua São José. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 20.01.2017)
BOM DIA! Por Renato Casimiro
Fecho os olhos. E como por encanto, revejo cenas e me lembro da principal roda de calçada que havia na Rua São José, em frente ao número 478, ainda hoje o marco principal de nossa família. Não é que fosse a maior, ou a mais festiva. Mas, pelo menos para mim, era a mais marcante, e da qual eu participava rotineiramente. Minha avó, Dona Neném Soares, já pelo meio da tarde se ocupara da hora santa de guarda, com a qual a sua confraria participara do ofício religioso no Dispensário de Jesus Crucificado, no começo da Rua. Depois, no início da noite estava bem arrumada, cabelo impecavelmente penteado, arrematado por trás num charmoso cocó que só ela sabia fazer. Já dera uma averiguada na redondeza, passando lá por casa. E à nossa oferta, já sentados à mesa, de “vamos jantar, vó?”, ela respondia prontamente: “já tomei a minha papinha, estou satisfeita, e vou para a calçada”. E ia para a cena da roda, na sua calçada, como se presidisse um grande evento. E eu acho que era. Dona Neném nos ensejou um sentimento profundo de respeito à família. E, acima de tudo a roda na calçada era uma reunião de família. Sentada numa cadeira de braços, feita de cipós, ao seu redor sentavam os netos que aparecessem. Este ritual dos netos era tão especial que Irapuan Pimentel, casado com a minha tia Etercília, no seu soneto Cromo III, do seu livro póstumo - Cantares, (Ed. ICVC, 1998), assim se refere: “Quando penso que estou só,/”Bença, papai!” – diz a Céli, “Eu vou p´ra casa de Vó...” Era a menção de sua filha Eugênia Céli, saindo para a roda da calçada da Rua São José. Desta reunião quase diária, participavam as filhas, solteiras, Dosanjos, Zuleica e Maria. De vez em quando tínhamos a imensa alegria de hospedar os que ainda cedo se bandearam para São Paulo, como os de José e Angélica, Ivaniza e José Elias, Zuza (Maria José) e Cândido, e Nane (Sizenando) e Altina. Ou eles próprios, ou seus filhos, ou seus netos. Junte-se a isto tudo, os passantes mais interessados, no que iam se revezando, noite a dentro, todos fiéis a uma prosa com a senhora dona da casa, de larga estima. Disto, tínhamos apenas que aguardar um pouco, pois a conversa rolava, sobretudo entre as “comadres”. Não é que fossem conversas agradáveis aos moleques, mas era um saudável hábito que não queríamos ver interrompido. O motivo era imediato. Logo mais começariam a desfilar os vendedores de guloseimas, com seus pregões tão característicos e reconhecíveis à distância. Vinham com balaios, cestas, tabuleiros e coisas assim, apinhados do que vender pela rua. Ai vinha pipoca, no carrinho fumegante e exalando ótimos odores, ou eram as “donas Marias” com bandejas de pé-de-moleque e cocadas ou tabuleiros de alfenim, e quebra-queixo, além dos cestos com laranjas, tangerinas, pitomba, seriguela e roletes de cana, sem falar em amendoim torradinho, rosário de côco e castanha de caju. Talvez tivesse mais coisas, nem lembraria tudo. Vendiam aos pacotinhos, às porções, “os mercados”, como se dizia. Em noite que isto não acontecia, esse desfile supimpa de gastronomia petisqueira tão interiorana, por uma desgraça que fosse, Dona Neném não nos deixava insatisfeitos. Puxava uns trocados do bolso do casaco, nos dava e íamos felizes da vida em revoada à feirinha da Rua São Pedro, esquina de Rua Conceição, a uns duzentos metros dali, onde podíamos comprar de tudo um pouco, o que nos dava água na boca. Havia noite que tínhamos, obrigatoriamente, de ter destas coisas, pois o vigário da freguesia, Mons. José Alves de Lima, retornando do ofício religioso na Capela do Socorro, parava por ali para uma conversinha com Dona Neném, dedicada zeladora do Apostolado da Oração – uma das coisas sagradas do