sábado, 26 de março de 2016


BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.

222: (21.03.2016) Boa Tarde para Você, José Eraldo Oliveira Costa
Em dias como estes mais recentes, em que o pais vive verdadeiramente uma intensa convulsão social, frequentemente não percebemos outra qualquer notícia sobre coisa do nosso interesse, escondida na enxurrada de informações sobre lava jato, impeachment e prisões. Foi o que fui encontrar, Eraldo, a respeito do seu esforço em conduzir a transformação do lixão de Juazeiro do Norte num bem resolvido projeto de aterro sanitário controlado, a partir do licenciamento de um aterro privado e a implantação de nossa política de resíduos sólidos. Digo-lhe isso, meu amigo, por que sei com relativa precisão o alcance de uma atitude como esta, pois profissionalmente eu estive ligado a esse tipo de gestão por muitos anos, numa indústria cearense que cumpriu exemplarmente o primeiro inventário de resíduos sólidos com as exigências da Semace, e primava pelo destino final de vinte e seis tipos de resíduos sólidos. Nada disso já não é simples, mesmo tendo ao alcance das mãos regras, normas, competências e recursos, ainda mais na esfera da administração pública municipal, onde se vê de tudo, nas barganhas, nas prioridades, nas interferências e no corpo mole que lamentavelmente aparece. Louvo sua atitude, Eraldo, como Superintendente à frente da nossa Autarquia Municipal do Meio Ambiente, exatamente porque dela emana o exemplo maior a ser seguido, por esta liderança regional inconteste e o que daí se irradia, a partir da frustração do Aterro Regional projetado. Esse, aliás, se mostrou logo nas primeiras tratativas, parte da pauta de imensos conflitos que esta propalada Região Metropolitana do Cariri experimentaria no âmbito das gestões para sua implantação a ponto de se revelar como isso será difícil de ocorrer entre a intenção e a prática. O Cariri mais restrito, de apenas nove municípios, já é muito heterogêneo até para lidar com um aparente elo comum, como geração, coleta e o destino de seus resíduos sólidos, porque essa tarefa não depende apenas da vontade de gestores públicos, mas tem que mobilizar uma sociedade inteira. E é que ainda não tocamos, Eraldo, na necessária educação ambiental que parte ainda das gerações bem incipientes, na escolaridade mais precoce, para atingir a todos numa autêntica reforma de consciência, costumes e práticas, quanto a produção e coleta seletiva dos resíduos gerados. Fico muito satisfeito em saber que há iniciativas muito consistentes nos propósitos da AMAJU para assistir e assessorar o batalhão de catadores que nunca pode ser visto como parte dessa miséria, senão pela visão privilegiada do quanto se pode ainda realizar em negócios e alimentar sonhos. Enquanto ainda não atingimos aquele estágio privilegiado de contar com a responsabilidade individual, de cada um de nós, que conhece e pondera sobre os impactos ambientais de atitudes aparentemente inexpressivas, são esses catadores o agente benéfico das transformações esperadas. E como tal, eles necessitam ser assistidos, apoiados e compreendidos por toda a sorte de dificuldades que se interpõe às suas tarefas, aquilo que numa figura sempre nos aparece como o exercito imprescindível de formiguinhas que percorre dia e noite o nosso território imerso em lixo. O que eles fazem, você melhor do que ninguém, Eraldo, conhece sobejamente para entender o quanto isto precede toda a viabilidade social e econômica da cadeia, antes mesmo de pensarmos nos instrumentos necessários da finalização com biodigestores, reatores, incineradores e tudo mais. Felizmente, é auspicioso saber o quanto em torno disso se articula, com competências que se estabelecem, na contribuição de pessoal acadêmico e técnico, e na pluralidade de suas visões de mundo, para as soluções factíveis de tão graves problemas decorrentes e acumulados. Pessoalmente, Eraldo, aguardo com ansiedade o fato de que este Projeto de Coleta Seletiva, de tanto interesse entre o Conselho de Meio Ambiente e nós – sociedade pretensamente organizada, que queremos ver implementado rapidamente, mude a fisionomia da nossa ambiência, de nossas ruas.
Em tempos de mosquitos e vírus, e com tal gravidade, já não é sem urgência que providências tais como estas sejam bem vindas e bem resolvidas pelo que isso significa a melhor resolução de tantos, problemas, significativos, tão antigos, tão remotos quanto nossa existência cidadã. Por isso, Eraldo Oliveira, por todas estas coisas que estão acontecendo neste momento, onde enxergamos a véspera de melhores dias, a sociedade lhe deve uma reverência, um crédito de confiança que se assenta por sobre a sua competência, determinação e responsabilidade.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 21.03.2016)

BOA TARDE (II)
223: (.03.2016) Boa Tarde para Você, Expedito Galba Batista
Em algum momento desses meus comentários semanais eu me reportei aos dados oficiais elaborados pela IBGE que projetam para essa nossa cidade uma estimativa de população nos próximos 10 anos, quando ela atingirá à significativa marca de meio milhão de viventes. Esse anunciado, e por vezes temido crescimento populacional, Dr. Galba, nos coloca diante da angústia do enfrentamento do grave problema do nosso suprimento de água e a solução permanente e definitiva da demanda protelada longamente com respeito ao esgotamento sanitário. Segundo suas próprias palavras à imprensa no dia de ontem, somos uma comunidade que conta hoje com 86 mil pontos de acessos aos serviços da Cagece, traduzidos por ligações ao sistema, o que daria na estimativa uma cobertura para uma população bem maior do que a que somos. Por seus números, revelando que temos uma vazão de 2.300 metros cúbicos de água por hora, corre nas veias deste sistema um volume de mais de 55 milhões de litros de água, para prover uma disponibilidade que atinge na atualidade cerca de 200 litros/habitante/dia. Diante desses pressupostos, se bem verdadeiros, a Cagece terá que exibir um desempenho insatisfatório para distribuir água para mais 20 ou 25 juazeirenses a cada dia, na próxima década. Esse é um lado importante, fruto dos nossos reclamos e do exercício diário da companhia que o senhor dirige aqui entre nós, Dr. Galba, exatamente a empresa que se notabilizou nesse nosso Ceará como autêntico instrumento de uma indústria que tem a responsabilidade social de vender saúde. Mesmo assim, é indiscutível a pauta enorme de insatisfações que guardamos como usuários, como pagantes por estes serviços essenciais, diante de alguns graves problemas que persistem com as perdas volumosas de água, com a sua eventual má qualidade, localizada em tempo e espaço. Civilizadamente, Dr. Galba, não estamos em lados opostos, mas ao contrário, somos solidários ao empenho da companhia e do trabalho de toda a sua equipe e até entendemos as limitações que estão impostas para a solução de todos estes conflitos de interesses que vão surgindo a cada momento. Fico imaginando, à sombra desses números gerais, mas reveladores de tantas preocupações, o que projeta essa empresa nesse futuro ainda tão incerto de uma cidade que só complica seus indicadores e que vive à expectativa de que o serviço público sempre seja aprimorado para seu bem estar. Quando em nossas casas falta este bem tão precioso, nós reagimos em regra para não saber de nenhuma justificativa, nenhuma explicação oficial e racional, porque cada um de nós sabe o tamanho do estrago que isto provoca, o que nos toma de tempo e o que impõe de desconforto. De outra sorte, Dr. Galba, por ainda não termos resolvida completamente a questão mais emergente de nossa sobrevivência básica, o que nos daria folga para custear bons serviços públicos, é lamentável que a ociosidade do tratamento de esgoto, seja atestado por vossa senhoria em 50%. Isto é, porque muitos ainda se dizem que não podem pagar pelo serviço, melhor é enterrar no próprio quintal aquilo que mais cedo ou mais tarde vai bater em nossos mananciais limitados, provocando o pior dos resultados e os custos mais elevados desta demanda por água tratada. Nesse sentido, é justificável que como cidadão comum e sensível à significação do que esse serviço público nos beneficia, bem entendemos o que ainda nos cabe em atitude para sanar essa gravidade. Entendemos que a Companhia fez um esforço para resolver, e continua fazendo, com algumas deficiências, parte do que lhe cabe para prover a solução definitiva desta cena horrorosa com que convivemos, transitando diariamente através de vias públicas imersas em esgoto a céu aberto. Lamentável, Dr. Galba, é como está o lençol freático, poluído em nosso minguado território, por descargas não autorizadas, pelo menos no bom senso e que vão bater nos poços que nos servem. Temos a obrigação, enquanto povo pretensamente civilizado, repito, a obrigação de aderir e pagar pelo serviço de desimpactação de tão graves malefícios que vem pelo que espalhamos de toda a sorte de lixo, resíduos tóxicos e águas residuárias industriais que se avolumam com gravidade. Não quero perder aqui a oportunidade, Dr. Galba, de louvar os seus gestos concretos de vir gerindo aqui essa Companhia tão fundamental ao nosso desenvolvimento e bem estar, há tantos anos. Ontem, como hoje e sempre, celebraremos o Dia da Água, e é com ela, a melhor que você puder mandar para nossas casas que faremos um brinde à nossa felicidade e a sua felicidade pessoal. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 23.03.2016)

COMENDA MEMÓRIAS DE JUAZEIRO
COMENDA MEMÓRIAS DE JUAZEIRO, 2016



Excelentíssimo Senhor Dr. Raimundo Antonio de Macedo, Prefeito Municipal desta cidade de Juazeiro do Norte, por quem estendemos a todas as autoridades aqui presentes as nossas reverências respeitosas, agradecendo-lhes por suas presenças.
Excelentíssimo Senhor Dr. Luiz Ivan Cruz Bezerra de Menezes, Vice Prefeito Municipal desta cidade de Juazeiro do Norte;
Excelentíssimo Senhor Dr. José Arnon Cruz Bezerra de Menezes, digno Deputado Federal pelo Cariri;
Excelentíssimo Senhor Dr. Odival Limeira Lima, Presidente da Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte (AFAJ);
Excelentíssima Senhora Maria Solange Tenório Cruz, Presidente da Fundação Memorial Padre Cícero, aqui também representando a Excelentíssima Senhora, Marli Bezerra, Secretária Municipal da Cultura e Romaria de Juazeiro do Norte;
Excelentíssimo Senhor Vereador Normando Sóracles Damascena, Secretária Municipal da Cultura e Romaria de Juazeiro do Norte;
Excelentíssima Senhora Jaqueline Cavalcante Sampaio, filha do homenageado Dr. José Mauro Castelo Branco Sampaio e aqui também representando sua mãe, Deyse Cavalcante Sampaio, esposa do homenageado, por quem desejamos abraçar e cumprimentar toda sua família;

Excelentíssima Senhora, Maria de La Salette Cruz Bezerra de Menezes, esposa do homenageado, por cujo nome saudamos todos os familiares e amigos de Leandro Bezerra de Menezes;

