sábado, 7 de janeiro de 2017

BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que eventualmente estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
242: (04.01.2017) Boa Tarde para Você, D. Gilberto Pastana de Oliveira
Abraço-o, fraternalmente, como já o fizera muitos dias atrás, nesse mesmo estúdio da FM Padre Cícero, ao receber a sua agradabilíssima visita, pois nos chegava como bispo coadjutor, para a missão, de há pouco investido na Diocese de Crato. Li com atenção a sua mensagem de posse, qual homilia simples, serena e convicta das imensas responsabilidades que assume perante um território largo de chão, paróquias e comunidades que o desafiarão a continuar esse trabalho missionário, centenário no seu tempo. Reservo-me aqui, e permita-me Vossa Reverendíssima, repetir sua expressão de que “Nesta terra nasceram e viveram pessoas boas e santas, que representam para nós ícones de caridade e serviço ao próximo, a exemplo do Padre Cícero, da menina Benigna Cardoso da Silva, do Padre Ibiapina e de tantos outros, cuja existência, mesmo no anonimato, representa bênçãos e nos animam a enfrentar as adversidades.” Mesmo assim, Senhor Bispo, os verbos no passado nos animam para assumir esses exemplos de santidade para que, no caso do Juazeiro, não se diga mais como o então vigário Mons. Lima: Na Matriz do Juazeiro são âmbulas e mais âmbulas e santidade, nada... A propósito, lembrei-me imediatamente, por algum viés, as palavras de São João Paulo II, ainda na visita de 1991, segundo o qual “O Brasil precisa de santos; o Brasil precisa de muitos santos!”, pois de fato esses nominados são exemplos marcantes em nossa religiosidade e isso não pode deixar de ser considerado como parte da santidade da Igreja de Cristo. Assume Vossa Reverendíssima a titularidade de uma Diocese que tem, sem dúvida, essa preocupação, plantada no entendimento de seu povo pelos modelos exemplares a partir da matriz significativa do Padre Mestre Ibiapina, reforçada no catolicismo rústico de seus beatos. Por isso mesmo essas expectativas se renovam, como foi o caso mais recente do desfecho em torno do processo de reabilitação histórico-eclesial de Cícero Romão Baptista, que trouxe às angústias da Nação Romeira um novo alento para o reconhecimento pleno do seu modelo e testemunho. Como Vossa Reverendíssima bem lembra, também entre nós, nestes torrões do Tabuleiro Grande, também remontamos ao albores do século XVIII, com vida devotada, oração e trabalho. Por circunstâncias outras somente há cem anos essa Igreja do Juazeiro superou os traumas de um milagre eucarístico não reconhecido para existir na oficialidade, graças a generosidade e a caridade cristã de um primeiro bispo. Hoje, mercê de Deus e da crença inabalável do seu povo aqui residente, o território minúsculo e profundamente adensado populacionalmente, felizmente é assistido em doze paróquias, tendo sido constituída essa última bem recentemente. Ó tempore, Senhor Bispo, lembrando uma Juazeiro de minha infância e juventude, agigantada já aí pelos anos 60, e a contar apenas com os pioneiros olhares e fazeres de uma Paróquia Matriz que o tempo reservou história exuberante para ser a Basílica romeira desses sertões. Renova-se essa Diocese por sentimento, consciência, vocação e dedicação de seu novo Bispo na oportunidade em que, em sintonia com a atualidade terrena a Igreja deve ser presença obrigatória para mediar a superação das crises, especialmente as éticas e morais que assolam a nacionalidade. Clama-se pela redobrada atenção sobre a família do Cariri, tão profundamente marcada por sinais evidentes da degradação social e espiritual, e padecendo das misérias desses tempos, entre drogas, violência e desesperança. Gostaria de ver, Senhor Bispo, também nessa Diocese que o senhor assume, a inauguração de atenções e serviços, no tocante ao necessário diálogo inter-religioso, temática tão antiga quanto o Vaticano II, mas que na região, por timidez e falta de iniciativa, se vem protelando, ensejando cenas desnecessárias de intolerância religiosa, como aqui e acolá se manifesta em centro de romarias. Ao cumprimentar Vossa Reverendíssima, apresso-me em desejar-lhe que o fardo lhe seja leve, que tenhamos juntos, sempre presente, as atitudes de disponibilidade e entrega para que, de fato, “Amemos esta Igreja, sejamos esta Igreja, fiquemos nesta Igreja”, e que louvando Nosso Senhor Jesus Cristo, digamos com muita fé: “Venha o Teu reino”.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 04.01.2017)

BOM DIA!
O meu grande desejo de manter uma coluna diária sobre questões urbanas, enfocando problemas e realizando comentários sobre fatos notórios me levou a, a partir de 01.01.2017, recentemente, a iniciar uma publicação regular nesse sentido, através da minha página no Facebook. Já há alguns protestos, inclusive sobre a complexidade e o tamanho dos textos. Isso vem a propósito como tais pessoas desejam manter sua presença na rede social para publicar coisas inúteis e na maior parte um verdadeiro lixo que não conseguem esconder. Então, deem-me licença, também tenho o direito de fazer o melhor que posso, com todo respeito aos que me acolhem. Cordialmente, também aqui nesta coluna haverá a reprodução condensada do que sair pela semana. Muito obrigado pela compreensão.