Juazeiro, pois fundado pelo Pe. Cícero. E era preciso agradar o “seu” vigário com qualquer coisa. Às vezes, era na calçada, mesmo, com estas coisas do mercado ambulante pela Rua São José. De outro modo, e certamente mais preferido pelo visitante, o jeito era ir recebê-lo na sala de jantar, ou com um bom doce dos tachos da tia Etercília, geleia de goiaba ou doce de buriti, ou com um ótimo bolo fofo, tipo Souza Leão, do acertado receituário da tia Silvanir. Tudo isso regado com um bom refresco, de plantão. Ai a prosa se transferia da calçada, para dentro de casa, pois o vigário já havia cumprido sua desobriga e até poderia voltar para a casa paroquial um pouco mais tarde, desde que as luzes da cidade não se apagassem. Pelas nove da noite vinha o sinal do “motor” da luz. O fornecimento era por conta da Prefeitura, e o gerador ficava ao lado do mercado. Por uns instantes as luzes apagavam e acendiam. Era a hora de correr para os candeeiros e acendê-los, pois daí a pouco faltaria energia elétrica, até o dia seguinte. Caso não houvesse querosene para as lamparinas, era a última chance de ir até as bodegas por perto, como a de “seu” Deca (e dona Afrinha), a de “seu” Firmino Teixeira (depois “seu” Álbis Sobreira), ou a de “seu” Rocha. Neste cenário, a roda se desfazia e a família se recolhia para um sono tranquilo e reparador. As rodas de calçadas, mesmo que discretamente, continuam a existir. Não como antigamente. Talvez persista um pouco do velho espírito da reunião que perpetuava na via pública um pouco do espaço privado da casa. Sem cerimônia se tomava toda a calçada, obrigando os transeuntes a trafegar pelo calçamento, sem apelação. Interessante é observar que esta era uma prerrogativa da roda. Moleque que se atrevesse a tomar a calçada, impedindo o ir e vir dos populares, tinha que amargar uma reprimenda da família (Donde já se viu uma coisa desta?, diziam). E, principalmente, se fosse para jogos como a “macaca”, ou de castanha. Na roda se falava de tudo, inclusive da vida alheia, coisa que ao nosso tempo tinha a repreensão imediata de Dona Neném. Mas não se deixava de falar dos fatos do dia, da política daqueles tempos de Gogó e Carrapato, das notícias dos parentes que chegavam pelo correio, e os poucos fatos interessantes que ouvíamos pelo rádio que tínhamos acionado por bateria de automóvel. Percorrendo ainda hoje, numa noite qualquer, as rodas na Rua São José, observamos que elas desafiam a modernidade, onde de tudo se espanta, principalmente pela violência urbana. E continuam a existir, pelo menos para minha família, como os hábitos de minhas tias e primas, e da minha irmã, como nas noites quentes, em que Dona Neném, já naquela época recomendava aguardar o “Aracati”, o gostoso bafejo dos ventos que vinham do litoral, e que pelo meio da noite chegava ao Cariri. Para se proteger desta aragem, minha avó vestia, principalmente nos meses mais frios, um casaco quente e longo. Vendo as horas passar, nós perguntávamos: vó, e o Aracati demora a chegar? E ela, bonachona, olhando pró Joaquim – nosso primo, caladão num canto da roda: a essa hora deve estar passando no Iguatu, a caminho do Cedro... E dava uma gargalhada, que eu só fui entender anos depois... Se morria alguém, como foi o caso do João, filho do “seu” Zé Pedro, que morava quase na esquina da Rua Conceição, havia o velório sempre muito emocionado. E a casa em claro tinha a identificação de uma faixa de pano preto numa das portas. Quando o velório varava a noite, as rodas se recolhiam e um silêncio respeitoso se fazia. As pessoas que iam e vinham externavam os seus sentimentos. Não raras vezes as lágrimas davam o tom da comoção. A morte nos metia medo. Nestas noites mais nos afastávamos da casa do velho José Pedro da Silva, sempre mal iluminada, principalmente junto a casa da vovó. Neste escuro, acreditávamos que uma alma penada se escondia, ou perambulava por ali. Naquela noite, na roda, não havia brincadeira, não se corria pela rua, nem tampouco se gritava, e de nada se comia. Era como se estas coisas profanassem aquele clima de recolhimento que marcavam a nossa solidariedade cristã. Era para se guardar, pelo resto das nossas vidas, estas sábias lições de Dona Neném. Amém. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 21.01.2017)
