sábado, 2 de junho de 2018



JUANORTE: TRISTE FIM DE UMA TRINCHEIRA (IV)
Seguimos transcrevendo, com a pretensão de gerar argumentos e algumas explicações sobre fatos do cotidiano, às vezes remissivos a fases históricas. Nada encontrei ainda que pudesse desistir desta republicação de alguns escritos que foram parar no jornal eletrônico JUANORTE, editado a partir de Brasília, DF, pelo jornalista Jota Alcides. Para mim, pelo menos, os textos estão atualizados nas idéias, no ânimo e nas emoções que me motivaram escrevê-los. 

A LOUCA PAIXÃO DE MIKE E PRETINHA
Habituado a ouvir estórias de bichos, na verdade nunca me afeiçoei por qualquer deles a ponto de admitir criá-los como hobby, entre coleiras e gaiolas. Até tentei, na juventude, num ensaio com um pequeno aquário, mas não fui adiante. Agora, por vê-los cada vez mais presentes no nosso dia-a-dia, presto certa atenção a alguns fatos que vão me cercando, ora com papagaios, ora com cães, gatos e outros bichos. No ano passado me contaram o desfecho de uma destas que logo pensei em registrar. Beta, nossa então fiel servidora na Rua São José, apareceu lá em casa com Mike, um cachorrinho sem grandes predicados, branco, feioso, poodle mestiço. Encontrou, na sua visitação, a Pretinha, pequenês mestiça, de grande estima de minha irmã, em plena temporada de cio. Peeeense aí numa violenta e intempestiva paixão à primeira vista. Trataram de facilitar as coisas para Mike e Pretinha que foram namorar pelos recantos do quintal da casa. Dois dias depois, despertados pelo barulho na porta, os de casa perceberam que Mike viera visitar Pretinha, chegando ali, sem que Beta soubesse, vindo não se sabe como, das bandas do Pio XII. Com esta nova sessão de namoro, tivemos a certeza de que Pretinha ficou prenha de Mike que, segundo se soube, adiante, voltou à Rua São José outras vezes, encontrando a casa fechada, frustrando-se no reencontro que nunca mais houve. E nunca mais se soube de Mike. Sumiu, evaporou. Beta, inconsolável, tratou de aguardar pela ninhada de Pretinha que só deu mesmo um filhote, preto e muito bonitinho. Depois do desmame, Beta levou o Mike Filho, assim já batizado, para o Pio XII e procurou se refazer emocionalmente da perda que o desaparecimento de Mike lhe tinha ocasionado. “Talvez tenha sido levado pela carrocinha”, falava como se quisesse tirar daí algum consolo, ao lado de Mike Filho. Passado um tempo, a Pretinha, vivendo a sua solidão, sem Mike e o filhote seqüestrado, atravessou a rua em desabalada carreira para brincar com um gato da redondeza. Quem ouviu o estouro não imaginaria que um carro pudesse provocar tal barulho ao atropelar uma cadelinha. Pretinha foi atirada longe. Sobreviveu, mas o trauma lhe trouxe uma súbita paralisia nas patas traseiras, fazendo com que ela passasse a se arrastar pela casa, numa péssima imagem da tragédia que vivera. Os de casa apelaram para um bom trato com uma beberagem à base de Bálsamo da Vida, Mastruz e leite. As coisas não iam muito bem, mas dava para animar na recuperação da paciente. Por aqueles dias, Beta voltou à nossa casa trazendo Mike Filho que se reencontrou com a mãe. Disseram-me que fazia gosto ver as emoções deste reencontro pela alegria que de ambos emanava. Quase que por encanto, ao sabor de latidos, dos carinhos e dos movimentos dos dois, Pretinha começou a exibir sinais visíveis de seu restabelecimento que, daí por diante foram se acelerando até a sua total recuperação. Já fui encontrá-la, dias depois, faceira, desfilando pela casa, sem o menor sinal do trauma. Mesmo não tendo presenciado nada disto, não deixei de me emocionar com estes fatos que mais nos aproximam do entendimento de que este mundo não é tão cão quanto se imagina. Pelo menos, se depender da louca paixão do sedutor Mike que um dia assaltou o coração de Pretinha, para em seguida sumir, “sem deixar nenhuma explicação”. Mas, como num drama shakespereano, Mike Filho terminou morrendo atropelado na Rua São José, e Pretinha amanheceu um dia com uma moleza de fazer dó. Não resistiu muito. Morreram os dois deixando muitas saudades. 
(JUANORTE, 17.05.2009)

CENTENÁRIO DA IMPRENSA DE JUAZEIRO (1909 – 2009)
A Comissão do Centenário do Município de Juazeiro do Norte aceitou de bom grado a nossa sugestão para que esta celebração se iniciasse em 18.07.2009, com a festa em memória de O Rebate. Com este jornal nasce a imprensa juazeirense, em cujo trajeto centenário já produziu mais de três centenas de títulos de jornais, de todos os formatos e com os mais distintos interesses. Portanto, seria inevitável que a comemoração do Centenário da Imprensa de Juazeiro do Norte fosse estabelecida a partir dos 100 anos de circulação de seu primeiro jornal. O Rebate surgiu em Juazeiro do Norte como tribuna livre na luta pelo desenvolvimento do município. Foi audacioso, inovador e polêmico. Não só durante a sua existência ativa entre 18.07.1909 e 20.08.1911, com 104 edições e um acervo riquíssimo de 416 páginas, mas porque se tornou importante e intransferível fonte de pesquisa para a história da cidade. Ele trata, primordialmente, da luta política pela emancipação do município. Dirigido pelo Padre Joaquim de Alencar Peixoto, o Rebate se notabilizou por uma série de elementos que merecem destaque: primeiro – o objetivo específico da criação do município, determinando, inclusive, pouco antes da sua instalação, em 4 de outubro de 1911, a sua extinção, lamentavelmente; segundo – sua periodicidade muito regular, semanal, em grande tamanho (38cm x 50cm), para as dificuldades naturais de um prelo, naquela época; terceiro – um corpo de redatores de grande peso, como Alencar Peixoto, José Joaquim Telles Marrocos, Floro Bartholomeu da Costa, Adolphe Achille van den Brule e outros; quarto – a polêmica mantida com o jornal cratense (Correio do Cariri), sobretudo orientada pelo redator Floro Bartholomeu da Costa, com inúmeros, extensos e incendiários artigos; quinto – a sua circulação gratuita pela cidade e arredores, com a animação de jovens da comunidade, em autêntica campanha de libertação, e com acompanhamento de banda de música; sexto – era um jornal “moderno” e atualizado, cuja paginação contemplava assuntos internacionais, nacionais e regionais, políticos, sociais, culturais, com uma seção de classificados e publicidade que pagava a conta de sua circulação gratuita; sétimo – na seção de cultura, muitas vezes publicou literatura de cordel, de poetas como Leandro Gomes de Barros, e o mesmo redator, Padre Alencar Peixoto se destacou como contista de grande expressão; oitavo – introdutor da xilogravura nas ilustrações de literatura de cordel e de outras matérias do jornal, o que se tornaria uma das maiores expressões da arte juazeirense; por último, relevamos que O Rebate ainda hoje pode ser referido como um jornal que superou as grandes adversidades de uma folha regular, semanal, tipograficamente bem acabada e se manteve atuante como porta-voz de uma das mais expressivas pautas da vida juazeirense: o seu título de cidadania.. Por estes considerandos, seria desejável que o Rebate fosse reimpresso, na forma fac-similada, pois é indiscutível o seu valor documental. Contudo, priorizamos, inicialmente a reimpressão do primeiro número em suas quatro páginas, a partir de exemplar razoavelmente bem conservado na hemeroteca da Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro). No futuro, talvez ainda em 2011, quando as celebrações estarão chegando ao seu final, depois de uma cuidadosa tarefa de restauração de seu conteúdo, em páginas bem amareladas pelo tempo, talvez assim se consiga a edição de uma via eletrônica, em disco, com toda a coleção. É nosso desejo ardente.
(JUANORTE, 24.05.2009)

