segunda-feira, 2 de junho de 2014

BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
034: (02.06.2014) Boa Tarde para Você, “capitão” Rildo Teles.
Já era o comecinho da noite de ontem quando tremulou, no alto da imensa rama branca de quase 24 metros, e mais de duas toneladas de peso, a bandeira da festa de Santo Antonio, em Barbalha. Rendo a você, Rildo Teles, e me apresso em estender às centenas de seus colaboradores, os meus cumprimentos pelo sucesso de toda esta jornada. Estávamos ansiosos pela repetição desta tradição de oitenta e seis anos, em longa história de trezentos anos de devoção, desde a fundação da cidade. Ano a ano, e especialmente nos últimos catorze, a você Rildo, esta expectativa se repete pela escolha da árvore, por sua derrubada e secagem, e no traslado em cortejo festivo, em estirada de seis quilômetros. No Cariri, esta festa de Barbalha é a abertura e a retomada dos grandes acontecimentos populares, enriquecida pela presença de milhares de pessoas enturmadas em dezenas de grupos folclóricos que enchem as ruas, durante as celebrações. Afinal, com tal valor, a festa de Barbalha é hoje catalogada como patrimônio imaterial brasileiro, assegurado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), inserta no calendário dos grandes eventos da cultura nacional. E em agradecer a você, Rildo Teles, bem como aos seus colaboradores, os carregadores que enfrentaram mais de seis horas de grande esforço físico, não se pode deixar de mencionar a grandeza deste povo barbalhense que se empenhou em todos estes anos para sempre realizá-la com tanto requinte. Também não devo economizar numa menção obrigatória aos seus poderes públicos que tanto contribuíram para o seu maior brilho. Hoje já pude constatar pelas agências de notícias e redes sociais que, felizmente, nada houve a lamentar. Entre o corte da árvore e este último momento, bem sabemos como são preocupantes todos estes instantes com a segurança de todos. Pequenos acidentes são quase impossíveis de serem totalmente evitados e conhecemos o seu zelo e atenções. Finalmente, foi alegria só, o que também tive oportunidade de presenciar, depois de muitos anos sem vê-la. Vi de perto, Rildo, toda aquela comoção bem estampada nos rostos alegres de sua gente. Encontrei pessoas amigas que estendiam pelas calçadas e ruas a sua própria casa como se cada uma delas fosse a antessala da grande festa. Ao ver aqueles milhares de pessoas que se espremiam, com olhos fitos para não perder nenhum dos seus momentos solenes, do fincamento do mastro e do hasteamento da bandeira, não deixei de me lembrar, do então vice prefeito de Barbalha, o querido Edmundo Sá Sampaio. Era dele, na minha juventude, que ouvia relatos emocionados que me encantavam, sobre as festas de Barbalha. Voltei ontem à cidade, Rildo, me lembrando destas conversas, e principalmente do tempo em que me falava do desenvolvimento da cidade e dizia com tão bom humor: Meu filho, se você ainda quer ver Barbalha, pequenina, se apresse. Volte lá correndo para ver como ela está crescendo. E de fato, depois de tudo, tomei o carro e por alguma razão, como os impedimentos ao trânsito de veículos, eu fui circulando por muitas ruas de Barbalha até me encontrar saindo pela estrada de Arajara, para voltar a Juazeiro. Só assim eu pude ver que há muito tempo Edmundo Sá Sampaio já tinha razão em me dizer todas aquelas coisas.