sábado, 16 de junho de 2018



MEMÓRIA DA RUA SÃO JOSÉ: A COPA DE 58, SESSENTA ANOS DEPOIS
Neste fim de semana de 2018, o selecionado brasileiro de futebol, nossa grande paixão esportiva, enfrentará a sua primeira competição frente ao selecionado da Suiça. Quando celebrávamos a conquista do pentacampeonato de futebol pela seleção brasileira, em 2002, aquele instante me fez reviver os momentos que vivemos na Rua São José, em 1958. A copa, era a VI Copa do Mundo de Futebol, se iniciara em 8 de junho, e logo depois o Brasil enfrentaria a Áustria, vencendo por 3x0. A empolgação, realmente, só veio após alguns jogos, principalmente depois dos sufocos contra a Inglaterra(0x0) e Pais de Gales(1x0). O selecionado brasileiro, dirigido por Vicente Feola, era composto pelos titulares: Gilmar, Djalma Santos e Bellini, Nilton Santos, Orlando, e Zito, Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagalo. Principalmente estes cinco últimos eram os nomes que já sabíamos de “cor e salteado”. A meninada não se cansava de repetir, decorado, esta formação que se consagrou na mais famosa da série Jules Rimet. Mas, havia grandes nomes, como Joel, a quem Pelé substituiria, De Sordi, Mauro, Oreco, Dino, Zózimo, Moacir, Dida, Pepe e Mazzola. Interessante observar que esta formação da equipe brasileira parecia seguir um lógico 2-3-5. Feola, na verdade, foi o introdutor, e o inovador, com 4-2-4, ou 4-3-3. Os resultados do seu sistema tático foram partidas memoráveis contra a URSS (2x0), França (5x2) e a finalíssima contra a Suécia (5x2), em Estocolmo, no dia 29.06.58, depois de 8 anos, lavando a honra da tragédia contra o Uruguai, no Maracanã, em 50. Assistíamos aos jogos pelo rádio, a bateria. No quarteirão, o volume dos aparelhos era considerável e podíamos ouvir a narração dos locutores das emissoras famosas de então (Tupi/RJ, Bandeirantes/SP, Sociedade/BA, etc) com a emoção de um grande fato nacional. As crianças entravam e saíam das casas ao sabor das comemorações dos gols. No jogo contra a França, se não estou enganado, o Brasil chegou a marcar 7 gols, sendo 2 anulados. Nesta partida comecei a comemorar mais intensamente, queimando fogos e bombas. Freqüentemente, e pelo período junino, tínhamos bancas de vendas de fogos, em torno do mercado. Chuvinhas e traques eram os mais indicados para o nosso “tope”. Mas, o que queríamos eram as bombas mais barulhentas, para atirar nas paredes das garagens em frente, ou as famosas “rasga-latas”. Nossos vizinhos, Socorro e Geraldo Militão, me incentivavam naquela alegria imensa e me davam dinheiro para ir comprar fogos. Eu ia a desembalada carreira para comprá-los, enquanto o jogo transcorria. Na explosão dos gols, íamos fazendo também explodí-los, extravasando todo o nosso contentamento. Felizmente, nunca houve acidente. Uma das lembranças desta copa do mundo de 1958, eu a guardo até hoje: uma miniatura da Taça Jules Rimet, em alumínio dourado, com pedestal preto, com 11 centímetros de tamanho, com todos os detalhes do verdadeiro troféu (veja a foto ilustrando), tendo no verso a formação do selecionado, os jogos e os resultados. Ela me foi trazida de São Paulo, presente de minha tia Ivaniza, numa de suas viagens, vindo visitar a família, ainda em 1958. A taça verdadeira, depois de conquistada definitivamente pelo Brasil, com o tricampeonato no México, em 1970, como sabemos, foi roubada da sede da CBF, no Rio de Janeiro e, provavelmente derretida para descaracterizar sua origem. Segundo as más línguas, não seria surpresa se parte daquele ouro tiver circulado pelo Juazeiro e hoje esteja incorporado numa jóia feita por algum ourives da cidade. O fato mais desapontador daquela comemoração do campeonato mundial aconteceu pelo meio da tarde daquele dia. Meu pai chegou em casa completamente embriagado, com a camisa encharcada de cerveja, e os bolsos com restos de cigarro Astória – o seu preferido. Foi o porre que ele tomou com os amigos, no bar de Né Cansanção (a Sorveteria Rex), ainda vizinho ao velho prédio do Cine Roulien, na Rua São Pedro, para celebrar a vitória do jogo. Dobrando na esquina da Rua Conceição, já chegando à nossa casa, ele vinha cambaleante e alegre. Minha mãe o recebeu serenamente. Deu-lhe um banho de cuia (não tínhamos chuveiro, ainda), meteu-lhe um pijama e fê-lo dormir até o dia seguinte, quando não mais se falou do acontecido. Minha avó, Dona Neném, circulou lá por casa, comentou qualquer coisa ao ouvido de minha mãe e saiu silenciosa. Que eu me lembre, foi esta a primeira e única vez que meu pai se afetou com bebida. Nunca mais o vimos beber, senão Cajuína São Geraldo, Guaraná Champanhe e até cerveja, mas nas festinhas em família, ou nas casas dos compadres, e por insistência. Nos meses seguintes a junho de 58, pelos jornais da Atlântida, nos cinemas da cidade, assistíamos cenas de cada um dos jogos que nos emocionaram, revivendo aqueles momentos apoteóticos, onde sobressaiam cenas inesquecíveis, como o balé desconcertante das pernas tortas de Mané Garrincha, o “nascimento” deste grande ídolo Pelé – com 17 anos, apenas, a figura do capitão Hideraldo Luiz Bellini, erguendo a taça – gesto imortal, e felizmente tantas vezes repetido, os gols “pernambucanos” de Vavá, para nos encher de orgulho a nossa nordestinidade, e tantos outros momentos. Meu pai comprava a revista O Cruzeiro, na loja de Florentino, perto do Correio, e eu ficava dias e dias olhando aquelas fotografias e pondo a imaginação a mil. Anos depois, já passado o bicampeonato no Chile, em 1962, eu me aventurei a jogar futebol, como aluno do Ginásio Salesiano, no Onze Veloz, um dos times organizados pelo Pe. Luiz Marinho Falcão. Não passei, senão, de um grande vexame como goleiro. Nunca mais me meti nisto, mas ainda hoje, e de quatro em quatro anos, a Copa do Mundo de 1958 me vem à memória para me reencontrar com aquele menino que se perdia pela Rua São José, entre bombas e gritos da comemoração dos gols do selecionado brasileiro, pelos campos da Suécia. Sessenta anos depois, com certeza, o menino que ainda reside dentro de mim, vai voltar a torcer e a gritar diante das emoções que as partidas farão reviver. Ainda mais agora que dentre os 23 do Tite apareceu um “Casemiro” (Carlos Henrique José Francisco Venâncio Casimiro), nascido lá para as bandas de São José dos Campos, SP, mas que não duvidem, é provável que tenha raízes desses Casimiros dos sertões da Paraiba e do Cariri. 
JUANORTE: TRISTE FIM DE UMA TRINCHEIRA (VI)
Estou dando continuidade à republicação de vários dos meus artigos para o JUANORTE (editado por Jota Alcides, em Brasília). São para mim textos que guardam parte da memória dessa cidade, e na qual figuro, modestamente, como observador crítico de seus momentos. Vamos a eles.

LIMPEZA, JÁ
O Governo Municipal da Cidade de Juazeiro do Norte, em meio a uma solenidade para a posse de centenas de Conselheiros Municipais, acaba de consultar o povo e dele obteve o referendo para a constituição da Empresa Pública de Limpeza. O que vai pela cabeça do sr. Prefeito não difere das nossas preocupações, das ansiedades do povo da cidade que gostaria que de alguma forma a questão se resolvesse definitivamente, ou que, pelo menos, uma boa solução estivesse a caminho. O problema dos resíduos sólidos acumulados em Juazeiro do Norte, antes de uma coleta sistemática é caso de educação ambiental. Por isso mesmo, é bem acertada a configuração deste equipamento gestor, se de antemão ele trabalhará na perspectiva de reduzir volumes a serem coletados, ampliar a reciclagem e contar com uma equipe que trabalhe tanto quanto os garis para disseminar em nossa consciência, a partir mesmo dos jovens, para práticas salutares de convivência com um ambiente que se deseja bem preservado. Juazeiro do Norte tem como agravante as romarias freqüentes. A propósito, um trabalho recente, de Cieusa Maria Calou e Pereira, “Análise da Problemática do Lixo nas Romarias em Juazeiro do Norte (Fortaleza, 2005), procurou estudar a questão. Resumidamente: “O trabalho analisou a problemática do lixo durante os dias de romarias, enfocando as condições sociais, econômicas e ambientais do Município. A autora qualificava a cidade por possuir uma população de 214 mil habitantes, a qual é duplicada durante as três festas religiosas que acontecem as romarias, ocorrendo uma sobrecarga nos serviços públicos, especialmente no manejo adequado do lixo. Durante a pesquisa, foi usada metodologia dialética, a qual possibilitou inicialmente fazer diagnóstico da situação atual do lixo, com caracterização e quantificação dos resíduos sólidos nos dias de romarias, identificando-se os impactos negativos desses resíduos e verificando-se quem são os produtores do lixo, seu papel e responsabilidade perante a questão ambiental na cidade. Além disso, fez-se um levantamento dos depósitos de materiais recicláveis para verificar a demanda e analisou-se a situação dos catadores desses materiais. Identificaram-se, por meio de pesquisa de campo, os lixões de Juazeiro do Norte, utilizando-se como referência às gestões municipais de 1980 até 2005. Consideraram-se também os atores sociais e suas respectivas ações educativas no Município na busca de mitigar o problema. Com base nesses elementos, analisaram-se as questões estudadas, realçando o fato de que a Cidade de Juazeiro do Norte necessita integrar ações para a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos no Município, assim como, precisa agir diante da ineficiência das políticas públicas e implementar, com a participação dos habitantes e visitantes, a Educação Ambiental como elemento fundamental na aprendizagem do eco-cidadania.” De todas estas conclusões, aí está citada a emergência de um bom investimento na capacitação de todos os envolvidos, o que, evidentemente, envolve 100% da população. Daí o papel fundamental da rede escolar municipal e das ações do governo através de ações que possibilitem, com urgência, a implantação de coleta seletiva e um amplo conhecimento da diversidade de resíduos gerados no município. Uma tarefa que deveremos assumir com algum atraso, mas com a determinação de quem quer, com isto, resolver outras questões crônicas no plano da saúde do povo juazeirense. Está de parabéns a municipalidade pela partida desta cruzada. 