MUSEUS E TURISMO
Segundo o Instituto Brasileiro de Museus–IBRAM, “Os museus são casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo através de imagens, cores, sons e formas. Os museus são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes.” A definição me vem a propósito da 7ª. Semana de Museus, promoção do Governo Federal, SBM-Sistema Brasileiro de Museus, IBRAM, e Ministérios da Cultura e do Turismo. Uma boa alma passou aqui em casa e me deixou o catálogo do evento. São 132 páginas que demonstram a mobilização destas instituições, por todo o país, em mais de 2 mil eventos. Este ano, acolhendo a sugestão do Conselho Internacional de Museus, deu-se ênfase ao tema Museus e Turismo. Mas, ficou a critério de cada um fazer o possível para que esta semana ensejasse um melhor conhecimento deste potencial exibido por estas 615 instituições participantes. Dentre estas, estava o Memorial Padre Cícero que realizou visitas monitoradas e oficinas. Seguramente, ações ainda muito tímidas para sua existência. Mas, promissoras diante do que seu patrimônio pode permitir. Juazeiro do Norte tem muito que aprender e a capitalizar com este binômio - Museus e Turismo. Primeiro, porque é uma comunidade que existe e figura na História brasileira como um marco em diversos aspectos. Segundo, pelo destino turístico consolidado, mercê de sua vocação como centro de romarias. Outro fato, e nem merece maiores considerações, é a constatação de que pelo mundo afora estes equipamentos museais representam estímulos importantes para a geração de emprego e riqueza (seja econômica, seja cultural), fazendo florescer, prosperamente, alguns locais privilegiados na história e na cultura da humanidade. Juazeiro do Norte não foge a esta tendência. Apenas lamentamos que governos, lideranças e povo não tenham enxergado esta nossa condição de poder montar e manter uma estrutura exuberante neste setor. Somente para citar alguns dos equipamentos que poderiam ser desenvolvidos, além dos acervos já existentes nos nossos dois museus, seria razoável insistir sobre a necessária fundação de pelo menos outro grande museu na cidade, nesta oportunidade de seu Centenário, e que contemplaria, necessariamente, uma revisão didático-pedagógica da sua evolução como comunidade operosa. Bastaria que referíssemos ao seu artesanato (decorativo e utilitário), seus fatos históricos, sua religiosidade, imprensa, cordel, cultura popular, seus artistas, povo e tanta coisa mais que, felizmente ainda se poderá preservar em vitrines da memória, para que as gerações vindouras saibam, ao seu tempo, da grandeza do chão de onde vieram. Por isto, escutem-nos falar de um Museu do Centenário, ou um Museu da Cidade, que seria muito bem vindo neste instante em que o município chega ao seu primeiro século. Diferentemente do outros três existentes é necessário insistir para que surja um novo espaço de reencontro do cidadão com a sua vila. Por isto, meus senhores, façamos um coro com esta intenção. Aos técnicos do Governo da Cidade, deixamos a sugestão para que o velho Grupo Padre Cícero seja elevado à categoria de Museu da Cidade, com as adaptações necessárias, sem violentar-lhe a arquitetura e a sua função educativa, compondo com o Memorial Padre Cícero e o Espaço Sagrado do Socorro um cenário de muito maior valor para todos os nossos sentimentos de juazeirensidade. 
(JUANORTE, 31.05.2009)

RMF, RMC, TURISMO E COPA
Alguns dias antes da indicação das sedes para a Copa 2014, casualmente, eu tive acesso para uma leitura ao documento que o Governo do Ceará apresentou à FIFA para sua candidatura. É um belo documento, um livro em policromia e lindas imagens do Ceará (2014 FIFA World Cup Brazil, Fortaleza-CE, 150p, 2009), 20 exemplares, me informaram. A obra apresenta muitos dados numéricos sobre o turismo, transportes, segurança pública, hotelaria, e demais itens da infra-estrutura necessária, algo que já gostaríamos que fosse o Ceará destes dias, e não uma promessa para cinco anos adiante. Chamou-me à atenção, particularmente, o tom do documento que elegeu, quase exclusivamente, a região litorânea, especialmente a RMFortaleza, como objeto direto de todo o atrativo que o Ceará exerce e mais ainda deverá exercer através do turismo, incrementado por diversos equipamentos que serão melhorados e construídos. Ao mencionar as áreas de interesses externas à RMF para suporte ao evento da Copa de 2014, o Governo elegeu, pela ordem de prioridades as seguintes regiões geográficas: 1) Maciço de Baturité; 2) Pecém - Paraipaba; 3) Ibiapaba - Jericoacoara - Camocim; 4) Beberibe – Fortim – Aracati - Canoa Quebrada; 5) Quixadá - Quixeramobim; e 6) Região do Cariri. A Copa do Mundo, efetivamente, é um período que tem, praticamente, repercussão mínima de uns 60 dias sobre o país sede. São os que chegam antes e circulam, e são os que preferem ainda permanecer no país por mais algum tempo, mesmo que seu escrete não seja o melhor. Neste sentido, o vale do Cariri terá alguma chance em captar pequena parcela desse fluxo, especialmente se em seu nome, seja pelos governos, seja pela iniciativa do trade, algum esforço for feito para motivar uma força maior sobre o destino. No frigir dos ovos, nada vi que me desapontasse, diante da natural defesa desta imagem de um Ceará bonito para turista, e que se apóia especialmente na oferta de bela paisagem cercada de muito sol e mar. Temos que romper esta polarização que alimenta o turismo no Cariri, essencialmente voltado para os nichos de religiosidade, ecológico-científico e cultural. É necessário alargá-lo para que, na diversidade, a região se privilegie com um portfólio à altura de seus competidores. Quem sabe, agora, vencida a primeira batalha legislativa, com a criação da Região Metropolitana de Juazeiro do Norte (RMC), a cidade que pontifica com a maior expressão deste esforço pelo turismo na região, haja uma maior sensibilidade para incrementar políticas públicas e esforços da iniciativa privada para acelerar o nosso desenvolvimento no setor. Afinal, até não se tem muita desculpa, pois nas condições deficientes da atualidade, só estamos a menos de 60 minutos de três aeroportos internacionais, com conexões que viabilizam a nossa ligação com o resto do mundo e os nossos custos seriam muito módicos diante dos bilhões que estão previstos. Reclamamos o essencial: a sensibilidade dos responsáveis mais diretos para que não deixem a oportunidade passar em branco. É necessário cuidar deste Cariri turístico com a mesma urgência do que será tratado o turismo nacional. Não só pela motivação, mas porque acreditamos que o fluxo de capital que ingressará no país, por esta perspectiva, alimenta parte deste sonho para que avancemos um pouco mais na nossa própria competência e capacitação. 
(JUANORTE, 14.06.2009)

RMC, CON(T)URBADA
A recente decisão da Assembléia Legislativa em aprovar a RMC (Região Metropolitana do Cariri) começa a se refletir com alguns desdobramentos sobre certas regiões do Estado que acreditam plenamente na viabilidade de que no seu entorno também se configure ares de metrópole. Pelo menos é o que se diz dos Inhamuns, por enquanto, com a iniciativa de um dos seus deputados à assembléia. Também na Zona Norte, pela voz competente e esclarecida do dep. Prof. José Teodoro Soares (ex-reitor da URCA) que já protocolou um documento indicativo para que Sobral seja contemplado com a cabeça de tal iniciativa, formalizando-se a constituição da RMS (Região Metropolitana de Sobral). Não tardará, a questão estimulará o Jaguaribe, a Serra Grande, o Sertão Central, apenas para falar de algumas possibilidades do que é bem zoneado no Ceará. Um dos pressupostos, pelo menos visto por técnicos, é que cada um dos seus integrantes, os diversos municípios tenham suas vocações respeitadas e que no conjunto cada um exerça um papel importante de complementaridade de funções e serviços necessários à sustentação do aglomerado. As especificidades, no caso do Cariri, são bem vistosas e, se não, emergirão espontaneamente, graças a este perfil mutável a curto prazo, mercê dos sinais evidentes da globalização. Veja o caso específico do que se estabelecia para cada uma das três principais integrantes, com respeito às suas atividades econômicas e as suas competências de serviços à comunidade. No início lembro que se dizia: Juazeiro para indústria, comércio, serviços e turismo religioso; Crato para a agricultura e educação; Barbalha para serviços médicos, etc. Em verdade, as cidades foram evoluindo conforme suas próprias demandas, sem que necessariamente alguma vocação específica firmasse a sua sustentabilidade. Que integração pode ser vista entre Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, pelo menos, como pressuposto mínimo da formação da RMC ? Por uma ausência sentida de verdadeiras e autênticas lideranças municipais, com transparente e forte convicção pelo desenvolvimento regional, o que mais se observa é o salve-se quem puder. Cada um faça o seu, sem que nos importemos se isto é bom ou ruim para o Cariri. A RMC vem em momento oportuno como uma medida puramente política e, até neste sentido, é bem-vinda porque de outro modo, nesta atualidade, não capitalizaríamos melhor atenção dos governos estaduais e federais. Entendo que a RMC deverá trazer macro soluções para uma pretensa harmonia entre os 9 municípios envolvidos. Daqui por diante sai de moda a solução paroquiana. Num breve ensaio, como foi a sugestão de mudança para a ExpoCrato, bem se viu que os ânimos logo se acirraram, como se a sedição de 13-14 ganhasse a pauta. Nem se questionou se seria bom para o lado do Lameiro, do Mirandão, do Granjeiro, ou de um outro local, onde só mesmo os cratenses teriam competência para determinar. Tive pena da Urca que vê assim protelada a sua pretensão de se tornar maior e melhor do que já é. Percebi que, em nome desta tal RMC, novos e emocionantes capítulos advirão. Devemos nos esforçar para que, em sendo realidade, de conurbação passemos à fase nova e auspiciosa, sem que nos lembremos de que, em nome deste salve-se quem puder, não passemos a viver vias mais conturbados do que já são estes. Por experiência, Juazeiro do Norte – mesmo sendo dos mais novos, já tem história de mais de um século.
(JUANORTE, 21.06.2009)