BOM DIA! (1), Por Renato Casimiro
Cumprimento-os na certeza de que não se trata apenas de mais um novo dia. Estamos adentrando um novo ano com grandes esperanças para tudo: pelos projetos longa e loucamente acalentados, na crença que esse país saia do imenso atoleiro em que foi mergulhado, no desejo ardente de que os empossados nesse dia honrem o compromisso cidadão, para antes de tudo não venha a desapontar a criança que foi um dia. Amanheço hoje carregado desse sentimento que nos nutre para que vivamos, enfim, em uma nova realidade que nos anime para produzir intensamente, para fazer a nossa parte intransferível, por pior que seja a crise que nos abate. Cada um de nós sabe de cor e salteado uma ou várias histórias de imensas frustrações nesse caminho. Continuamos convivendo com a lastimável lista de improvisados homens públicos, ultimamente descobertos na lata do lixo, roubando esperanças e muito dinheiro necessário para a manutenção dos serviços essenciais de saúde, educação, energia, infraestrutura, para não ir mais longe entre o básico do básico. Acordei pensando nessas coisas, não pelo pessimismo doentio com que muitos são acometidos, mas pelo necessário exercício civilizado que nos ocorre diante do que temos pela frente, ao se tratar de realizar junto aos poderes a limpeza completa dessa lama podre e fétida do mau-caratismo deslavado e ainda prevalente entre os poderes da república. Quero dizer com isso que deve sobressair em nós a compreensão necessária para encarar a nossa responsabilidade social para continuar construindo a sociedade que nos serve, sem servilismo, mas voltado para o realce à nossa condição de críticos e de formadores de opinião, analisando e refletindo com grande empenho os fatos que vão surgindo, muitos dos quais objeto de manipulações que não nos interessam. Vejam só a questão relevante de hoje com a posse de representantes escolhidos ou não, tanto para a Câmara Municipal, quanto para a Prefeitura. No primeiro caso, o noticiário dos dias anteriores já revelavam o tamanho da marmota para a eleição do quadro dirigente do podre poder. De nada adiantou o discurso severo do juiz em dia de diplomação. Não tiveram nenhum escrúpulo em deixar de lado o interesse da comunidade para realizar a negociata que lhes servem a partir do dinheiro sujo que já começam ganhando servindo a interesses escusos. É sempre assim: nada a constatar diferente do que se sabe que esse velho mundo será sempre governado por esses interesses. Cabe-nos protestar pois eles em nada se parecem com aquele que orientam as decisões de gente decente. Quanto ao quadro de auxiliares do novo prefeito, ficamos ansiosos para conhecê-lo e na revelação não deixamos de constatar arranjos fisiológicos contrários aos nossos interesses. Mas é assim mesmo: seguimos esperançosos que sirvam ao município e se distanciem das más condutas para melhor servir ao povo. Dito isso, à guisa de uma boa preliminar, já lhes dou o tom dessa minha proposta de ser um vigilante atento para continuar pensando as nossas questões candentes. Desejo com isso me manter ativo pela palavra e pela reflexão, esperando não me trair por nenhuma circunstância e  trazendo diariamente o meu sentimento sobre questões relevantes da comunidade. Pretendo me envolver com imprensa, com a administração pública, com os acontecimentos da cidade e com tudo aquilo que exige a nossa participação. Assim, diariamente será postado um texto nessa página do Facebook, com esse formato. Espero contar com a participação dos leitores para um melhor enriquecimento desse debate, na medida em que ele serve prioritariamente a subsidiar o nosso exercício cidadão para contribuir para o crescimento e o desenvolvimento de nossa cidade. Não tenho nenhuma outra pretensão ou orientação senão essa, e procurarei ser fiel aos princípios éticos e  
morais que devem nos guiar por essas veredas em situações muitas vezes embaraçosas para um melhor exercício dessa crítica e do seu efeito benfazejo. Nesse primeiro dia do ano, quero formular para todos esses que me conferem o privilégio de sua leitura atenciosa os meu votos sinceros para que este ano que se inicia reserve no seu andamento a realização de muitos sonhos, tanto no plano pessoal, como na realização comunitária. Não há muita ilusão de que será um ano muito difícil pela conjuntura adversa que enfrentamos, fruto das crises que se acumularam mais recentemente, tanto na esfera econômica quanto no plano político. Mas seguimos com o otimismo que nos caracteriza, acreditando que vale a pena e por isso mesmo melhores dias virão. Bom dia!
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 01.01.2017)
BOM DIA! (2), Por Renato Casimiro
Nos últimos dias de 2016 eu mudei de endereço residencial, e logo naquele dia enfrentei um desses problemas urbanos com um dano na rede pública de distribuição de água, pois uma tubulação se rompeu em frente a mim (literalmente eu assisti o fato acontecer em tempo real). Não telefonei, mas fui pessoalmente à Cagece porque o volume de água desperdiçado era expressivo para as minhas contas (e o vazamento pode esperar até mais tarde). Registrei o fato e me prometeram para 24 horas depois. Voltei para casa chateado porque não tive prioridade (claro, enfrentei fila – é o normal, até para essa questão) não à minha pessoa, mais que sexagenário, mas ao fato em si, a perda intensa do que a imprensa chama vulgarmente de precioso líquido. Aliás, abro um parêntese aqui para relatar algo surrealista no atendimento na Cagece. Ao informar o endereço do fato, como em frente a minha residência, sou surpreendido com a informação de que tal endereço não existe. Pelo meu CPF, sou informado que, mesmo a despeito de tantas placas na rua, inclusive com CEP, eu não moro na rua tal, de Carvalho, bairro X, mas rua tal, da Silva, bairro Y. E mais, que a casa não é 832, mas 1048. Bom, ficamos nesse impasse, prevalecendo a sapientíssima posição da companhia que não sabe onde moro, enquanto o Correio me entrega correspondência no endereço informado e contestado. Por esta e outras, eu voltei mais preocupado com o desperdício de água. Esperei, em vão umas seis horas e terminei por chamar o pessoal da obra que ainda se fazia em casa, para quebrar o calçamento, fato que, pela ousadia, me levaria a assumir inteiramente a iniciativa, aparentemente descabida. Eles terminaram por descobrir que uma obra recente feita pela Cagece, ou terceirizados, aliás – mal feita, foi a causadora do problema. Eu havia pedido a troca de posição do hidrômetro (estava enterrado na calçada, como antigamente) para um outro local, na parede do muro da casa. Sem melhores condições, autorizei que deixassem o local parcialmente aberto para uma mais fácil identificação a ser procedida pela Cagece, quando nos atendesse, para fazer conforme o figurino da companhia, e não como a “gambiarra” que eu mesmo autorizara. Resolvido parcialmente o problema, me veio o sentimento confortável de que estancara essa “hidrorragia” poupando o aborrecimento de que continuamos lamentando os desperdícios de água em tempos de muita seca por estes sertões. Quatro dias depois disso, a equipe de uma terceirizada pela Cagece me telefone para tentar localizar o meu endereço onde o problema ainda estaria acontecendo. E eu fiquei me perguntando se tudo isso era verdadeiro, pois discutira com a atendente que não abriu mão para me dizer que certamente eu não sabia onde morava. Agora são os prepostos da Cagece, como terceirizados, que me perguntam pelo telefone, por indicação de um ponto de referência. Enfim, acharam, fizeram o reparo definitivo (assim espero) retirando a gambiarra que estava feita. Esse acontecido me leva a refletir sobre algumas coisas, entre organização urbana e os serviços da Cagece. Em primeiro lugar fiquei imaginando: e se a Cagece, “nos finalmentes”, vendesse algo mais importante e valioso que água, que tratamento se daria para os vazamentos, os desperdícios, a falta de água, etc? A burocracia, a ineficiência e a limitação de recursos parece comprometer fortemente os serviços da estatal. Quanto a outra questão, o do endereço, a conta mensal, emitida pelo operador ao pé do medidor, na porta de nossa residência, e posta na caixa do correio, à rua fulano de tal de Carvalho, 832, continua vindo para o mesmo titular, e no impresso se lê rua fulano de tal da Silva, 1048. Argumentei que seria necessário sanar este problema e me falam que tenho de arguir a PMJN para tal correção, mesmo porque na escritura do imóvel está tudo como eu sei – afinal, onde moro. Recentemente eu fiz um minucioso levantamento sobre a nomenclatura de ruas em nossa cidade. Coisa de quem não tem o que fazer. Constatei o óbvio, com os seguintes ingredientes: nomes errados, duplicidade, etc. Dando uma volta pela cidade, também se constata que a maior parte das placas não serve para nada. Ou porque, em vista do processo corrupto no ato licitatório da compra, o material adquirido foi de má qualidade e nada mais se lê ali ou porque na nomenclatura muito se perpetua de confusão e desinformação, entre homenagens, CEP, etc. Aliás, sobre homenagens, ainda estamos necessitando uma melhor atenção de nossa Câmara Municipal para com as que se prestam e se veja prioritariamente o mérito do homenageado. Bom dia!
