sábado, 30 de junho de 2018



O QUE PENSAR NESTA NOITE?...
Estamos aqui reunidos para cumprir uma das melhores recomendações que o tempo e o vento nos têm indicado: Pensar o futuro do Cariri. Que Cariri é esse? O CRAJUBAR do nosso encantamento? O JUABC do intempestivo jornalismo provocador? O Cariri segundo o argumento legislativo dessa Região Metropolitana? Ou o Cariri de mais amplas fronteiras para não excluir ninguém, diante da necessidade de estender o esforço de um povo, na pluralidade de suas composições para a grandeza longamente ansiada dos seus melhores dias? Desejamos Pensar o Cariri nesta noite, não apenas pela recente inauguração deste novo século, numa perspectiva de lições históricas, mas sobretudo por experiências vivenciadas por nós mesmos, através de interlocuções bem vivas e aqui presentes, merecedoras de admiração, de louvores e de atenções por conquistas efetivadas, algumas das quais, talvez, nem nos lembremos completamente. Assim, ouviremos aqui se falar de uma velha tradição de oração e trabalho, de fé, de crença, de determinação, ingredientes fundantes da nossa cidadania, especialmente para se fazer produtivo o labor entre campo e cidade, herança de velhos patriarcas desses sertões. Falaremos de urbanização e moradias, crescimento demográfico e emprego, de migrações e de romarias, de etnias e de culturas, de comércio e de serviços, de gestão e de serviços públicos, de associações e cooperativismo, de eletrificação e de matriz energética, de televisão e de telefonia, de industrialização e de Morris Asimow, de malha viária e de aeroporto, de bodegas e de shoppings, de colégios e de faculdades, de radiodifusão e de jornalismo impresso, de ouro e de pedra, de couro e de plástico, de madeira e de aço, e se não mais falarmos é porque pouco tempo é o que há. Pensar o Cariri, apenas para ilustrar o que nos tem aparecido, de mentes privilegiadas, especialmente das novas academias, é para não esquecer a necessária pauta alongada de muitos temas, como: 1. A nossa emergente metropolização; 2. A nossa convivência com Estado e União; 3. Os novos arranjos produtivos do Cariri; 4. A insustentável leveza do nosso Desenvolvimento; 5. O luxo da aldeia Cariri e o lixo de suas cidades; 6. Prioridades para poucos recursos, diante do essencial; e tanta coisa mais. Ditas e feitas essas boas lembranças, nos entreguemos de mentes abertas para a convivência salutar, entre convergências e divergências, entre o quase unânime e o contraditório, para que esta privilegiada reunião nos anime a continuar preparando as gerações sobre as quais tantas responsabilidades nos cabem. Afinal, o Cariri que queremos legar para os nossos filhos depende muito dos filhos que queremos deixar para o Cariri. 
(Texto introdutório, de autoria de Renato Casimiro, ao Painel sobre Pacto & Impacto, no lançamento da respectiva obra, de autoria de Cícero Pereira de Sousa, no I-UÁ Hotel, Cariri, em Juazeiro do Norte, na noite de 26.06.2018) 
JUANORTE: TRISTE FIM DE UMA TRINCHEIRA (VIII)
Continuamos nossas transcrições da colaboração como articulista ao jornal eletrônico Juanorte, editado a partir de Brasília-DF pelo jornalista J. Alcides. Como explicado anteriormente, esses textos foram para a rede mundial de computadores e bem recentemente hackers destruíram o arquivo do periódico. Daí a nossa iniciativa de republicá-los, como recorte de uma época. 
METROPOLIZAÇÃO
Repitamos, para começar esta modesta reflexão, a definição batida de região metropolitana que considera o conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços públicos e infra-estrutura comuns. Como bons sucupiranos, não vamos nos perder com o “detalhe” que nos fala de uma cidade central. Vamos insistir na aceitação de alguns pressupostos implícitos nos serviços públicos e infra-estrutura. Encarar este desafio, o de tirar bom proveito para que à sombra do governo – e muito mais, para cobrar-lhe a atenção devida, à margem da demagogia, é o papel que se reserva às comunidades para que avancem um pouco mais, na direção de conquistas por uma melhor qualidade de vida. A metropolização de Juazeiro do Norte, por exemplo, nos chega no exato momento em que nos consagramos gente de uma orfandade política, gritante, de lideranças e de homens capazes para liderar as empreitadas desta batalha. Claro que muita gente só pensa na inutilidade total deste discurso, pois na contra mão de suas aspirações, caminham lépidos e fagueiros os boavidas do parasitismo parlamentarista descarado. Renovados pela desfaçatez, na falação destes dias, de que cumpriram o prometido, e como tal merecem ser perpetuados na sua sinecura às custas da viúva e do contribuinte espoliado. Se considerarmos o crescimento da urbanização, não só da vila de meu Padrinho, mas das cidades que integram a proposta de metropolização caririense, veremos que as cidades, despreparadas, incharam a mais do dobro do contingente populacional urbano nos últimos cinqüenta anos. A rigor, fomos todos apanhados de surpresa, e não houve tempo para melhor preparação, nem para estabelecer serviços públicos, e de infra-estrutura que respondesse à altura da demanda. Agora, nas promessas de campanha, por aqueles que vão continuar prometendo verbas estaduais e federais, os planos tangenciam o necessário. Fala-se de um tudo. Promessa é coisa boa pra político fazer em véspera de quermesse. Evidente que queremos do ungido, todo poderoso, a honra a um compromisso com a cidadania, com o cidadão e com as cidades. Evidentemente, não se mora na união. As cidades estão esmolando nos gabinetes das administrações centralizadas do Estado e da União. Essa é uma situação muito cômoda para quem tem chaves de cofre. Por qual propósito, senão eleitoreiro, se abriria mão disto? Pelo cidadão, quem olhará melhor para a vergonha de uma tributação escorchante, de mais de sessenta facadas? Pouco temos reparado para as soluções que vem de pactos solidários, coisa de que os governos pouco entendem. Desconfio que a nação teria uma enorme solução, na auto regulação de seus problemas. Mas, a bem da verdade, quando se substitui isto por palavrório fácil e balela de conselho comunitário, o resultado já se vê. À cidadania, mistifica-se a causa, atribuindo escala de valores que acintosamente se ensaia na troca de escalas injustificadas. A defesa de minorias, a legalização de drogas, as cotas raciais, etc. Tudo volta a uma pauta demagogicamente articulada, travestida de modernidade no discurso de candidato de ocasião. Esta metropolização do Joazeiro que é preocupante, passa ao largo. Este é o presente de uma cidade de médio porte, que se afirma como núcleo de um centro regional, a exemplo do que vem acontecendo em diversos estados brasileiros. Isso só foi possível porque a indústria se tornou o setor que domina, e dá sustentação à cidade como economicamente produtiva. Não há novidade. É a constatação de que se necessitava para daí apreender-se um pouco mais sobre os arranjos produtivos que poderiam integrar mais as ações de desenvolvimento. Às vezes é decepcionante saber que esta responsabilidade social que incide sobre o hegemônico, infelizmente, ainda não se cobra, não tem o menor exercício na hora de se tentar reverter as coisas graves do Cariri. “Problema deles. Nós, nem aí.” Lamentável. E o futuro desta metrópole, no botão do dia 4 de outubro? Aperte-o pra valer. 
