quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018



NOVO LIVRO DO PE. JOÃO CARLOS
Recebi através de Raimundo Araújo o exemplar do livro do Pe. Giancarlo Perini, Padre Cícero e suas importantes decisões (Juazeiro do Norte: Gráfica Nobre, 2017, 298p, ilus.). Além do que digo abaixo no Prefácio que escrevi para a obra, convém referir e reafirmar o grande valor do trabalho de leitura, pesquisa e reflexões do Pe. João Carlos Perini. Além, do mais, a obra nos aparece ricamente ilustrada, o que contribui muito para uma leitura prazerosa.Mais uma vez o cumprimento pela determinação de continuar estudando e nos iluminando com seus achados e elaborações. Transcrevo a seguir o prefácio que foi inserido no livro. “Dentre os personagens históricos brasileiros, Cícero Romão Baptista (1844-1934) é um dos mais ricos. A bibliografia a seu respeito é das mais opulentas, mais de mil textos, entre o que nada vale e algumas preciosas contribuições. Com uma dinâmica própria, ela é fundamentalmente enriquecida, ano a ano, pela revelação de novas peças documentais, mas principalmente por abrigar reflexões diversas, agora sob olhares mais acadêmicos, transdisciplinares, menos envoltos na discussão que parecia interminável, em torno dos aparentes e grandes epítetos, próprios da radicalização, como fanatizador, mistificador, coronel, etc. O que temos aqui pela frente é um texto que segue, basicamente, o itinerário de uma biografia clássica, estabelecida cronologicamente, mas que identifica todo seu conteúdo estruturado para justificar que toda a vida de Padre Cícero se consumou numa sequência de importantes decisões a cada momento vivido, entre os primeiros e importantes sentimentos da juventude, até à introspecção da maturidade, remissiva à silenciosa reflexão de si próprio no ocaso da vida. Para fazê-lo, o Padre Giancarlo Perini dedicou muitos anos de sua vida atenta ao fenômeno do Juazeiro e de seu Patriarca lendo compulsivamente tudo aquilo que se havia produzido livrescamente, ao qual ajuntou a revisão documental centrada nos acervos mais importantes, entre a guarda de sua Ordem Salesiana, nos domínios da Diocese de Crato, e por além entre Vaticano e outros centros. Dessa sua missão impenitente surgiu uma dezena de pequenos textos com os quais fomos sentindo a sua “capitulação” ao propósito de se fazer instrumento desse novo tempo de estudos, produzindo textos e oportunidades de pesquisas, revelando novas pistas, e contribuindo para as discussões que foram se tornando a praxe de um momento rico, a caminho do que a maioria sempre pensou, sobre uma nova atenção no servo fiel, Padre Cícero, e o seu povo romeiro. Na primeira decisão, assim nomeada, o autor se reporta à vocação de servo de Deus, as primeiras leituras espirituais e a inclinação ao sacerdócio, os anos de sua formação escolar e eclesiástica, a decisão pela missão de evangelizar, tudo isso visto como a essência da personalidade que enfrentaria a vida como a sua dedicação ao serviço da causa do povo de Deus. Na segunda, aquilo que se consubstanciou como sendo a “opção preferencial pelos pobres” está realçado, especialmente, a sua inserção na primitiva comunidade do Joaseiro e a sua inexcedível ação de promoção social, com a qual assentou as bases da vida religiosa do lugar, mas também aquilo que já a preparava para a expressão social e econômica que hoje se contempla. Na terceira, eis que surge o fenômeno – o milagre tantas vezes renegado e posto na vala comum dos embustes e mistificações. O relato dos episódios, o conflito estabelecido entre defensores e hierarquia ganha novas expressões e assertivas, pelo fato relevante que se superou a partir da comprovação de um não embuste. A beata Maria de Araújo se destaca como a figura central, ainda marcada pela séria desconfiança da Igreja, a ponto de não aceitar seu próprio martírio. Na quarta, a defesa sobre a verdade do milagre, através da crença de quem o fez, até à morte. Assim, podemos encontrar aí um roteiro interessante sobre os caminhos e descaminhos desse conflito, ainda hoje existente, a considerar mínima e essencialmente que a conduta de obediência esteve no pano de fundo de toda a questão. Na quinta decisão, seu autor elenca o ingresso na política como uma opção legítima de defesa de seu povo, sob diversos aspectos, exatamente porque das restrições mais severas ao julgamento histórico do personagem, nunca faltou o argumento da sua relação com os poder e mando político, indissociável da violência rural-urbana, tão característica da vida do país, especialmente no Nordeste brasileiro, na fase de sua Velha República. Na última decisão mencionada neste texto, o Padre Giancarlo propõe que o desejo de santidade do Padre Cícero já era uma tônica no jovem que refletia sobre castidade, mansidão e caridade. É testemunho eloquente durante toda a sua vida que essas referências foram formando a sua prática diária e missionária. Cícero Romão Baptista “construiu” sua santidade numa práxis diária de serviço comunitário, balizada pela severa orientação de sua Igreja, e em tudo a ela foi obediente, porque forte era a sua crença pela salvação. Enfim, o texto é repleto de menções que indicam como se pode enxergar o Padre Cícero como um homem virtuoso e que edificou uma imensa relação pessoal com os degredados filhos das secas desse Nordeste. A Igreja contemporânea desses primeiros momentos, ainda não conflituosos com Cícero, reconheceria que suas virtudes enchiam o Vale do Cariri. Parte disso era, sem dúvida, a dedicação inexcedível ao povo sertanejo, gestos concretos pela edificação da Igreja no Cariri, e seus predicados morais e éticos que nunca foram negociados à luz de conveniências ditadas pelos poderes temporais. Ao apresentar esse livro para sua leitura atenta, congratulo-me com o Padre Giancarlo Perini, pela sua grande determinação em ter sido tão dedicado, por tantos anos, a esse propósito de “passar a limpo” uma das mais ricas histórias vividas por esses sertões nordestinos. Renato Casimiro. Juazeiro do Norte, 01.07.2017”.

