domingo, 28 de agosto de 2016


BOA TARDE


Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
238: (25.08.2016) Boa Tarde para Você, Candidato a Vereador
No fechamento do prazo das convenções partidárias tivemos alguns sustos com a divulgação das listas de candidatos a vereador pelas diversas legendas sediadas em nossa cidade, pois no total a soma se elevou a mais de três centenas de postulantes. Parte dessas notícias desagradáveis ficou registrada e por conta, não de coligações legítimas e interessadas em nosso bem estar, mas em arranjos fisiológicos de péssima conveniência, estribadas na ansiedade incontida de um caminho mais fácil para o curral das tetas gordas. Se tivermos o cuidado de reunir todo o longo e fracionado protesto com que nós, eleitores incautos, expressamos os nossos sentimentos de revolta para com a leviandade da conduta dos nossos representantes no legislativo municipal, nada ainda foi levado em conta para renovar o poder. A primeira nota triste está na reduzida tendência de renovação dos quadros, a considerar que na prática, dos 21 que aí já estavam, poucos são os que, de fato, saem para dar lugar a novas propostas, incluindo-se, lamentavelmente, os que optaram por fazê-lo hereditariamente. Menciono com tristeza que essa velha mania vai contribuindo pela permanência de graves e antigos vícios pois a sinecura é de difícil desapego e leva facilmente a que vários escolham o caminho pouco recomendável de se fazer uma sucessão à base da indicação de filho, irmão, cunhado, etc. Os novos a serem eleitos vão encontrar a Câmara Municipal de Juazeiro do Norte com uma extensa lista de péssimos hábitos, todos voltados para a enganação, a começar pela mania de não se trabalhar, legitimada por uma casa que se contenta em duas reuniões semanais e às vezes nem isso. Vão encontrar os novos senhores vereadores pautas transferidas, não de uma sessão legislativa para outra, mas de um século para outro, novo período em que não enxergamos o que o tempo impõe a uma comunidade como essa, que já devia ter experimentado o elevado sentido da responsabilidade. Mas, ao jogo político como posto, teremos que selecionar destes arranjos um modo inteligente de daí escolher alguns, os que nos animem com propostas sensatas, factíveis e de um alinhamento mínimo com os nossos desejos, especialmente no restabelecimento da moralidade tão decadente. Já não nos é recomendável experimentar a qualquer preço, principalmente o da honra, que essa representação se confirme com gente de ficha suja, de marginais absolutamente desqualificados como tivemos recentemente, entre o noticiário policial e o recolhimento à penitenciária. No auge da ditadura militar, Stanislaw Ponte Preta nos legou essa frase irônica “Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!”, algo que, a bem da verdade, e bem ao estilo brasileiro, entrou para o acervo do humorismo, a vala comum onde depositamos muitas frustrações.

Numa cidade como essa nossa, deslumbrada com um certo futuro incerto que os tempos lhe reservam, a Câmara Municipal só tem a chance de ser o espaço da dignidade, do trabalho e do serviço à comunidade, e mais nenhum, se desejamos que ali valham as nossas prerrogativas. Mister se faz que cada um de nós não venda seu voto a qualquer preço, que cada um de nós não deixe de escolher, pelo lamento que for, a melhor solução dentre tantos que assim almejam, e que ninguém fuja do momento do voto, nem o direcione para as opções indignas do branco ou do nulo. Saúdo nessa tarde, sem qualquer aleivosia, sem qualquer ressentimento, sem qualquer prevenção, a todos aqueles que bem intencionados se dispuseram a encarar suas candidaturas como parte das soluções possíveis para nos retirar desses impasses existenciais como nos sentimos presentemente. O que sentimos aqui, de uma maneira solidária e aparentemente única, estendida a todo esse imenso território do Cariri, parece ter uma voz uníssona na direção do futuro, cheio de esperanças para que amanhã sejamos bem melhores que em idos e batidos anos de nossas pelejas. As escolhas que faremos para as nossas Câmaras Municipais são gestos concretos, de grande relevo social, exclusivos de nosso foro íntimo, responsável, cidadão e amadurecido em nossas vivências, e como tal, nunca poderá ser entendido se vinculado, em parte ao desinteresse de muitos. Portanto, conclamo a todos os senhores candidatos a vereador para que, a despeito dos espaços escassos, aproveitem bem todas as oportunidades para nos falar objetiva e claramente sobre o seu posicionamento, suas vontades, seus desejos e seus planos para servir ao povo dessa terra. Sejam honestos e nos digam com firmeza porque devemos votar em cada um dos senhores. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 25.08.2016)

PAVANA PARA UM MENINO SÍRIO


Sensível ao drama de um menino, objeto da mídia televisiva internacional, vítima da guerra em seu pais, a Síria, o dr. Sávio Leite Pereira escreveu este tocante poema e o remeteu a diversos dos seus amigos. Achei que este seu texto, de tão grande humanidade, não deveria apenas ser do conhecimento restrito de seus amigos, por isso vai aqui transcrito para melhor conhecimento a muitos outros. Congratulo-me com Sávio, especialmente por não ter suportado essa angustia e dela ter feito também o seu protesto, na medida em que isso se faz também por reconhecer aquilo que está escondido no intimo de nós mesmos, a vergonha que parece coonestar com a maldade e a violência que há nas guerras que não conseguimos evitar. 

PAVANA PARA UM MENINO SÍRIO
Por Sávio Leite Pereira

Menino de Aleppo, nos perdoe sermos apenas humanos.
Se a morte de qualquer pessoa nos diminui, 
Tua sobrevivência nos torna invisíveis, 
Mas teu olhar, coberto de sangue, poeira e suor revela 
Que ainda temos um coração, inútil.
Tua carne tenra ferida, a beleza da infância pervertida,
Vítima da guerra fratricida, e filha insana do fanatismo,
Perdoe-nos a envergonhada desonra.
A Via Láctea continua sua dança alucinada pelo cosmos
Rumo ao caos entrópico do acaso e o teu retrato comovedor
É mais uma página no livro do idiota, cheia de som, de fúria 
E de dor e significa a dimensão exata de nosso retumbante fracasso.
Os sinos, agora, silenciam de horror.

