domingo, 23 de junho de 2013

SOB O SOL DE TOSCANA III

(21) Depois da agradabilíssima permanência na Toscana, (ultimamente em San Gimignano, província de Siena – foto acima) por 13 dias, ao lado dos inesquecíveis momentos que até nem poderia descrever com tal brilho, ocorreu-me para estes últimos apontamentos, prestar, se é que assim não seja muito pretensioso, algum serviço de informação que seja útil a quem deseja experimentar um belo roteiro pelo exterior. Refiro-me aos cuidados e atenções que estão inseridos, não só ao longo de todo o período de viagem, mas o que antecede a esta data. Há um procedimento geral que é absolutamente fundamental: planejamento. É péssimo ser um turista acidental, alguém que sai por aí, se fiando apenas no dinheiro que tem ou no cumprimento mínimo de obrigações documentais, a legalidade para ir e vir. Quando se tem um destino em mente, é preciso proteger esta iniciativa com diversos cuidados para que a viagem seja um sucesso, beirando o que classificamos como inesquecível, pois de fato, habitualmente, estas lembranças serão para toda a vida. Desde 1980, quando fiz a minha primeira e tímida viagem para a região das três fronteiras (Brasil, Argentina e Paraguai), tenho acumulado um conhecimento precioso sobre procedimentos que me ajudam muito a superar as dificuldades. Nada excepcional, e não é tudo, mas é boa parte do meu sucesso, se assim posso confessar. Seguem algumas observações que espero lhes sejam úteis.

(22) Escolha do Roteiro: “Mundo, vasto mundo...” adverte-nos o poeta. Realmente, é uma ilusão conhecer bem um continente, um pais, uma província, uma região, uma comunidade, no curto tempo de um programa turístico. Tudo é grandioso na geografia, na história, na cultura, nos hábitos, na gastronomia, enfim, em tudo. Tão verdadeiro para grandes cidades (Paris, New York, Roma, etc), como para pequenas vilas, a exemplo, para mim, recentemente, em Cavriglia, província de Arezzo). Então, ao lado desta curiosidade pelo primeiro destino, a isto se sucede a busca por coisas mais específicas, como aquilo que se pode rotular de turismo histórico, arqueológico, ecológico, religioso, etc. Move-nos o interesse pelo inusitado, pelo deslumbramento que as imagens nos trazem, pelo cinema, pelas revistas, pelos amigos que experimentaram e por toda a sorte de informações disponíveis. Aquilo que nos transporá, magicamente, para a cena comum de ícones mundiais, como estar e se deixar fotografar frente a Tour Eiffel, ou junto ao túmulo de Evita Peron, por exemplo. Não vamos esgotar nunca, mas teremos um conhecimento prévio de grande valia. Para tanto, é preciso ler o básico sobre o nosso destino. Há ótimas orientações em livros específicos sobre países, cidades, regiões, etc. Neste ponto, a internet tem prestado uma inestimável colaboração para um definição clara das nossas pretensões. Pode-se ali encontrar vídeos muito esclarecedores. Sugiro, por exemplo, uma série de uma Tv brasileira (veja pelo youtube) que enfoca como os brasileiros vivem por diversas cidades do mundo. Os programas, e são muitos, nos ajudam a compreender porque foram para lá, o que fazem, como a cidade lhe favorece ou agride, suas alegrias e frustrações, o que há para ver e fazer, etc.

