sexta-feira, 29 de setembro de 2017


BOM DIA! (I)
A INDUSTRIALIZAÇÃO DO CARIRI (III)
Por Renato Casimiro

Tenho referido nesses textos muita coisa referente à Universidade do Ceará (UC). Convém breve explicação sobre essa nomenclatura. Interessante é observar que o primeiro posicionamento favorável à criação da UC vem de um médico juazeirense, residente no Rio de janeiro e deputado federal. Antonio Martins Filho afirma em suas memórias que, no ano de 1944, o Dr. Antônio Xavier de Oliveira encaminhou ao Ministério da Educação e Saúde (na época era assim), um relatório sobre a federalização da Faculdade de Direito do Ceará. Naquele documento foi mencionada a ideia da criação de uma universidade com sede em Fortaleza, sendo esta a primeira vez que o importante assunto foi ventilado em documento oficial. A UC nasceu em 1954 da federalização da Faculdades de Direito, Medicina, Agronomia e Engenharia. A Reforma Universitária de 1968 (Lei nº 5.540/1968), além de consolidar o novo nome, Universidade Federal do Ceará (UFC) pode ser referida, também, por substanciais alterações como: a abolição da cátedra vitalícia; a implantação do sistema de institutos em substituição a faculdades; a instituição do departamento como unidade mínima de ensino e pesquisa; a organização do currículo em etapas básica e de formação profissional; a flexibilidade do currículo e sistema de créditos; e a criação de colegiados horizontais nas faculdades institutos e departamentos. Antes disso, em meados de 1966, durante o I Encontro de Investidores do Nordeste, em Fortaleza, o reitor da Universidade do Ceará, prof. Antonio Martins Filho, fez uma ampla exposição acerca de como estava o Projeto Morris Asimow no Ceará, até aquela data. Historiou minuciosamente todas as etapas que contaram com o apoio incondicional da Universidade do Ceará, tanto para institucionalizar quanto para dinamizar suas ações, dentro do propósito filosófico da UC, que se constituía, aliás, ainda se constitui, em “...evoluir do e para o Universal pelo Regional”. Sobre as empresas industriais incluídas no Projeto Morris Asimow, Martins Filho relaciona os diversos status em que se encontram naquela oportunidade: 1. Projeto implantado, com assistência técnica, para as firmas: Cerâmica do Cariri S.A. – CECASA, em Barbalha, (já produzindo tijolos, telhas, manilhas e outros materiais cerâmicos vermelhos, adotando moderna tecnologia); Indústria Eletromáquinas S.A., em Juazeiro do Norte, (já produzindo rádios transistorizados, enquanto se prepara para a produção de pequenos motores); 2. Projeto econômico e assistência técnica para a LUNA S.A. Indústria de Calçados, em Juazeiro do Norte, (já produzindo sapatos e vendendo em todo o Nordeste); 3. Projeto de assistência técnica para a Indústria e Moagens do Cariri S.A. – IMOCASA, em Crato, (a ser inaugurada dentro de um mês); 4. Estudo de exequibilidade e anteprojeto para as seguintes empresas: Indústria Barbalhense de Cimento Portland S.A. – IBACIP, em Barbalha, (que produzirá cimento Portland comum); Indústria de Alimentos Enlatados S.A. – INAESA, em Juazeiro do Norte, para a industrialização de frutos da região; POLITEX – Indústria e Comércio S.A., em Juazeiro do Norte, para a fabricação de madeiras prensadas; Sociedade Agropecuária Ltda. – SAPEL, localizada em Capistrano-CE, já em funcionamento, para desenvolver a suinocultura, com abatedouro e duas outras unidades em Mangabeira (Lavras) e Sobral; Companhia Sobralense de Material de Construção – COSMAC, em instalação em Sobral-CE; Laticínios Sobralenses S.A. – LASSA, com projeto já concluído e assistência jurídica; e também uma indústria de beneficiamento de castanha de caju, em Sobral-CE. (que seria no futuro a Indústria Sobralense de Castanha de Caju S.A. – INCASSA). Ao lado desse folha imensa de realizações, a Universidade também contabilizava, não só o seu melhor equipamento com a criação de novos organismos, como o CETREDE (Centro de Treinamento em Desenvolvimento Econômico Regional (até hoje existente na UFC), com o apoio da Organização dos Estados Americanos – OEA, responsável pela realização de treinamentos, a nível superior, e de pós graduação, com técnicos brasileiros, especialmente vindos do interior, das regiões onde seriam instaladas as empresas, mas também dos EUA. Uma dessas atividades era o curso de Administração de Empresas destinado a mais de cinquenta empresários do Cariri e da zona Norte do Estado. Quase ao mesmo tempo da criação do CETREDE, a Universidade decidiu fundar também, em 1962, o Centro de Aperfeiçoamento de Economistas do Nordeste (CAEN), ligado à Faculdade de Ciências Econômicas que havia sido federalizada e anexa à UC. O CAEN recebeu apoio financeiro da Fundação Ford, da Sudene e da USAID e com isso foi possível apoiar o Projeto Morris Asimow com respeito a formação de pessoal local destinado à gestão das empresas que seriam implantadas. A Universidade também continuou realizando pesquisas de base voltadas para os condicionantes socioeconômicos e geoeconômicos das regiões onde atuava o Projeto Morris Asimow, bem como para a identificação de oportunidades industriais com cana de açúcar, palha de carnaúba, etc. Entre 1964 e 1966, pelo menos, o Projeto Morris Asimow tinha uma ampla repercussão no Estado do Ceará, especialmente, como vimos, nas zonas Sul (Cariri) e Norte (Sobral). Esse desempenho do Projeto era realizado com uma equipe formada por técnicos cearenses e por cinco professores da Universidade da Califórnia, todos com formação de pós-graduação, em nível de PhD, coordenados pelo prof. Asimow. O prof. Asimow, por exemplo, de tão notório, já havia sido homenageado com duas honrarias: Em 27.08.1964 foi agraciado com o título de Cidadão Cearense, pela Assembleia Legislativa do Estado, e em 18.05.1965 a UC lhe outorgara o título de Doutor Honoris Causa. Entre os meados dos anos 60 e o final da década, uma simples passagem de vista nos jornais do Cariri já seria suficiente para identificar a onda de desenvolvimento que a região já vinha experimentando intensamente. Nas páginas do principal periódico semanal de Juazeiro do Norte era comum a estampagem de convocações para assembleias das S.As., a publicação de seus balanços com resultados satisfatórios, a veiculação de publicidade de seus produtos e o noticiário sobre novos investimentos que iam se fazendo, além da presença de novas empresas entre comércio, indústria e serviços. Tudo era novidade, como a chegada de novas aeronaves tipo turbo-hélice, ligando o Cariri aos principais centros do pais, e o que já se falava da Universidade para a região, a chegada definitiva da imagem televisiva e tantas outras boas novas que enchiam de entusiasmo o povo esperançoso do Cariri. Afinal, como dizia o “reclame” na página de Tribuna de Juazeiro, por aquele tempo, ao ligar um rádio TRANSMAK, em sua casa era para se ter a sensação de que “O Mundo é todo seu, em música e em notícia.” 