Juazeiro do Norte, 20 de agosto 2016

O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
CINE SESC (CRATO)
O Cine SESC (Teatro Adalberto Vamozi, SESC, Rua André Cartaxo, 443, Crato), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 27, segunda feira, às 19 horas, o filme FUGA DO SÉCULO 23 (Logan´s Run, EUA,1976, 119min). Direção de Michael Anderson. Sinopse: A vida é perfeita no século 23: a humanidade vive numa cidade altamente desenvolvida tecnologicamente, protegida das intempéries e livre de miséria, crime e violência. O único porém: ninguém pode ultrapassar os 29 anos de idade, e, chegando a esta idade, são obrigados a participar de um ritual de "reciclagem", onde são mortos diante dos demais. Logan é um Sandman, nome dado ao caçador de fugitivos do ritual de execução. Quando o computador que controla a cidade resolve infiltrá-lo entre os fugitivos para descobrir o esconderijo dos rebeldes, ele começa a ser caçado pelos próprios colegas.

CINE SESC (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine SESC (Teatro Patativa do Assaré, SESC, Rua da Matriz, 227, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 29, quarta feira, às 19 horas, o filme OS MALDITOS (These are the Damned, EUA, 1963, 95min). Direção de Joseph Losey. Sinopse: Joseph Losey dirigiu este esforço de ficção científica incomum, que ganhou uma pequena, mas fervorosa seguinte cult. Simon Wells (MacDonald Carey) é um americano visitando a Inglaterra, onde ele conhece uma mulher chamada Joan (Shirley Ann Field). Simon é imediatamente atraído por Joan, mas há um obstáculo considerável no seu romance de brotamento: o irmão de Joan King (Oliver Reed), o líder de um pacote violenta de roqueiros da motocicleta. Rei tem uma ligação incestuosa mal disfarçado à sua irmã, e ele às vezes usa-la para atrair vítimas nas garras de sua gangue. Rei e seus comparsas atacar Simon, tomar seu dinheiro e deixá-lo encalhado, onde ele finalmente encontrado por um par de homens da segurança militar. Simon é trazido para a casa de Bernard (Alexander Knox), um cientista trabalhando em um projeto secreto para o governo, e sua namorada Freya (Viveca Lindfors), um escultor. Joan finalmente rastreia Simon para baixo na esperança de ganhar o seu perdão, mas um outro encontro com o rei faz com que Simon e Joan para descobrir uma caverna que guarda um terrível segredo: um grupo de estranhos, crianças de sangue frio que eram os produtos de uma de Bernard experimentos errado. As crianças foram geneticamente modificadas para sobreviver a uma guerra nuclear, e, como resultado, eles são radioativos o suficiente para matar qualquer um que vem em estreito contacto com eles. Controversa em seu dia, The Damned foi produzido na Inglaterra em 1961, mas não foi liberado até 1963, quando Hammer Films reservado ele como o segundo meio de um programa duplo com Maniac. Ele não chegou a telas americanas até 1965, quando foi mostrado sob o título These Are the Damned.(Mark Deming)

CINE ELDORADO (JN)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe no próximo dia 2 de setembro, sexta feira, às 20 horas, dentro do Festival OSCAR DE MELHOR FILME (1969), OLIVER (Oliver, Reino Unido, 1969, 153min). Direção de Carol Reed. Sinopse: No século XIX, em um orfanato onde as crianças tomam só sopa e os administradores comem fartamente, Oliver Twist (Mark Lester), um órfão de 9 anos, "ousa" pedir mais comida. Por este motivo é vendido por três guinéus para o Sr. Sowerberry (Leonard Rossiter), o dono de uma funerária, que quer ver Oliver como seguidor de féretro em enterros de crianças. Após uma briga, quando chamaram sua mãe de prostituta, Oliver é preso em um porão da funerária. Ele descobre acidentalmente que as grades estão soltas, assim foge para Londres, sonhando fazer fortuna. Lá conhece Jack Dawkins (Jack Wild), que é normalmente chamado de Artful Dodger, que lhe apresenta Fagin (Ron Moody), um larápio louco por dinheiro que abriga diversas crianças, que trabalham para ele como batedores de carteiras. Dentro deste contexto o futuro de Oliver não parece ser muito promissor, mas algo mudará sua vida radicalmente.

