domingo, 15 de fevereiro de 2015

BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
118: (11.02.2015) Boa Tarde para Você, Joaquina Gonçalves de Santana
Naqueles primeiros anos da década de sessenta eu não era senão, como tantos, um garoto que amava os Beatles e os Rolling Stones e vivia a antevéspera de um grande dilema para satisfazer o desejo ardente de meus pais que queriam um engenheiro na família. Mas, como diria Drummond, havia uma pedra no caminho e parecia que ao derredor de sete léguas era muito difícil, encontrar alguém que conseguisse operar o milagre que me fizesse passar a gostar de matemática. Gostava, sim, de História, de Geografia e já lia muito sobre isto, sobre literatura e línguas, mas números, contas, equações e teoremas eram bichos de mais de sete cabeças que infernizavam meus caminhos e os meus planos para o futuro. Foi quando nos apareceu em sala de aula deste Ginásio Salesiano uma professorinha que já conhecia pelas relações familiares, daqueles guardados afetuosos de minha mãe e minhas tias, que vinha para a substituição temporária de um professor titular. Em verdade, dona Quininha, eu tenho pouca lembrança daqueles motivos que a fizeram pelos anos a legenda extraordinária que você se tornou para diversas gerações de jovens que passaram por este estabelecimento, vendo-a operosa e dedicada entre sala de aula e a secretaria do colégio. Para mim, foi o milagre, se assim posso dizer-lhe, a experiência única que me tocou fundo para abrir alguma coisa que não sei onde ficava e que desencadeou toda a mudança que revirou preconceitos e me tornou sensível aos seus conteúdos e ao domínio razoável de seus métodos. Certamente não é misterioso que falemos desta sua habilidade, tantas vezes reconhecida e referenciada, de como sua atividade docente se esmerou pela prática exemplar de organização, de didática e de responsabilidade irretocável nas funções do magistério. Matemática, quero crer, foi apenas um viés expressivo de sua vocação, do seu gosto particular já manifestado precocemente desde os tempos da velha e querida Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte, como professora ruralista. Poucos anos depois, e lhe digo isto dona Quininha, com imenso orgulho e gratidão, exatamente por estas mudanças que se operaram, eu voltei para casa trazendo um resultado expressivo de terceiro lugar no vestibular da Escola de Engenharia, nos exames de 1968, incluindo-se aí um grande e surpreendente resultado na prova de matemática. Daí por diante, felizmente como sempre esperei, eu fui feliz e fui sabendo que já não era tão intrincado transitar com as ferramentas dos cálculos numéricos, com os exercícios complexos no plano do infinitésimo, das equações diferenciais e das integrais múltiplas. Devo-lhe isto, eternamente, dona Quininha, porque é parte do meu sucesso profissional, da minha própria vocação docente que não se contentou daí por diante em apenas ser o agente do aprendizado do que a vida lhe proporcionou, para também me dedicar a transferir para outros o que esta matemática em parte nos ensina. Lamento muito que tão pouco hoje nos vejamos, agora que os anos lhe impõe uma vida de recolhimento à sua casa, o trato mais reservado com a família, diante de pequenos achaques que impedem a sua mais livre mobilidade. Mas se isto lhe trás algum conforto neste reconhecimento tão simplório que lhe dedico a esta altura da vida, eu lhe digo dona Quininha, que a senhora foi e continua sendo o meu tipo inesquecível, a criatura admirável que me encantou com esta insuperável capacidade de transformar pessoas. Não tenho dúvidas em testemunhar-lhe que no magistério das escolas por onde caminhou e semeou, e no ministério espiritual a que tanto se dedicou na maturidade da vida, seus exemplos continuam a nos iluminar com estas lembranças ternas e gratas que nos emocionam. Por isso mesmo, dona Quininha, cada um de nós sempre terá histórias para contar destes anjos que nos aparecem em nossas vidas e que jamais se revelariam apenas na frieza dos números da matemática.         
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 11.02.2015)
BOA TARDE (II)
119: (14.02.2015) Boa Tarde para Você, Cícero Andrade