Na foto: Publicidade das Industrias Eletromáquinas S.A. IESA, estampada no jornal Tribuna de Juazeiro, entre agosto e dezembro de 1967.

BOM DIA! (II)
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (I)
Por Renato Casimiro
Já não é muito difícil encontrar informações sobre a vida e a obra de quem já foi considerado um dos gênios da radiofonia brasileira, Lourival Marques de Melo. Portais de buscas na web irão revelar um número crescente desses dados, ainda sendo a maioria resultado de uma garimpagem muito fina para retirar de textos diversos, especialmente sobre a radiodifusão, onde Lourival trabalhou longamente. Conveniente é localizá-lo inicialmente no Juazeiro onde tudo isso se iniciou. Minhas primeiras fontes foram Doralice Soares, minha mãe, e sua querida amiga, minha amiga também Assunção Gonçalves, que foram colegas em bancos escolares, no Grupo Escolar Pe. Cícero, aí pelo final dos anos 20 até muitos anos adiante, quando Lourival, já residente no Rio de Janeiro, voltava para visitar sua terra. Dessas poucas informações, mas sempre recheadas por depoimentos alegres, festivos, sobre uma mente brilhante, privilegiadíssima, de quem se iniciara aqui na radiofonia, pelo serviço de autofalantes do velho Cine Teatro Roulien, sequenciando-se no Centro Regional de Publicidade. Lourival Marques de Melo nasceu em Juazeiro do Norte, filho de Maria da Conceição de Melo Marques e Sebastião Marques dos Santos. Conheci ambos. Dona Conceição já muito idosa, então residente no endereço da Rua Pe. Cícero, na primeira, uma das poucas casas que havia entre o Círculo Operário e a Igreja-Matriz, todas hoje inexistentes, porque adquiridas pela Basílica foram modificadas para abrigar os diversos serviços da Paróquia. Lourival Marques de Melo nasceu no Joazeiro em 5 de novembro de 1915. Sua formação básica aconteceu como aluno de Amália Xavier de Oliveira, no Grupo Escolar Padre Cícero, quando em 1929 recebeu o certificado do Curso Primário, em solenidade presidida pelo Padre Cícero. Da relação familiar entre nós, bem depois que Lourival já estava residindo no Rio de Janeiro, havia a proximidade com Maria Alice, sua irmã, e mãe do amigo de juventude, Valderi Marques, com quem estivemos na Escola Normal, no final dos anos 50. Então era uma família muito pequena, entre dona Conceição, Maria Alice e seus dois filhos, Vânia e Valderi. Pelo final dos anos 60, residindo em Fortaleza, conheci Sebastião Marques, seu pai, que me foi apresentado por Ananias Eleutério de Figueiredo, de tradicional família juazeirense, então contador das empresas do grupo Jereissati. Ananias dispensava a Sebastião Marques o tratamento de grande jornalista. De fato, “Sebasto”, de quem me falaria Amália Xavier de Oliveira, em diversas ocasiões, tinha tido algumas incursões no jornalismo local, de onde depreendo que foi a fonte primeira de inspiração para Lourival seguir seu curso e vocação de comunicador. Nessa primeira vivência, é para se lembrar pelo menos uma dessas menções obrigatórias para Sebasto, através da editoração do jornal O Dia, periódico lítero-humorístico, noticioso e de propaganda do “Crédito Mútuo Predial”, cuja primeira circulação (Primeiro Número), é de 05.05.1924, dirigido por Sebastião Marques, que tinha sua redação na Rua São Pedro, 11, era de pequeno porte, em 4 páginas, nas dimensões de 22cm x 32cm, e tinha uma periodicidade quinzenal (circulava nos dias 6 e 20 de cada mês). Dele tenho apenas uma imagem fotográfica da primeira página da primeira edição, obtida na Coleção do jornalista Oswaldo Araújo, em Fortaleza, e hoje sob a guarda da hemeroteca da Associação Cearense de Imprensa. Contudo, há uma bela fotografia, provavelmente de 06.11.1921, de uma reunião no sítio das Malvas, da família de Josias da Franca, oportunidade na qual José Santino Xavier de Oliveira lança festivamente o jornal O Pharol (Humorístico-Littero-Noticioso. Colaboradores: diversos (aí incluindo Sebastião Marques e outros, que produziam as matérias), nas dimensões de 28,0cm x 38,0cm, com periodicidade semanal, aos domingos; “Acceitaremos collaboração que não excêda de trez tiras de papel almasso. Os collaboradores podem usar pseudonymos. Não se devolvem originaes, ainda mesmo não publicados. Toda correspondência deverá ser dirigida ao Director d' Pharol - Santino de Oliveira, em seu gabinete á Avenida dr. Floro, no Grêmio Littero José Marrocos. E' nosso representante, no Crato, o distincto moço José Gondim de Mattos, a quem está confiada a segunda página do nosso jornal, intitulada - O Pharol no Crato. Assignaturas: Anno (8$000); Semestre (5$000); avulso ($200). Sebasto era colaborador desse jornal, produzindo matérias. Infelizmente o jornal durou muito pouco, cumprindo apenas 5 edições, entre 06.11.1921 e 11.12.1921. Não se tem maiores informações sobre a vida de Lourival entre 1929 e 1934. Em 1934, com 19 anos, exatamente no dia 20 de julho, Lourival foi um dos habitantes de Joazeiro que sofreram duramente com a notícia e a realidade da morte do Padre Cícero, vivida com o desespero das pessoas na rua. Testemunhando isto, ele legou à posteridade um texto muito importante sobre esse momento, narrando o que observara da janela de sua casa, bem junto à igreja: “Acordei pelo tropel de gente que corria pela rua. Fiquei sem saber a que atribuir aquelas carreiras insólitas. Quando cheguei à janela tive a impressão de que alguma coisa monstruosa sucedia na cidade. Que espetáculo horroroso, esse de milhares de pessoas alucinadas, correndo pelas ruas afora, chorando, gritando, arrepelando-se... Foi então que se soube... O Padre Cícero falecera... Eu, sem ser fanático, senti uma vontade louca de chorar, de sair aos gritos, como toda aquela gente, em direção à casa desse homem, que não teve igual em bondade e nem teve igual em ser caluniado. Um caudal de mais de 40 mil pessoas atropelava-se, esmagava-se na ânsia de chegar à casa do reverendo. O telégrafo transbordava de pessoas com telegramas para expedição, destinados a todas as cidades do Brasil. Para fazer ideia, é bastante dizer que só em telegramas, calcula-se ter gasto alguns contos de réis. Logo que os telegramas mais próximos chegaram ao destino, uma verdadeira romaria de dezenas de caminhões superlotados, milhares e milhares de pessoas a pé, marcharam para aqui. Joaseiro viveu e está vivendo horas que nem Londres, nem Nova Iorque viverão jamais... O povo, uma onda enorme, invadiu tudo, derrubando quem se interpôs de permeio, quebrando portas, passando por cima de tudo. Pediu-se reforço à polícia, mas o delegado recusou, alegando que o Padre era do povo e continuava a ser do povo. Arranjaram, no entanto, um meio de colocar o cadáver exposto na janela, a uma altura que ninguém pudesse alcançar e, durante todo o dia, várias pessoas encarregaram-se de tocar com galhos de mato, rosários, medalhas e outros objetos religiosos, no corpo, a fim de serem guardados como relíquias. Milhares de pessoas continuavam a chegar de todos os pontos, a pé, a cavalo, de automóvel, caminhão, de todas as formas possíveis. Quatro horas da tarde... Surge no céu o primeiro avião do exército. Depois outro. Lançam-se de ponta para baixo, em voos arriscadíssimos, passando a dois metros do telhado da casa do Padre Velho. Duram muito tempo os voos. É a homenagem sentida que os aviadores prestam ao grande vulto brasileiro que cai... Desceram depois no nosso campo, vindo pessoalmente trazer uma riquíssima coroa, em nome da aviação militar. A cidade é uma colmeia imensa; colmeia de 60 mil almas, aumentada por mais de 20 mil, que chegaram de fora. Nenhuma casa de comércio, de gênero algum, barbearias, cafés, bares, nada abriu. A Prefeitura decretou luto oficial por três dias. O mesmo imitaram as cidades do Crato, Barbalha e outras. Todas as sociedades e sindicatos têm o pavilhão nacional hasteado a meio-pau com uma faixa negra, em funeral. (20 de julho de 1934).” 

