UM EPISÓDIO ÉPICO:
AS AVENTURAS DO BÁRBARO
CANGACEIRO ZÉ PINHEIRO
Francisco Fernandes do Nascimento
A história que eu vou contar, ouvi-a em menino, depois adolescente e agora já a caminho da maturidade. Ouvi-a dezenas, talvez centenas de vezes, e jamais perdeu o sabor de novidade, e os heróis que a viveram continuaram na admiração do menino, do rapaz e do homem feito. Ouvi-a de meu pai, aquele que nela foi, sem dúvida, uma das figuras mais salientes. É um capítulo à parte da história sangrenta que convulsionou o Ceará em 1914, quando o caudilhismo imperava no interior do Brasil com o beneplácito do próprio Governo central – uma revolução de sangue que custou muitas vidas, inclusive a de um oficial dos mais brilhantes e que tem hoje o seu nome numa das ruas de Fortaleza: J. da Penha. Não irei analisar as causas que determinaram a Rebelião de Juazeiro contra o General Franco Rabelo, então à frente do Governo do Ceará, após aquele oficial haver derrubado uma oligarquia de vários anos. Direi apenas, baseado nos fatos históricos, que o Padre Cícero, o levita cearense, para enfrentar o Governo que o hostilizava e contra o qual afinal se revoltou, viu-se obrigado a utilizar, para a formação do seu exército de jagunços, não só aqueles que lhe devotavam respeito e obediência cega, mas também os celerados que àquela época infestavam os sertões nordestinos. Vitoriosa a revolução, com a deposição do Presidente do Estado pelas forças dos jagunços dirigidas pelo médico Floro Bartolomeu da Costa, Secretário e homem de confiança do Padre Cícero, de cujo prestígio se valeu mais tarde para se eleger deputado federal pelo Ceará, e bem assim pelo Dr. José de Borba, constituinte de 1946, as hordas heterogêneas regressaram a Juazeiro. Os bem-intencionados ensarilhavam seus trabucos, guardaram os seus punhais e os substituíram pelo rosário. Os outros, os que saquearam durante a arrancada do fundo do sertão para o litoral, não fizeram o mesmo. Pretendiam continuar roubando, matando, transformando a cidadezinha pacata e ordeira no “far west” do tempo da corrida do ouro californiano.
UM HOMEM DE CORAGEM
Habituado à obediência absoluta do rebanho que dirigia com mansuetude e carinho paternal há quase meio século, o Padre Cícero viu periclitar sua autoridade no seio dos celerados desenfreados, que tinham como chefe Zé Pinheiro, o mais temível e desalmado bandoleiro alagoano, o qual, pela sua valentia, tivera parte saliente nos combates dos revoltosos contra as forças legais. Decidido, porém, a fazer com que voltasse o império da lei e da ordem à terra que fundara, o velho sacerdote escolheu para isto um homem da sua confiança, honesto e não menos corajoso, a quem nomeou Delegado de Polícia e de quem exigiu mão de ferro para a realização da obra de expurgo dos elementos indesejáveis. Quintino Feitosa aceitou o mandato que lhe outorgava o amigo e guia espiritual, muito embora soubesse das dificuldades que teria de arrostar, pondo em risco a própria vida. Não podia contar com a Polícia, necessitando, assim, recrutar homens de boa-vontade e valentia, entre uma minoria de honestos. Conseguiu menos de uma vintena (sua valente e fiel esposa, inclusive) para enfrentar uma horda de mais de mil. Meu pai figurava entre os nomes desses heróis, dos quais restam uns poucos, perdidos nesse mundo de Deus. Não contava mais de 17 anos e já possuía quase 3 anos da experiência amarga do uso do bacamarte e do rifle na luta contra os poderosos. Com 14 anos, apenas, com o pai e os irmãos, defendera o seu clã na Alagoa do Monteiro, Paraiba, ameaçada e, por fim, invadida pelos cangaceiros do Dr. Santa Cruz, poderoso caudilho dos sertões do Nordeste do começo do século. Perseguira Antônio Silvino, bandoleiro tão famoso quanto Lampião, e fora por fim parar em Juazeiro, atraído talvez pelo seu espírito de aventura e por saber também estar ali um parente precisando da sua coragem e da sua lealdade. A investidura de Quintino Feitosa foi assinalada por hostilidades e desacatos de Zé Pinheiro e seus apaniguados, que numa atitude acintosa à autoridade e ao Padre Cícero se tornaram mais ousados. Quintino, porém, não era homem para ser desmoralizado. Possuía uma tradição de valentia, herdada dos seus antepassados dos Cariris Velhos, Paraíba. Aos atos de desrespeito e provocação dos celerados, respondeu com medidas saneadoras e drásticas, recolhendo ao xadrez, aqueles em que podia deitar a mão.