(JUANORTE, 04.10.2009)
AGRESTE
Estive de volta ao Cariri por uns dias na semana passada. A alegria de vê-lo de cima, à aproximação da aeronave, contrasta com a preocupação que logo temos ao pisar o solo. Devia ser algo por volta de 40 graus ao sol, sem muito conforto à sombra. Agora que estamos na fase mais agressiva do verão, os arredores de Juazeiro do Norte estão marcados por uma cena de agreste impiedoso, onde o pouco verde que pontilha o cenário é devido a umas tantas xerófilas, como o joazeiro, marcas indeléveis da criação, graças a Deus. Mais tarde, já entre a boca da noite e a madrugada, confortável mesmo é experimentar um repouso em áreas mais privilegiadas, entre o Limoeiro e a Lagoa Seca. Ali, o microclima disponível difere radicalmente da região central da cidade que ainda vai se ver, pela noite adentro, com o abafamento das ruas estreitas, mercê da irradiação do calor pelo asfalto que se aqueceu no dia fortemente ensolarado, ao qual se juntam os resíduos de nosso lixo urbano e a fedentina do esgoto doméstico a céu aberto. Eu penso que ainda é tempo para uma boa reação. Ainda será possível reverter alguma coisa neste estado calamitoso e inóspito em que se converteu nossa pobre terrinha. Vejo com grande alegria que ações iniciais, como este Programa Juazeiro Sustentável, a cargo da Secretaria de Meio Ambiente da municipalidade, chegam na oportunidade em que se esboça um contorno de limite à nossa tolerância em suportar o agravamento das condições climáticas sobre o Tabuleiro. É necessário intervir, urgente e drasticamente, para estancar as práticas predatórias, com educação ambiental desde a juventude, mas também com a veemência da legislação pertinente, de modo a restabelecer um pacto de saudável convivência com este semi-árido tão agredido. Vai se perdendo no tempo as lembranças do refrigério, do oásis, do recanto de tropeiros em passagens de uma caminhada longa entre os sertões da Bahia e do Pernambuco, através das bacias do Salgado e do Jaguaribe. O Cariri já não é mais passagem: é destino. E isto clama por uma solução de longo curso. Algo que dure para muitas gerações. Nesta direção, outro fato relevante é a partida do Projeto da Árvore do Centenário que a Fundação Mussambê formulou e que conta com as parcerias do Banco do Nordeste e do Governo Municipal. De partida, um gesto concreto, mas também simbólico, de como gostaríamos de ver irradiados e fartamente ampliados os preceitos ecológicos do Patriarca dos sertões, para quem não se devia abater nenhum “pé de pau”. O Juazeiro do Norte dá um passo relevante na disseminação de uma das mais importantes espécies da caatinga, exatamente a que nomeia este lugar. E o deve fomentar também, e muito, dentro de seus próprios muros, pois cada um de nós deve ser chamado a ser integrado a esta mesma jornada. Somos quase 300 mil que podem, qual grande exército, se dar ao prazer e benéfica tarefa de plantar e cuidar de um pé de joazeiro ou de uma frutífera, ou uma outra qualquer bem adaptada à nossa realidade. Mas, no princípio, serão os romeiros, o povo do padre Cícero, os primeiros agentes desta empreitada, de volta aos seus recantos e paisagens, com mudas transportadas nos aconchegos de seus valiosos braços. Não há nada que justifique a nossa omissão, que nos permita ficar apenas contemplando a atitude nobre desta gente. Espero, sinceramente que durante esta celebração do nosso centenário, o povo de minha cidade seja exemplar e plante, árvores e boas ações para nosso futuro. Assim, quem sabe, eis que de novo se pode voltar a falar do que já dizia o beato: “o sertão vai virar mar...”
(JUANORTE, 11.10.2009)
NOVOS LIVROS
Há poucos dias, o fato inédito de um lançamento do mais novo livro de Jota Alcides (Cidade Gloriosa), aos pés da estátua do Horto, na serra do Catolé, deu um novo tom para esta que deverá ser uma das atividades frequentes durante este período de celebração do Centenário de Juazeiro (18.07.2009 a 04.10.2011). A cidade e seu patriarca, binômio indissociável da literatura a respeito, vão se constituir em diversos eventos, como uma atividade que resulta da forte inspiração que o fenômeno do Juazeiro reflete. Pois bem, agora mesmo três novos livros que se juntarão às centenas de edições existentes, estão prestes a deixar as oficinas para a nossa leitura. Daniel Walker Almeida Marques resolveu condensar diversas publicações, atualizando e expandindo seus estudos que ganharam corpo no “Padre Cícero – A sabedoria do Conselheiro do Sertão. João Cavalcante Lira Neto deve lançar o seu “Padre Cícero – Poder, Fé e Guerra no Sertão”, conforme indica seu selo editorial, antes das luzes natalinas, tanto em Juazeiro do Norte, quanto em Fortaleza, e pelo resto deste país, mercê do prestígio exponencial que conquistou com grandes obra biográficas. A professora Maria Laudícia de Oliveira Holanda (URCA) fez pós-doutorado em Sociologia (Lisboa e Curitiba, 2008) e disto resultou o texto “Padre Cícero entre o Templo e a Ágora - Religião, Trabalho e Educação em Juazeiro do Norte-CE”. Levado a uma editora cearense, ele sairá com o título de “O Político Padre Cícero – Entre a Religião e a Cidadania”. Estes exemplos apenas nos indicam que atrelado à pauta do Centenário está um amplo programa editorial que deverá ser partilhado com instituições públicas e privadas, para as reedições de livros raros, esgotados das prateleiras de nossas livrarias, até mesmo de antiquários. Podemos citar: Joazeiro do Cariry (1913), de Pe. Alencar Peixoto; Joazeiro na Assembléia Legislativa do Ceará (1925), de Godofredo de Castro; Um crime político (1934), de J.B. de Holanda Cavalcanti; Sertão a dentro - Alguns dias com o Padre Cícero (1922), de L. Costa Andrade; Mistérios do Joaseiro (1935), de Manoel Dinis; O Ceará conflagrado (1915), de A. Gusmão; O Joaseiro do Cariri e a revolução de 1914 (1938) e Efemérides do Cariri (1963), de Irineu Pinheiro; O Padre Cícero e as populações do Nordeste (1927) de Simões da Silva; Curiosidades e factos notáveis do Ceará (1921), de João Gonçalves Dias Sobreira; A sedição de Juazeiro (1922), de Rodolpho Theophilo; Padre Cícero - Juazeiro visto de perto (1936), de Reis Vidal; Cartas Pastorais sobre Os Factos do Joaseiro (1894-1899), de D. Joaquim; Beatos e cangaceiros (1920), de Xavier de Oliveira; O Patriarca de Juazeiro (1969) de Pe. Azarias Sobreira. Não podem deixar de figurar também nesta nossa pretensão a edição de originais inéditos, tais como: Arcanos do Verso: trajetórias da Tipografia São Francisco em Juazeiro do Norte, 1926-1982 (2003), de Rosilene Melo; O Joaseiro e seu legítimo fundador, Padre Cícero Romão Baptista (1963), de Octávio Aires de Menezes; Juazeiro do Norte: a relação de trabalho nas instituições públicas (2002), de José Carlos dos Santos; Anais do 2o Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero e os romeiros de Juazeiro do Norte (2004), da Urca; Juazeiro e suas memórias (1980), de Amália Xavier de Oliveira. Surgirá, necessariamente, uma maravilhosa Coleção Centenário. Tanto trabalho por fazer, e só podemos dizer: mãos às obras...
