sábado, 4 de março de 2017


BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que semanalmente estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de quartas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
250: (01.03.2017) Boa Tarde para Você, Geraldo Moreira de Oliveira
Pelo respeito e admiração que lhe devoto, Geraldo, leio nas redes sociais as suas observações sobre esse nosso Juazeiro, sem uma representação digna, nem de deputado estadual, federal, ou senador, ao tempo desse último vexame, com desacertos sobre a redivisão territorial, pela Assembleia. Concordo consigo ao afirmar que a culpa cabe exclusivamente a nós, povo, que tão ingenuamente delegamos competência aos políticos, os mesmos que propõem e votam em estranhos e causas, sem qualquer compromisso com a cidade, em troca de vantagens, quase sempre inconfessáveis. É óbvio que necessitamos de uma campanha para a conscientização dos eleitores, para que Juazeiro eleja pessoas competentes e ligadas à terra e não forasteiros, “paraquedistas’”, como é o habitual, mas em 2014, quando nos competia contribuir com a seleção de um bom quadro de representantes para a nossa Assembleia, éramos 147.655 eleitores habilitados, e votamos 133.989, em 501 seções, com 115.295 votos válidos, sem pensar muito nessa necessidade. Para deputado estadual, o eleitorado juazeirense preferiu pulverizar sua força votando em 544 candidatos, embora os primeiros colocados na votação tenham sido Dr. Santana, com 24.034 votos e o Dr. Vasques, com 8.975 votos, que tiveram 29,41% dos votos possíveis para suas eleições. O fato é que, literalmente, nós perdemos ao por na lata do lixo, um quantitativo de 70,59% dos nossos votos, da nossa força cidadã para escolher bem os nossos representantes, exatamente porque, desgraçadamente, nós não vamos passar o resto da vida sem precisar deles. Agora, Geraldo, estamos perplexos com o que nos aconteceu, porque a Assembleia alterou a divisão do território estadual, procurando equacionar eventuais conflitos de fronteiras, aprovando para a sanção governamental, já efetivada, a famigerada Lei 16.198, publicada em 16.01.2017. A palavra famigerada, Geraldo, é parte da indignação que sentimos, em razão de alguns expressivos indicadores, sendo o primeiro deles a inusitada “solapação” do espaço territorial juazeirense, num quantitativo que nem sabemos ainda ao certo, em detrimento dos quatro confrontantes. No barulho, ainda não está devidamente explicado o que perdemos naquilo que demorou pouco mais de cem anos para que retirado indevidamente, parte do que foi o grande acordo das lideranças de então para que aparecêssemos no mapa do Ceará, apesar de tão pequena área. Mas, apesar dessa tão pequena em área, hoje essa comunidade contabiliza números, valores, referências e outros marcos que enche esse Estado de um certo orgulho, pela exuberância de sua resolução desenvolvimentista, verdadeira a partir dessa sua liderança perante os 4 limitantes. Juridicamente, Geraldo, como sabemos a questão nasceu no Governo, o executivo, que para a Assembleia enviou estudos que seus órgãos competentes realizaram para subsidiar o que o colegiado teria que decidir. Dos atuais 46 deputados na Assembleia que necessitaram juntos 2.613.836 votos dos cearenses (de um eleitorado de 6.271.554, apenas 42%) para estarem lá, 26.560 saíram das urnas de Juazeiro do Norte, que embora represente apenas 1,02%, é parte indissociável de todos os 184 municípios. Relevo, primordialmente que moralmente, em causa justa a ser considerada, há um condicionante a ser destaque, pois todos eles, sem exceção, tiveram votos em Juazeiro do Norte, em número que é apenas um pouco menor que o concedido aos dois principais candidatos da terra. E que não se elegeram, pois apenas um ficou suplente, já efetivado na barganha com o governo, sempre a propósito da velha mania de nomear secretários dentre os membros do legislativo, como prática reprovável de acomodação de acordos que não se revelam publicamente. Outra coisa da qual lamentamos muito é a ingenuidade dos senhores deputados que agora se verão com a impetração de Ação de Inconstitucionalidade que, se procedente como estratégia de sobrevivência da nossa parte interessada, poderá restaurar nossos direitos sobre a terra ocupada. Isso põe em cheque a competência da sua retaguarda que não viu a tempo que a necessária causa passaria entre uma consulta plebiscitária e um grande entendimento como já enfrentamos em 1911. Agora, Geraldo, correndo atrás do prejuízo, o povo espera que a advocacia municipal consiga reverter essa disposição para surgir uma solução favoravelmente à nossa causa, pois afinal, como se diz, sapientissimamente, por aí, o negócio só é bom se for bom para os cinco.
(Crônica a ser lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em ??.03.2017)

BOM DIA!
Continuo transcrevendo nesta coluna semanal o conjunto de sete textos que estão sendo publicados na minha página do Facebook, tratando de questões relacionadas com a atualidade da vida juazeirense, com o objetivo de fomentar uma ampla discussão sobre esses temas de nosso interesse. Os que desejarem contribuir com esse propósito, poderão dispor do espaço na rede social, ou encaminhando sua opinião para o nosso endereço. Muito grato.
BOM DIA! (57) Por Renato Casimiro
A FAMILIA DE MEUS AVÓS, ANTONIO E EUDÓCIA (I)... A matriz étnica mais importante de minha existência, sem dúvida alguma, é a minha ascendência materna, de romeiros alagoanos vindos para Juazeiro do Padre Cícero, desde o berço da civilização alagoana. Meu avô materno, Antonio Soares da Silva chegou a Juazeiro no começo do século passado, no ano de 1910, se supõe. Veio como milhares de conterrâneos seus, alagoanos, que ainda hoje continuam a vir, em atenção ao último desejo do Padrinho: “- Não deixem de vir ao Juazeiro, depois de minha morte.” Soares, pode não ter vindo ao Juazeiro em romaria, mas tudo indica. Católico fervoroso, era devoto de Nossa Senhora das Dores, devoção cultivada pelo Patriarca, e que fez crescer a afluência de alagoanos, sobretudo nesta data maior da Paróquia-Matriz, 15 de Setembro, a grande festa da padroeira, que de longa data se configurou numa das maiores e mais expressivas romarias do ano. Para milhões de nordestinos, especialmente os de Alagoas, o Juazeiro era, e ainda hoje é, a paragem obrigatória de seu encontro com o Reino de Deus. Muitos vieram para a cura de seus males, pela fé, pela esperança, num ritual sofrido, percorrendo légua tirana, em busca de uma terra prometida. É provável que Antonio Soares tenha vindo por estes mesmo motivos, decidido a refazer sua vida, trazendo mulher e com filhos para criar. Vamos falar um pouco da sua origem. Para isto já nos bastaria uma lida no seu Batistério: Parochia do Senhor do Bomfim, Viçosa, Diocese de Maceió. Certifico que a folha 241, do livro 9 de registro de batisados, desta parochia, encontrei o de Antonio, assim escripto: “Aos dois de fevereiro de mil oitocentos e oitenta e quatro, na Capella do Barro Branco, o Padre Francisco de Borja Barros, baptisou solennemente ao parvulo Antonio, tendo dose dias, filho legitimo de Manoel Soares da Silva e Vicência Maria; foram padrinhos Severino Soares da Silva e Severina Maria. O vigário Francisco Manoel da Silva.” E nada mais. Ita in fide parochii. Viçosa, 8 de Março de 1919, Vigário Cônego Durval Góis. Reconheço serem verdadeiras e de próprio punho do signatário a letra e firma retro do Cônego Durval Góis; do que dou fé. Em termo da verdade. Viçosa 8 de Março de 1919. Pe. José Carlos de Hollanda Padilha. Esta cópia do seu Batistério, nos guardados de família, tem data posterior ao seu segundo casamento e, provavelmente, foi solicitado ao pároco de então para uma outra finalidade. Nele, algumas observações. Embora conste Viçosa, na verdade seu nome era Vila de Assembléa, então pertencente à comarca de Atalaia. Só oito anos depois, em 14 de Maio de 1892, foi elevada à categoria de cidade, com o nome de Viçosa, por Decreto n. 7, do então governador de Alagoas (1892-1894), Marechal Gabino Besouro. O local de nascimento, um dos municípios mais expressivos em toda a existência da romaria de Juazeiro, segundo me disseram, é “o berço da civilização das Alagoas”, “a Atenas de Alagoas”. Ao redor de Viçosa encontraremos outros núcleos que muito contribuíram para o crescimento de Juazeiro. Podem ser citados: Murici, Atalaia, São Miguel dos Campos, Pilar, União dos Palmares, Cajueiro, Capela, Rio Largo, Messias, e tantas outras. A vida de Antonio Soares, enquanto viveu em Viçosa, solteiro, segundo a oralidade familiar, foi a de um simples agricultor, vivendo com os pais na localidade de Riacho Seco. Por não terem terras, trabalhavam para os senhores donos do engenho do lugar. Aos vinte dois anos de idade contraiu o seu primeiro matrimônio com Cesina Ferreira de Albuquerque. Registremos aqui a certidão destas núpcias: Certidão de Casamento. Contrahentes – Antonio Soares da Silva – Dona Cesina Ferreira de Albuquerque. O escrivão José Candido de Castilho. Certifico, por me ser pedido verbalmente, que revendo os livros onde se acham lavrados os termos de casamentos deste município, em um deles à fl. 172 encontrei o assento do teor seguinte: Aos seis dias do mês de junho do ano de mil novecentos e quatro neste engenho denominado Riacho Secco, do município de Viçosa, Estado de Alagôas, em casa de residência do cidadão Romualdo Ferreira do Nascimento, às duas horas da tarde, perante o cidadão Major Numa Pompílio de Barros Correia, Juiz Districtal em exercício, commigo escrivão de seo cargo abaixo assignado e as testemunhas Antonio Soares da Silva e Manoel Romualdo de Albuquerque, ambos agricultores, residentes neste engenho acima falado, receberam-se civilmente em matrimonio o cidadão Antonio Soares da Silva e dona Cesina Ferreira de Albuquerque; aquele solteiro, de vinte e dois annos de idade, natural deste Estado, agricultor e filho legítimo de Manoel Soares da Silva e de Vicencia Maria da Conceição, ambos fallecidos, e esta solteira, de dezoito anos de idade, também natural deste Estado e filha legitima de Romualdo Ferreira do Nascimento e de Joanna Florentina de Albuquerque, residentes no engenho Riacho Secco, acima fallado; os quaes declararam nessa mesma occasião serem parentes no quarto gráo e não haver impedimento dos declarados pelo juiz;  eu firmei do que lavrei este termo que vai por todos assignada, assignando a rogo da nubente que declarou não saber escrever o cidadão Vespasiano da Rocha Tavares. Numa Pompílio de Barros Correia. Antonio Soares da Silva. A rogo de Cesina Ferreira de Albuquerque, Vespasiano da Rocha Tavares. Manoel Romualdo de Albuquerque, casado, de vinte e nove anos de idade, agricultor, residente neste município. Julio Pereira do Nascimento, casado, de vinte e dois anos de idade, agricultor residente neste município. O escrivão José Candido de Castilho. Era o que se continha em dito assento que fielmente copiei do original a que me reporto e dou fé. Viçosa, 6 de Abril de 1918. José Candido de Castilho, Escrivão. Deste seu primeiro casamento, nasceram-lhes os filhos Sizenando (Nane) (16.06.1904), Maria José (Zuza) (1906?) e Etercília (10.07.1910). Aí por volta do fim de 1910, aproximadamente, o casal decidiu deixar Viçosa e vir morar em Juazeiro. Foram vários dias de viagem – viagem para mais de oitenta léguas a cavalo, pelo interior dos Estados de Alagoas e Pernambuco, antes de chegar ao Sul do Ceará, trazendo pequena mudança no lombo de animais. Os filhos vieram em caçuás, grandes cestos de vime, arrumados nas montarias. Em Juazeiro, foram morar em casa simples na Rua São Sebastião (hoje Delmiro Gouveia). Com parcos recursos, do que foi possível se desfazer em Alagoas, a família montou pequeno negócio de mercearia, a tradicional bodega interiorana, vendendo um pouco de tudo, entre gêneros de primeira necessidade e utilidades domésticas, na parte da frente da residência. No final de 1911, conforme relata o jornal cratense Correio do Cariri, de 19 de novembro, “a varíola estendeu o seu campo de ação, caminhou ao longo da via férrea, estacionou em Suçuarana, chegou ao Juazeiro e agora até nós”. No ano de 1912, pouco mais de um ano de sua permanência em Juazeiro, Cesina foi acometida de varíola e não se curou, falecendo. Já se fazia vacinação na região, mas no seu caso, certamente, a prevenção não aconteceu. Seu sepultamento ocorreu em uma área reservada da cidade, nas proximidades do, hoje, Hospital São Lucas, onde havia um cemitério, dito, dos variolosos (bexigosos), mandado construir por Pe. Cícero, segregado dos dois outros cemitérios da cidade – o do Socorro e o da Rua Nova. O cemitério dos variolosos foi, anos depois, completamente desfigurado, pois, por sobre ele, em parte reformou-se a capelinha construída pelo beato Manoel Cego que já era dedicada a São Miguel, hoje Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, e de outra parte se construiu o hospital já referido. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 26.02.2017)
BOM DIA! (58) Por Renato Casimiro
A FAMILIA DE MEUS AVÓS, ANTONIO E EUDÓCIA (II)... Viúvo, Soares continuou criando os seus filhos e vivendo para o seu trabalho. Conheceu, então, Eudócia Maria da Conceição (Neném), sua conterrânea alagoana, também de Viçosa. Namoraram, noivaram e, em pouquíssimo tempo, casaram-se em 09.11.1912. Anoto, aqui, a certidão do seu segundo casamento: Certidão. O cidadão Vicente Pereira da Silva, Oficial do Registro Civil do Município do Juazeiro, Estado do Ceará, etc. Certifico, que revendo em meu cartório o livro do Registro Civil dos Casamentos, sem número, no qual escrevia o escrivão Enoque Miranda Nogueira, dele às folhas trinta (30) verso e trinta e uma (31), consta, sob o número de Ordem quarenta (40), o assento do casamento do teor seguinte: “Termo de casamento civil celebrado entre os contrahentes Antonio Soares da Silva e dona Eudócia Maria da Conceição, tudo como abaixo se vê, etc. Aos nove dias do mez de novembro de mil novecentos e dose, nessa villa do Juazeiro, termo deste nome, comarca de Crato, Estado do Ceará, em casa de residência do Juiz de Casamentos desta villa, major Pedro Fernandes Coutinho, presente este, commigo Official de seu cargo abaixo nomeado, ahi, pelas três horas da tarde e a portas abertas, receberam-se em matrimonio Antonio Soares da Silva, de trinta e cinco annos de idade, viúvo, commerciante, natural de Viçosa, Estado de Alagoas, e actualmente residente nesta villa, filho legitimo de Manoel Soares da Silva e dona Vicência Maria da Conceição, já fallecidos; e dona Eudocia Maria da Conceição, de dezenove annos de idade, solteira, costureira, natural de Viçosa, Estado de Alagoas, filha legítima de Tertuliano Barbosa da Silva e dona Maria Alves da Silva, residentes nesta villa, todos conhecidos de mim tabellião e das testemunhas abaixo. Declaram que já se haviam habilitado perante o respectivo Oficial de Casamentos civil, e que também já se haviam casado religiosamente, no dia quatro de setembro do andante anno de mil novecentos e dose. E de tudo, para constar, se lavrou este termo, em que assignam o juiz, os cônjuges, e as testemunhas Pedro da Costa Nogueira, Ananias Eleutherio de Figueirêdo e Antonio Baptista de Sousa Carneiro, assignando á rogo da contrahente, a testemunha Pedro da Costa Nogueira, que tudo dou fé. Eu, Henoc Miranda Nogueira, Escrivão interino dos casamentos civil, o escrevi (assignados) Pedro Fernandes Coutinho – Antonio Soares da Silva – Pedro da Costa Nogueira, de quarenta e nove annos de idade, casado, empregado público, residente em Milagres – Ananias Eleuthério de Figueirêdo, de vinte annos de idade, solteiro, commerciante, residente nesta Villa – Antonio Baptista de Sousa Carneiro, de cincoenta e seis annos de idade, casado, artista, residente nesta villa – José Gonçalves d´Oliveira”. Está conforme com o original. Dou fé. Eu, Expedito Pereira, escrevente, a datilografei. E, eu, Vicente Pereira da Silva, Oficial do Registro Civil, a subscrevo, dato e assino. Juazeiro, 23 de Novembro de 1941. Casado