Excelentíssima Senhora, Rosália Tenório Camilo, esposa do homenageado, em nome de quem cumprimentamos todos os membros da família e os amigos do Dr. Odílio Camilo da Silva;
Senhoras e senhores, membros da Diretoria da AFAJ e do seu quadro social;
Minhas senhoras e meus senhores, amados filhos e afilhados de Juazeiro do Norte.
Tempo houve em que tais eram os ranços sobre o Padre Cícero Romão Baptista que até mesmo sobre esta data de hoje, o dia 24 de Março, em que sempre celebramos o seu aniversário, recaia suspeição e declaração de falsidade ideológica, até com prova cartorial. O tempo e o vento demonstraram, como se a nos lembrar da máxima latina “verba volant et escripta manet” – as palavras voam, mas a escrita permanece, que sempre recorremos à clássica carta do filho ausente à sua mãe e sua irmã, expatriado, exilado, solitário nas angustias, a exatos 118 anos: Roma, 24 de Março de 1898. Minha mãe e Angélica. Deus as abençoe e fortifique com sua graça. Hoje que faço 54 anos e véspera da Anunciação da Mãe de Deus, ela me alcançou a graça de ver o Papa, o representante de Jesus Cristo na terra; (...) Cento e dezoito anos passados, meus senhores e minhas senhoras, e a cena já não é a mesma, pois já não é Cícero que vê o Papa, mas o Papa que vem a Cícero, abrindo-lhe os braços e à Igreja, em reconciliação. Demos graças a Deus, enfim, pois este é o início do que se preconizava e com tanta força ganhou a voz do povo para perpetuar em tom profético: “Quem vai fazer a minha defesa será a própria Igreja”. Saudamos nesta noite, em primeira motivação do que nos faz aqui reunidos, a Cícero Romão Baptista, servo de Deus, veneranda criatura dessa nossa Santa e pecadora Madre Igreja, clérigo que fez sua opção consciente pela felicidade do homem simples, cristão exemplar, padrinho de toda esta nossa gente, Patriarca de todos estes sertões nordestinos, fundador desta cidade e de nossa civilização sertaneja, conselheiro de todas as horas dessa amada Nação Romeira. O que nessa instituição, a AFAJ – Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte, fazemos há 16 anos tem esta inspiração, a de receber a sua bênção e as suas graças para que estejamos solidários e contribuintes ao progresso e desenvolvimento desta terra, se possível, cuidando dela, como ele o fez, faz, e continuará fazendo.

Em 8 de Fevereiro de 2001 a Diretoria Executiva da AFAJ, com sede em Fortaleza, e no uso de suas atribuições legais e em cumprimento dos objetivos gerais e específicos da Entidade, conforme disposições expressas nos artigos 3º, incisos I a VI e 8º, incisos I e II, dos seus Estatutos, promulgou uma Resolução criando a Comenda Memórias de Juazeiro, destinada a homenagear, anualmente, in memoriam, personalidades que tenham se destacado nos campos profissional, econômico, social e político, na Cidade de Juazeiro do Norte, escolhidas pelo voto direto de participantes de sua Assembleia. Assim, anualmente, a Associação tem realizado a escolha dos seus homenageados, seguindo um ritual previsto pela indicação circunstanciada, patrocinada pelos associados, e justificada pela proposta subsidiada em dados biográficos que informam os valores de vida e obra dos candidatos apresentados. Em anos anteriores foram agraciados com a Comenda Memórias de Juazeiro, as seguintes personalidades: 

Em 2001: José Geraldo da Cruz, Manoel Francisco Germano e Odílio Figueiredo; 
Em 2002: Antonio Fernandes Coimbra (Mascote), Dário Maia Coimbra e José Monteiro de Macedo; 
Em 2003: Expedito Pereira, Francisco Erivano Cruz e Felipe Néri da Silva; 
Em 2004: Francisco Néri da Costa Morato, José Bezerra de Menezes e Mozart Cardoso de Alencar; 
Em 2005: Antonio Corrêa Celestino, Expedito Guedes e José Teófilo Machado; 
Em 2006: Mons. Francisco Murilo de Sá Barreto, Samuel Wagner Marques de Almeida e Walter de Menezes Barbosa; 
Em 2007: Amadeu de Carvalho Brito, Aureliano Pereira da Silva e Edgar Coelho de Alencar; 
Em 2008: Durval Aires de Menezes, Getúlio Grangeiro Pereira e Tarcila Cruz Alencar; 
Em 2009: Antonio Conserva Feitosa, Francisca Pereira de Matos e Gumercindo Ferreira Lima; 
Em 2010: José Perboyre Sampaio Sabiá, José Pereira Nobre e Tereza de Sousa Pereira; 
Em 2011: Luiz Gonçalves Casimiro, Orlando Bezerra de Menezes e Valdetário Pinheiro Mota; 
Em 2012: José Feijó de Sá, Manuel Rodrigues Veloso e Ten. Raimundo Saraiva Coelho; 
Em 2013: Expedito Ferreira Lima, João Maurício e Silva e Teodoro de Jesus Germano; 
Em 2014: Antônio Araújo Silva, Bartolomeu Alves Feitosa e Cel. Firmino Araújo, 
E em 2015: Francisco Edmilson Brito, Maria Alacoque Bezerra de Menezes e Milton Sobreira da Cruz. 
Nesse 2016, na décima sexta edição da Comenda Memórias de Juazeiro, a AFAJ decidiu homenagear os senhores José Mauro Castello Branco Sampaio, Leandro Bezerra de Menezes e Odílio Camilo da Silva.
JOSÉ MAURO CASTELLO BRANCO SAMPAIO
É uma bela história a que ocorre nos bastidores de uma obra clássica da literatura cearense, o romance As Três Marias, de Rachel de Queiroz. Eram três amigas, três estudantes do velho e tradicional Colégio da Imaculada Conceição, em Fortaleza. Maria Augusta, a Guta, é a própria Rachel – a Rachelzinha, entre elas; Maria José é Alba Frota, a Albinha, entre elas, tia-avó do atual prefeito de Fortaleza, criatura adorável que conheci dirigindo a biblioteca central da UFC e que faleceria tragicamente com seu grande amigo, o Marechal Castelo Branco, e Maria da Glória é Odorina Castelo Branco. Em novembro de 1925 elas concluíram juntas o curso pedagógico, e por essa época, Odorina conheceu Alacoque Sampaio que a convidou para viajar até Barbalha, onde ela conheceria o médico recém formado, Leão Sampaio. Nasceu entre eles uma grande afeição. Namoraram e já em 1926 contraíram matrimônio, de cujo consórcio veio à luz o primogênito, José Mauro, em Fortaleza, num dia de domingo, 10.07.1927. Odorina e Leão Sampaio constituíram uma família numerosíssima, com 13 filhos. Leão foi para todos nós uma grande legenda de profissional médico e grande político, entre 1933 e os anos 60. Quanto a Odorina, uns anos atrás, o escritor José Batista de Lima reclamaria num artigo de jornal a necessidade de um estudo aprofundado sobre ela, por essa enriquecedora participação como personagem de um dos mais bonitos romances da literatura brasileira. O ingresso de Leão na política, elegendo-se deputado federal em 1933, levou a família a se mudar para a antiga capital federal, onde Mauro começou seus estudos primários. Posteriormente, com a mudança da família para Barbalha, Mauro continuou seus estudos primários e transferiu-se para Recife, onde concluiria o curso primário e seria matriculado no antigo ginásio no Colégio Nóbrega, a partir de 1939. Em 1947 transferiu-se para o Rio de Janeiro, em preparatórios que o levaria à Universidade do Brasil, em vestibular vitorioso para a Faculdade de Ciências Médicas, onde concluiu o curso em 1952. Recém-formado, Mauro especializou-se em cirurgia, ginecologia e obstetrícia, tendo também dirigido uma maternidade no Rio de Janeiro. Ainda nos anos 50 veio para auxiliar seu pai em campanha para a Câmara Federal e nesta oportunidade conheceu Deyse Cavalcante, com quem se casou e constituiu família com o nascimento de quatro filhos: Paulo Roberto, Jaqueline, Eugênia, e Paulo Maurício. Os primeiros anos da vida pessoal e profissional de Mauro Sampaio em Juazeiro do Norte foram marcados por uma intensa dedicação às atenções da saúde do povo simples desta terra, tendo isto alicerçado a grande liderança que seria a marca do homem público que se tornou. Estabeleceu-se com clínica médica com grande afluência, mercê de seu excepcional desempenho profissional e foi um dos mais ativos cirurgiões dessa cidade, especialmente dedicado ao Hospital-Maternidade São Lucas. Em 1966 ele foi convidado para uma candidatura a prefeito de Juazeiro do Norte para o mandato entre 1967 e 1970. A Arena juazeirense era presidida por Adauto Bezerra e na convenção, em 27.09.1966, Mauro foi escolhido por 18 dos 17 convencionais. Nessa época, as prévias populares já davam favoritismo a Mauro, dentre outros indicados como José Teófilo Machado, Antonio Corrêa Celestino, Pe. Murilo de Sá Barreto e Gumercindo Ferreira Lima. Em 13.10.1966 foi finalmente escolhido o vice da chapa, recaindo sobre José Teófilo Machado. Abertas as urnas daquela eleição, a vitória de Mauro e Zé Machado foi consagradora, com mais de 8 mil dentre os mais de 13 mil votantes, onde os brancos e nulos foram bem superiores aos seus concorrentes. Os momentos iniciais dessa primeira gestão de Mauro Sampaio trouxeram um tom novo, um estilo inovador para a gestão municipal, pela inclusão do planejamento como tônica do mandato. No início de 1967 gestores e técnicos começaram a revelar os projetos para o Novo Juazeiro, como saneamento básico, aeroporto, estádio de futebol, ginásio municipal, casas populares, estradas vicinais, expansão da cidade para novas áreas e diversas outros equipamentos que, enfim, ficaram na lista das frustrações. Na educação, simultaneamente à criação do Ginásio Municipal, Mauro Sampaio perpetrou um gesto de loucura, própria desses visionários que marcam os tempos, quando criou seis faculdades no âmbito da municipalidade: Faculdade de Medicina, Faculdade de Odontologia, Faculdade de Farmácia, Escola Superior de Administração, Escola Politécnica e Faculdade de Ciências Contábeis e Atuariais. Elas nunca saíram do papel que recebera aquela canetada, embora seus diretores tenham sido escolhidos e empossados. Contudo, essa frustração não se apagou da mente de Dr. Mauro Sampaio, pois muitos anos depois na vitalidade de suas ideias e na energia de sua determinação ele é o iniciador da terceira onda de desenvolvimento de sua terra adotiva, como mentor da criação da Faculdade de Medicina, marco da nova revolução que constituiu a formação de todo o polo de ensino superior deste seu Juazeiro, com fortes implicações sobre toda a sua área de influência regional e estados vizinhos, e que hoje se vê na pujança de mais de uma dezena de instituições e mais de uma centena de cursos universitários em diversos níveis. Antes do fim do seu primeiro mandato de prefeito, licenciou-se para compor o governo do Dr. Plácido Aderaldo Castelo, em 1970, assumindo os cargos de Secretário do Planejamento e Coordenação e, posteriormente, Secretário da Fazenda, do Estado do Ceará. Elegeu-se deputado federal por cinco vezes consecutivas, entre os anos 1975 e 1995, integrando a Constituinte de 1988. Voltou à Prefeitura de Juazeiro do Norte para um segundo mandato entre 1996 a 1999. Embora não se tenha sido uma fase à altura do que fora o anterior, Mauro Sampaio empreendeu uma jornada onde se destacaram principalmente os seus esforços para a Revitalização do Horto e a aquisição do Hospital-Maternidade São Lucas para a municipalidade. Parte do seu pensamento e o entendimento sobre questões relevantes para o meio em que viveu, constam das páginas de seus livros, “Em Defesa do Padre Cícero Romão Batista (1975)”, “Pronunciamentos (1976)” e “Conferência Sobre o Desenvolvimento do Sul do Ceará (1977)”. José Mauro Castelo Branco Sampaio faleceu em 06.10.2015, em decorrência de complicações surgidas por uma cirurgia realizada dias antes na cidade de São Paulo. Na sua primeira administração municipal, ele teve a sensibilidade de acolher a sugestão de construir na Serra do Catolé o verdadeiro ícone desta terra, aquilo que tanto identifica esse chão sagrado dos romeiros da Mãe de Deus, a estátua do Patriarca do Nordeste, o Pe. Cícero Romão Baptista, obra monumental que o consagrou definitivamente na vida pública, ainda tão precocemente admitido. De todos os sentimentos que esta estátua passou a inspirar, tão grandes são os valores que se lhes atribuem, obra e criador, não resta a dúvida que pelos anos se vão repetir, como o poeta fez constar num dos seus versos: “Olha lá, no alto do Horto, / ele tá vivo, o padre não tá morto!”