ENTRE A “FARSA” E O “MILAGRE” (I)
Ainda hoje há quem assegure que Juazeiro do Norte, não obstante a sua visível hegemonia regional, é o produto legítimo de uma farsa, de um embuste, resultante da ação nada pastoral de um farsante e embusteiro, o cidadão cratense de nome Pe. Cícero Romão Baptista, que responde a milhões de nordestinos pelo codinome de Padim Ciço. Na semana passada me mandaram algumas considerações e cinco questões que até arriscaria responder, sem correr o risco de manifestar a minha “apoplexia”. Quem as escreveu, as rotulou de “pertinentes”. Pelo limitado espaço, vou fracionando estas alinhavadas, para não lhes encher a paciência. Vejamos: 1) São sérios e merecedores de alguma credibilidade “milagres” anunciados com antecedência? A indagação se diz pertinente porque “...no dia 7 de julho de 1889, por iniciativa do reitor do Seminário do Crato, uma romaria levou até Juazeiro 3.000 fiéis para ver a transformação da hóstia em sangue, fato que não agradou às autoridades eclesiásticas, a ponto de o então bispo do Ceará, dom Joaquim José Vieira, solicitar ao padre Cícero Romão um relatório sobre o acontecido”. Relevamos que entre 06.03 e 07.07.1889, o fenômeno aconteceu várias vezes, conforme o registro histórico, documental, expresso no Processo, onde se lê o depoimento do Pe. Cícero: “Durante o tempo quaresmal d’aquelle anno e principalmente às quartas e sextas-feiras de cada semana observaram-se aquelles phenomenos; o que deu-se, uma vez também no sábado da Paixão do mencionado anno, depois do que passaram a ser diários até a Ascensão do Senhor. Na festa do Preciosíssimo Sangue reproduziram-se os phenomenos de que me occupo.” Que mal havia em se afirmar que ele poderia acontecer mais uma vez ? Ora, se os padres lazaristas do Seminário da Prainha já tinham firmado posição que este mesmo Jesus Cristo, redivivo e glorioso, não deixava a Europa para fazer milagre no miserável local do Joazeiro, é até mais lógico descrer que o fenômeno não se repetisse e que parte da charada já estava solucionada: era tudo balela. Mas, tal não houve. Submetido a tantas leituras rigorosas, mais atualizadas, não obstante a persistência de um barulhento sectarismo e fanatismo cientificista, o fenômeno resistiu e até se converteu em objeto direto de avaliação acadêmica. É intrigante que, desprovidos de melhores argumentos, alguém ainda perca tempo ao sustentar a hipótese de farsa. Tinha gosto de farsa e embuste a cena ridícula do antigo professor de religião, dos anos 60, pelo menos, que a propósito de desmascarar esta farsa, rotulando-a de embuste, e “química marroquina” da forma mais autoritária possível, escolhia um cristão, de preferência juazeirense, ao qual submetia ao vexame de, perante todos da sala, viver a experiência pífia de salivar uma partícula não consagrada, impregnada de fenolftaleina. Como se sabe, ao contato com meio aquoso, alcalino, o rubro sanguíneo ali aparece, “como por encanto”, instantaneamente. Ocorre que, para tal, o indivíduo tinha que bochechar solução de bicarbonato de sódio para alcalinizar a mucosa. Pelo menos numa destas vezes, ou não se bochechou o suficiente para o “milagre” ou o cidadão tinha saliva muito ácida. Na falha, a sala reagiu em estrepitosa vaia que, a rigor, nem serviu mais para consagrar o canastrão professoral. Tantos anos depois, por estes dias de hoje, Juazeiro do Norte é o “milagre”. A quem enganar mais? Somos, assim, tão ingênuos? 
(JUANORTE, 28.06.2009)


ENTRE A “FARSA” E O MILAGRE (II)
Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo foi vítima, uma injustiçada – ponto. Morreu dignamente. Não foi “assassinada”, senão pela omissão da história. Releio página nefasta de um grande cearense, recentemente reimpressa: “Em frente a uma casa de fachada ampla estacionava uma multidão de romeiros; era a residência de Padre Cícero. Lá dentro entupido de gente. Com dificuldade conseguimos entrar. Beatas acotovelavam-se pelas salas e corredores, entre elas, uma mulatinha franzina, linfática, cabelo cortado rente, feia, vulgar. Era Maria de Araújo. Tão insignificante e tão famosa!...” Ao bacurejar as inquietantes dúvidas postas no e-mail, (“2) Se a Igreja é “justa” para com os seus, por que tanta “injustiça” para com a humilde beata Maria de Araújo, refletida no indevassável mistério no tocante à “causa mortis” que a vitimou, a ponto de não existir uma só fonte, insuspeita e de credibilidade, que se pronuncie a respeito, a não ser panfletos de beatas fanáticas que se dispõem a repassar conversas ouvidas na infância?”) não posso disfarçar a minha, ainda juvenil, indignação diante do fato. A injustiçada assim permaneceu por quase um século, não fora este valioso critério de discutir o fenômeno, até pelo viés de “gênero”, mercê das preocupações de como uma beata, enquanto mulher, ingressou no rol de preocupações de leituras sociológicas, até para resgatar a saga de um povo. E aí, mesmo que se trate levianamente da suspeição sobre “causa mortis”, por não aceitar a mais lídima expressão do imaginário popular, não estamos tratando de uma vulgaridade, até por se atribuir valor a elementos da história oral. Felizmente, esta mesma história reservou-lhe, a seu tempo, resignando-se por novos e competentes atores, o lugar que sempre lhe coube. Indo adiante, considero que já fiz esta reflexão muitas vezes, expressa por nova provocação (“3) a divulgação de uma outra versão do fato (a verdadeira ?), nos dias atuais, teria o poder de “desmontar” o milagre da hóstia, sem prejuízo da aura de “santo popular” já solidamente impregnada no Padre Cícero, daí a verdadeira aversão dos seus adeptos de que tal assunto seja sequer ventilado?”). Ajunto: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Por longos anos a própria Igreja nos ajudou na manutenção desta “verdade” (estranhamente, a farsa), assim nos parece a imputação. Sem dúvida, uma questão tutelada sob decretos inquisitoriais que, por exemplo, nem reconhecia a possibilidade de averiguar objetos do “milagre” (evidentemente contestados), sacrílegos, fontes de vã superstição. Por isto mesmo, foram queimados. Em quantos outros milagres eucarísticos, já pelo século passado, não se fez a competente investigação científica ? Hoje, há quem pense assim. O que seria desmascarar ? Ao invés da provocação, o que seria conhecer esta versão verdadeira ? Planejada, escrita, tramada, urdida nas madrugadas, isto sim, ela foi ? O que não deu certo para constatar, inequivocamente, que Juazeiro do Norte e o seu “milagre” são farsas da mesma moeda. Quero crer que os tempos nos amadureceram o suficiente para nos encontrarmos diante desta possibilidade. Nunca tivemos que lançar qualquer edital para que as propostas fossem apresentadas nesta direção. O desafio é permanente e este mesmo Juanorte, até recentemente, lhes fez uma releitura do que nos parece indicar onde dormem os verdadeiros inimigos de Juazeiro – os que tramam o seu sumiço do mapa. 
(JUANORTE, 05.07.2009)

