segunda-feira, 26 de janeiro de 2015



BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
110: (22.01.2015) Boa Tarde para Você, Jair Rodrigues Melo
Vivendo uma nova realidade, por diversas mudanças que a vida me impõe na atualidade, eu tenho o conforto diário, talvez por vaidade, não duvido, de me fazer conquistador de novas amizades. Noutro dia eu me preocupei em olhar para dentro de mim mesmo, se seria possível, para tentar reconhecer nisto algo que me anime por novos amigos, seja nas relações de trabalho, nos laços familiares ou na vida social, através de relacionamentos afetivos. A primeira indagação que enfrentei vinha na direção de uma tentativa para esclarecer o que é um novo amigo, e como o vemos, ao olhar para esta conquista? Por oportuno, me lembrei de ter lido recentemente a expressão segundo a qual “Cada novo amigo é também, uma nova possibilidade que se abre para que se possa tornar-se um ser humano menos imperfeito”. Essas divagações, faço a você meu caro Jair, como algo que se abriga ao encontro de um profissional, psicólogo graduado em academia, como você, e que vive o labor diário entre clínica, docência e a gestão desta emissora. Encontro-o aqui, amigo novo, na função qualificada de Diretor Executivo desta Rádio Educativa Salesiana Pe. Cícero, também como radialista e apresentador de programas diários, diante de uma competência polimorfa que o torna versado em assuntos que nem ouso ensaiar considerandos. Não creia que quero aluga-lo a este instante do nosso relacionamento ainda tão incipiente, mas me permita que possa louvá-lo, à luz destas primeiras e firmes impressões que, muito antes de mim, outros mais já se apressaram, avalizando a sua bem sucedida trajetória profissional. Recai sobre si, o quanto disto desconfio, uma expectativa de tornar ainda muito maior esta bem concebida figura jurídica de direito privado sem fins lucrativos, com a finalidade de veicular matéria de cunho educacional, cultural, científico, artístico e religioso, contribuindo para formação e evolução do ser humano. Bem se vê, Jair, a enorme responsabilidade de ser este executivo que trata de um veículo, em atenção à sua ampla sustentabilidade, e diante de uma missão que se manifesta no evangelizar, no educar, no informar e no difundir conteúdos que ajudem no desenvolvimento humano e cultural deste Cariri, cumprindo uma responsabilidade de meio de comunicação social comprometido com o indivíduo e a sociedade. No dia de hoje, toda esta sua equipe está feliz por abraça-lo, ao festejar o dia do seu aniversário, porque nos cabe nesta hora a manifestação sincera dos afetos, da estima e do respeito que dedicamos a quem nos lidera e cujos predicados nos servem de horizonte para esta realização solidária. O rádio brasileiro, se me permite a consideração, parece estar vivendo em nossos dias algo de primazia e que o coloca como veículo de insuperável desempenho para firmar influência, credibilidade e versatilidade, tal a sua dispersão e aceitação na casa brasileira. Mas, você Jair, sabe muito bem que isto pode se tornar uma grande ilusão se a retaguarda de um veículo como este não se consolida por uma carta de princípios que apontem claramente para uma visão de mundo, para o respeito a valores inegociáveis, e para um foco que não se dispersa pela caminhada. Sabemos o quanto de si está no empenho continuado de todas estas gestões para que tenhamos presente a imagem segura de uma radiodifusão que promova o nosso aperfeiçoamento. É exatamente sob este signo que, na oportunidade em que o cumprimentamos e fazemos votos por sua felicidade pessoal, nos conservamos diligentes e esforçados para executar este serviço de radiodifusão, como parte integrante da missão Salesiana, e na sintonia fina do que nos cabe como custo e benefício, quando influímos e somos influenciados pelo meio que desejamos transformar. Parabéns, Jair! Desejamos-lhe felicidade neste dia e em todos os outros de sua vida que esperamos seja longa.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 22.01.2015)