O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI

CINE CAFÉ VOLANTE (CASA GRANDE, NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 16, sexta feira, às 19 horas, o filme A MÚSICA NUNCA PAROU (The Music never stopped, EUA, 2014, 205min). Direção de Jim Kohlberg. Sinopse: Henry Sawyer (J.K. Simmons) é um pai que luta para se conectar com o filho Gabriel (Lou Taylor Pucci), que descobre um tumor no cérebro que o impede de produzir novas memórias. Os dois tentam superar uma distância emocional e acabam encontrando uma forma de se relacionarem através da música.
CINE CAFÉ (CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 17, sábado, às 17:30 horas, o filme CINZAS DO PARAÍSO (Days of heaven, EUA, 1978, 94min). Direção de Terrence Malick. Sinopse: No início do século XX, Bill e Abby formam um jovem casal que vive e trabalha em Chicago, mas passa a imagem de que são apenas irmãos. Quando decidem ir para o sul trabalhar nos campos, em companhia de uma garota, vão parar em uma fazenda no Texas, onde o proprietário se apaixona por ela.
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe no dia 15, quinta feira, às 19 horas, dentro do Festival Grandes Faroestes, o filme VERA CRUZ (Vera Cruz, EUA, 1954, 94 min). Direção de Robert Aldrich. Sinopse: Dois pistoleiros americanos viajam para o México no meio da Revolução Mexicana. Eles são contratados para proteger uma representante da nobreza e seu ouro de um possível ataque e quando percebem, já estão envolvidos com a guerra.

CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe no dia 16, sexta feira, às 19 horas, dentro do Festival Filmes Inesquecíveis, o filme CANTANDO NA CHUVA (Singin´in the rain, EUA, 1952, 102min). Direção de Stanley Donen e Gene Kely. Sinopse: Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) são dois dos astros mais famosos da época do cinema mudo em Hollywood. Seus filmes são um verdadeiro sucesso de público e as revistas inclusive apostam num relacionamento mais íntimo entre os dois, o que não existe na realidade. Mas uma novidade no mundo do cinema chega para mudar totalmente a situação de ambos no mundo da fama: o cinema falado, que logo se torna a nova moda entre os espectadores. Decidido a produzir um filme falado com o casal mais famoso do momento, Don e Lina precisam entretanto superar as dificuldades do novo método de se fazer cinema, para conseguir manter a fama conquistada. 