DEZOITO CONTRA MAIS DE MIL
Animados pela vantagem numérica que possuíam sobre aqueles pouquíssimos mantenedores da lei, sabendo, por outro lado, que a própria Polícia estava do seu lado, Zé Pinheiro e seu bando resolveram levar a cabo uma façanha mais ousada. Atacaram a Coletoria Estadual, que tinha como Coletor o Coronel Francisco Neri da Costa Morato, cunhado de Quintino e do engenheiro Teógenes Rocha, que iria, mais tarde, dirigir a Rede Viação Cearense e, por fim, a Central do Brasil. A coragem do delegado e dos seus companheiros transformou, todavia, o ataque dos bandoleiros num enorme conflito, com ação em toda a cidade e a duração de nada menos de 23 horas. Durante um dia e uma noite o punhado de corajosos, que não chegava a uma vintena, enfrentou mais de mil inimigos. Os ataques se sucediam em cargas de bacamarte e rifle, primeiro contra o baluarte que foi a Coletoria, depois contra a casa de Quintino. Era uma luta desigual, que só o milagre da valentia mantinha acesa por tanto tempo.
OS NOMES DOS HEROIS
Eram sete, apenas, os defensores da Coletoria: Cícero Jose do Nascimento (meu pai), José Joaquim Grande (hoje oficial da Polícia Alagoana), seu irmão João Joaquim Grande (assassinado em 1915 na cidade de Missão Velha, Ceará, por mariano Delfino), Manuel Belarmino (falecido), Santo Catingueira (assassinado anos depois), João Germano, Mário I (assassinado em Pesqueira, Pernambuco). Defendiam a casa de Quintino nove homens e duas mulheres. Eis os nomes desses valentes, que escreveram a mais bela e eloquente página de coragem de que há exemplo: João Batista, Antônio Romeiro I, Miguel Marinho, Antônio Romeiro II, Velho Martins, Leobardo de tal, Mário II (que doente de varíola lutou como um bravo), Luís Batista, Quintino Feitosa, sua esposa Agostinha da Costa Morato Feitosa e Petronília, filha adotiva do casal.
O ATAQUE
O ataque começou na Coletoria, às últimas horas de um dia de feira. Eram ondas sucessivas, os bandoleiros investiram com fúria sobre o reduto; recuavam ante a reação tremenda dos seus defensores, para depois avançarem novamente, num vaivém infernal, ajudados, também, pelo Polícia, que veio engrossar o seu contingente. Tomando conhecimento de que a Coletoria estava na iminência de cair em poder de Zé Pinheiro e do seu grupo, levados sem dúvida pela possibilidade de saques, Quintino enviou para ali alguns dos seus homens, desfalcando, assim, o seu já minguado elemento humano. Compreendendo o que se passava, os atacantes ampliaram o campo de luta, com uma investida furiosa de um grupo numerosíssimo contra a residência do delegado Quintino, as duas mulheres e os sete companheiros lutavam como feras. Os atiradores corriam de um canto para outro, fazendo fogo contra os inimigos, para dar-lhes, assim, a ilusão de que muitos eram os que lhes ofereciam combate.