COINCISA
O Congresso Internacional de Ciências da Saúde no Cariri – COINCISA visa trazer para a região uma proposta diferenciada de cursos e palestras, no intuito de promover conhecimento, atualização e informações aos participantes, para que os mesmos possam ter seu diferencial no âmbito profissional e acadêmico. Além disso, há o apoio à integração e ao trabalho multidisciplinar entre as áreas da saúde, proporcionando sempre o melhor resultado aos que necessitam destas ciências. O COINCISA contará com excelentes professores, de diferentes países, reunidos neste Congresso Internacional para garantir o perfeito aproveitamento de cada curso, com altos níveis de formação e experiência nas áreas de Fisioterapia, Educação Física, Nutrição e Medicina Desportiva. Veja alguns nomes: Profª. Ms. Adriana Bombonato, Prof. MS. Barroso Lima, Prof. Esp. Diogo Ramos, Profª. Ms. Gardênia Mª Martins de Ol, Prof. Esp. Geraldo Filho, Prof. Esp. Helder Licarião, Prof. Ms Jaime Milheiro, Prof. Esp. Jeferson Beck, Prof. Esp. João de Ornelas Carvalho, Prof. Dr. José Fernandes Filho, Prof. Esp. José Gonçalves, Prof. Dr. José Vilaça Alves, Profª. Ms. Lara Belmudes Bottcher, Prof. Esp. Leandro Matos, Prof. Lindimar Leite Cunha Junior, Prof. Dra. Miriam Aracely Anaya Loyo, Profª Ms. Patricia Correia, Prof. Esp. Paulo César de Mendonça, Prof. Dr. Paulo Eduardo Carnaval, Profª. Ms. Sávia Maria da Paz Oliveira, Profa Dra. Sônia Bordin, prof. Esp. Tiago Almeida, e outros. O evento acontecerá entre os dias 20 e 23 de Abril DE 2017, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, Campus Juazeiro do Norte, situado na Av. Plácido Aderaldo Castelo, 1646, Planalto. Abertura se dará com uma palestra motivacional a ser proferida por Mário Yamasaki. (Aberto para praticantes de artes marciais). O palestrante, Com mais de 18 anos de profissão, além do UFC, arbitrou em outros campeonatos, como: WEC (World Extreme Cagefighting), Pride e Strikeforce. Um dos mais respeitados árbitros do UFC (Ultimate Fight Championship). Primeiro brasileiro nesta função. É um dos principais árbitros de MMA (Mixed Martial Arts) do mundo. Com mais de 400 lutas em seu cartel, como: Anderson Silva x Vitor Belfort, José Aldo x Chad Mendes, Lyoto Machida x Rashad Evans, Brock Lesnar x Randy Couture, BJ Penn x Sean Sherk, Chuck Lidell x Titio Ortiz, Matt Hughes x Frank Trigg, Renan Barão x Urijah Faber. Além de árbitro oficial do UFC, é dono de uma rede de 13 academias nos Estados Unidos, onde atua como instrutor-chefe. Ministra curso para formação de novos árbitros no Brasil e nos EUA além de palestras por todo o país. Informações completas através do site: http://www.coincisa2017.com.br
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
MOSTRA 21
Prossegue no SESC-Cariri (Juazeiro do Norte e Crato) e também com exibições em Barbalha, a Mostra 21. A promoção é apoiada pelo CCBNB e pela UFCA. Essa versão 2017 traz como temática “O ABSURDO NOS UNE, NOS MOVE”. Iniciada em 09.01 ela será finalizada no dia 29 próximo, sob a curadoria de Elvis Pinheiro com o apoio do Grupo de Estudos SÉTIMA de Cinema. Deverão ser exibidos 45 filmes (animações, clássicos, filmes para crianças, filmes brasileiros, etc.) Vejamos o que está programado para os dias restantes dessa Mostra que é um dos maiores eventos culturais no Cariri.
