sábado, 7 de julho de 2018


AV. MONS. FRANCISCO MURILO DE SÁ BARRETO
Nova e significativa homenagem ao Mons. Murilo acaba se ser publicada no Diário Oficial do Município de Juazeiro do Norte (Ano XX, nº 4772, de 28.06.2018, p.1), denominando uma nova avenida no território urbano, conforme os termos da Lei: LEI Nº 4.870, de 22.06.2018 Denomina artéria pública e adota outras providências. O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, Estado do Ceará, no uso de suas atribuições legais que lhe confere o art. 72, inciso III, da Lei Orgânica do Município. FAÇO SABER que a CÂMARA MUNICIPAL aprovou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei: Art. 1° Fica denominada de AVENIDA MONSENHOR FRANCISCO MURILO DE SÁ BARRETO, a Avenida Projetada “A”, do Loteamento Jardim Buriti, via principal do citado loteamento, início na Rua Dr. Luciano Torres de Melo, sentido Norte/Sul, prolongando-se até o Município de Barbalha, bairro Frei Damião. Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3° Ficam revogadas as disposições em contrário. Palácio Municipal José Geraldo da Cruz, em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, aos 22 (vinte e dois) dias do mês de junho de dois mil e dezoito (2018). José Arnon Cruz Bezerra de Menezes. Autoria: Vereador Glêdson Lima Bezerra.