NOVOS CIDADÃOS JUAZEIRENSES
Nicolle Babosa e Padre Paulo Evangelista da Costa da Silva são os novos cidadãos juazeirenses. Vejamos os atos: RESOLUÇÃO N.º 834, de 09.08.2016. O Presidente do Poder Legislativo de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, faz saber que a Câmara Municipal aprovou e eu promulgo, a seguinte Resolução: Art. 1.º - Fica concedido o Título Honorífico de Cidadã Juazeirense a Senhora Nicole Barbosa, pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade. Autoria: José Adauto Araújo Ramos. Coautoria: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro. Subscrição: Glêdson Lima Bezerra, Normando Sóracles Gonçalves Damascena, Rubens Darlan de Morais Lobo, Cícero Claudionor Lima Mota, Danty Bezerra Silva, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, José Nivaldo Cabral de Moura e pela Vereadora Maria de Fátima Ferreira Torres. 
Nicolle Barbosa é natural de Fortaleza. Líder empresarial com vínculos diretos com a indústria gráfica. Desde cedo começou a trabalhar na empresa gráfica da família, uma das mais tradicionais da cidade, primeira em modernização tecnológica do parque de produção. Ali trabalhou em cada um setor operacional e de gestão, até chegar à diretoria comercial, o que lhe rendeu larga experiência e amplo conhecimento deste segmento industrial. Por conta do envolvimento com o setor, Nicolle Barbosa acabou por se envolver com o Sindicato das Indústria Gráficas, associando-se ao Unigráfica, filiado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC). Em pouco tempo se revelou uma liderança do setor, sendo indicada por empresários gráficos para candidatar-se à presidência do sindicato. Eleita por unanimidade, comandou a instituição durante os anos de 2006 e 2007. Sob sua gestão o Unigráfica ganhou visibilidade e conquistou vários benefícios para a indústria gráfica do Ceará, chegando a ser considerado um dos mais atuantes e representativos sindicatos filiados à FIEC. Eficiente gestora, Nicolle Barbosa, conseguiu cumprir 100% das ações definidas no Planejamento Estratégico da instituição logo no primeiro ano de seu mandato. Muito mais do que o previsto foi realizado em menos de dois anos de gestão. O reconhecimento por tudo que fez viria alguns anos depois, com a homenagem recebida pelo setor gráfico do estado, que em 2013 lhe outorgou a Comenda Luiz Esteves Neto, firmando definitivamente o seu nome na história da indústria cearense. Em 2010, já alçada à condição de liderança empresarial de destaque, Nicolle Barbosa foi eleita pelos dirigentes da FIEC para presidir a Comissão Eleitoral da Federação durante o histórico e pioneiro pleito que delegou aos próprios industriais a escolha, através do voto direto, a eleição da Diretoria de sua instituição maior. Naquele mesmo ano seria eleita Diretora Financeira do Centro Industrial do Ceará (CIC) para o biênio 2010-2012. O trabalho desenvolvido ao longo daquele mandato a credenciou a alçar novos voos. Logo foi indicada pela maioria dos associados ativos do CIC, para candidatar-se à presidência daquele centro que congrega lideranças da indústria, comércio e serviços, além de representantes do universo acadêmico cearense. Foi eleita para a gestão que se estenderia de 2012 a 2014. Sob a presidência de Nicolle Barbosa o CIC ganhou notoriedade e voltou a ser reconhecido como um dos principais fóruns de discussão das questões socioeconômicas e políticas não só do Ceará, mais para além dos limites do estado, conquistando espaço no cenário regional e nacional. Assumindo-se e afirmando-se como braço político da indústria cearense, o CIC reuniu lideranças empresariais, representantes das universidade e centros de pesquisa, políticos do legislativo e executivo, juristas e demais lideranças sociais para debater questões relevantes para a construção do desenvolvimento sustentável do Ceará. Um movimento nascido na gestão de Nicolle Barbosa e por ela liderado, o “Integra Brasil – Fórum Nordeste no Brasil e no Mundo”, recolocou a Região Nordeste na pauta das discussões sobre o desenvolvimento econômico do Brasil como um todo. Com o Integra Brasil Nicolle percorreu os nove estados do Nordeste, foi recebida em audiência pública no Congresso Nacional e em Ministérios, realizou debate na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). A partir da ação de Nicolle, o movimento ganhou apoio de lideranças empresariais, políticos, pesquisadores, empresários e representantes das organizações sociais representativas dos mais diferentes segmentos. Ao longo da gestão de Nicolle Barbosa o CIC publicou livros, promoveu workshops, realizou debates com políticos, empresários, gestores públicos e representantes de instituições universitárias; criou diversos fóruns de discussão, marcou presença na mídia. Foi durante um dos workshops do Integra Brasil que Nicolle recebeu, na Federação das Indústrias de Pernambuco, o então Governador Eduardo Campos, para debater o papel do Nordeste na construção de um novo modelo de desenvolvimento para o Brasil. Dali nasceria uma admiração e respeito mútuo, que culminaria com o convite de Eduardo Campos para que Nicolle Barbosa assumisse o desafio de ser pré-candidata ao Governo do Ceará pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Convite aceito, Nicolle seria, em seguida, eleita presidente do partido em Fortaleza e começaria uma nova trajetória em sua história. (Fonte: http://nicollebarbosa.com.br/sobre-nicolle-barbosa/ )

RESOLUÇÃO N.º 835, de 09.08.2016. O Presidente do Poder Legislativo de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, faz saber que a Câmara Municipal aprovou e eu promulgo, a seguinte Resolução: Art. 1.º - Fica concedido, nos termos do artigo 198 e seguintes da Resolução n.º 297/2001 (Regimento Interno), o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Reverendíssimo Padre Paulo Evangelista da Costa da Silva. Art. 2.º - A honraria será entregue em Sessão Solene destinada a esse fim, em data a ser estabelecida pela Mesa Diretora da Câmara. Autoria: João Alberto Morais Borges. Coautoria: Cláudio Sergei Luz e Silva e Glêdson Lima Bezerra. Subscrição: Antônio Vieira Neto, Cícero Claudionor Lima Mota, José Tarso Magno Teixeira da Silva, José Nivaldo Cabral de Moura, Paulo José de Macêdo, José Adauto Araújo Ramos, Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, Firmino Neto Calú e pelas Vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres e Rita de Cássia Monteiro Gomes. 
O Pe. Paulo Evangelista da Costa e Silva é originário da Paróquia do Menino Jesus de Praga, foi ordenado em 2015 e atualmente é o administrador paroquial da Paróquia de Nossa Senhora das Angústias em Tarrafas.

NOVA EDIÇÃO
Já está anunciado o próximo lançamento de um livro de Alberto Farias. Será em Fortaleza, no dia 3 de setembro. Trata-se da terceira edição da obra Padre Cícero e a Invenção do Juazeiro. Quando do lançamento da sua segunda edição eu fiz a apresentação nos seguintes termos:

O PADRE CÍCERO E A INVENÇÃO DO JUAZEIRO

Há uma estória, bem pitoresca, contada certa vez – se me lembro bem, com muito bom humor, pelo nosso inesquecível Manoel Eduardo Pinheiro Campos, com respeito à estréia de Rachel de Queiroz na literatura, com o seu primeiro romance, saído em agosto de 1930, através de uma pequena tiragem da Tipografia Urânia, de Fortaleza. O primeiro exemplar, Rachel teve a atenção de dedicar aos seus pais Daniel Queiroz, que custeou a edição e, especialmente, a sua mãe, Dona Clotilde Queiroz, mulher de refinados gostos, dentre os quais o da leitura de clássicos, em volumosos livros que mandava vir do Rio de Janeiro e até de Paris. Rachel não contava ainda vinte anos de idade e Dona Clotilde era sua orientadora eficiente, submetendo-a a longas leituras destes clássicos, quer em português, quer em francês, o que lhe valeria no futuro um trânsito seguro em inúmeras traduções que empreenderia, profissionalmente. Quando Rachel lhe entregou aquele livrinho, magrinho, tão pouco expressivo graficamente, gerado em muitas noites de escrita, sob a luz de um esfumaçado lampião a querosene, Dona Clotilde, de tão sincera, não se furtou do comentário: - Minha filha, veja se da próxima vez você escreve um livro mais gordinho, parecido com estes que ficam em pé, sozinho, na prateleira. Era O Quinze, hoje uma das glórias da literatura brasileira. Meu caro Alberto, a perseverar nesse critério, e de partida, pode-se lhe assegurar: nem Dona Clotilde Queiroz, e nem Dona Nila Dias Guimarães, mães dedicadas, ali e aqui, recebedoras destas dedicatórias amorosas, poderia lhe dizer qualquer coisa, senão do entusiasmo de ver relançado este seu livro sobre Juazeiro do Padre Cícero, ou sobre o Padre Cícero do Juazeiro, que aqui soa a mesma coisa, em se tratando de inventor e invenção, que em suma, é o que você nos propõe. Esta segunda edição é o atestado inequívoco de como sua obra, mais que ficar soltinha na prateleira dos seus leitores, trouxe mais de perto a oportunidade para alargar o conhecimento da vida e obra de um homem, este cearense do século XX, cuja imortalidade se deve, dentre outras coisas, à percepção, à leitura e o esclarecimento através de escritos e posicionamentos como estes seus. 

Senhor Secretário de Cultura do Estado do Ceará, prof. Auto Filho, em nome do qual saúdo também os diretores e membros de instituições culturais,