com Eudócia (Neném), a família continuou morando na Rua São Sebastião por pouco tempo, talvez uns três anos, pois dos filhos que se criaram, aí somente nasceu Maria dos Anjos (Dosanjos) em 02.08.1915. Lembraria, Ivaniza, que este fato era dito por brincadeira na juventude das filhas de Soares: “ela foi a única que nasceu nos Ariscos”, pois era assim que se tratava a periferia da cidade. Naquela época, o lugar era um povoado, onde quase tudo acontecia ao redor de um quilometro da igreja, sob o olhar vigilante do Pe. Cícero. As terras eram protegidas pelos valados da Mãe de Deus, imensas trincheiras que circulavam a cidade e que lhe permitiram rechaçar as forças policiais do Governo do Ceará, na triste página da Sedição de Juazeiro (fins de 1913 - começo de 1914). Felizmente, aconteceu a vitória das forças comandadas pelo deputado federal Floro Bartholomeu da Costa, com o apoio do então presidente da república Hermes da Fonseca, trazendo a tranqüilidade de famílias pacatas, como a de Soares e de Neném que apenas começavam nova vida. Sobre estes primeiros anos da vida de Neném e Soares na Rua São Sebastião, cabe aqui mencionar que, segundo relato que a tia Dosanjos me fez, há muitos anos, quando iniciei apontamentos genealógico sobre a família, ela referiu que antes do seu nascimento o casal tivera duas filhas, ambas falecidas em tenra idade: Maria Nazaré, provavelmente nascida em 1913, e Maria Custódia, em 1914. A família permaneceu aí, então, até o final de 1915, quando Soares comprou uma nova casa na Rua São Francisco. Todos os demais filhos de Soares e Neném nasceram na nova morada da São Francisco. Doralice, minha mãe, veio ao mundo em 19.03.1917. A Dosanjos e a ela se seguiram: José (23.12.1919), Edmilson (06.06.1923), Ivaniza (21.08.1924), Silvanir (01.11.1925), Zuleica (15.02.1928), Maria (29.06.1929), e Maria José, falecida pouco tempo depois de nascida, em 1930. Meu avô teve diversas atividades no comércio. De fato, esta era a sua vocação. Depois da bodega da Rua São Sebastião, instalou uma padaria que ficava na Rua São Francisco, 100, vizinho à residência da família, onde hoje é o depósito da Aliança de Ouro, no número 318 (nova numeração). A padaria era uma casa maior que a de residência, uma casa simples de porta e janela. A padaria tinha dois cômodos e um quintal. No primeiro havia a parte de vendas com balcão e prateleiras. Na segunda sala havia pequenos equipamentos para a fabricação dos pães, como mesas, guarda de farinha, cilindros e um forno de alvenaria. No quintal se mantinha a lenha para fazer o aquecimento do forno. Na padaria se faziam pães em bisnagas de 200 g, bolachas populares de um tipo chamado Canela - doces e arredondadas, e outras, ditas secas, salgadas e quadradinhas. Havia também os pães dos tipos doce, carteira, e outros mais. Na padaria não trabalhava nenhum dos filhos, mas dentre os empregados havia alguns sobrinhos do vovô. As matérias primas meu avô as adquiria no armazém do português Manoel Simões Loiro, em Crato. Ouvi diversas vezes estórias e até conheci um antigo colaborador de Soares, vendedor da velha Padaria. Numa destas estórias se falava que a padaria fornecia pães para a alimentação de contingente para-militar, de grupos como os Pedros, os Pinheiros e outros que se mantiveram ativos depois da Sedição. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 27.02.2017)
BOM DIA! (59) Por Renato Casimiro
A FAMILIA DE MEUS AVÓS, ANTONIO E EUDÓCIA (III)... A vizinhança dos Soares na Rua São Francisco, no quarteirão entre as Ruas São Pedro e São Paulo, poderia assim ser resumidamente descrita: Do lado impar da rua, desde a São Pedro: a loja e a residência das proprietárias, as beatas, dentre as quais a beata Angélica (depois foi loja de tecidos de Mundinho Figueiredo); a morada da família de Mariana e Ezequiel Almeida, e os filhos, Ferrer, Assis, Gezo, Dão, Maura, Terezinha e Alacoque; alguns quartinhos de Ezequiel Almeida; a Usina de Algodão, de Antonio Pita (hoje é o Banco do Brasil); a residência de Doninha e Manoel Chaves, e as filhas Isaura, Alacoque, Francisquinha e Nair; o escritório da firma P. Machado, processadora de algodão em pluma, sob a gerência de Aderson Brito; e na esquina da São Paulo, a casa da família de dona Nininha e Sandoval, pais de Juarez e Leide, que se casaria com José Viana Filho. Do lado par da rua, a começar do “oitão” da Farmácia Brasil, pois a família de dona Zila e do proprietário Dr. Manoel Belém de Figueiredo residia na Rua São Pedro, 337: a residência de Jamil Jereissati, a única casa da rua que era recuada e tinha jardim à frente (depois ela se tornou morada de um outro casal de libaneses, gente muito amiga dos Soares, embora com dificuldade de expressão, pois só falavam sua língua de origem e francês, e eram católicos, dona Georgete e seu Barakat, com as filhas Arlete e Samira); a morada da família de Maria Feitosa; casa de dona Maria (Mariinha) e Mestre Manuel (Neco) e os filhos José (Zezinho), Pedro, Nerci, e uma irmã freira; a Padaria e a moradia dos Soares; a casa de Conceição e Sebastião (Sebasto) Marques e os filhos Lourival (radialista de grande importância, desde o CRP até a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro), Maria Alice e Iraci; a família de dona Maria Miranda (funcionária pública que eu já fui conhecer na Escola Normal Rural); a residência de Vicentina e Raimundo (Mundinho) Coimbra (Dárim, José, Lenita, Stela, Raimundo Olavo, Ditinha, Antonio (Mascote); a casa de morada de Francisca (dona Tica) e Mariano Garcia, e as filhas Balbina  Maria de Lourdes (que depois se tornaria freira salesiana, residente em Manaus), e João; e os armazéns da firma P. Machado, na esquina da São Paulo, onde hoje é a Rádio Progresso. Por volta de 1923, Antonio Soares abriu uma loja de tecidos na Rua São Pedro, 293, do lado da Praça Pe. Cícero, onde funcionaria depois o Grêmio Mons. Joviniano Barreto, dirigido pelo prof. Elias Rodrigues Sobral. Desta loja as filhas já não lembram quase nada. Talvez que havia um quintal vasto onde meu avô criava galinhas e engordava capões. As dificuldades da economia da época (a quebra do algodão) já nos anos 30, e o fiado, levaram a sua falência. Conseguiu pagar os credores e fornecedores. Mas, faliu. Com isto, também fechou a padaria e vendeu a casa de residência, se passando para a padaria, que era maior. Nesta época, seu bem material mais valioso e que ele poderia dispor, sem comprometer o bem estar da família, era um relógio de ouro, presente do seu compadre Francisco (Chico) Alencar. Vendeu-o e com o dinheiro fez capital de giro para novo empreendimento. Tornou-se ambulante, vendia facas e punhais, e viajava pelo interior do Ceará. Frequentava as festas interioranas, principalmente em Canindé e Acarape, onde estabeleceu um depósito. O tio José, já rapazinho, ia frequentemente na companhia do vovô, e até residiu em Acarape, à margem da velha estrada de ferro da Rede Viação Cearense, que já ligava Juazeiro a Fortaleza, desde 1926. Suas viagens tornaram-se muitos comuns. Às vezes voltava para casa no trem da feira que chegava a Juazeiro pelas 11 horas e já às 14 horas estava voltando, carregado de mercadoria para atender ao mercado. Era apenas o tempo de arrumar a mercadoria em sacos de estopa e passar os pacotes para a cabeça do chapeado 11, uma figura inesquecível, que os levava para a estação ferroviária onde seriam despachados. Depois do almoço, a despedida com a família e pegar o caminho de volta, para a luta da sobrevivência. Depois, meu avô passou a vender variedades. Podia ser cebola, sapato, chocalho, cordas, qualquer coisa que tivesse mercado. Sapatos, parece ter sido o melhor negócio. Nessa fase de vendedor ambulante, Antonio Soares conseguia fazer outro tipo de negócio, pois comercializava material de sucata. O quintal da casa da Rua São Francisco se enchia de material sucateado, trazido de caminhões das bandas da capital, para servir de matéria prima para fundições, principalmente na produção de chocalhos para gado, um tipo de artesanato que