BOM DIA! (III)
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (II)
Por Renato Casimiro


Vimos que com o grande transe da morte do patriarca de Juazeiro, Lourival Marques de Melo deixou por escrito uma página que já prenunciava o brilho de sua competência para a comunicação, para as letras e para o jornalismo. Isso não ficou sem uma percepção local, apesar de ter sido publicado em local ignorado, talvez um dos jornais da época, e chegado a nós por inserção em livro. Tanto que em 24 de agosto de 1934 o Prefeito Municipal de Juazeiro, tenente Porfírio de Lima Filho nomeia Lourival Marques de Melo, secretário interino da prefeitura. Quanto tempo ele permaneceu nessa função, não se sabe. No ano seguinte, em 1935, a cidade de Juazeiro passou a contar com mais um cinema, o Cine Teatro Roulien, cujo nome era uma homenagem a um dos brilhos da cinematografia, Raul Pepe Acolti Gil, conhecido como Raul Roulien, nascido no Rio de Janeiro em 08.10.1905 e falecido em São Paulo em 08.09.2000. Ele foi um foi um ator e diretor de cinema e teatro brasileiros, um dos primeiros a atuar em Hollywood. Citados por Paulo Machado, há três registros nos arquivos do Cartório Machado de Juazeiro do Norte. O primeiro, de 29.07.1935, é um contrato entre os irmãos Antonio e Olímpio Vieira de Almeida (Pimpim Almeida), Manoel Soares Couto e Antonio Gonçalves Pita, e corresponde a fundação do Cine Teatro Roulien. O segundo é outro contrato assinado no dia 7 de maio de 1936, entre as empresas Almeida & Cia. Ltda. e Lourenço Pontes & Cia. Ltda. para a exploração dos Cines Iracema e Roulien. O Iracema teria saído das mãos de Pelúsio e ainda funcionaria mais alguns anos. Quanto ao Roulien, a empresa Almeida & Cia. Ltda., em 22.05.1946, agora integrada por Antonio e Olímpio Vieira de Almeida, Antonio Pita e Edmundo Morais, passou a ser designada de Sociedade Almeida & Cia. Ltda., que inaugurará em 07.09.1947, o maior de todos os cinemas de Juazeiro – o Cine Eldorado, que irá funcionar na Rua Santa Luzia, com cerca de 800 lugares. Quando nasci em 1949, somente havia dois cinemas: o Roulien e o Eldorado. O Cine Teatro Roulien tinha 500 poltronas e seria fechado em 1958. Ainda sobre o nome Roulien, pessoalmente eu tenho a forte impressão que esse batismo foi coisa de Lourival Marques. Tanto que ele mesmo editou um jornal, e nem sabemos ao certo por quanto tempo. Era o Roulien Jornal, folha semanal de interesse cinematográfico, que circulou a partir de 09.05.1936, de pequeno tamanho, 4 páginas, 21cm x 32cm, e de periodicidade semanal, distribuído aos frequentadores do cinema. Num depoimento que me deu recentemente, Luiz Almeida (Recife), filho do fundador, Olímpio Almeida, Lourival foi contratado para ser o “diretor artístico”, digamos o organizador da pauta do cine teatro. E, seguramente, Lourival fez um belo trabalho pois lhe cabia a programação das exibições, a utilização da sala para outros eventos, como montagens teatrais, eventos de conferências, eventos de colação de grau, etc. Essa organização, herança de Lourival, ainda é bem percebida através das páginas do Correio de Juazeiro, jornal que circulava em 1949, quando Lourival já se ausentara da cidade indo residir no Rio de Janeiro. O jornal, semanalmente, por um ano, sua duração, então editado por Geraldo Menezes Barbosa, refere-se minuciosamente sobre essa pauta diária do Roulien, no que acredito, tenha sido viabilizado por Lourival. No ano seguinte, em 30.10.1937, Juazeiro ganhou um dos mais importantes equipamentos de comunicação de sua vida, pois foi fundado e passou a funcionar na Praça Alm. Alexandrino (depois Pe. Cícero), lado da Rua São Francisco, o Centro Regional de Publicidade (CRP), embrião de toda a comunicação radiofônica da região. Seus idealizadores foram Raymundo Gomes de Figueiredo e José Monteiro de Macedo. Mas do empreendimento outros nomes brilhantes figuraram: Dário Maia Coimbra, Antonio Fernandes Coimbra, Vicente Alves dos Santos (Coelho Alves), José Alceli Sobreira, Aderson Braz de Oliveira, Geraldo Menezes Barbosa, José de Sousa Menezes, José Carlos Pimentel e Silva, Leofredo Pereira, e outros. Foi no CRP que efetivamente Lourival Marques começou sua carreira radiofônica nesse ano de 1937, somando com os fundadores, os pioneiros mencionados. No auge de seu prestígio, o CRP contou com uma rede de 18 alto-falantes instalados nas principais esquinas e praças de Juazeiro do Norte, se constituindo, sem dúvida, no primeiro organismo difusor de música, cultura, notícias, comerciais e de utilidade publica da região do Cariri. Num dos seus depoimentos para a história dessa fase da comunicação de Juazeiro do Norte, Dário Maia Coimbra assim se expressou sobre Lourival Marques: '"Criou programas dignos de emissoras de rádio. Homem nascido para o ramo, Lourival lançou os programas "Galo Duro" (perguntas e respostas), por sinal em estilo instrutivo, "Hora do Calouro", "Teatro pelo Microfone" (com a participação da juventude juazeirense), constituindo-se numa verdadeira escola-teatro, "Hora do Guri" e outros. Sua capacidade radiofônica foi logo vista pelos homens da capital, tanto assim que, em pouco tempo, foi chamado para a Ceará Rádio Clube de Fortaleza.” De fato, por seis anos Lourival se dividia entre o CRP, Cine Roulien e talvez a Prefeitura. A descoberta de seu valor pela radiofonia de Fortaleza o levou para a PRE-9. Lourival Marques foi encontrar no seu novo prefixo uma fase de grande emergência, pois a emissora estava em novo e moderno endereço, no centro da capital, com a direção artística de Dermival Costa Lima, egresso da radiofonia do sul do pais. Lourival fortaleceu a convicção local de que já poderiam implantar os primeiros programas de auditório da emissora, no então Edifício Diogo. A convivência de Lourival nessa época foi com grandes valores como Paulo Cabral de Araújo, Mozart Marinho, Eduardo Campos, João Ramos, Edson Martins e Antonio Maria de Araújo Moraes, que substituiria Dermival. Durante a permanência de Lourival na Ceará Radio Clube a emissora foi negociada com Assis Chateaubriand passando ao controle dos Diários Associados, em 11.01.1944. Antônio Maria juntamente com Lourival implantaram um alto padrão de qualidade na rádio, realizando um concurso de peças de radio teatro, com o tema "Os grandes processos da História", tendo como vencedor o texto Processo de Maria Antonieta, do jornalista Eduardo Campos. Aliás, Lourival e Antonio Maria já se conheciam, provavelmente ainda da Rádio Araripe do Crato, onde Maria trabalhou curto tempo. Eles voltariam a se encontrar em 1948 no Rio de Janeiro. Lourival na Mayrink Veiga e Maria na Radio Tupi. Maria ainda não era o grande compositor como se consagrou na música popular, mas era um extraordinário brasileiro, nascido em Pernambuco. Somente em 1952 viria o seu grande sucesso como compositor quando Nora Ney lançou o samba-canção Ninguém me ama, e o samba-acalanto Menino grande, que Antônio Maria produzira em parceria com Fernando Lobo. E tudo isso Lourival assistiria de camarote. Outro valor que veio a se reunir a Antonio Maria e Lourival Marques foi Aderson Braz que havia ficado substituindo Lourival no CRP. Na Ceará Radio Clube, Aderson Braz, face a sua experiência de locutor noticiarista no CRP, criou o famoso “Matutino PRE9” que ficou no ar religiosamente de segunda a sábado, por quase trinta anos. Em Fortaleza sua permanência não foi longa, talvez menos de dois anos, pois ele mesmo se determinou a vencer novos e maiores desafios, preferindo se transferir para o Rio de Janeiro em 1945. Tristemente, do que se tem escrito sobre a radiofonia do Ceará, pouco se menciona de Lourival Marques. Efetivamente, o reconhecimento ao seu grande valor estava ditado nas entrelinhas de que “ninguém é profeta em sua terra.” 