CAI O PRIMEIRO BALUARTE
A fuzilaria de prolongou pelo resto da tarde, durou toda a noite e grande parte do dia seguinte. As primeiras horas da noite do primeiro dia, caiu a Coletoria Estadual. Os sete homens que defendiam há várias horas compreenderam que seria suicídio continuar lutando. Mas, não queriam, por outro lado, entregar-se inermes aos seus inimigos. Concentraram, então, seus fogos contra os sitiantes que já ameaçavam invadir o prédio, saltaram, no meio da rua, os rifles, matraqueando. Foi um golpe que pegou de surpresa os bandoleiros. A indecisão destes, que durou apenas alguns segundos, valeu-lhes, porém, a vida. A casa do Padre Cícero estava localizada perto. Puderam alcançá-la e foram recolhidos, com exceção do meu pai, que ao chegar ali já encontrou as portas cerradas. Revoltados com o logro em que caíram, Zé Pinheiro e seus asseclas concentraram todo o seu ódio contra aquele que não pudera penetrar no abrigo seguro do padre e o cobriram com uma chuva de balas. Meu pai sobreviveu, porém, ao ódio dos cangaceiros. Logrou, felizmente, atingir a Boca das Cobras, escondendo-se no meio do mato. Morto de fome, sede e cansaço, rumou dali, protegido pela escuridão da noite, para a casa de Quintino, nas Malvas, orientado pelo ruído da fuzilaria. Na manhã seguinte também ali chegavam os seus bravos companheiros que haviam passado a noite na residência do Padre Cícero.
A MORTE DE QUINTINO
18 eram agora os defensores da casa de Quintino, para lutarem contra mais de mil. Por volta das 15 horas recrudesceu o ataque. Sitiados por um bando cada vez mais impetuoso e feroz, permanecia, no entanto, o punhado de bravos com o moral alevantado, até que tombou o seu querido e valoroso chefe, atingido por uma bala inimiga. Morto Quintino, acabrunhados e sem ânimo, os seus companheiros se reuniram numa assembleia de alguns segundos em torno do cadáver e sob o fogo da artilharia dos atacantes. Decidiram fazer a retirada. D. Agostinha tomou o rifle do companheiro leal, arrastou pelo braço o filho moribundo e deu início à retirada heroica. A arma, que momentos antes vomitara fogo nas mãos de Quintino, não silenciou em poder de sua esposa. À proporção que se afastava da casa onde deixara o marido, a nobre senhora, juntamente com os companheiros do corajoso e malogrado delegado, atirava incessantemente contra os bandoleiros. Pouco adiante, completada a retirada, na qual não se verificou uma única baixa, os heróis se dispersaram. D. Agostinha escondeu-se no mato durante o resto da tarde e à noite estava de volta à casa do padre Cícero, levando nos braços o filho morto. Os demais foram homiziar-se na residência de Senhor Dantas, rico proprietário do município de Missão Velha.
FESTA DE BARBAROS
À dor de D. Agostinha, ao perder o esposo e o filho, veio juntar-se outra: a de saber que fora violado o cadáver de Quintino. Foi um ato de selvageria inominável, que encheu da mais justa revolta o Padre Cícero, fazendo-o sair de sua casa para recriminar o seu autor. O atentado verificou-se minutos após os 17 combatentes abandonarem a residência de Quintino, no interior da qual deixaram o seu corpo inerte. À frente dos seus asseclas, Zé Pinheiro invadiu a casa guardada apenas pelo cadáver ainda quente, e, em meio a esgares de ódio e de triunfo da turba desenfreada e assassina, Zé Pinheiro sacou uma enorme e afiada faca e de um golpe certeiro arrancou o lábio superior do seu inimigo morto, carregando em triunfo o troféu macabro e sangrento. Na primeira venda que encontrou no seu caminho, mandou que lhe servissem cachaça. Posta a bebida sobre o balcão sujo, Zé Pinheiro introduziu no copo o lábio ensanguentado que ele arrancara ao cadáver e, em seguida, sorveu, de um trago, a aguardente de mistura com o sangue de sua vítima. Risos alvares e selvagens acompanharam a cena que iria se repetir por várias vezes, num festim macabro. Minutos depois, o Padre Cícero vinha a ter conhecimento do que se passava. Tomado de incontida revolta, o velhinho alquebrado e manso pediu que o levassem a ter com Zé Pinheiro. Sua presença foi o bastante para pôr fim à bacanal de sangue e de álcool. Embora bêbados, os bandidos estacaram. O sacerdote marchou em direção a Zé Pinheiro e exprobou o seu crime, dizendo-lhe, de maneira que não deixava dúvidas, que para ele não havia mais lugar em Juazeiro. Acovardados, os celerados se retiraram cabisbaixos, batidos pela força que, de repente, transfigurara num gigante e mirrado e doce asceta. Zé Pinheiro não