LEANDRO BEZERRA DE MENEZES
Leandro é um nome emblemático no Clã Bezerra de Menezes, especialmente no ramo caririense, a partir da fixação dessa família de origem espanhola, transitada em vários séculos no Brasil, particularmente entre Pernambuco e Sergipe, e que já era residente no Cariri do século XVIII, onde se tornou famoso, o primeiro deles, o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, nascido em 05.12.1740, real fundador do sítio primitivo do Joaseiro. Leandro também foi o nome dado a um dos filhos do Brigadeiro, o Capitão Leandro, avô de nosso homenageado e que, ao contrair casamento com sua primeira esposa, também batizou de Leandro um dos seus filhos. José Bezerra de Menezes, único filho do segundo casamento do capitão, ao casar com Maria Amélia, também escolheu o nome Leandro para o primogênito, nascido em 1919, não tendo ele sobrevivido. Leandro Bezerra de Menezes, o que homenageamos neste dia, é o quarto filho de Maria Amélia e Zé Bezerra, nascido em 06.04.1924, no sítio Salgadinho. Convém destacar, também, a utilização deste nome, Leandro, em diversos ramos colaterais, e na tradição, num dos netos do nosso homenageado, filho de Tereza Fátima e José Roberto Celestino. Como sabemos, a família como a conhecemos na contemporaneidade, é composta também pelos filhos Maria Alacoque, Francisco Humberto, José Adauto, Margarida Neide, Orlando e Ivan. Leandro conheceu as primeiras letras no Grupo Escolar Padre Cícero, daí saindo para o Ginásio Diocesano de Crato, e transferindo-se depois para Fortaleza, onde concluiria seus estudos secundários, do então científico, entre os Colégios São João e Cearense. Ao findá-los, preferiu retornar ao Cariri e dedicar-se às atividades empresariais que desejava, e como de fato fez, estabelecendo-se inicialmente no comércio, em Crato. Em 05.02.1949 casou-se com Maria La Salete Cruz Bezerra de Menezes, de cujo consórcio nasceram seis filhos: Tereza Fátima, José Arnon, José Arnaldo, Tereza Margarida, Luiz Ivan e Domingos Sávio. Além do comércio, Leandro trabalhou por empreendimentos agropecuários da família, sendo sido o principal gestor das Fazendas Reunidas Bezerra de Menezes, empresa que congregava todos os empreendimentos agrícolas, fundada após o falecimento precoce do patriarca Zé Bezerra, em 05.05.1954. De todos os filhos de José Bezerra, Leandro foi o único que a exemplo do pai manteve, até morrer, como atividade econômica principal, a agropecuária. Seguindo uma tradição de família, Leandro foi o primeiro dos irmãos a ingressar na política partidária, aos 23 anos, nas fileiras da antiga UDN - União Democrática Nacional, elegendo-se vereador para o período 1948 a 1950, como fizera antes seu pai, José Bezerra, que fora vereador em Juazeiro, no período de 1933 a 1936. Acreditava ele que não tinha a menor vocação para a política com mandato parlamentar e foi vereador de mandato único. Mas, não deixou de ser político, permanecendo como filiado e membro de diretórios de vários partidos políticos, como UDN, Arena, PFL e PP, e fazendo campanha para eleger os irmãos, Adauto, Humberto e Orlando e o filho José Arnon. Neste particular, a herança política de Leandro Bezerra pode ser referida sumariamente através de cargos de representação pública de alguns dos seus filhos. José Arnon foi Secretário Municipal de Saúde de Juazeiro do Norte entre 1983 e 1988; Deputado Estadual, entre 1992 e 1995; Vice-prefeito de Juazeiro, entre 1993 e 1996 e Deputado Federal, atualmente no seu sexto mandato consecutivo, desde 1995 e somente se completará em 2019. Domingos Sávio foi vereador em uma legislatura, entre 2005 e 2008. E Luiz Ivan é o atual vice-prefeito de Juazeiro do Norte, com mandato entre 2013-2016. Leandro sempre foi muito popular em sua terra, e a exemplo de seu pai se dedicou a ajudar os menos favorecidos. Foi o fundador da Associação dos Carroceiros de Juazeiro do Norte, no dia 20.10.1972. Por uma circunstância muito curiosa, na qual um carroceiro foi acusado de comprar um burro roubado e o dono do animal ter exigido indenização, Leandro percebeu que a profissão não tinha um amparo institucional. E foi assim que reuniu os carroceiros e fundou a Associação que começou a funcionar no quintal de sua residência, na Praça dos Ourives. A Associação dos Carroceiros chegou a ter centenas de membros, propiciando atendimento às famílias dos associados em mais de mil pessoas, oferecendo-lhes benefícios, como educação, profissionalização, assistência médica e jurídica. Para sustentar a instituição, Leandro recorria à ajuda voluntaria de amigos e do poder público, aplicando também dinheiro do próprio bolso, pois se assim não o fizesse a entidade jamais conseguiria existir. Tão logo a instituição foi fundada, sua primeira preocupação foi instalar uma escola para garantir educação de qualidade aos filhos dos associados. A procura foi além das expectativas, passando a escola a ser frequentada também por crianças e jovens do bairro que não eram filhos dos associados. No seu melhor momento a escola chegou a matricular 1.400 alunos em todas as séries do Primeiro Grau. Durante seu funcionamento, a escola da Associação dos Carroceiros passou por várias crises, a maioria motivada pela falta de compromisso do poder público municipal que nem sempre honrava os acordos acertados, pois nem sempre os convênios eram renovados e mantidos. Nada disso, contudo, arrefecia o ânimo de Leandro, porquanto manter viva a Associação dos Carroceiros era um ponto de honra, não importava a que preço, e tem continuidade até hoje mesmo após a morte de seu fundador. A Associação desde a sua fundação vem dando uma efetiva contribuição para a melhoria dos profissionais, através de cursos de relações públicas, legislação de trânsito, higiene e educação sexual, dentre outros. Todo ano, durante a Festa da Padroeira, a Associação tem uma presença marcante na realização da Procissão das carroças, um bonito cortejo que já se tornou tradição pela beleza do espetáculo. Os carroceiros passam o ano esperando por esse momento festivo que é coordenado por dona Salete Bezerra, que participa da procissão fazendo todo o percurso, transportada por uma dessas carroças. A partir de 2000 os serviços assistenciais da Associação dos Carroceiros passaram a ser prestados pela Fundação Leandro Bezerra, localizada no Bairro Santa Tereza. Com o advento da Fundação os serviços foram ampliados e hoje contam com cursos profissionalizantes de Informática, Eletrônica, Confecção de bolsa, Corte e Costura, consultórios médico e dentário, assistência jurídica e uma emissora comunitária de radiodifusão. Em diversas atividades Leandro procurava se espelhar nos passos do pai ao participar da fundação da Cooperativa Agropecuária e Industrial do Cariri em agosto de 1960, bem como na criação da Sovareno - Sociedade de Vaquejada Regional do Nordeste, que surge em 22.09.1977, na qual Leandro Bezerra foi um dos fundadores, membro da diretoria e do Conselho de Administração. Leandro Bezerra de Menezes faleceu nesta cidade no dia 05.04.1991, aos 67 anos de idade. Seu sepultamento foi acompanhado por incalculável multidão, um dos maiores cortejos fúnebres já realizados nesta cidade. A cidade pranteava, desse modo, a tristeza de sua família, naquela despedida emocionada em que o povo desse município testemunhava o seu maior apreço por tão grande líder.