muito prosperava no Juazeiro. “Ciço Preto”, pai de meu amigo José Carlos Pimentel e Silva, era um destes transportadores frequentes. E vovó Neném ficava encarregada de fazer as vendas, enquanto Antonio ganhava o mundo para continuar sobrevivendo e alimentando a família. Pouco se sabe do relacionamento de Soares com seus sogros. Ao tempo em que residiam na São Francisco, Tertuliano Barbosa da Silva (pai Terto) e dona Maria Alves da Silva (Madrinha Santa), os pais de Eudócia, já residiam na Rua São José, número 846. Dosanjos, das filhas mais velhas de Soares, assim se referia aos seus avós: “Pai Terto era um homem alto, moreno e forte. Madrinha Santa era baixinha, branca e de olhar miúdo. Já viúva, Madrinha Santa manteve a bodega que a família tinha na Rua São José. Anos depois, encerrou os negócios, e mudou-se para uma casa na Rua da Conceição, no terreno onde depois se construiria o Clube dos Doze. Aí, numa casa simples, de fundo correspondente ao da residência de meus avós na Rua São Francisco viveu seus últimos anos. Sua casa era frequentada pelos netos. O quintal da casa de Madrinha Santa dava para o Cine Roulien. José Soares, Dão Almeida, (Dr.) Ney Tavares e outros rapazes, a turma da época, pulavam o muro para entrar de graça no cinema.” Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 28.02.2017)
BOM DIA! (60) Por Renato Casimiro
A FAMILIA DE MEUS AVÓS, ANTONIO E EUDÓCIA (IV)... A despeito de ter sido uma pequena morada para a família, significativamente a casa da Rua São Francisco foi a única que abrigou todos os filhos de Soares, ao todo 11 filhos. Mas, foi na Rua São Francisco que a família começou a se separar. De início foi o empenho de meu avô com a educação de Sizenando, no Colégio Militar do Ceará, em Fortaleza, para onde foi mandado em regime de internato. Nane fugiu do colégio e meu avô teve grande desgosto. Seu casamento com Altina foi em 1923.  Eles moraram na mesma Rua São Francisco numa casa que pertencia a meu avô. Aí nasceu o primeiro filho Milton, em 17.06.1925. Zuza casou com Cândido Lopes da Silva, da localidade Lameiro, Crato, e foi morar na Rua São Francisco. Aí nasceu a primeira filha, Zelita. Depois mudaram-se para Aracati e Limoeiro do Norte. Em Limoeiro nasceram-lhes os filhos Hamilton (22.05.1929) e Ivanildo (30.09.1930). Depois foram para São Paulo. Em 1937 Etercília casou com Álbis Irapuan Pimentel, na época funcionário da Usina de Algodão de Antonio Pita. Foram morar na Rua São Pedro, junto a área de comércio, onde nasceram os filhos Eugênio Paceli e Eugênia Celi. Anos depois se mudaram para a Rua Pe. Cícero, 413 e aí ficaram até falecer. Etercília se referia a parentes em Palmeira dos Índios. A residência da família na Rua São Francisco entre os anos 20 e 1935 foi ficando desconfortável, pois havia, em frente à casa de vovô, a Usina de Algodão de Fenelon Pita, posteriormente administrada por seu filho Antonio Pita. Essa vizinhança trouxe para a família alguns inconvenientes. Em primeiro lugar, havia pequenos acidentes com fogo que poderiam precipitar, a qualquer momento, grandes incêndios com pluma de algodão. Quando isto acontecia vinha um desespero dentro de casa e várias vezes os móveis e objetos tiveram que ser levados para o fundo do quintal da casa, prevendo-se o pior. Outra coisa era a atmosfera do lugar. Por causa da poeira do algodão, principalmente a minha tia Dosanjos, recentemente falecida aos 89 anos, padeceu de asma e alergia respiratória. Como se não bastassem estas duas coisas, dia e noite, o movimento de cargas, com caminhões à porta, tomavam a frente das casas e o tratamento do pessoal de capatazia era desrespeitoso. Não queriam nem saber e, freqüentemente, até fechavam as entradas das portas, impedindo a família de ir e vir, livremente. Meu avô então, ouvindo recomendação expressa do médico Dr. Mozart Cardoso de Alencar, pela questão da saúde dos filhos, mudou a família para uma casa alugada na Rua São Pedro, 525. Isto foi quase ao final de 1939. Na nova casa, pouco tempo passaram, coisa de um ano e meio. Meu avô continuou procurando outro imóvel adequado à família. Encontrou a que desejava na Rua São José, 478. Quando submeteu a aquisição a minha avó, a sua reação foi contrária. Não queria, não tinha gostado, a localização não era boa, pois pela Rua abaixo corria uma água vinda da lagoa que havia onde depois se construiu a casa do prefeito Feitosa. Até se usava a expressão “a lagoa encantada”. Ela achava que as condições seriam insalubres, com mosquitos e doenças. Mas, Soares, mais jeitoso, convenceu dona Neném a aceitar a compra da casa, e a família se mudou para lá, em maio de 1941,definitivamente, hoje sabemos. Contudo, a casa era, ainda, pequena para comportar o casal e filhos. Algum tempo depois, vovô compraria a casa vizinha - o que se chamava de meia-água, o número 484. Com uma boa reforma a casa passou a ter sala de visitas, dois quartos, sala de jantar, despensa e cozinha, além de instalações sanitárias no quintal. Foi assim que já fomos encontrá-la, Ana Célia, eu, Doralice, e Luiz, quando passamos a residir na Rua, vindos da São Francisco. Por um tempo, manteve-se a individualidade de ambas, embora interligadas por uma porta, na altura das salas de jantar. Na Rua São José a família continuou se reduzindo. José casou, em 1943, com Angélica, uma sobrinha da beata Angélica, que tinha uma loja de variedades na Rua São Pedro, esquina com São Francisco. Moraram na Rua São Francisco e depois se mudaram para a Rua da Conceição onde a família comprou casa. Aí nasceram seus 5 primeiros filhos (Antonio Carlos, Ângela Marta, Ana Lívia, Adauto e Ana Lúcia). Depois partiram para São Paulo. Com os bons resultados e a evolução dos negócios de ambulante, meu avô voltou a se estabelecer no comércio de Juazeiro, entre 1942 e 1948. Montou uma sapataria, na Rua São Pedro, 619. Nela trabalharam os filhos Ivaniza (na parte comercial), José e Edmilson (na oficina). A oficina da sapataria ocupava dois prédios, próprios, na Rua Santa Luzia, perto do Cine Eldorado. Aí se fabricavam diversos tipos de sapatos masculinos e femininos. A peça de combate era, principalmente, as alpercatas de rabicho, tão usadas pelos sertões. O tio Edmilson era exímio artesão e era o mestre dos cortes e conferia os acabamentos, com zelo e perfeição. Ainda por vários anos, Antonio Soares manteve-se como fabricante de calçados e os negócios em vários municípios pelo interior do Ceará, particularmente ao longo da via férrea para Fortaleza. Dos prédios da Santa Luzia, ele viria a perder um deles em pagamento de uma dívida contraída por Antonio Duda, pessoa casada com uma sobrinha de meu avô, e por ele avalizada. Duda não pagara nem os juros ao agiota José Pedro da Silva, fato que deixara meu avô muito abalado. Isso já foi no começo de março de 1948, e até se acredita que a sua angústia diante deste fato seria a causa de sua súbita crise de angina. Na manhã do dia 11.03.1948, logo após o café, foi para o trabalho na loja da Sapataria que funcionava na Rua São Pedro 619. Daí um pouco voltou em casa e se queixou a Neném que estava sentindo uma dor no braço esquerdo, que se estendia pelo peito. Vovó lhe preparou um chá e o tranquilizou, recomendando uma visita ao consultório de Dr. Mozart. Mas, ele não esperou que o médico chegasse, e voltou ao trabalho. Em seguida, pela permanência dos sintomas, voltou para casa e vovó foi procurar pelo médico que o socorreu. Com a ausculta, Dr. Mozart não encontrou nenhuma alteração e até achou que seria uma dor reumática que lhe atacava. Prescreveu uma injeção e recomendou repouso. À tarde, dona Dade (Soledade) Magalhães, diligente enfermeira de todo o Juazeiro por aqueles tempos, veio aplicar-lhe a injeção e, enquanto, fazia a esterilização do aparelho, ouviu-se o alarme. O infarto (dizia-se na época, colapso cardíaco) foi fulminante. Eram 17 horas do dia seguinte àquela grande contrariedade que tivera, acima mencionada, quando perante o tabelião da cidade, assinara a escritura de transferência do imóvel que perdera. Bom dia.