“A Arte é como um filho que nasce, ela é sempre bem vinda e traz com ela muita alegria e um pouco de vida para o seu criador. Nos meus traços nordestinos em nanquim, passei toda a leveza para o traço e, ao mesmo tempo, força no estilo, tanto que acabei criando uma brincadeira de riscar. Não me preocupei com a estética dos personagens para o mundo real, mas fiz deles, figuras verdadeiras do mundo irreal, mostrando o verdadeiro viver nordestino.” Este é o texto que abre a ótima exposição que acontece no Centro Cultural BNB Cariri, aqui em Juazeiro do Norte, oportunidade na qual Andrade Juá está mostrando o que denominou de “Meus Traços Nordestinos em Nanquim”, com a curadoria de Cleiton Araújo. Ele usa um pigmento preto sobre papel branco que já era empregado 400 anos antes de Cristo entre os chineses, oriundo originalmente de excreções de animais marinhos e que hoje tem conotação tecnológica de reações químicas com alcatrão. É uma pequena grande mostra contendo apenas 15 quadros daquilo que o autor expressa como a sua observação de flagrantes do viver nordestino, com altíssimo nível técnico de execução, demonstrando a habilidosa marca de Andrade Juá com o desenho, e a sua versatilidade como ilustrador. Em diversos momentos de sua vida mais recente, Andrade Juá tem-se expressado publicamente sobre a sensação particular, a emoção flagrante de fazer arte, de criar, de alimentar seus sonhos diante da intransferível realidade da batalha pelo feijão nosso de cada dia. A mostra em que reconhece como o sonho realizado é o ápice da vida do artista quando ele também se expõe e se devassa na sua proposta por uma estética, um estilo que o consagre como interlocutor do homem e o meio. Esses traços nordestinos, e bem sertanejos assim expostos, acolhem a observação detalhada das cenas da vida rural, da agricultura de sobrevivência entre chuvas e secas, sem esquecer o fenômeno do cangaço como marca indelével da violência rural e urbana. Aliás, neste particular, a obra momentânea de Andrade Juá parece-me revisar ao seu estilo, as marcas tão apreciadas dos cangaceiros de Aldemir Martins, o genial filho de Ingazeiras, também em nanquim, e que se notabilizou com uma produção vasta como ilustrador de grandes obras da literatura regional, assinalada igualmente por esta notória leveza do traço. Mas o artista é também o poeta, talvez o fingidor de que nos fala o Pessoa, que dissimula na leveza do traço, na quase delicadeza de um entalhe em madeira, como se a obra tivesse a marca inconfundível da xilogravura, e a contundência da expressão fiel de suas angústias. Desde que conheci Andrade Juá, por suas obras como chargista, desenhista publicitário, caricaturista e ilustrador, eu fui tocado pela beleza de suas imagens, pela diferenciação de seus olhares, o que procura conciliar família, sociedade, arte e os momentos difíceis da vida. A sua religiosidade impõe, sem traumas, a gratidão, a reverência, a conformação, a plena adaptabilidade no existir como pessoa, na convivência com amigos, família, trabalho e sociedade, e que experimenta a simplicidade gratificante das emoções no dia-a-dia. Ele vai permanecer, vai ficar, ajuntando seu nome, a legenda que o identifica como um destes mestres das artes plásticas do Cariri, por um registro personalíssimo no desenho, em suas ilustrações, mergulhado na diversidade cultural que esbanja a riqueza deste Vale. A exposição destes mais recentes trabalhos de Andrade Juá vai continua acontecendo no quarto andar do Centro Cultural do BNB Cariri, até o próximo dia 28 deste mês de fevereiro e eu recomendo a todos vocês que não percam a oportunidade para encontrar nesta coleção a sensibilidade de um artista que expressa parte da grandeza desta nossa ambiência cultural caririense. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 14.02.2015)
NOVOS CIDADÃOS JUAZEIRENSES
Por atos da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, sancionados pelo edil municipal, a cidade declara como honorários dois cidadãos que, conforme rezam os termos das resoluções, merecem-nos pelos “relevantes serviços à comunidade. Vejamos os Atos. RESOLUÇÃO N.º 745 DE 03 DE FEVEREIRO DE 2015, pela qual fica concedido o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor Francisco Cícero do Nascimento. Autoria: Maria Calisto de Brito Pequeno; Coautoria: Normando Sóracles Gonçalves Damascena - Firmino Neto Calú; Subscrição: Cícero Claudionor Lima Mota – José Tarso Magno Teixeira da Silva – José Ivan Benjamim de Moura – Paulo José de Macêdo - Rubens Darlan de Morais Lobo - Antônio Vieira Neto - João Alberto Morais Borges - Antônio Alves de Almeida - José Nivaldo Cabral de Moura – Rita de Cássia Monteiro Gomes – Maria de Fátima Ferreira Torres. RESOLUÇÃO N.º 746 DE 03 DE FEVEREIRO DE 2015, pela qual fica concedido o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor Francisco Aparecido do Nascimento. Autoria: Maria Calisto de Brito Pequeno; Coautoria: Normando Sóracles Gonçalves Damascena - Firmino Neto Calú; Subscrição: Cícero Claudionor Lima Mota – José Tarso Magno Teixeira da Silva – José Ivan Benjamim de Moura – Paulo José de Macêdo - Rubens Darlan de Morais Lobo - Antônio Vieira Neto - João Alberto Morais Borges - Antônio Alves de Almeida - José Nivaldo Cabral de Moura – Rita de Cássia  Monteiro Gomes – Maria de Fátima Ferreira Torres.