(JUANORTE, 18.10.2009)
O PROTOCOLO
Há muitas estórias que se contam em torno das famosas audiências que acontecem na Santa Sé, quando Sua Santidade recebe gente muito importante, do mundo civil ou do próprio clero, seja no Vaticano, seja em Castel Gandolfo. Muito provavelmente, uma das mais pitorescas nos fala da primeira audiência do então Papa João XIII ao casal, católico apostólico romano, Jacqueline Bouvier e John Fitzgerald Kennedy. Li pela imprensa da época, há muitos anos passados, que a Secretaria de Estado esmerou-se para ajustar um cerimonial preciso e dentro de requisitos que tornassem este encontro memorável. Vivia-se a então Guerra Fria e era importante que ao mundo isto passasse uma ótima imagem de como o Vaticano nutria as suas esperanças para que se respirasse algo mais promissor para o futuro da humanidade. Tudo funcionou precisamente, à exceção de um detalhe: Sua Santidade devia dispensar um tratamento muito protocolar à Sra. Kennedy, vestida em negro e com elegante mantilha que lhe cobria a cabeça. Sua Santidade deveria cumprimentar-lhe formalmente, e o tratamento protocolar exigia: - Senhora... Tal não aconteceu. Movido por alguma coisa que lhe veio à mente, à entrada do casal, o Papa, impulsivamente, simplesmente, abandonou o rigor e disse festivamente, abrindo os braços e abraçando-a: - Jacqueline, Jacqueline... Fiquei pensando nestes dias sobre algo que aguardávamos ansiosamente com respeito à visita quinquenal ad sacra limina apostolorum, do bispo diocesano D. Fernando Panico, junto com os demais da CNBB Nordeste Regionais 1 e 4 (Ceará e Piauí). Esta visita é uma obrigação imposta pela Igreja Católica Romana aos seus bispos diocesanos e a certos prelados com jurisdição territorial, tais como os abades territoriais, de a cada 5 anos visitarem os túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo, em Roma, e também para se encontrarem com o Sua Santidade, oportunidade em que falam da realidade de suas dioceses. Foi exatamente isto que aconteceu no último dia 25 de setembro, em Castel Gandolfo, com a saudação inicial feita pelo arcebispo de Fortaleza D. José Antonio Aparecido Tosi Marques. No seu discurso o Papa Bento XVI falou sobre um dos principais desafios da Igreja, com respeito à crise da instituição familiar. Depois, isoladamente, cada bispo teve a oportunidade de ser recebido, conversar por uns instantes e até trocar presentes. A visita destas duas Regionais trouxe duas novidades com respeito às pretensões da Igreja do Nordeste, em torno do Pe. Cícero Romão Baptista. Anteriormente, o Regional 2 também recebido pelo Papa, teve, como se soube, a palavra de D. Antonio Muniz, arcebispo de Maceió, com a menção explícita de um desejo nordestino com respeito à reabilitação do Pe. Cícero e a canonização de Pe. Ibiapina. Com D. Fernando, esperávamos que algo também fosse pronunciado. Efetivamente, conforme fotografias disponibilizadas pelo L´Osservatore Romano viu-se que em reservado, D. Fernando presenteou Sua Santidade com duas obras bibliográficas (os livros de Antonio Costa e Maria do Carmo Forti – respectivamente sobre Pe. Cícero e Maria de Araújo). Certamente que falaram de outras coisas, também. Ficaríamos por aí. Mas, noutro dia, soube por uma pessoa que esteve presente à audiência do dia 25.09, que à entrada de D. Fernando na sala de audiências, Sua Santidade o saudou de forma inusitada: abriu os braços em gesto fraterno e exclamou em boa voz: - CÍCERO, CÍCERO...
(JUANORTE, 25.10.2009)
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Não deve tardar tanto a iniciativa do Governo Municipal em criar no âmbito de sua gestão uma Secretaria para cuidar dos assuntos de Ciência e Tecnologia. A bem da verdade, isto já foi falado em meio às especulações da formação do gabinete, entre tantas estórias muito naturais das sondagens em alvoroçado período anterior à posse. A razão fundamental, que alicerça uma demanda desta natureza, se reserva à constatação que o desenvolvimento da província carece de apoio logístico para orientar formação de quadros e estruturar políticas e ações públicas que dinamizem esta vocação de uma cidade que se agiganta em meio a um pólo universitário. Vejo com particular interesse que o prefeito municipal declara na sua página (twitter) na internet: “Vamos trabalhar a idéia de fazer em Juazeiro um pólo químico-farmacêutico”. Certamente foi das boas e curtas expressões da semana que findou. Isto requer uma boa reflexão em meio ao sentido avexado da expressão, para nos dizer o quanto ainda estamos nos atrasando. Há pouco me lembrava que era um estudante na USP quando um grupo de professores da Poli sintonizou com a ansiedade de Luiz Henrique (prefeito de Joinville, depois ministro de Ciência e Tecnologia) e plantou a semente de um amplo programa de desenvolvimento científico e tecnológico, a partir da primeira célula, do Centro de Desenvolvimento Biotecnológico. Desgraçadamente, as alternâncias do poder levaram o CDG ao desprestígio, à presa fácil do jogo político e terminou inativo, agora tendo sua base técnica e científica disputada por uma Universidade regional. Mas, enquanto não, sabem os catarinenses o que de alavanca aquele centro, articulado com CNPq, Finep, agentes do financiamento estrangeiro, associações comerciais e industriais, sem minimizar o amplo relacionamento técnico-científico de seus quadros de recursos humanos foram capazes de produzir no desenvolvimento do vale do Itajaí. No começo dos anos 80 se dizia do futuro de novas áreas, fronteiras do conhecimento que contemplavam maciços aportes financeiros para o desenvolvimento de novos materiais, na química fina, na biotecnologia, na genética molecular, na nanotecnologia, na produção de novos fármacos, em meio ambiente, na informática, etc. Nenhuma sociedade pode transferir esta pauta para o mais tarde. Especialmente estas economias emergentes, de cidades de médio porte pelo interior do país. Nós temos um que de identidade com parte deste elenco. Por exemplo, esta semana chegou ao meu conhecimento a insatisfação dos produtores de fava d´anta no Cariri, que dependentes de aquisições de um produto bruto (fava), apenas seca ao sol, e que limita o preço de mercado para uma matéria prima tão importante no desenvolvimento de fármacos. Vale a pena apoiar a iniciativa destes produtores e trabalhar numa perspectiva de um processamento mínimo que agregue valor ao seu produto e possa remunerar mais satisfatoriamente o esforço extrativista. De outra sorte, é também conveniente aceitar as provocações de empresários já estabelecidos e que desejam inovar técnica e cientificamente os seus processos e produtos, com importantes adesões do suporte de outras empresas do setor químico-farmacêutico. Cabe ao setor público a sensibilidade de criar mecanismos de proteção e estímulo a estas iniciativas para que elas nucleiem o pólo de que se fala. A conseqüência, em meio a estas competências dos campi universitários, são inevitáveis: provoca-se um desenvolvimento de setores afins, fomenta-se o emprego e gera-se a renda que nos promove do fosso das desigualdades que nos abafam.
(JUANORTE, 01.11.2009)
MISSÃO MEMORIAL
Aceitei dirigir o Memorial Padre Cícero. O convite veio da parte do sr. prefeito municipal, dr. Manoel Santana Neto, no último dia 01.11, ao cumprimentar-me no alto da colina do Horto, em meio às comemorações dos 40 anos da Estátua. Fiquei vários dias pensando nessa possibilidade até esta definição que será pública num ato simples, às 9:00h desta segunda feira, no próprio Memorial. Felizmente, ao que percebo, faz-se nesta ocasião uma transição administrativa balizada exclusivamente pelo desejo da gestão municipal em prover a instituição de uma nova experiência, um novo olhar que venha renovar as atenções para com a casa. Alegra-me dizê-lo, por ter sentido nas minhas inquietações, que o Memorial, por mim, deverá continuar a sua existência submetido às conveniências de sua missão. Nada se deve fazer para alterar-lhe este percurso. Poderá ser outra coisa, não o Memorial que se pensou e o que temos tido por estes anos. Dirigir a Fundação Memorial Padre Cícero, ser o seu presidente, é uma grande e nobre missão. Nem mesmo sei, ao certo, se estou à altura desta responsabilidade, não me ocorrendo por enquanto qualquer sentimento de que tenha sido leviano ao garantir o empenho para geri-lo à esta fase de nossas vidas. Vi o Memorial nascer nas cinzas da velha praça do Cinqüentenário. Participei da constituição do seu acervo inicial. Acompanhei-o ao longo de diversas gestões. E hoje, tantos anos depois daqueles entusiasmos juvenis, move-me, isto sim, o desejo de colaborar, com a oportunidade de testar algumas modestas habilidades na direção de um certo plano de trabalho. Vejo que é importante atualizá-lo nos seus estatutos e regimento interno, para que tais peças não sejam como aquelas que mumificam em museus. Trata-se de adequá-los às novas regras da modernidade para que sua missão seja eficiente, com uma estrutura administrativa que flua levemente nas relações com os poderes, árbitros de sua dependência, para posicioná-lo numa frente de articulações com expressivos setores da cultura nacional, seja o Sistema Nacional de Museus, sejam os grandes protagonistas do fomento, do mecenato e do financiamento. Devemos nos esforçar para capacitar seus recursos humanos, o quadro de servidores, agregando conhecimento de causa e novas competências para torná-lo ágil na interlocução com o usuário, qualquer que seja a sua qualificação. Será necessário investir, decididamente, para a sua atualização técnica, com o objetivo de modernizar o seu perfil museológico, o espaço cultural muito ativo, a sua condição de multiuso como mini-centro-convencional, sem que seja necessário lembrar as disponibilidades de sua reserva técnica para maior dinamismo de sua proposta de guarda e mostra da memória histórica do Pe. Cícero. Deverá ser serviço preponderante o de alterar-lhe no desempenho, o de romper com a passividade de abrigo de atividades e eventos de terceiros, para abrir uma nova e significativa pauta de promoções da sua iniciativa e realização. Mais que uma construção, o Memorial Padre Cícero é uma grande e poderosa idéia de edificação da nossa cidadania, instituição que está onde está a nossa luta e ambição pela preservação de nossas heranças históricas. Por tais motivos e ambições eu decidi aceitar o convite e presidi-lo. Se alguém ousar dizer que com isto passo a expiar parte dos meus pecados, então que me digam também, ao menos, que o castigo me seja leve. Certamente não será só por isto que amanhã entro lá para começar esta nova missão. 