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BOM DIA! (62) Por Renato Casimiro
A FAMILIA DE MEUS AVÓS, ANTONIO E EUDÓCIA (V)... Não era somente da gente da sociedade do Cariri, naquela época, que fazia a amizade próxima do casal Neném e Antonio. Muita gente mais simples, dos sítios, fazendas e distritos tinha o apoio de Antonio Soares, a sua cordialidade e consideração. Fosse como comerciante, fosse como amigo, pois era fiel, companheiro e colaborador dedicado. Por isto mesmo, os filhos tinham sempre a grata alegria de receber deles, todos, os primeiros frutos das safras. Eram presentes generosos que enchiam as despensas das casas, desta gente amiga que nunca dispensou o tratamento de reciprocidade, a altura dos gestos generosos do casal. Outra coisa era a acolhida que Soares e Neném tinham na casa de Pe. Cícero, em vida, e após a sua morte, recebidos pelo carinho de Joana Tertulina de Jesus (a beata Mocinha) a quem chamavam de Madrinha Mocinha. A casa dos Soares era uma hospedaria, pois para ela, frequentemente afluía gente dos sítios, de Caririaçu (família Borges-Adélia e Afonso Borges, e os filhos Ceci, Dada, Adalgisa, Paulinho e outros, família Morais, família de Chico Chagas), do Cedro (Pereira Fernandes), de Crato, de Barbalha, de outras cidades. Eram amigos, parentes, compadres que nos visitavam. Neném e Soares eram padrinhos de Francisquinha que seria Sra. Alfeu Guimarães, irmã de Neném Bezerra. (Verificar o nome dos pais e a data de nascimento dela.), também padrinhos de Lelí Figueiredo, sra. Manoel Pereira Cansanção (Né), portanto compadres do casal Raimundo (Mundinho) Figueiredo. Com a morte de Soares, minha mãe, Doralice, assumiu a frente dos negócios e tentou levar o empreendimento à frente. Infelizmente a conta de fiados devidos à Sapataria era grande e pouca gente honrou o compromisso. Chegou um momento em que o apurado não dava para pagar os custos de matérias primas, empregados e outros custos fixos. Então se decidiu encerrar a loja naquele ano de 1948. Doralice casou com Luiz Casimiro em dezembro de 1948, e foram morar na Rua São Francisco, 398. Aí nasceram seus dois filhos, Antonio Renato e Ana Célia. No começo dos anos 50 foram morar na Rua São José 484, vizinhos de Neném Soares, já viúva. Doralice estudou na Escola do prof. José de Anchieta Caminha Gondim, nos anos 20. Na Escola Normal Rural esteve entre 1934 -1938, quando se diplomou professora rural. Em 1939 fundou o Instituto Dom Vital, que funcionou na Rua São José 102, por pouco tempo. Foi professora da Escola Técnica de Comércio. Obteve um contrato com o Governo do Estado e se tornou professora primária de escola pública, prestando serviço no Círculo Operário São José, até quando se aposentou. Inicialmente se dedicava ao ensino no turno matutino. Em 1954, segundo semestre, passou a trabalhar à noite, pelo motivo de estar agora também dedicada ao comércio, com a fundação do Centro Elétrico. Casamento na manhã do dia 08.12.48, na Capela de Nossa Senhora de Lourdes. Mamãe era Filha de Maria. À noite, Mons. Joviniano Barreto compareceu à casa dos noivos, na Rua São Francisco, 398, e fez a entronização do Sagrado Coração de Jesus e do Sagrado Coração de Maria. Silvanir casou com Ananias Araújo em 02.09.1950. Na minha lembrança, não posso deixar de referir a figura da Zefa. Zefa (Josefa Maria da Conceição, nascida em Viçosa, AL, em 1884) foi uma empregada que viveu com os Soares ainda desde a Rua São Francisco, seguindo com a família pelos outros locais (Rua São Pedro e Rua São José). Era uma preta baixinha, de feições muito rústicas. Era uma serviçal extraordinária, disposta e para toda obra. Lavava roupa, cozinhava, fazia toda a faxina da casa. Frequentemente levava roupa da casa para lavar na boca das cobras, no salgadinho. Foi a babá da tia Silvanir, por quem se afeiçoou muito. Assim, quando Silvanir se casou com Ananias Araújo, Zefa foi morar com eles, na Rua Nova, acompanhando-os de volta para a Rua São José, em 1951. Já nos últimos momentos de sua vida, voltou para a casa das tias que cuidaram dela até morrer, em 07.11.1977. Zefa tinha muito receio de não ser sepultada dignamente. Assim, minhas tias sepultaram-na no jazigo da família. Sizenando casou com Altina, que era de família de Lavras da Mangabeira, e morou na Rua São Francisco, em frente à casa dos pais. Neste endereço nasceram seus primeiros filhos (Milton e Moacir). Com a mudança para São Paulo, Nane foi servir na Força Pública do Estado de São Paulo. Zuza casou com Candido Lopes da Silva, cratense da localidade do Lameiro, e foi morar na Rua São Francisco. Depois viajaram para Aracati e Limoeiro do Norte, onde moraram por pouco tempo. Os filhos Hamilton e Ivanildo nasceram em Limoeiro. Maria diplomou-se pela Escola Normal Rural em 1948. Já em 1949, era professora primária no Internato Santa Terezinha, dirigido por Amália Xavier de Oliveira. No ano seguinte, 1950, estava lecionando no Grupo Rural Modelo. Em 1956, Dona Maria Gonçalves da Rocha Leal veio a Juazeiro recrutando moças para o serviço de extensão rural na ANCAR – Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural. Através de tia Etercília, que conhecia Gonçalves, Maria foi selecionada e aí começou a sua atividade de extensionista rural, servindo nos escritórios da empresa nas cidades de Recife e Tapera – PE; Tucano e Coração de Maria – BA; Baturité, Pacajus, Maranguape, Guaiúba e Uruburetama-CE. A doença de minha avó levou-a a pedir demissão e voltar ao Juazeiro, em 1961. Dona Neném adoeceu em 1961, quando lhe aconteceu um acidente vascular cerebral, a conhecida trombose. Ficou hemiplégica. Lembro de alguma coisa do seu tratamento, como a famosa aguardente alemã. O médico que mais de perto lhe acompanhou foi o Dr. Mário Malzone, embora algumas vezes Dr. Mozart Cardoso de Alencar tenha prestado seus serviços. Havia sofrimento, dores e quase não dormia pelas noites. O tratamento com Dr. Mário, aos poucos, foi contornando o quadro e foi-lhe proporcionando uma melhor qualidade de vida, permitindo que dormisse melhor, diminuindo as dores e o desconforto do quadro. Infelizmente, com o agravamento do quadro circulatório, sua saúde foi definhando. Nas noites de maior angústia, minha mãe nos levava para noites intermináveis de vigília junto da rede da vovó, até que veio a falecer em 1963, quando já tínhamos deixado a Rua São José e já estávamos morando na Rua Santa Luzia. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 02.03.2017)


BOM DIA! Por Renato Casimiro