ODÍLIO CAMILO DA SILVA
Há uma expressão de Bertolt Brecht que vale a pena ser lembrada à abertura da narrativa da vida e dos feitos de nosso homenageado: “Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.” Dr. Odílio Camilo da Silva nasceu em Juazeiro do Norte, em 13 de Outubro de 1937. É um dos filhos do casal Odorilia Maria da Conceição e Manoel Camilo da Silva, gente romeira de origem alagoana, da cidade de Palmeira dos Índios que tinha a agropecuária como atividade. Seus irmãos são José Camilo e Carmelita, que vivos estão, e Marieta e Antonio, já falecidos. Na sua formação, entre criança e juventude, fez os cursos primário e ginasial no Ginásio Salesiano São João Bosco, entre 1948 e 1954; o curso científico no Colégio Diocesano, de Crato, entre 1955 e 1956; e o pré-universitário no Colégio Carneiro Leão, de Recife, em 1957. Em 1958 venceu o vestibular da Universidade Federal de Pernambuco, ingressando no curso de Medicina com um honroso 10º lugar e média geral de 8,4. Ainda como acadêmico realizou diversas atividades citando-se: Acadêmico residente da Maternidade Oscar Coutinho, da Santa Casa de Misericórdia do Recife, entre 1960 e 1963; Acadêmico Estagiário, entre 1962 e 1963, no Pronto Socorro do Recife e no Conjunto Sanatorial Otávio de Freitas, ambos da Secretaria de Estado dos Negócios da Saúde e Assistência Social de Pernambuco, na Segunda Cadeira de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, da Secretaria de Estado dos Negócios da Saúde; e como Acadêmico Concursado da Maternidade Bandeira Filho, da Secretaria de Estado dos Negócios de Saúde e Assistência Social de Pernambuco. Graduou-se em Medicina no final de 1963 e em 1964, retornou ao Cariri e iniciou suas atividades profissionais como médico cirurgião, ginecologista e obstetra, no Hospital e Maternidade São Lucas em Juazeiro do Norte, bem como na Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, lotado no município de Caririaçu, e por nomeação foi designado médico chefe da Unidade Sanitária do Crato, entre 1964 e 1969. Atuou como médico perito da Previdência Social, em Juazeiro do Norte, entre 1967 e 1997 e como Médico Servidor Público do Ministério de Saúde, no antigo INAMPS, de 1965 a 1998. Dr. Odílio também trabalhou no Hospital Santo Inácio, desde o seu início, como cirurgião e médico Ginecologista. Foi também Médico Legista Comprometido da 20º Delegacia de Polícia de Juazeiro do Norte, da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará. Foi Secretário de Saúde do Município na gestão 1997 a 2000, onde o Prefeito era também o homenageado de hoje, Dr. Mauro Sampaio. Dr. Odílio integrou os quadros de membros efetivos de diversas instituições como o Centro Médico Cearense (desde 1964), o Conselho Regional de Medicina (desde 1964), a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Seção Regional do Ceará, desde 1965), a Sociedade de Cirurgia do Estado do Ceará (desde 1970), a Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Ceará (desde 1971), o Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (desde 1978), e o Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Em 19 de Março de 1966, Odílio contraiu matrimônio com sua prima legítima Rosália Tenório Camilo, e constituíram família com quatro filhos: Cláudio (Engenheiro Civil, casado e com dois filhos e aguardando o terceiro), Cássio (Engenheiro Civil, casado, dois filhos), Vanusa (Médica, cirurgiã vascular, casada, dois filhos) e Valéria (Médica, Ginecologista e Obstetra, casada, 1 filho). Em 1969, aos 32 anos, juntamente com os médicos Newton Gomes de Alencar, João Tavares Neves, Ailton Gomes de Alencar e Gilson Santana, realizaram um sonho coletivo, tornaram-se sócios e fundaram o Pronto Socorro de Juazeiro, que se transformou em Policlínica. Dr. Odílio, desde a fundação, aí exerceu o cargo de Chefe do Serviço de Cirurgia, Chefe da Comissão de Controle e Avaliação de Infecção Hospitalar e Diretor da Unidade de Terapia Intensiva. Esse mesmo grupo, acrescido de outros profissionais, também fundou a CREFIJU – Clínica de Reabilitação e Fisioterapia de Juazeiro do Norte e o PSIC – Pronto Socorro Infantil do Cariri, hoje transferido para a alçada do Município e designado como Hospital Infantil Maria Amélia Bezerra de Menezes. Na família foi um filho exemplar, amoroso, fraterno, conselheiro e mediador de conflitos. Católico de bom testemunho, participava do ECC – Encontro de Casais com Cristo, ministrando cursos e proferindo palestras de aconselhamento para casais e aos jovens nubentes, para que vivessem bem no seu matrimônio. No trabalho foi um profissional ético, por onde passou, destacando-se por sua competência e habilidade na missão. No lazer, muitas vezes se via animado pela criança que dormia em seu interior, juntando-se aos filhos, netos e amigos para juntos jogar futebol num sítios de sua propriedade, lá nas Pedrinhas. Um desportista nato que vibrou e serviu entre o selecionado juazeirense e o Icasa. Da mesma forma como gostava muito de vaquejada. Foi um dos fundadores da Sovareno, a Sociedade de Vaquejada Regional do Nordeste, tendo com isto mais crescido o seu entusiasmo para manter fazendas, como a Sussuarana, a Tanque, a Novo Horizonte e a Alvorada, com criação de gado em Caririaçu, Juazeiro do Norte e Bodocó, PE. Nesta última, organizou em sua Fazenda Alvorada, a “Só Vaquinha”, uma vaquejada que reunia muitos amigos, tanto do Ceará, como do Pernambuco, onde ele não era apenas o empresário, senão também o competidor. Por todas essas coisas que marcaram a existência desse nosso homenageado, temos que concluir dizendo-lhes que causou grande tristeza em nossa terra quando naquela manhã de domingo, em 22.04.2012, se espalhou nessa cidade a notícia de que acabara de falecer um médico que se tornou muito conhecido na população em virtude da sua permanente disponibilidade para o trabalho e, surpreendentemente, pela alegria de viver. Sua morte súbita, aos 74 anos, interrompia uma caminhada que se traduzia por um modo de viver, que envolvia carisma e sintonia com o povo a que servia, e que virava uma festa, ao compasso do quanto se tornou incansável aprendiz, estudando, assíduo participante de congressos, jornadas, cursos e debates, e até de vida acadêmica na Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte. Aos 65 anos de idade fazia Especialização em Saúde da Família, sendo destaque, por ser um dos melhores alunos da turma. Em 2011, já com seus 71 anos, venceu o Concurso Público para Médico da Saúde da Família do Município de Juazeiro do Norte, fato este, que o deixou muito feliz. Parecia um menino de 17 anos, mostrando a todos sua competência e habilidade naquilo que ele sempre se propôs desde a sua infância a ser, um médico. Não assumiu o cargo, mas ficou a sensação gratificante de que quanto mais ensinava, mais aprendia e assim seguia sua caminhada de conselheiro para quem o procurasse. Odílio trabalhou até a véspera de sua morte, em 2012, dando na vida profissional uma imensurável ênfase à formação das novas gerações. Dr. Odílio faleceu um dia após o sepultamento do seu colega médico e sócio do Pronto Socorro de Juazeiro, Ailton Gomes de Alencar, tendo ele ido ao velório e sepultamento do seu grande amigo.
Minhas senhoras e meus senhores, eu acabo de lhes falar de virtudes e de valores da personalidade de Mauro Sampaio, cujo corpo lamentavelmente nos deixou. Acabo de lhe dizer do privilégio dessa contemporaneidade que privou com Leandro Bezerra, cujo corpo reuniu-se aos seus no jazigo da família. Acabo de lembrar-lhes a vida alegre e dedicada de Odílio Camilo, cujo corpo se transportou ao campo santo num misto de saudade e gratidão. O dia de hoje não é apenas para essa lembrança fúnebre. Esse dia, quando recorremos à inspiração do nosso Santo Patriarca, é por nós reservada à exaltação de valores, de significado e de grandeza. Cremos na morte, como vivemos presentemente este momento da Páscoa do Cristo, e cremos muito mais na glória da sua ressureição e na ressureição daqueles que foram filhos amados de seu reino. Foi-nos possível nesta oportunidade fazer esta pequena memória dos imensos exemplos de vida de alguns cidadãos eméritos, dentre os que ornaram a sociedade de Juazeiro do Norte e do Cariri. Certamente que cada um dos senhores e senhoras percebeu nesta retrospectiva apressada o quanto de digno e honrado houve na trajetória dos que aqui homenageamos nesta noite. Mais que lembrá-los, melhor é guardar conosco a advertência para que jamais nos esqueçamos deles, pois hoje eles nos fazem muita falta e assim continuarão para sempre. Mortos, mas vivos em nossa memória, e eternamente.
Muito obrigado. 
(Discurso pronunciado por Antonio Renato Soares de Casimiro, em nome da Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro – AFAJ, na noite do dia 24 de Março de 2016, por ocasião da sessão solene para a entrega da Comenda Memórias de Juazeiro, no Auditório da Fundação Memorial Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, Ceará).

RECONHECIMENTO PÚBLICO
O poder público municipal de Juazeiro do Norte reconheceu como de utilidade pública três instituições, conforme os seguintes atos transcritos a seguir: LEI Nº 4575, DE 14 DE MARÇO DE 2016 Reconhece de utilidade pública a ASSOCIAÇÃO PROTETORA DOS ANIMAIS CARENTES – APAC e adota outras providências. O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, Estado do Ceará. FAÇO SABER que a CÂMARA MUNICIPAL decretou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei: Art. 1º – Fica reconhecida de utilidade pública a ASSOCIAÇÃO PROTETORA DOS ANIMAIS CARENTES – APAC., entidade não governamental, sem fins econômicos, de caráter social, com duração por tempo indeterminado, com sede e foro no município de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, regendo-se por seu estatuto social, bem como pelas Leis, usos e costumes nacionais. Art. 2º – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Palácio Municipal José Geraldo da Cruz, em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, aos 14 (catorze) de março de dois mil e dezesseis (2016). DR. Raimundo Macedo, Prefeito de Juazeiro do Norte. Autoria: Vereador Cláudio Sergei Luz e Silva 

LEI Nº 4576, DE 14 DE MARÇO DE 2016 Reconhece de utilidade pública a ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA CAMPO GRANDE FUTEBOL CLUBE e adota outras providências. O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, Estado do Ceará. FAÇO SABER que a CÂMARA MUNICIPAL decretou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei: Art. 1º – Fica reconhecida de utilidade pública a ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA CAMPO GRANDE FUTEBOL CLUBE constituída em 22 de fevereiro de 2008, na cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, com personalidade jurídica distinta de seus associados sem fins econômicos, com duração por tempo indeterminado, com sede e foro na cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, regendo-se por seu estatuto social, bem como pelas Leis, usos e costumes nacionais. Art. 2º – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º Revogadas as disposições em contrário. Palácio Municipal José Geraldo da Cruz, em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, aos 14 (catorze) de março de dois mil e dezesseis (2016). Dr. Raimundo Macedo, Prefeito de Juazeiro do Norte. Autoria: Vereadora Auricélia Bezerra. Coautoria: Vereadora Rita de Cássia Monteiro Gomes. LEI Nº 4577, DE 14 DE MARÇO DE 2016 Reconhece de utilidade pública o IGEPAS – INSTITUTO DE GESTÃO PÚBLICA, AMBIENTAL E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL e adota outras providências. O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, Estado do Ceará. FAÇO SABER que a CÂMARA MUNICIPAL decretou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei: Art. 1º – Fica reconhecido de utilidade pública o IGEPAS – INSTITUTO DE GESTÃO PÚBLICA, AMBIENTAL E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, constituída em 01 de dezembro de 2008, pessoa jurídica de direito privado, de interesse público, sem fins econômicos, com duração indeterminada, com sede e foro na cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, regendo-se por seu estatuto social, bem como pelas Leis, usos e costumes nacionais. Art. 2º – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º Revogadas as disposições em contrário. 02 DIÁRIO OFICIAL DO MUNICÍPIO JUAZEIRO DO NORTE-CE, 21 DE MARÇO DE 2016 Palácio Municipal José Geraldo da Cruz, em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, aos 14 (catorze) de março de dois mil e dezesseis (2016). Dr. Raimundo Macedo, Prefeito de Juazeiro do Norte. Autoria: Vereador José Adauto Araújo Ramos.