Caríssimos amigos Norma e Alberto Farias, e bem assim toda a sua família, 
Meus senhores e minhas senhoras:
Quando conheci Alberto Farias em meio à sua dedicação às escrituras deste livro, ficou claro para mim, desde aquele início dos anos 90, a certeza de que seu autor perseguia e trilhava com segurança um caminho inovador na releitura e interpretação dos fatos e circunstâncias ligados ao fenômeno Padre Cícero e à existência do Juazeiro, muito além de ser o miserável lugar do Cariri do século XVIII, em cujo pastoreio de gente e almas, ali passou a pontificar alguém mais que um mistificador e fanatizador de romeiros. Em conversas muito longas, quase intermináveis, por madrugadas indormidas, o que sinceramente me levou a penitenciar-me do quanto isto deve ter aborrecido dona Norma Farias, Alberto e eu trocamos idéias que resultou, segundo ele mesmo me afirma, a este conforto espiritual tão necessário ao nosso relacionamento fraterno, pelo menos ao título desta obra, nesta provocação que se estabeleceu a partir da constatação de que no mínimo, se o Juazeiro não tivesse existido, seria necessário inventá-lo com urgência. O resultado foi um livro denso pela revisão bibliográfica e documental e fascinante pela argumentação que seu autor reuniu para analisar a trajetória marcante de tantos personagens através de um elenco memorável de fatos, importantes para a construção de uma história sincera para o nosso Estado. Lançado em 1994, o livro se tornou um dos marcos daquela celebração que se fazia, a propósito do sesquicentenário do Patriarca do Juazeiro. Pouco tempo depois é esgotado dos catálogos de vendas e hoje é uma raridade bibliográfica pelas livrarias de antiquário do país. Daí porque só lhe restou atender às solicitações, revisar e mandar fazer esta segunda edição. Na oportunidade em que escrevi as primeiras notas em avaliação da obra que agora se relança, e contei com a generosidade do autor fazendo-a inserir tanto na primeira, como nesta segunda edição, pincei a expressão legítima desta convicção, oriunda do seu próprio Patriarca, traduzida e consolidada na visão de Alberto Farias, fazendo-o narrador de sua própria saga: “Por sorte e felicidade, coube-me a honra de formalizar oficialmente o município; dar-lhe foros de cidade; estabelecer a primeira lei orgânica; torná-la comarca jurídica e, por fim, fazê-lo representativo junto aos poderes constituídos do Estado e da Nação. Há, por ventura, quem possa negar este fato?” (Pe. Cícero, por Alberto Farias, no corpo desta obra). Seria desnecessário, meus senhores e minhas senhoras, relatar detalhes mais analíticos desta assertiva, provocando-lhes a paciência, por palavrório longo e minucioso para convencer-lhes desta argumentação. Importa-me relevar o que veio além disto. Pouco antes de morrer, o Padre Cícero Romão Batista implora à gente da grande nação romeira: “Após a minha morte, nunca deixem de voltar ao Juazeiro.” E nada mais foi dito, porque tudo mais foi compreendido e tornado real, e grandioso, por sobre uma grandeza maior que ele mesmo estabelecera e assistira: “Cada casa desta cidade é uma oficina de trabalho e um lugar de oração.” Oração e trabalho, eis o que, efetivamente, consolidou a invenção do Juazeiro. Não há dúvida qualquer que os fatos extraordinários acontecidos em Juazeiro, e que envolveram Padre Cícero e a beata Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo, no caso da transformação da hóstia em sangue, não sendo um caso isolado, mas um acontecido que se repetiu por mais de cem vezes, representou um marco importante da projeção que indicou Juazeiro para sempre, como centro mundial de religiosidade, a despeito da longa ignorância da parte de nossa, Santa e Pecadora, Madre Igreja. Não há importância, se por verbos e adjetivos explícitos, as idéias de Alberto Farias e as minhas convergem para a aceitação, ou não, de uma realidade que passa a ser revista pela Sagrada Congregação da Doutrina da Fé (a mesma, outrora, Sagrada Inquisição Romana), diante do verdadeiro milagre que sobreviveu com uma quase unanimidade: Juazeiro do Norte. Mas, ele jamais existiria sem estes laços flagrantes de sua experiência de comunidade operosa, por vezes escandalizando a Igreja, por vezes escandalizando o Estado, conflagrando um Ceará que demorou e ainda tem demorado no resgate da sua completa integração, como parte desta nossa cearensidade, que não é fato meramente folclórico, senão elemento intransferível de qualquer avaliação que se faça na projeção do futuro deste povo cearense. Então, Juazeiro foi o milagre. Diríamos, a invenção. De vila desprezível e perdida nas rotas dos joaseiros, entre Crato e Missão Velha, caminho de tropeiros, fazenda do brigadeiro monarquista, o Joaseiro nasce e cresce na arrogância de ter sido uma igreja, dentro da própria igreja, a civilização de beatos e beatas a desafiar a romanização da igreja no Ceará, à sombra da evangelização de raiz mais funda e inabalável, desde as prédicas do velho padre-mestre Ibiapina. Na organização, colégios para seus filhos, as primeiras professoras, os primeiros mestres, como José Joaquim Telles Marrocos, o grande abolicionista e seu Pedagógico que ousou ensinar e cuidar de uma juventude que até aprendeu francês, latim e grego. E não é assim que se lê no jornal O Rebate de 1910, um ano antes que a Assembleia Estadual do Ceará, pela lei sancionada indicasse: faça-se o Juazeiro ? Hoje, mercê desta dedicação dos filhos da terra, gente de poucas famílias, troncos os mais consideráveis, e romeiros de todo o Nordeste, o Juazeiro se afirmou como o espaço da religiosidade – a ponto de ser considerado “o joaseiro celeste”, como assim se refere Francisco Salatiel de Alencar Barbosa, em obra a ser lançada aqui no próximo mês, e a usina produtiva de uma atividade econômica expressiva, cujo perfil moderno não renega a sua cultura, o seu artesanato e as suas manifestações populares para tecer uma matriz atualizada de seu processo histórico numa flagrante reafirmação de seu destino acertado de comunidade que se renova e se atualiza religiosa, social e economicamente. Parte expressiva de sua obra, Alberto Farias nos remete à reflexão sobre os grandes beneficiários do processo, que recairia sobre os políticos, a Igreja, e os empresários. Devemos entender aqui que o autor refere-se ao processo na sua perspectiva de construção e aperfeiçoamento permanente, como repercussão histórica dos fatos primeiros que impuseram o momento fundante e inventivo. Em meia dúzia de páginas, apenas, numa síntese admirável e bem justificada, Alberto Farias nos provoca a uma discussão extremamente lúcida e pertinente a esta atualidade de sua terra natal: a propriedade da invenção por parte de segmentos distintos e importantes, de grande poder de influência, frequentemente à margem do interesse do cidadão comum, lamentavelmente. Esta constatação é, necessariamente, fruto do entendimento sobre as origens de Juazeiro do Norte, remontando aos fatos da questão religiosa, entre acertos e desacertos da hierarquia, diante de um fenômeno que, afinal, ainda está por ser esclarecido, passando pelo próprio ingresso do Padre Cícero na política partidária e o seu papel hegemônico no sul do estado assumido após a fixação de Floro Bartholomeu da Costa, resultando numa grande conflagração que por pouco não mergulharia o Estado em pé de guerra civil. Outrora, como hoje, o empresariado local é, também, dos grandes beneficiários da invenção. Como não poderia deixar de ser, em constantes mutações, o perfil econômico de Juazeiro ainda repousa na exploração, por vezes grosseira, do fenômeno religioso, graças aos espaços abertos de uma cidade que insiste em não disciplinar estas atividades, especialmente na sua economia informal, o que redunda a cada nova data maior em um verdadeiro caos urbano, pois a cidade, mal preparada para suas quase trezentas mil almas, tem que suportar uma afluência de mais do dobro. Nos últimos anos, ao lado deste caminho penoso, cheio de pedra e areia, Juazeiro se tornou um grande centro universitário com sede de três campi de universidades públicas, uma das quais a caminho de uma futura Universidade Federal do Cariri, assim esperamos. Do lado da iniciativa privada, pelo menos três outros centros universitários em formação demonstram claramente como a cidade se prepara para superar suas imensas dificuldades, em obediência a este destino traçado no grande projeto que foi articulado por seu Patriarca. Neste particular, já chega a mais de cinqüenta os cursos universitários da cidade. E isto é apenas uma parte de todos os desdobramentos daquilo que aquela gente experimentou ao longo da sua afirmação cidadã. Não há como fugir a esta realidade. Ao estudá-lo, sob múltiplos aspectos, pelo menos como a mim e a Alberto Farias, necessariamente encerramos com uma declaração de amor ao chão que nos abrigou na meninice e na juventude. Tempos inesquecíveis. Ao concluir estas minhas palavras, desejo agradecer, penhoradamente, não somente a atenção pessoal para com este modesto sonhador de uma Juazeiro grandiosa e magnânima. Quero fazê-lo na citação de Alberto Farias que a exemplo de outros juazeirenses, principalmente os da gente de sua contemporaneidade juvenil, como Lourival Marques, Francisco Fernandes do Nascimento, Generosa Ferreira Alencar, Walter Menezes Barbosa, e tantos outros, pela tarefa que tomou para si, a de fazer uma revisão de um passado histórico profundamente ligado às suas heranças de cidadão, filho da terra, a quem caberia, necessariamente, a leitura e o escrito esclarecedor, à margem das paixões que por tanto tempo polemizaram entre o radicalismo dos que endeusaram e o daqueles que difamaram sua terra e o seu Patriarca. Muito obrigado !

(Discurso pronunciado por Antonio Renato Soares de Casimiro, quando do lançamento do livro O Padre Cícero e a Invenção do Juazeiro, segunda edição, de autoria de Alberto Farias, no dia 11 de março de 2008, no Centro Cultural Oboé, em Fortaleza, Ceará). 

ARTIGO (I)
Vale a pena ler o artigo A construção do sertão de Padre Cícero a partir de um discurso urbano-moderno, publicado na Revista Temporalidades – Revista Discente UFMG, de autoria de Harley Abrantes Moreira, Professor efetivo da Universidade Estadual de Pernambuco – Campus Petrolina, Mestre em História pela UFRN (harleyabrantes@hotmail.com). Este texto é um desdobramento de pesquisa realizada entre os anos de 2007 e 2009, no curso de mestrado em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com financiamento da CAPES, cujo RESUMO é: Este texto tenta discutir o discurso urbano, moderno e intelectual, através de um livro de Lourenço Filho, escrito no início do século XX, dirigido a um “outro” geográfico e antimoderno: o sertão do estado do Ceará, representado aqui pelo fenômeno místico, social e religioso que ali se desenvolveu em torno do povoado de Juazeiro e da personalidade de Padre Cícero. Desse modo, pode-se afirmar como problema central do artigo a questão das alteridades, a construção histórica do espaço através da eficiente atuação das formações discursivas, reveladoras de relações de poder presentes nas políticas dos espaços que hierarquizavam a relação sertão-litoral no início do Brasil moderno. 