ousou desobedecer à ordem do Padre Cícero. Viajou para Alagoas, onde veio a ter um fim perverso e trágico. Eis como Xavier de Oliveira, no livro “Beatos e Cangaceiros” se refere à morte do desalmado bandido: “Nas Alagoas, alguns meses depois, uma mulher terrível mandou Zé Pinheiro buscar a orelha de uma amante de seu marido. Mas, ao invés de uma, dentro em pouco ele entregou-lhe duas!... Num engenho de açúcar, em Água branca, naquele Estado, ele estava depois do crime. Uns cabras, seus patrícios, o cercaram e, pegando-o de jeito, prostraram-no por terra, ferido mortalmente. E cumprindo ordens... começaram logo a tirar-lhe o couro. Depois de esfolado, esquartejaram-no e, como de praxe, ali, meteram-no, a seguir, numa fornalha... Quintino, cuja língua quis ele comer com aguardente, estava vingado... Findou assim esfolado, esquartejado e queimado o maior bandido dos sertões do Nordeste.”
(Fonte:
GUERRA AO PADRE CÍCERO
Vasculhando em antigos jornais, eis o que encontro no velho A LANTERNA, Rio de Janeiro, 30.10.1916, no seu serviço noticioso do Estado da Paraíba: uma circular de Dom Moysés Coelho, bispo de Cajazeiras, a seu clero, recomendando-lhe coisas verdadeira e sensatamente truculentas contra o famoso padre Cícero Romão Baptista, de Joazeiro, no Ceará. O caso é interessante. A quantidade de afilhados (sim, senhores, afilhados, simplesmente) que o velho padre Cícero tem pelos sertões é alarmante. Sucede que o padre não pode ir servir de padrinho por toda a parte. Esse inconveniente é obviado por um expediente muito simples: o futuro padrinho distribui por aqueles sertões procurações a granel para que outros sirvam de padrinho em nome deles. O bispo de Cajazeiras então avisou ao clero de que, de acordo lá com umas tantas leis canônicas, o padre Cícero não podia ser padrinho de criança nenhuma naquele bispado. Por que? Por isso, como diz o prelado: “Cumpre dar combate ao funesto fanatismo de Joazeiro, que será naturalmente fomentado, se tolerada for a praxe de admitir como padrinho o padre Cícero, que se faz representar nessas abusivas procurações.” Mais abaixo recomenda o mesmo bispo a seus padres que “por ocasião de batizar, se recusem, quanto possível for, a aceitar o nome de Cícero se, após minuciosas informações perceberem que a única razão de porém às crianças esse nome, seja a fanática devoção ou a supersticiosa simpatia à pessoa do padre Cícero.” Está bem visto que, se os padres de Cajazeiras tomarem a peito cumprir rigorosamente este último dispositivo do mandamento episcopal, não haverá d'agora em diante nem mais um Cícero; porque o caboclo do sertão quando deseja que seu filho se chame Cícero, com certeza não é em homenagem ao inimigo de Catilina, mas pura e simplesmente por “devoção supersticiosa” ao padre cearense, o único Cícero de que eles tem notícia... Meu velho Renan, como eu lamento que não existas hoje, para vires ao Brasil, como Anatole France, Ferri e tantos outros. Disseste uma vez que, se pudesses, se fosses rico, quisera fazer uma experiência de “origem de uma religião” no Oriente. Ora, aqui no Brasil podias ver essa “experiência” sem grande despesas. Bastava ir ao norte do país. O padre Cícero é desses tipos que outrora subiam aos altares; e o povo que o cerca tem a espessura de superstição e ignorância suficiente para ser um “núcleo de religião” que vingaria, se os nossos tempos não fossem tão desgraçadamente pragmáticos... (Fonte: Jornal)
IMAGENS ESQUECIDAS (IV)
José Américo de Almeida nasceu no engenho Olho d'Água, município de Areias, Paraíba, no dia 10 de janeiro de 1887. Filho de Inácio Augusto de Almeida e de Josefa Leopoldina Leal de Almeida. Estudou no Seminário de João Pessoa e no Liceu Paraibano. Mudou-se para o Recife, onde ingressou na Faculdade de Direito, concluindo o curso em 1908. Exerceu a magistratura, foi promotor da comarca do Recife e da comarca de Sousa, na Paraíba. Em 1911 foi nomeado Procurador do Estado. Em 1928 publicou "A Bagaceira", romance que provocou entusiasmo na crítica e o tornou nacionalmente conhecido, dando início à “Geração Regionalista do Nordeste”. José Américo de Almeida dedicou-se à política, foi governador da Paraíba. Durante seu mandato fundou a Universidade Federal da Paraíba, sendo nomeado seu primeiro reitor. Entre 1930 e 1934, no governo de Getúlio Vargas, foi nomeado Ministro da Viação e Obras Públicas. Foi nessa condição que visitou Padre Cícero Romão Baptista em sua residência em Juazeiro do Norte, em março de 1933.