(JUANORTE 22.08.2010)
ABUSOS DE CAMPANHA
Costuma-se dizer que os políticos, e não faz diferença se isto acontece onde o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é baixo ou alto, chegam a este tempo de campanha eleitoral como uns santinhos a implorar o voto do cidadão, como se fossem outros e não aqueles que nos habituamos a ver pela mídia. Alguns, até, através das folhas policiais em rumorosos casos onde não falta o flagrante delito, mostrado televisivamente em horário nobre, a ensinar o povo como se guarda dinheiro na roupa de baixo. E o que é pior, com a sensação da impunidade, qual crime perfeito. Em nome desta voragem pelo sufrágio, eles sempre apostam na obsolescência, inutilidade ou ineficiência de nossa legislação, seja do código de posturas nas cidades, seja do escopo eleitoral pertinente. Então, vão praticando toda sorte de infração. Para mencionar que o péssimo exemplo começa pela disputa de cargos majoritários, dias atrás deu raiva ouvir a enxurrada de multas – de valores insignificantes, aplicadas aos que se anteciparam na publicidade de suas propostas. Ocorre que esta gente conhece de sobra a formulação destas legislações, mas insiste em desconhecê-las, porque ninguém é otário o suficiente para não fazer o que os outros estão fazendo e para se ver que tudo dá em nada. Lamentável. Profundamente lamentável. Agora as cidades estão se enchendo desta gente barulhenta, de claques desrespeitosas contratadas a peso de dinheiro nem sempre explicado, que não sabem como agir com civilidade, pois a disputa pelo voto não é, pensam eles, exatamente o momento para este exercício. Por estes dias, até na nossa Assembléia Legislativa, diversos deputados usaram da palavra para protestar contra o abuso de valores praticados com os gastos de campanha, aplicados a material impresso, camisetas, bonés, pessoal de serviços diversos, veículos, carros de som, carreatas, comícios, comitês, etc, etc. Vejam lá a que desfaçatez chegam alguns dos nossos representantes, ao esbravejar contra o que denominam de violência e de abusos praticados em meio à campanha. Por isso mesmo ficamos perplexos com estas atitudes. Recai sobre a postura íntima de cada votante o protesto silencioso que até pode cassar esta gente de ficha suja, na origem. Numa hora como esta nos passam algumas questões atinentes ao problema e a necessidade de uma profunda reforma eleitoral. Mas, com este parlamento que aí temos, o que pode ser salvo no tocante a financiamento de campanha, código eleitoral e tudo aquilo que importa para que a nós a questão seja tratada num mínimo de decência. Nós não temos crença, não temos fé diante de tantas ameaças do que se ouve ou se presencia com respeito a casos de compra de votos, publicidade irregular e utilização de recursos públicos para beneficiar candidatos, para citar apenas alguns dos itens que lideram a lista de queixas. Lamentavelmente, é da nossa cultura a manutenção destas práticas viciadas e que grassam por este tempo, como se isto viesse em alento à própria miséria do povo que estimula estes comportamentos desonestos e criminosos. Demagogia é a palavra chave que reduz tudo ao caminho mais fácil de promessas que dificilmente se cumprirão. Ora direis, é muito difícil de se comprovar. Faz parte deste pacto espúrio as posturas de corruptor e corrompido que selam uma aparente regularidade do negócio em que naufraga mais ainda a nossa pobre democracia.
(JUANORTE 29.08.2010)
BIBLIOTECA PÚBLICA
Eu era um garoto de 14 anos quando fui punido exemplarmente pelo Pe. Mário Balbi, então prefeito de disciplina do Ginásio Salesiano, em 1963. O motivo até poderia falar aqui. Mas, vou me reservar para fazê-lo numa outra ocasião, pois aguardo o reencontro com uma peça chave, não mais em minha defesa, mas para corroborar e ilustrar o acerto da atitude da escola. A conseqüência inevitável seria o comunicado aos pais através da velha caderneta verde. Em verdade, eu não o fiz, escondendo a notificação e agindo como se nada tivesse acontecido, para fugir à punição doméstica. Era necessário simular a ida ao colégio e só me restou o refúgio na Biblioteca Pública Dr. Possidônio da Silva Bem, que à época funcionava no Bosque Luiz de Queiroz, em frente à Matriz de Nossa Senhora das Dores. Assim, por três dias seguidos, depois de uma passagem pela praça Pe. Cícero e, após o encontro com os colegas que seguiam para as aulas, eu ia para a biblioteca. Era pequena, mas muito acolhedora. Tinha, principalmente, um bom número de coleções, como Mundo da Criança, Tesouro da Juventude, Enciclopédia Delta Larousse, obras completas de Monteiro Lobato e coisas assim. Foi deste modo que me afeiçoei pela leitura e, especialmente, pela freqüência a bibliotecas. Um gosto que eu tenho procurado refinar na medida das minhas atenções por temas escolhidos, como esta mania de não se saciar nunca com o conhecimento da cultura e da história de minha terra. Lamentavelmente, tendo me afastado de Juazeiro perdi quase todas as oportunidades para acompanhar de perto a trajetória desta biblioteca pública, em que se reconhece uma folha inestimável de atenções, cuidados e serviços à estudantada da cidade, em diversas gerações. Por estes dias fui informado que a Prefeitura Municipal transferiu a sua Secretaria de Cultura para dentro do prédio da biblioteca, como se ali sobrasse espaço, sob a alegativa de “maior proximidade com os artistas, bem como facilitar a execução de projetos em parceria com a biblioteca pública municipal, como por exemplo, o das bibliotecas comunitárias, que prever (sic) instalação de vinte, até o centenário de Juazeiro.” Se havia ou há essa falsa impressão, quanto ao espaço, lamento muito e até me penitencio antecipadamente frente à sua coordenação, em quem reconheço dedicação e dinâmica bem situadas neste fazer, que provavelmente, não tem encontrado boa vontade e disponibilidade financeira para encher o seu estabelecimento com esta moçada irrequieta e sempre sensível às provocações que vem de promoções culturais. Bem sabemos: é só dar o mote e a coisa acontece. Mas, evidentemente, temos que ter uma retaguarda que cubra investimentos necessários. O que lamento é que, da mesma maneira como se abafou a possibilidade de crescimento do Memorial Padre Cícero, determinando que parte de suas dependências fosse, ainda ao tempo de sua fundação, ocupada por uma secretaria municipal, agora é a biblioteca que será abafada pela necessária reverência aos artistas. Esta reclamação sobre o espaço escasso deve ser feita no exata momento em que sabemos que em boa hora foram doadas para o nosso município dez toneladas de livros, pela Fundação Enoch Rodrigues, de Brasília. Uma festa para renovar o acervo. Em terras mais civilizadas, a biblioteca é o monumento nacional. Entre nós, um arremedo que nestas horas se presta a acomodar conveniências que indicam como estamos sendo negligentes em admitir que já é hora de se deixar de lado umas tantas baboseiras para investir num centro administrativo como a cidade reclama. E ir acabando com esta mania de que tudo se resolve com uma puxadinha. 
(JUANORTE 05.09.2010)
O REBATE DIGITAL
A mídia digital está na ordem do dia. Não se trata apenas de paginas, portais, blogs e miniblogs. Referimo-nos à adesão gradual da grande imprensa pela forma ágil e atualizada tecnologicamente que os principais jornais do mundo estão optando. Recentemente, foi o caso do velho Jornal do Brasil que deixou a forma impressa para continuar vigoroso na telinha da web. Juazeiro do Norte não tem ficado atrás, através dos jornais semanais, mensais ou até mesmo “ocasionais”. Na brincadeira, lembrando o bom humor de Jackson Pires Barbosa, vejam aí, o quanto ainda estamos por realizar. Para os jornais de folhas do nosso passado, houve um tempo em que, capitaneados por uma figura extraordinária, Dra. Ester Bertoletti (se não estou enganado, da Biblioteca Nacional) cumpriu-se verdadeira maratona para microfilmar periódicos nacionais. Isto foi feito com maestria e dele muito a pesquisa e os historiadores se beneficiaram. Não demorou muito, a tecnologia deu outro salto e a digitalização destes microfilmes passou a ser imperiosa para a mais ampla disponibilidade destes documentos. Ao propor à Comissão do Centenário de Juazeiro do Norte a fixação do momento inicial das celebrações coincidente com o centenário (18.07.1909-18.07.2009) da edição do primeiro número de O Rebate, fizemos a proclamação pública de que não só uma edição fac-similar destas primeiras quatro páginas voltaria à leitura dos interessados, mas que envidaríamos todo o empenho para que digitalmente o Rebate voltasse a ser folheado em suas 416 páginas. Isto está valendo e deste modo respondo com atenção à preocupação de Assis Ferreira e de outros amigos. Mais que isto, a releitura de O Rebate tem estimulado diversos esforços, como o recente livro de Daniel Walker a nos revelar a História da Independência de Juazeiro do Norte (HB, 2010), bem como o denso e novo livro de Paulo Machado, ora em revisão, denominado A Marcha da Insurreição - Joaseiro do Cariry, (1907/1911), que contém em grande estilo e abundância os textos deste jornal. Recentemente voltei à Biblioteca Nacional para um contato com a equipe de digitalização. Por intermédio da professora Luitgarde Barros, já foi possível obter as gravações digitais da maior parte destes exemplares. Contudo, estas gravações diferem, em quantidade, dos rolos de microfilmes que foram obtidos ainda nos anos 80. Efetivamente, diversos exemplares estão ilegíveis e outros contém páginas mutiladas. O Rebate, em suas páginas originais, não é mais possível de ser consultado na Biblioteca Nacional. Seria um desastre, pois o papel de mais cem anos está se dilacerando. Agora só pelo terminal do computador. Neste momento estamos fazendo uma conferência minuciosa para verificar o que nos falta. Provavelmente vamos voltar à Biblioteca Nacional para solicitar-lhe a restauração de preciosa coleção. Em Juazeiro há duas “meias” coleções, com as quais se pode colaborar nesta tarefa. Enquanto isto não acontece, estamos disponibilizando, ainda na forma precária, os exemplares que dispomos. Basta uma solicitação do interessado e o intuito é o de propagar ao máximo este trabalho, que é coletivo e tem contado com o apoio de muitos estudiosos. Por isto, a reedição de O Rebate não será na forma impressa, mas com este novo requinte de tecnologia, como os tempos recomendam, num CD. Evidente que isto não substituirá a emoção de se folhear este documento histórico de nossa cidadania, para sentir até no barulho do passar de suas páginas, o grito que se fazia ouvir dos heróis de cem anos atrás.
