sábado, 11 de novembro de 2017


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OS MÉDICOS DA TURMA DE FLORO (III)
O médico José Carneiro D’Albuquerque nascido em Recife no dia 22 de novembro de 1879, foi sob muitos aspectos o grande precursor da oftalmologia em Alagoas. Formado em Medicina pela faculdade da Bahia no ano de 1904, casou-se com Donina de Vasconcelos Calheiros, alagoana de Marechal Deodoro, formada em Farmácia também na Bahia. Logo após a formatura José Carneiro veio para Maceió, onde abriu um consultório de oftalmologia na antiga Farmácia Brasil, situada à rua Senador Mendonça, nas proximidades da Igreja do Livramento, onde sua esposa também exercia a profissão de farmacêutica. Mercê de suas aptidões profissionais, dominou e exerceu diversas atividades médicas, da clínica geral à cirurgia, na Santa Casa de Misericórdia de Maceió e na casa de Saúde Dr. Neves Pinto, sendo considerado o introdutor da medicina científica no estado de Alagoas. Ao lado do saudoso Sampaio Marques (clínico geral e obstetra), formaram a dupla de maior expressão da medicina alagoana nas décadas de 1920 à 1950. Atuando como médico da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, José Carneiro construiu o Pavilhão Domingos Leite, que pode ser considerado como a Matriz da cirurgia alagoana, dentro do maior rigor científico e das limitações financeiras da época. Foi ele que adquiriu a primeira mesa cirúrgica que veio para Alagoas, de fabricação suíça e da marca “ Leusinger”, instalada no Pavilhão Domingos Leite e que hoje se encontra integrada ao acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. José Carneiro revolucionou a medicina alagoana, e em sua homenagem, o Hospital de Doenças Tropicais recebeu sua denominação. Exerceu o cargo de Prefeito interino de Maceió, administrando o município com visão voltada para o bem-estar social, sendo de sua responsabilidade a criação do primeiro ambulatório infantil descentralizado, edificado na praça do Rex, e que após a sua morte também recebeu seu nome. Do casamento com Donina, nasceu em 1945, Anna Carmelita Carneiro, que se casou anos depois com o médico José Motta Carnaúba. Obcecado pelo estudo, José Carneiro foi um dos médicos da sua geração que mais cientificamente progrediu, principalmente na época em que pontificada a cirurgia de motivação, sem muitos recursos técnicos a serem aplicados em favor do paciente e no desenvolvimento das pesquisas. E embora sendo clínico geral, foi quem mais atuou nos casos oftalmológicos ao longo da década de 1920, conforme relata seu contemporâneo Manoel Moura Rezende Filho. José Carneiro foi ainda orientador profissional de vários médicos que fizeram sucesso em suas carreiras, desde o seu genro José Carnaúba, ao Dr. Ib Gatto Falcão, testemunhas de uma vida dedicada à família, ao saber, à ciência e ao Bem-estar da sociedade.

LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XIV)
Agora sabemos que sobre esse ilustrado cidadão juazeirense, não seria difícil perfila-lo, traçando-lhe biografia substanciosa. Ignorante continuará sendo a sua “terra”, pelos poderes constituídos e pela omissão de tantos que ainda não insistiram publicamente para lhe tributar uma homenagem sincera, das mais merecidas. Esse é um propósito desses textos. Garimpando datas e fatos de sua valiosa existência, auxiliado pela eficiência da rede mundial de computadores, também é possível ir compondo essa história com um pouco de Lourival Marques, por exemplo, por ele mesmo, em declarações à imprensa do Rio de Janeiro, em setembro de 1954. Vejamos. “Nasci, Lourival Marques de Melo, em cinco de novembro de 1915; Na cerimônia do Crisma fui apadrinhado por Padre Cícero Romão Baptista. Em 1924, aos nove anos de idade, a conselho de meu pai, Sebastião Marques dos Santos, saí pelo mundo (“lugar de homem é lá fora”), vendendo e barganhando quinquilharias, para conhecer a vida; Em 1931 era compositor, linotipista, paginador, revisor, redator e vendedor do jornal “A Cidade do Pilar”, de Alagoas, onde aprendi a conhecer os mistérios do jornal; Em 1932, era secretário, “ponto” e ator de “mambembe”, excursionando pelo interior, interpretando um dos principais papéis da peça “Deus e a Natureza”, hoje “tiro” seguro de Vicente Celestino durante a Semana Santa; Em 1934 estava em Juazeiro quando da morte do Padre Cícero e escrevi uma carta a um amigo, tabelião que apostara ser o taumaturgo imortal. A carta foi transcrita de norte a sul do Brasil e ainda hoje é um dos melhores documentos sobre a exaltação do povo ao tomar conhecimento da morte do Padre famoso, o padrinho morto que ampara e protege o afilhado ateu – então – trazendo-lhe uma popularidade que hoje abomino, renegando a carta famosa; Em 1936, participei da campanha de Armando Salles de Oliveira, em Juazeiro, com um jornalzinho meu (Província), de tendência antifascista e antiintegralista. Os integralistas empastelaram o jornal. (Convém observar que esta campanha era relativa à candidatura de Armando Salles, então governador de SP, à presidência da República, cuja eleição estava prevista para janeiro de 1938, mas que foi abortada em face do golpe que levou Getúlio Vargas ao poder, instalado o Estado Novo); Em 1937, fui gerente de dois cinemas em Juazeiro (Roulien e Eldorado) e aprendi inglês, cinema, técnica de propaganda e noções de música; Em 1939, casei-me com Dona Luci, namoro de infância ainda. (Observo: Luci Landim, nascida em Juazeiro, filha de Bárbara e José Batista Landim, e falecida no Rio de Janeiro em novembro de 2016, aos 96 anos de idade); Em 1940, nasceu Vânia Maria, primeira filha. Fui bom locutor do serviço de alto-falante de Juazeiro (CRP); Em 1941, a convite de João Dummar, diretor artístico, ingressei na Ceará Rádio Clube como locutor, metendo o bedelho em tudo e aprendendo a técnica radiofônica; Em 1942, ainda em Fortaleza, nasceu Geraldo Igor, meu segundo filho; Em 1943, fui contratado para montar e dirigir a Rádio Baré, em Manaus; Ainda em 1943, sete meses depois, vim para o Rio de Janeiro e ingressei na Rádio Nacional, sendo nomeado diretor da Rádio Guanabara, então em cadeia com a Nacional. Na Rádio Guanabara, apenas “espanava discos e apanhei uma sinusite”. Pedi demissão que me foi concedida; Em 1944, estreei como locutor da Rádio Tupi; Sete meses depois, ainda em 1944, fui contratado pela Rádio Globo do Rio de Janeiro, com o salário mensal de Cr$1.200,00 (mil e duzentos cruzeiro, algo como três salários mínimos da época) como comentarista de esportes, locutor e outras coisas. Terminei diretor artístico, com salário mensal de R$5.000,00. Escrevi programas formidáveis. Pedi demissão quatro vezes. Na última, consegui que aceitassem; Em 1947, nasceu o meu terceiro filho, Eduardo José; Em 1948, fui para a Rádio Mayrink Veiga, com um salário mensal de Cr$5.000,00, como produtor e novelista. Cheguei a diretor artístico com salário mensal de Cr$10.000,00; Em 1949, estreei na Rádio Nacional como novelista, e depois fui diretor de programas, com salário de Cr$5.000,00, até 10 de abril de 1954, e produtor dos mais fecundos, com remuneração de Cr$60.000,00 por mês. Reúno a esse apanhado, um pouco do pensamento de Lourival Marques, em algumas frases de entrevistas: “Não viverei muito tempo. Por isso quero garantir o futuro dos três filhos que tenho.”; “O silêncio é de ouro. Inspira confiança”; “Não se pode confiar em ninguém. Por isso, nem nas enciclopédias confio. Tenho todas e confronto-as sempre que preciso consultar qualquer uma delas.”; “Não se pode confiar na amizade. Nem nos amigos. Por isso, tenho muito poucos.”; “Estou numa maré de sorte e quero aproveitar ao máximo.”; “Não poderei aguentar por muito tempo este ritmo de trabalho. Por enquanto, quanto mais trabalho, mais quero trabalhar.”; “Já posso prescindir do rádio, uma vez que estou apalavrado com uma importante agência de publicidade, “pra quando quiser.”; “Os filhos devem realizar o sonho dos pais. Por isso, Vânia Maria está no terceiro ano do Instituto de Educação, enquanto Eduardo e Igor serão o que quiserem.”; “Não queria casar por uma questão de temperamento. O amor não quis saber disso. E, já que casei, não penso em me modificar.”; “Ninguém tem nada a ver com o que eu penso. Por isso não comento, nem critico coisa nenhuma.” Em setembro de 1954, era a seguinte a pauta de trabalho de Lourival Marques, como produtor de programas que iam ao ar, semanalmente, alguns em várias edições, incluindo emissoras do Rio de Janeiro e São Paulo: 1. “Seu Criado, Obrigado”, 6 programas (3 no RJ e 3 em SP), 72 páginas; 2. “Rádio Almanaque Kolynos”, 2 programas (1 no RJ e 1 em SP), 24 páginas; 3. “Esso Agrícola”, 2 programas (1 no RJ e 1 em SP), 20 páginas; 4. “Carrossel Musical”, 2 programas, 24 páginas; 5. “Canção da Lembrança”, 1 programa, 5 páginas; 6. “Um Milhão de Melodias”, 1 programa, 5 páginas; 7. “Divertimentos Ducal”, 1 programa, 2 páginas; 8. “Em Primeira Audição”, 1 programa, 10 páginas. No total, ele escrevia semanalmente 16 programas “datilografando" 142 páginas em duas máquinas elétricas, uma no seu escritório da Radio Nacional e outra em sua residência. Além dessa média de umas 18 páginas diariamente que tinha de escrever, seu tempo era bem utilizado com pesquisa, estudo, ensaios, conversas com anunciantes, artistas, outros produtores, a administração da emissora e outras relações com imprensa, sem falar no Dicionário da Gente do Rádio que ele continuava elaborando para as edições semanais da revista Radiolândia que ele ajudara a fundar e da qual se tornara seu primeiro e mais produtivo colaborador. De tudo isso, apenas como um flagrante desse ano de 1954, era como já referia um colunista da época: um “Titã”. (Faz sentido, pois se olharmos o significado da palavra, do latim, mas de origem grega, um rei, um soberano, “um gigante”).

LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XV)
O que é um jingle? As enciclopédias, tão ao gosto de Lourival Marques, que as tinha às dezenas, em sua biblioteca, registram que a palavra versada para o português significa tinido, tipo um som metálico. A origem é inglesa e foi aplicada a uma mensagem musical feita com um refrão simples e curto para ser lembrado facilmente. Habitualmente é musical, realizado para a divulgação de produto comercial, mas é muito empregado também como peça de marketing político. Quem não lembra o jingle da campanha de Jânio Quadros à presidência da república nos anos 50? Então veja aqui:https://www.youtube.com/watch?v=ucrG-sOxgXE. Nasceu em 1926 nos Estados Unidos como técnica radiofônica, depois levada para a tv. No Brasil foi introduzida em 1935, numa peça para promover produtos de higiene das marcas Colgate-Palmolive. Apareceu também como mensagem apenas falada e musical, denominada ainda hoje de vinheta. Os anos 40 foram pródigos para destacar o jingle como forte ferramenta da propaganda e da publicidade, sendo a fase de ouro dessa estratégia, daí tendo revelado uma plêiade de “jinglistas”, profissionais de altíssima qualificação que elaboraram peças inesquecíveis. Destes podemos lembrar Haroldo Barbosa, Geraldo Mendonça, Hervê Cordovil, Ivo Picinini, José Mauro, José Scatena. Miguel Gustavo, Evaldo Rui, Gilberto Martins e Lourival Marques. Não bastassem as suas imensas ocupações à frente da direção artística da Rádio Nacional, às quais se somavam a produção de mais de uma dezena de programas semanais, ele ainda encontrava tempo para ser um dos mais brilhantes e festejados produtores de jingles para o rádio e a televisão. São dele alguns dos trabalhos mais interessantes e criativos desta fase, como as peças publicitárias dos produtos: Phymatosan (remédio à base de produtos naturais), Nescafé (café solúvel da Nestlé), Mate Ildefonso (Erva Mate), Rum Merino (bebida), Coca Cola, Ducal (famosa rede de lojas de moda masculina), etc. É bem verdade que Lourival Marques era bem remunerado em reconhecimento ao seu grande valor. Por exemplo, cada jingle que ele fazia se pagava Cr$10.000,00 (dez mil cruzeiros), que na época correspondia a cerca de 26 salários mínimos. Um caso emblemático na produção de Lourival Marques foi a sua vinculação com o produto Phymatosan, que inclusive patrocinava um dos seus programas, o Canção da Lembrança. Os mais antigos lembrarão com certo saudosismo o gosto de vez por outra até repetir cantarolando a musica do jingle que Lourival concebeu: “Phymatosan. / Quando você tossir…/ Phymatosan. / Se a tosse resistir…/ Renova seu apetite. / Afastando a bronquite. / Phymatosan, melhor não tem, / É o amigo que lhe convém! / Phymatosan!” . Essa peça ficou conhecida no rádio como a “Valsa do Phimatosan”. Para produzí-la, Lourival Marques, foi buscar a melodia de uma música europeia do século XIX. A sonora desse jingle está disponível na internet no link:http://radioboanova.com.br/e…/quando-voce-tossir-phymatosan/ Durava uns 34 segundos. Phymatosan era uma fitoterápico, à base de Extrato de jucá (Caesalpinea ferrea), Extrato de agrião (Roripa Nasturtium), Xarope de guaco (Mikania glomerata), Extrato de cambará (Lantana câmara), Extrato de maracujá (Passiflora alata), Extrato de erva-silvina (Polypodium vaccinifolium) e Extrato de Óleo Vermelho (Myrospermum Erytroxilon). A publicidade recomendava para o tratamento da gripe, tosse e bronquite, prevenindo a tuberculose. Segundo a imprensa da época, esse programa patrocinado pelo Phymatosan era um bate papo glamoroso entre um casal que ficava recordando músicas de filmes antigos. O casal lembrava o filme e daí se faziam alguns comentários a respeito, inclusive citando a canção da trilha sonora. O programa reproduzia a canção, quase sempre vertida para o português, executada por um cantor famoso e com o acompanhamento de uma orquestra ao vivo. Dentre essas orquestras famosas, Lourival especificava as de Leo Perachi, Ercole Vareto, Lirio Panicali, Radamés Gnatali, e Alberto Lazzolli, dentre outras. Na história do Rádio brasileiro, o programa Canção da Lembrança figura como tendo sido um dos mais lindos programas noturnos da Rádio Nacional, em cujo auditório se reunia o fino da sociedade carioca de sua época, que se enternecia com o bom gosto, a sensibilidade e a categoria de Lourival Marques. Ele tinha um amplo relacionamento com a Embaixada Americana no Rio de Janeiro e através dela essa relação se estendia a Voz da América, de onde Lourival recebia muitas fitas, livros e publicações sobre filmes de Hollywood e suas canções inesquecíveis. Além do mais, temos que lembrar que Lourival teve parte da sua vida como gerente de cinema, nos Cines Roulien e Eldorado, em Juazeiro do Norte. No caso do jingle da Ducal, podemos encontrar num velho long playing, acetato, em 33rpm denominado Samba de Jingles, com interpretações de João Leal de Brito (Britinho), pelo selo da Columbia, uma coletânea de trinta músicas compostas para jingles, e na décima quinta faixa está o samba Nova Roupa Ducal. De tão populares foram gravados em ritmo de samba. Sobre o produto Coca Cola, Lourival usou nesse comercial, um dos primeiros no Brasil, o slogan “Isso faz um bem”, que por sinal seria o título de um dos seus programa famosos na Radio Nacional. Depois, com o advento da televisão, já em 1959, o comercial teve outras versões, como a de desenho animado. Era considerado moderno e ousado para a publicidade brasileira. Vejamos nesse link essa produção: https://www.youtube.com/watch?v=9F7TRVd9goU . Não menos famoso foi o jingle do Rum Merino que usava o seguinte refrão: Rum Merino: / Um brinde assim tão raro, / gostoso e fino, / só pode na verdade, / ser Rum Merino, Rum Merino, Rum Merino”. Duas notícias veiculadas pela imprensa especializada em radiodifusão, através de revistas semanais falam em meados dos anos 50 que Lourival poderia deixar o rádio para aceitar convite de uma grande empresa de propaganda e publicidade, aliás, existente até hoje no Brasil. Convite não faltava. A outra noticia, de 1954, era a que dava conta de tratativas do próprio Lourival para a montagem de uma empresa de sua propriedade para a produção de jingles e discos, a ser viabilizada em associação com uma reconhecida gravadora americana. Não foi possível na pesquisa, até o momento, constatar a execução desse projeto ambicioso que se dizia na época, 1954, que já estava para acontecer em menos de um ano após. Para uma rápida visita ao estilo e a alguns dos jingles que o Lourival Marques elaborou, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=85hY-gOeyaw
O radialista José Mauricio Xavier de Oliveira, na então Rádio Iracema de Juazeiro do Norte, tinha um desses requintes, da produção de Lourival Marques. Pena que já não me lembre como era a sua vinheta, no programa semanal, para um dos quais fui convidado, talvez nos anos 70. Ele pode me lembrar e eu agradeceria muito.

LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XVI)
Ainda sobre jingles desejo acrescentar a esse tema na vida profissional de Lourival Marques dando outras informações. No final da década de 40 já eram bem conhecidos os “jingles” na publicidade brasileira, e eles eram mais frequentemente referidos como Anúncios Cantados. Já nos anos 50 a comunidade radiofônica carioca achava interessante premiar os chamados anúncios cantados. Não se tratava de oferecer prêmio em dinheiro, mas o de conferir um pergaminho, um diploma ao qual se referendava a qualidade da produção. Seguramente, a maior parcela desse reconhecimento não ia de fato para o criador, mas para a agência de publicidade, pois isso estava atrelado a uma conta com o anunciante. Lourival falará claramente sobre esse quase anonimato que havia na elaboração dessas peças. A Associação Brasileira de Rádio havia criado em 1953, juntamente com a Revista do Rádio, o I Concurso de Anúncios Cantados e no ano seguinte dava continuidade com a segunda versão. Vejamos uma nota que saiu na imprensa, na Revista do Rádio, edição de 01.10.1955, a respeito do concurso de 1954. “Promovido por esta revista, a exemplo do que se fez no ano anterior, realizou-se recentemente o II Concurso de Anúncios Cantados, com o objetivo de apontar o melhor “jingle” de 1954. A Comissão Julgadora encarregada de escolher a melhor produção no gênero foi presidida pelo sr. Manoel Barcelos (presidente da ABR), e constituída dos seguintes membros: Manoel Vasconcelos (presidente da Associação Brasileira de Publicidade), Alziro Zarur (presidente da Associação Brasileira dos Cronistas Radiofônicos), Oliveira Filho (representante da Revista do Rádio), Genival Rabelo (diretor da Revista Política e Negócios), Almirante (Henrique Foréis Domingues, cantor, compositor e radialista) e o maestro Lindolpho Gomes Gaia. Como da vez anterior, a Comissão Julgadora do certame levou em conta, para a atribuição dos pontos, a redação, a música e a objetividade dos anúncios cantados. O Resultado final foi o seguinte: 1º lugar – Nescafé, com 90 pontos; 2º lugar – Creme Dental Gessi, com 88 pontos; 3º lugar – Bom Bril, com 86 pontos; 4º lugar – Organdi Paramount, com 81 pontos; 5º lugar – Leite Môça, com 80 pontos; 6º lugar – Coca – Cola (miniatura), com 79 pontos; 7º lugar – Emulsão de Scott, com 75 pontos; 8º lugar – Coca – Cola (“quando estiver”) e Coca – Cola (“no trabalho”), com 74 pontos; 9º lugar – Coca – Cola (“bom apetite”), Nescau e Mate Ildefonso, com 73 pontos; 10º lugar – Kolynos, com 70 pontos. O “jingle” vencedor – distribuído pela Agência Mc Cann Erickson – foi produzido por Lourival Marques (que foi laureado o Melhor Produtor de Programas de 54, no tradicional concurso desta revista) e gravado em duas versões, com o concurso de Nelson Gonçalves (o Melhor Cantor de 54), Caubi Peixoto e Dolores Duran. O locutor foi Reinaldo Costa e a orquestração esteve a cargo do maestro Léo Peracchi. Para a confecção desse anuncio cantado foram necessários mais de três horas de trabalho e a colaboração de 15 pessoas, entre cantores, locutor, músicos, orquestrador, produtor e técnicos. A solenidade de entrega do artístico diploma conferido por esta revista ao vencedor realizou-se no auditório da Rádio Nacional, cuja direção gentilmente cedeu a essa revista 25 minutos de sua programação normal para a realização da cerimônia. Durante o programa. Foram transmitidos os “jingles” que obtiveram melhor colocação, ocorrendo na ocasião a entrega do pergaminho ao sr. Fábio de Almeida, representante da Companhia Industrial e Comercial Brasileira de Produtos Alimentares (Nestlé), fabricante de Nescafé. Ao ato, além das principais figuras da diretoria da Rádio Nacional, estiveram presentes destacadas figuras da Mc Cann Erickson. No final, foi servido um coquetel pela Revista do Rádio aos presentes.” Completo essa matéria, transcrevendo um depoimento de Lourival Marques, na forma de uma carta remetida ao caderno B, na página de Televisão e Rádio, da edição do Jornal do Brasil, de 31.08.1980: “História dos “jingles”: Dia 24 último li no Caderno B um trabalho de Susana Schild sobre o próximo lançamento da história do jingle no Brasil, condensada em dois discos. Temo pelo que ali está, e pelo que se vai ouvir no referido trabalho, que a narrativa peque pela omissão e pela desinformação, menos por culpa dos autores e mais porque o jinglista não assina seu trabalho e a agência de propaganda ou o anunciante já nem existem para melhor testemunho. O jingle foi sempre um acidente no trabalho do produtor de programa e não uma criação específica ou obrigatória. Não se pode fazer história sobre a publicidade cantada esquecendo nomes extraordinários como o de Gilberto Martins (“Ba-ba, be-ebê, be-i-bi, o tônico Fontoura...), ou de Paulo Roberto (Magnésia leitosa, gostosa, fiel...) ou de um Ghiaroni (“Passa, passa o talco Ross, quero ver passar!”. Quem vai contar a história do jingle “Segunda, terça, quarta. Sabonete Palmolive.”? De mim posso dizer que criei, na década dos 50, mais de 30 jingles, inclusive um que tem sido citado, ultimamente, entre os melhores de todos os tempos. “Só Esso dá ao seu Carro o Máximo”, música americana que pedia tradução e sincronização para os bonecos que cantavam em big close, a frase “The Esso sign meens happy motoring” que criei também o primeiro jingle para a Ducal com o final usado até hoje, cuja autoria é até reclamada por outro “pai”! E que dizer dos anúncios cantados que criei para Phymatosan, Pastilhas Valda, Alka-Seltzer e dezenas de outros? Jinglistas foram Miguel Gustavo, Haroldo Barbosa, Geraldo Mendonça e quase todos os que escreveram programas para o rádio. Em minha opinião, a história deve ser escrita com critério – ou não ser escrita. E a propósito: o primeiro jingle foi de Nássara, no Rio, (Pão Bragança) ou o de Geraldo Mendonça, em São Paulo (Calçados Quá-Qua-Quá?). Lourival Marques, Copacabana, Rio." Aliás, nessa mesma edição do JB, o Antonio Nássara, por ter sido citado por Lourival Marques faz algumas correções ao seu pronunciamento nos seguintes termos: “O primeiro jingle brasileiro foi cantado por Luis Barbosa, no programa Ademar Casé, em 1932, e não por ele próprio, Nássara, no Programa Geraldo Casé, em 1934, como foi dito, não por Lourival, mas no artigo da Susana Schild. A Nássara, diz o próprio, coube a autoria da mensagem comercial, aliás um fado: “Oh padeiro desta rua tenha sempre na lembrança não me traga outro pão que não o pão Bragança...” A propósito do artigo de Susan Schild é perfeitamente compreensível a sua indignação porque simplesmente, a história do jingle no Brasil não pode deixar de falar de Lourival Marques. Quem lê o referido artigo (pode-se consulta-lo emhttp://memoria.bn.br/pdf/030015/per030015_1980_00138.pdf) vai perceber isso facilmente. Não foi possível uma confirmação sobre o trabalho de Luís Antônio Vieira e Henrique Meyer, que resultaria na história do jingle. Conforme uma resenha na internet, Susana Schild é jornalista, crítica de cinema, roteirista. Formada pela Escola de Comunicação da UFRJ. Começou a trabalhar como jornalista na “Revista Ele&Ela”, e depois no “Segundo Caderno” do jornal “O Globo”. De 1974 a 1993 trabalhou no “Jornal do Brasil”, primeiro no Departamento de Pesquisa, e a partir de 1975 no “Caderno B”, onde cobriu a área cultural com especialização em cinema. De 1993 a 1997 dirigiu a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Foi colaboradora do jornal “Estado de São Paulo” e correspondente no Brasil para a publicação internacional Moving Pictures. Autora do livro “Coração Iluminado: A História de um filme de Hector Babenco”. Roteirista do filme “Depois Daquele Baile”, dirigido por Roberto Bomtempo e “Mão na Luva” (adaptação da peça de Oduvaldo Vianna Filho, com lançamento previsto para o segundo semestre de 2011. Para o teatro, escreveu “Um Sopro de Vida”, adaptação de livro de Clarice Lispector.
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XVII)