HISTÓRIAS DE FAMILIA
Recebi e muito agradeço a Sinhá Melo o presente que me deu com esta publicação sobre o centenário de seu pai, Afonso Ferreira de Melo. Infelizmente, só 14 anos depois é que tomo conhecimento desse valioso trabalho da família em memória de seu patriarca, contando histórias, revelando imagens e perpetuando para as novas gerações os exemplos e a dignidade desse cidadão que tanto honrou a sua disposição pelo crescimento e desenvolvimento, tanto de sua família, como da cidade a que serviu. Esse exemplo deveria ser observado pelas famílias juazeirenses, procurando registrar em publicações a sua própria memória, como atitude salutar para a preservação de sua existência e o brilho de seus antepassados. Estão de parabéns e menciono publicamente essa atitude como de grande mérito. À família os meus parabéns e o agradecimento. Já estou lendo e tomando apontamentos genealógicos para correlacionar a outras preocupações que tenho no momento com membros da família Melo, de grande significação no Cariri. Algumas imagens contidas no livro serão inseridas na Memória Fotográfica de Juazeiro do Norte, no Facebook.
ATENÇÃO AO ROMEIRO
O ciclo de romarias da programação da Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, referente a 2017 foi recentemente concluído com a grande celebração de Nossa Senhora das Candeias. Visando atender cada vez melhor às necessidades de um bom acolhimento aos romeiros da Mãe das Dores, foi distribuído gratuitamente o Manual do Romeiro, o terceiro deles, para a Romaria das Candeias. Os dois anteriores foram para a festa da Padroeira, em setembro, e o segundo foi para a Romaria de Finados em novembro. Essa é uma ótima atitude da municipalidade, pois minimamente visa dar informações sobre serviços disponíveis para esse atendimento, roteiro de visitação, telefones úteis, etc.
AFAJ – NOVA DIRETORIA

Recentemente aconteceu a eleição para renovação da Diretoria e do Conselho Fiscal da Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte, AFAJ, com sede em Fortaleza. A nova Diretoria e o Conselho Fiscal para o período de 2018 a 2019 está assim constituída: Francisco Neri Filho (Presidente); Maria Carmélia Pereira de Alencar (Vice-Presidente); Nilze Costa e Silva (1ª Secretária); Expedito Maurício da Silva (2º Secretário); João Reginaldo Tenório (1º Tesoureiro); Maria Socorro Lopes Moura(2º Tesoureiro); Geraldo Moreira de Oliveira, Rosália Aguiar Fiqueiredo, Manuel e Elmano Lucena Sampaio (Diretores Sociais); Antônio Renato Soares de Casimiro, Manoel César Ferreira e Silva e Sávia Maria Ferraz Vieira da Cunha (Diretores Culturais); Maria Aldenice Silva Holanda, Iane Maria Feitosa Neri e Maria de Sá Brito (Diretoras Assistenciais); Conselho Fiscal: Odival Limeira Lima (Presidente); José Ronald Brito, Merenilde Macedo Tavares, Maria das Graças Cruz Limeira Lima (Memros Efetivos), Carmem Lúcia de Sousa Pereira, Almiro Francisco de Castro, e Liduina Macêdo Pereira de Matos (Membros Suplente). Particularmente, agradeço aos membros da Associação, pois mesmo residindo nesta cidade, muito distante da sede da Associação, meu nome continuou merecendo a atenção dos confrades, pois mais uma vez fui conduzido à função de Diretor Cultural. Desejo felicidades aos novos membros e que produzamos juntos um ótimo exercício para cada vez mais solidificar os laços que nos unem e o sucesso da agremiação em pról do Juazeiro do Norte e dos membros dessa Associação.