ARTIGO (II)
A REDENÇÃO DOS AMIGOS LAMPIÃO E PADRE CÍCERO
Duas legendárias figuras da história do Brasil, que cultivaram fortes relações quando vivos, caminham para a reabilitação definitiva na historiografia nacional. Trata-se do padre Cícero Romão Batista, excomungado pela sua agremiação, e Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, executado pelas autoridades da nação.

Por Jaime Sautchuk (Escritor e jornalista, colunista do Vermelho
De uma parte, a igreja católica, com o beneplácito do Vaticano, vem acelerando o processo de reavaliação da punição imposta a Cícero, que o impediu de exercer o sacerdócio. Uma comissão que estudou a documentação dos arquivos da Igreja no Crato e em Juazeiro do Norte, no Ceará, entregou seu relatório ao Vaticano. O documento, centrado principalmente na veracidade dos milagres que teriam sido perpetrados pelo religioso, retira de suas costas a acusação de fraude. A história, fartamente conhecida, é a da hóstia que teria vertido sangue ao ser colocado sobre a língua de uma fiel. Ou seja, pelo relatório, a hóstia sangrou mesmo. Falta agora o veredito de Roma. E Cícero pode até virar santo. A pedra já havia sido cantada em 2001, quando a TV Verdes Mares, braço da Rede Globo no Ceará, promoveu um evento em que apontou o padre Cícero como “O Cearense do Século”. Para as hordas de fiéis que todos os dias chegam a Juazeiro do Norte para pedir as benções do padim, quem precisa de perdão agora é quem o condenou, e não o condenado. De outra parte, o perfil do Rei do Cangaço passa a ser mais e mais o de uma alma boa, homem de grandes valores, que viveu seu tempo do modo que o ambiente lhe permitiu. O que é pura verdade. São incontáveis os registros de vezes em que ele, ao praticar assaltos ou saques, pedia desculpas às vítimas dizendo coisas do tipo “não sou industrial, nem comerciante, nem agricultor -- a vida que me restou é esta”. No julgamento popular, a vida de ambos é bastante diferente do que nos revela a maior parte dos livros que frequentam os bancos escolares. Por certo eles não chegarão a virar santos, dignos de estátuas oficiais, mas terão suas imagens reconhecidas de outra forma, resguardadas as diferenças entre eles. Os dois se cruzaram na vida meio por coincidência e conviveram por um período relativamente curto. Afinal, padre Cícero nasceu em 1844, 53 anos antes de Lampião, e morreu em 1934, quatro anos antes da chacina de Angicos, que acabou com o cangaceiro. Eles se conheceram oficialmente em 1926, por iniciativa do padre Cícero, num encontro em Juazeiro que teve direito a fotos, divulgadas pela imprensa na ocasião. Há registros, porém, de que desde bem antes disso havia entre os dois alguma comunicação, via interlocutores. O fato é que, neste encontro de 26, o caráter oficial era necessário, até para efeito de propaganda. Cícero propôs que Lampião formasse um “batalhão patriótico”, como eram denominados os grupos armados criados Brasil afora para combater a Coluna Prestes, que percorreu o País do Sul ao Nordeste e Centro-Oeste, indo se refugiar na Bolívia. Lampião topou, mas com três condições básicas: anistia dos crimes que lhe eram imputados, uma patente de capitão da Guarda Nacional, e armas com munições. Acordo fechado, surgiu assim o Capitão Virgulino Ferreira. Mas ele e seu bando nunca deram um tiro sequer contra a Coluna, apesar das várias chances que tiveram. Mas havia se consolidado uma amizade e dela derivaram vários fatos que interferiram na vida de Lampião. Um deles é ode que duas irmãs dele, que moravam em Serra Talhada (PE), cidade natal de todos eles, mudaram-se para Juazeiro do Norte para viverem sob a proteção de Cícero. Outro, muito mais importante para a história do cangaço, deu-se ali mesmo, em Juazeiro, sob as asas do padre. O bando de Lampião usava os serviços do sapateiro Zé de Neném, que era casado com Maria Déa. Esta mandava recados de que era apaixonada por Virgulino, com fitinhas e essas coisas de flertes, até que ocorreu um encontro, em 1930. Lampião, que já estava meio empolgado, ficou caidaço por ela. Ela acabou largando o marido para adotar o nome de Maria Bonita e seguir seu novo amor até a morte. O fato gerou notícias em jornais, que a tratavam como adúltera, mulher da vida e outros adjetivos ainda mais fortes. Mas ela pouco ligava. E tampouco o padre Cícero, que no fundo foi quem incentivou o romance eterno. Ela se encantava não só com as histórias de bravura de seu amado que corriam pelos sertões. Gostava do seu jeito, dos seus trajes, que incluíam o enorme chapéu de couro adornado com medalhas de ouro e prata, algumas delas dispostas num formato com a palavra “amor”. Era um homem doce, gentil, respeitoso. Jeito de poeta, de artista. Ao passar a conviver com Lampião, ela viu e sentiu muito mais. Entre suas tralhas, nas andanças ele carregava uma máquina de costura e agulhas e linhas de bordar. Mas quem costurava e bordava não era ela, era ele. Compositor e bom no gingado, ele cantava e dançava muito bem. Tanto que é atribuída a ele a invenção do xaxado, uma dança apropriada ao ambiente em que a maioria era de homens e, assim, podiam dançar juntos, pois não precisavam se tocar. Na extensa bibliografia sobre Lampião há registros de toda sua trajetória artística, a começar por um poema que escreveu na escola, já aos oito anos de idade, e grande número de bilhetes que, na juventude ou já no cangaço, escrevia em versos. O padre e intelectual pernambucano Frederico Bezerra Maciel, que escreveu “Lampião, Seu Tempo e Seu Reinado”, em quatro volumes, conta muitas histórias. Uma delas, sobre o compositor, é a de uma visita que Lampião fez a Tia Jacosa, sua avó materna, num dia 15 de agosto, aniversário dela. Longa viagem, madrugada adentro, para chegar. Na casa, ainda cedinho, a avó “já trocava ligeiros os bilros da sua almofada de fazer renda”. Lampião e seus parceiros (seus irmãos Antônio e Livino e outros) chegaram quietos. Pela porta entreaberta, ele estancou e ficou admirando a agilidade daquela gente que tece rendas. Muitos parentes, histórias, cantorias e, já noitinha, na hora de ir embora Lampião prometeu que faria uma música para sua avó. O resto, é Maciel quem conta:
“Cinco meses depois... Precisamente, 22 de fevereiro de 1922. Outra vez Lampião em Poço do Negro. Desta vez trazendo a grande novidade – a canção “Mulher Rendeira” – Música e letra de sua autoria, prometida homenagem à sua estremecida Tia Jacosa. Não se teve em emoção a boa velhinha ao ouvir, pela primeira vez cantada e na voz de Virgulino, a sua canção. Comovida e admirando sem cessar a habilidade – “a arte” – de seu neto: -- Não é que ele aproveitou as palavras que eu costumava dizer a ele quando, menino reinador e desesperado, começava a embirrar com suas teimas: - Chorou pru mim não fica, soluçou vai pro borná?”... Os biógrafos de Lampião são unânimes quanto às vaidades do cangaceiro. Ele adorava se vestir bem para festas e eventos, ocasiões em que usava seus óculos de lentes meio opacas, para esconder o glaucoma que o cegara do olho direito. Tirar fotos, então, era o que mais gostava. Nisso, de novo entra o padre Cícero. As melhores e mais conhecidas fotos e filmes de Lampião são do imigrante palestino Benjamin Abrahão Botto. Seu pai era mascate e a família foi bater em Juazeiro do Norte em 1920. Benjamin se tornou secretário particular do padre Cícero e, nas horas de folga, gostava de fotografar e filmar. E fotografava e filmava Lampião e seu bando dom autorização do chefe. Agora, pois, por razões diversas, Lampião e Pe. Cícero ganham de vez por todas a redenção. E, seja qual for a opinião que se tenha sobre os dois, uma coisa é inegável: eles são a cara do Brasil. (29.04.2012) Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia_print.php?id_noticia=181969&id_secao=11
ARTIGO (III)
A Revista Brasileira de Reumatologia fez publicar no primeiro fascículo do ano 2016 o artigo Padre Cícero teria um reumatismo?, de autoria do médico Francisco Airton Castro Rocha, do Departamento de Clínica Médica, da Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, cujo resumo é: O padre Cícero Romão Batista é provavelmente o mais célebre personagem cearense de todos os tempos. Importante protagonista da região do Cariri, sul do Estado do Ceará, no fim do século XIX e primeiro terço do século XX, teve grande atuação política e religiosa, para além de outros feitos não tão conhecidos, como ensinamentos ecológicos, que o levaram ser agraciado com o título de Patrono das Florestas, bem como enormes esforços e sacrifício pessoal pela melhoria das condições de vida humana. Através da leitura de sua biografia, veio-nos à percepção a possibilidade de que o “Padim Ciço” tenha sido portador de espondiloartropatia inflamatória. A plausibilidade dessa hipótese diagnóstica é aqui apresentada. Busca-se enfatizar que o ouvido atento e a observação clínica, ainda que de forma indireta, sem o privilégio do contato com o paciente, constituem ferramentas incomparáveis na propositura de um diagnóstico. Acesso para leitura e download: http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2016.01.005 )  