22/01 (dom), 14h, no Sesc Crato: Spring Breakers - Garotas Perigosas (Spring Breakers, Direção: Harmony Corine, EUA, 2012, 94min). Quatro estudantes universitárias assaltam um restaurante a fim de financiar suas férias de primavera e acabam presas.
22/01 (dom), 16h, no Sesc Crato: O Cheiro da Gente (The smell of us, Direção: Larry Clark, França, 2015, 92min). O fotógrafo e artista Larry Clark acompanha momentos da vida de um grupo de seis jovens parisienses, seus encontros entre o Museu de Arte Moderna e o Palais de Tokyo e suas festas repletas de sexo, drogas e rock‘n’roll.
22/01 (dom), 19h, no Sesc Crato: Julieta (Julieta, Dir. Pedro Almodóvar, Espanha, 2016, 99min). A trama acompanha um intervalo de 30 anos da vida da protagonista Julieta, começando em 1985, quando tudo parecia ser muito melhor do que no presente, e depois indo para 2015, quando tudo parece sem conserto e ela está à beira da loucura.
23/01 (seg), 14h, no Sesc Juazeiro: O Sonho de Wajda (Wadjda, Dir. Haifaa Al-Mansour, Alemanha/Arábia Saudita, 2012, 98min). Wadjda é uma menina de 12 anos que mora no subúrbio de Riade, capital da Arábia Saudita. Embora ela viva em uma cultura conservadora, é uma garota cheia de vida, que usa calça jeans, tênis, escuta rock-n'-roll e deseja apenas uma coisa: comprar uma bicicleta e disputar uma corrida com seu melhor amigo Abdallah.
23/01 (seg), 19h, no Sesc Crato: Casa Grande (Casa Grande, Dir. Fellipe Barbosa, Brasil, 2014, 115min). Jean é um adolescente rico que luta para escapar da superproteção dos pais, secretamente falidos. Quando o motorista de longa data é demitido, Jean tem a tão sonhada chance de pegar o ônibus público pela primeira vez.
24/01 (ter), 14h, no Sesc Juazeiro: Eles Voltam (Eles voltam, Dir. Marcelo Lordello, Brasil, 2012, 105min). Cris, de 12 anos, e seu irmão mais velho são deixados na beira da estrada por seus pais. Em pouco tempo percebem que o castigo vem a se tornar um desafio ainda maior.
24/01 (ter), 19h, no Sesc Crato: O Batismo (Chrzest, Dir. Marcin Wrona, Polônia, 2010, 86min). Varsóvia, Polônia. Após deixar o mundo do crime, Michal consegue recomeçar do zero e levar uma vida honesta.
25/01 (qua), 14h, no Sesc Juazeiro: O Cinema Francês em Pauta: Sobre a Obra Cinematográfica de François Ozon (Estudo de Émerson Cardoso). Estudo teórico-crítico sobre o cinema francês a partir da obra realizada por François Ozon. Explanação de características relativas à obra cinematográfica de longa metragem com ênfase na categoria do diretor e da personagem à luz da concepção empreendida por François Ozon em sua filmografia.