JUANORTE: TRISTE FIM DE UMA TRINCHEIRA (IX)
Estamos dando sequência às transcrições de artigo originalmente veiculados no jornal eletrônico JUANORTE, editado em Brasília pelo jornalista Jota Alcides, onde ali por mais de ano eu mantive uma coluna semanal, através de opinião pessoal sobre questões de interesse em assuntos juazeirenses. Pelo fato de um ataque de hackers e a destruição dos arquivos, o próprio editor resolveu desativar o jornal. Então eu resolvi reeditá-los aqui. A seguir mais 7 destes textos.
REINVENTAR O JUAZEIRO
Diariamente, qual maníaco, me surpreendo com o olhar preso na minha Juazeiro. Procuro por tais vias (a imprensa, os livros, pessoas e fatos) me debruçar neste exercício continuado de observação que me faça entender para onde estamos indo. E não é muito simples. Como uma terra que ainda tem tudo a realizar, por uma melhor qualidade de vida para seus filhos e afilhados, percebemos que elegeu-se a improvisação como a via mais freqüente para fugir aos caminhos necessários. A esperteza, ou quem sabe a “expertise” é insistir no percurso de trilhas que adiam o nosso sucesso como comunidade operante. Falei noutro dia sobre a questão do planejamento municipal e a discussão ingênua ao redor de recursos orçamentários. O trajeto é mais simples do que se pensa, pois a tutela de Estado é perversa. Tem-se a impressão de que no centro há uma preocupação real pelos municípios. Falsa impressão. Tal não acontece. A gênese de tudo é a disponibilidade de somas astronômicas para programas diversos – muitos necessários, convenhamos, o que, à aparente vista é uma via fácil para barganhar dinheiros, provocando desvios nas prioridades da cidade. Vivemos presos a estas oportunidades, correndo para Brasília para pegar uma beiradinha das somas, com projetos mal alinhavados. Os milhões são anunciados e passa-se ao sofrimento da burocracia para fazer chegá-los a termo, o que por vezes acaba com mais da metade da disponibilidade. Quando a questão aperta o juízo das partes interessadas (quero dizer que isto, verdadeiramente, não inclui o povo) fala-se no apelo sempre recorrente de um pacto. Um pacto pelo Juazeiro, por sua governabilidade; um pacto pela cidade centenária, por seu desenvolvimento, etc. Um pacto, enfim. Evidentemente, antes disto, é necessário conversar, permitir-se um entendimento que nos promova e não a meia dúzia de gente profissional de grandes acordos. Como se renega este pressuposto, este pré-requisito importantíssimo, parte-se para os destemperos orais, sem conseqüências benéficas para a cidade ansiosa. Juazeiro do Norte, queiram ou não, é fruto de uma invenção. Sua existência e carreira fulgurante não era prevista antes de 11.04.1872. Interessante, isto, não? Tem data, até. Inventado por uma estratégia que reuniu o binômio fé e trabalho, o povoado agigantou-se diante de curto espaço geográfico para onde foi, aos poucos, convergindo saberes, olhares e pensares que ousaram pô-lo no mapa, como a paragem real de uma utopia sertaneja. Um lugar de paz e realização, o refrigério. Por aí vai se entendendo a longa trajetória desta cidade centenária, mercê do trabalho de seus verdadeiros heróis, o povo romeiro. Na contra-mão deste caminho chegaram Igreja, Governo e Comércio. Três poderes fortíssimos que alimentaram, desde aí até a data presente, a turbulência de capítulos imemoriais de sua história. Mas, a invenção já estava consolidada. Tratava-se, tão somente, de administrar o conflito turbulento das lutas, o que tem nos consumido tempo, vida e ânimo. O que se deseja para este momento é a revisão desta invenção, algo como se reengenheirar toda uma estrutura social delicada e crítica. Tarefa para todos nós, mormente em dias de governo frágil. Melhor fazer assim do que esta prática medíocre de reuniões improdutivas de qualquer conselho municipal formado sem convicções sérias de que a cidade necessita mudar. Uma conclusão inevitável diante da turbulência que ora enfrentamos, exatamente por não sabermos como contornar as tribulações deste momento é trazer de volta esta inquietação para um amplo fórum em que se possa manifestar a necessidade de sua reinvenção. Qual o futuro da cidade centenária? Precisamos urgentemente de um inventor de boa capacitação, não um gerente de bodega. Afinal, como já dissera William Shakespeare, a melhor maneira de prever o futuro é inventá-lo.
(JUANORTE 07.11.2010)
ALÉM DE 300 MIL
Leio pela Internet: 244.701 habitantes. Recorro aos dados do IBGE para colher detalhes deste número e encontro 249.829 como estimativa. Por aí, digamos, dentro da amostragem regular do censo IBGE. Esta é nossa população. Juazeiro experimenta em muitos períodos do ano alguns números soberbos de romarias que, dizem, fecha nos 2 milhões. Provavelmente o número oficial não levou em conta esta população flutuante. Se ela for distribuída com alguma regularidade, isto poderia se elevar, na média, ao valor de uns 267 mil. Bem, alguns já vieram a público para dizer: só? Realmente já houve muita apelação de enganadores que tentaram mostrar que somos uma cidade de muito mais que isto. Mas, convenhamos, qual é a vantagem de se ter mais que isto se ainda muito falta para se justificar a qualidade de vida esperada por tanta gente, no mínimo das responsabilidades dos poderes públicos? Em que pese a euforia de se ver o nosso meio “evoluindo”, qualquer dia destes vamos sentir falta da aparente tranqüilidade que se experimentava quando éramos felizes e não sabíamos. Coisa de fotografia antiga, pregada em algum álbum de família. Na atualidade, ruas cheias, fluxo emperrado de trânsito, lixo por muitas rampas, fedentina nas coxias de calçadas, roubalheira que nos desanima na hora de pagar tributos, falta de compromisso cidadão com o eleitor, coisas assim. As projeções indicam que a população de Juazeiro do Norte deve continuar crescendo numa taxa elevada. Então, no rastro da reflexão passada, vale a pena elencar, pelo menos, alguns destes sentimentos com os quais poderíamos, com atraso, ir nos preparando para dias vindouros. Uma das prioridades para superar esta turbulência urbana deve ser o transporte coletivo. É notório que a entrada dos alternativos conturbou exageradamente as vias. Também, pudera, o que houve de planejamento para admitir a novidade das primeiras topics? Elas chegaram como solução arrogante, buscando agilizar o leva-e-traz de passageiros, sempre avexados para chegar em algum lugar do mapa e se impuseram como detentoras de todas as prerrogativas e liberalidades. Trazê-las, todas, para um ponto final no entorno da praça foi um grande erro. Ora, devemos falar que neste instante o poder público se investe de regular, o que concede, limitando os abusos e privilegiando o melhor desempenho para um ótimo serviço. Não é o que se vê. Agora um desafio que deve ser bancado é a articulação com os demais elementos da malha viária para permitir fluidez e desconcentração no centro. O caso do metrô do Cariri bem poderia servir para uma nova tentativa de solução. Ao que me contam, é enorme a subutilização, pois como o centro não foi reorientado como previra Pe. Cícero em 1925, agora não é possível convencer usuário a ir para a estação “tomar o trem”. Certamente que a integração ônibus-alternativo-metrô não pode ser mais protelada. Não só o Juazeiro reclama, mas o Cariri como um todo, especialmente Barbalha e Missão Velha que ficaram, por enquanto, à margem desta solução. Insisto, particularmente, nesta preparação para um grande salto no equacionamento das questões urbanas do triângulo, especialmente. E assim poderíamos arbitrar, deixando que o contraditório se manifeste. Basicamente, estender o atendimento do metrô nas seguintes direções: 1. No Crato, atingindo o Pimenta, entre Urca e ExpoCrato; 2. Para Barbalha, a se definir trajeto, via Lagoa Seca, que poderia terminar a caminho de grandes áreas já povoadas, no rumo de Malvinas; 3. Para Missão Velha, chegando ao centro. As soluções para o Cariri já não podem ser amadoras, e por isso devemos sonhar muito mais alto, de preferência com arrogância, sem fraquejar na determinação que nos fez chegar até aqui. 
(JUANORTE 14.11.2010)
O ARTISTA E O POVO
Uma pesquisa recente do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada nos diz que cerca de 70% da população nunca foram a museus ou a centros culturais e pouco mais da metade nunca vão a cinemas e shows de música. Mas, 78% assiste TV e a DVDs todos os dias. 58,8% ouve música diariamente. A intenção do Ipea era analisar também as barreiras para o acesso à cultura. A maioria, 71%, afirma que os preços altos são um importante empecilho ao acesso cultural. Isto vale, na média, para as cinco regiões do país. Outros fatores foram elencados, como a má distribuição dos equipamentos culturais, distante de onde moram. Esses resultados trouxeram algumas preocupações com o que é gasto para fomentar atividades de entretenimento e lazer. Na verdade, o povo brasileiro, em geral, está cercado pela oferta de eventos de má qualidade, seja no cinema, no teatro, nas artes, na música, em qualquer área. Há muita porcaria disponível, tentando atrair os incautos. Vende-se tudo isto como arte de excelência. Um engodo. Os prefeitos, por exemplo, preferem aplicar somas consideráveis em promoções de gosto e qualidade discutível. Nada contra, mas o que se pode tirar de proveito de um programa de bandas de forró? A lei de incentivos fiscais para a cultura, do governo federal, disponibiliza anualmente, mais de três vezes o próprio orçamento do ministério da cultura, credenciando empresas para abate de imposto de renda. Na prática, ainda são muito tímidas as ações que levam à formação de platéias, seja pelo teatro, pela música, pelo cinema, pela dança e por outras eventos que tornem o esforço mais permanente em cada município. Isto, na maior parte, fica com o Sudeste, que não perde a oportunidade de capitalizar com aquilo que é proveitoso para a arte brasileira. Já entre nós, basta ver as enormes dificuldades relatadas pelo voluntariado que insiste em manter no âmbito dos municípios uma banda simples de música, um grupo coralista, o financiamento do artista popular, os grupos de teatro amador, e até as próprias bibliotecas públicas. Juazeiro do Norte não está à margem destes números chocantes. Mesmo a despeito de esforços notáveis, especialmente vindos do setor privado, o estímulo deve continuar a ser mantido com participações e parcerias público-privado, de modo a consolidar esta tendência de se fazer uma autêntica revolução pelas asas da cultura. A advertência é antiga: “todo artista tem que ir aonde o povo está”. Eis aí um mote que rompe com o comodismo de se manter equipamentos de elite, distantes das moradias, o que via de regra provoca o afastamento da platéia, em vista de custos adicionais pelos deslocamentos e outras facilidades não implementadas pelos programas culturais. Para mim, poderia lhes dizer, que foi um choque, quando mêses atrás, na praça do Memorial Padre Cícero, recebíamos uma grande orquestra européia, com uma delícia de programação, numa exibição pública caída do céu. Naquele dia, não obstante o custo elevado de se montar a produção (iluminação, som, camarins, etc) os desencontros correram pelos ruídos entre os poderes públicos que praticamente abortaram a apresentação. Não fizeram a divulgação necessária. Contavam-se os gatos pingados, até os moradores das redondezas. Noutro canto da cidade, a municipalidade investia na popularidade fácil de uma banda de forró, destas que não tem nada a nos oferecer. É importante fortalecer as nossas convicções sobre nossa riqueza cultural. Nem sempre percebemos. Um belo dia alguém de fora volta para nos surpreender, elegendo estas manifestações como arte de grande requinte. Falta-nos um projeto cultural para esta cidade centenária. Algo que transcende em muito a realização de eventos que levam pelos dedos das mãos o minguado dinheirinho das parcas disponibilidades que nem de longe competem com os empregos da dita infra-estrutura urbana. Ninguém pensa em cultura como condicionante da nossa própria infra-estrutura cidadã. Daí porque é melhor improvisar, para irmos empurrando com a barriga esta onda populista de fazer brincadeira com coisa séria. 
(JUANORTE 21.11.2010)
MARCOS DE UM CENTENÁRIO
Todos sabemos que por inúmeras provocações, surgidas na imprensa e noutras instâncias, ainda em 2008, a comunidade de Juazeiro do Norte começou a ouvir falar que uma data muito importante se aproximava. Não era novidade. Em tantas ocasiões foram celebrados momentos únicos do nosso desenvolvimento e este era mais um. Mas, um especialíssimo, pois nele abriríamos grandes espaços para reavaliar textos, contextos, pretextos e entrelinhas de uma história marcante. Nascia a grande campanha direta e muitas vezes por estratégia subliminar que nos levaria às comemorações do fato notório de nossa emancipação política havida em 1911. Com a repercussão, mudança de governo, até a nossa mania de deixar tudo para as últimas, a pauta de tão agigantada, foi se acumulando com um certo sentimento de que não daríamos conta. Na mudança recente de governo municipal veio a institucionalização com a qual uma comissão iniciou trabalhos acelerados para ouvir os segmentos da sociedade, colher sugestões, convocar parceiros, elaborar projetos, negociar financiamentos e estabelecer metas e cronogramas para comemorar condignamente esta data. Afinal, a complexidade não se fazia apenas porque tudo desembocava numa data. Era, por natureza, uma grande festividade, aberta emblematicamente com o centenário de nossa própria imprensa libertária, nas páginas imemoriais de O Rebate. Demos partida, ótimo começo. Depois de algum tempo começou a baixar um certo desânimo pela constatação simples de que nem tudo conspirava para o objetivos firmados. Mas, não sejamos pessimistas. Muita coisa houve desde então, aí embutido também as frustrações de que tudo isto não se faz senão com os recursos públicos que fizeram comissionados e gestores perambular pelos gabinetes e ouvir promessas de campanha, pois estávamos em ano eleitoral e o pleito celebrativo se situava exatamente na entressafra de batalhas pelos mandos estaduais e federais e o municipal que se avizinha, para depois destes cem anos. Tenho fé no que ainda virá. Nas obras que estão começando a ser realizadas, como este espaço de um marco zero. Não apenas um marco zero de requinte urbanístico, centrado na exata medida onde se iniciava a Rua Grande, mas o zero de todas as nossas páginas. Marco da casa grande de um patriarca, o brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, que plantou no primeiro e velho sítio do Joazeiro as bases desta civilização, desde 1827. Marco também de uma capelinha que abrigou um milagre tão expressivo quanto enigmático às nossas leituras atualizadas, por onde se assentariam os alicerces de uma pastoral romeira, da grande Nação de nordestinos, como ainda somos hoje, fiéis à devoção e ao trabalho. Marco de um projeto urbanístico de cidade gestada nos recuados primeiros anos do século passado, com régua e compasso de um planejamento rudimentar e mínimo que projetaria a grandeza desta, hoje, desajeitada cidade que não aprendeu lições do tempo e não se corrigiu à hora das pressões e demandas de sua gente, na ignorância e omissão de seus gestores. O centenário será grandioso, certamente, pelas adesões do sentimento de cada um que se julga responsável por este nosso estado cidadão: povo, juventude, setores produtivos, igreja, poderes públicos, imprensa. Basta um exercício: livremo-nos da banda podre que há em cada um deles, a marginália de plantão. Cada um tem a sua parte. Não espere por promessas, celebre à altura de suas convicções, por atos de dignidade assumida pelo papel legítimo de cada um. Esperar que este dia seja pleno de algo inusitado pode nos fazer ainda muito mal. Morremos um pouco com nossas próprias frustrações. O centenário está dentro de nós e por ele damos graças por viver estes instantes onde sentiremos que muito maior é a nossa força e determinação, insubmissas ao que querem ou não querem fazer por nós. 