(23) Documentação: O documento básico do turista é o Passaporte emitido pela Policia Federal no Brasil. Mesmo que, a exemplo do caso do Mercosul, onde a carteira de identidade (RG) é valida na travessia das fronteiras, ele deve ser conduzido como alternativa. Principalmente porque entrada e saída do pais ficam registradas pelos carimbos das autoridades. A perda ou roubo de documentos no exterior é uma coisa lamentável. Já vivi isto e sei o atropelo que provoca, quando se tem que formalizar boletim policial de ocorrência e presença no consulado brasileiro mais próximo. É desejável que se tenham cópias xerográficas de ambos (Passaporte e RG, devidamente autenticados). No caso de extravio, isto ajuda muito a solucionar o caso de providências para um retorno para casa. Sobre Passaporte, consulte o site da Policia Federal, e ali encontrará informações detalhadas como obtê-lo e algumas das circunstâncias que cercam o documento. Alguns destinos, como os Estados Unidos, exigem o visto que é válido por algum tempo. E mesmo assim, não é possível utilizá-lo quando o prazo de validade está para se vencer. A verificação destes documentos se faz no aeroporto, no ingresso e na partida do destino que se escolheu. Em algumas partes do planeta, especialmente nas fronteiras com os Estados Unidos, por exemplo, os temores decorrentes do 11 de setembro, forçaram a segurança a esquemas muitos rígidos. Aprendi que com esta gente, da segurança, não se discute, mas apenas se responde o perguntado e se tem os elementos nas mãos. Já presenciei um caso na família, viajando em grupo, que o agente se aborreceu com a intolerância do passageiro e determinou a retenção por um bom tempo do passaporte e da pessoa, a ponto de quase provocar a perda do voo entre Montreal e New York. Não lhes falo da minha experiência pessoal, em 2000, embarcando em Tel Aviv, de volta ao Brasil, via Roma, retido no aeroporto Ben Gurion, por questões de segurança. Um caso absolutamente pitoresco, que talvez um dia eu possa lhes contar. 

(24) Transportes e mobilidade: Quem viaja deve estar preparado para usar avião, metrô, ônibus, trem, navio, barco, ferriboat, bondes modernos (VLTs), esteiras rolantes, elevadores de grande capacidade, teleféricos e até fazer caminhadas a pé. É importante ver as circunstâncias que nos levam a usar estes meios, porque cada um de nós pode ter algo delicado com um ou outro destes modos de se deslocar. Destinos turísticos no exterior, pelo que tenho observado nestes anos, normalmente tem bem resolvidas estas questões de mobilidade urbana ensejando um acolhimento adequado às pessoas portadoras de limitações físicas e assegurando bem estar e facilidades no uso de vias e equipamentos para deslocamentos. São bons exemplos os que se pode encontrar, não só nas grandes, mas igualmente em pequenas cidades quanto às facilidades e acolhimento a cadeirantes em transportes públicos como ônibus e metrô. Viajar de avião requer atenções. Antes de programar uma viagem de avião é preciso atenção à própria saúde. O Conselho Federal de Medicina (CFM) definiu os cuidados necessários antes do embarque. Especialmente, os médicos definiram todos os cuidados de saúde antes de viajar de avião. Portanto, não será exagero que ao consultar seu médico, uma pergunta possa ser feita: - Doutor, posso viajar? Afinal, o profissional que conhece bem seu organismo poderá auxiliá-lo a compreender eventuais perturbações que poderão acontecer no uso de tais vias de transporte. 

(25) Tempo: Nós vivemos num pais, e especialmente na área geograficamente próxima do Equador, onde só bem conhecemos a realidade do “faz sol e faz chuva”. Não é verdade quando isto se liga a regiões como experimentei, na Escandinávia (bem ao norte, como Helsinque), ou na Patagônia (bem ao sul, como Bariloche). São quatro estações bem distintas. Nós temos, via de regra, uma pequena tolerância às variações climáticas, tão comuns quando se viaja pelo mundo. Uma boa medida é conhecer a previsão do tempo através da internet, onde os serviços de meteorologia, nos destinos desejados, vão informar até por quase 15 dias antecipadamente, temperatura, umidade, chuva, neve, sol, vento, etc. É ótimo consultar e anotar, num pequeno caderninho de bordo. Principalmente porque isto nos ajuda a programar o que vamos vestir e como vamos estar protegido. Roupas de frio, por exemplo, são volumosas e complicam a nossa disponibilidade de espaço nas malas. As mulheres, especialmente, sabem com precisão, com o isto muda completamente o guarda-roupa a levar. Mesmo sabendo das incertezas das previsões, minimamente devemos crer que o mundo não vai virar e aquilo está muito próximo da realidade.