Nota: Não encontramos informações biográficas sobre o homenageado Francisco Cícero do Nascimento. Contudo, transcrevemos abaixo um texto encontrado na internet que nos dá informações sobre o homenageado Francisco Aparecido do Nascimento, empresário bem reconhecido em nosso meio.

“K&K COUROS: um misto de história de amor e empreendedorismo. A K&K COUROS é uma marca brasileira de acessórios masculinos e femininos que se utiliza dos melhores e mais exóticos couros, primando sempre pela qualidade e o design inovador, voltado para as últimas tendências internacionais. Foi como uma indústria de fundo de quintal que em 1988 na cidade de Juazeiro do Norte – Ceará, quando ainda namoravam, que o casal Francisco Aparecido e Valdirene Nascimento (hoje Designer, formada em Pedagogia pela Urca Crato – CE, concluindo Designer de Moda pela Enmoda São Paulo e Gestão Comercial pela Leão Sampaio Juazeiro do Norte-CE), iniciaram a história da K & K COUROS. O Sr. Aparecido criava e produzia sapatos, cintos e bolsas artesanais, vendendo-os pelo interior do estado do Ceará a pequenos lojistas, bem como na Feira Artesanal na Beira do Mar, na capital Alencarina. Outra parte era comercializada pela Sra. Valdirene, na faculdade do Crato – CE, quando ainda cursava Pedagogia. Com o aumento da ocorrência, decidem inovar. Ao identificarem a necessidade atual do mercado, passam a produzir somente carteiras masculinas e femininas. A empresa passa a ser regulamentada somente em 1991, com o nascimento de seus filhos Kelvyn e Klécia, daí a origem do nome K & K COUROS. Em 1995 têm sua própria, um galpão de 150m², contando com 25 colaboradores e a K&K COUROS começa a se destacar na região nordeste mais precisamente em Recife-PE. No mesmo ano, expande suas atividades com uma nova parceiria e passa a produzir em grande escala para um rede de lojas com sede em Fortaleza-CE, aumentando sua estrutura física para 300m². O crescimento de 100% em produção, proporciona a empresa mais um salto, obtendo assim um espaço de 600m² bem estruturado e gerando mais de 100 novos empregos, com um total de 250 pessoas. Decisões importantes fizeram a diferença no sucesso da empresa. Investiu-se na alta qualidade dos produtos, desde a seleção de matérias-primas ao design moderno e retornaram às origens, lançando no seu mix de produtos uma belíssima coleção de bolsas masculinas e femininas, que não só fortaleceu a marca como também seus produtos ganharam status. A empresa cresce 200% em 2011 e percebe a necessidade de expandir sua estrutura física. Após várias tentativas frustradas em conseguir apoio para construir uma nova sede, junto aos órgãos Estaduais e Municipais, por acreditar no seu potencial, compra um terreno de 20.000m² para realizar o sonho de indústria modelo, visando não somente dar continuidade ao crescimento da marca, bem como a capacitação de seus parceiros e a realização de projetos sociais. m 2012 nasce a loja K & K COUROS no Cariri Garden Shopping, Juazeiro do Norte-CE e a ideia de transformar o seu negócio em franquias, objetivando o reconhecimento da marca e a difusão de todo know-how adquirido ao longo dos anos.