domingo, 4 de fevereiro de 2018


AFAJ:NATAL ASSISTENCIAL NO ABRIGO
No dia 26 de dezembro de 2017 um grupo de diretores da AFAJ – Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte, sediada em Fortaleza, tendo à frente o casal Graça Cruz e Odival Limeira Lima, respectivamente presidente e diretora assistencial da AFAJ e na companhia dos diretores culturais Renato Casimiro e Geraldo Moreira, estiveram visitando a Associação de Amparo aos Indigentes Walter Menezes Barbosa – AMPARI, em sua sede à Rua São José 120/126, na cidade de Juazeiro do Norte. A visita foi dedicada à realização da etapa final do tradicional Natal Assistencial da AFAJ, cumprido fiel e anualmente, junto a uma instituição de benemerência do nosso Estado. Esse ano de 2017 a decisão foi por realiza-la junto a uma instituição de nossa cidade, o reconhecido “Abrigo dos Velhos”, entidade existente em Juazeiro do Norte, desde 1953, tendo sido fundada por proeminentes membros da sociedade local, como está na foto acima: Dídio Lopes, Gumercindo Ferreira Lima, José (Zeca) Marques da Silva, Elvídio Landim, Pe. Nestor Rabelo Sampaio, Walter Menezes Barbosa, Geneflides Matos, e Irmã Coimbra. A instituição nasceu com a designação de SAM – Sociedade de Amparo aos Mendigos. Contudo, desde 1974, mediante o reconhecimento público por sua utilidade, determinada pela Lei Municipal 494, de 16.08.1974, e já com nova designação, ela continua prestando ótimos serviços no amparo aos mais necessitados. Atualmente ali se encontram residentes 28 homens, sendo 20 portadores de deficiências, na faixa etária de 39 a 89 anos, e 31 mulheres, sendo 24 portadoras de deficiências, na faixa etária de 8 a 104 anos. Desses, pelo menos vive com saúde debilitada, a ponto de sua permanência como acamado. Chamou-nos particularmente a atenção que na relação dos abrigados pela instituição nenhum é natural de Juazeiro do Norte, mas sim de vários outros Estados da federação, especialmente de Alagoas, embora existam alguns cearenses. Dos que ali estão pelo menos dez deles sequer tem registro de nascimento. Outros ainda estão tentando a obtenção de um benefício de aposentadoria. Preside a instituição o farmacêutico Walter Menezes Barbosa Filho, à frente de uma diretoria com diversos membros, destacando-se a coordenadora Cleonisse Gomes de Oliveira. A programação cumprida pelos diretores realizou uma ampla visitação a todos os ambientes da instituição, destacando os diversos pavilhões, apartamentos residenciais, enfermarias, clinica de fisioterapia, farmácia, cozinha e refeitório, capela, lojinha de souvenirs e artigos religiosos, área administrativa, áreas de recreação e lazer, bem como todas as demais instalações do prédio histórico. Como se sabe, neste local ali residiu o Revmo. Pe. Cícero Romão Batista e sua família e demais membros agregados, até o ano de 1933, quando ele se muda para outro endereço, na mesma rua São José, onde hoje está instalado o Museu Pe. Cícero, até 20.07.1934, quando faleceu. A manutenção dos serviços de atendimento a todas as demandas de alimentação, vestuário, higiene, serviços de terceiros, atendimentos médicos e paramédicos são realizados graças à sensibilidade dos poderes públicos, através, especialmente da sua secretaria municipal de saúde, bem como por entidades particulares e por doações de populares, cuja generosidade, inclusive com o nosso testemunho, é frequente à essa casa de serviço público assistencial. Faz parte também do montante financeiro para a sustentação da obra a doação voluntária dos internos com respeito às suas aposentadorias e pensões recebidas, quando isso é possível, uma vez que alguns nem isso tem para contar com a sua manutenção. Daí a benemerência da instituição em recebê-los. As áreas visitadas estão bem recuperadas e mantidas pela diretoria da instituição que faz reparos e manutenção de instalações. Algumas áreas, especialmente na parte do edifício antigo, anteriormente pensado para abrigar o Bispado de Juazeiro do Norte, estão fechados à visitação pública. A própria AFAJ, ainda no início do ano 2000 presenteou a instituição com um acervo fotográfico e histórico, elaborado por Renato Casimiro e Daniel Walker, cuja apresentação se deu em setembro de 1999, numa exposição realizada no Náutico Atlético Cearense, durante uma festa de congraçamento da colônia juazeirense na Capital. O prof. Walter Menezes Barbosa Filho a recebeu das mãos de nosso diretor Cultural, na época, e esse acervo passou a constituir um pequeno museu no atual endereço da AMPARI. Estimamos que a instituição possa novamente apresentar esse acervo, reabrindo-o nos espaços históricos do velho casarão. Ainda durante a visita à AMPARI, os diretores da AFAJ fizeram a entrega de 40 (quarenta) kits constituídos de toalhas e lençóis para a manutenção dos serviços de atendimento à higiene pessoal dos indigentes mantidos na instituição. A doação foi recebida com grande entusiasmo pela “Irmã” Cleonisse e seus auxiliares, pois as carências, de um modo geral são muito grandes. A visita foi coroada de pleno êxito e deixou para a AFAJ o sentimento de mais uma missão bem cumprida, especialmente porque encontramos a instituição bem cuidada e realizando o seu destino como entidade que foi criada para servir ao povo necessitado, independentemente de sua procedência e condição financeira. 