ENTRE A “FARSA” E O MILAGRE (III, FINAL)
Transcrevo a quarta indagação da série a que tenho me referido nestas duas últimas semanas: ...reconhecidamente de família humilde e pobre, como o Padre Cícero tornou-se dono de “...vastas extensões de terras, imóveis e gado”, se não tinha remuneração compatível (ou será que ele, a exemplo dos nossos atuais nobres parlamentares, tornou-se rico e “latifundiário” só e após ingressar na política, já que prefeito de Juazeiro por anos a fio? Considerando, de trás para frente: Pe. Cícero teve mandatos de prefeito por catorze anos, no que até nos pareceu muito pouco, pelo que realizou e revolucionou. Ainda hoje ele é tido como “prefeito”, todos os demais são meros vices. Até hoje não houve sustentação para qualquer uma acusação grave que imputasse ao Padre Cícero alguma manobra desonesta para ser o milionário que foi. A repetição é sempre devida à ignorância histórica de leitores de uma literatice medíocre, pouco expressiva historicamente. Daí a ocorrência destes recalcitrantes ingênuos, metidos a entendidos. Teríamos que iniciar contestando a vontade de todos aqueles que transferiram bens para ele, para seu patrimônio, na expectativa de que ele fosse o portador para os diversos destinos que advogava (uma diocese para a região, estabelecimento de ordens religiosas no Cariri, construção de abrigos para os necessitados, investimentos em obras públicas, atendimento à orfandade, construção de escolas, etc). Onde se constata a omissão e a negação da posse desses bens? Quem já leu o longo processo de execução do seu testamento pode ali encontrar respostas para estas inquietações. É razoável pensar que na cabeça das pessoas há algo como a objetividade de como se gostaria de rotular a conduta do Padre Cícero neste tocante. O que os move? Chamá-lo de ladrão, de desonesto, de falsário, o que é, afinal? Reconhece-se este frenesi, insustentável, de quem nunca se deu ao trabalho meritório de compreender o personagem complexo, com todas as suas contradições, num contexto de Nordeste, de sertão sofrido, no início do século passado. Têm-se a impressão, tais sejam estes desavisados, que o Padre Cícero, na posse e usufruto deste imenso patrimônio, viveu nababescamente, acintosamente aos olhos de perplexos romeiros que mais e mais lhe confiavam vida e patrimônio. Não é extraordinário pensar que um homem deste, que tanto magnetizou esta gente, não tenha sido exatamente isto que corroboraria com a falsidade destas acusações ? O que se viu, ao final, quando o testamento foi aberto, foi que ficou para a Diocese de Crato o maior quinhão, embora tenhamos sempre presente que foram, na verdade, os padres salesianos, os maiores herdeiros deste patrimônio, exatamente como aí está citado (“...vastas extensões de terras, imóveis e gado”), etc. Há quem acredite que acusações como essas ainda são a última palavra no caminho do desmonte desta farsa. Enquanto não, Padre Cícero é o grande ícone da religiosidade popular nordestina, e seu filho (Juazeiro do Norte), seu milagre inconteste, até que o anterior (o fenômeno extraordinário) seja de fato reconhecido por tantos incrédulos, que insistem em formar juízo sobre a montagem de um cenário que, ridiculamente, atendeu às regras de mercado (oferta/procura). Para estes, seria também ler alguma coisa a respeito de San Gennaro. No século 21 está atualíssimo. E se estamos aborrecidos, penso que seria demais esperar que recebêssemos serenamente tudo isto, se partia da sede da Diocese, então omissa, toda a orquestração desta negação e perseguição. É humanamente compreensível.
(JUANORTE, 12.07.2009)
Post scriptum: Esta série com os três últimos textos foi encerrada sem que inserisse uma última reflexão com respeito ao que me foi provocado. Agora, revendo o arquivo guardado no computado, encontrei uma consideração final que não foi editada. É o que transcrevo, para fechar essa republicação, já que não contamos mais com os arquivos do finado Juanorte. “Como seu texto foi elaborado em cima de “algumas considerações” da nossa lavra (que lhe foram enviadas), em sua atenção não poderíamos deixar de comentá-lo. Desconhecíamos que, em determinado período, as “sessões milagrosas”, em Juazeiro, realizavam-se apenas duas vezes por semana (“...principalmente às quartas e sextas-feiras de cada semana observaram-se aquelles phenomenos”), conforme constante da sua postagem, ao transcrever texto de autoria do próprio Padre Cícero; “...depois do que passaram a ser diários” (aqui, é razoável deduzir-se que, como a “procura” teria crescido, a “oferta” teria que vir a reboque, para satisfazê-la). Só temos, pois, que lhe agradecer, não só por “atestar” mas, também,“reforçar” que o nosso entendimento sobre a “antecipação” do suposto milagre tem realmente fundamento, substância e é absolutamente plausível (ou seja, às terças e quintas-feiras já se poderia “agendar” o espetáculo do “milagre” para as quartas e sextas-feiras); como o fez, aliás, o então reitor do Seminário do Crato, ao reunir 3.000 fiéis com tal objetivo.Compreensivelmente, ainda hoje, nenhum juazeirense, em sã consciência, cometeria a “insanidade” de manifestar-se favoravelmente à tese de uma possível fraude do suposto “milagre da hóstia”. Claro que não; correria o risco de decapitação sumária. Afinal, fortunas e mais fortunas foram erigidas à sombra do próprio. E, no entanto, foi a própria Igreja Católica Apostólica Romana que desautorizou o Padre Cícero de celebrar missa, penalizando-o com a suspensão da ordem, sob a gravíssima acusação de mistificação (manipulação da crença popular) e heresia (desrespeito às normas canônicas) que, aliás, prevalecem e vigoram até hoje. Estamos a proferir alguma inverdade ??? Mas, não há com o que se preocupar: como o “mito” tornou-se uma verdadeira “mina de ouro”, autêntico e redivivo “rei Midas”, a televisão - que transforma o feio em belo e o perna-de-pau em craque – vai ajudar não só a reabilitá-lo, como, também, beatificá-lo e canonizá-lo (principalmente agora, que a Rede Globo, via TV Verdes Mares, vai se instalar em Juazeiro; seus melhores profissionais hão de ser escalados para que se consiga tal proeza); é só ter um pouquinho de paciência. Para tanto, não faltarão vozes “abalizadas” e textos primorosos de “especialistas” (inclusive de alienígenas) tratando a respeito, ao tempo em que tentarão, certamente, 
“desqualificar” algum “desequilibrado” ou “ignorante” que “ouse” se reportar contrariamente.
No tocante ao exponencial crescimento de Juazeiro, nunca o negamos, pela obviedade (questionamos, apenas, o método de se chegar lá, não muito ortodoxo: à custa da exploração desumana dos romeiros e da criminosa sonegação de impostos junto ao fisco); tratamos, sim, da lamentável estagnação do Crato.”