BOM DIA! (IV)
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (III)
Por Renato Casimiro
Lourival Marques chegou ao Rio de Janeiro em 1945. Egresso de uma emissora dos Diários Associados (Ceará Rádio Clube), esse foi o seu primeiro emprego que segundo notícias da própria imprensa não seria duradouro, pois logo lhe fizeram melhor proposta e ele mudou de prefixo, indo para a Rádio Globo, onde chegou a ocupar o cargo de Diretor Artístico. Mas em 1948 ele é contratado pela Rádio Mayrink Veiga. O estilo de Lourival era a do redator, do produtor, o criador de programas e escritor de novelas. Da Radio Mayrink Veiga, Lourival Marques passou para a Rádio Nacional. Numa breve e simplória entrevista concedida à Revista do Rádio, em 1949, Lourival se identifica por seu nome completo: Lourival Marques de Melo, nascido em Juazeiro do Padre Cícero, no Estado do Ceará, aos 05.11.1915. Relata brevemente que sua primeira produção radiofônica, já no Rio de Janeiro, foi Recordações em Desfile, que escreveu em 1945, dizendo também que já tinha escrito mais de vinte propostas de programas, dos quais o maior sucesso foi No Mundo da Carochinha, e a que teve menos sucesso foram várias, não sabia precisar. De tudo que fez, ele prefere A Enciclopédia pelo Som, que ainda está para ser concluída. Das pequenas curiosidades que procuram saber a seu respeito, diz que não tem hábito de fumar, preferia escrever sozinho, à maquina, não tendo secretária, sempre trabalhando bem durante o dia. Ao ser indagado se assistia os programas que produzia, afirma um prosaico: “Deus me livre”. Confessou que escrevia em todos os gêneros, como novela, musicais, variedades, etc. Não se considerava bem pago e continuava esperando que isso acontecesse. Citou José Mauro como um grande produtor. Afirmou que estava escrevendo a sua quarta novela e que escrevia diariamente para o Rádio, exclusivamente por dinheiro. Em 1953, a Rio Gráfica e Editora, dirigida por Roberto Marinho, Henrique Pongeti e Moisés Weltman começou a publicar a revista Radiolândia, em cujo primeiro número já constava Lourival Marques como colaborador. A revista era dirigida aos “radio-fans”. Nesse número se dá conta da intensa atividade de Lourival com a produção de programas como Radio Almanaque Kolynos, alternando-se com Haroldo Barbosa. Mas não era só. Lourival estava brilhando já na Rádio Nacional com o Seu Criado, Obrigado, recordista de correspondência em toda a emissora, além dos demais programas, Canção da Lembrança, De Conversa em Conversa, e vários outros. Polivalente em tudo que fazia pela comunicação, também nesse número se encontra a sua grande contribuição para o conhecimento dos melhores valores da radiofonia. A sua coluna na revista era Dicionário da Gente de Radio, com a qual, em substanciosa página ele ia biografando radio atores (como Telmo Avelar, Ribeiro Fortes e Manuel Brandão), radio atrizes (como Lúcia Delor), músicos (como Edu da Gaita), cantores (como Heleninha Costa), etc. A Radiolândia, inclusive, abria espaço para que Lourival transcrevesse textos do Seu Criado, Obrigado, uma seleção das mais interessantes perguntas dirigidas ao programa, na época conduzido por César Ladeira e Nilza Magrassi. Mas o trabalho de Lourival ia além, chegava a São Paulo, pois a Nacional Paulista que apresentava Seu Criado, Obrigado, nas vozes de Walter Forster e Iara Lins, passou também a apresentar seu programa De Conversa em Conversa. Nos bastidores era o que se comentava: Lourival era o homem que trabalhava como poucos. Nessa fase do início dos anos 50, Lourival Marques realizava muitos programas. Na memória da Radio Nacional, por exemplo, são citados: Bahia dos Meus Amores, A Música e o Dia, Gente que faz a Gente Cantar, Rádio Revista, Dicionário de Extremos, Brasil, Pais dos Mil Ritmos, Em Cima do Fato, etc. Mas dois deles se destacavam: A Canção da Lembrança, com o qual ele focalizava as músicas dos filmes famosos. Durante a apresentação eram comentados os filmes a que pertenciam cada música, dando alguma informação sobre os artistas. O programa era transmitido pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro às terças feiras, no horário de 21:35h, no período de 24.02.1953 a 09.02.1954. O outro era uma série denominada Depoimentos. Esta série incluía o que se constituiu na melhor documentação jamais reunida para servir de subsídios a quem desejar contar a verdadeira história da Rádio Nacional, em particular e a do rádio em geral. Todos os depoimentos constantes desta série foram obtidos por Lourival Marques para serem utilizados nos programas que ele escreveu por ocasião das comemorações do quadragésimo aniversário da emissora. Na época foram ouvidos: José Mauro, Haroldo Barbosa, Paulo Tapajós, Radamés Gnattali, Alberto Lazzoli, Maestro Chiquinho, Luciano Perrone, Amaral Gurgel, Giuseppe Ghiaroni, Floriano Faissal, Saint Clair Lopes, Edmo do Valle, Silvino Neto, Brandão Filho, César de Alencar, Manoel Barcelos, Antônio Cordeiro, Ruy Rey, Jorge Veiga e Jorge Fernandes. A todos, Lourival pedia inicialmente que eles falassem de si mesmos, antes de chegar a Rádio Nacional e só na parte final cada um falava de sua participação na emissora. Há casos sensacionais e passagens da maior dramaticidade e também da maior hilaridade com os humoristas entrevistados. No início de 1954 Lourival passou a escrever o programa Esso Agrícola, com variedade sobre a vida rural. Nesse ano, sintonizado com os interesses da radiofonia e principalmente dos fãs, Lourival passou a produzir um programa para os novos valores da canção, denominado “Em Primeira Audição”. Lourival continuava como um dos grandes campeões de correspondências, pois em 1953, sua média mensal era de quase 19 mil cartas recebidas. Lourival era um profissional generoso. Percebe-se isso nas edições do seu Dicionário da Gente do Rádio, quando biografa seus colegas, inclusive os cearenses com os quais ele privou intimamente. Vejamos o que ele diz sobre Coelho Alves, seu colega de CRP, na Radiolândia (edição 9, 1954): Alves, Coelho – Locutor e redator de rádio nascido em Crato, Estado do Ceará, a 11 de dezembro de 1924. Estreou no microfone em 1943 a convite de um amigo, como locutor-auxiliar no S.A.F. (Serviço de Anúncios Falados), amplificadora da cidade de Missão Velha, no interior cearense. Em 1944 transferiu-se para o Centro Regional de Anúncios Falados de Juazeiro do Norte. Em 1947 fez um teste na Ceará Radio Clube a convite de Paulo Cabral, sendo aprovado, mas não contratado, por questões financeiras. Em 1948 foi convidado pela Rádio Iracema de Fortaleza indo para a capital cearense fazer um estágio. Em 1951, inaugurada a Rádio Iracema de Juazeiro, nela ingressou como locutor-chefe e mais tarde como diretor artístico. Além de locutor é radio ator, desempenhando papéis dramáticos em novelas e peças de radio teatro. (Bem, pequena consideração ao que Lourival afirma. Serviço de Anúncios Falados era algo como o CRP, que ele havia fundado, tanto aqui como em Missão Velha.)