(26) Hospedagem: Na compra de pacotes turísticos em operadoras nacionais ou internacionais, sempre se tem a possibilidade de se fazer escolhas por categorias de hotéis. Isso é o convencional, sem problemas, com reservas rotineiras. De outra sorte, quando se opta pela montagem do seu próprio pacote a partir de uma seleção que envolve alugueis de quartos, apartamentos e casas, há uma infinidade de ofertas encontráveis na internet. Recomendo uma olhada nos sites www.homeaway.com, http://www.pap.fr/, dentre outros. Há uma descrição quase sempre minuciosa, acompanhada de fotografias do local, para melhor acerto na escolha. Na Toscana, por exemplo há muitas opções do que se chama Fazendas Agro-Turísticas, nos arredores de grandes e pequenas cidades. As instalações ficam em meio a campos de vinhas e de olivas, sendo as casas dotadas de todas as conveniências domésticas, prontinhas para habitar. Não é aceitável que se descuide sobre item tão importante. Deve existir em meio a aventureiros, uma maneira de não cuidar atentamente deste item fundamental. Por isto mesmo há imensas oportunidades de locação para estes nos albergues, campings, pequenos hotéis e pousadas. Mas, de certo, uma reserva prévia deve ser realizada. Nestes destinos turísticos, alguns aparentemente de pouco fluxo, temos a observar que o mundo inteiro, potencialmente, para ai converge, e não se deve por em conta menor que lá se vai resolver, na hora em que se chegar. 

(27) Compras: Se existe um item impossível de se dizer algo, porque tem muito a ver com a personalidade de cada um, é a questão das compras de lembranças, souvenirs e bens duráveis.  Nós somos, por nossa cultura, compulsivamente consumistas. Faz parte desta emergência de classe média que descobriu o paraíso das compras e compra tudo, até o que não usará. Invadimos a Flórida, o Mercosul espanhol, parte da Europa, e o fazemos desde Free Shops de aeroportos, até entrando no pais de destino, quanto mais na saída. É só ver o desembarque de voo internacional em nossos aeroportos. Aquji não há espaço para divagação sobre o certo ou o errado destas compras, uma vez que parece muito arraigado entre nós que este consumismo faz parte hoje de uma grande jogada de marketing que transformou, especialmente, objetos de eletrônica e informática como as vedetes destes desejos, como a meta de nossa própria felicidade. Há nisto tudo, um grande equívoco. Mas, sem dúvida, as compras são este momento mágico de acesso a bens que não estão disponíveis em nossas aldeias de origens. Por isso mesmo são bem vindas. Mas é preciso ter um freio para não inverter a perspectiva do projeto que, originalmente, contempla o conhecimento de culturas, ambientes naturais, arte, e história de velhas civilizações.

(28) Dinheiro: As maneiras mais comuns de dispor de moeda estrangeira no país destino são: em espécie, que se pode levar consigo, no limite preconizado pela Receita Federal, cartão de crédito convencional, previamente liberado para uso no exterior, cheques de viagem (Travel Check) e cartões de débito pré pago. O que é mais barato se pode e deve perguntar na hora da escolha, em vista dos custos de câmbio, de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e pela praticidade? Os dois cartões mencionados, por exemplo, pagam IOF, respectivamente de 6,38% e de 0,38%. Logo, há uma franca opção pelo pré-pago. A verdade é que não se deve dispor apenas de uma forma. É conveniente que se faça a viagem com despesas que se podem pagar lá fora com moeda em espécie e pelo cartão pré-pago. Ao primeiro contato com seu destino, haverá sempre alguma despesa imediata para telefone, taxi, alimentação, alguma compra, etc, e isto se faz em espécie ou cartão de crédito. Quem planeja viagem, com bem antecedência, tem a oportunidade de converter a sua poupança em tempo mais conveniente, de acordo com a flutuação do câmbio, para tarifas mais baixas. 

(29) Pacotes: Aos iniciantes, a não ser com aquela garra dos jovens que saem por aí com mochilas nas costas, a opção primeira para o turista brasileiro são os pacotes turísticos que nos protegem, antecipadamente, por uma série de variáveis como a racionalidade do tempo, transporte, hospedagem, alimentação, passeios (city-tour), ingressos, gorjeta, taxas, etc. Ficam, por fora, geralmente, apenas os gastos pessoais, aquilo que vamos comprar de souvenirs ou presentes para os que nos são queridos e esperam por nosso retorno. Há muita gente desonesta neste setor, em qualquer parte deste mundo, e o importante é que o mais seguro é o empenho e o zelo da operadora que escolhemos e que tratará disto à nossa solicitação. Também vale a pena ver as ofertas por hotéis e operadoras locais de reconhecida idoneidade. Na internet há sempre apontamentos e desapontamentos registrados sobre estes pacotes, sejam por toda a viagem, sejam os locais. Ao escolher uma operadora para realizar o seu projeto de viagem, procure informações seguras sobre quem está no mercado e analise detidamente os custos/benefícios desta escolha. O contrato deverá estar firmado por documento assinado por ambos (operadora e cliente) de modo a não haver nenhuma surpresa pela omissão ou falta de cumprimento a nenhuma das clausulas contratuais.