Para mim, uma grande surpresa, encontrar referido em banco de dados da internet a vinculação de Lourival Marques com versões para o português de canções estrangeiras. Na verdade, há nessa constatação algumas premissas que justificam o achado. Em primeiro, a longa vivência dele com a música, desde os anos 30 através do Centro Regional de Publicidade, como diretor artístico, e do seu ingresso na radiofonia, diversas emissoras, inclusive na mesma função; em segundo lugar a própria formação de Lourival, intelectual de grande expressão, com traquejo em redação e produção, leitura e expressão em língua inglesa, etc. A primeira surpresa foi encontrar a versão que Lourival escreveu para a belíssima Charmaine, canção originalmente composta para o filme mudo "O Preço da Glória", de 1926. Charmaine é uma valsa, composta na França, pelo maestro, músico e pianista Erno Rappé, nascido na Estonia, naturalizado nos Estados Unidos, e musicada por Lew Pollack. A letra original, em inglês, aparece numa gravação de Frank Sinatra, em 1972, no álbum All Alone. Ouçamos Charmaine, por Frank Sinatra neste link: https://www.youtube.com/watch?v=eDB06I73giQ “I wonder why you keep me waiting, Charmaine, my Charmaine / I wonder when bluebirds are mating, will you come back again / I wonder if I keep on praying, will our dreams be the same / I wonder if you ever think of me too.../ I am waiting my Charmaine for you... I wonder if I keep on praying, will our dreams be the same / I wonder if you ever think of me too... / I am waiting my Charmaine for you....”
No Brasil a canção até foi adaptada para ranchos carnavalescos nos anos 30. Haroldo Barbosa chegou a fazer uma versão que foi interpretada por Francisco Alves (Veja em: https://www.youtube.com/watch?v=hjnXHOlaLFM). Outra versão foi realizada em 1952 por Augusto Mesquita e gravada por Gilberto Alves. A última versão foi a de Lourival Marques, em 1953, para a interpretação de Carlos Galhardo. A letra de Charmaine, segundo a versão de Lourival Marques é a seguinte: “Não sei por que não és meu amor / Não sei por que, não sei / Ninguém talvez com mesmo ardor / Sonhasse o que eu sonhei / Nós dois, o céu, e o mar / E eu louco a te beijar / Nos braços de outro, querida / Pensei que estavas / Talvez a dançar comovida / De mim, nem lembrarás. De ti só guardei um perfume / Um olhar, talvez, um olhar / Jamais saberás que ciúmes, senti / Que vivo penando por ti.” Infelizmente ainda não foi possível encontrar alguma interpretação dessa versão. Essa canção também teve muitas interpretações por orquestras famosas, como a de Mantovani, em 1951, que pode ser relembrada no link (https://www.youtube.com/watch?v=k_DTx8L0l0c), além de ter sido incluída na trilha sonora do filme “Um Estranho no Ninho”, segundo longa metragem filmado nos EUA por Milos Forman, adaptado do romance homônimo de Ken Kesey. Ambientado em uma clínica psiquiátrica, o filme conta a história de Randall McMurphy (Jack Nicholson), um indivíduo de espírito livre que termina lá fugindo da prisão e lidera os pacientes em uma rebelião contra a equipe opressiva, chefiada pela enfermeira Ratched. A segunda surpresa foi sobre a composição argentina intitulada de Garúa, realizada em 1943. Os autores desse tango são Enrique Cadícamo (letra) e Aníbal Troilo (música). Consta que eles fizeram esta música, nos fundos de um cabaré, localizado na rua Corrientes, em Buenos Aires. A cena descrita por elas é que era uma noite de inverno, com neblina, garoa e um vento gelado. As ruas estavam desertas e a fina garoa que caia parecia à procura de um coração solitário! No original, sua letra diz: “Qué noche llena de hastío y de frío! / El viento trae un extraño lamento / Parece un trozo de sombra, la noche; / y yo en las sombras camino muy lento. / Mientras tanto la garúa / se acentúa con sus púas / en mi corazón... / En esta noche tan fría y tan mía / pensando siempre en lo mismo me abismo; / y aunque quiera yo arrancarla / desecharla / y olvidarla, / la recuerdo más.... Garúa... / Solo y triste por la acera / va este corazón transido / con tristeza de tapera... / Sintiendo tu hielo / porque aquella con su olvido / hoy le ha abierto una gotera... / Perdido solo / como un duende que en la sombra / mas la busca y mas la nombra / Garúa... / Tristeza... / ¡Hasta el cielo se ha puesto a llorar! Qué noche tan llena de frío y hastío. / No se ve a nadie cruzar por la esquina. / Sobre la calle, la hilera de focos / lustra el asfalto con luz mortecina. / Y yo voy como un descarte, / siempre solo, / siempre aparte, / recordantote... / Las gotas caen en el charco de mi alma; / hasta los huesos, calado y helado. / Y humillando este tormento / todavía pasa el viento / empujándome...” A gravação original, argentina, é de Francisco Fiorentino. Mas, vamos ilustrar aqui com a interpretação de Garúa, por Roberto Gyeneche, acompanhado, pelo grande Astor Piazzollahttps://www.youtube.com/watch?v=DmhFzRJOcZA
No Brasil, a primeira gravação da versão que Lourival Marques fez para essa canção aparece em disco de vinil, 78rpm, por Roberto Vilar. A segunda, em LP 33rpm, Tangos Inesquecíveis, de Albertinho Fortuna, em 1957. A terceira, em disco de vinil, 78rpm, por Albertinho Fortuna, em disco de vinil, 78rpm. A quarta, uma tiragem em disco LP, 33rpm, Tangos Inesquecíveis, vol. 2, sem data, também interpretada por Albertinho Fortuna. A quinta, novo disco LP, 33rpm, Tangos Inesquecíveis, de 1959, também interpretada por Albertinho Fortuna. E, por ultimo, um CD, de 2001, Albertinho Fortuna, Tangos, vol. 2. Ei-la: https://www.youtube.com/watch?v=oB5Sz6ipW_I
A terceira surpresa foi com a canção argentina Trenzas, de Armando Pontier e Homero Expósito, de 1944, cuja letra é: “Trenzas, / seda dulce de tus trenzas, / luna en sombra de tu piel / y de tu ausencia. / Trenzas que me ataron en el yugo de tu amor, / yugo casi de blando de tu risa y de tu voz.../ Fina / caridad de mi rutina, / me encontré tu corazón / en una esquina... / Trenzas de color de mate amargo / que endulzaron mi letargo gris. ¿Adónde fue tu amor de flor silvestre? / ¿Adónde, adónde fue después de amarte? / Tal vez mi corazón tenía que perderte / y así mi soledad se agranda por buscarte. / ¡Y estoy llorando así / cansado de llorar, / trenzado a tu vivir / con trenzas de ansiedad... sin ti! / ¡Por qué tendré que amar / y al fin partir! Pena, / vieja angustia de mi pena, / frase trunca de tu voz / que me encadena... / Pena que me llena de palabras sin rencor, / llama que te llama con la llama del amor. / Trenzas, / seda dulce de tus trenzas, / luna en sombra de tu piel / y de tu ausencia, / trenzas, / nudo atroz de cuero crudo / que me ataron a tu mudo adiós... (Podemos ouvir Trenzas na interpretação de Luis Filipeli, no link: https://www.youtube.com/watch?v=FpOxJxJ7nRA. A mais conhecida interpretação da versão de Trenzas, feita por Lourival Marques é a de Albertinho Fortuna, nomeada de “Tranças”, no álbum Tangos na Voz de Albertinho Fortuna, vol. 1, e que se pode ouvir através do link: https://www.youtube.com/watch?v=jgnJxb_p77M. Por que nos surpreendemos com coisas como essas, algo que em língua hispânica tem fonema tão específico – olvido? Com essas belas canções versadas por Lourival Marques, experimentamos, mesmo, o esquecimento, levado a efeito com os discos que ficaram esquecidos, “olvidados”, nas prateleiras das rádios para que nada acontecesse. Felizmente, ao rebuscar tantos arquivos, me ocorreu a veleidade de trazer essas canções de volta, para expor à visitação, uma pontinha que seja, da alma do letrista.
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XVIII)