(JUANORTE 28.11.2010)
BRIGADEIRO LEANDRO BEZERRA, 270 ANOS
O dia 5 do mês passado assinalou a passagem dos duzentos e setenta anos de nascimento de Leandro Bezerra Monteiro. A história de sua família, Bezerra de Menezes, no Cariri cearense e em duas outras regiões do Estado do Ceará (Riacho do Sangue – em torno da atual Solonópole, e na Zona Norte), em fins do século XVIII, remonta a ascendentes de origens espanholas e portuguesas. A mais antiga registrada na história é a da contribuição étnica de um núcleo familiar de pecuaristas do Reino da Galícia, norte da Espanha, no século XIII, onde aí viveu João Gonzáles Annes, nascido na localidade de Becerreá, em 1255. Hoje esta região é parte do município de Lugo, da província galega. O nome Becerra foi incorporado voluntariamente por este primeiro precursor, passando ao registro definitivo de João Gonzáles Annes Becerra. Da vocação e atividades destes primeiros membros da família releva-se a criação de gado, sendo também um grupo familiar que aos poucos ascende à nobreza e por fidelidade e atos de bravura incorpora títulos e fama de sangue guerreiro. Leandro Bezerra Monteiro descende em linha direta desta longa genealogia. Nascido em 05.11.1740, no sítio Moquém, município de Crato, ele era filho do sergipano Antonio Pinheiro Lôbo e Mendonça e da pernambucana Joana Bezerra de Menezes. Muito jovem perdeu o seu pai e continuou vivendo com sua mãe, até que se muda para Sergipe, em 1764, aí se demorando quinze anos. Neste período, Leandro recebeu a herança que cabia a si e seus irmãos, em decorrência do falecimento do avô paterno, o sargento-mor José Pinheiro Lobo. Afeiçoou-se de sua prima Rosa Josefa do Sacramento, casou e constituiu numerosa família, com os filhos: Luisa Joana Bezerra de Menezes, Pe. Antonio Pinheiro Lobo de Menezes, Simeão Teles de Menezes, Gonçalo Luiz Teles de Menezes, Joaquim Antonio Bezerra de Menezes, José Geraldo Bezerra de Menezes, Ana Maria Bezerra de Menezes, e Manuel Leandro Bezerra de Menezes. Dedicou-se por estes anos ao empreendimento que comprara à margem do Rio Vaza-Barris, o Engenho São José. Retornando ao Cariri, em 1779, foi residir no Sítio Porteiras, até falecer. Efetivamente, mesmo no século XIX, Leandro não residiu no Sítio Joazeiro, então propriedade de seu neto, o Pe. Pedro Ribeiro da Silva. Mas recebeu esta herança do seu neto, depois legada aos seus filhos, pelos anos 1840. Conforme registra Joaryvar Macedo, Leandro era “homem de preponderante atuação política, sua participação ativa na contra-revolução de 1817, quase octogenário, foi que o projetou na história política da província, sem o que talvez sua vida tivesse decorrido em tranqüila obscuridade”. Seu título de Brigadeiro, atribuído neste princípio do século XIX foi dado em razão de sua grande fidelidade à monarquia brasileira e portuguesa. É interessante observar, portanto, que o marco fundante da futura cidade de Juazeiro do Norte repousa sobre a fixação da família Bezerra de Menezes no Cariri, uma vez constituída religiosa, social e cartorialmente, e já na posse da outrora Fazenda Zoróes (Icó). Mais de perto, as terras da Fazenda Moquém-Crato, que seriam o legado da filha Joana Bezerra de Menezes e do seu marido, Antonio Pinheiro Lobo e Mendonça. O Sítio Joazeiro, cujas terras o vulgo chamaria como parte do Tabuleiro Grande, marco zero da cidade, hoje centenária, já era propriedade da família no final do século XVIII. No ato que passaria a História, em 15.09.1827, na sala de orações do Sítio, uma capela tem a sua pedra fundamental celebrada, sob a invocação de Nossa Senhora das Dores. Com essa proteção e a dedicação da Família Bezerra de Menezes, o Sítio se tornaria Povoado em meados do século XIX. No começo do século XX a Família estaria presente na luta pela Emancipação, em 22.07.1911. Daí por diante, nunca mais deixou de participar do seu desenvolvimento, até os dias presentes. Uma saga ilustrada pela exuberância de vida e obra de personagens, incorporadas na História de uma civilização que já percorreu mais de duzentos e setenta anos. 
(JUANORTE 05.12.2010)
AINDA, O BRIGADEIRO
A propósito do texto desta coluna, na semana passada, acerca da memória do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, recebi atenciosa correspondência do historiador Armando Lopes Rafael. Exatamente porque, reconhecidamente, cometi alguns erros graves no relato sucinto sobre a vida deste personagem, e retorno a este espaço com os devidos reparos, especialmente para expressar-lhe, e aos leitores, as minhas desculpas pelos equívocos e para agradecer ao Armando a diligente e atenta leitura de meus modestos escritos. Ainda, assim, reforço a expressão desta gratidão por ter tido a iniciativa de reproduzir o dito texto, sem a crítica necessária, em outros espaços de blogs caririenses. Ensejou-me, deste modo, que voltasse ao assunto restabelecendo a verdade sobre alguns fatos. O primeiro deste, mesmo que tenha uma explicação pouco convincente, com base em livro de F.S.Nascimento (O Clã Bezerra de Menezes), diz respeito à data de nascimento de Leandro, que foi no dia 5 de dezembro de 1740, e não como foi dito, em 05.11.1740. Noutro momento eu dissera: “Efetivamente, mesmo no século XIX, Leandro não residiu no Sítio Joaseiro, então propriedade de seu neto, o Pe. Pedro Ribeiro da Silva”. Armando cita Denizard Macedo (in “Notas Preliminares” à 2ª edição da “Vida do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro”, à página 19): “Recorrendo ainda às documentadas informações do Pe. Gomes, em seu trabalho citado, vê-se que, na conformidade de seu inventário ainda conservado em cartórios cratenses (...) veio a falecer (o Brigadeiro) do dia 4 para 5 de julho de 1837, quase centenário, pois contava mais de 96 anos bem vividos, tendo firmado o testamento em 20 de junho de 1837, datado do seu recente domicílio da casa-grande do Juazeiro” (grifos meus). E prossegue, Armando: “Creio que fica, assim, configurada a residência do Brigadeiro na Fazenda Tabuleiro Grande, origem de Juazeiro do Norte. Ademais é forte tradição oral que a capelinha de Nossa Senhora das Dores, "ficava ao lado da residência do Brigadeiro", como ficou eternizado nas telas da nossa querida Assunção, e fruto de pesquisas que a pintora fez - décadas atrás - entre os velhos habitantes de Juazeiro do Norte. O próprio fato de o Brigadeiro ter sido sepultado na capelinha do antigo cemitério de Juazeiro do Norte – localizado onde hoje estão residências na Av. Dr. Floro Bartolomeu, esquina com Rua Padre Cícero – comprova que Leandro Bezerra Monteiro viveu seus últimos dias na Fazenda Tabuleiro Grande, origem de Juazeiro do Norte. Amália Xavier (ver “O Padre Cícero que eu conheci”) escreveu: “nesta capela foram sepultados o Brigadeiro e sua mulher, pelo menos no local onde a mesma foi construída. Lá estava uma lousa marcando o lugar onde foram depositados os restos mortais de ambos. A lousa foi retirada para depois ser colocada na parede da capela, mas, infelizmente, desapareceu”. Ao finalizar suas observações, Armando me diz: “Considere-se ainda o que escreveu Joaryvar Macedo em artigo na Revista do Instituto do Ceará: “Transferiu-se, (o Brigadeiro Leandro) no ocaso da vida, para a casa grande do Juazeiro que lhe legara o Padre Pedro Ribeiro e cuidou da conclusão da capela erguida pelo neto”. O que comprova que quem realmente construiu a capelinha foi o velho Brigadeiro...). Creio que não existem dúvidas de que o Tabuleiro Grande foi, por algum tempo, residência do Brigadeiro, local onde ele sepultou (antes anos de falecer) também o corpo da esposa, como atestou Amália Xavier, finaliza”. Tudo isto que Armando assevera, à luz de bem estribadas leituras de pesquisas bem fundamentadas, muito nos ajuda a continuar formando um maravilhoso perfil biográfico do homenageado. Contudo, ainda não temos como certeza o local onde de fato o Brigadeiro foi sepultado, se no velho cemitério da Dr. Floro, ou se no interior da velha capelinha do Pe. Pedro. Quando Octávio Aires de Menezes desenhou a planta da povoação do Joazeiro, em 1875, havia uma capelinha no cemitério velho da futura rua do dr. Floro. Teria sido esta a capelinha fundada pelo neto do Brigadeiro?
(JUANORTE 12.12.2009)
MAIS MUSEUS
Um estudo (Museus em números) do Ibram – Instituto Brasileiro de Museus, vinculado ao Ministério da Cultura, revela que o Brasil já tem mais de 3 mil museus. O trabalho, que envolveu mais de 30 profissionais diz, pela primeira vez na história, que o Brasil conta com um estudo aprofundado sobre a quantidade e qualidade de seus museus. Um release do Ibram nos informa, preliminarmente: “O resultado deste “censo museológico” revela que o Brasil, que iniciou o século XX com 12 museus, já conta com 3.025 instituições museais mapeadas. Dessas, 1.500 responderam à pesquisa, sobre localização, acervo, caracterização física, acessibilidade, infraestrutura para o recebimento de turistas estrangeiros, funcionamento, segurança, atividades, serviços, recursos humanos e orçamento foram os aspectos investigados. A edição traz dados estatísticos comentados sobre a realidade de cada Unidade da Federação no que se refere ao quantitativo e perfil de seus museus, além de situar a realidade brasileira no cenário museológico internacional. Analisadas por uma equipe multidisciplinar, as informações colhidas trazem à tona as particularidades de caráter nacional e regional que determinam a atual configuração do setor, apontando avanços e desafios. A idéia é que a publicação seja periódica, com edições trienais, e sirva de referência para o planejamento de políticas públicas, o desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao setor e a participação social. Veja a seguir alguns destaques da pesquisa: 21,1% dos municípios brasileiros possuem museus; o número de museus já ultrapassa o de teatros e de salas de cinema no País; a maior parte dos museus é pública e gratuita; a maioria das instituições tem menos de 30 anos.” Essa introdução nos coloca diante de uma das opções da chamada política pública de, por intermédio do fomento a atividades culturais, os museus cumpram funções importantes, tanto na questão da formação cultural do povo brasileiro, como noutras direções pelo desenvolvimento de destinos turísticos, como é o caso de Juazeiro do Norte. Na verdade, tímidas são as iniciativas das partes. Poder público e iniciativa privada hesitam muito nesta opção. Lembro que quando com todo o calor e entusiasmo, ainda pelos anos 80, tentávamos dinamizar o IPESC, na sua primeira fase, como núcleo pensante para formatar idéias e realizações para programas sócio-culturais em Juazeiro do Norte, o estímulo à constituição de museus aparecia como uma das primeiras iniciativas a serem sedimentadas. Idéias, acervos, oportunidades, tudo isto nos aparecia com uma clareza indisfarçável. Pensávamos na vocação artesanal, envolvendo utilitários e decorativos, ourivesaria, xilogravura, cordel, sem esquecer o que nos parecia mais imediato, no campo da história, pela exuberância de fatos e personagens, através de uma biblioteca específica, renovada, imprensa e hemeroteca, arquivo público, imagem e som, e tanta coisa mais. O fato é que a ambiência histórico-cultural de Juazeiro do Norte sempre ensejou e continua a despertar muitos caminhos explorativos de sua própria memória, de sua própria e expressiva cultura. Não falamos para adjetivá-la, popular, mas aquela que deve contribuir para a formação do cidadão, fruto de sua vivência, de seus hábitos, costumes e expressões. Neste ponto, Juazeiro do Norte é uma cidade providencial. Destino turístico e de romaria para mais de dois milhões de visitantes ao ano, isto mostra o potencial enorme para que boas idéias museais sejam muito facilmente eleitas como equipamentos dos mais visitados no país. Isto é o que se pode sentir do desempenho da modesta amostra que dispomos. Os três museus da cidade hoje podem contabilizar uma visitação anual beirando os 100 mil. Diante dos milhões que nos visitam, bem se pode ver o espaço enorme a ser trilhado para conquistar toda esta afluência. Este é o desafio: conceber equipamentos que traduzam esta nordestinidade em que estamos mergulhados. Quem sabe, deste modo fazemos mais um pouco para que, nem contra ou a favor de quem quer que seja, até por ignorância, má vontade ou interesses menores (estado, igreja, iniciativa privada, etc) nos acertemos na hora de promover o nosso desenvolvimento. Nesta hora, logo saberemos de que lado cada um de nós está. Nem precisa perguntar. 
(JUANORTE 19.12.2010)
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
SESSÃO CURUMIM (SÍTIO MONTE, CARIRIAÇU)
A Sessão Curumim, do projeto Arte Retirante também ocorre no próximo dia 10, terça feira, às 19 horas, na Comunidade do Sítio Monte, Caririaçú, CE, o filme PONYO – UMA AMIZADE QUE VEIO DO MAR (Gake no eu no Ponyo, Japão, 2010, 111 min). Direção de Hayao Miyazaki. Sinopse: Sosuke é um garoto de cinco anos que mora em um penhasco, com vista para o Mar Interior. Um dia, ao brincar na praia, encontra Ponyo, uma peixinha dourada cuja cabeça está presa em um pote de geleia. Ele salva a peixinha e a coloca em um balde verde. Trata-se de amor à primeira vista, já que Sosuke promete que cuidará dela. Só que Fujimoto, que um dia foi humano e hoje é feiticeiro no fundo do mar, exige que Ponyo retorne às profundezas do oceano. Para ficar ao lado de Sosuke, Ponyo toma a decisão de tornar-se humana. 