TESE DE DOUTORADO



 
 
Em novembro do ano passado foi julgada no UFRJ, Rio de Janeiro a tese “A DÁDIVA DA IMAGEM, as promessas como produção de pessoas e objetos (etnografia em Juazeiro do Norte)”, de Thiago Zanotti Carminati, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, como requisitos à obtenção do título de Doutor em Antropologia, sob a orientação do prof. Marco Antonio Gonçalves. A Tese foi aprovada pela seguinte comissão: Presidente: Prof. Dr. Marco Antonio Gonçalves (Orientador), Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia/IFCS/UFRJ; Profa. Dra. Els Lagrou (Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia/IFCS/UFRJ); Prof. Dr. Cesar Gordon (Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia/IFCS/UFRJ); Prof. Dr. Carlos Alberto Steil (Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/UFRGS); Profa. Dra. Rose Satiko Gitirana Hikiji (Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/USP); Suplente: Profa. Dra. Patrícia Pereira Pavesi (Universidade Federal do Espírito Santo/UFES); Suplente: Profa. Dra. Maria Laura Cavalcanti (Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia/IFCS/UFRJ). Eis o Resumo da Tese: Esta tese é uma etnografia sobre a produção de pessoas e objetos no mundo das promessas de Juazeiro do Norte. Aproximando-se do ciclo cerimonial e festivo das romarias através de suas imagens, a etnografia encontra a ‘promessa’ como o modo de conceituação comum para atividades aparentemente antitéticas permitindo, portanto, a reflexão dos rituais de promessas para além de uma prática de desobriga, mas como práticas generativas da produção de socialidade e de agenciamentos cosmológicos. Percebeu-se, assim, em analogia ao sistema das dádivas, que a intensidade com a qual o mundo artefato visual de Juazeiro é construído surge como um efeito das promessas em sua qualidade de trocas mediadas e não mediadas, pois o que se espera do contato entre pessoas, objetos e imagens é a influência direta entre mentes e corpos. Nesse sentido, a tese retoma a história do Padre Cícero, argumentando com dados etnográficos sua forma particular de instanciação na cosmologia católica. O poder das imagens é argumentado desde os primeiros usos da fotografia pelo próprio Padre Cícero que, de então, eclipsa este mundo fixando-se em ‘iconografia continente’. Desse modo, a observação participante foi direcionada para os espaços onde a presença do Padre se faz em relação aos objetos de promessa. Descobre-se, então, que o “presente” da promessa é a presença, a dádiva que a imagem permite; a eficácia que sua existência garante. Por fim, discutindo o estatuto destes objetos, classicamente apreendidos como ex-votos, a tese propõe outras aproximações conceituais capazes de dar relevo à criação, à individuação e a pessoalidade. Palavras-Chave: Etnografia. Imagem. Ritual. Noção de Pessoa. Cultura Material. Romaria. Juazeiro do Norte-CE. Nordeste.
Observações: O autor Thiago Zanotti Carminati, tendo sido aprovado em concurso para a área de Antropologia, na URCA, acaba de ser nomeado em ato do governador Camilo Santana e deverá assumir brevemente. Os que desejarem acessar o documento em pdf para sua leitura poderão ir para o link e fazer o dowload necessário, pois é seguro:
 
AEROPORTO DE JUAZEIRO DO NORTE
Como em meses anteriores estamos tomando os resultados disponíveis no site da Infraero para divulgar a performance do Aeroporto de Juazeiro do Norte, com respeito a movimentação de passageiros (embarcados e desembarcados, mensalmente e nos últimos doze meses), aeronaves (pousos e decolagens, nos mesmos períodos e cargas (movimentação que apenas iniciamos no fim do ano passado, e que deveremos apresentar mês a mês e proximamente o acumulado nos últimos doze meses). Observo que os dados de cargas são na unidade de quilograma. No geral, um pouco mais ocioso, face ao enceramento de alguns voos e a retirada de empresas, o Aeroporto continua exibindo a mesma performance que em meses anteriores. Nada há a ser observado senão as atenções que ultimamente vieram a conhecimento pelo noticiário dando conta dos impedimentos de algumas torres no espaço aéreo de influência do aeroporto que se espera sejam resolvidos a contento para que não haja impedimento na tramitação de um novo projeto de ampliação do nosso Aeroporto. Outro fato relevante é que parece estar interessando à Azul a retomada de um voo com o destino de Recife, fato lamentável acontecido no ano passado. No mais não há nenhuma novidade com respeito a novos voos ou outras operadoras no Aeroporto. Nos últimos 12 meses o número de usuários do Aeroporto atingiu cerca de 410.838 passageiros (embarcados/desembarcados)  em 7.165 operações de pouso/decolagem. Isto oferece uma média de ocupação da ordem de 57 passageiros/operação. Mas no mês de Janeiro houve uma pequena melhora neste desempenho,  elevando esta ocupação para 66 passageiros/operação.