(JUANORTE 12.09.2010)
ROMEIROS MAL ACOLHIDOS
Juazeiro do Norte, com imenso atraso, tem muito o que aprender. Vejam a questão destes dias, com respeito a uma de suas maiores romarias anuais: a festa de nossa padroeira, Nossa Senhora das Dores. Nas ruas, nas reuniões da Pastoral da Romaria, pela imprensa, a queixa é uma só: o absurdo cometido por não saber receber, acolher e partilhar a grande dádiva desta irmandade que o povo da terra guarda com os nordestinos de todo o país. Aqui e acolá, encontramos fatos isolados que, felizmente negam isto: as melhorias nas instalações da Basílica, um ou outro “empresário” que resolve inovar para se estabelecer, a dedicação inexcedível da equipe da Sedetur e de setores, apenas alguns – lamentavelmente, da municipalidade. Quanto a esta última deve-se mencionar a falência financeira do erário público como boa justificativa para qualquer ação. E isto é até aceitável. Fazer o que ? Se foi assim que esta pobre consciência eleitoral prevalente escolheu, para hoje chorar desapontada. Romeiros mal acolhidos são, principalmente, os que são desrespeitados no gesto espontâneo de voltar à terra prometida, quando mal acabaram de ser provados na sua imensa resistência diante de calamidades entre Pernambuco e Alagoas, exatamente os que mais nos presenteiam. A péssima acolhida continua sendo o aprisionamento de grande massa em cubículos de ranchos improvisados, até nas casas de famílias. Lembrei-me outro dia da expressão simples e verdadeira de Mons. Murilo a nos advertir: “eu fico furioso quando um sujeito “bole” com um romeiro...” Isto me diz tudo. “Bole-se” com um romeiro quando a este se aplica tratamento de otário a quem traz o seu sofrido cofrinho para aplicar na conveniência de sua estada na parada utópica de sua existência. A sua fé não pode ser confundida com o gesto soberbo da mercantilizada hospedaria ao sabor da exploração descabida, injustificada, a valores aviltantes por água, prato de comida, canto para a rede. “Bole-se” com um romeiro quando pouco ou quase nada lhe é oferecido pelo poder público. Não é que eles venham para cá impondo tratamento mais humanitário. Nem lhes passa pela cabeça que estejam por além das exigências dignas de um tratamento civilizado, como até muitos de nós já recebeu desconfiado a revê-los em suas terras, gratos e generosos. Murilo, por exemplo, relatava isto conferido ao padre do Juazeiro, como se aí se encarnasse todo o afeto de uma nação romeira. Por isso mesmo, várias vezes ao ano ele voltava lá e lhes renovava as esperanças de que a cidade continuava aberta às suas esperanças e crenças. “Bole-se” com um romeiro quando ao seu silêncio e contrição se ajunta a barulhenta e estrepitosa algazarra da campanha política atual, em meio ao cortejo da santa, por gente que não professa nenhuma fé no que vê, mas insiste em querer convencê-los de que é verdade o que se demonstra. A romaria é importante na hora do voto. Disso falem os candidatos que não abrem mão de um palanque para 400 mil, num dia. Doutro lado, na economia da cidade, os que assim a tratam pragmaticamente, o município de Juazeiro do Norte vive na romaria a sua primeira e ainda hoje uma das mais importantes vocações. Aquilo que responde pela sustentabilidade do seu existir como comunidade que ora e trabalha. Enquanto não tivermos claramente declarado, com projeções anuais, fidedignas, o que importa dos diversos setores (indústria, comércio, serviços) e até fragmentado no que seriam novas atividades (pólo calçadista, ensino superior, etc) não teremos nos convencido da grande importância de se fazer investimentos para isto que nos permitiria receber bem esses quase dois milhões de peregrinos, especialmente em 3 grandes momentos do ano.
(JUANORTE 19.09.2010)
LOGRADOUROS E HOMENAGENS
Acabei de revisar para Raimundo Araújo a sua proposta de um novo livro denominado Rostos do Juazeiro. Em verdade, não é um livro na acepção da palavra. Poucos serão os textos ali inseridos. Talvez mesmo porque ao autor basta a boa imagem e o nome correto do personagem. É, outrossim, um álbum fotográfico, com mais de setecentas imagens que mostram pessoas, rostos, imagens de uma gente que habitou este Juazeiro, desde o Tabuleiro Grande, precursor da Vila emancipada, a esta data mais recente, especialmente para os que até acabam de nos deixar. Tão habituado a ver fotos antigas desse nosso Juazeiro, por gente, fatos e lugares, que até surpreendi pela beleza desta coletânea. Numa coisa o acervo me saltou aos olhos: porque tantos daqueles ali mostrados não foram ainda homenageados de forma mais permanente com uma menção em lugares desta cidade centenária ? Seria natural perpetuá-los, tal é o reconhecimento que devemos atribuir à vida e obra destas pessoas. Ocorreu-me também de lembrar que percorrendo os arredores da cidade em muitas idas e vindas, eu tenha encontrado já marcados nos becos as placas de muitos homenageados a quem não pude, por maior que tivesse sido o meu conhecimento da vida desta cidade, identificar o papel de relevo que tal figura emprestou ao chão de sua vida. Ora, dirão, foi um pai de família exemplar, um comerciante dinâmico, um brioso cabo da polícia militar, um tipo popular exótico, muito conhecido pelas ruas, e qualquer coisa assim, sem maior expressão de vínculo com a vida da cidade, naquilo que ela inspira o serviço comunitário, dedicado de cada um. Longe de mim imaginar que tais recomendações não sejam válidas ao sentimento dos proponentes ocupantes de cadeiras legislativas. O que me intriga é repassar páginas heróicas de nossa história, até muito recente, sem que a isto sejam feitas as menções de dever, ao direito desta memória compulsória que aos bons filhos, lembradores comunitários de sua existência, compete honrar, celebrar e preservar. Pe. Murilo de Sá Barreto cunhou a expressão feliz a nos lembrar a pouca geografia e a muita história do lugar. Hoje, onde quer que esteja a nos observar, verá quanto explodiu a fronteira urbana da cidade com ruelas, becos e pracinhas. É como se por encanto tivéssemos feito crescer esta geografia urbana que toma quase toda a extensão dos limites territoriais do município. Embora tenhamos tido a sensibilidade de aumentar os espaços urbanos, gerando uma infra-estrutura capaz de garantir-lhes um mínimo de qualidade de vida, eles ainda conservarão, de um lado, a necessária nomeação de uma homenagem sensata e cabível. Do outro, a voragem para se fazer a omissão dos nomes que construíram este lugar, e que só continuam lembrados nos guardados de família, nas empoeiradas e danificadas imagens fotográficas dos baús dos seus entes amados. Este resgate, necessariamente seria uma pauta deste Centenário, à vista. Exemplo simples de festejar a grandeza deste lugar que, se mais não tem o que lembrar pela paisagem pobre de suas ruas, onde se fez a golpes de picaretas o destroço da cena antiga de tantos heróis, terá nesta explosão do crescimento urbano, onde se constroem milhares de casas, com a abertura de novas ruas, o espaço ideal para ir semeando a lembrança de gente a quem somos tão agradecidos. Portanto, aqui fica a insinuação que eu e muitos daqueles que já me interpelaram a este respeito, para que os poderes municipais de prefeitura e de câmara aceitem de bom grado as sugestões que são propostas e que, em suma, se traduz por uma lista imensa de homens e mulheres com os quais esta cidade se encontra endividada até por século decorrido. A memória da cidade estará agradecida com o gesto concreto.