(30) Idioma: Qual é o certo? "Quem tem boca vaia Roma" ou "Quem tem boca vai à Roma". Há quem diga que as duas estão certas, embora a primeira seja a original. Vaiar Roma hoje é uma grosseria, mas antigamente era o Império, merecedor da antipatia de muitos. Para se ir a um destino turístico, de idioma diferente do nosso, alguém que não domine, minimamente um segundo idioma, especialmente inglês ou espanhol, somente com a tutela de um pacote turístico, com guia falando a nossa língua, desde a origem, ou local. As dificuldades de relacionamento são enormes, quando isto não acontece, especialmente, diria, no Leste Europeu, na Escandinávia, por quase toda a Ásia e África. O brasileiro é dos povos que mais estão realizando rotas turísticas nos Estados Unidos e Canadá, bem como pela Europa. Daí porque sempre é possível um pouco de atenção de serviços essenciais aos turistas, como serviços de passeios, alimentação em restaurantes e outros locais de visitação, por pessoas que compreendem ou se fazem compreender conosco. Para isto, lançam mão de uma estratégia de falar um misto de espanhol e português (Portunhol) que com auxilio de mímica vai sendo possível se fazer entender e realizar o que se pretende, na hora de demandar uma informação, um pedido objetivo sobre localização, serviço de alimentação, transporte, etc. Com tudo isto a facilitar, aparentemente, o melhor mesmo é estar nas graças de guia habilitado ou fazer um esforço para dominar minimamente a língua inglesa, que de todas, é a mais conveniente em face destas necessidades intransferíveis de comunicação. 

(31) Saúde: Não acredite que você tem uma saúde de ferro e que nada vai lhe acontecer. Desconfie. Durante uma viagem tudo pode acontecer: um resfriado, desconforto gastrointestinal, um traumatismo físico (com ou sem fratura eventual), complicações de doenças pré-existentes, etc. É necessário se proteger. Não há uma garantia absoluta sobre a cobertura, isto é, o que será reembolsado por gastos médico-hospitalares, mas é desejável que se faça um seguro saúde, por uma boa operadora no Brasil. As agências de turismo tem a solução. E isto funciona, pois já experimentei em circunstância nada agradável quando tive que internar minha mulher em um hospital em Paris. Chama-se o médico por telefone e ele atende no endereço indicado e dá a conduta, medicando ou encaminhando para o atendimento satisfatório. Este é um procedimento que não dispenso desde a experiência traumática. E é o que recomendo. No caso de pacotes turísticos, vendidos por operadoras, barganhe isto ou faça incluir na conta. No mais, é observar, se usuário de medicamentos controlados ou de uso contínuo, a famosa “cesta básica” que os inclui na conta pouco maior da mínima quantidade, além daqueles de uso eventual pela pessoa, como antitérmico, analgésico, descongestionante, anti-inflamatório, etc. Cada um sabe de si, não é mesmo?

(32) Bagagem: Por norma de bom senso, as transportadoras disciplinam o regular em termos de unidades com peso e dimensões definidas. Isto é o lógico para capacidades bem estabelecidas dos veículos. Quando se compra um pacote turístico isto é bem expresso em consonância com as regras, especialmente as de aviação civil, normatizadas pela IATA. Algumas empresas podem ser mais generosas que outras, há umas que admitem até duas malas com até 32kg, cada, por passageiro. No geral, isto não vai além de uma só, de 23kg, nas dimensões regulares, mais 5 ou 8kg de uma única bagagem de mão. Isto deve ser observado, especialmente no caso em que se usam duas companhias aéreas, com tratamento diferenciado. Não observado, é custo adicional de excesso de bagagem, sem apelação. É sempre bom ter uma pequena balança em casa para verificar como fica a arrumação das malas, antes de partir. Razoável é procurar incluir na bagagem apenas o essencial. De preferência, pouco para ver no que vai dar, se fizer sol ou se fizer chuva e frio. Uma preocupação pertinente é o que se deve transportar, em observância ao legal. Por exemplo, eu fui advertido em Las Vegas porque tentei entrar na cidade com uma bagagem contendo um desprezível kiwi. Claro, foi confiscado, mediante censura. Prosaico é que o fruto passou por inspeção de Raio X. Poderia ser uma bomba. Há normas gerais, como drogas, substâncias inflamáveis, etc, mas cada pais diz mais especificamente o que pode ou não. Por critérios de segurança, a aviação civil também fixa atenções com relação a certos produtos químicos como cosméticos, com relação a volumes máximos e a proteção, envolto em sacos plásticos apropriados. Enfim, é sempre bom ver o que a polícia, a aduana e a saúde pública (saúde e agricultura) do destino estabelece.