BOM DIA!
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (IV)
Por Renato Casimiro
A Associação Brasileira do Rádio através da sua filiada Revista do Rádio, do Rio de Janeiro, promovia no início de cada ano um concurso para a escolha dos melhores do ano anterior. Em 1955, para a proclamação dos melhores de 1954, o certame envolveu cerca de 65 jornalistas num pleito sensacional e com uma disputa entre os melhores de várias categorias como nunca visto antes. O veredito foi dado por jornalistas muito conceituados, tais como Brício de Abreu, Nestor de Holanda, Jurandir Chamusca, Ari Gil, Manoel Sardinha, Manoel Barcelos, João Melo, Alziro Zarur e David Nasser, dentre outros. O resultado final para as diversas categorias foi o seguinte: Cantor: Nelson Gonçalves; Cantora: Angela Maria; Locutor: Heron Domingues; Locutora: Lúcia Helena; Radioator: Floriano Faissal; Radioatriz: Olga Nobre; Cômico: Antonio Carlos; Novelista: Moisés Weltman; Animador: César de Alencar; Locutor esportivo: Luis Mendes; Rádio repórter: Rubens Amaral; Compositor: Herivelto Martins e Produtor: LOURIVAL MARQUES. Mas ao lado dessa indicação e consagração pela crítica especializada, de dentro do setor, entre profissionais experimentados, a Revista do Rádio também fazia uma enquete pública e recebia muitos milhares de correspondências com os votos dos leitores, tanto do Rio de Janeiro, como de cidades do interior e até mesmo do exterior. Nesse ano, chegaram exatos 742.714 votos em cartas do Rio de Janeiro (338.798), do interior (402.773) e do estrangeiro (2.143). O resultado não é exatamente o mesmo do concurso anterior, pois não são as mesmas categorias da crítica profissional. Foi o seguintes: Cantor: Francisco Carlos; Cantora: Emilinha Borba; Locutor: César de Alencar; Radioator: Celso Guimarães; Radioatriz: Isis de Oliveira; Programa com Concurso: Gente que Brilha; Programa sem Concurso: Seu Criado, Obrigado, (escrito por Lourival Marques). No escrutínio para Produtor, todos os votados pela ordem foram: Paulo Roberto, Nestor de Holanda, Renato Murce, Fernando Lobo, LOURIVAL MARQUES, Oranice Franco, Amaral Gurgel, Ghiaroni, Hélio de Soveral e Carlos Gutemberg. As categorias: Cômico / Locutora / Novelista / Animador / Locutor esportivo / Rádio repórter e Compositor: não eram votados. Lourival Marques ficou em quinto lugar como produtor, mas o seu programa, Seu Criado Obrigado, foi o escolhido. Isso confirmava o favoritismo manifestado ao longo de todo o ano de 1954, quando o programa recebeu mais de 172 mil cartas de ouvintes. Após ter sido proclamado vencedor do concurso anual para a escolha dos melhore do rádio brasileiro, na categoria de Produtor, Lourival Marques de Melo foi procurado pelo repórter da Revista do Rádio e deu a seguinte entrevista:

De onde vem os discos voadores, na sua opinião? R: Acredito que sejam de outro planeta. Existem bilhões de mundos, não é verdade? Por que somente nós pensaríamos em viagens interplanetárias?

O que acha da poesia moderna? R: Não gosto.

Acredita na Evolução política do Brasil? R: Acredito, apesar de não acreditar nos homens.

Qual a maior personalidade atual de todo o mundo? R: Helen Keller.

Os Institutos de Previdência estão cumprindo suas finalidades? R: Jamais cumpriram.

Quais os escritores que mais aprecia? R: Entre os nacionais, Machado de Assis, Lima Barreto e Raquel de Queiroz. Entre os estrangeiros, prefiro Somerset Maugham.

Algum deles influiu na sua formação intelectual? R: Nenhum. Eu tenho sido, sobretudo, um leitor de almanaques...

Gosta da pintura moderna? R: Um pouco

Qual a sua opinião sobre Portinari? R: Portinari tem quadros magníficos e alguns abomináveis. Ou, se preferem, alguns são incompreensíveis para mim.

E em música, quais as suas preferências? R:Brahms, Chopin, Debussy e Grieg.

Qual a página musical mais triste que conhece? R: “Pavane Pour Une Infante défunte”, de Maurice Ravel.

E a mais alegre? R: O “Hino de Louvor ao Impoluto Doutor Políbio Carvalhedo, Defensor da Lira Pratense de Monte da Prata”.

Qual o melhor livro que já leu em toda sua vida? R: O “Don Quixote de la Mancha”, de Cervantes.