(JUANORTE 26.09.2010)
O FUTURO
Esta semana que passou, a minha pobre vila do Joazeiro foi sucupirada por um levante para se tentar desapear do poder o seu prefeito, sob a acusação grave de improbidade administrativa. Aquilo que nos faz pronunciar publicamente expressões como incompetente, desonesto, corrupto e ladrão e diversas outras expressões não publicáveis. Esse povo ordeiro e pacífico que nos aponta a militância do PT, numericamente, mais uma vez não levantou bandeiras que justificassem o índice consagrador do voto popular de 2008. Exatamente porque a maioria está perplexa, decepcionada, mergulhada numa dialética de acusações de todos os lados, confusa no seu raciocínio mais pragmático de que não era esta a situação que deveria experimentar para ser respeitada como ordeira, pacífica e cumpridora de suas obrigações cívicas. Isto acontece na exata vizinhança de nova ida à urna, no momento em que a cidade muito necessita destes governantes e da sua representação popular na Câmara. Com que ânimo estaremos hoje fazendo esta nossa opção? Com que certezas estaremos hoje diante da confusa conjuntura na qual não restou ninguém, senão todos como suspeitos pela formação de uma enorme quadrilha que nos assaltou na esperança, no nosso mais profundo sentimento cívico? Não é a minoria barulhenta de militantes pagos e de seus chefetes que me incomoda e me deixa pensativo. É, antes de tudo, este silêncio avassalador de uma maioria recatada, aparentemente omissa, denominada demagogicamente de ordeira e pacífica, que me inquieta. No íntimo sua tranqüilidade, aquilo que os faz produzir e cumprir obrigações tem na mente a cor da paz, não a cor da guerra urbana, atualizada no populismo revanchista. O Juazeiro do Norte, como um dos maiores colégios eleitorais deste Estado, ponto de paragem da encenação trágica de promessas e abusos, é quem reclama a demonstração de respeito. Logo mais, saberemos para onde quer ir este Juazeiro centenário, que talvez nem conheça e lembre a epopéia de outras lutas memoriais. Lamentável é que só nos resta entender este concerto desafinado da debilidade partidária que nos assiste, e que existe para se configurar como um projeto político que, falaciosamente, nos impulsione para o desenvolvimento. Já não nos cabe, a esta hora, a contemplação desta luta intestina, e como tal – tumultuosa e fedorenta, do projeto de poder personificado em lideranças de meia tigela, gente da pior qualidade que se revelou da noite para o dia por mente e práticas desonestas, a nos roubar em nossos critérios inegociáveis de cidadania e respeito. A administração pública de Juazeiro do Norte está mergulhada nessa vala comum em que nada é novidade, a não ser o pior revisto e ampliado. No sentimento do eleitor, o olhar triste por sobre a trincheira das disputas por este projeto político, falido no nascedouro, ele reflete: ninguém presta! Nem prefeito, nem vereador, nem ninguém. De repente, nem demorou tanto, ruiu tudo, de tão podre. Com isto, onde foi parar a esperança de que seu voto mude alguma coisa? Ah!, meus senhores, os militares - quem diria, fizeram escola neste país dando o tom da rota com a qual se deseja trafegar rumo a uma ditadura de esquerda, repetição medíocre e intolerável de um tempo que nos leva ao mesmo cenário do crime, da tortura e por cercear a nossa liberdade de expressão, até como se a América fosse una e glamourosa. Santa ingenuidade esta que consagra mitos estranhos à nossa nacionalidade, em detrimento do sonho mais simples do cidadão ordeiro e pacífico. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” Assim cantávamos pelas ruas, enfrentando toda a sorte de adversidades durante os terríveis anos sessenta. Não faz muito tempo, estamos vivos, fazendo história. Parte desta história se escreve em Juazeiro do Norte, por estes dias. Como antes, ao povo desta cidade está reservado o direito e o dever supremo de construir esta página, o nosso legado. No futuro, o que os filhos de Juazeiro do Norte dirão de nós?
(JUANORTE 03.10.2010)
DEPOIS DO VOTO
Muitas pessoas, preocupadas com certos indicadores oriundos da recente eleição, estão se perguntando: qual é esta nova cara do Juazeiro, revelada pelas urnas? Alguns destes resultados são, verdadeiramente, desapontadores. No caso dos sufrágios para o parlamento federal, foram dados 73.109 votos, a 109 candidatos, a maior parte absolutamente desconhecida da população. A “utilidade” destes votos serviu na razão de 68.031 votos para os 22 eleitos. E destes, apenas dois justificam a sua identidade com o colégio local. Esta diferença de pouco mais de cinco mil votos ficou pulverizada e volatilizou sem consistência eleitoral. No caso da assembléia estadual, a situação foi mais vexatória. Foram dados 79.880 votos, a 224 candidatos, e a eficiência disto produziu apenas 25.497 votos para os 46 eleitos. Destes, apenas um se elegeu como candidato de maior simpatia com a terra, representando quase metade deste escore e deixando outros três em compasso de espera para a lista de segunda chamada, na dependência, não mais do voto popular, mas do conchavo para quem vai para junto do gabinete. Estes resultados estão embutindo algumas repetições de velho noticiário. Primeiro: já está aberta a campanha eleitoral para a sucessão municipal. E nisto aí, pouco a lamentar, pelo fato de que no atual mandato quase nada aconteceu que justificasse, senão, uma interinidade. Até mesmo porque o ocupante pode ser declarado passageiro. Bem exposto, qual flagrante delito, a cena revela planos de poder, nada de governo, como se do povo não emanasse nada, a não ser o que de poder se pode cumprir em planos de governo para este mesmo povo. Segundo: o território foi amplamente loteado à revelia dos interesses do cidadão comum que assistiu perplexo a invasão declarada de pára-quedistas em assalto de campanha. Terceiro: o povo ensaiou um basta às falsas e perversas lideranças falastronas que não honraram o compromisso de fazer mais digno o ambiente em que vivem. Quarto: ideologicamente, não é possível vislumbrar nada porque ao analisar as coligações que receberam a votação não se percebe qualquer tendência inovadora, reflexiva, que motive um entendimento para onde estamos indo. A polarização não é para quem está à direita ou à esquerda, senão do desafeto que encerra a briguinha de questões partidárias mal resolvidas, como ainda agora a coisa se repetiu. Juazeiro do Norte está a caminho de uma maturidade que se impõe pelo centro importante que é. Isto não pode ficar ao desconforto de um faz de conta. Nós temos que aprender o real significado de nossas opções políticas para que não renunciemos a decisão de gerir nosso futuro. Recai sobre mim mesmo, nesta hora em que faço estas reflexões, o que eu deleguei para esta gente que nos desaponta, como se ao confirmar voto na urna eu estivesse também transferindo esta responsabilidade que só volto a cobrar esporadicamente, ou noutra data quando de novo vierem implorar o voto. É muito bom e adequado falar de um dia no exercício da cidadania para a escolha acertada de um futuro que lhe seja promissor. No duro, mesmo, a amostra é tão ruim que habitualmente escolhemos o menos ruim. Um certo prêmio de consolação diante do expurgo recente dos chamados fichas sujas que estão de quarentena para voltarem lépidos e fagueiros, como se nada lhes fosse imputado, senão atecnias de tribunal, porque contrataram, sem permissão, digamos, gente que precisava de emprego. Aí, é muita falta de caridade, direis. Esta última eleição, enfim, trouxe uma grande oportunidade para que todos estes pretendentes repensem sua vocação de homem público. Como tais, uma vez eleitos, pelo manifesto compromisso com o seu povo, serão bem recompensados pelo erário que os premiará com generosos salários. Nem vai mais precisar desviar dinheiro, nem para si, nem para os amigos. Pouparão a existência de comissões processantes e terão muito mais tempo para trabalhar pelo eleitorado, tão necessitado. 
(JUANORTE 10.10.2010)
ORÇAMENTO DE JUAZEIRO, 2011
Diz-se que orçamento, em gestão municipal, é peça de ficção. Isto soa como grande heresia. Entre novembro de 2009 e junho de 2010, como usuário – presidente da Fundação Memorial Padre Cícero, de um orçamento que havia sido remetido pelo prefeito anterior, procurei me ajustar a esta fantasia que agora se confirma, claramente, pois não devo pôr em dúvida as expressões do atual secretário de finanças, quando nos assegura “coerência com a realidade atual”. E que realidade tão especial é esta que não havia em 2009/2010? Justo em orçamento já fabricado pela gestão democrática? A mensagem prevê arrecadar R$315mi; R$94mi a menos do que em 2010 quando eu questionava um secretário municipal: - Me diga, quanto seria a frustração desta receita? 30%?. Resposta instantânea: “- Você está louco? Como podemos administrar com tal frustração?” Fiquei na minha, pois na época eu só conseguia ordenar contas de folha de pessoal, água, luz e telefone. E isto ficava entre 20 a 25% do orçamento do Memorial. Tudo mais era negado por falta de fundos. Até que um dia, na administração, com melhor fonte de informações, nos surpreendemos porque não era mais possível esconder a quebradeira que, a rigor, ainda está para ser explicada aos munícipes. Agora há a ansiedade para saber como se restabelece a normalidade de contas de uma municipalidade que tem tudo a fazer, pressupondo-se que suas estejam como aquelas que a boa “economia doméstica” recomenda. Quando ouço falar de orçamento participativo, então, eu me “arrepio” todo. Começa a me dar uma sensação de urticária, coisa para antihistamínicos. Isto quer dizer, mais ou menos o seguinte. A gente faz proselitismo com a militância, convocamos reuniões para ouvir as queixas, aproveitamos para renovar as promessas. Depois, alguém procura quantificar os recursos necessários – o que não temos. De duas uma: ou vai para a conta das transferências ou vamos fazer projetos para captar. Na frustração, como agora, já temos a desculpa pronta pois a responsabilidade é dos governos, estadual e federal, que não aprovarão ou repassarão os dinheiros. Na gerência, tudo fica no gabinete e os benefícios, a barganha, ou como me diria aquele secretário, para o expediente do “venha aqui todo dia para gritar do que precisa”. Este é o final melancólico de um orçamento participativo. O populismo nefasto de quem não se sustenta em governo com esta demagogia, ad libitum, na tentativa de referendar o compromisso que não é autoaplicável. Compromisso de governo é coisa de gente de pouca fé: sempre necessita recitar muita reza. À margem de sumária apresentação do orçamento, no que li pela imprensa estes dias, relevo outro fato que colhi da publicação do demonstrativo das despesas a serem realizadas em 2011. É que ficou, aparentemente, de fora uma menção destacada para a área de Turismo e Romaria, agora assumidas pela nova SEDETUR, que engloba o espólio de desenvolvimento econômico. Como a conta fecha com o valor apresentado, só imaginei duas coisas: ou “esqueceram de mim, 2” ou ele está camuflado em alguma das funções ali descritas, cujo valor seja compatível. Uma fonte da administração me esclareceu indicando que a SEDETUR está contemplada com R$14mi e destes, cerca de R$6mi deverão ser aplicados na celebração do Centenário. Menos mal. Mas ainda vemos com preocupação o fato de que para esta chamada festa do século, se muito está reservado, corre-se o risco de não tê-lo a tempo, por conta da burocracia da máquina. 