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 02.01.2017)
BOM DIA! (3), Por Renato Casimiro
Reencontrei há poucos dias na estante o denso volume (810 páginas) da biografia do pernambucano Belarmino Maria Austregésilo Augusto de Athayde, o conhecidíssimo Austregésilo de Athayde, um dos mais importantes jornalistas brasileiros no século XX, escrita por Cícero e Laura Sandroni (Ed. Agir, 1998). Interessa-me nesse instante rever flagrantes da vida desse homem, especialmente na sua juventude, seminarista na Prainha, ao tempo em que privou com o juazeirense Azarias Sobreira Lobo. O livro em questão é excelente no que toca a uma revisão sobre a vida social no começo do século, especialmente da vida dos seminaristas e vai me servir muito para retomar a biografia de Azarias, agora que estamos prestes a celebrar o centenário de sua ordenação sacerdotal. Em verdade, por motivo de saúde, Azarias deixou a Prainha vindo para o Crato e aí foi ordenado em 22.04.1917 por D. Quintino. Portanto, esse ano, deveremos nos lembrar da ocorrência do centenário de ordenação sacerdotal de Azarias Sobreira Lobo, com uma programação que marque e nos relembre a grandeza desse notável juazeirense. Observo que anteriormente, em 24.01.1994 já tínhamos festejado o seu centenário de vida, com uma bela comemoração promovida pelo então Instituto José Marrocos de Pesquisas e Estudos Sociais, IPESC, da URCA. Na ocasião, sob a coordenação de Raimundo Araújo, foi publicado um pequeno livro com depoimentos diversos sobre o nosso homenageado. Participaram desse livro: Raimundo Araújo, Antonio Taumaturgo Salviano, Armando Lopes Rafael, Daniel Walker, José Boaventura, Sílmia Sobreira, Edilberto Sobreira, Napoleão Tavares Neves, Francisco Neri Filho, Renato Casimiro, Walter Barbosa, José Valdivino, João Alves Teixeira, Geraldo Barbosa, Eurides Dantas de Souza, Gilberto Sobreira, Antonio Telles, Luitgarde Barros, Mauro Sampaio e Micol Sobreira Gomes (única irmã do Pe. Azarias, na época já falecida, mas que deixou um memorial extraordinário, com um depoimento minucioso, especialmente no tocante à batalha vivida por ele para superar a debilidade de sua saúde, ainda no seminário). Eu o conheci entre 1970 e 1974, quando faleceu. Tive o enorme privilégio de privar intimamente com ele e Deus me concedeu essa graça, pois logo entendi que era de fato um homem iluminado, generoso, inteligentíssimo, sensível, alguém que viveu sempre franciscanamente, despojado de vaidades e na simplicidade de ser missionário. Com certeza, muitos de nós, aqui no Cariri vai lembra-lo eternamente pelo quanto se dedicou à reabilitação do Padre Cícero, não só pelas obras que escreveu, desde numerosíssimos artigos pela imprensa, até obras alentadas como O Patriarca de Juazeiro, sua maior contribuição, vinda a lume em 1969. Nesse ano de 2017, como parte das minhas atenções para com a memória do Juazeiro, já venho cuidando de sua correspondência particular. Fui distinguido por pessoas de sua família, especialmente as Dras. Ermengarda Sobreira de Santana e Angela Sobreira Gomes, que tendo cedido esse precioso acervo, me ensejam promover o resgate, através de catalogação, digitalização e transcrição paleográfica de centenas de documentos que integram a sua correspondência, ativa e passiva. Iniciei no ano passado esse trabalho sentindo prazerosamente uma grande emoção por reencontrar Azarias Sobreiras em vasta correspondência com sua irmã Micol, mas também com seu primo José Sobreira de Amorim (Amorim Sobreira, como era mais conhecido) notável intelectual cearense, já falecido, ex-professor de Direito Romano na Faculdade de Direito da UFC, além de inúmeros membros do clero cearense, políticos e profissionais liberais, cidadãos comuns, seus grandes amigos. Infelizmente o tempo é curtíssimo para que tudo isso que tenho pela frente se concretize neste seu ano centenário. Mas, assim espero realizá-lo na medida do possível para deixar acessível esse legado extraordinário, de uma das mais completas vocações sacerdotais de nosso clero. A biografia e o testemunho de vida de Azarias Sobreira Lobo nos indicam para este sentimento. Os que o conheceram também firmaram seus depoimentos com a mesma generosidade com que o conheceram. Era um santo homem, pessoa de profundas convicções religiosas, uma criatura de fé inabalável. Mesmo reconhecendo por quase toda a sua vida que sua saúde era de grande fragilidade, não se abateu e resistiu bravamente para cumprir a missão que lhe cabia no ministério. Para mim, pelo menos, foi mais um santo que subiu aos céus e a quem recorro frequentemente nas minhas desesperanças. Bom dia!