(JUANORTE, 08.11.2009)
COMPLEXO DO CENTENÁRIO
Um dos projetos aprovados pela Comissão do Centenário de Juazeiro do Norte, na sua última reunião, é o Complexo do Centenário. Ao justificá-la, assim nos posicionamos: “A origem da atual cidade de Juazeiro do Norte remonta ao Século XIX, no ano de 1827, quando na então fazenda Tabuleiro Grande, do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, foi benta uma pequena capela em honra da devoção dos seus proprietários a Nossa Senhora das Dores. Deste sítio vem a gradual formação do núcleo rural e dele a então vila de Joazeiro. Com a evolução, a partir de sua emancipação como município, a cidade foi parcialmente descaracterizada, a ponto de ter perdido até este referencial de suas origens. Pretende-se com a edificação deste Complexo do Centenário, em atenção a sugestões colhidas no seio da sociedade, um resgate histórico do marco zero da cidade, em torno da posição geográfica da então primeira capelinha de 1827. A consulta a historiadores e memorialistas, bem como a minuciosa pesquisa a documentos e bibliografia, revelou com grande precisão a posição original do primeiro núcleo onde se deseja configurar este complexo que será constituído pela denominada Praça do Marco Zero. A Praça deverá conter os seguintes elementos, delineados pela Comissão Municipal de Celebração do Centenário de Juazeiro do Norte: 1. Um obelisco em concreto que será encravado na posição exata do início do então traçado da Rua do Padre Cícero, contendo a seu lado e no piso, uma rosa dos ventos, pelo qual se fará a sua orientação geográfica do marco; 2. Um marco histórico comemorativo do Centenário, com duas faces nas quais serão esculpidas em concreto esculturas expressivas retratando a formação da cidade; 3. Um totem giratório em forma cilíndrica que conterá imagens fotográficas remissivas à história da cidade, bem como a alguns aspectos de sua evolução como núcleo urbano; 4. Espelho d´água sob o qual será assentado um coreto coberto que se reserva para eventos artísticos, especialmente; 5. Quiosques informativos para serem usados por organismos municipais com respeito a apoio institucional de cultura e turismo ao visitante; 6. Equipamentos diversos que completam a configuração da praça como amplo espaço de recreação e lazer da população, integrado por vias, bancos, jardins e vegetação típica regional. De modo particular, aí serão plantados e cultivados três mudas de Joazeiro (Zyziphus joazeiro) a árvore símbolo da cidade, para rememorar a antiga passagem de tropeiros pelo então sitio do século XIX. Justificamos, portanto, a sua construção não só pelo simbolismo que o equipamento passa a representar, mas também pela identidade com a celebração do centenário, a sua correlação com outros marcos da região (Basílica Menor do Santuário de Nossa Senhora das Dores, Centro de Apoio ao Romeiro e outros equipamentos e, de forma mais, abrangente pela expansão de áreas públicas, de praças e parques, necessárias à manutenção de generosos espaços de convivência, associados às demandas de interação ecológica para uma saudável convivência da população com o meio.” O projeto agora passa para a fase de negociações através das quais deverão ser identificadas as fontes de financiamento para que isto seja viabilizado. Num primeiro momento, através da inclusão de emendas na peça orçamentária nacional para o exercício 2010, tem-se como certa a disponibilidade da bancada do Cariri no Congresso Nacional para endossar a sua edificação. Assim esperamos confiantes.
(JUANORTE, 15.11.2009)
JUAZEIRO PAIS POBRE
Nesta última quarta feira, pelas 23 horas, faleceu José Oliveira (o Cego Oliveira, de uma geração de cantadores e rabequeiros do Juazeiro). José, filho do Pedro Oliveira, também conhecido por Cego Oliveira (o velho) era uma figura muito querida. Era um mestre, destes que, felizmente, já reverenciávamos em vida. Era surpreendente as suas habilidades que procurava compensar a perda da visão. Quando menino, lembro-me muito bem que meu pai o ajudava e lhe reservava uma das portas do seu estabelecimento comercial, tanto para o Cego quanto para seu filho Zé Oliveira. Eram os sábados, na velha feira do Juazeiro, na rua São Pedro. Ficávamos por todo o dia, e depois quando foi implantada a “semana inglesa”, as manhãs, ouvindo suas rabecas e o recital interminável de tantos versos de cordel que narravam muitos romances e as aventuras de príncipes e princesas, e grandes heróis de fantásticas aventuras. Depois da morte do Cego Oliveira, pai, José continuou a sua vida reproduzindo com grande fidelidade esta vocação de cantador e rabequeiro que eternizou a família. Viveu simplesmente, sempre dedicado a sua arte. Dos poucos que efetivamente os ajudaram, pai e filho, lembraria Gilmar de Carvalho e Rosemberg Cariry. Sejam louvados, pois Gilmar e Rosemberg que tiveram a sensibilidade de eternizá-los em livros, discos e no cinema. Não fui ver o Zé morto, no seu velório, neste instante final de despedida. Fui surpreendido pela notícia e bateu-me uma profunda tristeza ao lembrar-lhe. Preferi, ao contrário, recordá-lo em últimos flagrantes, como este que está numa foto do nosso álbum de família, quando vinha de sua casa, desde a rua Santa Isabel, todo dia 20, como naquele dia, para a tradicional missa do Padre Cícero. Dos tempos do Centro Elétrico, o Zé muito se afeiçoou conosco e aquele café da manhã era esperado para contar novidades, as notícias de casa e suas aventuras pelo mundo. Sempre batia uma prosa pelas escolhas de um jogo de cordas para a viola, que tinha de ser de uma marca exclusiva, para ele a melhor, coisa que reconhecia com grande destreza e o tato sensível. Essa não é a que quero... essa é a que gosto. E então conferíamos pela marca predileta e confirmávamos o quanto daquilo só ele entendia, e como poucos. A morte de Zé Oliveira é um destes instantes preciosos para que cada um de nós reflita um pouco sobre a indigência dos nossos mestres. Presentemente, a própria Secretaria de Cultura do Município está empenhada num amplo trabalho para formular um forte instrumento de apoio a estas manifestações. Gente de Reisados, de Lapinhas, Cantadores, Bandas Cabaçais, Bacamarteiros, etc. Um breve apanhado sobre como vivem esses grupos, no quase sempre mais completo abandono de políticas públicas para o estímulo à sua arte, revela a sua total dependência do poder público como único recurso a incentivar a sua existência e o culto às suas tradições. Está chegando o ciclo natalino, período em que eles vêm festivos para as praças e vias da cidade. Cabe-nos reconhecer o grande valor cultural que encerra este trabalho impenitente de todos eles e que atravessa os séculos. Juazeiro do Norte é uma síntese dessa diversidade cultural, na periferia do mundo a perturbar uma elite que insiste em varrer de sua cena as manifestações que vem destas camadas de excluídos e oprimidos pelas pressões sociais da perversa globalização. Mas, não duvidem, nunca, da resistência incomum que exibem, exuberantes, até mesmo diante de perdas como estas, de um mestre como José Oliveira. 
(JUANORTE, 29.11.2009)
PARA AJUDAR O MEMORIAL
Assumi a presidência da Fundação Memorial Padre Cícero (FMPC) como um grande desafio, diante da sua situação atual, muito preocupante para o que se pretende, tenha a instituição o significado que queremos lhe atribuir. Firmei um propósito, pessoal, de trabalhar para atualizá-lo em quatro frentes: a primeira diz respeito a sua figura jurídica, de fundação de direito público com estatutos que se defasaram no tempo, mercê de objetivos ali expressos que nunca corresponderam a sua missão principal. Por exemplo, “promoção do bem-estar da criança e do adolescente”, etc. Em verdade, a FMPC nascera pela lei 1439, de 09.05.1989, com o nome de Fundação Juazeiro do Norte, e foi redefinida por outra lei, a 1824, de 20.03.1993, onde até se preconizava “autonomia administrativa, financeira e patrimonial”. A estrutura organizacional é ainda apresentada de uma forma pesada, constituída por diretorias e conselho que nunca foram, efetivamente, testados na sua procedência e eficiência. Em segundo lugar, como gestor, cabe-me o zelo por seu patrimônio físico, naquilo em que, estando bem ou mal, se torna mais vistoso: instalações e equipamentos para a sua funcionalidade primordial de guarda da memória do Patriarca (Museu e Biblioteca), além dos espaços de uso continuado pela sociedade – uma espécie de um não tão bem qualificado centro de convenções, local muito eleito de pequenos e grandes eventos. No terceiro momento, desejo sinceramente motivar e influir para que o nosso quadro de colaboradores seja solidário com a missão que cabe a instituição, incentivando-o à qualificação que promoverá uma melhor capacitação de nosso pessoal, envolvido com eventos, biblioteca, museu, restauração, projetos, etc. Por último, apenas para firmar um projeto finito, ao tempo em que nem sei se serei capaz de conduzi-lo plenamente, é nosso desejo promover um maior relacionamento da instituição com a comunidade nacional, e até fora dela – se possível, para que haja um intercâmbio favorável à dinamização de sua missão. Testado à esta fase da vida para assumir tais responsabilidades, a grande indagação que faço, e qualquer um também faria, é: para se atingir estas metas, onde será possível barganhar recursos, se cultura é a derradeira instância de qualquer proposta orçamentária, especialmente de um município ? Agora leio pela imprensa que o deputado Vasques Landim acena com a destinação de emenda no orçamento do Estado para a “reforma” da FMPC. Surpreso, agradeço muito e espero, sinceramente, pelas gestões posteriores que produzirão o efeito desejado da sua iniciativa, ao tempo que me intrigam algumas coisas: a nossa representação federal preferiu a omissão, ninguém veio cá para saber de quanto se necessitava, analisando as reais carências, e, por cima, em louvando a generosidade, tenho que me esforçar para abstrair qualquer consideração de oportunidade eleitoreira. Felizmente, tenho encontrado grande solidariedade e entendimento dos setores municipais, em diversas instâncias, a começar pelo Gabinete e nas Secretarias, em cujas portas vou batendo. Ninguém tem ousado divergir da natureza de urgência, urgentíssima, para que tudo isto se faça. Afinal, nestes mais de vinte anos da sua existência, a FMPC tem cumprido uma pauta de muito serviço e dedicação aos seus objetivos. Por vezes nos constrange constatar que esta sua missão não tenha sido entendida por tantos anos. Mas é assim mesmo, somos todos muito imperfeitos. E, silenciosa, a FMPC aguarda pacientemente a resposta da gente de boa vontade que, felizmente, e entre nós, não é tão rara, assim como água na caatinga. 