CINE CAFÉ VOLANTE (CASA GRANDE, NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 13, sexta feira, às 19 horas, o filme OS INCRÍVEIS (The Incredibles, EUA, 2004, 123 min). Direção de Brad Bird. Sinopse: Roberto Pêra (Craig T. Nelson) já foi o maior herói do planeta, salvando vidas e combatendo o mal todos os dias sob o codinome Sr. Incrível. Porém, após salvar um homem de se suicidar, ele é processado e condenado na Justiça. Uma série de processos seguintes faz com que o Governo tenha que desembolsar uma alta quantia para pagar as indenizações, o que faz com que a opinião pública se volte contra os super-heróis. Em reconhecimento aos serviços prestados, o Governo faz a eles uma oferta: que levem suas vidas como pessoas normais, sem demonstrar que possuem superpoderes, recebendo em troca uma pensão anual. Quinze anos depois, Roberto leva uma vida pacata ao lado de sua esposa Helen (Holly Hunter), que foi a super-heroína Mulher-Elástica, e seus três filhos. Roberto agora trabalha em uma seguradora e luta para combater o tédio da vida de casado e o peso extra. Com vontade de retomar a vida de herói, ele tem a grande chance quando surge um comunicado misterioso, que o convida para uma missão secreta em uma ilha remota. 

CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na quintas feira, dia 12, às 19:30 horas, dentro da SESSÃO CINEMA NOIR, o filme UMA RUA CHAMADA PECADO (A streetcar named desire, EUA, 1951, 122 min). Direção de Elia Kazan. Sinopse: Blanche DuBois, uma mulher frágil e neurótica (Vivien Leigh), vai visitar sua irmã grávida (Kim Hunter), em Nova Orleans, em busca de um lugar que possa chamar de seu, já que, após seduzir um jovem de 17 anos, ela foi expulsa da sua cidade natal no Mississipi. Sua chegada afetará fortemente a vida da sua irmã, do seu cunhado e a sua própria vida.
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na sexta feira, dia 13, às 19:30 horas, dentro da SESSÃO CINEMA NACIONAL, o filme O CANTO DA SAUDADE (Brasil, 1952, 83 min). Direção de Humberto Mauro. Sinopse: A jovem Maria Fausta está apaixonada por João do Carmo, mas seu padrinho, o Coronel Januário, já arranjou o casamento com o acordeonista Galdino. Tentando fugir do matrimônio, a garota encontra um esconderijo para partir com João do Carmo, mas o casal é logo descoberto por Galdino. Embora o casamento seja inevitável, na hora da cerimônia, Galdino desaparece, triste por descobrir que não é amado por Maria Fausta.
CINE CAFÉ (CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 14, sábado, às 17:30 horas, o filme CACHÊ (Caché, Alemanha/Austria/França/Itália, 2005, 117 min). Direção de Michael Haneke. Sinopse: Georges, um apresentador de um programa literário de TV, recebe um pacote contendo vídeos dele com sua família – feita secretamente na rua - e desenhos alarmantes cujos significados são obscuros. .
A SEMANA NA HISTÓRIA DE JUAZEIRO (VIII)
Estamos continuando a publicação de efemérides da história de Juazeiro do Norte, agora em sua segunda edição, referente aos dias 08 a 14 de Julho.
08 de Julho de 1945: Fundação em Juazeiro do Norte da Sociedade São Francisco das Chagas do Hospital Maternidade São Lucas, sob a direção do médico Dr. Mário Malzoni.
09 de Julho de 1897: Pe. Cícero envia de Salgueiro um telegrama ao Cônego Antonio Fernandes Távora em Roma (Via Portughesi, 2): Apelamos Papa infalível Telegrafei Mons. Bessa Amor de Deus, paz religiosa milhares almas obtenha por pedra serpente, pão e peixe. Responda telegrama
Ass. Pe. Cícero (Efemérides, Irineu Pinheiro, p. 169). A resposta do Pe. Távora foi nos seguintes termos: “Sem a sua presença o recurso é impossível. (Obs.: Essa correspondência é parte da justificativa que levou o Pe. Cícero a viajar para Roma para se defender perante o Santo Ofício)
10 de Julho de 1910: Segundo o advogado José Ferreira de Menezes, natural de Juazeiro do Norte, amigo do Pe. Cícero e de Dr. Floro, “Um dos principais encontros de políticos de Juazeiro, verificou-se no dia 10 de julho de 1910, na loja de Manoel Vitorino da Silva. Ali foi decidido organizar um comício para o dia 15 de agosto partindo do Colégio de José Marrocos. A morte repentina daquele professor, no dia 14 de agosto transformou o comício em Funerais”.
11 de Julho de 1914: A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, sob a presidência do Dr. Floro Bartholomeu da Costa, autorizou o Governo a realizar as operações de crédito para indenizar as despesas ocorridas com a Revolução de Juazeiro. Nos Anais da Assembléia, um registro sob o número 11, encontra-se: “A Assembleia Legislativa do Ceará decreta: Artigo 1º - Fica o Presidente do estado, autorizado a realizar as necessárias operações de Crédito até o máximo de 400 contos de réis, para o fim de indenizar, aos respectivos donos, o fornecimento de gado, gêneros alimentícios e outras mercadorias, feito as forças que operaram no último movimento, que restabeleceu a ordem constitucional no Estado; 1º A indenização se fará em vista das requisições feitas pelo Presidente da Assembleia Legislativa, então reunida em Juazeiro, na qualidade de substituto em exercício do Presidente do Estado. 2º O governo expedirá instruções para a execução da Lei. Artigo 2º - Revogam-se as disposições em contrário. Sala das sessões da Assembleia Legislativa, 11 de julho de 1914. Assinaturas dos 12 deputados na ordem seguinte: Ass. 1º Manoel Sátiro, 2º Leonel Chaves, 3º Emílio Gomes, 4º Armando Monteiro, 5º Lourenço Arruda, 6º Cesário Arruda, 7º Pe. Máximo Feitosa, 8º Alfredo Dutra, 9º Tibúrcio Gonçalves, 10º Pompeu Costa Lima, 11º Edgard Borges, 12º Pedro Silvino de Alencar. O Presidente Benjamim Barroso vetou a Lei. Dr. Floro Presidente da Assembleia, fez passar por 2 terços, convertendo em Lei. Deu-se o primeiro atrito entre o presidente do Estado e a Câmara. A luta seria inevitável se as conveniências do Partido não tivessem levado o Presidente a reconhecer a dívida depois da Assembleia reformar o Projeto, concluindo que seriam pagos em prestações anuais de 50 contos de réis, acrescidos dos juros equivalentes. 
12 de Julho de 1893: O Pe. Vicente Sóter de Alencar, responde a carta de D. Joaquim, datada de 17 de maio de 1893. Iniciou a carta agradecendo ao Sr. Bispo o atendimento de seus pedidos oficiais. Prossegue a mesma carta dizendo não lhe ser possível responder o questionário, pelo Sr. Bispo apresentado acerca do que aconteceu em Barbalha por ocasião da comunhão dada à beata Solidade, respondeu repito, “não lhe ser possível dar, com toda minudência exigida, porque não testemunhei o fato desde o início, conforme já lhe havia informado, na 1ª carta sobre o mesmo assunto”. Explicou que as perguntas sobre a atitude da beata no caso em apreço “somente ela poderia responder”. Disse mais o que aqui vai transcrito: “Os objetos de que ela se servia estavam todos ao seu alcance, pois pela intimidade que ela, a beata, tem com minha mãe, sempre tem em mão qualquer coisa que necessitasse em sua residência. Meus familiares passaram com ela a noite em vigília, enquanto durou o fenômeno extraordinário, não a deixando sozinha nem um instante; enquanto as testemunhas, quase todas de minha família, na verdade, nunca viram sua palavra de honra e de consciência posta em dúvida. “Se não são ricos, tem contudo, sua representação social e jamais consentiram que se duvide do seu crédito e de sua honra. Uma das testemunhas foi o meu irmão, Antonio Augusto de Alencar, que examinou com uma lente e viu o sangue saindo da sagrada partícula, levantando borbulhas como um sangue vivo. Não comunicaram ao vigário da Freguesia porque eu recomendei a todos que guardassem reserva para evitar qualquer ajuntamento de povo ou qualquer outra inconveniência ou indiscrição”. Quanto aos objetos que foram pedidos, para entregar ao Vigário do Crato, o Pe. Vicente Sóter, informou “que já havia entregue ao Pe. Cícero, mesmo sem ter purificado os panos ensanguentados”. Termina e Ass. Pe. Vicente Sóter de Alencar
13 de Julho de 1976: Nesta data foram iniciados os trabalhos de asfaltamento das ruas da cidade de Juazeiro do Norte, pela Construtora Andes. O entorno da Praça Pe. Cícero foram as primeiras vias a receber a camada asfáltica que foi inaugurada no dia 22, “Dia do Município”. No mesmo dia, com a presença do Secretário da Fazenda, general Assis Bezerra, foi aberto o Seminário de Aperfeiçoamento Fazendário, reunindo os Delegados da Fazenda das Regiões Administrativas de Juazeiro do Norte e Crato, além de mais de 30 agentes fazendários do Cariri.
14 de Julho de 1852: Faleceu em Cabrobó – PE, onde era Vigário Colado, o Padre José Alexandre Arnaud Bezerra de Menezes, filho de Semeão Teles de Menezes e Joaquina Marreiros Arnaud. O Pe. Alexandre era neto do Brigadeiro, Leandro Bezerra Monteiro, e como Seminarista assistiu o lançamento da pedra fundamental da Capelinha de Nossa Senhora das Dores de Juazeiro, em 15.09.1827. Em 1838, era Vigário em Missão Velha. 
ESTUDOS ACADÊMICOS (V)
Estamos continuando a publicação de informações sobre a produção acadêmica enfocando problemas educacionais, culturais, religiosos e econômicos da cidade de Juazeiro do Norte. Desejamos dar um pouco mais divulgação sobre essas relevantes contribuições para nosso desenvolvimento.
Título: A Saga de Lampião pelos Caminhos Discursivos do Cinema Brasileiro; Autoria: Matheus José Pessoa de Andrade; Dissertação de Mestrado, 2007; Instituição: Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Resumo: Com base na perspectiva francesa de Análise do Discurso, o presente trabalho trata do texto fílmico como materialidade – verbal e imagética – sobre a qual os processos discursivos atuam movendo sentidos. Neste processo, aborda-se o discurso do cinema brasileiro sobre o cangaço e seu legítimo representando: o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião. Assim, o trabalho consiste em analisar os aspectos discursivos da reutilização das imagens originais do Capitão Virgulino e seu bando no filme Baile Perfumado, de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, datado em 1996. As imagens documentais são do filme Lampião, o Rei do Cangaço, realizadas por Benjamin Abrahão, em 1936. O remanejamento de tal materialidade para outro texto fílmico, consequentemente, implica na rearticulação de sentidos diversos devido à nova condição histórica e enunciativa das únicas imagens de Lampião, refletindo, diretamente, em efeitos de sentido pelo jogo discursivo em questão e na reconstrução discursiva, no cinema brasileiro, do autêntico Rei do Cangaço.