Quem de nós, curioso por uma data, por um fato, por um personagem, por uma circunstância, escreveria uma carta de próprio punho a ser postada no Correio, com destino a uma emissora de rádio, onde alguém estaria apto a desvendar o mistério? Já houve isso, aqui, na Europa, na França, na Bahia, enfim - pelo mundo afora. Desde que a radiodifusão passou a ser ferramenta importante da comunicação entre os povos, entregar-lhe a solução de pequenas ou grandes dúvidas passou a ser objeto direto das pautas das emissoras, através dos programas que tratavam de satisfazer os seus ouvintes. Na verdade, ainda hoje, mais esporadicamente, vemos essa preocupação persistente, mas minimizada pela imensa utilidade da rede mundial de computadores, seja pelos sites de buscas, seja pela disponibilidade de imensos bancos de dados. Concretamente, ao acessar recentemente o site da Biblioteca Nacional, com respeito a sua hemeroteca digital (http://memoria.bn.br/hdb/uf.aspx), utilizando as palavras Lourival Marques em datas que iam de 1940 a 2009, recebi em poucos segundos o relato de que a busca havia sido feita em exatas 12.728.913 páginas de jornais e revistas, para delas me serem recomendadas 3.657 páginas sobre o que me interessava. Impossível hoje trocar a eficiência desse resultado com qualquer outra possibilidade de remoto desempenho, por exemplo, em buscas manuais. No tempo do rádio de Lourival Marques houve uma dessas possibilidades, através do programa que ele criou para essa satisfação da curiosidade do ouvinte. Em primeiro lugar porque ele era um homem de pesquisa e desde longa data se afeiçoara pela produção sistemática de programas, desde a velha PRE-9, em Fortaleza, que já era uma continuidade bem melhorada para superar as dificuldades de sua atividade no Juazeiro, à frente da direção artística no Centro Regional de Publicidade (CRP). De outra sorte, lhe agradava muito essa convivência estreita do rádio com seus ouvintes, para que essa clientela ditasse, em parte, os rumos do veículo. Depois de conceber o programa, Lourival apresentou o projeto à direção da Rádio Nacional que concordou com a proposta, fazendo imediatamente a publicidade sobre seu lançamento. Seu Criado, Obrigado foi lançado em 9 de abril de 1951. A produção tinha convicção que a nova atração seria a coqueluche do rádio. E eles não se equivocaram. O programa se destinava a esclarecer os ouvintes que tinham dúvidas sobre as mais distintas questões, como cotidiano, arte, cinema,.literatura, esportes, moda, costumes, teatro, etc., e usava a chamada: “um amigo que responde a sua carta, desfaz a sua dúvida e informa o que você quer saber. O que seria uma experiência, para os mais descrentes, logo se tornou uma empreitada vitoriosa. A correspondência foi se avolumando, chegando a 2 mil por mês. Como não se tinha outra alternativa, tudo funcionava através dos Correios. A emissora teve que reservar um espaço no 20º andar do edifício da Praça Mauá, onde Lourival coordenava uma equipe de pessoas que tinham de dar vazão a todas as solicitações, com leitura, organização e suporte ao produtor. Logo a atenção do programa se destinava a quase setecentas cidades brasileiras e mais de 5.000 cartas por mês. Inicialmente o programa só tinha 25 minutos de duração, numa única frequência semanal, e tinha que comportar as respostas, músicas a pedido dos ouvintes, com cantores e orquestra ao vivo, textos humorísticos, utilidade pública, etc. Para atender a essa demanda crescente, Lourival foi incrementando sua biblioteca que alcançou nos primeiros anos do programa a cifra de 8 mil volumes, dentre livros, revistas, enciclopédias, pastas e mais pastas com textos e clipping, pois ele adorava colecionar recortes de jornais e tudo mais com que ele realizava pesquisas, cerca de 4 mil partituras de músicas nacionais e estrangeiras, etc. Aliás essa biblioteca pessoal de Lourival Marques era vez por outra especulada, muito badalada, inclusive no seu valor venal, estimado em 5 milhões de cruzeiros, em 1956, mas que seu proprietário nem pensava em se desfazer. O programa se tornou, ao que se dizia, único no rádio brasileiro. A estrutura e andamento do programa comportava duas pessoas em estúdio: aquele que encarnava o Seu Criado, que se alternou entre César Ladeira e Milton Rangel, e uma secretária, que inicialmente era Nilza Magrassi, substituída depois por Daisy Lúcidi. A voz feminina fazia a leitura das cartas e o Seu Criado respondia. Aliás, num depoimento para o projeto Vozes do Rádio (PUC/RS), Daisy Lúcidi assim rememora: “(...) Eu fiz um programa durante 15 anos que foi um sucesso no rádio brasileiro chamado Seu Criado, Obrigado, não sei se vocês já ouviram falar desse programa que eu fazia com César Ladeira, um grande homem do rádio, uma das vozes mais bonitas. (...) Era interessante pois quem fez era um homem que tinha um biblioteca extraordinária, chamado Lourival Marques, e ele respondia tudo o que você perguntasse, tinha uma sala maior que essa só de cartas. Como não existia televisão todo mundo perguntava no rádio por cartas, umas muito estranhas, como qual o prédio mais alto do mundo, de Capitais, e ele respondia tudo. Depois a Rádio Jornal do Brasil até imitou, fazendo um programa chamado “Pergunte ao João”. E fizemos juntos muitos programas montados na Rádio Nacional, programas musicais lindos, tudo na Rádio Nacional tinha participação do radio teatro. O radio teatro, na Rádio Nacional, era a base, a sustentação de uma emissora de rádio. Você fazia humorismo com radio teatro, inclusive no Seu Criado, Obrigado era com grande orquestra, uma grande orquestra mesmo. Tinha cantores ao vivo e tinha um grupo de radio atores que faziam comicidade. Ele contava uma história e contava uma piada interpretada por esses atores. Tinha tudo dentro desse programa, tinha música ao vivo. O programa era muito bonito.” O crescimento vertiginoso do programa terminou por alterar o seu horário e frequência, passando a três programas por semana (2as., 4as., e 6as.), no início das tardes, embora se mantendo com duração de 30 minutos, aproximadamente. O principal motivo, inclusive, era o grande acúmulo de cartas por falta de espaço para responder. Face essa limitação, Lourival adotou a solução para que muitas cartas fossem respondidas, não no ar, mas pelo correio. Bastava mandar um envelope selado e sobrescrito para a resposta. Os ouvintes perguntavam de tudo e havia os que pediam receitas de pratos típicos, poesias específicas, indicações de livros e letras de músicas em português ou outros idiomas. Outros enviavam piadas que eram transformadas em quadros rápidos interpretados pelos humoristas da emissora. Quando a revista Radiolândia foi lançada, inclusive com a colaboração importante de Lourival, ela convidou o produtor para assinar uma coluna quinzenal, depois semanal, denominada exatamente Seu Criado, Obrigado!, onde algumas das questões mais interessantes eram respondidas, inclusive no estilo do diálogo que se estabelecia no estúdio entre Seu Criado e a secretária. Mais que isso, o programa passou a ser apresentado com a mesma produção de Lourival Marques na Rádio Nacional de São Paulo, com Walter Forster e Iara Lins (depois Lourdes Rocha), também com a mesma duração e em três frequências semanais. E eram programas com conteúdos diferentes dos que eram apresentados no Rio de Janeiro. A viabilidade financeira do empreendimento era devida ao patrocínio comercial, inicialmente da Companhia Gessy, e depois da Esso, através do seu produto, um inseticida doméstico chamado Super Flit. Outro desdobramento mais público e até contemporâneo dessa grande idéia de Lourival Marques é a existência de uma boa amostra desse programa, tanto pelo acervo da Biblioteca Nacional, como pelo único livro que Lourival editou, denominado exatamente Seu Criado, Obrigado!, com uma boa coletânea da diversidade de questões submetidas pelos ouvintes ao produtor, com as respectivas respostas. O livro foi editado em 1963, pela editora Letras e Artes, embora esgotado, facilmente pode ser encontrado para compra através de https://www.estantevirtual.com.br/ O Programa Seu Criado, Obrigado! Existiu na Rádio Nacional até 1966, percorrendo portanto 15 anos ininterruptos no ar. Nessa resenha sobre esta iniciativa de Lourival Marques, alguém que se ocupou de comentar alguns aspectos do programa teve a enorme felicidade de fechar o seu relato com essa expressão da poetisa Cora Coralina. É o que também faço, sem originalidade, mas entendendo a grande pertinência de suas palavras para com essa obra de Lourival Marques. "Escrever é uma recriação da vida e, recriando a vida, eu me comunico. Não invento, não sou uma criadora, sou uma recriadora da vida. Esta é a marca mais viva de meu espírito junto à minha capacidade de dizer uma mentira."
BOM DIA! 
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XIX)
Por Renato Casimiro
CASAMENTO RELIGIOSO
Maria Luci Landim e Lourival Marques
Pais: 
Bárbara Maciel Landim e José Batista Landim 
Maria da Conceição Esmeraldo e Sebastião Marques
Igreja de Nossa Senhora das Dores, Juazeiro do Norte 
Data: 18.07.1939
Oficiante: Mons. Joviniano da Costa Barreto
(Livro de Matrimônios, de jan.1936 a set.1941, pag. 128v)