VELHO ESPÍRITO DE PORCO
Não obstante o comentário que se fez, imediatamente ao pronunciamento, que este não deve ser o vocabulário de um governante, não posso deixar de reconhecer a procedência e a oportunidade de que sua excelência o governador dos cearenses tenha acertado em cheio a sua falação durante a abertura da ExpoCrato. Assistimos, um tanto perplexos, ao recrudescimento do velho bairrismo entre as duas cidades da recém constituída RMC. Aproveitaram, então, sectários inconformados com a aposentadoria que os novos tempos lhes impõe, para esbravejar que “não aceitamos” esta nova ditadura das benesses governamentais, nem que isto ponha para lá do brejo do batateiras, a barganha de uns tantos milhões de reais. Não foram os idosos, isto nem nos assustaria. Foram os velhos jovens caducos, de mínima visão, insuficiente para o sonho e a ousadia de que até nós, do lado de cá do São José, nem nos intimidaríamos em falar, para extrapolar uma experiência maturada na luta continuada e não no descanso em berço esplêndido de princesa. O que vimos foi a eleição intempestiva do Parque de Exposições, diante de uma nova proposta de relocação, tais as demandas agudizadas pelo crescimento regional. Então, o ruído foi ensurdecedor e desapontador. Inventaram que os “romeiros” querem carregar a Exposição. Para onde ? Para que ? O que nós sabemos fazer com isto ? No dia que ensaiamos algo parecido, e apareceu uma tal FIC (Feira Industrial do Cariri), nosso espírito de porco, moleque, logo a rotulou de feira inferior à do Crato, e ríamos a valer. Hoje a realidade se chama de Fetec, e é sucesso, e não tem forró, pois a farra do forró é outra estória, felizmente também bem contada. Quantas vezes, nós aqui do lado do São José, ouvimos o discurso medíocre da empáfia a nos dizer: aos perdedores, as batatas... O fato é que as grandes conquistas da região, ora metropolitana (que charme, um tanto perverso, não ?) sempre se traduziram em ganhos e perdas. Alguém ganhou e alguém perdeu. Não dava para ser um brinquedo para cada um. Evidentemente, falamos desta coisa custeada pela viúva rica, que em época de campanha eleitoral se promete e, às vezes, se cumpre. Agora, meus caros, se acreditamos, de fato, que esta tal RMC nos desafia a propósito de desajeitado ensaio, é bom que o espírito seja de gente e não de porco. Há dez anos passados, uma destas novas lideranças do Taboleiro, o sr. José Roberto Celestino, desenhava em lúcido artigo pela imprensa, os contornos atualíssimos do que se antecipava como Autarquia Metropolitana do Cariri. No tom das entrelinhas, essencialmente, o desarmamento, especialmente o moral, este sinal visível de cidadão civilizado que se entrega ao bem comum, e não à batalha cruenta do toma-la-dá-cá. Não podemos perder a perspectiva de que somos inteligentes e determinados, o suficiente para dizer e lutar pelo que nos convém. O Cariri somente será esta metropolitana bem resolvida se sua gente tiver um porte de saudável convivência com o contraditório, aquilo que desafia razão e sentimento quando se persegue objetivos superiores. Nesse momento, a região necessita de uma ExpoCrato muito mais forte, dinâmica, espaçosa e bem resolvida, assim como também é necessário fortalecer a Urca concedendo-lhe espaços e recursos para que sirva à região como um dos seus melhores instrumentos. No mais, é de foro íntimo aos cratenses dizer, a quem quer que seja, como isto se fará. O que queremos dizer-lhes, tão somente, é que não nos interessa influir e que ninguém está autorizado a dizer que a “negrada” do lado de cá do São José tem alguma coisa com isto. Assim ficamos bem entendidos e nos entenderemos, sempre.
(JUANORTE, 12.07.2009)

PE. MURILO, POR SOCORRO GONDIM
No dia 29 passado, como membro da Coordenação do Núcleo de Extensão, Pesquisa e Pós Graduação (NUEP), da Faculdade de Juazeiro do Norte, tive o prazer de assinar o Certificado de Conclusão do Curso de Pós Graduação, lato sensu - Especialização em Docência de Ensino Superior, cumprido exemplarmente pela professora Maria do Socorro Pereira Gondim. Parte substancial deste prazer se devia também pela leitura de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que ela elaborou para tratar, como está bem dito no título, de um dos fenômenos educacionais de Juazeiro do Norte, na referência e na reverência que sempre fazemos “in memoriam” de um dos mais completos educadores do nosso meio, Pe. Murilo de Sá Barreto. Deixo de fazer outras considerações por reproduzir abaixo o que a própria autora sumarizou sobre o seu trabalho, que também contou com imprescindível participação de outras professoras, contemporâneas do seu viver, na Escola Normal, entrevistadas e depoentes, como: Antonia Tavares Miranda de Souza, Célida Maria Vieira Barros, Lindalva Rodrigues de Alencar, Maria Gorete Couto Bem, Maria do Socorro Alencar Ribeiro, Maria Socorro Martins, Maria Zailma Macedo, Raimunda Gonçalves de Oliveira, Verônica Maria Alencar Oliveira, e, certamente, da sua própria orientadora e contemporânea de Escola, profa. Dra. Maria Socorro Lucena Lima, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo. Aqui menciono, especialmente, a criativa de sua narrativa, por dispor da obra marcante, deixada pelo querido mestre, no texto do livro Experiência Válida, dada a lume quando de sua aposentadoria no magistério. Sobre a autora, referenciamo-la pelas seguintes funções e encargos: 
Professora de Prática do Ensino do Curso Especial de Formação de Professora da URCA; Professora de Estágio Supervisionado III da UVA; Professora da CREDE 19, NRDES; Graduada em Pedagogia pela URCA; Especialista em Administração Escolar pela UFC. Vejamos os dados de sua produção mais recente: Título: Influência de Padre Murilo na Formação das Normalistas da Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte - CE nas Décadas de 1960 a 1970. Autora: Maria do Socorro Pereira Gondim. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado ao Curso de Especialização em Docência do Ensino Superior da Faculdade de Juazeiro do Norte – FJN, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialização de Docência do Ensino Superior, aprovado pela Orientadora: Profª. Dra. Maria Socorro Lucena Lima. Juazeiro do Norte, CE – 2018. Resumo: Desenvolver esse trabalho sobre a trajetória do Padre Francisco Murilo de Sá Barreto, como professor das alunas do Curso Normal da Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte-CE, nas décadas de 1960 a 1970, prende-se a dois motivos: o primeiro por ter sido sua aluna no período de 1960 a 1962 e, portanto, vivenciado como as demais entrevistadas, as experiências enriquecedoras da formação pedagógica aqui descritas; o segundo motivo é a ousadia de pretender contribuir com as investigações sobre a história da educação de Juazeiro do Norte. A escolha do tema está ligada ao dever de justiça, ao reconhecimento e a gratidão que cada aluna entrevistada sente ao lembrar seu mestre como o professor que exerceu decisiva influência na sua formação para o Magistério. A pesquisa foi aceita com satisfação pois todas sentiam vivas as lembranças, evocadas sobre o tempo de convivência com esse admirável e querido professor. O trabalho enfoca aspectos da história de vida de um sacerdote que muito contribuiu para o desenvolvimento pessoal e profissional de suas alunas. Será muito importante transitar pelas lembranças que marcaram essa história. As entrevistas abordaram características pessoais e profissionais do professor/ sacerdote; como eram suas aulas; o relacionamento com as alunas e o que marcou a sua prática pedagógica na vida das alunas. A mensagem de despedida do Padre Murilo por ocasião da homenagem que recebeu por mais de trinta anos de trabalho foi utilizada pela pesquisadora como uma entrevista realizada. O protagonista desse estudo reflete sobre aspectos diversificados do processo de ensino pedagógico para a difusão do conhecimento. 
ESTUDOS ACADÊMICOS (I)
Nessa coluna, por diversas ocasiões, procuramos mencionar a realização de estudos acadêmicos voltados para o esclarecimento de questões relevantes para o desenvolvimento de Juazeiro do Norte e do Cariri. Retomamos esse propósito, citando logo a seguir alguns desses estudos mais recentes.
Título: Lugar, Paisagem e Religiosidade: Moradores e Romeiros no Cotidiano do Bairro do Socorro, Juazeiro do Norte-CE. Autor: Marcos Allan Gonçalves de Araújo; Instituição: Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Centro de Filosofia e Ciências Humanas – CFCH, Departamento de Ciências Geográficas – DEG, Programa de Pós-Graduação em Geografia – PPGEO; Dissertação aprovada, em 26.02.2016, pela comissão examinadora: Prof. Dr. Caio Augusto Amorim Maciel (1º examinador – orientador – PPGEO/DCG/UFPE); Prof. Dr. Otávio José Lemos Costa (2º examinador – Geociências/UECE); Profa. Dra. Tanya Maria Pires Brandão (3ª examinadora – História/UFPE). Recife, PE. Resumo: O bairro enquanto lócus de acumulação histórico social é promotor de diversas nuances na cidade e dentro dessas pode-se destacar as condições de paisagem e de lugar, ambas caracterizadas e vivenciadas pelas ações dos sujeitos, esses aqui sendo considerados promotores de diversidades no espaço geográfico. Neste contexto acima introduzido e buscando meandros da interpretação do bairro do Socorro em Juazeiro do Norte - Ceará, observa-se que esta pesquisa tem como base contribuições da Geografia Cultural, tentando principalmente fazer um debate acerca dos aspectos da paisagem no recorte do bairro e dentro disso tentando entender como os sujeitos presentes neste contexto se dispõem e conduzem suas ações. Este trabalho busca uma construção que permeia um contexto de diversidades presentes na cidade de Juazeiro e no bairro Socorro, dentre as características desses entes é importante observar que as duas realidades são dinamizadas por aspectos de religiosidade popular, que delineia a maior parte das deliberações presentes tanto na paisagem do bairro quanto da cidade. No decorrer do texto é feito primeiramente um apanhado das condições da paisagem expressas no bairro, a posteriori realiza-se uma inserção com um intuito de entender as intersecções entre a condição de paisagem e a de lugar buscando compreender o papel que os sujeitos romeiros e moradores têm dentro dessa realidade. Ainda buscamos entendimentos que versam sobre as condições dispostas por agentes na promoção de ações públicas na criação e destruição de espaços geossimbólicos do bairro do Socorro. Esse aporte é construído através de pesquisa participante com idas a campo, construção de entrevistas e revisões iconográficas assim como pela construção de novas iconografias que subsidiam a pesquisa. Investigar e Identificar maneiras de interpretar as condições paisagísticas e de lugar de um bairro se consolida como um ato complexo numa realidade humanizada historicamente como o bairro do Socorro. Assim dentro das considerações é importante evidenciar as diferentes condições paisagísticas: de paisagem volatilizada, paisagem viva e paisagem de sazonalidade, ambas se constituindo em unicidade e ao mesmo tempo se construindo em complementaridades, amplamente configuradas de imaginários e materialidades, ambas se dando tanto nos discursos comuns como nos oficiais do estado ou de entes institucionais como igreja. Assim, o bairro do Socorro é animado e dotado de significados tanto pelos sujeitos que o vivenciam como pelos atores sociais que dinamizam essa realidade em nome do estado ou de instituições.