(JUANORTE, 20.12.2009)
PATRIMÔNIO E PICARETAS
Na semana passada eu me ocupei sobre as novas funções de gestor do Memorial. Recebi de um leitor a consideração: “O Memorial Padre Cícero é uma grande obra, feita por um grande arquiteto, e seria bom que ele fosse mais visível aos olhos. Falo daquele colégio que fica de lado do Memorial, acho que deveria ser derrubado, e assim o Memorial Padre Cícero seria muito mais visto, até da praça Padre Cícero poderia ser avistado e até a praça em torno ficaria mais agradável.” Todos percebemos que esta declaração comporta reações várias no seu acolhimento. A primeira delas é flagrante: nós não somos um povo habituado a conviver, respeitosamente, com o que denominamos patrimônio (nem histórico, nem artístico, nem cultural). Então, quando ele está na esfera do público, especialmente. Chegamos a um centenário sem a devida maturidade, até para analisar o que de perverso já se cometeu, quanto mais sobre o que ainda se poderá perpetrar. E não é que eu desejo por este exemplo execrar a figura anônima do meu leitor, não. A verdade é que entre nós, com velhos e péssimos exemplos, nós ligamos o fato a gente de bem, entendidos, os doutores, os nossos homens públicos, os que condenaram o nosso patrimônio de pedra, areia e cal, reduzido por picaretas a escombros que se sepultaram com lixo e na força bruta de tratores. É sempre assim. Seja na cena brasileira, seja na província, não se abre exceção: sempre é a ignorância. A dúvida é: quem a manifestará de forma mais contundente ? Gente simples como nós ou gente de mando sem compromissos sociais ? Alguém... Haverá alguém, não é difícil prever. Só quando olhamos para velhas fotografias do Juazeiro é que percebemos o que foi cometido contra o nosso patrimônio histórico-artístico e cultural. Nas cidades históricas brasileira, pelo menos, há um consenso para que as intervenções no chamado sítio histórico sejam as menores possíveis, e na direção do restauro, da preservação e do uso não predatório como bem no qual se reconhecem responsabilidades sociais. Juazeiro enveredou pela contramão da história quando poder público, igreja, políticos, e o cidadão comum determinaram que esta regra não valia para nós. Há pouco nos perguntávamos: onde nasceu o Juazeiro, qual foi o seu marco zero ? Onde está a rua do Brejo ? O que foi feito dos velhos casarões ? Alguém lembra onde era a prefeitura dos tempos do Padre Cícero ? Onde os coronéis se reuniram, e até assombraram a velha república com um certo pacto ? Tantas perguntas... No caso do velho casarão em frente ao Memorial, o primeiro grupo escolar público de Joazeiro, nascido em 1924, graças a Deus ele ainda está de pé, testemunhando este momento grave em que tudo que lhe era contemporâneo vai desaparecendo ao som das picaretas. A sugestão do leitor se encaminha da direção contrária de sua expectativa. Deus nos livre tocar naquelas paredes e macular esta memória plena de um exercício civilizador, recheado por Amálias, Generosas, Assunções, Marias Gonçalves. Me perdoem, se depender de mim, mesmo dirigindo a casa, o Grupo Escolar Padre Cícero continuará escondendo o Memorial. Por isso mesmo, caberá ao Memorial reacender para nosso povo o gosto e o respeito à memória e às tradições. Sem memória, sem tradições, até se pode justificar que, numa terra como esta, pouco tenhamos que nos incomodar com a tristeza que nos assola ao ver partir dona Tatai – a celebrante maior de todas as lapinhas deste lugar. Aos poucos, a simplicidade da lapinha da praça vai cedendo à sofisticação da casa de Papai Noel. Será que nós estamos regredindo e na maturidade querem nos dizer que, de fato, Papai Noel existe ? 
(JUANORTE, 27.12.2009)
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
BNB CULTURAL - CINEMA (JUAZEIRO DO NORTE / CARIRIAÇÚ)
O Projeto Banco do Nordeste Cultural – Cinema ocorre no Orfanato Jesus Maria José (Rua Cel. Antonio Pereira, 64, Santa Tereza, em Juazeiro do Norte, no dia 19, terça feiora, às 14h e na Comunidade do Sítio Monte, em Caririaçú, CE, no dia 21, quinta feira, às 19h com a exibição do filme KIRIKU E A FEITICEIRA (Kirikou et la Sorcière, França, 1998, 71min). Direção de Mihel Ocelot. Sinópse: Na África Ocidental nasce um menino minúsculo, cujo tamanho não alcança nem o joelho de um adulto, que tem um destino: enfrentar a poderosa e malvada feiticeira Karabá, que secou a fonte d’água da aldeia de Kirikou, engoliu todos os homens que foram enfrentá-la e ainda pegou todo o ouro que tinham. Para isso, Kirikou enfrenta muitos perigos e se aventura por lugares onde somente pessoas pequeninas podem entrar. 

CCBNB-FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), promovendo a edição local do FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 19, terça feira, às 18:30 horas, no Auditório CCBNB-Cariri, o filme GAUGUIN – VIAGEM AO TAITI (Gauguin. Voyage du Tahiti, França, 2017, 110 min) Direção de Eduard Deluc. Sinopse: No ano de 1891, Gauguin se exila no Taiti. Ele quer reencontrar sua pintura livre, selvagem, longe dos códigos morais, políticos e estéticos da Europa civilizada. Ele se infiltra na selva, encarando a solidão, a pobreza, a doença. Lá, Gauguin conhece Tehura, que se tornará sua esposa e tema das suas telas mais importantes.
CCBNB-FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), promovendo a edição local do FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 20, quarta feira, às 16:30 horas, no Auditório CCBNB-Cariri, o filme CUSTÓDIA (Jusqu´á la garde, França, 2018, 93 min) Direção de Xavier Legrand. Sinopse: Miriam e Antoine Besson se divorciaram, e Miriam está procurando a custódia exclusiva de seu filho Julien, para protegê-lo de um pai que ela afirma ser violento. Antoine defende seu caso como um pai desprezado e a juíza decide a favor da custódia compartilhada. Refém do crescente conflito entre seus pais, Julien é levado ao limite para evitar que o pior aconteça. 
CCBNB-FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), promovendo a edição local do FESTIVAL VARILUX DE CINEMA FRANCÊS, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 20, quarta feira, às 18:30 horas, no Auditório CCBNB-Cariri, o filme TROCA DE RAINHAS (L´échange des princesses, França, 2017, 100 min) Direção de Marc Dugain. Sinopse: Ano de 1721. Uma ideia audaciosa germina na mente de Felipe de Orléans, regente da França… Luís XV de 11 anos, logo se tornará rei, e, uma troca de princesas permitiria consolidar a paz com a Espanha, após anos de guerra, que deixaram os reinos enfraquecidos. Então, Felipe casa a filha, Mlle de Montpensier, de 12 anos, com o herdeiro do trono da Espanha, e Luís XV se casa com a Infanta da Espanha, Anna Maria Victoria, de 4 anos. Mas a entrada precipitada dessas jovens princesas na corte francesa, sacrificadas no altar dos jogos dos poderes, vai acabar com a sua tranquilidade. 
CCBNB - CINEMA (CASA GRANDE, NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais dentro da sua programação de Cinema na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e exibe no próximo dia 22 sexta feira, às 19 horas, o filme ÚLTIMO TANGO EM PARIS (Ultimo tango a Parigi, Itália, 1972, 129 min). Direção de Bernardo Bertolucci. Sinopse: Enquanto procura um apartamento em Paris, uma bela jovem (Maria Schneider) conhece um americano (Marlon Brando), cuja esposa recentemente cometeu suicídio. Instantaneamente um deseja o outro ardentemente e iniciam naquele momento um tórrido affair. Eles combinam que não revelariam nada de suas vidas, nem mesmo seus nomes, sendo que o objetivo dos encontros seria basicamente sexo. Mas gradativamente os acontecimentos vão fugindo do controle de ambos. 