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 03.01.2017)
BOM DIA! (4), Por Renato Casimiro
Vou dedicar as próximas duas postagens diárias à questão do lixo, e como vejo essa problemática em nossa cidade, usando uma série de textos que escrevi tempos atrás. De maneira muito sintética, entende-se por lixo os resíduos produzidos por atividades humanas que não tenham utilidade. Pode ser uma visão muito simplista para um problema complexo, uma vez que, na prática, do lixo hoje em dia muitas atividades estão gerando emprego e renda, exatamente pelo caráter da reciclagem de diversos materiais que se acumulam e se descartam como inservíveis pela população em geral. Assim, o primeiro indivíduo que habitou a terra seguramente gerou o primeiro resíduo, feito lixo, a partir de sua alimentação, atividades fisiológicas e a luta pela sobrevivência, o que não lhe servia, e que deve ter sido depositado em algum lugar, ao acaso. Estamos falando de algo que é inerente à nossa existência, fato que já deveria ter sido resolvido há milênios, mas que nos dias de hoje se configura como um problema ambiental da maior gravidade. Historicamente, o primeiro grande impacto nos aparece com o advento da Revolução Industrial que introduziu a diversidade na geração de resíduos sólidos à cena que antes só comportava, praticamente, os resíduos orgânicos de alimentos e excrementos. Esse foi o fato gerador que aos poucos foi incrementando complexidade a partir da acumulação de materiais diversos, como restos de alimentos, resíduos agrícolas, papel, madeira, etc, para atingir hoje coisas mais complexas como plásticos, metais, vidros, produtos químicos tóxicos, medicamentos, pilhas, baterias, tintas, lixo eletrônico, lixo industrial, lixo hospitalar e até resíduos nucleares. Lamentavelmente, ao abordar este problema, temos que mencionar o nosso grande atraso no seu enfrentamento, pois se reconhece que muito pouco tem sido feito para reduzir seus efeitos sobre as comunidades. A questão do lixo urbano é algo tão grave na sociedade que o princípio de uma ação efetiva para seu equacionamento se inicia com a nossa consciência socioecológica, o que depende fundamentalmente do nosso esclarecimento e da educação das novas gerações. Em primeiro lugar relevamos que o acúmulo e os destinos equivocados do lixo trazem implicações sérias com a disseminação de insetos e outros animais, hospedeiros de agentes etiológicos de doenças, produção de odores extremamente desagradáveis e resíduo líquido que contamina o lençol freático, poluindo nossas reservas de água potável, além da contaminação de pessoas que estão em contato com estes resíduos em degradação, para sermos bem sumários. Estas coisas, todas, aparentemente, são do nosso pleno conhecimento, mas estranhamente não são capazes de produzir um efeito importante na nossa própria conduta como gerador deste lixo. Em um grande centro como este nosso, minimizar estes impactos requer uma drástica intervenção do poder público no tocante ao disciplinamento de toda a cadeia que pode resolver o problema do destino final dos resíduos. Nesta esfera, União, Estados e Municípios, geram aparatos legislativos com normas que estabelecem procedimentos para implementar soluções básicas na contenção com respeito a coleta, reciclagem e destino final dos resíduos. Depois de muitos anos de estudos e debates há hoje uma legislação que aos poucos vai sendo aprimorada, com vistas a solução dos complexos problemas da geração e destino de resíduos sólidos. Falamos da Lei nº 12.305, de 02.08.2010 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Em, seus termos estão preconizados “princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.” Do corpo dessa legislação emerge o mais recente conceito sobre lixo, tecnicamente denominado de “resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.” Segundo o Ministério do Meio Ambiente, este instrumento visa também colocar “o Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos no que concerne ao marco legal e inova com a inclusão de catadoras e catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, tanto na Logística Reversa quanto na Coleta Seletiva. O Ministério também preconizou uma meta relativamente ambiciosa para alcançar o índice de reciclagem de resíduos de 20% em 2015. Ao lado deste fato, onde ficam explícitos direitos e deveres do cidadão comum, mas também de toda a sociedade, por todos os seus segmentos produtivos e geradores de resíduos, há um longo trabalho a ser concretizado a partir da escola, na vivência doméstica e comunitária, no sentido de formar uma consciência coletiva por práticas adequadas que mitiguem estes impactos do lançamento inadequado de resíduos no meio ambiente. Precisamos fortificar estes esforços para formar estas novas gerações com uma visão moderna sobre a geração de resíduos e o correto manejo no seu descarte. E isto é um trabalho longo, porque terá pela frente a mudança de comportamento, culturalmente sedimentado em séculos nos quais isto foi pouco questionado. No próximo texto vamos nos deter um pouco sobre o que deve ser o esforço da sociedade para aprimorar a sua educação ambiental de modo a formar a sua própria consciência ecológica. Bom dia!
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 04.01.2017)
BOM DIA! (5), Por Renato Casimiro
Continuando para finalizar essas rápidas considerações sobre lixo. Vale a pena inserir neste segundo texto sobre o assunto que tratamos, algo que nos discipline com respeito à coleta do lixo. Para trata-lo, será inicialmente necessário revisar quais os nossos procedimentos para minimizar a geração dos resíduos sólidos. Esta é parte insubstituível da responsabilidade social que nos cabe, pois a gravidade da questão se apresenta, significativamente, pelos quantitativos produzidos, inicialmente por conta do pouco que fazemos para gerar lixo. De tudo nós fazemos lixo, às vezes desnecessariamente e, pelas limitações que o sistema de coleta tem, cronicamente, este é o primeiro impacto que se verifica. Vejamos o caso primeiro, o mais antigo tipo de resíduo produzido pela humanidade, resíduos sólidos orgânicos, restos de comidas prontas, cascas, folhas e resíduos de alimentos básicos, durante os preparos e porções deterioradas. Países e comunidades mais desenvolvidos, mas principalmente mais conscientes, procuram reduzir estes volumes a partir de procedimentos domésticos com os quais os resíduos, por exemplo, devidamente liquefeitos e diluídos vão para a rede coletora de esgoto e passam ao sistema de esgotamento sanitário e tratamento de efluentes. Cidades como esta nossa que tem uma rede coletora cobrindo uma parte expressiva desta demanda bem poderiam dispor, estimulando para que esta estratégia muito simples servisse para auxiliar