ASSUNÇÃO NO CHÁ DE PINTURA (BH)
Por comunicação de Ana Cláudia Assunção, transcrevo informação da página https://www.ufmg.br/online/arquivos/044970.shtml

sobre o 'Chá de pintura' que reúne obras de alunos das disciplinas de ateliê da Escola de Belas Artes, na reitoria da UFMG: “O mezanino da Reitoria abriga, até 22 de setembro, a exposição Chá de pintura, que reúne trabalhos dos alunos da habilitação em pintura do curso de artes visuais da Escola de Belas Artes. As obras foram desenvolvidas no âmbito das disciplinas de Ateliê 2 e Ateliê 3, ministradas, respectivamente, pelas professoras Christiana Quady, também curadora da mostra, e Andrea Lanna. Durante as aulas no primeiro semestre do ano, as duas turmas, compostas de 13 alunos, desenvolveram várias obras, das quais algumas foram selecionadas para a exposição. Tendo em vista a liberdade criativa dos artistas, o processo de curadoria reuniu desde peças abstratas até representações mais formais. Na montagem, as obras foram agrupadas de acordo com as afinidades técnicas e temáticas. Os alunos expositores são Ana Cláudia Assunção, Anna Queiroz, Arthur Bicalho, Gabriel Lavarini, Gabriella Lemos, Huliane Souza, Jenifer Costa, Keila LiN, Letícia Proença, Lucianita Moraes, Mateus Mageste, Núbia Maria e Alessandra Filardi. Para Quady, as disciplinas são um ambiente de trabalho, imersão e compartilhamento artístico. “Foi desse espaço de imersão e de difusão de ideias que surge o título Chá de pintura, num paralelo com o processo de infusão, em que a substância é imersa no recipiente para se chegar ao resultado final”, explica.” Ana Cláudia Lopes de Assunção possui graduação em Lic. em Ed. Art. Habilitação em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pelotas (1993) e mestrado em Artes Visuais pela Universidade Federal da Paraíba/Universidade Federal de Pernambuco (2012). Atualmente é coordenadora do curso de artes visuais da Universidade Regional do Cariri e professor assistente da Universidade Regional do Cariri. , atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de arte, artes visuais, ensino de arte/mediação cultural, artistas visuais e mediação cultural. Desenvolve pesquisa na área Arte/Educação, Poéticas Visuais e Arteterapia. Ministra as disciplinas Desenho, Pintura e Arteterapia no curso de Licenciatura em Artes Visuais/URCA, e presentemente realiza seu doutorado, tendo como objeto da pesquisa para a sua tese a obra de Maria Assunção Gonçalves. Na ilustração acima, vemos a autora, o ambiente da exposição e uma fotografia de Assunção, em trabalho com almofada de bilro, seguindo uma “velha escola”, a da prima Bibi, Umbelina Xavier de Oliveira, mãe de sua prima Amália Xavier de Oliveira, retratada numa tela por Assunção, ao fundo do ambiente.