(33) Informações Turísticas: Os locais de destinação turísticas que desejamos visitar desde muito se estruturaram para bem explorar esta nossa opção. Daí porque vamos encontra-las contendo equipamentos que favorecem esta maior interação. Dois dos elementos chaves são sinalização e informações turísticas. É fácil perceber, desde vilas modestas a grandes cidades, que as áreas urbanas e rurais atendem perfeitamente que circula, dando indicações bem precisas sobre todos os lugares de visitação. Quem viaja por carro, por exemplo, pode encontrar sinalizações que anunciam, quando é tempo, por neblina ou ocorrências de neve e gelo, bem como eventual desmoronamentos de encostas de serras, ao longo das estradas. As distâncias e altitudes estão nas placas que indicam a direção certa para se atingir a cidade ou seus equipamentos turísticos, como museus, castelos, etc. As informações turísticas estão disponíveis de duas maneiras: por publicações encontráveis nos ofícios de turismo e, frequentemente, sem custos, bem como por uma conversa com os funcionários do escritório. Uma rotina intransferível é pedir um mapa da cidade com as indicações mais importantes do que se tem para ver. Daí por diante, é procurar descobrir o que mais se pode conhecer, especulando sobre a riqueza cultural e artística, ou de outra natureza, ao seu interesse. E aí não há limites, pois as surpresas serão muito agradáveis.  

(34) Alimentação: Quem não tem flexibilidade para adaptar seu paladar a algo mais que arroz, feijão, cuscus, farofa e carne de gado, vai encontrar alguma dificuldade para encarar a culinária da forma diversa como se nos apresenta em temporada turística. Claro, a globalização introduziu nas mais diferentes civilizações o estilo McDonald´s de superar qualquer dificuldade alimentar a custo razoavelmente reduzido e rápido. Mas, sanduiche todo dia não é exatamente uma opção sensata, porque está na contramão do desejável para se conhecer uma das vedetes do turismo, em qualquer parte do mundo, que é a gastronomia do lugar. E no geral, isto privilegia o critério e saudabilidade, por incluir cereais diversos, muitas hortaliças, frutas de estação, carnes de animais silvestres e de criação, pescados e mariscos, etc. Portanto, mesmo com os seus devidos cuidados, escrúpulos e receios, não deixe de se envolver com a degustação de ótimos pratos, típicos da culinária local, muitos dos quais plenos de simplicidade e leveza, em porções bem mais modestas, que não enchem os olhos gulosos de nossa alma latino americana, mas que encantam pela arrumação e o toque elegante da composição. Via de regra, a harmonia vem com ótimos vinhos, tão típicos destas regiões privilegiadas que tanto nos atraem, como Austrália, África do Sul, Califórnia, Itália, França, Portugal, Alemanha, Espanha, etc. Durante a temporada turística, uma das demandas mais permanentes é por água potável. Uma imagem típica de turista se vê como alguém que se conhece à distância pela vestimenta e postura, mas também pelas intransferíveis mochilas, máquina fotográfica e uma garrafa de água mineral. É produto de primeira necessidade. No geral, toda água disponível, publicamente é potável, portanto, aprovada pela saúde pública do lugar. Não se espante se encontrar alguém bebendo água de uma fonte perdida que jorra continuamente numa viela de Roma. Nem de uma garrafa de plástico seca, vendida numa loja de souvenir em Estocolmo, sob a recomendação de que você pode enchê-la de puríssima água potável na primeira torneira pública da cidade, pois é um orgulho. E dependendo da temperatura, já virá geladinha. 