(JUANORTE 17.10.2010)
CASA DE MILAGRES
Com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de outros organismos de fomento à pesquisa, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) está desenvolvendo o projeto Ex-votos do Brasil, com as seguintes metas: documentar os Ex-votos das salas de milagres e de museus que possuem acervos com ex-votos pelo Brasil; criar o Museu Digital dos Ex-votos, e dar suporte ao Núcleo de Pesquisa dos Ex-votos. Isto mostra como a existência destas casas assume relevância e motiva a busca de metas tão arrojadas. Casa, ou sala de Milagres, ou de ex-votos, comuns aos grandes centros de peregrinação, como os de Bom Jesus da Lapa (BA), de Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas do Campo (MG), de Aparecida do Norte (SP), de Canindé e de Juazeiro do Norte (CE), são parte do roteiro dos romeiros que vêm pagar promessas por benefícios e graças alcançadas. No Brasil, a tradição vem ainda do século XVIII. Em Juazeiro do Norte ela só aparece a partir de 1936, quase dois anos depois do falecimento do Pe. Cícero. Ele mesmo procurou fazer o possível para não estimular esta prática porquanto era alvo freqüente do juízo severo da diocese com respeito ao estímulo que era visto nesta prática, como se fanatismo religioso fosse. A família Monteiro, em 1936, portanto, cria a Casa de Milagres, no conjunto da Capela do Socorro e a partir daí começou a receber grande número de ex-votos. Conheci dona Sebastiana Monteiro, nossa vizinha na Rua Santa Luzia, como uma mulher de grande dedicação a esta Casa. Com o apoio dos romeiros e de boa gente vontadosa, dona Sebastiana, enquanto viveu, tratou da casa com grande desvelo. Agora, os herdeiros estão propondo a venda deste imóvel por um valor estimado em cento e sessenta mil reais. Alertado por Fábio Souza Tavares que “considera a Casa um símbolo de resistência do catolicismo popular à romanização elitista que bem conhecemos” ele me fala da necessária mobilização para resolver o problema. Por suas palavras e à margem das notícias saídas na imprensa me ocorrem três questões fundamentais: Primeiro: reconheço como sensatas as ponderações de Fábio que vê “esse pequeno equipamento como elemento de nossa história e nossa cultura”. E nisso ele está coberto de razão. Deste modo, é inimaginável o desaparecimento desta Casa. Pode ser até que, ingenuamente, alguém pense que por existirem outros espaços no Museu e no Horto, isto possa ser assimilado mais facilmente. Segundo: reconheço como pertinentes suas palavras ao asseverar que “é necessário criar um movimento para que o mesmo seja tombado e, assim, não desapareça um marco da simbologia popular que não é só do Juazeiro, mas de todos os lugares do Brasil que enviam seus romeiros para agradecer "as graças alcançadas". Neste momento se enxerga como fundamental a transformação da Casa num museu ou algo parecido, de modo a continuar o trabalho que vem sendo realizado. A constituição de um museu de ex-votos seria muito bem-vindo neste momento em que a cidade procura marcar o seu centenário com o resgate de suas próprias tradições e cultura. Terceiro: reconheço como inalienável o direito da família negociar o imóvel, mesmo quando ainda não foi objeto de tombamento pela municipalidade, o que evitaria a descaracterização do bem quanto aos seus elementos mais intrínsecos como o significado histórico-cultural e a sua própria arquitetura. Para tanto, antes que se tome qualquer medida antipática é necessário sentar em torno de boa mesa reunindo gente de paz e bem, tanto do governo, como do comércio / indústria / serviços e da igreja. Afinal, são estes que, em nosso nome, podem compreender do que falamos, os que avalizam e os que pagam a conta. É assim que esperamos que aconteça. 
(JUANORTE 24.10.2010)
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
SESSÃO CURUMIM 1 (ORFANATO, JN)
A Sessão Curumim, do projeto Arte Retirante também ocorre no próximo dia 3, terça feira, às 14 horas, no Orfanato Jesus Maria José (Rua Cel. Antonio Pereira, 64, Santa Tereza, em Juazeiro do Norte, o filme PONYO – UMA AMIZADE QUE VEIO DO MAR (Gake no eu no Ponyo, Japão, 2010, 111min). Direção de Hayao Miyazaki. Sinópse: Sosuke é um garoto de cinco anos que mora em um penhasco, com vista para o Mar Interior. Um dia, ao brincar na praia, encontra Ponyo, uma peixinha dourada cuja cabeça está presa em um pote de geleia. Ele salva a peixinha e a coloca em um balde verde. Trata-se de amor à primeira vista, já que Sosuke promete que cuidará dela. Só que Fujimoto, que um dia foi humano e hoje é feiticeiro no fundo do mar, exige que Ponyo retorne às profundezas do oceano. Para ficar ao lado de Sosuke, Ponyo toma a decisão de tornar-se humana. 
SESSÃO CURUMIM 2 (ORFANATO, JN)
A Sessão Curumim, do projeto Arte Retirante também ocorre no próximo dia 5, quinta feira, às 14 horas, no Orfanato Jesus Maria José (Rua Cel. Antonio Pereira, 64, Santa Tereza, em Juazeiro do Norte, o filme LUCAS, UM INTRUSO NO FORMIGUEIRO (título estrang, EUA, 2006, 89 min). Direção de John A. Davis. Sinopse: Lucas Nickle é um garotinho de dez anos que acaba de se mudar para uma nova vizinhança. Sem amigos e com uma família ausente, ele é constantemente atacado por uma gangue local. Certo dia, ele joga toda sua raiva para fora e afoga um formigueiro com sua pistola d’água. O menino tem seu tamanho misteriosamente diminuído, até ficar da mesma altura que uma formiga. Ele é então obrigado a trabalhar como escravo na reconstrução do formigueiro que ele mesmo destruiu. 
CINE CAFÉ VOLANTE (CASA GRANDE, NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 6, sexta feira, às 19 horas, o filme PONTE PARA TERABÍTIA (Bridge to Terabithia, EUA, 2007, 94 min). Direção de Gabor Csupo. Sinopse: Jess Aarons (Josh Hutcherson) sente-se um estranho na escola e até mesmo em sua família. Durante todo o verão, ele treinou para ser o garoto mais rápido da escola, mas seus planos são ameaçados por Leslie Burke (Anna Sophia Robb), que vence uma corrida que deveria ser apenas para garotos. Logo Jess e Leslie tornam-se grandes amigos e, juntos, criam o reino secreto de Terabítia, um lugar mágico onde apenas é possível chegar se pendurando em uma velha corda, que fica sobre um riacho perto de suas casas. Lá, eles lutam contra Dark Master (Matt Gibbons) e suas criaturas, além de conspirar contra as brincadeiras de mau gosto que são feitas na escola. 
CINE CAFÉ (CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 7, sábado, às 17:30 horas, o filme VIVENDO NO ABANDONO (Living in oblivion, EUA, 1995, 90 min). Direção de Tom Di Cillo. Sinopse: Diretor e seu amalucado grupo de atores e técnicos tentam a missão impossível de realizar filme independente com baixo orçamento. O set é um manicômio amaldiçoado por todo tipo de acasos, desde ataques de atores neuróticos, até explosões de equipamentos. 