MEMORIAL É O SEGUNDO
Recebo com muito prazer o comunicado da diretora do Memorial Padre Cícero, Cristina Holanda, com respeito ao registro de visitantes dos principais museus do Estado do Ceará, como aima está ilustrado. É com grande alegria que agora figura oficialmente a visitação do nosso principal museu, que em outubro passado recebeu 59.488 visitantes. A primeira colocação ficou por conta da Fundação Casa Grande Memorial do Homem Kariri. Interessante observar que esses dois museus estão sob a coordenação da mesma pessoa, Alemberg Quindins, atual secretário de cultura de Juazeiro do Norte.
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI

MOSTRA ITINERANTE CINE CEARÁ
(CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Ceará Itinerante foi criado em 1999. Neste ano, exibirá 37 filmes em três cidades: Fortaleza e Juazeiro do Norte (CE) e Sousa (PB). As exibições, que são completamente gratuitas, contarão com os filmes da Mostra Nacional de Curtas e da Mostra Olhar do Ceará. A curadoria da Mostra Olhar do Ceará nesta edição teve por motivação fundamental expressar uma heterogeneidade de formas e desejos na relação com o cinema. Para Wolney Oliveira, diretor do Cine Ceará, o projeto é importante para democratizar a sétima arte, nas suas palavras: “Precisamos disseminar o cinema em nossa cidade, mostrar que não há barreiras sociais, nem culturais, tampouco geográficas para apreciar um bom filme”.
Dia 14, terça-feira, a partir das 14h
• Ao mar (Esaú Pereira Barbosa. Ficção. HD. 9’. Cor. CE. 2017. Livre)
• Atalanta (Fernanda Brasileiro e Hylnara Vidal. Experimental. HD. 12’. Cor. CE. 2017. Livre)
• Manual (Letícia Simões. Documentário. DCP. 7. PB. RJ. 2016. Livre)
• Simbiose (Júlia Morim. Documentário. HD. 20’. PE. Cor. 2017. Livre)
• Valentina (Estevão Meneguzzo e André Félix. Ficção. HD. 17’. Cor. RJ. 2017. Livre)
• Projeto Raízes (Jamylle Cavalcante e Rafaela Batista. Documentário. HD. 21’. Cor. CE. 2016. 12anos)
• Maria Auxiliadora (Natália Maia. Ficção. HD. 11’26. Cor. CE. 2016. Livre)
Dia 16, quinta-feira, a partir das 14h
• Algo do que fica (Benedito Ferreira. Ficção. DCP. 23’. Cor. 23’. GO. 2017. Livre)
• O dia do silêncio (Clébson Oscar. Documentário. HD. 12’. Cor. CE. 2017. Livre)
• Iracema (Francisco Carneiro. Ficção. HD. 17’. Cor. CE. 2016. Livre)
• Festejo muito pessoal (Carlos Adriano. Experimental. HD. 9’. PB. SP. 2017. Livre)
• A balada do Sr. Watson (Firmino Holanda. Documentário. DCP. 21’. Cor. CE. 2017. Livre)
• Memórias do subsolo ou o homem que cavou até encontrar uma redoma (Felipe Camilo. Documentário. DCP. 11’. Cor. CE.2017. Livre)
• O estacionamento (William Biagioli. Ficção. DCP. 16’. Cor. PR.
2016. 12 anos)
Dia 17, sexta-feira
Primeira Sessão às 14h:
• Superdance (Pedro Henrique. Ficção. HD. 20’. Cor. CE. 2016. Livre)
• Estudos de vertigem (Indira Brígido. Experimental. HD. 7’. Cor. CE. 2016. Livre)
• A lenda cotidiana (Bárbara Moura e S. de Sousa. Documentário. HD. 12’. Cor. CE. 2016. Livre)
• O céu desaba (Mariana Gomes. Documentário. HD. 9’. Cor. CE. 2016. Livre)
• Candeias (Reginaldo Farias e Ythallo Rodrigues. Documentário. HD. 19’. Cor. CE. 2017. Livre)
• Caleidoscópio (Natal Portela e Roney Souza. Ficção. HD. 18’. Cor. CE. 2017. Livre)
• Mehr Licht! (Mariana Kaufman. Experimental. Dcp. 11’. Cor. RJ. 2017. Livre)
• Sítio Veiga (Carla Moreira. Documentário. HD. 11’. Cor. CE. 2016. Livre)
Segunda Sessão às 16h:
• Do que se faz de conta (Amanda Pontes e Michelline Helena. Ficção. DCP. 17’. Cor. CE. 2016. Livre)
• Sintera (Fellipe Farias. Documentário. HD. 12’. Cor. CE. 2017. Livre)
• Ossuário (Diogo Braga e Thales Luz. Experimental. HD. 11’. Cor. CE. 2016. Livre)
• Rastros (Sabina Colares e Samarkandra Pimentel.
Documentário. RJ. Livre) Cor. Documentário. HD.20’. Cor. CE. 2016.Livre)
• Soturna (Léia Ávila. Ficção. HD. 12’. Cor. CE. 2017. Livre)
• Close (Rosane Gurgel. Documentário. HD. 19’. Cor. CE. 2017. Livre)
Dia 18, sábado, a partir das 14h
• Guiana Francesa (Edmilson Filho e Olavo Júnior. Ficção. HD. 19’. Cor. CE. 2017. 14 anos)
• Lugar nenhum (Wesley Guerreiro. Experimental. HD. 13’. Cor. CE. 2016. 14 anos)
• Voar (Cesar Teixeira. Ficção. HD. 14’. Cor. CE. 2017. 14 anos.)
• Fôlego (Kamille Costa. Ficção. HD. 19’. Cor. CE. 2017. 16 anos)
• O vigia (Priscila Smiths e P. H. Diaz. Ficção. HD. 20’. Cor. CE.2016. 16 anos)
• Jonas banhado em sangue (Mateus Bandeira. Ficção. HD. 17’. Cor. CE. 2016. 16 anos)
• Vênus - Filó, a fadinha lésbica (Sávio Leite. Animação. DCP. 6’. Cor. MG. 2017. 16 anos)
• Fogo selvagem (Diogo Hayashi. Ficção. HD. 19’. SP’. 2017. 16 anos)
CINE GOURMET (FJN, JUAZEIRO DO NORTE)
A Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN) agora também está incluída no circuito alternativo de cinema do Cariri. As sessões são programadas para as terças feiras, duas vezes ao mês, de 15:00 às 17:00h, no Auditório do Bloco I, na Rua São Francisco, 1224, Bairro São Miguel, dentro do seu Projeto de Extensão denominado Cine Gourmet, sob a curadoria de Renato Casimiro. Informações pelo telefone: 99794.1113. No próximo dia 12, estará em cartaz, o filme CHOCOLATE (Chocolat, Reino Unido/EUA, 2000, 121min). Direção de Lasse Hallstrom. Sinopse: Vianne Rocher (Juliette Binoche), uma jovem mãe solteira, e sua filha de seis anos (Victorie Thivisol) resolvem se mudar para uma cidade rural da França. Lá decidem abrir uma loja de chocolates que funciona todos os dias da semana, bem em frente à igreja local, o que atrai a certeza da população de que o negócio não vá durar muito tempo. Porém, aos poucos Vianne consegue persuadir os moradores da cidade em que agora vive a desfrutar seus deliciosos produtos, transformando o ceticismo inicial em uma calorosa recepção.

