segunda-feira, 9 de abril de 2012

09.04.2012
ACERVO FOTOGRÁFICO
Os acervos fotográficos são importantes peças para a preservação da memória de um povo. Nós mesmos, aqui neste Portal, temos a consciência do que se necessita fazer para obter, preservar, restaurar, dinamizar, disponibilizar  e divulgar estas preciosidades. Aliás, este trabalho já vem vindo desde 1967 quando iniciamos a coleção do que temos. Foi a partir daí que aconteceram diversas Exposições Fotográficas, ainda muito timidamente, para mostrar ao público o que era possível fazer por sua memória histórica. Jornais, livros, revistas, monografias, dissertações e teses foram produções muito privilegiadas com a cessão deste acervo. Quando se tem uma fotografia, diversos elementos devem ser registrados acerca daquela imagem. Vejamos:
1. O que foi?: É necessário dizer com objetividade do que se trata, por exemplo, inauguração da estátua do Pe. Cícero, na Serra do Catolé (Horto) em Juazeiro do Norte. A expressão deve ser sucinta, mas muito clara de modo a não deixar dúvida sobre o fato documentado. A descrição, frequentemente, termina por incluir a localização do fato documentado, o que nos remete para a outra preocupação
2. Onde foi?: Esta resposta para a devida anotação deve levar em conta a nomenclatura e suas mutações. Locais mudam de nome, mesmo oficialmente, e é preciso bem situá-los. Locais, simplesmente desaparecem, e é preciso situá-los. Temos que anotar também as denominações populares, a maneira mais tradicional de se reconhecer onde aconteceu aquele registro.
3. Quando foi?: Trata-se de registrar como legenda a data precisa do fato, por exemplo 01.11.1967. Nem sempre isto é possível com a precisão desejada, podendo ser usadas expressões tais como o ano ou a década, até que se identifique com precisão o que melhor caracteriza o registro quanto a isto;
4. Quem está na imagem?: A boa identificação de uma imagem exige que se registrem pessoas, edifícios, até objetos se tiverem importância para o fato. Quando a menção de pessoas é muito extensa, se deve apelar para uma ordem (filas, da frente para trás, da esquerda para a direita, etc), ou se muito numeroso, uma outra imagem com perfil dos presentes, onde se inclui a numeração e a lista de todos identificados (ou a citação de não identificado).
5. Quem fez?: Uma fotografia deve ser considerada uma propriedade artística do fotógrafo, mesmo que amador. Então, sobretudo nas fotos antigas, é importante identificar o fotógrafo, ou o estúdio responsável pela tomada da imagem. Com o tempo, estas imagens passaram a ter, também, grande relevo como produção ligada a alguns profissionais da fotografia que terminaram por legar importante acervo sobre a história de personagens, fatos e povo.
6. Onde está?: As imagens, bem ou mal conservadas, são peças preciosas de arquivos pessoais ou institucionais. Em face do avanço com novas mídias, as imagens digitais são largamente usadas e difundidas. Ao lado do que já dissemos, é necessário manter as informações sobre o original que gerou aquela cópia e/ou reprodução. Desta maneira, a menção, por exemplo, do Arquivo de Renato Casimiro/Daniel Walker é uma observação pertinente com respeito à guarda do original cedido para qualquer ilustração.
7. O que mais?: Uma imagem original necessita de melhor identificação. Como está? Em papel, em negativo (convencional, ou em vidro), é digital, etc. Quais anotações podem estar no verso da imagem? Quais as dimensões deste original? A quem pertenceu, se o arquivo atual é sucessor na guarda? Como está a imagem? Em sépia, colorida, preto&branco?
Pode parecer muita exigência sobre uma simples foto, mas imagine se todas as fotografias que dispomos em nossa propriedade tivesse, pelo menos a maior parte destas anotações que estão sugeridas. Evidentemente, há outras possibilidades de que estas imagens bem identificadas, também se associem a um contexto que poderá ser bem caracterizado, por exemplo, por uma bibliografia – nem que seja uma simples citação.  Isto é relevante, na medida que amplia o conhecimento das circunstâncias em que o flagrante foi tomado pelo fotografo, dando melhores informações para a reconstituição histórica do fato. Já pensou se cada imagem de que dispomos tivesse bem explicitada a maior partes destes itens que elencamos? Quantas histórias ainda mais elas contariam! Para melhor situar o que acabamos de dizer, escolhemos uma só imagem que bem se aplica a esta nossa preocupação de melhor identificar registros fotográficos de nossa história.
Da fotografia com a qual ilustramos a nossa coluna de hoje, podemos dizer:
1.O que foi: Velório do Pe. Cícero Romão Baptista
2.Onde foi: No primeiro quarto de sua residência, à Rua São José,  (atualmente, Museu Cívico Religioso Pe. Cícero, em Juazeiro do Norte, Ceará;
3.Quando foi:20.07.1934
4.Quem estava: Generosa Ferreira Alencar, beata Joana Tertulina de Jesus, Tarcila Estácio da Cruz, Pe. Juvenal Colares Maia, dentre outros não identificados
5.Quem fez: fotógrafo Lauro Cabral de Oliveira (Juazeiro do Norte);
6.Onde está: Arquivo de Renato Casimiro (Fortaleza, Ceará);
7.Mais sobre o original:
7a.Propriedade do original: Originalmente, Generosa Ferreira Alencar, seguido de Fátima Menezes e Arquivo de Renato Casimiro
7b.Dimensões do original: Cartão: 21,7cm x 27,4cm; Foto 12,6cm x 17,4cm;
7c.Apresentação do original: Foto em sépia, colada em cartão de 1mm de espessura, com moldura em vermelho (14,3cm x 19,3cm;
7d.Negativo do original: não disponível, paradeiro ignorado;
7e.Anotações no original: (No verso), a caneta: Velório do Pe. Cícero, vendo-se a beata Mocinha, tendo ao seu lado Generosa Alencar. (Arquivo Fátima Menezes);
7f.Conservação: Bem conservada, sem rasuras, mutilações ou danos quaisquer à imagem e à moldura;
8.Bibliografia: XAVIER DE OLIVEIRA, Amália – 1969 – O Padre Cícero que eu conheci. 1ª. Edição. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpica Editora Ltda., 320p, ilus.