A MORTE DE FELIPE NERI DA SILVA (I)... A grandeza de uma cidade se constrói, também, com a memória da vida e dos exemplos de seus cidadãos. Felipe Neri da Silva foi um destes valiosos contributos ao desenvolvimento de Juazeiro do Norte, homem nascido aqui em 30.04.1908, de egressas raízes romeiras alagoanas. Talvez, pouco lembrado diante de coisas que nos fazem fiéis aos modismos e ao exercício continuado de uma certa curta lembrança sobre fatos históricos. Raimundo Araújo e Mário Bem Filho, na obra Dados Biográficos dos Homenageados em Logradouros Públicos de Juazeiro do Norte, vol. 1 (Fortaleza: ABC Editora, vol., pp 248-249, 2000) já o perfilaram para indicar em síntese a trajetória deste homem. Eu o conheci tão pouco e dele guardei sempre tanta admiração, que o ato final, de uma despedida antecipada, motivada pelo trágico de sua morte me deixou por anos a comoção de um menino de 10 anos à porta de concorrido velório, depois de dias de espera para o pranteado zelo de seus restos mortais no velho casarão da Rua Pe. Cícero. Partida antecipada, de certo, de quem se ligará eternamente aos marcos fundantes desta nova civilização do Taboleiro, ansiosa por um progresso que nos legasse legitimamente os caminhos do desenvolvimento e da plena satisfação de uma cidade que começava a se reerguer entre os anos 40 e 50, após ter experimentado a dura orfandade de sua liderança inconteste – Pe. Cícero Romão Baptista. Felipe era destes, dos primeiros a cerrar fileiras para que tivéssemos comércio dinâmico, associações de grande credibilidade, telefonia, eletrificação, vida social, serviços comunitários, transportes e, caprichosamente, aeroporto. Pois foi, exatamente à aproximação daquele outrora mais movimentado aeroporto do país que frustrou a todos nós, nos privando de uma maior convivência com este homem. Falamos da tragédia que foi sua morte em circunstâncias ainda pouco esclarecidas, não obstante o inquérito pertinente, conduzido pela Aeronáutica. A vida de Felipe Neri foi, basicamente, a de um empresário de comércio. No início de sua vida profissional era viajante pelo interior do país, até quando deixa os percursos itinerantes e se estabelece com a sua Casa Neri, em 1935, seis anos depois do seu casamento com a pernambucana Maria de Vasconcelos Neri, a dona Lili – a senhora, a grande dama, para quem pouco ainda era um simples cumprimento, seguido do gesto de abrir-lhe à passagem por uma calçada qualquer da cidade, como vi tantas vezes fazerem. Lili foi por toda a sua vida, a marca indelével deste conceito que tinha no patriarca Felipe um peso pesado de dignidade e respeito. No comércio, Felipe Neri não era empresário que se acomodasse à vidinha pacata da cidade que mal se levantava. Era irrequieto, inovador, apostou com muita determinação nesta vocação primeira de nosso centro e a ele agregou um estilo de negócios que fluía muito bem ao sucesso dos empreendimentos. Foi o primeiro a acreditar na realidade que se impunha, à sua época, com os combustíveis, mal o país criara a Petrobrás e abrisse o mercado às destilarias estrangeiras. Comerciante de relevo, era necessário viajar, ir aos centros produtores e conhecer de perto as novidades que o mercado demandava e receberia. Foi numa destas viagens ao Sul que sua vida entre nós se encerrou. Em 24 de junho de 1960, Felipe Neri da Silva estava em Belo Horizonte, a caminho do Rio de Janeiro. Dizem-nos os relatos de família que nesta ocasião ele encontrou um amigo, deputado federal, que desejava ir com urgência ao Rio de Janeiro. Felipe então, cedeu-lhe a marcação de seu bilhete e se transferiu para o vôo seguinte, o RL 435, da Real Aerovias, partindo do Aeroporto da Pampulha (PLU) para o Aeroporto Santos Dumont (SDU), no Rio de Janeiro, onde pousaria às 19:15h. A aeronave utilizada neste trecho era um Convair 340-62, prefixo PP-YRB, com número de registro 191 da Real. O equipamento fora fabricada em Junho de 1954 e entregue a Real 07.07.1954. A companhia, contudo, divulgou na época que a aeronave tinha apenas dois anos de uso, e que estava segurada no seu valor de mercado, cerca de 500 mil dólares.  Segundo documento oficial, transcrevemos algumas notas copiadas do relatório do inquérito: “Às 17:22P o PP-YRB de 24.06.1960 decolou de Belo Horizonte para o Santos Dumont com 46 passageiros e 5 tripulantes. Desse total, 17 passageiros eram provenientes de Brasília e embarcaram em BH como conexão. O Comandante da aeronave era João Afonso Fabrício Belloc, coronel da FAB, na reserva, que fora na Itália o comandante da 1a. ELO (Esquadrilha de Ligação e Observação). Reformado, era piloto de grande experiência (18.000 horas de voo, também na aviação civil, desde 1947 na Real). Seu copiloto era Orlando Gonzales Fernandes (29 anos, desde 1953 na companhia), o radio operador de voo era João Batista Valadão (45 anos, desde 1951 na Real) e os comissários de bordo Antonio Jorge Santos Pombal (25 anos, na Real desde 1955) e Lúcia Maria Vieira Lima Jaguaribe (22 anos, recentemente admitida).  Às 17:49P foi feito o contato com a  posição Barbacena (MG); às 18:15P com o Pico do Couto (Petrópolis-RJ), às 18:25P sobre o rádio farol Q (Ilha dos Ferros) a 600m, e recebeu autorização do Controle de Aproximação para fazer o procedimento de descida e aproar ao rumo 036º. Na ocasião, chuva leve contínua, 3/8 de Stratus a 150m, 6/8 de Stratocumulus a 600m e 8/8 de Altostratus a 2.200m, temperatura 19º, ponto de orvalho 18º. São os dados técnicos do voo, devidamente registrados. Após pedir autorização para pouso no Aeroporto Santos Dumont, o comandante informou que não havia teto e que deveria aguardar o momento certo para aterrissagem. Além disso, o Comandante havia reclamado de problemas na transmissão e recepção de mensagens. A essa altura o Convair estava sobrevoando a Ilha dos Ferros, próxima à Ilha de Paquetá. O avião desapareceu caindo no mar entre as Ilhas do Sol e Jurubaiba, um local de muitas pedras e raso. Numa das edições de um jornal carioca, se encontra um mapa indicando a situação geográfica das ilhas e o local do acidente do voo RL 455. O horário do acidente foi calculado por volta das 21 a 22 horas. Portanto, se estima que a aeronave, em busca de melhores condições de finalização teria sobrevoado a área por cerca de duas horas, coisa que não está bem esclarecida, em vista do registro do último contato. Após o bloqueio de Q o avião não mais se comunicou com o Controle ou a torre. O acidente aconteceu quando a aeronave efetuava o procedimento de descida e tinha informado o bloqueio do radio farol da Ilha dos Ferros. Quando o avião entrou no espaço aéreo carioca, o Aeroporto Santos Dumont, que estivera com as pistas de pouso fechadas por causa da neblina, acabara de voltar a funcionar. O avião colidiu em voo com o mar, em rumo de aproximadamente 350º. O acidente foi notificado em vista da falta de comunicação e também porque um soldado da Aeronáutica que estava nas proximidades do local ouvira um barulho de avião caindo, mas quando foi procurar, nada encontrou. Apenas escuridão. Sem fogo, sem luz, o imenso veículo aéreo havia desaparecido nas águas tranquilas da Guanabara, sem deixar rastro. A Marinha e a Aeronáutica, no início, mobilizaram forças para fazer buscas por todo o Estado, procurando destroços, inclusive e locais mais distantes como em Campos (litoral) e Itaperuna (Norte). Após o acidente foram iniciadas as buscas aos destroços que só começaram a ser achados por volta da 1 da madrugada. Um pouco mais tarde, o helicóptero do Serviço de Salvamento da Força Aérea Brasileira levantava voo para buscar possíveis sobreviventes. Já alta hora da madrugada foram encontrados vários corpos mutilados nas proximidades da Ilha Redonda. Somente um corpo foi encontrado vestido e inteiro. Por volta das 2 da madrugada os barcos do Serviço de Busca e Salvamento retornavam com informações da não possibilidade de haver sobreviventes. No raiar do dia 25 de junho, após horas de buscas incessantes, dez dos 53 mortos foram encontrados por oficiais da Marinha. Bom dia
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 03.03.2017)
BOM DIA! (64) Por Renato Casimiro