BOA TARDE (II)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
111: (23.01.2015) Boa Tarde para Você, Marle de Sá Barreto
Eu tenho uma vaga lembrança que, ainda muito garoto, ouvi contar histórias ambientadas no Brejo Seco, o outrora Brejo da Roça, pela circunstância de bons relacionamentos de minha família com gente das famílias Callou, Sabiá e Sá Barreto. Quando nasci, dona Marle, já havia em minha família braços de afeto pela gente do Brejo Seco, laços de compadrio, especialmente aos Sá Barreto que ligavam aos meus tios Soares e isto às vezes era coisa sagrada, tanto quanto os vínculos familiares mais fundos. Esses laços de família sempre me fascinaram e eu pude em certos momentos me debruçar sobre as suas narrativas, conversas que traziam coisas deliciosas sobre casamentos, modos de vida, genealogia de densos clãs, poesias, anedotas e, especialmente, a convivência com a zona rural. Demorei, dona Marle de Sá Barreto, mais que cinquenta e cinco anos para viver o que nos foi possível na manhã de ontem, depois do encerramento da festa de São Sebastião, acontecida na agradabilíssima capelinha do Brejo Seco. Aceitei como dos melhores prazeres o convite que me fizeram em correspondência formal postada pela Paróquia Menino Jesus de Praga para, inclusive, receber a homenagem da comunidade, coisa que me deixou vermelho de tanto encabulamento. Mas eu estava mesmo curioso, dona Marle, pelas histórias do velho casarão centenário, existente ainda como sua moradia, e da sua irmã Terezinha, cuja construção retroage ao tempo de nossa emancipação política, em 1911, para ser a partir de 30 de novembro daquele ano, a aprazível residência dos seus pais, Maria da Penha e João Romão de Sá Barreto.  O casamento de Penha e João Romão, ela aos dezesseis anos, pois nascida em 15.10.1900, e ele aos trinta e um, já que viera ao mundo em 14.02.1885, resultou na família de sete mulheres, com você, Marle, e suas irmãs Geli, Neusa, Nisa, Terezinha, Zélia e Marlene. Quero me referir, num preito de saudade, a figura querida de Geli de Sá Barreto, a grande ausente nestas minhas modestas e encantadas descobertas, exemplo de grande dignidade e de serviço, educadora por excelência e que marcou neste Juazeiro com uma grande página por sua atuação civilizadora na educação de nossos filhos. É importante constatar, dona Marle, que o velho e centenário casarão conservou a memória da família, pois cada um dos que aí viveram, ou passaram férias, tiveram a melhor acolhida, especialmente de dona Penha que mais viveu, por todas as celebrações de aniversários, as renovações, os grandes encontros da família para ouvir histórias e lições dos seus antepassados. Num tempo em que tudo isto está tão descaracterizado pela sociedade de consumo que vivemos, não é coisa mais simples falar de como o Brejo Seco, especialmente o de cima, o mais seco e de poucos recursos, permitiu que esta família crescesse, como já me dizia Marchet Callou, muitos anos atrás, como uma daquelas, das doze tribos de Israel. Felizmente, pelo que pude perceber, dona Marle, há no coração destas novas gerações, das famílias que povoaram historicamente o Brejo Seco, um sentimento nobre e importante para a sua conservação que os faz reunir no entorno do velho casarão para continuar esta pastoral de vida, propagando sábias lições de decência e honradez. Desejo agradecer-lhe pela generosidade de sua acolhida, pela prosa solta e alegre que tanto me fez bem, particularmente para conhece-las mais intimamente, o que me permitiu sentir a grandeza desta construção familiar, concretizada pela permanente mensagem de amor que as embalou. Qualquer dia destes, dona Marle, eu lhe prometo, vou voltar ao Brejo Seco e vamos combinar um retorno ao varandão do casarão de Penha e João Romão, para nos perdermos numa grande contação de histórias, entre as suas verdades e as mentiras dos outros, que seguramente vão ainda muito me emocionar e divertir.  
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 23.01.2015)


RUA LUIZ GONÇALVES CASIMIRO
Há poucos dias a minha irmã, Ana Célia, me lembrou que temos em casa algumas placas, destas que servem para nomear ruas e outros logradouros da cidade, que há anos tínhamos mandado fazer. A questão é a seguinte: depois que faleceram meus pais, Doralice Soares Casimiro e Luiz Gonçalves Casimiro, o então vereador Raimundo Sá e Sousa tomou a iniciativa de homenageá-los, fazendo tramitar na Câmara Municipal duas leis para lhes conferir esta honraria. Depois de algum tempo, constatamos que as mesmas ruas, no Bairro do Aeroporto, haviam sido dadas também a um casal, por sinal, pais de um amigo dos meus pais. Notificamos Raimundo Sá e Sousa do acontecido e ele se apressou em propor novas leis e as honrarias foram restabelecidas, agora no Bairro José Geraldo da Cruz. No início, era uma homenagem para uma rua projetada e não havia nada, nenhuma construção, nenhum equipamento e até esquecemos de ir lá em outras ocasiões para localizar as ruas e ver de perto como ela já estava crescendo. No dia de hoje, sou surpreendido com esta notícia que aqui transcrevo, pela curiosidade de que é esta a primeira menção pública que vejo pela imprensa, e exatamente pelo pior do que se poderia anunciar: a marginalidade. Mas é isto mesmo, talvez seja este um novo sinal dos tempos, onde uma simples homenagem pode até ser confundida com ações criminosas em algum local deste Juazeiro do Norte. Vejamos a notícia, redigida pelo querido amigo Demontier Tenório:
“JUAZEIRO DO NORTE-CE: POLÍCIA PROCURA UM CARRO DE LUXO ROUBADO E ENCONTRA TRÊS, Por Demontier Tenório. O final de semana foi positivo para a polícia no tocante a recuperação de veículos roubados ou furtados na região do Cariri. Em Juazeiro, por exemplo, foram recuperados três carros de luxo no bairro José Geraldo da Cruz, bem como duas motos nos bairros Romeirão e Antonio Vieira e um chassi no João Cabral. Além disso, um Fiat em Mauriti e mais três motos, sendo duas em Crato e a outra em Campos Sales totalizando nove veículos recuperados. Por volta das 14 horas deste domingo militares do Serviço de Inteligência do 2º BPM souberam através de uma empresa de rastreamento que um veículo Nissan X-Trail LE de cor preta, ano 2008, tinha sido roubado e o sistema apontava que o automóvel estava em Juazeiro. Os PMs seguiram no rumo e encontraram, em um imóvel na Rua Luiz Gonçalves Casimiro (Bairro José Geraldo Cruz) em Juazeiro, o Nissan e mais dois veículos de luxo roubados. Era um Corolla GLI Flex de cor branca e placas OIA-0230, inscrição de Fortaleza, mas com a placa fria OIH-2474 de um Corolla XEI20 Flex de cor branca e placas OIH-2474, inscrição de Juazeiro. O outro um Fiat Strada Adventure CD de cor preta e placas OKV-6614 de Salvador (BA), com a placa fria EUH-8279 de um Fiat Strada Adventure CD de cor preta e placas EUH-8279 de Crato. Os carros foram levados para a Delegacia com uma jovem de 22 anos, residente no Salesianos, a qual estava no endereço e afirmou que os carros pertenciam ao seu namorado que a CIOPS optou por preservar seu nome oferecendo apenas as iniciais A. H. e este não foi localizado pela polícia.”