IMAGENS ESQUECIDAS (V)
Laurindo de Azevedo Ramos formou-se como escultor na Escola Nacional de Belas Artes. Foi autor de muitos monumentos e estátuas pelo Brasil, como no Rio de Janeiro, Niterói e nos Estados de Alagoas e Ceará. No Rio de Janeiro, referimo-nos na coluna passada, mostrando o túmulo de Floro Bartholomeu da Costa (1926). Em Juazeiro do Norte está a estátua em bronze, na Praça Pe. Cícero (1923). Também era arquiteto, formado pela antiga Universidade do Brasil, hoje UFRJ. Exerceu também atividade de magistério como professor de moldagem da Escola Normal do Estado do Rio de Janeiro e professor de desenho numa escola de ensino técnico no Rio de Janeiro. Também bacharelou-se em Direito e era membro da Academia Fluminense de Letras. Participou de muitas exposições, destacando-se nas denominadas Exposição Geral de Belas Artes no Rio de Janeiro, nos anos, 1913, 1914, 1916, 1918, 1919, 1920, 192’1, 1922, 1924 (Medalha de Bronze), 1925 (Medalha de Prata), 1926, 1928 e 1931 e 1933 (Medalha de Ouro), premiações essas conferidas pelo Conselho Superior de Belas Artes. faleceu no Rio de Janeiro em 12.08.1959. Na foto acima, o escultor está com a estátua do Pe. Cícero, em seu atelier, dando retoques, antes de a mesma ser remetida para Juazeiro.
IMAGENS ESQUECIDAS (VI)
Na passagem de Lampião por Juazeiro do Norte, em 1926, foram tiradas várias fotografias da família. Na célebre foto da família reunida (que é vista acima), vemos na extrema esquerda sentado, Antônio Ferreira e na extrema direita, Lampião; a segunda sentada da direita para a esquerda é Dona Mocinha (tendo seu marido, Pedro Queiroz, atrás de si); ao lado direito de Pedro está João Ferreira; do lado esquerdo de João está Ezequiel (que depois entraria para o cangaço com o vulgo de Pente Fino); e, finalmente, o segundo da direita para a esquerda, em pé, é Virgínio (seria o futuro cangaceiro Moderno, chefe de grupo), casado com uma irmã de Lampião, que logo morreria de parto em Juazeiro. Na ocasião da foto, Dona Mocinha (Maria Ferreira de Queiroz) estava recém-casada com Pedro e, em entrevistas, ela sempre externou a enorme benevolência do Padre Cícero, e que todos da família se sentiam seguros em Juazeiro. . Foto em Juazeiro, em março de 1926, realizada por Lauro Cabral de Oliveira. (Publicada na Revista O Cruzeiro, 03.10.1953)
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
CINE GOURMET (FJN, JUAZEIRO DO NORTE)
A Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN) agora também está incluída no circuito alternativo de cinema do Cariri. As sessões são programadas para as terças feiras, de 13:30 às 15:30h, no Laboratório de Informática do Bloco I, na Rua São Francisco, 1224, Bairro São Miguel, dentro do seu Projeto de Extensão denominado Cine Gourmet, sob a curadoria de Renato Casimiro. Informações pelo telefone: 99794.1113. No próximo dia 20, terça feira, estará em cartaz, o filme RATATOUILLE (Ratatouille, EUA, 2007, 110 min). Direção de Brad Bird. Sinopse:Paris. Remy (Patton Oswalt) é um rato que sonha se tornar um grande chef. Só que sua família é contra a idéia, além do fato de que, por ser um rato, ele sempre é expulso das cozinhas que visita. Um dia, enquanto estava nos esgotos, ele fica bem embaixo do famoso restaurante de seu herói culinário, Auguste Gusteau (Brad Garrett). Ele decide visitar a cozinha do lugar e lá conhece Linguini (Lou Romano), um atrapalhado ajudante que não sabe cozinhar e precisa manter o emprego a qualquer custo. Remy e Linguini realizam uma parceria, em que Remy fica escondido sob o chapéu de Linguini e indica o que ele deve fazer ao cozinhar.