(35) Custos: No Brasil, vivemos uma fase em que a economia do país, pela inclusão de expressiva faixa da população no extrato economicamente ativo, permite para muitos a realização de um  sonho outrora mais difícil, para um projeto de viagem turística ao exterior. Não há um preço único, bem sabemos. O fato é que o mercado disponibiliza produtos diferenciados, cujas características de duração, transporte, alimentação, hospedagem, passeios, taxas e serviços, etc, dos quais algum deles poderá estar ao seu alcance, com financiamento próprio da operadora em prestações mensais acessíveis. Aos que optam pela montagem e composição por conta própria de todas as necessidades da viagem há a agradável surpresa, mas nem sempre, de o fazê-lo a mais baixo custo, especialmente para pequenos grupos. A iniciativa assimila um ganho razoável pela eliminação de custos operacionais da operadora, contratando-se diretamente com companhias aéreas, hotelaria e demais serviços. Em vários anos, não tenho contabilizado surpresas desagradáveis neste sentido e posso falar de bons resultados por negócios concluídos pela internet, sem problema. 

(36) Bons modos: Um assunto como este, cabe de sobra nas lembranças de como nos devemos nos preparar para melhor enfrentar um programa turístico em terras estranhas. A primeira coisa que se deve relevar é que isto naturalmente nos provoca um choque cultural. Não se trata de ver se de um lado ou de outro há mais relevo. São diferentes. Nossas origens e base cultural são muito diversas do que encontraremos por ai. Então, é preciso um nivelamento prévio, uma revisão de critérios mínimos, civilizados no trato com as relações humanas, em espaços públicos, que é o nosso confronto com a vida do lugar. Viajando pelo mundo, como observador, ocorre-nos frequentemente um momento em que analisamos este choque entre brasileiros e estrangeiros. E, não é raro, deploramos que muitas vezes saímos de casa sem o preparo adequado para esta relação com o que já está estabelecido há milhares de anos antes de nós. Não há regras, mas há modos. A observação primeira recai sobre princípios. Um dos quais reside na ordem preestabelecida, as normas e a regras de quem nos recebe, pois elas não abrem exceção aos argumentos dos nossos aparentes privilégios. Observar horários, trato gentil e atencioso na rua, e um respeito manifesto a questões de foro íntimo, pessoal, frente ao público. Os brasileiros, muito expansivos, são péssimos no uso de telefonia celular. Falam alto e às vezes escandalizam até os italianos porque lhes parece que os limites entre o público e o privado não são bem observados. Somos também muito espaçosos com respeito a filas, sem, observar, por nos faltar a paciência devida para aguardar o seu tempo. É preciso saber lidar com o lixo, pois frequentemente estaremos em ambientes cuja geração e destino final são bem evoluídos, com respeito a coleta seletiva que não admite misturar vidro, papel, metal, orgânico, etc. Cada coisa no seu lugar,  e às vezes, descartado em dias diferentes.          

(37) Finalmente: Muito mais se poderia dizer e detalhar. Um projeto de viagem turística comporta muitas especulações ao tempo em que se planeja a viagem dos sonhos. A primeira, certamente não será a única, e cada um de nós vai agregando ao longo destas experiências muitas observações e procedimentos que nos auxiliam a superar as dificuldades que aparecem, tornando isto, se é possível dizer, quase uma rotina prazerosa, com a qual muito crescemos e nos aperfeiçoamos. Foi esta a intenção. Espero que de alguma forma isto possa ser útil.

CINE ROULIEN
O que os nossos pais assistiam antigamente? Voltamos aos cartazes dos cines Roulien (Rua São Pedro, 389) e Eldorado (Rua Santa Luzia, 429) durante o ano de 1949. No dia 13.04.1949 o Roulien exibiu em sua sessão às 19:30h o filme Deliciosa Mentira. A ficha técnica da película é: Título original: Something in the Wind; Estados Unidos, 1947; Direção: Irving Pichel; Elenco principal: Deanna Durbin (Mary Collins), John Dall (Donald Read), Donald O'Connor (Charlie Read), Charles Winninger (Uncle Chester Read), Helena Carter (Clarissa Prentice), Margaret Wycherly (Grandma Read), Jean Adair (Mary Collins' aunt), Four Williams Brothers (eles mesmos), Jacqueline deWit ( Fashion Show Saleslady), Jan Peerce (Tony – Policeman), Johnny Green (Orchestra leader at fashion show). Sinopse: Neste belo musical estrelado por Deanna Durbin, o neto de um milionário confunde uma bela disk-jockey (Deanna Durbin) com a tia da garota, que está namorando o seu avô, o que acaba gerando muitas situações engraçadas, e muita diversão.
CINE ELDORADO
O Eldorado exibia no dia 17.04.1949: Paixão Selvagem. A ficha técnica, sumariamente, é: Título original: Canyon Passage; Estados Unidos, 1946; Direção: Jacques Tourneur. Elenco: Brian Donlevy, Dana Andrews, Hoagy Carmichael, Lloyd Bridges, Patricia Roc, Susan Hayward, Ward Bond. Sinopse: O homem de negócios, Logan Stuart (Dana Andrews), está escoltando a noiva de seu amigo, Lucy Overmire (Susan Hayward), de volta para sua casa na distante cidade de Jacksonville, no Oregon. No trajeto de sua dura jornada Lucy se sente atraída por Logan cujo coração parece pertencer a outra pessoa. Quando chegam em Jacksonville, vários fatos começam a acontecer envolvendo vilões, damas, triângulos amorosos, assassinatos. Um western sem tiros, com belos cenários, Hoagy Carmichael cantando canção dele próprio (que concorreu ao Oscar) e a beleza de Susan Hayward um tanto deslocada. São histórias de costumes, e um caso de amor que não chega a acontecer. O diretor francês Jacques Tourneur (1904-1977) foi um dos muitos europeus que foram para os Estados Unidos fugindo do nazismo; trabalhou nos Estados Unidos a partir de 1939.