CINE CAFÉ VOLANTE (CASA GRANDE, NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 17, sexta feira, às 19 horas, o filme HEADHUNTERS (Headhunters, Noruega/Alemanha, 2012, 100min). Direção de MortenTyldum. Sinopse: Um caçador de talentos arrisca tudo para garantir a propriedade de uma valiosa pintura. O problema é que o atual proprietário é um ex-mercenário.
 

CINE CAFÉ (CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 18, sábado, às 17:30 horas, o filme PROFISSÃO: REPÓRTER (Professione: Reporter, EUA/França/Itália, 1975, 119min). Direção de Michelangelo Antonioni. Sinopse: David Locke (Jack Nicholson) é um repórter famoso que é enviado à África para fazer algumas imagens e entrevistas para um documentário. Ao voltar para o hotel, descobre que um homem que estava hospedado próximo a ele está morto. Locke decide trocar de identidade com ele, descobrindo que era um rico empresário, e acaba arrumando um problema ainda maior.
NOVOS CIDADÃOS JUAZEIRENSES
Duas personalidades acabam de ser agraciadas com o título honorífico de cidadania juazeirense. Vejamos os atos.

RESOLUÇÃO N.º 866, de 17.10.2017: Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Ilustre Senhor JOSÉ MATIAS DA SILVA, pelos inestimáveis serviços prestados a esta comunidade, principalmente na área esportiva. Autoria: José Nivaldo Cabral de Moura Coautoria: Paulo José de Macêdo Subscrição: José David Araújo da Silva, Domingos Sávio Morais Borges, Diogo dos Santos Machado, Herbert de Morais Bezerra, Cícero José da Silva, Rubens Darlan de Morais Lobo, Damian Lima Calú, Antônio Vieira Neto, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Glêdson Lima Bezerra, Francisco Demontier Araújo Granjeiro, Jacqueline Ferreira Gouveia, Rosane Matos Macêdo e Auricélia Bezerra. 

RESOLUÇÃO N.º 867, de 17.10.2017: Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito GIACUMUZACCARA LEITE CAMPOS pelos inestimáveis serviços prestados a esta comunidade. Autoria: José Adauto Araújo Ramos Coautoria: Paulo José de Macêdo, José Tarso Magno Teixeira da Silva e Glêdson Lima Bezerra. Subscrição: José David Araújo da Silva, Domingos Sávio Morais Borges, Diogo dos Santos Machado, Herbert de Morais Bezerra, Cícero José da Silva, Rubens Darlan de Morais Lobo, Damian Lima Calú, Antônio Vieira Neto, José Tarso Magno Teixeira da Silva, José Nivaldo Cabral de Moura, José Barreto Couto Filho, Cícero Claudionor Lima Mota, Francisco Demontier Araújo Granjeiro, Jacqueline Ferreira Gouveia, Rosane Matos Macêdo e Auricélia Bezerra.