Título: “Faça-se Luz”: A Eletrificação Urbana no Cariri Cearense (1949-1972). Autor: Assis Daniel Gomes; Instituição: Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades Departamento de História, Programa de Pós-Graduação em História; Dissertação aprovada, em 2016, pela comissão examinadora:Prof. Dr. Antonio Luiz Macêdo e Silva Filho (Orientador, Universidade Federal do Ceará - UFC); Prof. Dr. Gisafran Nazareno Mota Jucá, Universidade Estadual do Ceará - UECE), Prof. Dr. Francisco Régis Lopes Ramos, Universidade Federal do Ceará - UFC), Prof. Drª. Kênia Sousa Rios (Universidade Federal do Ceará - UFC). Resumo: Com a fundação da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) em 1945 alguns políticos cearenses viram a possibilidade de energizar o seu território e, consequentemente, promover uma modificação substancial em sua economia por meio do fortalecimento de sua atividade industrial. Os intelectuais pertencentes ao Cariri também se congregaram para lutar por esse recurso para a sua região, para isso construíram em 1949 o Comitê Pró-Eletrificação e Industrialização do Cariri. Objetivamos, então, pensar como se modificou o cotidiano regional e estadual nos anos 1950. Levando em consideração, para isso, a emersão de uma disputa política em torno de dois projetos de eletrificação, os avanços e o ingresso de objetos tecnológicos que a chegavam depois de energizada em 1961, bem como o desejo em se tornar um espaço moderno e industrializado. Nesse intuito, verificamos uma gama de fontes a fim de buscar vestígios, confrontá-los e destruí-los para erigir uma análise sobre a construção da Companhia de Eletricidade do Cariri; que moveu, por sua vez, sonhos e desejos ligados a projetos passados, emergindo-os novamente antes e após a sua fundação. Enfim, ao pensarmos as mudanças materiais e imateriais ocorridas nos espaços urbanos caririenses, averiguamos também a presença da cultura norte-americana em seu cotidiano derivada da aproximação entre os EUA e o Brasil – principalmente, no Cariri por meio de seu apoio financeiro e técnico vinculado à Usaid e ao Projeto Morris Asimow.

Título: Territorialização como Apropriação do Espaço Público pelos Camelôs nas Romarias de Juazeiro do Norte-CE; Autor: David Melo Van den Brule; Instituição: Universidade Federal Da Paraíba, Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Programa de Pós-Graduação em Geografia. Dissertação aprovada, em 2011, pela comissão examinadora: Prof. Dr. Carlos Amorim Araújo (Orientador); Profa. Dra. Doralice Sátyro Maia; Prof Dr. William Ribeiro da Silva. João Pessoa, PB. Resumo: A presente dissertação tem como principal objetivo analisar o uso do espaço público pelos camelôs — mais especificamente pelas barraqueiras moradoras — na dinâmica territorial do centro religioso/comercial da cidade de Juazeiro do Norte, em momentos de romarias. Juazeiro do Norte está localizada na região do Cariri, sul do Estado do Ceará, com uma população estimada em 249.939 habitantes, segundo IBGE (2010). Todos os anos, aproximadamente dois milhões de fiéis chegam à cidade fundada pelo Padre Cícero Romão Batista. Neste trabalho, investigou-se o processo de desterritorialização e reterritorialização das barraqueiras moradoras que passaram a ocupar o recém inaugurado Centro de Apoio aos Romeiros, próximo à Igreja da Matriz, um dos principais focos das romarias. Para analisar o uso de praças, ruas e calçadas, pelos camelôs, fez-se uso do conceito de território na visão de Souza e Haesbeart, somando-se a isto estudos que versam sobre o tema das cidades médias, centro e centralidade, para investigar o surgimento de uma nova centralidade em função do aumento do fluxo de orçamento, infraestrutura e variedade de serviços ofertados nesta cidade, os procedimentos metodológicos utilizados foram: a) entrevistas; b) observação passiva do cotidiano dos camelôs e através de aplicação de questionários; e c) registro em fotografias e análises das mesmas. Esta pesquisa contribui também na medida em que dá visibilidade a um cotidiano pouco visto, aquele em que o trabalhador sem carteira assinada, e restrito de direitos busca uma vida digna através do trabalho, na esperança por dias melhores.

Título: Juventude e Relações de Gênero no Ensino Misto Confessional: A Pedagogia Salesiana em Juazeiro do Norte - CE (1970 - 1985); Autor: Cícero Edinaldo dos Santos; Instituição: Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação. Fortaleza – CE; Aprovada em: 28/05/2014 pela Banca Examinadora: Prof.ª Dra. Maria Juraci Maia Cavalcante (Orientadora); Universidade Federal do Ceará (UFC); Prof.ª Dra. Patrícia Helena Carvalho Holanda Universidade Federal do Ceará (UFC); Prof.ª Dra. Zuleide Fernandes de Queiroz (Universidade Regional do Cariri - URCA). Resumo: Esta dissertação dialoga com os domínios epistemológicos da Educação Comparada e História da Educação. Trata da Transição para e Consolidação do ensino misto confessional no Colégio Salesiano de Juazeiro do Norte – Ceará, destacando o período de 1970 a 1985. Parte da análise dos fluxos discursivos entre Dom Bosco – fundador do Sistema Preventivo na Itália – e Padre Cícero – primeiro interessado pela implantação da Pedagogia Salesiana em Juazeiro do Norte. Enfatiza a operacionalização das práticas pedagógicas dos Salesianos imigrantes, nos primeiros anos de atuação no referido município. Em seguida, toma como foco a transição do ensino confessional masculino para o ensino misto confessional. Para isso, destaca o processo de feminização do magistério, a atuação dos padres-professores e a ideia de uma ―pedagogia da igualdade‖ direcionada e executada por distintos sexos/gêneros. Ressalta os dilemas da educação católica, no contexto investigado e a ação pedagógica dos Salesianos, demonstrando a existência de performatividades (des) generificadas no cotidiano escolar. A fim de entender como o Sistema Preventivo buscou reproduzir sujeitos para além dos muros institucionais, discorre sobre o Regime Militar e a Pastoral da Juventude, vendo-os como pontos basilares para a consolidação do ensino misto confessional na realidade do município. Antes de finalizar, dialoga com as noções de vigilância preventiva e a urgência da coeducação salesiana, deixando questionamentos em aberto. Evidencia que, para a condução desta investigação, foi de suma importância à abordagem interdisciplinar, a leitura da historiografia consultada, além das crônicas da casa, regulamentos, relatórios anuais, circulares e subsídios preservados no arquivo escolar salesiano, bem como quatro entrevistas com ex-alunos e ex-alunas (atuais funcionárias) da referida instituição. Como resultado, apresenta um conjunto de evidências de que o projeto educacional do Padre Cícero, isto é, a atuação dos Salesianos em Juazeiro do Norte, foi aceito pela população local, a qual via na educação escolar um caminho para o progresso e civilidade do município. Na transição para o ensino misto confessional, o processo foi amistoso, embora tenha despertado uma série de ressignificações de sentidos no cotidiano pedagógico. A condição juvenil e as performatividades de gênero foram mantidas. O sexo visto como natural e ligado à anatomia física. A juventude, dependendo da situação, discursada com enunciados positivos ou negativos. Em busca da desnaturalização da vida, dos sexos, gêneros e idades, esta dissertação encerra com alguns questionamentos sobre a coeducação nas instituições ligadas à Igreja Católica, buscando despertar reflexões e futuros estudos.
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI

CINE CAFÉ (CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita, exibe no dia 2, sábado, às 17:30 horas, o filme VIDAS AMARGAS (East of Eden, EUA, 1955, 115min). Direção de Elia Kazan. Sinopse: No Vale das Salinas, região da Califórnia, por volta da I Guerra Mundial, Carl é o filho rebelde e mal compreendido de Adam. Desde a infância, ele luta obsessivamente pelo amor do pai. No entanto, Adam não esconde sua preferência para o outro filho, Aron, considerado o “menino de ouro” da família e que está noivo de Abra.
BNB CULTURAL - CINEMA
(JUAZEIRO DO NORTE / CARIRIAÇÚ)
O Projeto Banco do Nordeste Cultural – Cinema ocorre no Orfanato Jesus Maria José (Rua Cel. Antonio Pereira, 64, Santa Tereza, em Juazeiro do Norte, no dia 5, terça feira, às 14h e na Comunidade do Sítio Monte, em Caririaçú, CE, no dia 7, quinta feira, às 19h com a exibição do filme A VERDADEIRA HISTÓRIA DO BICHO-PAPÃO (Fungus the Bogeyman. Inglaterra, 2004, 145 min). Direção de Stuart Orme. Sinopse: O bicho-papão é um dos personagens mais conhecidos do imaginário popular, principalmente, entre as crianças. O bicho papão Fungus vive com sua família nas profundezas do planeta. Ele e seu povo gostam mesmo é de viver entre a sujeira e temem que os humanos tornem suas vidas limpas. Por esse motivo, essas criaturas vivem subindo para a superfície a fim de manter o ambiente o mais sujo possível, porém, depois de uma dessas subidas, Fungus é seguido por uma garota que acaba descobrindo o lar de sua família. Agora, as duas famílias, a dos humanos e a dos bichos-papões, passam a conviver e se metem em grandes confusões para chegar a um acordo entre a sujeira e a limpeza. 
CINE GOURMET (FJN, JUAZEIRO DO NORTE)
A Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN) agora também está incluída no circuito alternativo de cinema do Cariri. As sessões são programadas para as terças feiras, duas vezes ao mês, de 13:30 às 15:30h, no Laboratório de Informática do Bloco I, na Rua São Francisco, 1224, Bairro São Miguel, dentro do seu Projeto de Extensão denominado Cine Gourmet, sob a curadoria de Renato Casimiro. Informações pelo telefone: 99794.1113. No próximo dia 5, estará em cartaz, o filme COMER BEBER VIVER (Yin dhi nan nu, Taiwan/EUA, 1995, 124 min). Direção de Ang Lee. Sinopse: A história de uma tradicional família chinesa composta pelo chef de cozinha Chu (Sihung Lung) e suas três filhas, Jia-Jen (Kuei-Mei Yang), Jia-Chien (Chien-Lien Wu) e Jia-Ning (Yu-Wen Wang). A vida do grupo gira em torno do habitual jantar de domingo e suas relações amorosas.
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na quintas feira, dia 7, às 19:30 horas, dentro da Sessão GRANDES MUSICAIS, o filme DÁ-ME UM BEIJO (Kiss me Kate, EUA, 1953 110 min). Direção de George Sidney. Sinopse: Fred (Howard Keel) e Lilly (Kathryn Grayson), um casal de atores divorciado, se reúnem novamente quando Cole Porter (Ron Randell) escreve uma versão musical de "A Megera Domada". Assim como os personagens a peça, o casal parece agir em acordo, porém, na noite de estréia, uma briga ameaça a produção, assim como dois bandidos que acreditam que Fred deve dinheiro ao patrão deles, fazendo com que os capangas fiquem perto do ator a noite toda. 
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe na sexta feira, dia 8 às 19:30 horas, dentro da Sessão CINEMA NACIONAL, o filme O FILME DA MINHA VIDA (Brasil, 2017, 113 min). Direção de Selton Mello. Sinopse: O jovem Tony (Johnny Massaro) decide retornar a Remanso, Serra Gaúcha, sua cidade natal. Ao chegar, ele descobre que Nicolas (Vincent Cassel), seu pai, voltou para França alegando sentir falta dos amigos e do país de origem. Tony acaba tornando-se professor, e se vê em meio aos conflitos e inexperiências juvenis.
CINE CAFÉ (CASA GRANDE, NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais Do seu Cine Café na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e exibe no próximo dia 8, sexta feira, às 19 horas, o filme A DOCE VIDA (La Dolce Vita, Itália, 1979, 142 min). Direção de Bernardo Bertolucci. Sinopse: Em Roma Marcello Rubini (Marcello Mastroianni) é um jornalista que escreve fofocas para os tabloides sensacionalistas. Ele anseia ser um escritor sério, mas, como tantos, nunca consegue escrever qualquer coisa mais profunda além do que ele normalmente escreve para viver. Em uma boate, Marcello conhece uma herdeira rica, Maddalena (Anouk Aimée), que sofre por sentir um enorme tédio pois tudo a chateia, e ela constantemente está à procura de excitações novas. Juntos pegam uma prostituta e passam a noite fazendo um ménage à trois no quarto da meretriz. Quando Marcello volta para casa encontra sua costumeira amante, Emma (Yvonne Furneaux), que tinha tomado uma overdose de pílulas para dormir. Marcello se apressa em levá-la até o hospital onde ele fica seguro que Emma se recuperará, apesar dela estar ainda muito deprimida. Marcello então corre para cobrir no aeroporto a vinda de Sylvia Rank (Anita Ekberg), uma nova atriz de Hollywood. Logo Marcello fica mais íntimo de Sylvia e é tudo que ele deseja, pois está totalmente fascinado pela beleza dela. Assim percorrem juntos os pontos turísticos de praxe, como a Praça de São Pedro, as Termas de Caracalla e a Fonte de Trevi.
CINE CAFÉ (CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 9, sábado, às 17:30 horas, o filme A HORA DO LOBO (Vargtimmen, Suécia, 1968, 84 min). Direção de Ingmar Bergman. Sinopse: Pintor e sua esposa vão morar em uma ilha bastante afastada da sociedade. Lá, em meio a intensos conflitos psicológicos, o casal conhece um misterioso grupo de pessoas que passam a trazer angústias ainda maiores às suas vidas, levando-os a relembrar fatos passados e questionar a própria lucidez.
IMAGENS ESQUECIDAS (XLII)
Cine Iracema, o primeiro cinema de Juazeiro do Norte, então situado junto à residência do proprietário, mestre Pelúsio Correia de Macedo, na Rua Pe. Cícero (entre as Ruas do Cruzeiro e Nova, atual Av. Dr. Floro). Há registros em livro (Senhorzinho Ribeiro) de que anteriormente ao Cine Iracema, houve uma sala de projeção instalada na Rua Nova, mas não se conhecem os detalhes, sendo, provavelmente, um desses exibidores muito comuns pelo interior do país, um projecionista que percorria as cidades mais atraentes, com pequeno equipamento de projeção, alimentado por bateria de veículos. Neste flagrante, o ano, provavelmente, é 1937. Esse imóvel não mais existe como era do conjunto do proprietário, residência (ainda hoje preservada, sendo uma pousada para romeiros) e o cinema, que hoje é uma residência, construída mais recentemente, depois da demolição. Podem ser identificados à porta, o sr. Antonio Soares, o jovem José Figueiredo e as jovens Nerci Matos e Maria Menezes Pereira. As duas eram alunas da Escola Normal Rural onde no ano seguinte se diplomaram professoras ruralistas. Grandes amigas de minha mãe, também aluna da ENR nessa época. Estavam ali, talvez para ver os cartazes dos filmes programados. Nesse dia, estava sendo exibido em sessão única e noturna, o filme Divórcio em Família, produção de 1932, filme estrelado, dentre outros, por Jackie Cooper, Conrad nagel, Lewis Stone, Lois Wilson e Jean Parker, que estreava no cinema. O enredo do filme era o seguinte: O etnologista divorciado John Parker ama seus dois filhos, Al e Terry, e sente muita falta deles quando eles têm que deixar sua escavação arqueológica no final do verão. Enquanto Al vai para a escola militar, Terry volta para casa e descobre que sua mãe, Grace, se casou com o Dr. Phil Shumaker, um homem estável que pode fornecer a casa que Grace nunca teve com John. Quando John recebe uma nota de Terry dizendo que Grace se casou e ele deseja que ele estivesse morto, John decide desistir de seu trabalho e ir para seus filhos. Ele visita Al na escola militar primeiro e pede sua ajuda para ajudar Terry a aceitar Phil como seu novo pai. Embora os termos do divórcio impeçam John de ver Terry em casa, ele toma um lugar perto deles e pede a Al para manter contato com ele sobre o progresso de Terry. Embora Phil tenta ser um bom pai, ele não entende Terry e faz regras que são impossíveis para a criança seguir. 