AEROPORTO DE JUAZEIRO DO NORTE
Mais uma vez estamos apresentando os dados oficiais da Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) com respeito aos números de sua estatística regular com a movimentação de aeronaves e passageiros em aeroportos sob a sua gestão, e de modo particular com respeito ao Aeroporto de Juazeiro do Norte. Temos feito isto a cada divulgação destes dados. Fazemos a estratificação dos dados em 6 categorias, situando o nosso aeroporto na conjuntura de todos os aeroportos do Brasil e da Região Norte-Nordeste (internacionais e domésticos, somente os domésticos e apenas os domésticos interioranos). Com os valores do período Janeiro-Maio, não se constatou nenhuma mudança nas posições relativas em que o aeroporto de Juazeiro do Norte se situa. O ranking mais importante em que nos situamos é o do conjunto de aeroportos brasileiros interioranos. Nesta condição, Juazeiro do Norte é o oitavo colocado, num total de 21 aeródromos. Continuam as obras no Aeroporto de Juazeiro do Norte, para a instalação dos Módulos Operacionais (Embarque/Desembarque), com investimento da ordem de R$ 2,87 milhões, com uma área total de 1.050m², o que permitirá um aumento de capacidade de cerca de 0,5 milhão de passageiros/ano. Atualmente, somente as quatro operadoras (Azul, Avianca, Gol e Trip) realizam 16 operações de pouso e decolagem. Somente a partir de Julho, quando se anuncia o final das obras da implantação destes módulos poderá acontecer alguma modificação na oferta de novos destinos e horários, pelas mesmas ou por outras que passem a operar este mercado tão promissor que compreende as regiões Centro Sul do Ceará, Noroeste de Pernambuco, Alto Sertão da Paraíba e Sudoeste do Piauí. No dia 09, pp, o Folha de São Paulo publicou matéria sobre a economia de Juazeiro do Norte, mostrando o nosso potencial desenvolvimentista. Neste contexto, as relações de Juazeiro do Norte com os diversos centros produtores do país vai continuar demandando muito maiores oportunidades para o desenvolvimento de negócios dos serviços de transporte aéreo, tanto de passageiros quanto de cargas. Daí a expectativa de que os governos, nos três níveis, continuem a prestigiar as melhorias necessárias ao segundo aeroporto de nosso Estado. No caso do governo municipal, ainda temos pela frente a solução do acesso urbano, pois há muito a simples via da Avenida Virgilio Távora não mais se apresenta satisfatória para o intenso fluxo motivado pelo movimento aeroportuário e pelo crescimento da urbanização no entorno do aeroporto. 