FESTA DA PADROEIRA, 2016
A festa em louvor da padroeira de Juazeiro do Norte, Nossa Senhora das Dores abre o ano centenário da Paróquia-Matriz, hoje sede da Basílica Santuário da Mãe de Deus. Há grande ansiedade para que esta romaria que abre o calendário das grandes romarias a Juazeiro dê o tom de grande presença dos devotos da Mãe das Dores no ano da celebração dos Cem anos da organização religiosa da cidade. Será também a oportunidade para a celebração dos 190 anos dessa devoção, desde quando em 15 de setembro de 1827 o então primeiro capelão, Pe. Pedro Ribeiro, lançou a pedra fundamental da construção de nossa primeira capela. A sede da nossa primeira Paróquia, em verdade, foi a terceira capela construída na cidade. A primeira, de lugar ainda incerto, mas com certeza, no início da atual rua Padre Cícero, é desta data, tendo aí se mantido até quando em 1875 o Pe. Cícero construiu a nova, cujo traço arquitetônico prevaleceu até 1925. Depois houve uma reforma, ampliando-a e retirando suas duas torres iniciais para ficar na configuração que hoje ela tem, uma única torre central. Para lembrar essa história e os fatos mais marcantes deste século de existência, a Paróquia Matriz, com nosso apoio, e também de Daniel Walker, Raimundo Araújo, Socorro Gondim, Homero Araújo, e demais membros da Comissão do Centenário, estão organizando uma exposição fotográfica que será aberta na noite do próximo dia 3, e que ficará exposta à visitação no Círculo Operário São José, no complexo da Basílica Santuário.

SEMANA DE INICIAÇÃOI CIENTÍFICA, FJN
Por um Edital, a Direção da Faculdade de Juazeiro do Norte – FJN deu publicidade às informações para a realização da sua VIII Semana de Iniciação Científica que acontecerá no período de 19 a 21 de outubro de 2016, com o tema: “Inovações e Empreendedorismo para o Desenvolvimento Regional com Base na Ciência e Tecnologia.” Em versões anteriores, esta Semana tem proporcionado um amplo painel com reflexões e debates buscando, essencialmente, compreender o comportamento da sociedade diante de fatores sociais, políticos, econômicos e culturais que promovem seu desenvolvimento e bem estar. E dos tantos desafios que este evento ensejou, podemos destacar o desafio de entender saberes e cultura como partes da produção sócio-histórica da sociedade, o que tem nos permitido problematizar os ditos valores sociais e culturais universais. Neste contexto, a diversidade cultural, vista como princípio educativo, leva-nos a rever constantemente os valores políticos, sociais e culturais de compreensão do outro, assim como os movimentos sociais que são vistos como importantes na dinâmica das transformações sociais, culturais e políticas desta sociedade. Relevamos, portanto, o ensejo para discutir acerca da consolidação da ciência a serviço da sociedade, considerando os movimentos sociais e a diversidade cultural como elementos que devem extrapolar a noção de identidade nacional e se concretizarem por meio das experiências e vivências sociais e culturais que envolvem os indivíduos na sociedade. A Semana de Iniciação Científica já é um evento consagrado, inserido no calendário acadêmico desta instituição, que tem como objetivo divulgar e disseminar conhecimentos produzidos nas áreas de exatas, humanas e saúde, assim como gerar uma maior integração entre professores, alunos e a comunidade local, através de conferências, palestras, mesa-redonda, minicursos e apresentação de trabalhos científicos. A Semana de Iniciação Científica surge para proporcionar uma oportunidade de formação científica aos alunos em graduação, visando despertar a importância para as atividades de pesquisa e extensão com ampla divulgação para a comunidade acadêmica, científica e em geral. O evento, mais uma vez, proporcionará significativas oportunidades de troca de experiências e informações entre profissionais, estudantes, pesquisadores, IES, órgãos colegiados e a comunidade em geral, articulando o processo de ensino-aprendizagem por meio do desenvolvimento de atividades de capacitação, tais como: palestras, concursos de fotografias e de literatura de cordel, mostra de fotografias e apresentação de trabalhos científicos com ênfase na pesquisa, focados todos no relevo em que situamos as inovações que emergem de conteúdos científicos e tecnológicos, à disposição do desenvolvimento regional, através do empreendedorismo tão candente no perfil de sua gente. No seu objetivo geral, está previsto que a SIC deverá “Proporcionar aos participantes a oportunidade de discussão de temas relacionados com interdisciplinaridade, integralidade, responsabilidade social, ética e pesquisa no ensino superior. E nos objetivos específicos: ∙ Promover o saber através da pesquisa e extensão na Região do Cariri; ∙ Despertar na Comunidade Acadêmica o interesse pela pesquisa científica; ∙ Integrar os saberes com atividades de pesquisa entre docentes e discentes; ∙ Desenvolver discussão de temas importantes de investigação científica nas áreas da saúde, exatas e humanas, e que se tornam relevantes para a sociedade; ∙ Continuar divulgando os cursos desta instituição através da extensão e da pesquisa, afirmar o papel, as funções e as esferas de atuação dos profissionais dos cursos de Farmácia, Enfermagem, Nutrição, Ciências Contábeis, Sistemas de Informação e Arquitetura e Urbanismo na sociedade; ∙ Divulgar os eventos sociais desenvolvidos por nossos alunos nas diversas áreas; ∙ Divulgar pesquisas científicas por meio de publicações e através dos resultados proporcionar aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos na região.