CINE CAFÉ (CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 23, sábado, às 17:30 horas, o filme UM TIRO NA NOITE (Blow up, EUA, 1981, 108 min). Direção de Brian de Palma. Sinopse: Um jovem que trabalha em uma produtora de cinema de filmes B grava acidentalmente alguns ruídos em uma rua à noite, referentes a um acidente de carro que resultou na morte de um governador. 
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na quintas feira, dia 21, às 19:30 horas, dentro da Sessão GRANDES FAROESTES o filme PAIXÃO DOS FORTES (My Darling Clementine, EUA, 1946, 103 min). Direção de John Ford: Sinopse: Wyatt Earp (Henry Fonda) é um pacífico e respeitado criador de gado, negócio que comanda junto com os irmãos Morgan (Ward Bond), Virgil (Tim Holt) e James (Don Garner). Quando James é assassinado e sua criação roubada, Earp aceita tornar-se xerife de Tombstone para instaurar a paz na cidade, encontrar os criminosos que procura e vingar a morte do irmão.
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na sexta feira, dia 22 às 19:30 horas, dentro da Sessão LANÇAMENTOS o filme EXTRAORDINÁRIO (Wonder, EUA, 2017, 111 min) Direção de: Sinopse: Auggie Pullman (Jacob Tremblay) é um garoto que nasceu com uma deformação facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias plásticas. Aos 10 anos, ele pela primeira vez frequentará uma escola regular, como qualquer outra criança. Lá, precisa lidar com a sensação constante de ser sempre observado e avaliado por todos à sua volta.
ESTUDOS ACADÊMICOS (III)
Continuando a nossa informação sobre documentos acadêmicos (monografias, dissertações e teses universitárias) estamos reproduzindo abaixo uma série de trabalhos realizados para obtenção dos diversos graus de formação superior, de uma das mais respeitáveis instituições do Cariri, a Faculdade Leão Sampaio, hoje Centro Universitário, mais conhecida como UniLeão.

Título: Padre Cícero: líder e empreendedor. Autora: Waleska Marrocos de Oliveira. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Administração, 2010. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará. Resumo: O presente artigo trata da história do Padre Cícero Romão Batista, uma das personalidades mais marcantes do Nordeste brasileiro. Ele fundou a cidade de Juazeiro do Norte, hoje fortificada em seus ensinamentos e crenças, detentora de um turismo religioso enraizado em sua cultura, tendo como pontos altos as romarias, que atraem milhares de pessoas durante todo o ano, alimentando o comércio e fazendo a cidade crescer, tornando-se a segunda maior cidade do Estado do Ceará. Neste sentido o presente trabalho tem como objetivo identificar o perfil de líder e empreendedor do Padre Cícero bem como a sua influência no crescimento econômico. Para isto foi utilizado uma pesquisa bibliográfica e documental que serviu de base para uma pesquisa de campo onde foram aplicados 184 questionários entre os dia 27 e 28 de outubro de 2010 no comércio da cidade de Juazeiro do Norte, abordando perguntas relacionadas ao Padre Cícero desde o conhecimento de sua História até a sua importância para o crescimento da cidade. A pesquisa procurou identificar se nos dias atuais às portas do seu primeiro centenário, a cidade de Juazeiro do Norte possui identidade própria ou é o Padre Cícero, mesmo depois de anos do seu falecimento, o responsável pelo crescimento e desenvolvimento econômico. 
Título: Empreendedorismo em Juazeiro do Norte sob a perspectiva da figura do Padre Cícero. Autor: Sérgio Alencar. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Administração, 2014. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte. Ceará. Resumo: Este artigo teve como objetivo investigar o empreendedorismo na cidade de Juazeiro do Norte – CE sob a perspectiva da figura do Padre Cícero. Para o alcance do objetivo proposto, inicialmente, foram realizadas pesquisas bibliografias que embasassem a temática geral deste trabalho. Em seguida, foi aplicado um questionário junto aos alunos do 7º e 8º semestres do curso de Administração de uma Instituição de Ensino Superior. Fazendo-se uma análise da história do Padre Cícero e do empreendedorismo em Juazeiro do Norte, foi verificado que existe uma forte relação entre o sacerdote e a ação de empreender, desde o começo do povoado de Tabuleiro Grande até hoje em dia, visto que a própria cidade é um grande exemplo da visão empreendedora do padre. Foi verificado, de acordo com os pesquisados, que o Padre Cícero foi um grande empreendedor e propulsor na transformação do pequeno lugarejo em uma metrópole hoje conhecida como Juazeiro do Norte. 
Título: Turismo religioso e suas influências em Juazeiro do Norte: “A terra do Padre Cícero”. Autora: Silvana Gomes Alves. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Administração, 2008. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará. Resumo: O artigo discute a propriedade conceitual do turismo religioso, trata do seu surgimento, de suas características e das suas capacidades e influenciar nos aspectos como a economia, política e a sociedade. Se por um lado o conceito se revela uma oportunidade de grandes negócios, por outra a cidade se sacrifica para receber, ainda sem infraestrutura quase o dobro de sua população. Percebe-se que não há uma exploração por parte dos governantes, já que as visitações aumentam com o passar dos anos e a capacidade de oferta de espaço e desenvolvimento não as acompanham, deixando a desejar a falta de ação dos mesmos.
Título: A cidade de Juazeiro do Norte e seu desenvolvimento a luz da figura do Padre Cícero. Autora: Fabiana Bezerra Pereira. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Administração, 2009. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará. Resumo: Este artigo trata do grau de importância que a figura do Padre Cícero causa para o desenvolvimento econômico, político e social da cidade de Juazeiro do Norte, localizada na região do Cariri, no Sul do Estado do Ceará. Todos estes fatores, adicionados ao processo de romanização da Igreja no Brasil e de maneira especial no Ceará, ocasionou uma peregrinação de romeiros nesta localidade, que, afastado de todos os grandes centros urbanos, experimentou um desenvolvimento geral que foi adotando forma e ficando cada vez mais denso. Apesar das determinadas tentativas tanto dos governantes civis quanto do poder eclesial, as transformações da cidade rumo ao avanço tornaram-se irreversíveis. 
Título: A liderança administrativa cristã: atuação de empresários protestantes na terra do Padre Cícero. Autora: Maria Iasmim Ferreira Siqueira Sousa. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Administração, 2014. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará. Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo apresentar a influência do Cristianismo na liderança administrativa de Cristãos, visto que a liderança revela ao administrador sua habilidade de influenciar os outros a ter um desempenho além das ações ditadas pela autoridade formal, bem como solucionar os conflitos do cotidiano das empresas. A metodologia utilizada para a da pesquisa foi meios bibliográficos, publicados em livros e artigos relativos à liderança secular e cristã, possuindo caráter descritivo e abordagem quantitativa, onde houve uma pesquisa de campo, aplicada à quinze empresários atuantes no setor de comércio na cidade de Juazeiro do Norte, selecionados por conveniência. Os resultados dessa investigação, agregados à teoria relacionada, possibilitaram uma análise acerca do perfil dos líderes cristãos, bem como, a presente influência do cristianismo nas ações cotidianas e decisivas, os elementos para uma boa gestão, fundamentados na Bíblia Sagrada, temor e obediência a Deus, o que implica na honestidade e integridade dos negócios, tornando-se claro a influência do Cristianismo na forma de liderar uma organização.
Título: Padre Cícero como fomentador do empreendedorismo na cidade de Juazeiro do Norte- CE. Autor: Francisco Welton Gonçalves do Nascimento. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Administração, 2016. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará. Resumo: O empreendedorismo no Brasil vem sendo bastante discutido nos últimos tempos, e na cidade de Juazeiro do Norte – CE se torna uma atividade frequente e até mesmo histórica. No intuito de compreender o crescimento comercial urbe da referida Juazeiro do Norte e como o Padre Cícero influenciou e influencia no empreendedorismo local, a pesquisa tem por objetivo mostrar o desenvolvimento da cidade de Juazeiro do Norte através da visão empreendedora do Padre Cícero Romão Batista. Para fortalecer o estudo foi traçado uma metodologia, com abordagem qualitativa, de natureza básica e objetivos exploratórios, envolvendo um estudo de caso, através da história de vida, utilizando-se de entrevistas com amostra do tipo snowball. De acordo com os resultados pôde-se constatar que o Sacerdote foi de fato essencial para o desenvolvimento regional e empreendedor, tomando partido pela cidade, conquistando sua emancipação, incentivando o crescimento comercial, educacional e pessoal de todos que formavam a urbanização de Juazeiro do Norte-CE. 
Título: A fé no Padre Cícero sob o olhar de um romeiro de Juazeiro do Norte. Autora: Maria de Jesus Alves Bezerra. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Psicologia, 2013. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará. Resumo: Sabe-se que o homem ocidental desde os primórdios sempre se ateve a estar ligado a algo sagrado onde essa espiritualidade adere a experiência de uma religiosidade focada no significado perceptível, a sacralização que apura o romeiro o faz ter convicção ao meio do que vive. Diante disso, o presente trabalho contempla uma pesquisa qualitativa, onde fora realizado um estudo de caso a partir de uma entrevista semiestruturada como meio para coleta de dados. O presente trabalho propõe despontar como a fé e a devoção do romeiro em Juazeiro do norte abrange uma variedade de vivências religiosas que possibilita e dispõe livremente do que é próprio. Destarte, o presente trabalho traz um estudo acerca da visão do romeiro em relação à figura mítica do Padre Cícero. Esperamos que essa formulação possa contribuir com a comunidade acadêmica, pois há necessidade de se investigar esse fenômeno. Em suma, esta pesquisa vem a contribuir como uma primeira experiência de investigação ao redor a da figura do Padre Cícero, bem como com a percepção do romeiro para com este. Não se considerando forma última de compreensão e investigação acerca da temática em questão. 