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na quintas feira, dia 22, às 19:30 horas, dentro da Mostra CINEMA DE ARTE, o filme A CANÇÃO DA ESTRADA (Pather panchali, Índia, 1955, 125 min). Direção de . Sinopse: Em um pequeno vilarejo em Bengala, Apu (Subir Bannerjee) é um menino que vive em uma família bem pobre, junto com a irmã Durga, os pais, e a velha tia. A vida da família é permeada de sofrimentos, eles mal têm dinheiro para comer e Durga (Uma Das Gupta) costuma roubar algumas coisas do vizinho rico. O pai viaja para um novo emprego, o que traz esperança à família, mas quando ele volta cheio de presentes Durga morreu de pneumonia, pouco depois da tia também ter morrido.
CINE CAFÉ VOLANTE (CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café Volante, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 23, sexta feira, às 15:20 horas, o filme OS PÁSSAROS (Birds, EUA, 1963, 120 min.). Direção de Alfred Hitchcock. Sinopse: Melanie Daniels (Tippi Hedren) é uma bela e rica socialite que sempre vai atrás do que quer. Um dia ela conhece o advogado Mitch - Brenner (Rod Taylor) em um pet shop e fica interessada nele. Após o encontro, ela decide procurá-lo em sua cidade. Ela dirige por uma hora até a pacata cidade de Bodega Bay, na Califórnia, onde Mitch - costuma passar os finais de semana. Entretanto, Melaine só não sabia que iria vivenciar algo assustador: milhares de pássaros se instalaram na localidade e começam a atacar as pessoas.
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na sexta feira, dia 23, às 19:30 horas, dentro da Mostra LANÇAMENTOS, o filme LIGA DA JUSTIÇA (Justice league, EUA, 2017, 120min). Direção de Zack Snyder. Sinopse: Impulsionado pela restauração de sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Superman (Henry Cavill), Bruce Wayne (Ben Affleck) convoca sua nova aliada Diana Prince (Gal Gadot) para o combate contra um inimigo ainda maior, recém-despertado. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam com agilidade um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes: Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman (Jason Momoa), Cyborg (Ray Fisher) e Flash (Ezra Miller) - poderá ser tarde demais para salvar o planeta de um catastrófico ataque.
CINE CAFÉ (CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 24, sábado, às 17:30 horas, o filme UM SONHO SEM LIMITES (To die for, EUA, 1995, 106 min.). Direção de Gus van Sant. Sinopse: Suzanne Stone é uma jovem do interior que tenta a sorte na cidade grande. Ela trabalha como repórter na TV, onde compensa seu limitado talento com muita sujeira, sexo e até mesmo mortes para se manter lá em cima.
COMENDA MEMÓRIAS DE JUAZEIRO
SEMANA DO PADRE CÍCERO, 2018
A direção da Fundação Memorial Padre Cícero nos remeteu a programação definitiva da Semana do Padre Cícero, 2018. Na coluna passada havíamos publicado apenas o evento ali inserido, SEMINÁRIO LIRA NORDESTINA: DIAGNÓSTICOS E ATUALIZAÇÕES. Houve pequena alteração nessa programação e resolvemos republicar a matéria com os reparos informados, como abaixo.