NOVA PRAÇA
LEI Nº 4583, DE 15 DE MARÇO DE 2016 Dá denominação a praça pública que indica e adota outras providências. O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, Estado do Ceará. FAÇO SABER que a CÂMARA MUNICIPAL decretou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei: Art. 1º – Fica denominada de PRAÇA AISSA MARIA DE OLIVEIRA, a praça que ladeia a Capela de São Pedro Apóstolo, localizada entre as artérias Coronel Manoel Germano, Raimoldo Bender, Manoel Gomes e Coronel José Moreira Cabral, no bairro Tiradentes, nesta cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará. Art. 2º – A presente Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º – Ficam revogadas as disposições em contrário. Palácio Municipal José Geraldo da Cruz, em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, aos 15 (quinze) dias de março de dois mil e dezesseis (2016). Dr. Raimundo Macedo. Prefeito de Juazeiro do Norte. Autoria: Vereadora Auricélia Bezerra. Coautores: Vereadores João Alberto Morais Borges e Maria de Fátima Ferreira Torres. Subscritora: Vereadora Rita de Cássia Monteiro Gomes.

OBSERVAÇÃO DO COLUNISTA: Sem qualquer ligação com este ato aqui reproduzido, mas porque há tempos desejava me pronunciar a respeito. A nossa Egrégia Câmara Municipal ainda não acordou para a DESNECESSIDADE de nomear dois logradouros públicos para um único homenageado. E às vezes, até mais, pois é só conferir que temos até quatro homenagens para um único cidadão em vias públicas, sem falar de prédios e instituições públicas. Com isso cresce assustadoramente a relação das pessoas que merecidamente, por terem feito muito bem a esta cidade, deveriam ter seus nomes imortalizados em locais públicos. Fica o meu protesto aqui registrado.

NOVO VAREJO
Já está circulando a mais nova edição da revista O VAREJO, órgão da CDL de Juazeiro do Norte. Como sempre, muito bem feito e trazendo ótimo material de interesse do comércio juazeirense. Minhas congratulações com a equipe de comunicação da CDL, especialmente pela qualidade editorial da revista e por conta da sua excelente regularidade.
EXTINÇÃO DA SECROM

Não é exatamente isto: não deverão desaparecer as atribuições e as funções da atual Secretaria de Cultura e Romarias (SECROM). Comenta-se nas redes sociais e pela cidade que efetivamente o poder municipal deverá transferir essas funções, conjuntamente ou isoladamente, para uma ou duas outras secretarias existentes. Tudo seria melhor se isto fosse apenas boato. Mas parece que há um fundo de verdade. Lamentamos profundamente, pois esta Secretaria, como existe, ela abriga interesses e zelo por duas coisas nas quais Juazeiro do Norte é uma grande expressão: a sua cultura popular e a importância das Romarias durante todo o ano. Então vão acabar isso por Decreto? Não acreditamos, e nos desculpem a franqueza: não creio que o poder público tenha a “cara de pau” para fazê-lo, diante de tanta importância acumulada. O motivo, parece, seria a contenção de recursos. Para tanto, fomos buscar no Diário Oficial do Município os valores do orçamento municipal, desde 2010, até o presente exercício. O que importa aí é que nesses últimos sete anos, a dotação para a cultura, e aí se inclui ultimamente a área de Romarias, os valores oscilaram entre 1,43% e 2,69%, com um valore médio de 1,96%, digamos 2%. E isso é crônico, veja aí apenas a situação como se verificou nas duas administrações mais recentes (Manoel Santana e Raimundo Macedo). Não entramos no mérito do porque dessa variação tão ampla (percentualmente). Contudo, em primeiro lugar é ver quão miserável é o poder público, tanto legislativo quanto executivo, em dotar setor tão importante com tais minguados recursos. A outra coisa, diz respeito a essa atitude. Conter gastos, num total de 1,71% do orçamento, na atualidade? Isso é uma coisa horrorosa, inominável. Nós precisamos conter despesas que possam chegar a 20% pelo menos. Mas isso deve ser por conta do peso da própria máquina administrativa que esbanja demais os pobres recursos do povinho do Juazeiro. Nós vamos reagir. Não admitimos que essa secretaria seja engolida por outra qualquer, pois mesmo na eventual economia de valores, quem receber essas funções, já o sabemos com antecipação, não vai cumprir o desejado dentro da missão de Cultura e Romarias. Além do mais, pelo que se sabe, os cargos todos, de maior remuneração, serão mantidos por conta do clientelismo, do qual fazem partes os acertos entre prefeito, vereadores e “chefetes políticos”. Recentemente, o péssimo exemplo das terceirizações, sem explicações plausíveis, demonstram claramente como o poder municipal é generoso transferindo para a iniciativa privada as funções de sua competência e pagando regiamente, onerando excessivamente as empresas beneficiadas. Lamentável sob todos os aspectos. Os interessados em subsidiar o seu protesto, comecem vendo esta ilustração de nossa coluna para melhor aquilatar o desinteresse público com relação a tão relevante setor da vida juazeirense.

sábado, 19 de março de 2016


BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
220: (14.03.2016) Boa Tarde para Você, Rosiane Limaverde Vilar Mendonça
Já lhes digo e não creiam que o faça apressadamente, se começo por dizer-lhes que há poucos dias eu tive o imenso privilégio de ouvir, por causa muito relevante, a palavra da Dra. Rosiane Limaverde Vilar Mendonça, em evento promovido pela Cariri Revista. Tratava-se de dar inicio a um necessário projeto que visa incentivar o encontro de cabeças pensantes do Cariri, exatamente para por em prática, pelo menos nos termos de uma boa dialética, isso como denominamos, essa caririensidade, com a qual alguns de nós manifestamos este sentimento de afinidade e grande amor à Região. E para começar bem, Isabela e Renato Fernandes de Oliveira programaram o agradabilíssimo encontro com um destes emblemas maiores, de profunda identidade com o que de bom se faz por nosso Cariri, na pessoa da Dra. Rosiane Limaverde. Ainda sob forte e emocional impressão, permitam-me que a referencie, meritoriamente, como parte de um certo orgulho que podemos sentir, ao identifica-la como técnica de grande expressão, Historiadora graduada pela URCA, em 1999, no início de sua carreira profissional. Em 2006 ela continuou investindo na sua formação acadêmica tornando-se Mestre em Arqueologia e Preservação do Patrimônio, pela Universidade Federal de Pernambuco, com uma Dissertação de grande valia intitulada “Os Registros Rupestres da Chapada do Araripe, Ceará, Brasil”. Um pouco mais adiante, ela alçou voo para a Europa e na continuidade de seus estudos tornou-se Doutora em Arqueologia pela Universidade de Coimbra, em 2015, junto ao Centro de Estudos de Arqueologia, Artes e Ciências do Patrimônio, da Fundação da Ciência e Tecnologia de Portugal. Com seu marido, Alemberg Quindins, os dois instituíram a Fundação Casa Grande e o Memorial do Homem Kariri, bem filantrópico e cultural em Nova Olinda, onde realizam atividades de pesquisas arqueológicas e educativas desde 1992, com a participação de crianças e jovens sertanejos abrangendo as áreas de memória, comunicação, artes e turismo. Atualmente é a Presidente do Conselho Científico da Fundação Casa Grande, mantendo o interesse e aprimorando a experiência na área de Arqueologia, com ênfase em Arqueologia Pré-Histórica e especialidade em arte rupestre, realizando trabalhos de arqueologia preventiva e de salvamento. Com formação em música e educação, desde 1983 realiza atividades de pesquisas sobre as lendas e os mitos do povo Kariri e por serviços prestados nas áreas de educação, patrimônio e cultura, recebeu em 2002 o prêmio Claúdia da Editora Abril, a medalha da Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura, em 2004 e, em 2006, foi agraciada com o Selo de Responsabilidade Social do Governo do Estado do Ceará. Com tal renome, a Dra. Rosiane trabalha com o objetivo de realizar o inventário do patrimônio arqueológico da Chapada do Araripe, ao tempo em que documenta as manifestações da cultura imaterial da região do Cariri cearense, e também faz pesquisa etno-musical, com a finalidade de inventariar o universo sonoro das lendas e mitos do povo Kariri. A grande contribuição já legada pelos estudos da Dra. Rosiane está para desembarcar na iniciativa de criar, no âmbito da Universidade Regional do Cariri, juntamente com a Universidade de Coimbra e a Universidade Federal do Piauí, o Instituto de Arqueologia do Cariri, com o qual mais ainda se avançará no conhecimento científico para a compreensão da origem do homem Kariri. Boa tarde para você, Dra. Rosiane Limaverde, que nos ensina por seu trabalho como compreender este sentimento forte de pertença pelo Cariri, realizando uma trajetória não só técnico-científica e cultural, senão também profundamente humanística, alimentada pelo sonho que a anima e embala. O seu trabalho, como forte instrumento por uma Arqueologia Social Inclusiva é imensamente valioso, não apenas pelo alargamento do nosso estoque de conhecimento, sobre causa tão candente, mas pela fertilíssima possibilidade de maior envolvência da comunidade, especialmente dos jovens. E isso é o que já vimos assistindo desde o início da Fundação Casa Grande. Não será por acaso que seu trabalho, sua luta, e o seu sonho mereçam ainda mais o reconhecimento desse seu povo Kariri, para continuar recebendo a unanimidade, e a consagradora menção com a qual se aprova tanta competência e desprendimento, e se atribui com afeto, louvor e distinção.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 14.03.2016)