Acredita na eternidade da alma? R: Claro que acredito!

Entre os filósofos, qual o que mais o satisfaz? E: Não sou o que se pode chamar um “spinozista”, mas aprecio Spinoza mais do que outro qualquer.

A Religião é uma necessidade? R: Depende do que se entende por religião. Acredito na necessidade de ser cristão, porém jamais seria um carola.

Qual o maior invento humano? R: O alfabeto.

Quem é o mais inteligente: o homem ou a mulher? R: O homem.

Na sua opinião, qual a melhor maneira de morrer? R: Não sei. Penso apenas na melhor maneira de viver.

Qual é o maior defeito do Rádio brasileiro? R: No dia em que os que dirigem o rádio pensarem um pouco mais no Brasil e um pouco nos seus interesses pessoais, no dia em que houver menos programas pornográficos e mais programas educativos, o radio terá perdido o seu maior defeito.

Qual o político brasileiro que mais admira? R: Para responder, deveria antes sair, como Diógenes, lanterna em punho... Mesmo assim, voto em Juarez.

Assistiremos a uma nova guerra mundial? R: A uma só? A muitas! Basta passar os olhos pela História. Os homens, desde que o mundo é mundo, não fizeram outra coisa senão guerrear.

Acredita que o espiritismo afete o prestígio do catolicismo? E: Não. Não creio.

Qual sua opinião sobre a luta pela sucessão presidencial? R: Cada vez que penso na atual luta pela sucessão presidencial, eu, como qualquer brasileiro que apenas deseja um Brasil decente, sinto náuseas.

O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI

CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE) (I)


Há vários anos o Cine Eldorado, concepção de um novo-velho cinema para Juazeiro, na imaginação e no ato concreto e generoso de Humberto Menezes e Edmilson Martins, vem funcionando às sextas feiras, inicialmente às 20 goras e agora às 19 horas, cumprindo uma programação seleta que contempla a revisão de grandes filmes, semanalmente, com espetáculos dignos do Oscar, ou da cinematografia de astros brasileiros, como atualmente Amacio Mazzaropi, ou Filmes Inesquecíveis, e por aí. Recentemente os organizadores decidiram iniciar uma segunda exibição semanal, nas quintas feiras com uma escolha a ser feita pelos frequentadores, quando adentram à sala de exibição. Agora optaram, de fato, por estabelecer a programação prévia, bem divulgada para as quintas feiras também. Assim, na primeira quinta feira do mes a seleção contemplará Os Grandes Musicais; nas segundas quintas, serão Filmes Clássicos do Cinema Noir; nas terceiras quintas serão Os Grandes Faroestes; nas quartas quintas de cada mes serão produções do Cinema Europeu, e se houver uma quinta quinta feira no mes, serão os filmes de Romances Inesquecíveis. Quero me congratular com Humberto e Edmilson, bem como com os habituais frequentadores do Cine Eldorado pela excelente decisão que tanto nos agrada para continuar vendo grandes espetáculos. 

CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe no dia 5, quinta feira, às 19 horas, dentro da programação das quintas, contemplando OS GRANDES MUSICAIS, o filme VOANDO PARA O RIO (Flying down to Rio, EUA, 1933, 89min). Direção de Thornton Freeland. Sinopse: Roger Bond (Gene Raymond) e sua orquestra se apresentam em Miami; Honey Hale (Ginger Rogers) é a vocalista e Fred Ayres (Fred Astaire) é um dos instrumentistas. Roger vê a bela Belinha (Dolores del Rio) entre o público, encontro que provoca paixão à primeira vista no líder do grupo. Por isso, ele e sua orquestra a perseguem no Rio de Janeiro, onde vivem aventuras musicais. O filme também é estrelado por Raul Roulien, ator brasileiro que foi homenageado em Juazeiro com um dos primeiros cinemas da cidade, Cine Teatro Roulien.
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe no dia 6, sexta feira, às 19 horas, dentro do Festival Oscar (1982), o filme CARRUAGENS DE FOGO (Chariots of fire, EUA/Reino Unido, 1981, 125min). Direção de Hugh Hudson. Sinopse: As Olimpíadas de 1924, em Paris, se aproximam. Eric Liddell (Ian Charleson) e Harold Abrahams (Ben Cross) pretendem disputá-la, mas seguem caminhos bem diferentes. Liddell é um missionário escocês que corre em devoção a Deus. Já Abrahams é filho de um judeu que enriqueceu recentemente e deseja provar sua capacidade para a sociedade de Cambridge. Liddell corre usando seu talento natural, enquanto que Abrahams resolve contratar um treinador. Ambos seguem as eliminatórias sem problemas, até que uma das classificatórias de Liddell é marcada para domingo. Ele se recusa a competir, por ser este um dia santo. Percebendo a situação, um nobre oferece a Liddell sua vaga na disputa dos 400 metros. Ele aceita e vence a corrida, assim como Abrahams. A partir de então, os dois integram a equipe do Reino Unido para as Olimpíadas.