A MORTE DE FELIPE NERI DA SILVA (II)... Quando acontece uma tragédia como esta, o primeiro momento de quem escuta a notícia, se refere obrigatoriamente à lista de passageiros e tripulação vitimados. Certamente, ela foi divulgada, mas tardou. O fato é que pelo que havia acontecido com Felipe e relatamos antes, baseado em informações da família, seu nome nem constava na relação das vítimas. O segundo momento é a especulação ou a confirmação das causas do acidente. E, geralmente é demorado. Enquanto isto não é oficialmente revelado, corre pela imprensa uma série de hipóteses prováveis, mediante consulta a autoridades em aeronáutica e voos comerciais, dentre pilotos e técnicos. No caso do Convair 340-62, prefixo PP-YRB, que aparece hoje no registro de acidentes aéreos no Brasil como “destruído”, diversos foram os motivos do acidente. Contudo, apesar de várias partes da aeronave terem sido recuperadas, não se soube a causa exata que provocou a queda no mar. Provavelmente o inquérito aponta numa direção, mas desconhecemos. Entretanto, baseado em levantamento de informações contidas hoje na internet podemos mencionar algumas indicações e constatações: 1.  A fuselagem foi encontrada com portas trancadas e sem qualquer indício de fogo e houve quem mencionasse uma possível reversão acidental das hélices; 2. Uma referência ao último contato que o piloto fez com a torre de comando carioca, pelas 18h, informando que o avião estava ficando sem combustível. A assessoria da Real, no entanto, negou; 3. As condições de tempo podem ter influído, pois neste mesmo ano um outro acidente aéreo ocorrera no Rio de Janeiro com uma aeronave da mesma companhia. Em fevereiro, um avião comercial destroçou-se no ar ao colidir com uma aeronave, vinda de Buenos Aires, que transportava uma banda norte-americana, matando 66 pessoas sobre o Forte de São João, na Urca; 4. No dia 26 de junho, apareceu na capa de um jornal: “Só explosão de carga proibida explicaria a catástrofe do Convair”. E a notícia dizia: “Ontem foi confirmado que 48 pessoas morreram na catástrofe aérea com o PP-YRB da Real Aerovias na Baía de Guanabara. Uma violenta explosão dentro do compartimento da bagagem é até o presente momento a causa mais aceita para o desastre do aparelho da Real”; 5. Outra hipótese dizia que o avião teria se desintegrado no ar e mergulhado nas águas da Baia de Guanabara, quando da aproximação para o Santos Dumont; 6. Pilotos aventaram a hipótese de que houve um “disparo de hélice” que, provavelmente, tenha atingido a fuselagem. Sendo aeronave pressurizada, deve ter explodido; 7. Uma testemunha em Magé (RJ) disse que por volta das 22 horas um avião passara voando muito baixo e com os motores completamente paralisados. Um pouco depois um forte clarão foi visto vindo do mar; 8. E dentro das hipóteses usuais, não podia faltar uma suspeita muito comum: a de falha humana, por excesso de trabalho e cansaço. Com o decorrer das investigações, revelou-se, aparentemente sem contestação, que a tripulação da aeronave estava voando desde as 5 horas da manhã, daquele dia, fazendo escalas por cidades do Brasil. Portanto, pelo menos 16 horas de atividades interruptas; 9. Quando uma das rodas do trem de pouso foi encontrada, constatou-se que havia um tipo de argila vermelha aderida aos sulcos do pneu, que fez crescer a hipótese, dentre oficiais da Aeronáutica, de que a aeronave antes de mergulhar no mar havia tocado no solo do cimo de uma das ilhas da baia. De fato, o trem de pouso desgarrado da fuselagem poderia explicar o instante inicial da explosão que se verificara, e ouvida por testemunhas, mas que não redundaram em incêndio, porquanto o avião logo mergulhara nas águas; 10. Por último, há quem afirme que o “o escrito pelo comandante Carlos Ari César Germano da Silva, no seu livro "O Rastro da Bruxa – história da aviação brasileira através de seus acidentes: 1928-1996, 2ª. Ed., EdiPUCRS, 384p, 2008 (cap. O Mistério da Ilha dos Ferros, pp 190-193)", ainda é o mais próximo da realidade. Tem inclusive, um depoimento do Cabo Ramos, lotado no destacamento da Aeronáutica, na Ilha dos Ferros, que é muito interessante, bem como liquida de modo definitivo o boato que corria na época, referente ao desprendimento da porta traseira direita”. O relato que se encontra neste livro nos permite ainda registrar alguns aspectos. a) O número de vítimas foi realmente 54 (5 tripulantes e 49 passageiros), embora existam referências a 50 ou 53 mortos; b) a versão mais próxima da realidade, até posta no inquérito, embora não conclusiva, foi a de que, conforme assinala o autor do livro, “Talvez um grave defeito no sistema de controle do passo da hélice direita tenha levado as pás a ultrapassarem o ângulo limite de passo mínimo em voo, fazendo com que a hélice girasse em alta velocidade, com rotação muito superior à permitida pelo projeto, gerando força centrífuga de magnitude tal que arrancou as pás do próprio eixo. Estas, atingindo com violência a fuselagem, destruíram a resistência estrutural do avião, causando-lhe a desintegração em pleno voo”.  A lista de passageiros demorou a ser divulgada. Ela só aparece na Nota Oficial da Companhia, estampada nos jornais do país, do dia 28 de junho, portanto, de três a quatro dias depois. Até o então presidente da república, Juscelino Kubitschek de Oliveira, teve de apelar para o comandante da aeronave da presidência da república, João Milton Prates – seu conterrâneo de Diamantina (MG) e para Armando Ribeiro Falcão, ao tempo em que era Secretário de Justiça do Estado da Guanabara, para que intercedessem de modo que ele conhecesse a lista. E isso veio aparecer na Nota Oficial da Real Aerovias: Em aditamento ao nosso comunicado de ontem, lamentamos informar que a nossa aeronave PP-YRB, efetuando vôo 435 foi localizada acidentada próximo à ilha dos Ferros, na baia da Guanabara, quando se preparava para pousar no aeroporto Santos Dumont, não havendo sobreviventes entre os passageiros e tripulantes. A última comunicação transmitida pelo avião minutos antes do acidente, nada revelava de anormal a bordo. As causas do acidente estão sendo apuradas pelas autoridades competentes do Ministério da Aeronáutica e pela companhia. A tripulação da aeronave era a seguinte: comandante João Afonso Fabrício Belloc; piloto Orlando Gonzalez Fernandez; comissário Antonio Jorge Santos Pombal; comissária Lúcia Maria Vieira Lima Jaguaribe. Viajavam a bordo da aeronave os seguintes passageiros: Ruben F. Novo, Bento Queiros Barros Junior, Luis Frota Sales, João Calíchio, Edgar Borges Lima, Adauto C. Aquino, Nei Gonçalves, Vitorino Ildefonso, Antonio Occo, Geraldo Pereira Vasconcelos, Hugo Mud, Maria L. M. Bahury, José M. Sousa, Enio B. Lemos, Antonio F. Cabral, Hermann M. da Silva, Eleatéria A. Sousa, Maria José A. Santos, Felipe Neri Silva, ten. Alex Gustasson, ten. Renato dos Santos Van Bockel, Geraldo de C. Rego, Artur A. Moura, Álvaro Brasil,  Dr. Atos Alkimim, Fernando Lago, Sócrates M. Diniz, Dr. Nelson Freddy Saba, Max A. S. Sousa, Janete Slater, Igor Pokator, Luis Maurício S. Vanderlei, Lauro Candido S. Leite, Georg Pfeisteres, Edmundo Montalvão, Manuel Henrique Figueira, Argemiro Coutinho, Sergio Veres Henrique, Newton B. Tompson, Valter Moura, Carlos Nering Filho, Vasco de Sousa, Silvia Correia do Lago, Edna Christina (colo),  Carmelinda A. Rosa, Antonio F. E. da Silva, Alberto C. Carvalho, mister H. W. Lee e Alceu Carvalho. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 04.03.2017)

O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI

CINE CAFÉ VOLANTE (MISSÃO VELHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Missão Velha (Auditório do Centro Social Urbano, CSU), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 9, quinta feira, às 19 horas, o filme CENTRAL DO BRASIL (Brasil/França, 1998, 105min).  Direção de Walter Salles. Sinopse: Dora (Fernanda Montenegro) trabalha escrevendo cartas para analfabetos na estação Central do Brasil, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Ainda que a escrivã não envie todas as cartas que escreve - as cartas que considera inúteis ou fantasiosas demais -, ela decide ajudar um menino (Vinícius de Oliveira), após sua mãe ser atropelada, a tentar encontrar o pai que nunca conheceu, no interior do Nordeste.