Título: Histórias em vidas: avanços e retrocessos no protagonismo social de mulheres artesãs do horto de padre Cícero. Autora: Gessica Wellem Batista Ferro. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Psicologia, 2014. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará. Resumo: O protagonismo pode ser compreendido enquanto processo de constituição do sujeito, marcado pelas implicações objetivas e subjetivas de uma história de vida que se insere e evidencia as manifestações de um determinado contexto sócio-histórico. Este se apresenta como produto e expressão do desenvolvimento psicossocial, exercendo influência no modo como o homem percebe a realidade na qual está inserido e a si mesmo. Diante disso, esta pesquisa de natureza qualitativa tem como objetivo analisar o protagonismo social das participantes do Grupo de economia solidária Mulheres da Palha, localizado na cidade de Juazeiro do Norte-CE. Esta pesquisa foi realizada junto as cinco integrantes do Grupo mencionado, sendo norteada pela metodologia de histórias de vida. Os dados foram coletados mediante entrevistas abertas e por meio da observação participante, sendo os resultados analisados em uma perspectiva sócio-histórica. Mediante este processo, os resultados obtidos apontam para a constatação de que a percepção das participantes enquanto protagonistas de suas vidas não se apresenta como algo unânime, está em um processo de construção, envolvem avanços e retrocessos, os quais evidenciam que este modo de ser no mundo não é algo acabado, tão pouco uma condição natural, envolve um constante vir a ser.
Título: O sentido da vida na experiência da fé romeira em Juazeiro do Norte- CE. Autor:Fernando Felix dos Santos. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Psicologia, 2015. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará. Resumo: A cidade de Juazeiro do Norte Ceará recebe anualmente milhares de romeiros vindos de várias cidades do país em especial do Nordeste. Todo deslocamento é motivado em razão de um santo não oficializado pela igreja católica, no caso o Padre Cícero, figura de grande significado para os romeiros que aqui visitam. O propósito deste estudo é entender o sentido da vida para um romeiro na cidade de Juazeiro do Norte e ainda investigar a experiência religiosa na construção de sua fé. A metodologia adotada tem como base um estudo de caso, sendo o sujeito da pesquisa um romeiro do sexo masculino residente na referida cidade há um ano e sete meses. Dentro ainda da metodologia utilizou-se de uma entrevista semiestruturada como forma de captação dos dados. As discussões dos dados se fizeram através de uma análise de conteúdo contemplando temas relevantes aos objetivos propostos. Os resultados apontaram para uma vivência religiosa intensa e convicta adotada pelo sujeito da pesquisa. A figura do padre Cícero foi a que mais se destacou como referencial de fé e de religião. Ainda pôde se verificar que a adesão de uma religião perpassa por momentos existências da vida do sujeito e que a relação familiar tem forte influência nessa tomada de decisão, não sendo a única razão para tal decisão. O sentido de vida de cada pessoa varia de acordo com o momento existência do sujeito e ainda esse sentido pode ser encontrado tanto no momento de alegria como no mento de sofrimento. 
Título: Necessidades habitacionais do distrito Padre Cícero: uma motivação de luta por moradia. Autora: Karla Karielle de Meneses Sousa. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Serviço Social, 2010. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará. Resumo: A presente pesquisa é resultado de constantes reflexões teórico-empíricas proporcionadas pelo Curso de Graduação em Serviço Social da Faculdade Leão Sampaio, tendo como objetivo a averiguação das necessidades habitacionais dos (as) moradores (as) do Distrito Padre Cícero que organizaram um movimento de luta por moradia, promovendo a participação destes (as) na construção do levantamento proposto. Adotando para tanto, uma perspectiva crítico-analítica que permitiu a compreensão da situação habitacional vivenciada pelos (as) integrantes desta mobilização, sendo enfatizadas as percepções dos (as) mesmos (as) acerca desta problemática. Esse fator contribuiu consideravelmente para a concretude desse diagnóstico. Metodologicamente, a unidade investigativa deste estudo pauta-se nas pesquisas qualitativa e quantitativa com abordagem dialética. Como técnicas de coleta de dados, adotou-se a entrevista semiestruturada e o grupo focal. O universo da pesquisa constitui-se dos militantes da reivindicação, onde participaram da mesma vinte e três (23) desses (as) integrantes, que correspondem a quarenta e três por cento (43 %) do universo pesquisado. O período da pesquisa foi de março a maio de 2010. A discussão e análise realizada afirmam as questões que nortearam a presente pesquisa ao detectar-se que os (as) participantes da pesquisa enfrentam várias necessidades habitacionais e que este foi o real motivo pelo qual os (as) mesmos (as) organizaram este movimento social de luta por moradia. Comprova-se ainda que o objetivo desta reivindicação não foi alcançado, ao passo que a instância municipal não elaborou até então, nenhuma ação que visasse solucionar essa problemática. E, por fim, constatou-se que existe um esquecimento por parte do poder público para com essa população, tanto com relação aos serviços públicos ofertados quanto ao equacionamento de problemas ligados à habitação.
Título: O grupo de convivência dos adolescentes no CRAS Padre Cícero em Juazeiro do Norte- CE: um instrumento de efetivação de direitos sociais. Autora: Cícera Fernanda Ribeiro da Silva. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Serviço Social, 2013. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará. Resumo: O trabalho estuda a problemática acerca da existência do benefício prático que as atividades realizadas no grupo de convivência do Centro de Referência de Assistência Social Padre Cícero trás aos adolescentes. O presente estudo tem por finalidade compreender a construção do conceito de adolescência, redimensionando este conceito a construção da Política voltado para esta categoria, traçar a trajetória da Política de Assistência Social no Brasil a partir de 1930 quando esta entra no campo político frente as estratégias do Projeto Neoliberal, e analisar a existência da função social das estratégias utilizadas pela equipe técnica no CRAS ao trabalhar com o grupo de convivência de adolescentes. Quanto aos aspectos metodológicos, tratou-se de uma pesquisa quanti e qualitativa, utiliza-se um questionário com perguntas abertas e fechadas como instrumento de coleta de dados, a análise de conteúdos foi feita a partir de um interpretação correlacionada a realidade vivenciada no período de estágio I e II. A relevância do estudo consiste no descobrimento da eficiência dos grupos de convivência no âmbito da assistência social. Através do estudo percebeu-se que as atividades desenvolvidas são suficientes para o que propõe os grupos de convivência, porém, poderiam ter mais retornos práticos se tivessem todos os recursos necessários para a realização das atividades. 
Título: "Morar bem" na terra do Padre Cícero: uma análise conjuntural da ocupação urbana na cidade de Juazeiro do Norte. Autora: Enza Rafaela Peixoto Ferreira. Monografia (TCC) apresentada à Coordenação do Curso de Serviço Social, 2010. Instituição: Faculdade Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, Ceará. Resumo: Esta monografia trata da análise conjuntural da ocupação do espaço urbano na cidade do Juazeiro do Norte – CE. Busca verificar através de uma análise crítica, as determinações postas como supostos de divisão geográfica do espaço urbano, considerando a conjuntura de classe. Neste sentido, a análise se fundamenta no pensamento da tradição marxista e também em autores que determinam para o Serviço Social o debate da questão urbana. Dessa forma, verifica que a cidade é composta por fronteiras invisíveis que impõem acessos a partir do acúmulo e da propriedade, garantindo uma espacialidade de fragmentação e segregação da classe subalternizada. Assim sendo, verifica que a cidade é desenvolvida especialmente ou unicamente para determinada classe e que o poder público encontra-se imbricado com os interesses dessa classe, além de que, toda a conjuntura de investimentos é dirigida para os espaços próprios da habitabilidade ou dos logradouros de projetos empresariais da classe dominante, verificando que os projetos direcionados para as classes populares encontram-se sob solução de continuidade ou sequer foram iniciados. Portanto, o espaço urbano na cidade do Juazeiro do Norte possui uma divisão clara fundamentada em uma axiologia de egoísmo e segregação da população que expressam os determinantes da questão social, determinando ou denunciando uma condição de precariedade e miséria, alienação e cooptação que nem “o milagre do Padre Santo consegue resolver”.
A SEMANA NA HISTÓRIA DE JUAZEIRO (V)
Contar a história de uma comunidade através de reminiscências contidas em efemérides é uma tarefa muito prazerosa. Assim, estamos continuando a publicação de efemérides da história de Juazeiro do Norte, agora em sua segunda edição, referente aos dias 17 a 23 de junho. Estamos usando como fontes jornais, livros e um trabalho inédito da professoara Amália Xavier de Oliveira. 
17 de Junho de 1957: Aconteceu o Lançamento da pedra fundamental do Santuário do Coração de Jesus, no Colégio Salesiano. Oficiou o ato o Revdmo. Pe. Renato Zigioti, diretor geral da congregação dos filhos de Dom Bosco, ora em visita ao Brasil, e de modo particular à província salesiana do Norte e Nordeste. Os Salesianos comprometeram-se a construir a Igreja do Coração de Jesus cumprindo um voto que fizera o Pe. Cícero e mais dois sacerdotes, de construir a igreja, agradecendo o inverno copioso que caíra após uma ameaça de seca no Ceará. O Pe. Cícero iniciou a construção no Horto, mas teve que suspender, para obedecer a proibição da autoridade Diocesana, demoliram o que já haviam construído e no local erigiram a estátua do Pe. Cícero que aí está.