BOA TARDE (II)
221: (16.03.2016) Boa Tarde para Você, Renato Fernandes Oliveira 
Reunir, com certa periodicidade, um grupo de pessoas, de cujas cabeças privilegiadas se pode ouvir algo inovador para superar a grave crise que a sociedade experimenta, na continuidade de suas ações pelo desenvolvimento, é uma oportuna e grande ideia, na classe das beneméritas. É com esse espírito, Renato Fernandes, que eu saúdo essa iniciativa que há pouco deu partida na pauta de realizações da Cariri Revista e de sua Editora 309, no afã de colocar em evidência a enorme preocupação esboçada em certos setores da região, angustiados com nosso futuro. Complexo é caracterizar que esta crise vivenciada e que nos impõe tantos percalços, não é apenas o vazio de valores monetários e financeiros, senão algo muito mais profundo que se abastece em predicados de ordens moral e ética, na base de nossa existência. Realmente, Renato, fica muito mais fácil encontrar soluções inovadoras nos estoques de nossas belas expressões empresariais, institucionais, classistas e profissionais, identificando mentores de processos, métodos, técnicas, produtos e trajetórias de sucesso. Muito difícil tem sido encarar as interfaces dos planos políticos e sociais, os que fomentam nossa crença cidadã e regulam a oferta renovadora de lideranças identificadas com o necessário vínculo às causas da comunidade, empenhadas em ser agentes de compromisso social e de desenvolvimento. Veja-se, neste instante, quando toda esta região padece, e o fato nos aparece cronicamente, sazonalmente, quando se abre a temporada de caça ao voto popular para renovar lideranças de casas de executivos e parlamentos legislativos, onde a realidade é bem outra, assim o sabemos. Triste é a cena comum, habitada por gente de oportunidade, pessoas medíocres que nada tem a dizer, a não ser da aparente e bem resolvida questão pessoal, imersas em mantos protetores de corporações, entre o quase nada das ideias e o que há apenas por trás de uma caixa registradora. Verdadeiramente, Renato Fernandes, é de grande ensejo trazer gente de sucesso para uma conversa franca, se possível desnudada do glamour dessas veleidades de sucesso e de empolgação por coisas de curto espaço e de circunstâncias restritas aos planos pessoais. Todos nós do Cariri estamos em busca de autênticos salvadores da pátria, gente amadurecida em reflexões e planos bem concebidos na macroscópica visão de uma região-estado, algo de grandioso e arrogante, em certo sentido, capaz de alterar o curso dos perversos indicadores que nos assolam. Todas estas questões flagrantes, entre a estrutura e o serviço educacional, no atendimento às ações básicas de saúde, e na fruição de uma infraestrutura bem cuidada, preenchem o imaginário popular no sonho que se alimenta por uma vida melhor. No caso específico desta grande cidade, Renato, você e eu bem sabemos como são vistosos e exemplares os casos de grande êxito que enxergamos aqui e no nosso entorno, e que preenchem parte de nossas expectativas na direção do inovador e das soluções que passam pela gestão pública. Contudo, temos sempre a lamentar que a política local e regional, mercê das constantes demonstrações destas nossas lideranças improvisadas, numa grave e profunda repercussão, sintonia e sincronismo com o plano nacional, só exibem despreparo, desonestidade e descompromisso. Falta-nos uma verdadeira escola de governo, algo que nos municie através do exercício permanente da crítica, da análise sistemática de todas estas iniciativas por seus custos e benefícios, e nos conduzam ao planejamento como premissa de estratégias de sucesso na visão do bem comum. De fato, Renato, recomeçar a reouvir a sociedade por seus maiores e dignos exemplos é parte destas tarefas inadiáveis com as quais nos situamos diante de novas rotas, de auspiciosos caminhos para continuar fazendo por este Cariri, na busca permanente por seus sonhos em suas entranhas. É bom que se relembre que o sucesso que vemos e assistimos entre a iniciativa privada e o bem comunitário não foi fruto de estrada fácil, de vereda curta, de chão aplainado, mas foi trajetória quase sempre narrada aos tons de heroicidade, de garra, e de desprendimento inimaginável. Por isso mesmo, toda a sociedade precisa conhecer e refletir sobre estas conquistas, na certeza de que seus exemplos e perfis são protótipos disponíveis para o aperfeiçoamento e a imitação. Desejo agradecer-lhes, Renato Fernandes e Isabela Geromel, por esta iniciativa de tão grandes méritos, e com a qual vamos avançando mais ainda para a felicidade desse nosso grande Cariri. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 16.03.2016)

O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
CINEMARANA (SESC, CRATO)
O Cinemarana (Teatro Adalberto Vamozi, SESC, Rua André Cartaxo, 443, Crato), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 21, segunda feira, às 19 horas, o filme DOIS IRMÃOS (Dos Hermanos, Argentina, 2010, 105min). Direção de Daniel Burman. Sinopse: Eles precisam um do outro, mas não conseguem ficar juntos por muito tempo. Susana, uma agente imobiliária egoista, possessiva e dominante, que parece ser incapaz de entender o irmão, Marcos, que protege a mãe, é bondoso, sensível e amigo de seus amigos.




BIBLIOCINE (FAP, JN)
A Faculdade Paraiso do Ceará (FAPCE), está incluída no circuito alternativo de cinema do Cariri, embora seja restrito aos alunos desta Faculdade. As sessões são programadas para as terças e quintas feiras, de 12:00 às 14:00h, na Sala de Vídeo da Biblioteca, na Rua da Conceição, 1228, Bairro São Miguel. Informações pelo telefone: 3512.3299. Neste mês de Março está em cartaz, o filme JOGO DE PODER (Fair game, Emirados Árabes/EUA, 2004, 106min). Direção de Doug Liman. Sinopse: O diplomata Joseph Wilson (Sean Penn) escreveu um editorial para o jornal New York Times, no qual alega que a administração do presidente George W. Bush manipulou informações de relatórios sobre a existência de armas de destruição em massa no Iraque, de forma a justificar a invasão. Como retaliação Valerie Plame (Naomi Watts), esposa de Wilson e agente secreta da CIA, tem sua identidade revelada intencionalmente. É o início da luta de Wilson para que os responsáveis por este ato, um crime federal, sejam punidos. Ao mesmo tempo Valerie precisa se adaptar à nova realidade, afastada do trabalho e com a vida exposta pela imprensa.
CINEMATÓGRAPHO (SESC, JN)
O Cinematógrapho (Teatro Patativa do Assaré, SESC, Rua da Matriz, 227, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 23, quarta feira, às 19 horas, o filme INFÂNCIA CLANDESTINA (Infancia, Argentina/Brasil/Espanha, 2011, 112min). Direção de Benjamin Ávila. Sinopse: Juan vive na clandestinidade. Assim como sua mãe, seu pai e seu adorado tio Beto, fora de sua casa, ele tem outro nome. Baseado em fatos reais ocorridos em 1979, dujrante a ditadura militar argentina.




CINE CAFÉ VOLANTE (BARBALHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Barbalha (Auditório do Centro de Esportes e Artes Unificados Mestre Juca Mulato, Parque da Cidade, Parque da Cidade), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 24, quinta feira, às 19 horas, o filme ACUSADOS (The Accused, EUA, 1988, 105min). Direção de Jonathan Kaplan. Sinopse: Depois de estupro em bar, moça precisa provar que não foi culpada.





CINE CAFÉ VOLANTE (MISSÃO VELHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Missão Velha (Auditório do Centro Social Urbano, CSU, Rua Pe. Cícero), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 24, quinta feira, às 19 horas, o filme UMA AMIZADE SEM FRONTEIRAS (Monsieur Ib rahim et les fleurs du Coran, França, 2003, 93min). Direção de François Dupeyron. Sinopse: Ibrahim Deneji (Omar Shariff) é o dono de uma mercearia em Paris, muçulmano, que fica amigo de Momo, um pobre garoto judeu de 13 anos.




CINE ELDORADO (JN)


O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe no próximo dia 25, sexta feira, às 20 horas, o filme A DAMA DOURADA (Woman in gold, Reino Unido/EUA, 2015, 109min). Direção de Simon Curtis. Sinopse: Década de 1980. Maria Altmann (Helen Mirren) é uma judia sobrevivente da Segunda Guerra Mundial que decide processar o governo austríaco para recuperar o quadro "Woman in Gold", de Gustav Klimt - retrato de sua tia que foi roubado pelos nazistas durante a ocupação. Ela conta com a ajuda de um jovem advogado, inexperiente e idealista (Ryan Reynolds).



CINE CAFÉ VOLANTE (VÁRZEA ALEGRE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Várzea Alegre (Associação Comunitária Manoel Rodrigues, Sítio Umari dos Costas, Várzea Alegre), com entrada gratuita, exibe no próximo dia 26, sábado, às 18 horas, o filme FOGO PAGOU (Documentário, Brasil, 2012, 9min). Direção de Ramon Batista. Sinopse: Um cemitério abandonado no meio do sertão cercado de lendas e histórias que são contadas pelos próprios moradores das redondezas.






QUESTIONÁRIO HISTÓRICO, VOL.II
Quero registrar aqui um agradecimento ao amigo Raimundo Araújo pelo presente remetido com o segundo volume de sua obra Questionário Histórico. Na concepção, ainda apresentada em jornal da Câmara Municipal, Raimundo elaborou, com base em dados biográficos de personalidades de Juazeiro do Norte um questionário que era apresentado a cada edição. Isto terminou por ir parar numa primeira edição, o volume I desta obra que agora prossegue. O autor presta uma homenagem ao Pe. Neri Feitosa, pela inspiração e, por assim dizer, por ser o patrono da obra. Parabéns ao Raimundo.





QUESTIONÁRIO HISTÓRICO, VOL.II
Também quero agradecer a gentileza do Pe. Sebastião Monteiro pela amável dedicatória no seu último livro que me foi remetido. Trata-se de Aos Pés da Cruz, das Edições do Grupo Filhos Amados do Céu. Pe. Monteiro é o mentor espíritual da comunidade, que segundo uma nota no Diário do Nordeste, “Eram apenas 30 pessoas reunidas, na rua Santa Rosa. Rapidamente teve que mudar de espaço, para o Colégio José Geraldo da Cruz, com um público de três mil; depois para o Ginásio Poliesportivo, lotando o local, com pelo menos 15 mil pessoas, e agora preenche arquibancadas e gramado do Romeirão. Toda uma estrutura é montada no local, com palco, telões e ambulâncias na área para atendimento ao grande público. A comunidade é movida por doações em roupas, dinheiro e transforma isso num meio de evangelização. Essa multidão de 30 a 40 mil pessoas tem sido a média toda semana. Nas sextas-feiras, tem a Caravana da Misericórdia, em que se deslocam todos os servos para áreas mais distantes, especialmente na zona rural, para dar sequência ao trabalho missionário.