o esforço pela minimização do problema. Na prática, ainda não temos a consciência deste fato, a ligação com a rede de esgoto, pois de fato não somos sensíveis à necessidade de ligar as nossas descargas ao serviço público, optando pelo caminho menos acertado, de enterrar estes resíduos e excrementos para não pagar a devida taxa pelo serviço prestado. Água potável tem o seu custo bem relevado na atualidade pelas dificuldades de se manter mananciais em clima de crise climatérica e os problemas acelerados pela demanda crescente por parte da população. Mas, convenhamos, quando ela nos falta, tais são os transtornos que enfrentamos que por vezes concluímos que ainda é um produto barato. Muita gente não sabe que o tratamento de efluente é bem mais dispendioso, pois envolve processo bem mais demorado, instalações e procedimentos complexos. Muitos se recusam a pagar esta fatura sob o argumento de que aplicar a mesma tarifa do tratamento e serviço de distribuição de água à coleta de esgoto é algo extorsivo, incoerente, inconsistente. No geral, nossa postura mais direta é ensacar o resíduo sólido, nem sempre satisfatoriamente, e despachar para a coleta pública, às vezes incerta em dia e horário, de modo que aquele resíduo entra em putrefação e é objeto de manejo por catadores em busca de restos de alimentos ou de algo mais valioso que possa gerar renda. Enfim, um aspecto horroroso da miséria que existe nos centros urbanos. Junte-se a isto a presença de animais que fuçam estes depósitos, rasgam invólucros e espalham pela via pública aquilo que nem gostaríamos de ver em nossas portas. A segunda questão deste nosso esforço mínimo é o acondicionamento do lixo que produzimos, hoje quase todo acomodado em sacolas plásticas, a maior parte advinda das embalagens dos supermercados, a despeito do grande protesto que isto tem motivado pelo galopante crescimento do acumulado lixo plástico, especialmente em ambientes aquáticos. Outrora, nosso lixo era objeto de uma coleta única, mantido em depósitos feitos de pneus velhos, recipientes de combustíveis, caixas de madeiras, etc. Entra em cena, neste momento a nossa insensibilidade de não prover a respectiva separação do lixo, como produzimos. Ora, em casa, se pode ter uma diversidade de mais de uma dezena de categorias de materiais, como vidros, metais, papeis, plásticos, madeiras, sem falar dos mais raros como lâmpadas, pilhas, baterias, lixo eletrônico, e outras coisas que já mencionamos antes. Na prática, nós não realizamos a nossa coleta seletiva, indispensável para reduzir este flagrante atropelo do acumulo imenso dos servíveis e inservíveis que terminam por complicar a vida das cidades através dos lixões. Outra coisa importante e daí de corrente é que, quando circulamos pelas ruas de Juazeiro do Norte, temos a nítida impressão que o serviço público já é incapaz de recolher tudo que se põe nas ruas. E é que não estou considerando o fato de que esta coleta apressada termina por espalhar lixo pelas ruas, deixando parte do trabalho para a varrição. A despeito da gama variada de resíduos, já seria de bom tamanho a separação entre o orgânico e o restante reciclável. Não custa nada que cada um, cada residência, cada estabelecimento gerador de lixo promova uma “campanha” de esclarecimento dentre os seus, família e empregados, no sentido de sensibiliza-los para uma melhor conduta diante do lixo gerado. Quero crer que as escolas estejam neste momento realizando algum trabalho no sentido de plantar uma nova semente pela questão ambiental. Isoladamente, especialmente pela iniciativa privada na Educação, sabemos de fatos muito concretos. Mas é importante que isto se generalize, pois se não for por mudanças de hábitos, o que nos põe em cheque diante da nossa própria cultura, nada acontecerá e o caos, de vez, se estabelecerá. Mas, felizmente, cresce aos poucos esta iniciativa de cooperativas de catadores de lixo com verdadeiros batalhões de soldados do meio ambiente, apanhando de toda a sorte, estes materiais que vão sendo colocados, até aleatoriamente, em nossas portas. Exatamente porque eles agora são parte daquilo que queremos que cresça muito: emprego e renda. E de quebra, o meio ambiente agradece penhoradamente. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 05.01.2017)
BOM DIA! (6), Por Renato Casimiro
Inicio uma nova série com o propósito de aqui estabelecer comentários e reflexões sobre a nossa problemática urbana, como exercício periódico para analisar e sugerir, modestamente, soluções que contemplem e contribuam para uma melhor qualidade de vida em nossa cidade. Não tenho a pretensão de ser um expert, um entendido em tantos assuntos quantos sejam os nossos problemas, mas me ocorre o dever cidadão de expor, comentar e refletir sobre tantos temas que nos afligem, pois sou parte dessas angústias, aqui vivendo e experimentando o que há de ótimo a nos felicitar e também o que há de péssimo a nos martirizar. Começo por tratar da questão do trânsito urbano, de como a cidade se resolve para dispor, ao alcance de todos, o acesso aos equipamentos (comércio, indústria, serviços, educação, saúde, lazer, etc), especialmente aos serviços essências e tudo mais que nos importa nos nossos deslocamentos. Data de 1909 o primeiro planejamento, ainda muito rudimentar, sobre o crescimento da cidade, quando uns poucos amigos e fieis colaboradores do Padre Cícero, preparando o instante da nossa emancipação política, sacramentada em 1911, se dispuseram a fazer levantamentos, anotações e projeções. É um pequeno exercício mental imaginar o que era aquela vila de umas 15 mil pessoas (5% do que somos hoje), oriunda de uma velha e ancestral fazenda, um lugarejo de pouquíssimas ruas, duas ou três praças, uma área urbana que não chegava a 0,1% do que dois anos depois seria município, com pouco mais de duas centenas de quilômetros quadrados. Hoje, dizem os números da estatística oficial, já ocupamos mais de 95% desse território. Os primeiros sinais de que o trânsito de veículos começava a representar um sinal evidente na problemática urbana nos aparece em meados dos anos 20 quando cidadãos abastados começaram a importar os primeiros “fordinhos”. Era um luxo experimentar este passeio fogoso, entre as Malvas e a Praça, ou ir até Crato e Barbalha, alargando veredas que haviam sido abertas apenas para os animais. Nessa época, por alguma iluminação, o Patriarca arbitrou, diria – profetizou, que o centro da cidade seria o largo da recém construída estação ferroviária da Rede Viação Cearense, cujos trilhos acabavam de chegar, estirados desde Missão Velha. Nos próximos cinquenta anos, desde este fato, não existiu nenhuma preocupação maior para a necessária atualização daquele incipiente planejamento estruturado em 1909 e os grandes marcos