18 de Junho de 1897: Com essa data, o bispo da Diocese do Ceará oficia ao Pe. Cícero nos seguintes termos: “Em data de 13 de junho, lhe dirigi um ofício, convidando a comparecer à Nossa presença dentro de 30 dias para receber a Decisão dada pelo Santo ofício com data de 19 de fevereiro do corrente ano, ao recurso por V. Revdma. interpôs sobre o caso do Juazeiro e exigindo, ao mesmo tempo, nos respondesse com a possível brevidade se obedecia ou não ao Nosso chamado. Este nosso ofício lhe foi entregue no dia 15 de abril segundo nos comunicou o pároco, Antonio Alexandrino de Alencar. Entretanto, até hoje V. Revdma. não compareceu à Nossa presença, nem mesmo dignou-se dar qualquer resposta. Nestas condições incumbimos o mesmo pároco entregar-lhe a supramencionada decisão que por cópia lhe enviamos. Verá V. Revdma. tão claros são os termos em que está concebido o Decreto, que dispensou qualquer explanação restando, pois tão somente acrescenta que se V. Revdma. se dispõe a obedecer, como é seu dever, às respectivas prescrições, teremos ainda que dar algumas instruções sobre o mesmo assunto. Cumpre V. Revdma. dentro do prazo de 10 dias depois do recebimento deste nosso ofício, declare por escrito ou ao menos verbalmente, ao Pároco desta freguesia, se está ou não disposto obedecer às prescrições do Decreto de 19 de fevereiro que ora lhe é intimado.” + Joaquim, Bispo Diocesano.
19 de Junho de 1897: O Pe. Cícero Romão Baptista responde a carta de 13 de junho, oriunda do Mons. Antonio Alexandrino de Alencar, vigário do Crato, nos seguintes termos: “Ilmo. e Revdmo. Sr. Recebi, às 5 horas da tarde de 13 de junho corrente, o ofício que neste dia dirigiu-me V. Revdma., marcando-me às 4 horas uma entrevista reservada. Assim, pois, não tinha mais lugar a satisfação do chamado, nem também se revelara a necessidade desta entrevista, porque se há algum assunto reservado a tratar-se hoje mesmo ou quando queria V. Revdma., pode fazê-lo com maior vantagem por escrito pois Verba volante et escripta manent. E assim, em tempo nenhum, quem quer que seja poderia atribuir-nos outra palavra, nem dar às nossas expressões sentido que elas não tenham. Convém, pois, e é necessário mesmo na confiança do presente prevenir a vicissitude incerta do futuro e salvaguardar um direito que nos é comum, principalmente quando a calúnia e a má vontade me perseguem e me fazem sua vítima, pode ainda em desempenho de seu ofício atribuir crime e desobediência em que por mercê de Deus, nunca pensei. E do que tenho sofrido, Deus livre e Deus guarde a V. Revdma. Ass. Pe. Cícero Romão Batista.”
20 de Junho de 1976: Em Madrid, Espanha, abre-se exposição de xilogravuras do artista Stênio Diniz. Dias antes, em 10 do corrente, Stênio esteve representando Juazeiro do Norte na 5º Feira de Artesanato realizada em Gramado, no Rio Grande do Sul, e no seu retorno fez contatos com o meio artístico nas cidades de São Paulo, Brasília e Porto Alegre. Na feira de Gramado, o stand do Ceará, foi um dos mais visitados, segundo palavras do próprio Stênio. 
Também nesse dia, a Construtora Andes determinou iniciou os trabalhos de asfaltamento em Juazeiro do Norte, começando pela Avenida Castelo Branco até à Rodoviária e, dali, descendo pela Rua São Paulo e contornando a Praça Pe. Cícero. 
Igualmente nessa data, aconteceu o Encontro Regional de Diretores das Unidades Escolares do Interior, sob a direção do coordenador das Delegacias Regionais de Educação, prof. Francisco Xavier Dias e Diretor da Divisão de Ensino Secundário. Local: Centro Educacional Moreira de Sousa.
21 de Junho de 1891: D. Joaquim José Vieira – Bispo do Ceará, baixou uma Portaria, constituindo uma comissão para exame in loco, dos fatos extraordinários de Joaseiro, nos seguintes termos: “Tendo nos chegado a notícia de alguns fatos maravilhosos, ocorridos já há alguns anos, com a beata Maria de Araújo, residente no povoado do Juazeiro da Freguesia do Crato, deste Bispado; fatos estes que acabam de ser atestados por dois médicos, um farmacêutico e dois sacerdotes, os quais afirmam, cada qual em sua espécie, ter visto a hóstia consagrada, por ocasião de dar-se a comunhão à dita beata, fazer-se toda em sangue; transformar-se em coração humano e a própria beata em estado de êxtase e estigmas, constando-nos além disto, que grande número de romeiros, os quais visitam a Capela de Juazeiro a testemunhar aqueles fenômenos, chegam até a dar culto aquele sangue, como se fora o verdadeiro sangue de Nosso Divino Redentor. Considerando nós, em o Senhor, que, se com todo o cuidado e vigilância devemos procurar o aumento e a conservação de nossa santa fé católica, somos também obrigados a trabalhar por impedir, até mesmo extinguir, tudo quanto ofender possa a sua pureza e santidade, temos resolvido, em cumprimento de nosso ofício pastoral e com observância do que a respeito dispõe o Santo Concílio Tridentino, na sessão vinte e cindo in vocatione Sanctorum, fazer examinar, como convém, os referidos fatos. E porque, ora, não nos seja possível ir pessoalmente instruir oportuno e necessário processo, e reconhecendo na pessoa do reverendo Clycério da Costa Lobo os requisitos necessários para o atual inquérito proceda: Havemos por bem comissioná-lo, como pela presente nossa portaria o fazemos, a exercer essa missão, para o que lhe delegamos todos os poderes necessários. E com o dito processo de averiguação servirá, como Secretário, o muito Reverendo Dr. Francisco Ferreira Antero, ou na falta deste, outro qualquer sacerdote que do nosso comissionado bem pareça eleger, sendo o dito processo, tanto que seja concluído a nós transmitido, para os seus devidos efeitos. E a todos os sacerdotes deste Bispado e a quaisquer pessoas sujeitas a nossa jurisdição episcopal, que esta nossa portaria virem, ou dela tiverem conhecimento, muito recomendamos, em o Senhor, reconheçam o reverendo Clycério da Costa Lobo por nosso Comissionado e como tal o auxiliem e obedeçam em tudo quanto for concernente à sua missão, como assim convém e exige o bem da religião. Dada a passada nesta Cidade Episcopal de Fortaleza, sob nosso sinal e o selo das nossas armas, aos 21 de junho de 1891. Ass. + Joaquim, Bispo Diocesano.
22 de Junho de 1914: Numa sessão extraordinária da Assembleia Legislativa do Ceará o Pe. Cícero Romão Baptista é reconhecido 1º vice-presidente do Estado juntamente com seus companheiros da Chapa: Dr. Aurélio Lavor – 2º vice-presidente, Gustavo Augusto Lima 3º Vice-presidente. E nessa mesma data o Coronel Fernando Setembrino de Carvalho, Interventor Federal, decorrente da Sedição de Joaseiro (1913-1914) passou o governo do Estado do Ceará ao Dr. Benjamim Liberato Barroso. Também nesse dia, em nosso Estado, foi decretado pelo Governo Federal o fim do Estado de Sítio que perdurava desde o dia 4 de março de 1914, terminando com a posse do Presidente, Dr. Benjamim Liberato Barroso que, dois dias depois, prestou compromisso às duas horas da tarde, perante à Assembleia presidida pelo Dr. Floro Bartolomeu da Costa. No mesmo dia foram reconhecidos com 1º vice- presidente – Pe. Cícero Romão Baptista. 2º Vice-presidente – Dr. Aurélio de Lavor, 3º Vice-presidente – Coronel Gustavo Correia Lima. 
23 de Junho de 1913: O Pe. Cícero telegrafou ao Presidente da República protestando contra o pedido do Coronel Benjamim Barroso ao Governo Federal para que este enviasse forças do exército para Juazeiro, sob pretexto de ali estar sendo perturbada a ordem pública. Eis o telegrama: “Exmo. Presidente República. Fui informado Presidente Estado pediu V. Excia. força Federal estacionar esta cidade, alegando perturbações ordem esta zona atribuídas pelo Juazeiro. Este município e vizinhos, permanecem absoluta paz. Em Porteiras, vila distante desta cidade, cerca de 15 léguas, houve luta armada entre Prefeito Municipal e família Chicote, ambos situacionistas. Desavenças exclusivamente locais originaram conflito, aliás, já terminado pela deposição daquele Prefeito, sem que para isso houvesse intervenção nenhuma, elemento contrário ao Governo do Estado, nem se seguindo outras consequências que viessem afetar municípios vizinhos. Perante V. Excia. protesto contra afirmação Governo estado acusando população laboriosa este município de perturbadora da ordem. Apelando para o espírito esclarecido e patriótico de V. Excia., confio que não consentirá que se leve a efeito planos perseguição contra habitantes esta zona já assolada por tremenda crise climática. Afetuosas saudações. Padre Cícero – 1º Vice-Presidente Estado.