PROGRAMAÇÃO SEMANA PADRE CÍCERO 2018
SECULT / Fundação Memorial Padre Cícero
FEIRA DE ARTESANATO (20 a 23 de março)
Os artistas do Centro de Artesanato Mestre Noza e da Lira Nordestina estarão expondo e vendendo seus produtos na Fundação Memorial Padre Cícero, no horário de funcionamento da instituição, de 7h30 às 17h30.
VISITA MEDIADA À EXPOSIÇÃO “PADRE AZARIAS SOBREIRA: O PADIM DE MEU PADIM” (20 a 23 de março)
Às 11h, para os interessados em conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra de um dos grandes defensores do Padre Cícero Romão Batista.
II MOSTRA LUZ DAS ARTES (20 e 21 de março)
Mostra de filmes e documentários com o objetivo de suscitar a reflexão sobre temas relacionados à história do Cariri e divulgar as produções audiovisuais nacionais e do próprio Ceará. Nessa segunda edição, o público alvo são estudantes do ensino médio, da rede pública e particular de Fortaleza, embora as sessões estejam abertas a todos os interessados. Serão sessões gratuitas, mediadas por professores e cineastas de algumas das produções que serão exibidas.
Dia 20/3 (manhã)
8h30. Mesa de abertura oficial da Semana Padre Cícero. Participantes: Prefeito José Arnon, Secretários (Cultura; Turismo e Romaria; Esportes etc), Parceiros (Padre Cícero, SESC etc).
9h. Apresentação da Campanha de Registro dos Lugares Sagrados de Juazeiro do Norte. Parceria Prefeitura Municipal e IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
9h30. Banda Cabaçal São João Batista
10h. Exibição dos documentários: Candeias; O Pau da Bandeira (Augusto Pessoa). Debatedor: Augusto Pessoa
Dia 20/3 (tarde)
14h. Documentários: Natal Popular – Cariri: mito, história e profecia (I, II e III). Rosemberg Cariri e Oswald Barroso.
Debatedor: Renato Dantas
Dia 21/3 (manhã)
8h30. Filme: O milagre em Juazeiro. Debatedora: Fátima Pinho
Dia 21/3 (tarde)
14h. Documentários: Lampião (Ythallo Rodrigues); Cerca (Glauco Vieira); Catadores de piqui (Nívea Uchôa).
Debatedores: Ythallo Rodrigues, Glauco Vieira e Nívea Uchoa.
SEMINÁRIO LIRA NORDESTINA: DIAGNÓSTICOS E ATUALIZAÇÕES (22 DE MARÇO).
A Lira Nordestina, assim batizada pelo poeta Patativa do Assaré, era a antiga Tipografia São Francisco, criada na década de 1930, em Juazeiro do Norte, por José Bernardo da Silva. Alcançou, nos anos 1950, a posição de maior folheteria do país, com títulos considerados clássicos da literatura de cordel. Com o desenvolvimento das tecnologias de impressão e a morte de José Bernardo, a Tipografia entrou em decadência. Em 1982, seu acervo e equipamentos foram adquiridos pelo Governo do Ceará. Hoje, a Universidade Regional do Cariri – URCA, responde por sua administração, que atualmente está no prédio do Vapt Vupt. Não funciona mais como editora, mas tornou-se ponto de encontro e divulgação dos artistas do Cariri, em especial os xilógrafos. No entanto, durante os últimos anos de sua trajetória, a Lira Nordestina tem enfrentado várias dificuldades, sobretudo no que diz respeito a sua sustentabilidade e as condições do mercado de trabalho para os envolvidos nas artes do cordel e da xilogravura. Por essa razão, a URCA, em parceria com a Secretaria de Cultura do Juazeiro do Norte, vem propor o Seminário “Lira Nordestina, diagnósticos e atualizações”, a fim de enfrentar essa atual situação a partir das reflexões de pesquisadores, artistas locais, representantes do poder público (municipal e estadual) e do Sebrae, para encaminhar ações que tragam resultados positivos para a reestruturação desse representativo patrimônio cultural do Cariri.