que foram plantados na década de 60 pelo desenvolvimento da cidade. Esta referência é necessária, pois aí já estávamos agregando a este desenvolvimento alguns elementos importantes como a expansão e maior diversificação do comércio, a industrialização, aeroporto, eletrificação, comunicações (rádios, jornais, inclusive tv) rede escolar, e uma certa modernidade nos serviços públicos, ainda por um tímido modo de gestão pública. O plano da expansão urbanística, não bastassem os inúmeros exemplos históricos de soluções alentadoras, de cidades do porte médio no país, foi ficando para trás porque fomos perdendo quase todos os prazos que poderiam resgatar confortavelmente e a menor custo a atualidade necessária para um plano diretor que norteasse os novos rumos de nosso desenvolvimento. Nessa fase, no plano geográfico da urbe, lamentavelmente, pouquíssimo temos a contabilizar, pois não construímos largas avenidas que estruturassem as vias de circulação, mantivemos a “bitola” estreita de ruas como se ainda fossem apenas satisfatórias ao trânsito acomodado em dois sentidos, convivendo com certa harmonia poucos carros, carroças, bicicletas e umas algumas motocicletas. Em muitos casos, numa tentativa de salvar alguns traçados, sacrificamos calçadas, algumas de via ampla, reduzindo-as até meio metro de largura. A partir dos anos 70 esta cena urbana foi alvo de profundas modificações, especialmente pela vocação maior do município como centro comercial. Isso nucleou com extremo vigor a liderança que hoje vivenciamos em nossa cidade, pela referência de centenas de municípios que recorrem a nós, diariamente, mercê da diversidade de soluções que aqui se abrigam, entre comércio, indústria e serviços, em ampla satisfação às demandas regionais e em território mais largo, na sua área de influência. A verdade é que à expressão mais simples de um transeunte, motorizado ou não, de um certo caos no trânsito da cidade, hoje em dia, se deve agregar esta constatação mais simples de que ainda carecemos de uma visão mais larga de planejamento urbano para gerar e gerir soluções que mitiguem os impactos ambientais que vivenciamos. A essa questão básica, de como congelamos as melhores soluções para o nosso crescimento, algumas observações podem ser agregadas ao painel que formamos sobre a compreensão destes descaminhos: 1. Protelamos até mais não poder a descentralização, a desconcentração da cidade, contida no dito centro histórico; 2. Praticamos uma visão equivocada de zoneamento da cidade e das terras do município, de tal maneira que em certas e curtas áreas podemos perceber a desordem da convivência conflituosa de moradia, serviços, comércio, indústria, lazer; 3. Raras foram as iniciativas de prover a cidade com largas avenidas e praças, como se o poder público não fosse o maior latifundiário do lugar; 4. O sentimento precoce da explosão e emergência do centro urbano não foi acompanhado por um planejamento de uma ampla perimetral nos limites do município, não obstante o traçado de estradas estaduais e vias vicinais; 5. A ocupação do solo continua sendo um ato permissivo, nocivo em certos aspectos, fruto de um clientelismo insustentável frente aos melhores interesses desta nossa cidadania. Essas questões, e muitas outras que poderemos lembrar, estão postas aqui como se ainda tivéssemos tempo e recursos para implementar soluções que remediem e minimizem este panorama um tanto caótico. Apenas lidaremos com graves intervenções, longas e dolorosas, a custo bem mais expressivos para os parcos recursos. Deixo aqui, nesses termos, um tanto recheados de indignação, o pano de fundo de uma grave questão que voltaremos a falar em próximas edições. Se isto for, de fato, uma contribuição para o nosso melhor posicionamento, estarei feliz de ter auxiliado cada leitor num reencontro necessário com a cidade que queremos, espaço sagrado do nosso exercício de cidadania.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 06.01.2017)
BOM DIA! (7), Por Renato Casimiro
No texto anterior, situamos apenas alguns pressupostos para a análise do que desejamos realizar com respeito ao trânsito nessa cidade, razão de muitas queixas que firmamos no dia a dia, face aos embaraços que isso nos ocasiona. Vejamos a primeira consideração que propus: “1. Protelamos até mais não poder a descentralização, a desconcentração da cidade, contida no dito centro histórico.” A cidade cresceu a partir de uma visão centralizada no que chamo de centro histórico, e ainda hoje há uma forte prevalência desse primeiro zoneamento. Foi uma pena o que experimentamos por muitos anos em gestos concretos, o que adensou a busca por serviços básicos. A própria administração da municipalidade descuidou-se ao acreditar que um equipamento básico construído no início dos anos 60 ainda seria o suficiente para gerir todas as ações da máquina municipal até depois da mudança de século. Vez por outra se ouve falar da necessidade de uma melhor organização reunindo secretarias e órgãos, como mais recentemente se falou da possibilidade de usar o espaço da velha Usina da Anderson Clayton. Algumas pressões foram determinantes do alargamento da zona de comércio, estirando-a ao longo dos corredores das Ruas São Pedro e São Paulo, até o Romeirão. Já não era possível a permanência e a abertura de novas empresas nas proximidades do velho centro, uma vez que o volume de cargas e a necessidade de estacionamento causava transtornos de grande montante. “2. Praticamos uma visão equivocada de zoneamento da cidade e das terras do município, de tal maneira que em certas e curtas áreas podemos perceber a desordem da convivência conflituosa de moradia, serviços, comércio, indústria, lazer.” Esse zoneamento tardou tanto que as áreas de comércio para novos bairros se faz com a nítida expulsão das moradias unifamiliar. Outro fato notório é a demora em se estabelecer com firmeza uma determinação sobre um distrito industrial, municipal, para contemplar pequenas e médias empresas, especialmente as que implicam em grave impacto ambiental. Outro caso digno de nota é a concentração de um certo pólo de serviços de saúde (clínicas, hospitais, etc) nas Ruas São José e Pe. Cícero. Essas menções denunciam, naturalmente, a grande repercussão sobre o trânsito da cidade que não dispõe de áreas expressivas de estacionamento. “3. Raras foram as iniciativas de prover a cidade com largas avenidas e praças, como se o poder público não fosse o maior latifundiário do lugar.” Aliás, a este respeito, verifica-se que em algumas destas oportunidades, o poder público negligenciou bastante até desvirtuando a real destinação de algumas áreas. As praças continuam sendo construídas, quando se fazem, com uma timidez típica nas enormes dificuldades de pequenas municipalidades, e não