Título: O Impacto da Judicialização de Delitos Provenientes da Violência Doméstica Contra a Mulher após a Vigência da Lei Maria da Penha, no Cariri Cearense; Autoria: Antonia Cileide de Araújo; Dissertação de Mestrado, 2017; Instituição: Universidade de Santa Cruz do Sul, RS (UNISC); Resumo: A presente investigação objetiva verificar o impacto da Lei Maria da Penha, enquanto política pública de inclusão social, no enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher no Cariri. A pesquisa foi realizada em três dos municípios: Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, adotando como recorte o período de 2008 a 2015. A problemática da pesquisa configura-se na necessidade de compreender a percepção da judicialização dos delitos provenientes da violência contra a mulher no Cariri, como decorrência do impacto da Lei Maria da Penha. Para tanto se fez inicialmente uma discussão sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher, a partir de três enfoques: violência de gênero, violação de Direitos Humanos e o estudo da evolução do Direito da mulher na legislação Constitucional e Civil no Brasil. Enfoca as matrizes culturais que formataram os papéis sociais da desigualdade entre homem e mulher - Igreja, família, mundo do trabalho e Estado, através das leis – como estruturante da violência contra a mulher. Aborda a violação de Direitos Humanos no contexto da contemporaneidade, utilizando-se como fonte os principais documentos internacionais de Direitos Humanos e de proteção aos direitos da mulher. Na análise do processo de evolução do direito da mulher na legislação constitucional e civil no Brasil, percorreu-se desde a luta pelo voto no início dos anos de 1930, as conquistas albergadas na Constituição Federal de 1988. Na sequência, fez-se uma síntese sobre Políticas Públicas no Brasil, enfocando a conceituação, historicidade e as principais políticas públicas de inclusão social da mulher levadas a efeito pelo Estado Brasileiro. Enfatizou-se o estudo da Lei 11.340/2016, abordando inicialmente o caso Maria da Penha no âmbito internacional, seguindo da análise da Lei na perspectiva do enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher. O impacto dessa Lei no enfrentamento da violência contra a mulher no Cariri foi estudado através da análise dos movimentos sociais das mulheres e das ações e mecanismos implementados nas três cidades para o enfrentamento da questão e do panorama da judicialização dos delitos provenientes da violência doméstica e familiar contra a mulher, com base nos dados do Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Juazeiro do Norte. Demonstra-se que a partir da vigência da Lei Maria da Penha ocorreu um aumento significativo na notificação dos casos na região. Adotou-se como método de investigação o hipotético dedutivo e o procedimento analítico. Como técnica para coleta de dados fez-se pesquisa bibliográfica e documental: relatórios, inquéritos e processos.
Título: Mulheres Letradas e Missionárias da Luz: Formação da Professora nas Escolas Normais Rurais do Ceará – 1930 – 1960; Autoria: Fátima Maria Leitão Araújo; Tese de Doutorado; Instituição: Universidade Federal do Ceará (UFC), 2006; Resumo: A presente tese tem por objeto o estudo da proposta de formação docente das escolas normais rurais do Ceará em idos de 1930 a 1960. Propõe responder aos questionamentos acerca da compatibilização entre o ideal preconizado pelos discursos e documentos oficiais e o perfil de professora produzido na prática cotidiana da sala de aula. Os caminhos percorridos a partir da pesquisa, leva a que se entenda a proposta de formação docente das escolas normais rurais do Ceará, analisando a sua inserção no contexto sociopolítico e ideológico do Ceará/Brasil pós-1930 (Era Vargas), além de compreender o significado do projeto escola normal rural na definição de um perfil ideal de educadora para o meio rural. Dessa forma, analisam-se as idéias, experiências, práticas, representações e o lugar reservado às professoras ruralistas naqueles efervescentes anos das primeiras décadas do século XX. A escrita ora apresentada é fruto da persistente busca dos vestígios deixados e dos relatos expressos pelas personagens que fizeram parte da trama cotidiana de histórias que se cruzam, na consecução de idéias e práticas vividas no âmbito da educação escolar daqueles idos. As fontes utilizadas foram de várias naturezas, tais quais: oral, relatórios, arquivos escolares e particulares, documentos oficiais, discursos de autoridades políticas e intelectuais, diretores, professores e ex alunas, monografias de conclusão de curso, fotografias e fonte hemerográfica. Em tal percurso teórico-metodológico, destaquei a oralidade como importante fonte da pesquisa., haja vista a tentativa de efetivar a (re)construção histórica numa perspectiva da “história vista de baixo”, dando voz às pessoas que tiveram papel central no projeto escolar encetado pelas escolas normais rurais do Ceará. Assim, coloca-se no cerne da história educacional cearense de meados do século XX, a mulher, ou seja, a professora rural, a educadora e missionária que assumiria a árdua tarefa de iluminar o sertão via luz da instrução primária.
Título: Os Novos Espaços Produtivos: Relações Sociais e Vida Econômica no Cariri Cearense; Autoria: Iara Maria de Araújo; Tese de Doutorado; Instituição: Universidade Federal do Ceará, 2006; Resumo: Este estudo analisa a formação de um “novo espaço produtivo”, localizado no Cariri, cearense, definido como um arranjo produtivo local. No ano de 1996, uma grande unidade industrial, juntamente com outros setores da cadeia produtiva calçadista instalaram - se no local. Essa iniciativa fez parte da política industrial do programa de sucessivos governos do Estado do Ceará, que atrai empreendimentos industriais por meio de incentivos fiscais e aproveitamento de espaços regionais. Na definição do arranjo produtivo local aqui empreendida, buscou-se compreender como as influências da nova ordem produtiva se fundem nas teias de relações já estabelecidas, suas implicações e os processos sociais daí decorrentes. Referida definição se baseia na argumentação de que esse novo espaço produtivo não é o resultado da simples invasão de empresas. O arranjo tem marcas e características de uma produção constituída historicamente — e não de uma experiência brusca — decorrente de inúmeras tramas derivadas do entrelaçamento de antigas vivências locais com novas influências globais. O viés das redes sociais permitiu compreender a construção social do arranjo, perceber como as relações sociais entre os atores e a vida econômica se entrelaçam no ambiente produtivo, mediando as trocas. Este apresenta uma capacitação local incorporada nos indivíduos, fruto de uma difusão por meio de relações pessoais e familiares. Essa prática urdiu um ambiente socioprodutivo que sustenta um conhecimento tácito no lugar. Observa-se que as articulações estabelecidas pelos produtores locais são decisivas para a visibilidade e dinamismo do arranjo, embora a entrada das empresas de fora tenha sido um fator importante pelo crescimento do número da produção e entrada de novas tecnologias. Os recursos culturais e simbólicos, assim como as formas encontradas de inserção na nova economia mediante a ampliação do círculo de relações no âmbito político, econômico e social, engendraram o processo produtivo atual no lugar. As mudanças ocorreram num jogo de forças fundadas em mudanças e permanências, nas tramas da tradição e da modernização, na imbricação da preservação e reinvenção. 
Título: Religiosidade e questões sociais em Juazeiro do Norte; Autoria: Maria de Fátima Figueiredo Barbosa; Dissertação de Mestrado, 2008; Instituição: Universidade Estadual do Ceará (UECE); Resumo: O presente trabalho de pesquisa, cujo título é Religiosidade e Questões Sociais em Juazeiro do Norte, fundamentou-se em uma pesquisa bibliográfica e de entrevistas com sujeitos diversos (romeiros, historiadores, gestores do governo municipal e lideranças locais), busca refletir como a questão da religiosidade em Juazeiro do Norte, através da devoção dos romeiros a Padre Cícero interfere na conduta política dos governantes do município e no seu próprio desenvolvimento. Objetivando o alcance desta proposta o estudo possui três capítulos, além da introdução e da conclusão. Inicialmente, apresenta-se a religiosidade a partir de enfoque teóricos, expondo seus principais conceitos, abordagens e o conteúdo político inserido nesse contexto. Em seguida expõem-se as romarias como foco das políticas públicas, abordando-as a partir de suas questões sociais, além disso analisa o comportamento e a fé dos romeiros sobre o prisma da assistência social e o impacto socioeconômico das romarias para Juazeiro do Norte, identificando as principais fontes de geração de renda e principais setores beneficiados. O terceiro capítulo as romarias são apresentadas a partir de sua origem e evolução, expondo sua história e o significado para o povo, principalmente no cenário de Juazeiro do Norte. Para tanto, é primordial analisar a importância de Padre Cícero para os romeiros e para a cidade de Juazeiro do Norte, a partir da construção da imagem de um santo. Ao final, a pesquisa evidenciou certo dinamismo na cidade por parte do governo para dar um melhor suporte e comodidade aos devotos ao mesmo tempo em que torna claro o desenvolvimento de Juazeiro do Norte a partir da atuação de Padre Cícero e após a crença dos que acreditam em seu poder milagroso.
CORDELTECA DO SESC TIJUCA
O Sesc Tijuca, no Rio de Janeiro, abriu no dia 15 de junho, a exposição “Cordel e Cantadores - Brasil, a República do Cordel”, em evento que integra as celebrações pelos 100 anos de falecimento do poeta Leandro Gomes de Barros (1865-1918), considerado um dos patronos da literatura de cordel, o primeiro a montar uma estratégia de distribuição nacional. Na cerimônia de abertura, o ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão receberá do presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), Gonçalo Ferreira da Silva, a medalha Leandro Gomes de Barros. A mostra apresenta a história do cordel e da arte de xilogravura, dois importantes destaques da cultura nordestina. O público terá acesso a uma coleção com cordéis de Leandro Gomes de Barros. Também estará em exibição uma coleção de cordéis comemorativos do Centenário de Juazeiro do Norte (2011), município fundado por Padre Cícero, um dos maiores incentivadores do cordel e das expressões culturais e artísticas nordestinas. Estampas obtidas através da xilogravura para capas e ilustrações de cordéis, assim como xilogravuras em alto relevo sobre madeira, também estão entre os destaques. Um boneco com a imagem de Leandro Gomes de Barros, confeccionado pelo artista plástico Pedro Ferreira, dará as boas-vindas aos visitantes. Uma barraca de praça, onde tradicionalmente os cordéis são vendidos em cidades do nordeste e em feiras típicas do Sudeste, compõe a ambientação da exposição, que contará ainda com imagens de Padre Cícero em borracha reciclada, uma alusão ao engajamento do sacerdote cearense às causas ambientais. A abertura da exposição marca também a inauguração da Cordelteca do Sesc Tijuca, que ganhou o nome do presidente da ABLC: Gonçalo Ferreira da Silva. Trata-se da 27ª cordelteca chancelada pela academia no país, a quarta no Estado do Rio. O espaço, que fica dentro da biblioteca da unidade, é inaugurado em um momento importante para essa manifestação artística: a literatura de cordel está prestes a ser reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Imaterial Brasileiro. Para celebrar a abertura da exposição e da cordelteca, o cantor Junu, idealizador da festa e do bloco Terreirada Cearense, apresenta show com repertório de canções com ritmos nordestinos, como baião, xaxado, samba, xote, ciranda, marcha, cabaçal e coco. Haverá também apresentação de cordelistas do Rio e de São Paulo. Entre as personalidades que confirmaram presença estão o cantor e compositor Moraes Moreira e o poeta Mestre Egídio, de Juazeiro do Norte. A exposição “Cordel e Cantadores - Brasil, a República do Cordel” fica em exibição no Sesc Tijuca até o dia 17 de agosto. Depois, parte para o Sesc Campos, no Norte do estado, onde fica entre 5 de setembro e 31 de outubro. O Sesc Nova Iguaçu recebe a mostra de 10 de novembro a 30 de dezembro. 