RECONHECIMENTO PÚBLICO
A municipalidade reconhece como relevante os serviços prestados pela Igreja Nova Vereda e Associação Esportiva Campo Grande Futebol Clube, pelos seguintes atos: LEI Nº 4.768, de 25.09.2017: Art. 1º – Fica reconhecida de Utilidade Pública a IGREJA NOVA VEREDA, fundada em 14 de julho de 2017, constituída de direito privado, doravante denominada Igreja como entidade civil religiosa, autônoma e parte da Igreja que o Senhor Jesus estabeleceu na terra, sem fins lucrativos, que terá duração por tempo indeterminado, com sede e foro jurídico na cidade de Juazeiro do Norte/CE, e reger-se-á por seus estatutos sociais, bem como pelas leis, usos e costumes nacionais. Autoria: Vereador Glêdson Lima Bezerra 

LEI Nº 4.769, de 25.09.2017: Art. 1º – Fica reconhecida de Utilidade Pública a ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA CAMPO GRANDE FUTEBOL CLUBE, fundada em 23.02.1985, nesta cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, com personalidade jurídica distinta de seus associados, sem fins lucrativos, que tem por finalidade difundir a prática do futebol, promover reuniões de caráter esportivo, cívico, educacional, cultural, social, bem como Workshop e minicursos, de duração por tempo indeterminado, e reger-se-á por seus estatutos sociais, bem como pelas leis, usos e costumes nacionais. Autoria: Vereadora Auricélia Bezerra; Coautoria: Vereador Antônio Vieira Neto

CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA ANIMAL
Foi criado o Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais – CMPDA, nos seguintes termos: LEI Nº 4.773, de 11.10.2017 Art. 1º - Fica criado o Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais - CMPDA, órgão consultivo e deliberativo, instrumento de Política Pública Municipal de destinação e gerenciamento de receitas e meios para o desenvolvimento e a execução de ações voltadas à saúde, à proteção, à defesa e ao bem-estar animal no Município de Juazeiro do Norte, visando à saúde humana e a proteção ambiental. Art. 2º - O CMPDA tem como objetivos: I - Incentivar a guarda responsável dos animais, conforme a legislação vigente; II - Acompanhar, discutir, sugerir, propor e fiscalizar as ações do poder público e o fiel cumprimento da legislação de proteção animal. Art. 3º - São atribuições do Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais: I - Emitir parecer e deliberar em situações definidas nos termos do Art. 2º desta Lei; II - Avaliar projetos no âmbito do poder público relacionado com a proteção animal e o controle de zoonoses; III - Propor alterações na legislação vigente para garantir o cumprimento do direito legítimo e legal dos animais; IV - Propor e auxiliar a realização de parcerias com empresas públicas e privadas que possam apoiar, com auxílio financeiro ou força de trabalho, o cumprimento dos objetivos deste Conselho; V - Propor prioridades e linhas de ação na alocação de recursos em programas e projetos relacionados à guarda responsável; VI - Solicitar e acompanhar as ações dos órgãos da Administração Pública, Direta ou Indireta, que têm incidência do desenvolvimento dos programas de proteção e defesa dos animais; JUAZEIRO DO NORTE-CE, 24 DE OUTUBRO DE 2017 DIÁRIO OFICIAL DO MUNICÍPIO 03 VII - Acionar os órgãos públicos competentes em situações relativas ao bem estar animal; VIII - Requisitar e acompanhar diligências e adotar providências contra situações de maus-tratos aos animais; IX - Requerer na Justiça a proibição da tutela de animais e outras ações que visem à proteção animal, em situações previstas na legislação vigente; X - Propor e auxiliar o poder público na realização de campanhas de esclarecimento à população quanto a guarda responsável, educação ambiental e saúde pública, conforme definido na legislação; XI - Contribuir com a organização, orientação e difusão de práticas de guarda responsável no município; XII - Discutir medidas de conservação da fauna silvestre, bem como a manutenção dos seus ecossistemas; XIII - Incentivar a realização de estudos e trabalhos relacionados com a proteção animal. Art. 4º - O CMPDA será constituído por 10 (dez) membros, com mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recondução: I - 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos; II - 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Saúde; III - 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Educação; IV - 1(um) representante da Secretaria Estadual de Meio Ambiente ou do Ministério do Meio Ambiente; V - 2 (dois) representantes de entidade voltada à proteção animal; VI - 1 (um) representante de entidade voltada à conservação e proteção da fauna silvestre; VII - 2 (dois) representantes da comunidade acadêmicocientífica, das áreas de ciência animal e/ou direito ambiental; VIII - 1 (um) médico veterinário da iniciativa privada. § 1º - Para cada membro do Conselho será indicado um suplente da mesma área de atuação. § 2º - Cada membro tem direito a um voto. § 3º - A função de membro do CMPDA é gratuita e considerada serviço público relevante, ficando expressamente vedada a concessão de quaisquer tipos de remuneração, vantagens ou benefícios de natureza pecuniária. § 4º - O CMPDA será presidido por um de seus membros, eleito por maioria simples, na primeira reunião ordinária, ficando os dois segundos mais votados eleitos para os cargos de Vice Presidente e Secretário. § 5º - Os representantes, titular e suplente, dos órgãos e entidades, serão indicados pelas respectivas instituições e nomeados pelo Prefeito. § 6º - A substituição de representantes será efetivada mediante justificativa aprovada pela maioria, mantendo-se inalterada a sua constituição. § 7º - A inclusão de novos representantes ou entidades se dará mediante lei. § 8º - Os membros do CMPDA que não comparecerem a três reuniões num prazo de 12 (doze) meses perderão o mandato, devendo ser informado, de imediato, o órgão ou entidade que os indicou, para, num prazo de 15 (quinze) dias, providenciar a substituição. Art. 5º - O CMPDA reunir-se-á ordinariamente, no mínimo, 1 (uma) vez a cada dois meses e, extraordinariamente, na forma que dispuser seu Regimento Interno. § 1º - A convocação será feita por escrito, enviadas por correios ou correio eletrônico, com antecedência mínima de7 (sete) dias para as sessões ordinárias e de 24 (vinte e quatro) horas para as sessões extraordinárias. § 2º - As decisões do CMPDA serão tomadas com aprovação da maioria simples de seus membros, com presença de, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) dos membros, contando com o Presidente, que terá o voto de qualidade. § 3º - As sessões plenárias do CMPDA serão abertas à participação de todos os cidadãos, entidades da sociedade civil e movimentos populares, com o objetivo de analisar os trabalhos realizados, orientar sua atuação e propor projetos, programas ou ações específicas afeitas ao tema. Art. 6º - O CMPDA deverá elaborar seu Regimento Interno no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da data de publicação desta Lei. Art. 7º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Palácio Municipal José Geraldo da Cruz, em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, aos 11 (onze) dias do mês de outubro do ano dois mil e dezessete (2017). JOSÉ ARNON CRUZ BEZERRA DE MENEZES PREFEITO MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE Autoria: Vereadora Jacqueline Ferreira Gouveia Coautoria: Vereadores Damian Lima Calú e Rita de Cássia Monteiro Gomes

INSTITUIDO O “DIA DO CAPELÃO”
Pela LEI Nº 4.774, de 11.10.2017, será prestado anualmente uma homenagem ao Capelão. E a propósito, quantos são os capelães de Juazeiro do Norte? Vejamos o ato: Art. 1º - Fica instituído o “Dia do Capelão” no âmbito do Município de Juazeiro do Norte, a ser comemorado, anualmente no dia 30 de novembro. Art. 2º - O evento ora instituído passará a constar no Calendário Oficial de Eventos do Município de Juazeiro do Norte. Art. 3º - As despesas decorrentes da execução desta Lei correrão por conta de dotação orçamentária próprias, suplementadas se necessário. Autoria: Vereador Francisco Demontier Araújo Granjeiro. Coautoria: Vereador Damian Lima Calú.
URCA LANÇARÁ CATÁLOGO DE CLICHêS DA LIRA

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