das reais necessidades de uma cidade do nosso porte. A abertura de avenidas ainda se faz com uma bitola que contempla em estado ainda precário os deslocamentos da grande frota de veículos em transito pelos bairros. É só ver o que temos de impedimentos na Castelo Branco, na Humberto Bezerra, na Dr. Floro, na Plácido Castelo, dentre outras. “4. O sentimento precoce da explosão e emergência do centro urbano não foi acompanhado por um planejamento de uma ampla perimetral nos limites do município, não obstante o traçado de estradas estaduais e vias vicinais.” O Governo do Estado assumiu a responsabilidade de realizar o Anel Viário da cidade. O seu traçado já nasce miúdo para nossas necessidades, nos trechos em obras. Não se sabe como isto será conduzido, para o restante do trajeto, mesmo porque não há algo que nos informe com precisão com o que se contará nos próximos anos. Uma primeira preocupação é que temos claramente uma pauta primeira de atendimento com as ligações aos 4 municípios que nos cercam (Crato, Barbalha, Missão Velha e Caririaçu). Além do mais, o traçado desta Perimetral deve ser estruturante para outras demandas com respeito às ligações necessárias com a malha viária estadual. Certo é que no presente momento por toda a ausência de informação e de algum planejamento que haja, a dita Perimetral não passa de uma nova avenida na cidade que liga o Salgadinho à Av. Paulo Maia. “5. A ocupação do solo continua sendo um ato permissivo, nocivo em certos aspectos, fruto de um clientelismo insustentável frente aos melhores interesses desta nossa cidadania.” Esse é um elemento grave do estado caótico em que se encontra a organização do nosso plano urbanístico, porque não há nenhuma intransigência do poder público disciplinar e em conter esta apropriação indevida. Poderíamos relacionar dentre estes abusos os seguintes casos isolados, mas que tem um forte componente de intervenção, ampliando sua gravidade: a) O aumento da frota do município levou cada proprietário a modificar sua residência com a construção de uma garagem para o veículo. O acesso se faz, necessariamente pela calçada que assim é modificada a critério do proprietário, tão somente, sem licenciamento, implicando também na extensão de uma rampa através do calçamento que na maioria dos casos produz barreiras e anomalias de 1,5 a 2,0 metro na via pública; b) Naturalmente, por direito adquirido, a abertura de garagem limita o espaço urbano para estacionamentos, e por motivos vários, e não só por isto, este é um elemento a ser considerado na verticalização das moradias na cidade; c) As vias urbanas são drasticamente obstaculadas através de diversos mecanismos de ocupação durante obras de construção civil, geralmente não licenciadas, acúmulo de lixo e depósito indevido de resíduos, sucatas, etc, carga e descarga, negócios comerciais não licenciados, a título de ambulantes, ou de extensão de firmas comerciais, além das calçadas já congestionadas pela exposição de estoque, mostruários, etc. Ainda vamos continuar este assunto, trazendo à análise algumas questões relativas à frota e sua diversidade, para elencar algumas sugestões que nos parecem razoáveis postular no sentido de mitigar estes impactos de que temos falado. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 07.01.2017)

O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI

CINE CAFÉ VOLANTE (MISSÃO VELHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Missão Velha (Auditório do Centro Social Urbano, CSU), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 12, quinta feira, às 19 horas, o filme GIRIMUNHO (Girimunho,  Brasil, 2011, 90min). Direção de Clarissa Campolina e Helvécio Martins, Jr. Sinopse: Esta é a história de duas mulheres que observam os redemoinhos no rio, em pleno sertão mineiro. Uma delas perdeu o marido, e sofre em silêncio, tendo apenas as novidades dos netos como consolação. A outra carrega consigo um tambor, e marca o ambiente com seus sons. Em meio a uma festa com ares de culto as pessoas cantam e dançam misturadas às sombras, provocando um visual ao mesmo tempo atraente e impactante. Assim começa Girimunho, um filme de ritmo próprio cuja proposta maior é fazer com que o espectador mergulhe fundo em seu ambiente. Mas, para tanto, é preciso aceitar sua morosidade e compreender que ela faz parte da própria história.A trama é centrada em Bastú, "interpretada" pela simpática e espirituosa Maria Sebastiana. Entre aspas porque na verdade personagem e intérprete são um só, não na história contada mas em suas características. Bastú tem personalidade e, teimosa, enfrenta a possível presença do fantasma de seu marido na casa em que vive ao mesmo tempo em que convive com a neta. Tudo em uma cidade interiorana, onde o único indício de tecnologia é a presença de um celular já na metade final da história, com tempo mais do que suficiente...
CINE CAFÉ VOLANTE (NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 13, sexta feira, às 19 horas, o filme JANELA DA ALMA (Janela da Alma, Brasil, 2001, 73min). Direção de João Jarim e Walter Carvalho. Sinopse: Dezenove pessoas com diferentes graus de deficiência visual, da miopia discreta à cegueira total, falam como se vêem, como vêem os outros e como percebem o mundo. O escritor e prêmio Nobel José Saramago, o músico Hermeto Paschoal, o cineasta Wim Wenders, o fotógrafo cego franco-esloveno Evgen Bavcar, o neurologista Oliver Sacks, a atriz Marieta Severo, o vereador cego Arnaldo Godoy, entre outros, fazem revelações pessoais e inesperadas sobre vários aspectos relativos à visão: o funcionamento fisiológico do olho, o uso de óculos e suas implicações sobre a personalidade, o significado de ver ou não ver em um mundo saturado de imagens e também a importância das emoções como elemento transformador da realidade  se é que ela é a mesma para todos.   


NOVAS HOMENAGENS EM LOGRADOUROS
A cidade continua a crescer a ponto de ir ocupando todo o território do município. São novas ruas que são abertas e a Câmara Municipal toma a iniciativa de fazer homenagens na nomenclatura desses logradouros. Vejamos os últimos atos.
LEI Nº 4706, de 09.12.2016: Art. 1º - Fica denominada de RUA PEDRO JOSÉ GERALDO, a artéria pública que tem início na Rua Maria Senhorinha da Silva e término nas terras de Velasc Sabiá, no bairro Betolândia, nesta cidade de Juazeiro do Norte. Autoria: Rubens Darlan de Morais Lobo. Coautoria: José Nivaldo Cabral de Moura.
LEI Nº 4707, de 09.12.2016: Art. 1º - Fica denominada de RUA MARIA SENHORIA DA SILVA, a artéria pública que tem início na Rua Manoel Piraca de Souza, com término no Conjunto Residencial São Sebastião, no bairro Betolândia, nesta cidade de Juazeiro do Norte. Autoria: Rubens Darlan de Morais Lobo. Coautoria: José Nivaldo Cabral de Moura.