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na quintas feira, dia 5, às 19:30 horas, dentro da Sessão GRANDES MUSICAIS, o filme MARY POPPINS (Mary Poppins, EUA, 1964, 134 min). Direção de Robert Stevenson. Sinopse: Londres, 1910. Um banqueiro, George Banks (David Tomlinson), resolve redigir um anúncio pedindo uma babá, após Michael (Matthew Garber) e Jane (Karen Dotrice), seus filhos, mais uma vez sumirem e fazerem Katie Nanna (Elsa Lanchester), a babá, pedir demissão. Tentando controlar a situação Winifred (Glynis Johns), a mulher de George, faz tudo para acalmar o marido, mas sua cabeça está voltada para a defesa dos direitos da mulher. As crianças também escreveram um anúncio, que difere bastante da babá que George pensa em contratar, tanto que depois de lê-lo o rasga em oito pedaços e joga na lareira, por tê-lo achado fantasioso demais. Porém, os pedaços de papel milagrosamente voam juntos até uma nuvem próxima, onde está uma pessoa muito especial: Mary Poppins (Julie Andrews). No outro dia chegam muitas candidatas para o cargo de babá, mas um vento misterioso as carrega antes de serem entrevistadas. Chega então Mary Poppins, que desce das nuvens até a casa dos Banks, usando um guarda-chuva mágico como pára-quedas. Ela conhece Mr. Banks e concorda em ficar com o trabalho. Michael e Jane ficam fascinados com Mary Poppins, pois ela é exatamente a babá que sempre sonharam. 
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na sexta feira, dia 6 às 19:30 horas, dentro da Sessão OSCAR DE MELHOR FILME (1991), o filme DANÇA COM LOBOS (Dances with wolves, EUA, 1991, 234 min). Direção de Kevin Costner. Sinopse: Durante a Guerra Civil, um jovem soldado (Kevin Costner) pratica uma ato ousado, é considerado herói e vai servir por sua escolha em um lugar com forte predominância do povo Sioux. Com o tempo, ele assimila os costumes dos nativos, acontecendo uma aculturação às avessas.
IMAGENS ESQUECIDAS (XLVIII)
Entre 1959 e 1961 Neir Sobreira de Melo foi eleita três vezes miss em Juazeiro do Norte. A primeira, como mostra esse flagrante, numa festa na Escola Técnica de Comércio, em 30.10.1959, ela foi consagrada Miss Comercial. A segunda vez, em 1960, ela foi eleita Miss Juazeiro do Norte, e participou do Concurso anual de Miss Ceará. E a terceira vez, em julho de 1961 foi escolhida merecidamente Miss Cinquentenário, por ocasião da celebração dos 50 anos do município. Há ainda uma menção que não foi devidamente apurada, mas por ocasião da inauguração da energia elétrica de Paulo Afonso, em 28.12.1961, Neir Sobreira teria sido igualmente consagrada a beleza da festa, com a citação de Miss Eletrificação. (Foto do Arquivo da Família de Valter Barbosa)
IMAGENS ESQUECIDAS (XLIX)
Desfile de alunos da Escola Técnica de Comércio num evento realizado em 04.10.1961, sem maior identificação. O pelotão mostrado é uma alegoria a personagens históricos de Juazeiro do Norte, destacando-se Dr. Floro Bartholomeu da Costa (à esquerda, o aluno de nome José Ivo), Padre Cícero (ao centro, o aluno de nome Rui), e José Joaquim Telles Marrocos (à direita, o aluno Luiz Marques, radialista). (Foto do Arquivo da Família de Valter Barbosa)

IMAGENS ESQUECIDAS (L)
Início das obras para a construção da sede própria da Sociedade Padre Cícero, na antiga Praça da Bandeira, entre as ruas Todos os Santos e São Domingos; São Luiz e Santo Agostinho, em 14.07.1955. O arruamento que se vê é, à esquerda, o da então Rua Santo Agostinho e da direita, o da Rua São Luiz, cruzamento com a Rua Todos os Santos. As demais fotografias mostram a evolução das obras, até quase a conclusão, em 02.07.1956. (Foto do Arquivo da Família de Valter Barbosa)

IMAGENS ESQUECIDAS (LI)
Início das obras para a construção da sede própria da Sociedade Padre Cícero, na antiga Praça da Bandeira, entre as ruas Todos os Santos e São Domingos; São Luiz e Santo Agostinho, em 14.07.1955, com a demarcação da terra e as primeiras providências para o canteiro de obras.
IMAGENS ESQUECIDAS (LII)
Andamento das obras para a construção da sede própria da Sociedade Padre Cícero, na antiga Praça da Bandeira, entre as ruas Todos os Santos e São Domingos; São Luiz e Santo Agostinho, em 07.02.1956, próximo da finalização. Dentre os figurantes da imagem está Valter Barbosa e encarregados das obras. (Foto do Arquivo da Família de Valter Barbosa)






IMAGENS ESQUECIDAS (LIII)
Andamento das obras para a construção da sede própria da Sociedade Padre Cícero, na antiga Praça da Bandeira, entre as ruas Todos os Santos e São Domingos; São Luiz e Santo Agostinho, em 02.07.1956, próximo da finalização. Dentre os figurantes da imagem, na esquina da São Domingos, está Valter Barbosa e encarregados das obras. (Foto do Arquivo da Família de Valter Barbosa)

IMAGENS ESQUECIDAS (LIV)
Pe. Gino Moratelli, diretor do Ginásio Salesiano, fazendo a homilia durante a celebração da páscoa dos contabilistas, da União dos Contabilistas de Juazeiro do Norte, em 1959, na Escola Técnica de Comércio. (Foto do Arquivo da Família de Valter Barbosa)






A SEMANA NA HISTÓRIA DE JUAZEIRO (IV)
Estamos continuando a publicação de efemérides da história de Juazeiro do Norte, agora em sua segunda edição, referente aos dias 01 a 07 de julho.
01 de Julho de 1945: Instalação do Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado em Juazeiro do Norte. Presidiu a cerimônia o Bispo Diocesano, D. Francisco de Assis Pires. Estiveram presentes: Mons. Manoel Correia de Macedo, assistente eclesiástico da Congregação; Madre Maria do Calvário, fundadora da Ordem e Madre-Geral, em Campinas, SP. Ficou como superiora da casa Madre Clotilde Maria do Bom Pastor. A sede da Comunidade ficou estabelecida na antiga casa do Capitão Domingos Martis, situada à Rua Pe. Cícero, doação feita pela sua filha, herdeira, Maria Martins Correia, vulgo Mariinha do Capitão Domingos.
02 de Julho de 1941: O Lavrador, jornal da Escola Normal Rural, na sua edição 54, Ano VIII, publica um artigo do Prof. Elias Rodrigues Sobral, noticiando a criação de “Uma Hora Ruralista”, pelo Centro Regional de Publicidade (CRP). O objetivo desta hora Rural era difundir conhecimentos agrícolas, úteis e necessários aos trabalhadores rurais e será semanal. 
03 de Julho de 1893: Chega a Juazeiro, vindo de Roma, o Pe. Francisco Ferreira Antero que, sem o consentimento de D. Joaquim, fôra a Roma, levando, entre outros documentos, a cópia do 1º Inquérito que ele tirara do Arquivo do Bispado, às ocultas. Para festejar o seu regresso, mais de mil pessoas, foram ao seu encontro, na saída do povoado, entre os quais estavam os Padres Cícero e Monteiro. As ruas foram decoradas com 200 arcos de folhas de palmeiras e iluminadas com velas que eram levadas pelos admiradores. Mocinhas, vestidas de branco, deram-lhes as boas vindas, fazendo discursos. Às 8 horas da noite, houve fogos de artifícios e efeitos pirotécnicos. Faixas proclamavam: “Viva o Padre Antero, viva o Padre Cícero”. No dia seguinte, 04 de julho foi celebrada a missa com assistência de 8 padres numa impressionante exibição. O Pe. Antero encerrou sua recepção com um eloquente discurso sobre os “Milagres do Juazeiro”. Um certo “Jornal do Norte” publicou o fato em 26 de setembro de 1893. No dia após a grande recepção, o Pe. Alexandrino, então vigário do Crato, comunicou a D. Joaquim o ocorrido.
04 de Julho de 1898: Pe. Cícero Romão Baptista escreve, ainda em Roma, ao seu amigo, Dr. M. Lima Borges, em Recife-PE, nos seguintes termos: “Quando eu pensava embarcar para aí no próximo vapor, um dos empregados do Santo Ofício, disse-me que eu ainda não podia ser despachado com tanta brevidade. E assim era obrigado a ficar mais tempo. Foi para mim uma dificuldade tão grande que dou graças a Deus me sair bem dela, pois já me faltam os recursos para eu continuar aqui a minha estada. Vejo-me na precisão de lançar mão de um empréstimo que me fez o meu amigo e compadre Sebastião Sampaio. Faça aí mesmo minhas vezes de modo que esta quantia me venha às mãos com o menor tempo possível. Muito espero na amizade sincera do meu bom amigo e nos sentimentos santos e generosos de D. Engracinha, que os tenho como pessoas minhas muito caras. A Santíssima Virgem os abençoe como aos seus meninos. Faça-me muito recomendado à senhora sua sogra e aos seus bons cunhados e disponha sempre. Do seu amigo sincero. Ass. Pe. Cícero Romão Batista.