O 174º ANIVERSÁRIO
Numa carta, escrita de Roma, com data de 24.03.1898, o Padre Cícero Romão Baptista, saudando sua mãe e suas irmãs, sequencia dizendo: “Hoje que faço 54 anos e véspera da Anunciação da Mãe de Deus. . .” Essa carta, trazida na bagagem do comerciante João Baptista de Oliveira, amigo do patriarca e de sua família, que viajara para visita-lo, encheu de alegria os corações do povo no Cariri. A carta trazia algumas poucas notícias daquele degredo a que se submetera o padrinho, para estar na cidade eterna, submisso e obediente ao que determinara seus superiores, os cardeais romanos, mas fiel à sua causa - a causa da fé de seu povo. Muitas vezes essa carta foi usada em textos de livros e jornais para representar a esperança do fenômeno religioso do Joazeiro, porque, em suma, ela revelava alguns detalhes daquela “via crucis”, com as dificuldades que encontrara, em meio à quase insensibilidade de tantos interlocutores. Contudo, se o texto daquela carta revelava ansiedades, sofrimentos e angustias, de outra sorte, ele demonstrava o que significava a convicção e a grande fé de um homem que se entregou de corpo e alma pela felicidade terrena de seu povo e pela salvação de sua alma. Portanto, é de longa data que entre nós o mês de março encerra, dentre suas datas expressivas, essa celebração dos anos do grande aniversariante. Agora contamos o centésimo septuagésimo quarto ano. Nesse ponto, Juazeiro do Norte e toda a nação romeira ainda hoje conservam a sua fidelidade festiva, “festeira”, exultante sobre essa data, porque parece mais uma vez que ao comemorá-la, é como se a dizer que ele está vivo, “o padre não morreu”. Celebramos a sua existência como algo que nos relembra o caminho, a estrada, a missão, as conquistas. É da memória desse homem que emanam os mais significativos valores que continuam nos impregnando pela construção dessa civilização romeira. O que Juazeiro do Norte hoje representa nesse contexto de brasilidade, de nordestinidade, especialmente no plano de sua religiosidade, é um grande alento para o entendimento das razões que fazem com que o homem sertanejo não arrefeça a sua fé. A despeito de, por sua própria salvação, em meio a um cotidiano que lhe agrega incertezas e profundas angústias diante da sobrevivência, como a que a vida lhe impõe, perversa e desumanamente, a retirar-lhe direitos inerentes à sua própria cidadania, como o trabalho, a terra, a segurança, o salário, a educação e a saúde. Juazeiro e seu Patriarca são, verdadeiramente, essa instância, essa reserva inegociável de suas referências com a qual ele está permanentemente reanimado e disposto para as batalhas que, enfim, parecem não vencê-lo. Daí porque ele continua vindo, aos pés de sua Mãe das Dores, ao túmulo de seu santo padrinho, de modo particular no dia desse seu aniversário. Então, 24 de março é dia de festas, um feriado “nacional” para essa nação de devotos e admiradores. É dia de muitas orações por essa felicidade possível na sua “Jerusalém terrestre”, é dia de acender e apagar velas, é dia de competições esportivas, é dia de comer bolo em praça pública, é dia de levar-lhe flores em procissão, é dia de cantos de alegria pela noite até à madrugada, é dia de ir ao seu túmulo e prantear – a sincera lágrima de uma saudade sentida, intimamente, por todos nós, milhões dos quais nem o conheceram. Essa consagração que continuamos a tributar-lhe se associa pacientemente à grande expectativa que nutrimos, ansiosos pela continuidade das manifestações egressas da Santa Sé, iniciadas pelo ato generoso da reconciliação, e que esperamos continuem noutras direções do entendimento da Igreja sobre o padrinho dos nordestinos. O nosso sentimento e a nossa postura parecem conter as expressões de todas as nossas convicções sobre sua santidade e o mérito deste servo de Deus que, enquanto viveu, não se cansou de nos demonstrar como se deve proceder para encontrar “o caminho, a verdade e a vida”. Padre Cícero foi o protetor de todos aqueles que nos precederam e essa proteção continua a existir na contemporaneidade, em todas as lutas pela cidadania e por todos os direitos de sua gente. Foi, por assim dizer, um grande operário de seu povo. Esses motivos sobejos nos remetem à consideração de que um único dia não nos bastaria para tamanha e tão pertinente celebração. Particularmente, no calendário deste Março de 2018, a celebração da graça pela existência do Pe. Cícero situa-se entre a festa de São José, padroeiro do Ceará, e a Páscoa do Senhor. (Artigo escrito por Renato Casimiro, para a edição de Março, de 2018, de Romaria – Basílica de Nossa Senhora das Dores, Juazeiro do Norte, CE)
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI


SESSÃO CURUMIM(JUAZEIRO DO NORTE)
A Sessão Curumim ocorre no próximo dia 6, terça feira, às 14 horas, no Orfanato Jesus Maria José (Rua Cel. Antonio Pereira, 64, Santa Tereza, em Juazeiro do Norte, o filme 14h - DIVERTIDAMENTE (Pixar/Walt Disney Pictures, EUA, 2015, 94 min). Sinópse: Riley é uma garota divertida de 11 anos de idade, que deve enfrentar mudanças importantes em sua vida quando seus pais decidem deixar a sua cidade natal, no estado de Minnesota, para viver em San Francisco. Dentro do cérebro de Riley, convivem várias emoções diferentes, como a Alegria, o Medo, a Raiva, o Nojinho e a Tristeza. A líder deles é Alegria, que se esforça bastante para fazer com que a vida de Riley seja sempre feliz. Entretanto, uma confusão na sala de controle faz com que ela e Tristeza sejam expelidas para fora do local. Agora, elas precisam percorrer as várias ilhas existentes nos pensamentos de Riley para que possam retornar à sala de controle - e, enquanto isto não acontece, a vida da garota muda radicalmente.
SESSÃO CURUMIM (CARIRIAÇU)
O Centro Cultural BNB promove de forma itinerante uma sessão de cinema para crianças, denominada Sessão Curumim, com entrada gratuita, e exibe no dia 8, quinta feira, às 19 horas, no Terreiro da Comunidade do Sítio Monte, em Caririaçú, CE, o filme CORALINE (Henry Selick, EUA, 2009, 100 min). Sinopse: Entediada em sua nova casa, Caroline Jones um dia encontra uma porta secreta. Através dela tem acesso a uma outra versão de sua própria vida, a qual aparentemente é bem parecida com a que leva. A diferença é que neste outro lado tudo parece ser melhor, inclusive as pessoas com quem convive. Caroline se empolga com a descoberta, mas logo descobre que há algo de errado quando seus pais alternativos tentam aprisioná-la neste novo mundo.
CINE CAFÉ VOLANTE (CASA GRANDE, NOVA OLINDA)

O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 9, sexta feira, às 19 horas, o filme APENAS UMA VEZ (Dir. John Carney, IRL, 2006, 85min). Direção de John Carney. Sinopse: Dublin, Irlanda. Um músico de rua (Glen Hansard) sente-se inseguro para apresentar suas próprias canções. Um dia ele encontra uma jovem mãe (Markéta Inglová), que tenta ainda se encontrar na cidade. Logo eles se aproximam e, ao reconhecer o talento um do outro, começam a ajudar-se mutuamente para que seus sonhos se tornem realidade.