25/01 (qua), 19h, no Sesc Juazeiro: A Bruxa (The witch, Dir. Robert Eggers, Canadá/EUA/Reino Unido, 2015, 92min). Nova Inglaterra, anos 1630. William e Katherine levam uma vida cristã com suas cinco crianças, morando à beira de um deserto intransitável.
26/01 (qui), 14h, no Sesc Juazeiro: Ave, César! (Hail, Caesar!, Dir. Ethan e Joel Coen, EUA/Reino Unido, 2016, 106min). O responsável por proteger as estrelas do estúdio Capitol Pictures de escândalos e polêmicas e vive um dia intenso quando Baird Whitlock, astro da superprodução Hail, Caesar!, é sequestrado no meio das filmagens por uma organização chamada “Futuro”.
26/01 (qui), 19h, no Sesc Crato: Sudoeste (Sudoeste, Dir. Eduardo Nunes, Brasil, 2012, 100min). Numa vila isolada do litoral brasileiro onde tudo parece imóvel, Clarice percebe a sua vida durante um único dia, em descompasso com as pessoas que ela encontra e que apenas vivem aquele dia como outro qualquer.
27/01 (sex), 14h, em Barbalha: Miss Violence (Miss Violence, Dir. Alexandros Avranas, Grécia, 2013, 99min). No dia de seu aniversário de 11 anos, Angeliki pula da sacada e morre com um sorriso no rosto.
27/01 (sex), 19h, no Sesc Juazeiro: Monstros (Freaks, Dir. Tod Browning, EUA, 1932, 64min). Em um circo de atrações bizarras, a linda trapezista Cleopatra é cortejada pelo anão Hans, mas o rejeita até descobrir que este herdou uma fortuna.
28/01 (sáb), 13h, 15h, no CCBNB Cariri: Sessões encobertas 1 e 2: apenas na hora da exibição o filme será revelado.
28/01 (sáb), 17h30, no CCBNB Cariri: Anomalisa (Anomalisa, Dir. Charlie Kaufman/Duke Johnson, EUA, 2015, 90min). Um palestrante motivacional que se vê aterrorizado com o vazio de sua vida.
29/01 (dom), 14h, no Sesc Crato: Girimunho (Girimunho, Dir. Clarissa Campolina/Helvécio Marins Jr., Brasil, 2011, 90min). A trama gira em torno da vida de dona Bastu que, após a morte de seu marido, o ferreiro Feliciano, tenta perceber nos pequenos sinais do dia a dia e em suas lembranças os elementos que irão ajudá-la nesta passagem.
29/01 (dom), 16h, no Sesc Crato: Caminho Para o Nada (Road to Nowhere, Dir. Monte Hellman, EUA, 2010, 121min). Um cineasta se vê arrastado para uma complexa teia de intrigas o assombrando e fica obcecado com uma mulher, um crime e com o seu passado.
29/01 (dom), 19h, no Sesc Crato: Nós Somos as Melhores (Vi är bäst!, Dir. Lukas Moodysson, Suécia, 2013, 102min). 1982, Estocolmo, Suécia. Bobo, Kiara e Hedvig são garotas entre 12 e 13 anos que vagam pelas ruas da cidade.
PRIMEIRA EDIÇÃO: VIVER BEM CARIRI
Já está circulando uma nova revista para servir ao Cariri. Trata-se da Viver Bem Cariri. Buscando sempre atender as necessidades do mercado, a Editora Charm (que já edita a Revista Charm) lançou uma publicação com periodicidade trimestral voltada para o segmento específico em medicina, saúde, bem estar, nutrição e fitness. O Editorial dessa publicação abrange todos os interesses por informações de como se ter uma vida saudável. A Revista Viver Bem Cariri terá formatos para leitura como versão impressa, digital, aplicativos mobile, e site que irão atender aos leitores em qualquer hora e lugar. Para lê-la, em versão digital, consulte: https://issuu.com/marciobuiu/docs/viver_bem_issu
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