CARIRI REVISTA EM NOVA EDIÇÃO
Já está circulando, sendo distribuída gratuitamente aos seus leitores a mais nova edição da Cariri Revista, da Editora 309. A matéria principal da edição é com o Dr. Jaime Romero, diretor geral da Facukldade Leão Sampaio, um exemplo marcante de sucesso empresarial, especialmente no tocante ao boom de ensino superior no Cariri. Vale a pena ler o seu depoimento. Veja também em http://caririrevista.com.br/entre-fabrica-e-universidade
JOTA FARIAS COM NOVO DVD
Jota Farias não esquece esse seu amigo e sempre que lança um novo disco (CD ou DVD) já “apruma” gentil dedicatória e vem me deixar. Muito grato a você, meu caro Jota. Desta vez foi o DVD Olha lá Romeiro, uma bela coletânea do Cantor do Pe. Cícero que tanto sucesso faz por este Nordeste e em meio às romarias do Juazeiro. Já assisti, gostei muito e recomendo a todos para que adquiram e se deliciem com este autêntico artista juazeirense. Meus parabéns e que sua arte seja eterna.
O ROMARIA
O informativo da Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores, editado pela jornalista Ingrid Monteiro já está circulando com sua edição do mês de março. Mas como a Ingrid não brinca em serviço, a edição de Abril já está pronta também e sendo remetida pelo correio para milhares de romeiros que se inscreveram na Paróquia, na Campanha Romeiros da Mãe das Dores. Agradeço a equipe da Paróquia pelo convite para que participasse desta nova edição de abril e aí eu estou presente com um texto sobre o Centenário de nossa Paroquia a transcorrer em 2017.

PADRE MURILO, POR GEOVÁ SOBREIRA (X)


(Nós vimos republicando os textos de Geová Sobreira sobre o Mons. Murilo de Sá Barreto. Ultimamente havíamos alterado a publicação, editando textos sem a devida continuidade estabelecida pelo próprio autor. Assim, retomamos a republicação, com os últimos três textos. Grato pela compreensão.)

Julgo que o termo mais adequado para traduzir o sentimento que tomou conta de toda a população de Juazeiro e da Nação Romeira com a chegada de Dom Fernando Panico, como Bispo da Diocese do Crato, era de júbilo. Realmente, foi com exultante júbilo que Juazeiro assistiu a posse, em 29 de junho de 2001, de Dom Fernando Panico como bispo da Diocese do Crato. O único e obrigatório assunto da cidade era que o novo Bispo do Crato havia declarado publicamente que era devoto do Padre Cícero. Era natural essa reação. Era, também, pública, notória e sentida a posição da Diocese do Crato contra o movimento religioso popular de Juazeiro, e, em especial, era radicalmente adversária do Padre Cícero. Nos seminários do Crato e da Prainha, em Fortaleza, os candidatos ao sacerdócio eram instruídos, inculcados e educados para combater as romarias, acoimadas de fanatismo, e combater a memória do Padre Cícero, taxando-o ostensivamente de embusteiro. Nos quase 100 de Diocese do Crato, os bispos só vinham a Juazeiro, e quando vinham, era uma vez por ano, para uma rápida visita pastoral e realizar a cerimônia do sacramento de crisma. Agora, vinha o novo bispo, declarando-se, senão de devoto, ao menos admirador do Patriarca de Juazeiro, participando de procissões junto com os romeiros, usando um chapéu de palha, quase emblemático das romarias, ficando horas a fio ouvindo em confissão levas sem fim de romeiros. Isso era surpreendente! Visitando dona Assunção Gonçalves, em setembro de 2001, fui recebido com uma explosão de alegria e ela, radiante de contente, me anunciava a boa nova: agora, temos um bispo que é devoto do Padre Cícero. No mesmo dia, encontrei-me com o Padre Murilo na Av. Padre Cícero em companhia de velhos amigos. Falamos rapidamente generalidades e de chofre ele me perguntou: Você já sabe da novidade? Disse que sim e ele me convidou para no outro dia tomar café com ele na Casa Paroquial às 08:00 da manhã. Cheguei à Casa Paroquial um pouco mais cedo do que foi agendado e fiquei esperando-o na calçada da casa do antigo secretário e amigo do Padre Cícero, José Ferreira. Percebi o Padre Murilo deixando a Matriz de Nossa Senhora das Dores, acompanhado de um grupo de pessoas, e fui esperá-lo junto à porta da Casa Paroquial. Fui cumprimentá-lo alegremente e ele me apresentou, então, ao novo bispo da Diocese do Crato, Dom Fernando Panico, e aos outros sacerdotes que o acompanhavam como primo e amigo do Padre Azarias Sobreira. Travamos conversas amenas e de assuntos diversos durante o lauto café. Dona Alzira, uma espécie de “zeladora” da casa veio me cumprimentar e me perguntou se eu tinha voltado de vez para Juazeiro. Disse que não e que estava apenas fazendo minha pequena e sentimental romaria à Terra da Mãe de Deus. Depois do café, Dom Fernando Panico chamou os sacerdotes para uma reunião numa sala ao lado e o Padre Murilo aproximou-se e disse-me que aquela reunião tinha sido uma surpresa e me acompanhando até a porta da Casa Paroquial muito alegre e confidenciou que a “causa do Padre Cícero” ganhava, agora, novas e excelentes perspectivas, porque nosso novo bispo tem por ele uma imensa veneração e grande desvelo pelas romarias. Veja, disse-me, nunca se viu um bispo do Crato num confessionário ouvindo confissão de levas e mais levas de romeiros. Isso é maravilhoso. Deixei a Casa Paroquial feliz pela contagiante alegria do Padre Murilo, sentindo que o seu trabalho e dedicação para acolher, como pastor, milhares e milhares de romeiros devotos do Padre Cícero tinham conquistado espaço junto à hierarquia eclesiástica e não tinha sido em vão sua entrega total aos romeiros de todo o nordeste por quase quarenta anos. No entanto, refletindo calmamente à noite cheguei à conclusão de que seria necessário apoiar com mais afinco e persistência o trabalho do Padre Murilo e do novo bispo, que se declarava devoto do Padre Cícero, porque haveria com certeza uma reação àquele movimento. O trabalho, dali para frente, seria imenso e difícil e que consistiria na construção da conciliação da ortodoxia dogmática, ciosa na defesa da “pureza” da Fé proclamada pela Cúria Romana e pela burocracia eclesiástica com o maravilhoso sincretismo cultural e religioso das romarias com seus ritos, suas práticas e suas crenças tidas e julgadas como heterodoxas, fanáticas e esdrúxulas. Abriam-se novos e desconhecidos desafios para o movimento religioso popular de Juazeiro para manter-se fiel às suas ricas e maravilhosas tradições romeiras.