PADRE NERI FEITOSA
De vez em quando recebo do Pe. Neri Feitosa (Canindé, CE), pelo correio, uma agradável surpresa. Voltando de viagem, em dois envelopes encontrei exemplares deste seu novo trabalho, onde faz ótimas reflexões sobre O Sofrimento, a começar pelo começo: como o sofrimento apareceu no mundo. Pe. Neri é irrequieto, não pára de produzir, de escrever e nos ajudar a compreender as agruras do mundo e a esclarecer sobre temas de sua permanente vigilância nos campos da história, da religião, da genealogia e da cultura em geral. Nisso ele não envelhece e até nos dá uma prova com a dedicatória do livreto, onde se dirige aos leitores mais novos do que ele. Diz ele: “são muitos. Existe alguém mais velho do que eu? Estou dentro dos 88 anos. Pode haver alguém mais idoso do que eu, mas penso eu, não é mais leitor... Quando a gente envelhece deixa de ser quase tudo... Falo por experiência.”  No outro envelope, um substancioso e intrigante texto sobre a sua vida religiosa. É um texto que fica, por enquanto, sob reservado conhecimento, pelas confissões ai contidas e que nos revelam sobre as pedras de seu caminho missionário, desde a sua ordenação sacerdotal, em 03.12.1950 até o presente momento. Uma vida exemplarmente dedicada ao serviço da fé e de sua Igreja. Outra coisa que exponho aqui é o selinho que está fixado na parte de trás destes dois envelopes recebidos. Lá está escrito, como se vê: Sou Devoto do Padre Cícero. Não obstante a declaração explicita, isso era coisa que, partindo do Pe. Neri Feitosa, há muito já sabíamos. Mas ele é incansável no seu testemunho ao nosso santo. E por isto, muito lhe agradecemos.
(Foto: http://vilacamposonline.blogspot.com.br/2012_03_25_archive.html)


PELA IMPRENSA DO MUNDO
As recentes manifestações populares de protesto no pais e que tiveram também a sua repercussão em Juazeiro do Norte, notadamente pela questão mais local e específica relacionada ao salário dos professores municipais, terminou por figurar em algumas chamadas da imprensa mundial. Destaque, especialmente, embora em poucas linhas, para o que aparece em The New York Times e Le Monde, conforme os textos: In Juazeiro do Norte, demonstrators cornered the mayor inside a bank for hours and called for his impeachment, while thousands of others protested teachers’ salaries. (Em Juazeiro do Norte, os manifestantes cedrcaram o prefeito dentro de um banco por horass e pediram seu impeachment, enquanto milhares de outros protestaram contra os salários dos professores (New York Times, 19.06.2013). Dans une trentaine de villes plus petites, des manifestations ont également eu lieu, comme à Sao Gonçalo près de Rio avec 5 000 personnes, ou à Juazeiro do Norte, où 8000 manifestants empêchaient le maire de la ville de sortir d'une agence bancaire, mais aussi à Manaus et Florianopolis. (Em trinta cidades menores, as manifestações também foram realizadas, como São Gonçalo próximo ao Rio, com 5.000 pessoas, ou Juazeiro do Norte, onde 8.000 manifestantes impediram o prefeito de sair de uma agência bancária, mas também em Manaus e Florianópolis. (Le Monde, 19.06.2013). Outras menções estão nas edições do dia 19.06, nos jornais The Guardian (Londres), El Pais (Madrid) e no Financial Times (Londres).
REVISTA CARIRI
Já está sendo distribuída a nova edição (número 11) da excelente Cariri Revista. Na pauta de suas 80 páginas, com excepcional diagramação e colorido exuberante, destacamos as seguintes matérias: Um pouco da história do ex- jogador de futebol, Gesiel José de Lima (Nasa);  Gilmar de Carvalho nos fala do flagelo das secas (Nossa realidade é maior que a catástrofe); A revitalização do Museu do Crato; A surpreendente convivência de dona Almina Arrais (88 anos) com o computador; Os deliciosos doces do Madeilton (Juazeiro do Norte) e de Iara Duarte (Crato); O jogo de gamão da turma no fundo do Hotel Vila Real, em Crato; Os caretas de Santana do Cariri; Histórias que alguém me contou, por Josenir Lacerda, Abdoral Jamacaru, José Flávio Vieira, João do Crato, e Luiz Carlos Salatiel; Uma excursão pelo centro de Fortaleza; Tuty Osório aborda a convivência do semi-árido com  as questões da disponibilidade de água e a inclemências da seca; Artigos: A fome de Rodolfo (Teófilo), por Cláudia Albuquerque, Reciclando atitudes, por Isabella Bezerra, Tratado básico sobre a ressaca, por Sérgio Pires; E mais...Por fim, no seu editorial, lamentando a perda, a editora promete que o número 12 vai contar a história de vida da inesquecível Maria Assunção Gonçalves. Parabéns a toda a equipe por mais esta ótima edição.