CORDEIS DO ABRAÃO
É sempre bom reencontrar Abraão Batista em algum evento pelo Cariri, especialmente quando sua pessoa está bem acompanhada de suas produções em folhetos de cordel. Foi o que aconteceu recentemente em Barbalha, durante um grande acontecimento cultural para a Região e nela se instalou um ponto de venda de boa parte da produção de Abraão. Há mais de 46 anos eu venho lendo, colecionando e acompanhando essa sua carreira brilhante de cordelista e de xilógrafo. Devo me preocupar proximamente em estabelecer uma nova listagem do seu inventário de literatura de cordel, bem como de sua coleção de xilogravura, entre as ilustrações dos folhetos e álbuns que frequentemente vem lançando. Desejo a Abraão votos de felicidades, agradeço a ele essa enorme e e ativa existência,e especialmente como um dos mais dignos e produtivos dentre todos os artistas juazeirenses em todos os tempos. 
LIVRINHOS
Depois de ter escrito 4 livros de grande repercussão para os estudos e pesquisas sobre o Pe. Cícero, o Pe. Antenor Andrade, ex-diretor do Colégio Salesiano, tem dedicado a produzir pequenos livros para a melhor digestão desse conhecimento que flui acerca do Patriarca de Juazeiro, a partir de extensa documentação trabalhada pelo Pe. Antenor, e no acervo da Congregação Salesiana, sediada em Juazeiro do Norte. Os dois mais recentes, numerados como volumes 5 e 6 (anteriormente já demos publicidade aos quatro primeiros que saíram) estão à venda no Museu da Casa do Pe. Cícero, na Rua São José.
ANIVERSÁRIO DO ICVC
O Instituto Cultural do Vale Caririense completou 43 anos, uma vez que fundado por Joaryvar Macedo em setembro de 1974 juntamente com 10 outros sócios. Hoje o ICVC é constituído por cerca de 50 associados. Na oportunidade foi inaugurada uma nova sede, graças ao patrocínio da Faculdade de Juazeiro do Norte, no novo endereço de alguns setores da FJN, na Rua da Conceição. Ali o ICVC tem a sua sede, em comodato, abrigando sua biblioteca e com direito a espaços generosos para convivência, reuniões e trabalho para a realização dos objetivos culturais do Instituto. 

CARTÕES 3D
Em Juazeiro do Norte tudo se inventa e se vende. Agora é o caso desses cartões, até simpáticos, nomeados de 3D, com as imagens do Padrinho e de nossa Padroeira. Por trás há transcrita uma oração que foi escrita pelo Padre Cícero. “Mãe de Deus, Mãe Soberana, Mãe Poderosa, Nossa Senhora das Dores.De hoje para sempre eu me entrego a vós como filho e servo. Consagro ao vosso serviço o meu corpo, minha alma e tudo que me pertence. Abençoa a minha família, os meus trabalhos e meus haveres. Sede minha protetora na vida e conduzi-me ao céu para viver por toda a eternidade. Amém!” Aliás, a Academia Marial de Aparecida, através da internet fez uma Análise crítica sobre a Consagração composta pelo Padre Cícero Romão Batista a Nossa Senhora. Vale a pena ler em: http://www.a12.com/academia/artigos/analise-critica-sobre-a-consagracao-composta-celo-padre-cicero-romao-batista-a-nossa-senhora
HOMENAGEM PARA SEU LUNGA
Nosso conterrâneo José Leite de Sousa, domiciliado em Ilhéus, Bahia, e ali estabelecido como empresário do ramo hoteleiro, está patrocinando uma campanha para a construção de um monumento que abrigaria o busto de Joaquim Rodrigues dos Santos (Seu Lunga), encimando um pedestal que seria plantado na praça do Memorial. A sua iniciativa tem grande aceitação e espera a simpatia da municipalidade para que isto seja viabilizado. Da nossa parte, total apoio para continuar divulgando e sensibilizando para essa homenagem. É preciso resgatar a memória de muita gente nesta cidade, que como Lunga (Joaquim Rodrigues dos Santos) emprestaram toda a sua vitalidade para o nosso desenvolvimento. É a oportunidade de se falar sobre seus empreendimentos, pois a grande maioria das pessoas só imagina que ele foi uma figura apenas folclórica e isso é muito pouco, pois ele não era uma pessoa má, mas um cidadão cumpridor de suas obrigações cidadãs, exemplo muito apreciado de operoso trabalhador do comércio e da pequena indústria. Enfim, esperamos que esse busto seja uma reverência da cidadania desta comunidade, para honrar a iniciativa meritória do conterrâneo José Leite de Souza. 

ROMARIAS
Tivemos há pouco, com a grande festa da Padroeira, Nossa Senhora das Dores, a abertura do ciclo das grandes romarias que, em breve, no período de outubro-novembro, especialmente no dia de finados, terá sequência, para ser encerrado em 2 de fevereiro de 2018, com a grande romaria de Nossa Senhora das Candeias. Eu tenho uma velha queixa com respeito a essas afluências de peregrinos, pois nem prefeitura, nem lides empresariais, nem igreja, nem ninguém promove nada para tentar quantificar o que representa economicamente essas romarias, uma vez que é iquestionável a sua significância religiosa. Há poucos dias eu sondei algumas pessoas e estas se manifestaram favoravelmente a uma participação recente de cerca de 300 mil. Algumas dessas pessoas estima que a permanência média é de uns 3 dias, e que cada um, por dia deve deixar na cidade cerca de 100,00 reais. Ora, isso significa que repetindo apenas nas 3 maiores afluências, uma vez que há períodos em que o número é maior, como novembro, teríamos um aporte financeiro para a cidade, decorrente de romariasda ordem de uns 300 milhões de reais. Devemos também nos preocupar com o restante do ano onde não falta romeiro. Esse valor, provavelmente já é superior ao orçamento de município, e mais será se quantificarmos melhor. Logo, Juazeiro do Norte pode ter o maior polo calçadista do pais, o maior polo de ensino superior, o maior centro de mercado varejista deste interior nordestino, mas não deverá nunca ignorar a força que as peregrinações continuarão, ad aeternam, influindo sobre a economia do município.
1950?

Na dissertação de mestrado de Maria Yacê Carleial Feijó de Sá (Graduada em Arquitetura pela Universidade Federal da Bahia (1978), graduação em História pela Universidade Regional do Cariri (2003) e mestrado em História pela Universidade Federal do Ceará (2007).), sob o título Os Homens que faziam o Tupinambá Moer, tratando pela vida e atividades do Engenho Tupinambá em Barbalha, encontramos a foto acima, de um ato religioso, uma procissão, acontecido em Barbalha. A indicação é que seria de 1950. Pode ser, mas a chance é muito remota, pois nessa foto está bem vistoso o então pároco de Juazeiro do Norte, Mons. Joviniano da Costa Barreto. Monsenhor Joviniano seria assassinado em Juazeiro, em 06.01.1950. Portanto, se for, e a chance é muito remota, seria entre os dias 1º a 5 de janeiro daquele ano. Mais provável é que seja de 1949 ou menos um pouco.