05 de Julho de 1898: O Pe. Cícero graças à influência do Padre Vicenzo Bucceri, passou a residir no Palácio da Arcádia, quarto nº 437. (Observo que Pe. Murilo de Sá Barreto, eu e uma meia centena de juazeirenses visitamos esse endereço em 08.10.1898, quando celebramos os cem anos da estada do Pe. Cícero em Roma). É uma hospedaria vizinha a Igreja de São Carlos Al Corso, ainda hoje existente. Pe. Cícero havia chegado a Roma em 25 de fevereiro, e tinha se hospedado temporariamente, até 4 de julho no Albergo dell´Orso, na Via Monte Brizeno, 94. 
06 de Julho de 1894: Portaria do Bispo D. Joaquim, ordenando ao Revdmo. Pe. Vicente Sóter de Alencar, Vigário da Paróquia de Jardim, entregar dentro do prazo de 3 dias, ao Vigário, Pe. Antonio Alexandrino de Alencar, a cópia fiel do documento que o mesmo Pe. Sóter, forneceu ao Pe. Cícero Romão Batista ou a José Joaquim Teles Marrocos sobre o fato ocorrido em Barbalha com Maria da Solidade, conforme a seguinte transcrição: “D. Joaquim José Vieira, por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica; Bispo desta Diocese de Fortaleza: Pela presente portaria ordenamos ao Pe. Vicente Sóter de Alencar, pároco da Freguesia de Jardim, entregue ao Revdo. pároco do Crato, Pe. Antonio Alexandrino de Alencar, a cópia do documento que o mesmo Pe. Sóter forneceu ao Revdmo. Pe. Cícero Romão Batista ou José Joaquim Teles Marrocos sobre o fato ocorrido em Barbalha, com Maria de Solidade, no tocante às partículas ensanguentadas, jurando no fim da cópia do dito documento, ser fiel à mencionada cópia. No caso de desobediência a esta nossa ordem, ficará o Revdmo. Vicente Sóter de Alencar incurso ipso facto na pena de suspensão do exercício de suas ordens, inclusive de celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Cidade de Fortaleza, Comarca Episcopal, 6 de julho de 1894. Ass. + Joaquim, Bispo Diocesano.
07 de Julho de 1889: Primeira Romaria realizada a Juazeiro, organizada por Mons. Francisco Rodrigues Monteiro, a partir de Crato. O bispo de Fortaleza classificou o ato como manifestação de “entusiasmo imprudente”, “nova imprudência” do mesmo Mons. Monteiro, que na Capela de Juazeiro fez a “apresentação das toalhas manchadas de sangue, afirmando ser aquele o sangue de Jesus Cristo”. Por tal motivo, o bispo continuaria a impor sanções ao Pe. Cícero, por ele estar sendo conivente ou mesmo prestando culto público aos paninhos ensanguentados. 
ESTUDOS ACADÊMICOS (IV)

Estamos continuando a publicação de informações sobre a produção acadêmica enfocando problemas educacionais, culturais, religiosos e econômicos da cidade de Juazeiro do Norte. Desejamos dar um pouco mais divulgação sobre essas relevantes contribuições para nosso desenvolvimento.
Título: Entre Peças, Cantos, Danças e Memórias: O Reisado enquanto patrimônio cultural de Juazeiro do Norte; Autora: Vitória Gomes Almeida; Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Aplicadas da Universidade Federal do Cariri, como requisito parcial para a obtenção do Título de Bacharel em Biblioteconomia, 2016; Instituição: Universidade Federal do Cariri; Resumo: Aborda o Reisado como patrimônio cultural de Juazeiro do Norte e traça essa discussão a partir da Ciência da Informação. Esta pesquisa tem por objetivos: investigar, a partir da Ciência da Informação, as perspectivas de construção e preservação da memória no âmbito das peças de Reisado do Mestre Aldenir, considerando-as como um suporte para reconstrução/recuperação de experiências sociais e trajetórias de vida no contexto da Cidade de Juazeiro do Norte; realizar o registro de peças criadas pelo Mestre Aldenir, que se referem ou tem como tema a cidade de Juazeiro do Norte; identificar as políticas públicas existentes na região, relativas ao Reisado enquanto patrimônio cultural da cidade de Juazeiro do Norte. Para isso, trouxemos as origens do patrimônio cultural e suas diferentes concepções ao longo da história, fazendo o recorte para o contexto brasileiro. No âmbito da Ciência da Informação, abordamos o patrimônio enquanto documento, adotando a perspectiva defendida por Otlet (1934), Buckland (1991), Crippa (2010) e demais autores que colocam a capacidade informativa como a premissa básica para a definição do que seja um documento. Nesse sentido consideramos o patrimônio cultural como um documento de memória. Por último, reconhecemos o Reisado como patrimônio cultural de Juazeiro do Norte, devido sua expressiva presença na história e contexto da cidade, uma vez que a manifestação é uma referência em outros bens (cordel, xilogravura, pintura, músicas, entre outros) bem como para sua população. Constatamos a importância de se fazer o estudo e registro das peças de Reisado, pois delas é possível recuperar, tanto nas letras quanto nas memórias dos Mestres, parte da memória coletiva da cidade de Juazeiro do Norte. 
Título: A dinâmica do espaço devocional sertanejo – A devoção a Padre Cícero e sua contribuição na constituição da identidade do sertanejo; Autor: Wagner Lima Amaral; Tese de Doutorado, 2014; Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Resumo: A dinâmica do espaço devocional – A devoção a Padre Cícero e sua contribuição na constituição da identidade sertaneja tem como objeto de estudo a devoção sertaneja a Padre Cícero, sendo realizada através de ampla análise bibliográfica por meio de trabalhos historiográficos, analíticos e políticos. Parte da análise do lugar do sertanejo – o sertão, entendendo ser a difícil vivência em seu lugar a motivação para a invenção de um espaço particular, por meio de sua devoção, estabelecendo esperança de vida. Neste espaço cria uma dinâmica de transcendência x imanência em que ele transcende ao seu lugar, através de sua ligação com a referência de sua devoção – Padre Cícero, somando-se à sua ligação de convívio com os seus iguais – os devotos romeiros; e, desta forma, percebe a imanência do divino em seu lugar pela prática de sua fé, através de suas dimensões: coletiva, pela oralidade; performática, pelas romarias; e literária, pelos cordéis. A preservação desse espaço por meio de devoção, não somente estabelece novas dinâmicas para o sofrido sertanejo como influencia determinantemente em sua própria identidade, acrescentando ou acentuando características como uma visão poética da realidade, uma apropriação dos símbolos, uma resistência à desesperança, uma compreensão mística da vida. Tais características influenciam na formação de sua identidade, tornando-o autor e ator de sua própria realidade, inventor de uma dinâmica bela e esperança para a vida; na qual ressignifica antigos conhecimentos, tornando-os aplicáveis em seu novo contexto, criando uma resistente esperança na qual toda a realidade é entendida, interpretada e vivida em forte tonalidade mística cristã, trazendo significado para esta vida e a por vir, numa perspectiva escatológica triunfal. Assim, é o devoto que determina a preservação da vida ao sertanejo por meio de seu espaço. 
Título: Religião e Mercado em Juazeiro do Norte: Expressão do Sagrado e do Consumo Religioso na terra do meu “Padim”; Autor: Paulo César de Lima Andrelino; Dissertação de Mestrado, 2013; Instituição: Universidade Católica de Pernambuco; Resumo: O trabalho se propôs a fazer uma análise crítica acerca do envolvimento direto da pessoa do romeiro com uma realidade de comércio na cidade de Juazeiro do Norte, onde o visitante torna-se significativa moeda de valor. Acima de tudo, é buscado o lucro, o que se permite fazer uma leitura do romeiro não como uma criatura, mas como um referencial de valor monetário, enredado no mercado consumista que se entrelaça entre mercadorias e pessoas que visam apenas as vantagens financeiras. As lojas, hospedarias e todos os demais estabelecimentos comerciais almejam os tão esperados períodos de romaria, na certeza de garantir uma estabilidade econômica até o próximo evento que marca o calendário das idas à terra do Padre Cícero. Embora a fé e o mercado se misturem, o romeiro, devoto de fato, busca o sagrado utilizando-se de variados percursos e ritos para agradecer alguma graça alcançada em tempos precedentes. As igrejas da cidade favorecem os romeiros com celebrações ininterruptas, embora também elas abram seus cofres para que neles se materializem os sentimentos dos romeiros agradecidos. A pompa, muitas vezes presenciada nas missas celebradas com os romeiros, permite que eles percebam ser o templo-igreja o lugar onde de forma mais fácil Deus ouve suas preces e rogos. Por isso, a pesquisa se pautou por refletir tal realidade, analisando com prudência e lógica criteriosa, as posturas dos romeiros, do mercado e da Igreja Católica frente à relação entre o sagrado – manifesto na prática das romarias – e o profano – personificado no consumo dos objetos, sacros ou não, expostos no mercado da “cidade santa”.