CINE CAFÉ VOLANTE (BARBALHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Barbalha (Auditório da Faculdade de Medicina), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 10, sexta feira, às 19 horas, o filme TOOTSIE (Tootsie, EUA, 1982, 112min). Direção de Sidney Pollack. Sinopse: Michael Dorsey (Dustin Hoffman) é um ator perfeccionista que não consegue emprego devido ao seu temperamento. Quando George Fields (Sydney Pollack), seu empresário, diz que ninguém vai contratá-lo por causa de seu gênio difícil, ele resolve se vestir de mulher. Com o nome de Dorothy Michaels consegue um papel em uma novela diurna que se torna um grande sucesso, mas existe um problema: ele está se apaixonando por Julie (Jessica Lange), uma das atrizes com quem contracena.

CINE CAFÉ VOLANTE (NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 10, sexta feira, às 19 horas, o filme ENSINA-ME A VIVER (Harold and Maude, EUA, 1971, 91min). Direção de Hall Ashby. Sinopse: Harold (Bud Cort), rapaz de 20 anos com obsessão pela morte, que passa seu tempo indo a funerais e simulando suicídios, um dia conhece Maude (Ruth Gordon), uma senhora de 79 anos apaixonada pela vida. Eles passam muito tempo juntos e, durante esta intensa convivência, ela o apresenta a beleza da existência.
CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 11, sábado, às 17:30 horas, o filme SUSPEITA (Suspicion, EUA, 1941, 99min) Direção Alfred Hitchcock. Sinopse: Lina McLaidlaw (Joan Fontaine), uma moça rica e tímida, se apaixona pelo malandro Johnnie Aysgarth (Cary Grant), um playboy que vive apostando com o dinheiro dos amigos. Os dois se casam, mas logo após a lua de mel Lina começa a conhecer a verdadeira personalidade de Johnnie e passa a desconfiar que o marido é um assassino que fará dela sua próxima vítima.
15ª SEMANA NACIONAL DE MUSEUS
Até ontem, 03.03 estavam abertas as inscrições para que museus e outras entidades culturais possam participar dessa ação coordenada pelo Ibram – Instituto Brasileiro de Museus.  O tema central será: “Museus e histórias controversas: dizer o indizível em museus.” A Semana Nacional de Museus acontece anualmente para comemorar o Dia Internacional de Museus, 18 de maio, quando museus brasileiros, convidados pelo Ibram, desenvolvem uma programação especial em prol dessa data. A eficácia das atividades desempenhadas pelo setor museal na realização dessa ação comprova que o concerto nacional de programações culturais é um verdadeiro instrumento de ampliação do acesso à cultura e de visibilidade dos museus. Ademais, ela é responsável por um significativo aumento de público: durante a semana em que ocorre, a média de visitantes dos museus participantes sobe mais de 79% (fonte: pesquisa sobre a 14ª Semana Nacional de Museus, disponível em http://www.museus.gov.br/os-museus/economia-de-museus/). Museus e outras entidades culturais interessadas em participar da 15ª edição da Semana devem inscrever eventos e promover sua realização entre os dias 15 e 21 de maio de 2017, chamando, assim, a comunidade a refletir, discutir e trocar experiências sobre o tema sugerido pelo ICOM (Conselho Internacional de Museus): Museus e histórias controversas: dizer o indizível em museus. A realização das atividades fica sob a responsabilidade da própria instituição que as inscrever, bem como a viabilização para seu desenvolvimento. Ao Ibram cabe divulgar a programação nacional da Semana de Museus e produzir e distribuir o Guia da Programação.  O Memorial Padre Cícero já fez a sua inscrição e deve promover diversas ações vinculada s ao espírito dessa Semana.

A LEI 16.198
Se alguém tem alguma curiosidade sobre os limites do Município de Juazeiro, alterados pela lei referida, em 29.12.2016, que estão sub judice, uma vez que o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará suspendeu os efeitos dessa legislação, transcrevemos abaixo o seu teor, usando o Anexo LXXIII a que se refere essa Lei, com o Memorial Descritivo (Descrição dos Limites):
Com o município de CRATO - A oeste. Começa no ponto de coordenadas [461.731 / 9.196.878] A, na Rua Dr. Luciano Torres de Melo; segue por uma rua sem denominação até o ponto de coordenadas [461.618 / 9.197.394] E; por uma reta, segue para o ponto de coordenadas [461.451 / 9.198.067] F, ainda nesta rua sem denominação; por outra reta, segue para o ponto de coordenadas [461.276 / 9.198.029] G; por mais uma reta, segue até o cruzamento da estrada de ferro com o Riacho São José [460.645 / 9.201.296]; vai, por outra linha reta, ao ponto de coordenadas [459.713 / 9.202.753], no Rio Batateira; vai em linha reta até o ponto de coordenadas [459.534 / 9.208.155], no Alto da Cruz do Alegre, na estrada que liga Cruz do Alegre a Sítio Novo e Vila Padre Cícero; segue por esta estrada até seu entroncamento na estrada que vai para Sítio Novo e Retiro [462.170 / 9.210.753]; segue por esta estrada até seu entroncamento com a estrada que liga Ponta da Serra a Retiro e Sítio dos Carneiros [462.086 / 9.213.832]; segue por esta estrada até o ponto de coordenadas [462.418 / 9.213.847] e vai em linha reta até o ponto de coordenadas [462.437 / 9.214.230], no divisor de águas entre o Riacho dos Carneiros e o Riacho do Retiro.
Com o município de CARIRIAÇU - Ao norte. Começa no ponto de coordenadas [462.437 / 9.214.230], no divisor de águas entre o Riacho dos Carneiro e o Riacho do Retiro; segue em linha reta até a ponta noroeste do Alto Grande da Volta [467.682 / 9.214.069]; segue pelo divisor de águas entre o Riacho Riachão e o Riacho dos Olhos d'Água até o ponto de coordenadas [468.693 / 9.215.716], no cruzamento da estrada Sítio Cidade / Sítio Riachão / Placas; segue pelo divisor de águas entre o Riacho Damião e o Riacho dos Carás até o ponto de coordenadas [476.866 / 9.212.473], no cruzamento com a estrada Sítio Patos / Sítio Xavier dos Barnabé / Gameleira e segue pelo divisor de águas entre o Riacho Jenipapeiro e o Rio Batateira até a ponta sudeste do Alto Grande da Volta [478.637 / 9.209.716], na convergência das vertentes do Riacho Jenipapeiro, do Riacho Lameiro e do Rio Batateira.
Com o município de MISSÃO VELHA - A leste. Começa na ponta sudeste do Alto Grande da Volta [478.637 / 9.209.716], na convergência das vertentes do Riacho Jenipapeiro, do Riacho Lameiro e do Rio Batateira; segue pelo divisor de águas entre o Rio Batateira e o Riacho Jenipapeiro até o pico da Serra da Suçuarana [478.315 / 9.206.404]; segue pela cumeada desta serra até sua ponta meridional [476.302 / 9.201.779] e segue em linha reta até o ponto de coordenadas [474.115 / 9.201.197], na Colina do Cipoal.
Com o município de BARBALHA - Ao sul. Começa no ponto de coordenadas [474.115 / 9.201.197], na Colina do Cipoal; segue por uma linha reta até o ponto de coordenadas [462.797 / 9.196.106] D, em uma rua sem denominação; segue por esta rua até seu cruzamento com a Rua Dr. Luciano Torres de Melo [462.699 / 9.197.012] C; continua por esta última rua até o ponto de coordenadas [461.744 / 9.196.824] B; ainda pela Rua Dr. Luciano Torres de Melo, segue até o ponto de coordenadas [461.731 / 9.196.878] A.