PADRE MURILO, POR GEOVÁ SOBREIRA (XI)
O atual capítulo da História de Juazeiro exige do analista e do historiador “de oficio” cuidados especiais e uma leitura mais abrangente das mudanças em gestação na cúpula da Igreja Católica diante da imensa evasão de fiéis, perdendo espaços e adeptos para as Igrejas Pentecostais para compreender o novo posicionamento da Diocese do Crato, liderado pelo novo bispo, Dom Fernando Panico, desde sua chegada ao Cariri no sul do Estado do Ceará A população de Juazeiro e a “família romeira” estavam, de fato, realmente extasiadas de contentamento vendo, pela primeira vez, um Bispo do Crato enaltecendo publicamente as excelsas virtudes do Padre Cícero e dedicando grande parte do seu tempo às ações da pastoral aos romeiros. Nunca se tinha visto isso antes. Como já afirmaram muitos estudiosos de diversas áreas das Ciências Humanas “Juazeiro é um mundo” e o movimento religioso popular liderado pelo Padre Cícero é um dos mais complexo e rico movimento de sincretismo religioso e cultural da História do Brasil. Por essa razão, a população de Juazeiro ficou surpresa com as declarações do novo bispo diocesano, que era um italiano, que ainda jovem ingressou na Sociedade dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus, que fez seus estudos esclesiásticos na memorável, rígida e ultraordoxa Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, reduto mais conservador dominado pela Cúria Romana e com mestrado e doutorado em Teologia Litúrgica. Dona Assunção Gonçalves disse-me entusiasmada: só um bispo estrangeiro assumiria a defesa da causa de Juazeiro. Dom Fernando Panico chegou ao Brasil, em 1974, com vigário da cidade de Pinheiro (MA), logo em seguida foi nomeado Reitor do Seminário e chanceler da Cúria Diocesana. Em 1982, foi nomeado Reitor do Seminário Interdiocesano de São Luís (MA). Naquela época, muitos membros da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) viam com muita preocupação o crescimento vertiginoso do movimento eclesial de base, influenciado e dirigido por renomados teólogos adeptos, defensores e militantes da Teologia da Libertação e por isso a CNBB se empenhava em ter, principalmente no Nordeste, bispos de sólida formação eclesiástica e com fortes laços intelectuais com a Cúria Romana. O sacerdote Fernando Panico, ex-aluno da Pontifícia Universidade Gregoriana, ex-Reitor do Seminário Diocesano de Pinheiro (MA) e do Seminário Interdiocesano de São Luís (MA) preenchia o perfil definido pela CNBB para ocupar uma diocese no semiárido sertão nordestino onde se tornavam cada vez mais tensas as relações sociais em razão da miséria em que viviam populações inteiras atingidas por secas inclementes. Assim, em 1993, foi eleito bispo da Diocese de Oeiras (PI), com uma imensa área de mais de 15 mil km², contando, no entanto, com apenas 7 dioceses e 12 sacerdotes. Em 2001, nomeado Bispo do Crato Dom Fernando Panico iniciou suas atividades pastorais em uma Diocese detentora da mais dramática, rica, densa, tensa história de todas as dioceses da Igreja Católica do Brasil com centenárias cicatrizes ainda sangrando e tendo como epicentro Juazeiro, cidade santa, com seu maravilhoso e fantástico sincretismo cultural e religioso e lugar sagrado para milhões de romeiros e devotos do Padre Cícero, santo do povo e grande patriarca de todo o nordeste. Seus primeiros atos, após tomar posse como Bispo da Diocese do Crato, foi permanecer o maior tempo possível em Juazeiro, não como Visita Pastoral e sim como assumisse as funções de Vigário da Matriz de Nossa Senhora das Dores, procurando imitar os gestos e as falas do Padre Murilo, inclusive diante dos romeiros usando um surrado chapéu de palha, numa imitação grotesca do Padre Murilo. Era fácil perceber que Dom Fernando Panico estava assumindo todas as funções do Vigário de Juazeiro, desestruturando o grupo de pesquisadores e estudiosos reunido em torno do Padre Murilo e procurando pessoalmente controlar e dirigir todas as romarias. O fato mais concreto desse objetivo de Dom Fernando Panico foi afastar o Padre Murilo da Capela do Socorro, que é o centro vivo da devoção romeira e onde está o túmulo do Padre Cícero. A Capela do Socorro foi desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora das Dores e transformada em Reitoria, ligada à Cúria Diocesana e ao Conselho Presbiterial, com status de paróquia. O desmembramento da Capela do Socorro da Matriz de Nossa Senhora das Dores e o afastamento do Padre Murilo com a nomeação do Padre Bosco Lima, como seu vigário da Capela do Socorro foi um golpe horrível e doloroso para o Padre Murilo que, a partir da posse do Padre Bosco Lima, nunca mais foi convidado sequer para celebrar uma única Missa nos dia 20 “in memoria” do Padre Cícero. Essa decisão da Diocese do Crato foi o princípio da Via Crucis do Padre Murilo depois de mais de 40 anos servindo com dedicação total à Igreja e à Diocese do Crato. Iniciava-se sua caminhada para o Calvário.
PADRE MURILO, POR GEOVÁ SOBREIRA (XII)
A Capela do Socorro ocupa um lugar muito especial na geografia sagrada das romarias dos devotos do Padre Cícero. O roteiro dos rituais romeiros do movimento religioso popular de Juazeiro se compõe de uma tríade específica: visitar Matriz de Nossa Senhora das Dores, palco maravilhoso dos fatos extraordinários da transformação em sangue da hóstia, quando da comunhão eucarística da Beata Maria de Araújo; subir em penitência o Horto Santo, local onde o Padre Cícero viveu angústias, aflições e tormentos insondáveis pelas mentiras, calúnias e injúrias movidas contra ele pelos seus próprios irmãos de sacerdócio e por autoridades eclesiásticas - o horto foi o seu calvário; e, finalmente, o túmulo do Padre Cícero na Capela do Socorro, para agradecer as graças alcançadas e pedir a bênção e proteção do Padim e onde estão esculpidas sobre a lápide as suas últimas palavras: "no céu intercederei por todos vocês..."Essa é a geografia sagrada do ritual romeiro, com suas práticas sincréticas e seu simbolismo religioso. A Capela do Socorro sempre foi objeto de graves atritos com a Diocese do Crato desde o início de sua construção, quando Dom Quintino, usando falsas e errôneas informações tentou impedir o prosseguimento das obras obrigando o Dr. Floro Bartolomeu assumir pessoalmente e com desassombro a total responsabilidade pela conclusão das obras da Capela do Socorro apesar da intransigente oposição da Diocese do Crato. Foi a Capela do Socorro escolhida pelo Padre Cícero e por Dr. Floro para o sepultamento dos restos mortais da Beata Maria de Araújo em 1914. Lá se encontram, também, as sepulturas de sua mãe, Dona Quinô, e de Angélica, irmã do Padre Cícero. Em 1930, sendo vigário da Matriz de Nossa Senhora das Dores, Monsenhor José Alves de Lima determinou, sem autorização legal, não a exumação, mas a violação do túmulo da Beata Maria de Araújo. Somente em 1932 é que a Capela do Socorro foi sagrada e consagrada aos cultos religiosos. Ali, tendo em seu imaginário as vivas e até doloridas tradições desse conjunto de fatos que compõe a dramática história da Capela do Socorro onde o povo simples, pobre, deserdado da sorte nas suas amargas angústias, grita os seus desesperos. É ali, onde o romeiro invoca a proteção e amparo do Padim e pede sua proteção e bênção com a certeza de que será atendido. É ali, na Capela do Socorro que o romeiro agradece as graças alcançadas por intercessão do Padre Cícero. Foi o Padre Silvino Moreira que iniciou a tradição da celebração da missa no dia 20 de cada mês "in memória" da alma do Padre Cícero com afluência de grande parcela da população de Juazeiro, vestindo luto para expressar seus sentimentos de pesar pelo falecimento do Padre Cícero. Com a morte do Padre Silvino, o Padre Murilo assumiu as atividades pastorais da Capela do Socorro e com as sugestões de Dário Coimbra e da professora Nair Silva incorporou a celebração festiva do aniversário do Padre Cícero no dia 24 de Março com bolo, cantata de parabéns e da serenata com os artistas da cidade e logo, logo, o evento ficou sendo um dos mais importantes da vida social e religiosa da cidade, atraindo não só a população de Juazeiro como também das cidades vizinhas. A pastoral do romeiro era a razão de viver do Padre Murilo. Tomando posse na Diocese do Crato, dom Fernando Panico resolveu afastar o Padre Murilo, de início, da Capela do Socorro para assumir pessoalmente a missa dos dia 20 de cada mês e recolher os óbolos e esmolas para a Diocese. Essa decisão abalou profundamente a saúde emocional do Padre Murilo. No entanto, em razão do voto de obediência ao bispo da Diocese manteve-se o Padre Murilo, mesmo abatido e sofrendo, totalmente dedicado a seu apostolado junto ao povo romeiro. Seu canto "canto de cisne" foi o III Simpósio Internacional Sobre o Padre Cícero, em 2004. Atendendo ao chamado do Padre Murilo renomados pesquisadores e cientistas sociais do Brasil e do exterior acorreram ao Juazeiro para a Ciência e a História mostrarem a grandeza de vida do Patriarca de Juazeiro que acolheu o povo humilde e deserdado dos sertões para construir uma cidade dedicada ao trabalho e oração que se projetou no Brasil como a Capital da Fé.Com a saúde frágil e abalada com sua destituição das funções do Vigário da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, o Padre Murilo não teve mais forças para resistir esse mais duro golpe, afastando-o do seu povo romeiro porque quem dedicado toda a sua.. No dia 5 de dezembro de 2005, Padre Murilo se despediu dos seus queridos romeiros partindo para as glórias do céu encontrar-se com seu grande amigo e antecessor o Padre Cícero, ficando seu nome memorável gravado nos corações da população de Juazeiro e de todos os romeiros e devotos do Padre Cícero. (Originalmente publicado em http://www.juanorte.com.br/geova.html Acesso em 13.03.2016)

NOVO VOO DA AZUL


A Azul Linhas Aéreas Brasileiras estreia hoje sua primeira ligação diária e sem escalas entre Juazeiro do Norte e o Recife. A operação, que é exclusiva, será feita com o moderno turboélice ATR 72-600, de 70 assentos. Tarifas estão disponíveis a partir de R$ 69,90 ou 5.000 pontos do Tudo Azul o trecho, de acordo com as regras vigentes da companhia. A nova ligação faz parte de uma expansão no Recife anunciada pela Azul no fim de janeiro, que envolve voos da capital pernambucana para 12 novas cidades em todas as regiões do país. Com a opção de voo para o Recife, os clientes que partem de Juazeiro do Norte poderão chegar, por exemplo, a todas as demais capitais nordestinas e interior da região – ao todo, são mais de 20 opções de conexão. “Para os clientes de Juazeiro do Norte que buscam, sobretudo, acesso mais rápido às demais cidades do Nordeste, mas também boas conexões para todo o Brasil, este é um ganho muito importante. Com a novidade do voo para o Recife, facilitamos negócios e turismo para o Cariri, melhorando o acesso a Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha”, afirma Marcelo Bento, diretor de Planejamento e Alianças da Azul. A Azul também passa, a partir de hoje, ter o quarto voo diário do Recife para a Capital cearense, também como parte dos investimentos no Nordeste. A Azul conta com até três voos por dia em Juazeiro do Norte atualmente, com destino ao Recife e a São Paulo (Campinas). E com até 13 voos diários em Fortaleza. Os destinos servidos são: Belém, Belo Horizonte, João Pessoa, Natal, Recife, São Luís, Teresina e São Paulo (Campinas e Guarulhos). 
Obs.: Na ilustração, os horários de voos em nosso Aeroporto, a partir de informações da Infraero.

JESUALDO FARIAS NA GALERIA DE EX-REITORES
A Galeria dos ex-Reitores da Universidade Federal do Ceará será acrescida do retrato do Prof. Jesualdo Pereira Farias, assinado pelo pintor Ernane Pereira. A aposição do retrato, que tem 1,16m de altura por 81cm de largura, aconteceu às 10h da última sexta-feira (18), no Salão Nobre da Reitoria, no bairro do Benfica, em Fortaleza. O Reitor Henry de Holanda Campos recebeu a comunidade universitária para a solenidade. Jesualdo Farias foi Reitor da UFC entre 2008 e 2015. Ele deixou o cargo para ser o atual secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, em Brasília. Tem, em seu currículo, a criação do Laboratório de Engenharia e Soldagem da UFC, além de ser um dos fundadores de cursos de graduação e pós-graduação do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Instituição. Foi consultor de órgãos de educação e pesquisa, como CNPq, Funcap e MEC. Participou de missões oficiais em vários países e publicou mais de 190 trabalhos, dentre outros feitos. (Fonte: Coord. de Com. Soc. e Marketing Inst. da UFC)
PROGRESSO, A PRIMEIRA A MIGRAR PARA FM
A Rádio Progresso, de Juazeiro do Norte (CE), a mais de 500 quilômetros de Fortaleza, foi a primeira emissora a fazer a migração da AM para a FM no País. A solenidade foi realizada, nesta sexta-feira (18), às 20h30, na sede da emissora e contou com a participação do ministro das Comunicações, André Figueiredo. A migração é uma antiga reivindicação dos radiodifusores brasileiros. Com a alteração, as emissoras transmitirão com melhor qualidade e menor interferência. Além disso, os veículos poderão ser sintonizados por dispositivos móveis, como celulares e tablets. A mudança de faixa foi autorizada por um decreto presidencial em 2013. Atualmente, 1.781 emissoras estão na frequência de AM no Brasil. Desse total, 1.386 pediram a mudança de faixa e 937 rádios já poderão fazer a migração neste ano de 2016. Outras 437 emissoras terão de aguardar a liberação de espaço na faixa de FM, o que vai ocorrer com a digitalização da TV no País. No mês passado, o Ministério das Comunicações começou a emitir os boletos de pagamento da outorga para mudança da faixa. Os valores para começar a transmitir a programação em FM variam de R$ 8,4 mil até R$ 4,4 milhões. A tabela foi elaborada com base em critérios como índices econômicos, sociais e população do município em que a rádio está localizada, além do alcance. Após a quitação do boleto pelo radiodifusor, o Ministério das Comunicações emite o ato que autoriza a migração de faixa. Na sequência, as rádios devem apresentar uma proposta de instalação da FM e solicitar à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a permissão de uso da radiofrequência. Depois da liberação gerada pelo órgão regulador, os veículos já podem começar a transmitir a programação na faixa de FM.

Obs.: A foto que ilustra esta nota é do dia da inauguração dos transmissores da Rádio Progresso, no Salgadinho, em 1967, com a presença do então governador do Estado do Ceará, Dr. Plácido Aderaldo Castelo. Dentre outros, são vistos o Gov. Plácido Castelo, a sra. Maria Amélia Bezerra, o Dr. Mauro Sampaio, e os jornalistas Walter e Geraldo Barbosa.