ARTESANATO E FOLCLORE DO CARIRI (CAMPOS, RJ)
O Sesc de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, abriu dia 13, pp. a exposição “Artesanato e Folclore”, com peças exclusivas do Cariri, região do Ceará que engloba os municípios de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. Além do artesanato produzido na região, a mostra apresenta peças alusivas a personalidades importantes para a história, a cultura e o folclore local. Após a abertura, a Orquestra Sanfônica do Rio, liderada pelo sanfoneiro Marcelo Caldi, faz apresentação gratuita às 20h. Padre Cícero (1844-1934) e Maria de Araújo (1862-1914) estarão representados por dois grandes bonecos. Assinados pelo artista plástico Pedro Ferreira, as obras têm cabeças e mãos de barro sustentadas por armação de madeira e ferro recobertos por tecidos. O líder religioso nascido em Crato teve enorme influência social e política no sertão cearense e em todo o Nordeste. Nascida em Juazeiro do Norte, Maria Araújo era artesã e ensinava o ofício a crianças. Outra peça remete a uma figura icônica da música brasileira. Um manequim lembrará Luiz Gonzaga, que eternizou o traje usado por vaqueiros da região e que hoje representa a figura do cantador nordestino. A obra foi confeccionada por Expedito Seleiro, artesão do sertão cearense reconhecido nacionalmente pelo seu trabalho com couro, ofício herdado de seu pai, que calçou Lampião. O Sesc traz a Campos também um pouco do Geopark Araripe. Localizado no sul do Ceará, é o primeiro geopark das Américas reconhecido pela Unesco. Além de 10 quadros do meio ambiente, serão expostas réplicas de fósseis encontrados na região confeccionadas em Pedra Cariri. As peças são elaboradas pelos artesãos Graça e pela Família do Ateliê Pedra Sobre Pedra, do município de Nova Olinda. Também são destaque na mostra as bonecas de pano produzidas pelo Grupo Bonequeiras do Pé de Manga, os bonecos de areia e jornal, assinados pelo artesão Wilton, além das tradicionais miniaturas de Padre Cícero, do Centro de Arte e Cultura Mestre Noza. A exposição “Artesanato e Folclore” tem entrada gratuita e fica em exibição no Sesc Campos até o dia 12 de agosto.
SEBRAE/SC E O TURISMO RELIGIOSO
Dado interessante revelado por relatório sobre Turismo Religioso produzido pelo Sebrae Santa Catarina, através de seu Serviço de Inteligência Setorial, com base em pesquisa do Ministério do Turismo: Aparecida do Norte, em São Paulo, o principal destino do segmento no Brasil, atrai anualmente cerca de 10 milhões de turistas. É mais do que recebem, no mesmo período, outros famosos destinos religiosos internacionais: no Vaticano, são cerca de 6 milhões de turistas; em Israel, foram 3,5 milhões de pessoas visitando a Terra Santa em 2017. Segundo o levantamento, o Brasil tem mais de 300 destinos de turismo religioso, que geram mais de 20 milhões de viagens por ano. Grande parte dessas atrações são cristãs, mas há outras como budistas, espíritas, do candomblé. Regiões que apresentam um forte potencial de turismo religioso são Juazeiro do Norte (CE), terra de Padre Cícero, e a pequena Nova Trento, em Santa Catarina, onde está o santuário dedicado a Santa Paulina, que recebe anualmente em torno de 840 mil visitantes, especialmente em outubro, mês da comemoração da beatificação de Madre Paulina (Amabile Lucia Visintaine) e em maio, quando se celebra a canonização de Santa Paulina pelo papa João Paulo II. O Sebrae/SC considera que, além da busca por igrejas, templos, roteiros e monumentos históricos, o turismo religioso movimenta a economia local, como hotéis, pousadas, restaurantes e lojas de suvenires, entre outros estabelecimentos – principalmente em datas como Páscoa e Natal. E chama a atenção de operadores de turismo e agentes de viagens sobre o potencial do segmento, que registra no Brasil perto de 18 milhões de viajantes. O essencial, segundo o relatório, é o profissional do turismo conhecer a religião com a qual se propõe trabalhar e ter sensibilidade em oferecer o produto/serviço certo para a pessoa certa: no período da quaresma que antecede a Páscoa, para os católicos, restaurantes não podem deixar de oferecer peixes e frutos do mar, por exemplo. E recomenda: fiquem por dentro de todas as datas e comemorações religiosas de sua região. Assim, é possível traçar estratégias para receber esse público e se planejar com antecedência se diferenciando da concorrência.
LOJA DO MESTRE NOZA NO SHOPPING
Loja do Centro de Artesanato Mestre Noza já está funcionando no Shopping. Essa foi uma iniciativa muito importante para divulgar ainda mais os valores artísticos do nosso artesanato entre escultura, xilogravura, e literatura de cordel. Essa é uma iniciativa conjunta da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social e a Central de Artesanato do Ceará (CEART), por articulação da primeira dama do Estado, sra. Onélia Leite. O artesanato de Juazeiro do Norte e do Cariri bem merece este prestígio. Espera-se que isto não seja apenas enquanto dura a reforma das instalações do Centro Mestre Noza, na Rua São Luiz. Segundo a imprensa, “a reforma está sendo realizada com recursos da ordem de R$ 241.371,24, e contempla a instalação de um Café Cultural e uma área de convivência para os artistas e visitantes. Os locais onde os artistas realizam suas criações passarão por readequações para que possam oferecer segurança e conforto aos trabalhadores. Também será criado um ambiente adequado para o armazenamento da matéria-prima utilizada pelos artesãos, bem como para armazenar os produtos criados.”
30 ANOS DO MEMORIAL 
Ainda este ano estará sendo celebrado o aniversário de 30 anos da Fundação Memorial Padre Cícero. Para esse evento, a sua direção está, dentre outras iniciativas, preparando uma publicação contando a trajetória da instituição, bem como a realização de uma exposição sob o título “Sob as bênçãos do Padim: Memorial Padre Cícero e outras histórias”. O Memorial Padre Cícero foi inaugurado no dia 22 de julho de 1988, na administração do Prefeito Manoel Salviano Sobrinho. Seu projeto de arquitetura foi assinado por Jorge de Souza, da SERGEN Serviços Gerais de Construção (Rio de Janeiro) e levou 18 meses para ser executado. De acordo com Abraão Batista, o seu edifício lembra uma “enorme tartaruga de concreto, armado e estilizado, simbolizando longevidade, eternidade e felicidade”, com uma área total de 25 mil m². A entidade mantenedora do Memorial, a Fundação Juazeiro do Norte, foi criada quase um ano depois, por Lei Municipal nº 1439, de 9 de maio de 1989. Posteriormente, em 20 de março de 1993, recebeu a denominação atual: Fundação Memorial Padre Cícero. Pela instituição já passaram vários diretores nesses quase 30 anos de sua existência: Liz Bezerra Batista, José Bendimar de Lima, Geraldo Menezes Barbosa, João Batista Menezes Barbosa, Antonio Renato Soares de Casimiro, Maria do Carmo Ferreira da Costa, Marcelo Henrique Fraga Rodrigues, Cícero Ricardo Ferreira Lima, Altamiro Pereira Xavier Júnior, Antônio Chessman Alencar Ribeiro, Maria Solange Cruz e Cristina Rodrigues Holanda, sua atual diretora. Um fato relevante para a sua importância, uma vez que abriga um Museu, é que este equipamento está entre os 10 mais visitados no Brasil, de acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Museus. (IBRAM), do Ministério da Cultura.
MESTRES DA CULTURA (I)
Em 2004, através de um Edital da Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Ceará, foi criado o Programa Mestres da Cultura, cujo objetivo primordial era homenagear os chamados tesouros vivos da cultura do Ceará, exatamente aqueles que, através das mais distintas manifestações culturais e populares, tinham prestado um amplo serviço à comunidade por “ produzir, conservar e transmitir a cultura popular. Desde então e a cada ano, o Estado tem sido fiel ao relevo público desses artistas, premiando-os a cada ano. Apenas por curiosidade, transcrevemos aqui a longa lista desses agraciados, dentre os quais muitos juazeirenses notáveis. 
Francisco Pedrosa De Souza (Mestre Panteca) (Sobral) († 2006)
Joaquim Mulato De Sousa (Mestre Joaquim Mulato) († 2009) (Barbalha)
Joaquim Pessoa Araújo (Mestre Juca Do Balaio) († 2006 (Pacatuba))
José Aldenir Aguiar (Mestre Aldenir) (Crato)
Lúcia Rodrigues Da Silva (Mestra Lúcia Pequeno) (Limoeiro Do Norte)
Manoel Antônio Da Silva (Mestre Bigode) († 2017) (Juazeiro Do Norte)
Maria De Lourdes Cândido Monteiro (Mestra Maria Cândido) (Juazeiro Do Norte)
Maria Margarida Da Conceição (Mestra Margarida Guerreiro) (Juazeiro Do Norte)
Miguel Francisco Da Rocha (Mestre Miguel) (†) (Juazeiro Do Norte)
Raimundo José Da Silva (Mestre Raimundo Aniceto) (Crato)
Raimundo Zacarias (Mestre Doca Zacarias) (Milagres)
Walderêdo Gonçalves De Oliveira (Mestre Walderêdo) († 1967) (Crato)
Antônio Batista Da Silva (Mestre Piauí) (Quixeramobim)
Antônio Rodrigues Trajano (Mestre Antônio Hortênsio) (Varjota)
Dina Maria Martins Lima (Mestra Dona Dina) (Canindé)
Francisca Rodrigues Ramos Do Nascimento (Mestra Dona Francisca) (Viçosa Do Ceará)
Francisco Das Chagas Da Costa (Mestre Chico) (Limoeiro Do Norte)
Gertrudes Ferreira Dos Santos (Mestra Dona Gerta) (†) Fortaleza)
José Demétrio De Araújo (Mestre Cirilo) (Crato)
José Francisco Rocha (Mestre Zé Pio) (Fortaleza)
José Pedro De Oliveira (Mestre Zé Pedro) (Barbalha)
Maria Alves De Paiva (Mestra Dona Branca) (Ipú)
Maria Edite Ferreira Meneses (Mestra Dona Edite) (São Luis Do Curu)
Zilda Eduardo Do Nascimento (Mestra Dona Zilda) (Guaramiranga)
Antônio Pinto Fernandes (Mestre Antônio) (Aurora)