LEI Nº 4708, de 12.12.2016: Altera as Leis Municipais nºs 4651, de 06.09.2016 e 4685, de 31.10.2016, que dispõe sobre as ruas Taciano Mendes Barbosa e Manoel Valdir Nogueira e adota outras providências. Art. 1º – O art. 1º da Lei Municipal nº 4651, de 06 de setembro de 2016, que dispõe sobre a denominação da RUA TARCIANO MENDES BARBOSA, passará a vigorar com a seguinte redação: “ART. 1º – A RUA TARCIANO MENDES BARBOSA, terá início na Rua Dão Almeida, sentido Sul/Norte até a Rua João Freire de Araújo, no bairro Lagoa Seca, nesta cidade”. Art. 2º – O art. 1º da Lei Municipal nº 4685, de 31 de outubro de 2016, que dispõe sobre a denominação da RUA MANOEL VALDIR NOGUEIRA, passará a vigorar com a seguinte redação: “ART. 1º – A RUA MANOEL VALDIR NOGUEIRA, terá início na Rua Dão Almeida, sentido Sul/Norte até ao mudo da área construída, confrontando-se ao norte, com a Rua João Freire de Araújo, no bairro Lagoa Seca, nesta cidade”. Autoria: Vereador Danty Bezerra Silva.
LEI Nº 4709, de 12.12.2016: Art. 1º – Ficam por esta Lei denominadas de RUAS, as artérias públicas localizadas no Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira, abaixo discriminadas: I - RUA OURIVES AMARO RODRIGUES PEREIRA, o prolongamento da artéria pública (de mesmo nome), sentido Leste/ Oeste, com início na Rua Radialista José Vanderley Braz e término na Avenida Joaquim Romão Batista, localizada ao lado norte das Quadras 01, 02 e 03 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; II - RUA DORALICE DE FIGUEIREDO ROCHA, a artéria pública que tem início no Anel Viário José Mauro Castelo Branco Sampaio e término na Rua Ourives Amaro Rodrigues Pereira, com sentido Sul/Norte, localizada entre as Quadras 01 e 06 e 01 e 02 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; III - RUA GEORGE OLIVEIRA SANTOS, a artéria pública que tem início no Anel Viário José Mauro Castelo Branco Sampaio e término na Rua Ourives Amaro Rodrigues Pereira, com sentido Sul/ Norte, localizada entre as Quadras 06 e 05, 02 e 04 e 02 e 03 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; IV - RUA ANTONIA MARQUES TAVARES, a artéria pública que tem início na Rua George Oliveira Santos e término na Rua Radialista José Wanderley Braz, com sentido Oeste/Leste, localizada entre as Quadras 03 e 04 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; V - RUA MARCELO NADIER MARTINS, a artéria pública que tem início na Rua Doralice de Figueiredo Rocha e término na Rua Radialista José Wanderley Braz, com sentido Oeste/Leste, localizada entre as Quadras 02 e 06 e 04 e 05 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; VI - RUA JOSÉ NERY ROCHA, a artéria pública que tem início no Anel Viário José Mauro Castelo Branco Sampaio e término na Avenida Otaciano José de Oliveira, com sentido Sul/Norte, localizada entre as Quadras 12 e 13 e 07 e 08 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; VII - RUA ALDENORA BATISTA SOBREIRA, a artéria pública que tem início no Anel Viário José Mauro Castelo Branco Sampaio e término na Avenida Otaciano José de Oliveira, com sentido Sul/Norte, localizada entre as Quadras 15 e 16 e 10 e 11 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; VIII - RUA JOSÉ WELLINGTON OLIVEIRA DOS SANTOS, a artéria pública que tem início no terreno vago do espólio de Edite Carneiro Neves e término no terreno vago do espólio de Walter Gonçalves Ferreira, com sentido Oeste/Leste, localizada entre as Quadras 07 e 12, 08 e 13, 09 e 14, 10 e 15 e 11 e 16 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; IX - RUA JOSÉ CAMILO DA SILVA, a artéria pública que tem início na Rua Francisco de Sales Pereira Tavares e término no terreno vago do espólio de Walter Gonçalves Ferreira, com sentido Oeste/Leste, localizada entre as Quadras 18, 20, 21 e 22 e 19 e 23 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; X - RUA FRANCISCO DE SALES PEREIRA TAVARES, a artéria pública que tem início no Anel Viário José Mauro Castelo Branco Sampaio e término na Rua Joaquina Gonçalves de Santana, com sentido Sul/Norte, localizada entre as Quadras 17 e 18, 17 e 20 e 24 e 25 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; XI - RUA PAULO HERIALDO GOMES DE FIGUEIREDO, a artéria pública que tem início na Rua José Camilo da Silva e término na Rua Joaquina Gonçalves de Santana, com sentido Sul/Norte, localizada entre as Quadras 20 e 21 e 25 e 26 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; XII - RUA JOAQUIM DOS SANTOS RODRIGUES, a artéria pública que tem início na Rua José Camilo da Silva e término na Rua Joaquina Gonçalves de Santana, com sentido Sul/Norte, localizada entre as Quadras 21 e 22 e 26 e 27 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; XIII - RUA MARIA DONA DE MENEZES BEZERRA, a artéria pública que tem início no Anel Viário José Mauro Castelo Branco Sampaio e término na Rua Joaquina Gonçalves de Santana, com sentido Sul/Norte, localizada entre as Quadras 18 e 19, 22 e 23 e 27 e 28 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; XIV - RUA CARLOS FERNANDES DE MORAIS, a artéria pública que tem início no terreno vago do espólio de Edite Carneiro Neves e término no terreno vago do espólio de Walter Gonçalves Ferreira, com sentido Oeste/Leste, localizada entre as Quadras 17 e 24, 20 e 25, 21 e 26, 22 e 27 e 23 e 28 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira; XV - RUA JOAQUINA GONÇALVES DE SANTANA, a artéria pública que tem início no terreno vago do espólio de Edite Carneiro Neves e término no terreno vago do espólio de Walter Gonçalves Ferreira, com sentido Oeste/Leste, localizada ao lado Sul das Quadras 24, 25, 26, 27 e 28 do Desmembramento Residencial Professor Zé Nery Rocha, no Bairro Romeiro Aureliano Pereira. Autoria: Vereador José Adauto Araújo Ramos.

(Na foto, alguns dos homenageados: Doralice de Figueiredo Rocha, José Neri Rocha, José Camilo da Silva e Paulo Herialdo Gomes de Figueiredo, Joaquina Gonçalves de Santana (Quininha), Joaquim dos Santos Rodrigues (Seu Lunga), José Wellington Oliveira dos Santos e Maria Dona de Menezes Bezerra).