Título: A cidade do Padre Cícero: trabalho e fé; Autora: Maria de Lourdes Araújo; Tese de Doutorado, 2005; Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro; Resumo: O Padre Cícero contribuiu para a formação e expansão da cidade do Juazeiro a partir de uma concepção de desenvolvimento pautada no trabalho e fé, modelando os espaços sagrados e econômicos de maneira articulada e indissociável. Das múltiplas vinculações entre o sagrado e o econômico emerge um conjunto de riquezas, contribuindo para transformar uma vila-santuário em uma cidade emergente, consolidando uma nova geografia na Região do Cariri e uma pulsante economia urbana.
A consolidação da economia de Juazeiro a partir da produção cultural de bens simbólicos é decorrente de três aspectos conjuntamente: a) concepção de desenvolvimento do Padre Cícero, a qual permite vinculações entre a imaterialidade e a materialidade; b) a construção de um espaço social de resistência: os devotos do Padre Cícero lutaram pelo direito de orar; e c) a emergência do indivíduo na cena cultural e na (re) valorização da fé, projetando os espaços sagrados em novos patamares de significado. Juazeiro, ‘Cidade Celeste’, ‘Cidade do Padre Cícero’, espaço sagrado, consolida a sua economia e assegura uma importante ocupação espacial, imaginando e (re) imaginando formas de apropriação do nome e da ‘imagem’ do ‘santo da casa’. De vila-santuário à cidade-oficina e às tentativas de reinvenção da cidade encontram-se presentes os aconselhamentos do Padre Cícero, pautados no trabalho e na fé.
Título: Formação do Professor de Arte do Ensino Público em Juazeiro do Norte: Reflexos no Ensino de Música; Autora: Isaura Rute Gino de Azevedo; Dissertação de Mestrado, 2013; Instituição: Universidade Federal do Ceará; Resumo: A presente pesquisa teve como propósito compreender como a formação do professor de Arte interfere no ensino de Música das escolas de Nível Médio público em Juazeiro do Norte-CE. A importância dessa pesquisa justificou-se frente à emergência da obrigatoriedade do ensino do conteúdo de Música nas aulas de Arte, no âmbito da Educação Básica, em decorrência da Lei n. 11.769/08. Pretendeu-se realizar uma pesquisa com abordagem qualitativa na modalidade de estudo de caso com aportes etnográficos e autobiográficos, baseada em obras de autores renomados no assunto, tais como: André (2008), Viégas (2007), Bogdan e Biklen (1994), dentre outros. As observações, os questionários semiestruturados e os relatos ampliados serviram como instrumentos para a coleta de dados. As reflexões sobre os relatos dos professores tiveram aporte em Tardif (2008), que trata do saber docente e a formação profissional, e Rodrigues (2010) e Bueno (2006), por abordarem a narrativa de si como estratégia de formação. Para análise das práticas musicais do professor em sala de aula foram levados em consideração os pressupostos estabelecidos por Swanwick (2003a e 2003b) para a Educação Musical. Os resultados da pesquisa apontaram que, para professores sem habilitação superior em Música, a formação continuada através de cursos livres e estudos autodidatas, configuram-se como possibilidades de efetivar a presença da Música na Escola Básica.
CIDADANIA JUAZEIRENSE
Quatro personalidades foram agraciadas com o título de Cidadão Juazeirense, em recentes atos do nosso Legislativo. Vejamos seus termos: Resolução N.º 907, de 07.06.2018: Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor FRANCISCO SANDOVAL BARRETO DE ALENCAR, pelos relevantes serviços prestados à nossa comunidade. Autoria: José Adauto Araújo Ramos; Coautoria: Paulo José de Macêdo; Subscrição: Rubens Darlan de Morais Lobo, José Barreto Couto Filho, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Francisco Demontier Araújo Granjeiro, Antônio Vieira Neto, José David Araújo da Silva, Glêdson Lima Bezerra, José Nivaldo Cabral de Moura, Márcio André Lima de Menezes, Cícero Claudionor Lima Mota, Cícero José da Silva, Luciene Teles de Almeida, Jacqueline Ferreira Gouveia, Auricélia Bezerra, Rita de Cássia Monteiro Gomes.

Obs.: Francisco Sandoval Barreto de Alencar é nascido em Barbalha, em 11.01.1970. É técnico em Enfermagem. Recentemente, pela Portaria Nº 0 3 1 0 / 2 0 1 8, foi designado para o cargo de provimento em comissão de Secretário Interino da Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho – SEDEST, para exercer a função de ordenador de despesa do Fundo Municipal de Ações para a Infância e Adolescência, atribuindo-lhe as funções de superintender a arrecadação de tributos, guarda e aplicação da receita; observar e acompanhar a regularidade da execução orçamentária e extra orçamentária da receita; autorizar o pagamento de liquidação de Notas de Empenho; emitir portarias de concessão de suprimentos de fundos, ajuda de custos e diárias; reconhecer dívidas; autorizar, adjudicar e homologar demais atos pertinentes aos processos licitatórios; firmar contratos, acordos, ajustes, ordens de compras e serviços; observar a regularidade da execução orçamentária e extra orçamentária das despesas, acompanhando os repasses a quem de direito e os valores pertinentes às receitas de consignações

Resolução N.º 908, de 07.06.2018: Art. 1.º - Fica concedido o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor JOÃO CORREIA SARAIVA, pelos relevantes serviços prestados à nossa comunidade. Autoria: José Nivaldo Cabral de Moura; Coautoria: Paulo José de Macêdo e José Tarso Magno Teixeira da Silva; Subscrição: Rubens Darlan de Morais Lobo, José Barreto Couto Filho, Francisco Demontier Araújo Granjeiro, Antônio Vieira Neto, José David Araújo da Silva, Glêdson Lima Bezerra, Márcio André Lima de Menezes, Cícero Claudionor Lima Mota, José Adauto Araújo Ramos, Rubens Darlan de Morais Lobo, Jacqueline Ferreira Gouveia, Auricélia Bezerra, Rita de Cássia Monteiro Gomes, Luciene Teles de Almeida.

Obs.: Dr. João Correia Saraiva nasceu em Barbalha, no dia 19 de novembro. Filho de Vicente Batista Saraiva e Otília Furtado Correia Saraiva. Casou-se em 3 de julho de 1979 com a Dra. Ártemis Helena Luna Saraiva, ambos médicos oftalmologistas e proprietários de moderna Clínica de Olhos em Crato. O casal tem três filhos: Isabel Cristina, Ana Cláudia e João Filho (também são médicos). 

Resolução N.º 909, de 21.06.2018: Art. 1.º - Fica concedido o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Ilustríssimo Senhor ARESKI DAMARA DE OMENA FREITAS JÚNIOR, pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade juazeirense. Autoria: Damian Lima Calú; Coautoria: Francisco Demontier Araújo Granjeiro e Glêdson Lima Bezerra; Subscrição: Rubens Darlan de Morais Lobo, Márcio André Lima de Menezes, José Barreto Couto Filho, Paulo José de Macêdo, José Adauto Araújo Ramos, José Tarso Magno Teixeira da Silva, José Nivaldo Cabral de Moura, Cícero Claudionor Lima Mota, José David Araújo da Silva, Cícero José da Silva, Rosane Matos Macêdo, Rita de Cássia Monteiro Gomes, Jacqueline Ferreira Gouveia e Luciene Teles de Almeida. 

Obs.: Areski Damara de Omena Freitas Júnior é alagoano, nascido em Maceió, em 09.03.1965, advogado, e prefeito da cidade de União dos Palmares, Alagoas.

Resolução N.º 910, de 21.06.2018: Art. 1.º - Fica concedido o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Ilustre Senhor RONILDO ALVES DE OLIVEIRA, pelos inestimáveis serviços prestados à nossa comunidade. Autoria: José Nivaldo Cabral de Moura; Coautoria: Francisco Demontier Araújo Granjeiro e Damian Lima Calú; Subscrição: Glêdson Lima Bezerra, Antônio Vieira Neto, Rubens Darlan de Morais Lobo, José Barreto Couto Filho, José Adauto Araújo Ramos, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Paulo José de Macêdo, Domingos Sávio Morais Borges, Herbert de Morais Bezerra, Cícero Claudionor Lima Mota, Cícero José da Silva, Auricélia Bezerra, Rita de Cássia Monteiro Gomes, Jacqueline Ferreira Gouveia e Luciene Teles de Almeida.