Gilberto Ferreira De Araújo (Mestre Gilberto Calungueiro) (Icapuí)

João Evangelista Dos Santos (Mestre João Mocó) (†) (Granja)

Joaquim Pereira Lima (Mestre Joaquim De Cota) (†) (Assaré)

José Matias Da Silva (Mestre Zé Matias) (†) (Caririaçu)

José Pereira De Oliveira (Mestre Seu Oliveira) (†) (Aquiraz)

Joviniano Alves Feitosa (Mestre Joviniano) (†) (Crateús)

Manoel Graciano Cardoso Dos Santos (Mestre Graciano) (†) (Juazeiro Do Norte)

Maria Pereira Da Silva (Mestra Dona Tatai) (†) (Juazeiro Do Norte)

Pedro Alves Da Silva (Mestre Pedro Balaieiro) (Guaramiranga)

Sebastião Alves Lourenço (Mestre Sebastião Chicute) (†) (Capistrano)

Zulene Galdino Sousa (Mestra Zulene) (Crato)

Antônio Gomes Da Silva (Mestre Totonho) (Mauriti)

Getúlio Colares Pereira (Mestre Getúlio) (Canindé)

João Lucas Evangelista (Mestre Lucas Evangelista) (Crateús)

Maria Assunção Gonçalves (Mestra Assunção Gonçalves) († 2013) (Juazeiro Do Noerte)

Maria De Castro Firmeza (Mestra Dona Nice Firmeza) († 2013) (Fortaleza)

Maria José Inácio (Mestra Dona Maria Do Horto) (Juazeiro Do Norte)

Maria Odete Martins Uchoa (Mestra Odete Uchoa) (Canindé)

Moisés Cardoso Dos Santos (Mestre Moisés) (Trairi)

Sebastião Cosme (Mestre Sebastião Cosme) (†) (Juazeiro Do Norte)

Silvino Veras De Ávila (Mestre Vino) (†) (Irauçuba)

Terezinha Lima Dos Santos (Mestra Terezinha Lino) (Beberibe)

Vicente Chagas Gondim (Mestre Vicente Chagas) (Guaramiranga)

Ana Maria Da Conceição (Mestra Ana Maria) (Tianguá)

Espedito Veloso De Carvalho (Mestre Espedito Seleiro) (Nova Olinda)

Francisca Galdino De Oliveira (Mestra Francisquinha Félix) (Alto Santo)

Francisco Marques Do Nascimento (Mestre Cacique João Venâncio) (Itarema)

José Stênio Silva Diniz (Mestre Stênio Diniz) (Juazeiro Do Norte)

Luciano Carneiro De Lima (Mestre Luciano Carneiro) (Crato)

Luís Manoel Do Nascimento (Mestre Pajé Luís Caboclo) (Itarema)

Maria Do Carmo Menezes Morais (Mestra Mariinha Da Ló) (Paracuru)

Raimundo De Brito Silva (Mestre Seu Mundô) (†) (Juazeiro Do Norte)

GRUPOS DE 2008
Grupo De Reisado Da Comunidade De São Joaquim (Senador Pompeu)

Grupo De Reisado Dos Irmãos Discípulos De Mestre Pedro (Juazeiro Do Norte)

Antônio Luiz De Souza (Mestre Antônio Luiz) (Potengi)
Expedita Moreira Dos Santos (Mestra Dona Expedita) (Tianguá)

Francisca Ferreira Pires (Mestra Francisca) (Cascavel)

Francisco Paes De Castro (Mestre Chico Paes) (Assaré)

Francisco Vitor Lima (Mestre Netinho) (Cedro)

Joaquim Ferreira Da Silva (Mestre Joaquim Roseno) (Quixadá)

José Maurício Dos Santos (Mestre Maurício Flandeiro) (Juazeiro Do Norte)

Maria Do Carmo Reis Felício (Mestra Dona Maria Do Carmo) (†) (Alto Santo)

Severino Antonio Da Rocha (Mestre Severino) (†) (Barbalha)

GRUPOS DE 2010
Grupo De São Gonçalo Da Comunidade Do Horto (Juazeiro Do Norte)

Deoclécio Soares Diniz (Mestre Bibi) (Canindé)

Raimunda Lúcia Lopes (Mestra Dona Raimundinha) (Trairi)

GRUPOS DE 2012
Grupo De Incelências De Barbalha (Barbalha)

Grupo Pastoril Nossa Senhora De Fátima (Maracanaú)

José De Abreu Brasil (Mestre Palhaço Pimenta) (Fortaleza)

Josefa Pereira De Araújo (Mestra Dona Zefinha) (Potengi)

COLETIVIDADE DE 2013
Comunidade Da Prainha Do Canto Verde (Beberibe)

GRUPOS DE 2013
Grupo Boi Coração (Ocara)

Grupo De Reisado Nossa Senhora De Fátima (Juazeiro Do Norte)

GRUPOS DE 2015
Francisco Dias De Oliveira (Mestre Françuli) (Potengi)

Francisco Felipe Marques (Mestre Tico) (Juazeiro Do Norte)

Geraldo Ramos Freire (Mestre Geraldo Ramos) (Juazeiro Do Norte)

José Pinheiro De Morais (Mestre Deca Pinheiro) (Assaré)

Maria De Lourdes Da Conceição Alves (Mestra Cacique Pequena) (Aquiraz)

Maria Deusa E Silva Almeida (Mestra Dona Deusa) (†) (Assaré)

Maria José Costa Carvalho (Mestra Dona Mazé) (Caucaia)

Maria Quirino Da Silva (Mestra Dona Tarinha) (Cascavel)

Pedro Coelho Da Silva (Mestre Pedro Coelho) (Acopiara)

GRUPOS DE 2015

Grupo De Caretas Reisado Boi Coração (Quixadá)

Grupo Penitente Do Genezaré (Assaré)

Geraldo Amâncio (Fortaleza). 
Hugo Pereira (Majorlândia). 
Jaime Arnaldo Rodrigues (Barbalha). 
João Paulo Vieira (Meruoca). 
Zé Carneiro (Pacoti). 
Macaúba (Fortaleza). 
José Maria de Paula (Mestre Almeida) (Fortaleza). 
Mestre Zé Renato (Fortaleza).
Paulo Sales Neto (Mestre Paulão) (Fortaleza). 
Geraldo Gonçalves - In Memoriam (Assaré). 
Pedro Bandeira Pereira de Caldas (Juazeiro do Norte). 
Rita de Cássia da Cunha (Sobral). 
Mãe Zimá (Fortaleza). 
Antônio Rafael Sobrinho (Tarrafas). 
Francisca Zenilda Soares (Assaré). 
Mestre Chico Bento Calungueiro (Trairi). 
GRUPOS DE 2018
Maracatu Az de Ouro (Fortaleza)
Reisado da Família Ramos (Serra de Aratuba)
COLETIVIDADE DE 2018
Associação da Mãe das Dores e do Padre Cícero (Juazeiro do Norte)

MESTRES DA CULTURA (II)
Anualmente o Governo do Estado promove um grande evento para a entrega desta homenagem. Assim também foi em 2007, quando entre os agraciados estava a nossa inesquecível Maria Assunção Gonçalves. Por motivo plausível, quanto ao seu estado de saúde, Assunção não compareceu e o seu prêmio foi ficando, à espera de uma oportunidade para que efetivamente fosse entregue. Um dia, uma pessoa da Secretaria de Cultura me telefonou em Fortaleza e me sondou sobre a possibilidade de que eu fosse o portador, em nome do Governo do Estado, para fazer essa entrega em Juazeiro do Norte. Coincidiu que quase imediatamente eu estava vindo ao Cariri e foi exatamente nessa oportunidade em que tivemos um encontro muito prazeroso, entre amigos de Assunção e a querida artista, em sua residência. Dos vários flagrantes que fizemos para registrar esse momento, apresento esse onde estou ao seu lado, juntamente com o jornalista Luiz Carlos de Lima e a professora Candace Slater (UCLA-Berkeley). Isso foi, sem data precisa, em 2007.