Dia 22/3 (manhã)
8h30 - Mesa de abertura: Prof. Patrício Melo (Reitor da URCA); Fabiano dos Santos (Secretário da Cultura do Estado); Arnon Bezerra (Prefeito de Juazeiro do Norte); Renato Fernandes (Secretário da Cultura de Juazeiro do Norte); Júnior Feitosa (Secretaria de Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte), Joaquim Cartaxo Filho (SEBRAE); José Lourenço (AXARCA - Associação dos Xilógrafos e Artesãos do Cariri).
9h. Grupo de Incelenças de Juazeiro do Norte
9h30 – Palestra. Os caminhos do cordel em Juazeiro do Norte numa perspectiva histórica. Palestrante: Rosilene Melo.
10h30 - Intervalo
11h - Lira Nordestina hoje: diagnósticos e atualizações. Palestrante: Renato Dantas; Abraão Batista. Mediadora: Rosário Lustosa.
Dia 22/3 (tarde)
14h - Mesa redonda. Percursos da xilogravura de Juazeiro do Norte: de arte utilitária à “relíquia” de museu. Palestrantes: Geová Sobreira; Sandra Nancy Freire; Stênio Diniz. Mediador: Renato Casimiro.
15h30 - Reisado Menino Deus João Cabral
16h - Intervalo
16h30. Lira Nordestina: rumos e perspectivas. Palestrantes: Prof. Patrício Melo (Reitor da URCA); Fabiano dos Santos (Secretário da Cultura do Estado); Arnon Bezerra (Prefeito de Juazeiro do Norte) e Joaquim Cartaxo Filho (SEBRAE); José Lourenço (AXARCA). Mediadora: Arlene Pessoa (Pró-Reitora de Extensão URCA).
17h30 - Leitura do Documento: Carta de Pactuação em prol da Lira Nordestina.
SEMANA DO PADRE CÍCERO: II LUZ DAS ARTES
Pela segunda vez, a Fundação Memorial Padre Cícero estará realizando dentro da Semana do Padre Cícero, nos dias 20 e 21 de Março, nos horários de 8:30h e 14:00, seguido de debates, a II Mostra de Cinema “LUZ DAS ARTES”. Serão exibidos os seguintes filmes:
CANDEIAS (2016): Curta metragem. Direção de Reginaldo Farias e Ythallo Rodrigues, Produção de O Berro Filmes. “Realizado durante a Romaria de Nossa Senhora das Candeias, em fevereiro de 2016, e apresenta um olhar voltado para uma das mais belas expressões da religiosidade popular do Cariri, a “Procissão das Velas”, que ocorre em Juazeiro do Norte, sempre no dia 2 de fevereiro. O filme foi produzido com recursos do Fundo Estadual de Cultura, através do XI Edital de Cinema e Vídeo (2014) da SECULT-CE.”
PAU DA BANDEIRA (2012): Curta metragem. Realizado pelo fotógrafo Augusto Pessoa e Felipe Wenceslau, para o registro documental de um dos maiores eventos culturais do Cariri, envolvendo manifestações de grupos folclóricos e sua diversidade cultural. Filme participante e premiado em diversos festivais no Brasil e França.
MILAGRE EM JUAZEIRO (1999): Realização e Direção de Wolney Oliveira. A fervorosa religião do Nordeste e o culto à figura do célebre padre Cícero, na cidade Juazeiro do Norte, um filme parte documentário e parte ficção, alternando depoimentos de fiéis, padres e célebres figuras do Brasil e cenas que reconstituem a vida e a obra religiosa do padre Cícero, principalmente em relação a um famoso milagre atribuído ao padre, datado do ano de 1889.
CATADORES DE PEQUI (2008): Documentário de curta metragem produzido por Nívea Uchôa na cidade de jardim, CE, na Chapada do Araripe, focando o cotidiano dos catadores no período da colheita, durante seis meses.
Além dos mencionados também estarão sendo mostrados os filmes LAMPIÃO, CERCA e NATAL POPULAR.
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