IMAGENS ESQUECIDAS (XLIII)
Quem passa pela Av. Dr. Floro, na esquina com Rua da Glória, se dá conta do velho Auditórium da primeira Escola Normal Rural do Brasil. Há muitos anos, ele está inativo. Até a construção do atual Centro Educacional Moreira de Sousa, o auditório era fartamente utilizado, até mesmo para dar partida as atividades do dia, com uma palavra da diretora Amália Xavier de Oliveira, ou de alguém da administração pedagógica do estabelecimento. Foi se tornando pequeno para comportar todo o alunado. Aí tivemos muitos eventos importantes para a educação de Juazeiro do Norte. Num dia como este em que o flagrante nos mostra, os alunos participam de alguma festividade. Infelizmente não nos foi possível identificar, provavelmente nos anos 60. Na imagem podemos ver e identificar bem algumas das figuras mais emblemáticas da vida da Escola, como a sua então diretora, Amália Xavier de Oliveira, bem como Tarcila Cruz Alencar, Maura Gonçalves Almeida, José Neri Rocha, Terezinha Santana, Albis Irapuan Pimentel, Espedito Cornélio, Generosa Alencar, etc. Faz pena ver que este local, que bem poderia ser utilizado para um grande espaço para a educação ou a cultura local ainda se encontre nesse estado de abandono.
IMAGENS ESQUECIDAS (XLIV)
Rua Pe. Cícero, cruzamento com a Rua Santa Luzia. A imagem nos mostra parte das obras para alargamento da via e regularização das calçadas. Posso lembrar ainda, como imagem da minha juventude, ao lado esquerdo, duas construções familiares: a da família de Manoel Amorim e mais adiante a chácara que pertenceu a dr. Mozart Cardoso Alencar, depois a sede da Teleceará, e hoje a sede local de uma operadora de telefonia. Pode-se observar que esta via, outrora denominada rua do Arame, pelos fios do telégrafo ainda no século XIX, ainda mantinha postes de ferro da vela fiação elétrica e telegráfica. No leito da via ainda se pode ver a pequena dimensão da rua de então. Não houve milagre: a rua estava traçada, mas para ampliá-la, o jeito foi estreitar a calçada, medida antipática que ainda hoje se verifica, pois em nossa cidade temos calçadas de poucos centímetros.
A SEMANA NA HISTÓRIA DE JUAZEIRO (III)
Estamos continuando a publicação de efemérides da história de Juazeiro do Norte, agora em sua terceira edição, referente aos dias 03 de junho a 09 de junho.

03 de Junho de 1921: Segundo a Igreja Católica Apostólica Romana, Pe. Cícero Romão Baptista passou a histórica como um dos seus membros, portadores de estranha qualidade: a desobediência. O documentário é bem insistente, pleno de peças nesse sentido. Como esse assinado pelo então Bispo Diocesano de Crato, D. Quintino de Oliveira e Silva, em despacho a uma petição do padre do Juazeiro: “Visto como o Revdo. suplicante não está cumprindo exatamente todas as cláusulas das declarações que em dezembro de 1917 depositou em nossas mãos, depois de serem lidas em público e não só está fomentando a venda e divulgação das medalhas proibidas (quais as que tem sua efígie) frequentando o estabelecimento do vendedor e benzendo-as, como ainda a certa mulher que deixou de confessar-se para casar por ter declarado que “acreditava” nos milagres do Sangue de Juazeiro aconselhou-lhe que fosse para Cajazeiras, da Paraíba, onde há trabalhos públicos e depois de algum tempo de estadia, lá mesmo, seu casamento se faria; não podemos dar licença ao mesmo suplicante para apadrinhar crianças e nem lhe conceder (ordens) uso de ordens nesta Diocese.” A solicitação que o Pe. Cícero fizera por escrito, no dia anterior, era vazada nos seguintes termos: “Ilmo. Exmo. Sr. Bispo do Crato: O Pe. Cícero Romão Batista, presbítero secular, residente em Juazeiro, desta Diocese, pede, humildemente, a V. Excia. se digne conceder-lhe licença para ser padrinho e batismo de uma criança filha legítima do Sr. Antonio Luiz de Assis Chitafina e de sua esposa Lucília Tenório de Assis, residentes nesta cidade. Nestes Termos P. Deferimento. Juazeiro, 02 de junho de 1921. Ass. Pe. Cícero Romão Batista.” A família em questão era vizinha da residência do Pe. Cícero, com grande intimidade com a vivência da casa do padre. 


04 de Junho de 1921: Nas reminiscências de dona Amália Xavier de Oliveira encontramos um registro profundamente doloroso na vida de Juazeiro do Norte e de muita gente daqui. Nesse dia, segundo ela, “o Pe. Cícero celebrou pela última vez na Matriz de Nossa Senhora das Dores. Não pôde mais rezar o Santo Sacrifício da Missa, mas aos Domingos e Dias Santos assistia a Missa Conventual às 10 horas da manhã e comungava. Ficava todo tempo ajoelhado mesmo durante a pregação do Evangelho e a leitura dos proclamas de casamento que então era feita pelo celebrante. Não raro as cerimônias acabavam perto do meio dia e ele se conservava ajoelhado dando uma prova heróica de resistência.”



05 de Junho de 1927: Nesse dia, a Igreja celebrava o Domingo do Espírito Santo. Assumiu a Paróquia de Juazeiro, o seu 3° Vigário, Mons. José Alves de Lima. Isso decorreu da saída do Pe. Manoel Correia de Macedo, desde o dia 6 de janeiro de 1925. Nesse período, a Paróquia de Nossa Senhora das Dores, ficou anexada a Paróquia do Crato, sendo vigário Mons. Assis Feitosa, que vinha celebrar aos terceiros domingos do mês. 



06 de Junho de 1925: Voltou a circular o jornal Gazeta do Joaseiro, em sua segunda fase. Ele havia saído, anteriormente, a partir de 12.04.1912, sob a responsabilidade de Floro Bartholomeu da Costa. Nesta nova fase foi editado por Piragibe Newton Craveiro. Tinha como oficina a Tipografia Esperança, de propriedade de Pe. Cícero Romão Batista. Redação, Gerência e Tipografia ficavam na Rua Padre Cícero, 343, atualmente, imóvel sob a numeração 207. O jornal tinha grande dimensão (38,0 m x 50,0 cm), com quatro páginas. Saiu com periodicidade semanal, circulando aos sábados. Fato triste se verificou com o falecimento repentino do editor Piragibe Newton Craveiro, em 13.01.1926, na própria sede do jornal, pavimento superior, onde residia. Ele também era o Inspetor Regional da Instrução. Consta que o jornal circulou até a sua edição 42, em março de 1926. O fato determinante foi o falecimento do seu proprietário, o deputado federal Floro Bartholomeu da Costa. Um exemplar de sua primeira edição está registrada na Coleção Oswaldo Araújo, hoje sob a guarda da Hemeroteca da Associação Cearense de Imprensa. Esse mesmo título, Gazeta do Joazeiro teve uma terceira fase, a partir de 28.03.1936, agora como órgão do Partido Republicano Progressista em Joazeiro. Seu Editor e Diretor Político era o Cel. Francisco Néri da Costa Morato, o Gerente: João Bezerra e possuía redatores e colaboradores diversos. Tinha a mesma oficina, a Tipografia Esperança, antiga propriedade de Pe. Cícero Romão Batista, no mesmo endereço, mesma dimensão e número de páginas, com periodicidade semanal.



07 de Junho de 1898: Nessa data o Pe. Cícero está em Roma, e aí ele inicia a distribuição de missas para que sejam celebradas por sacerdotes (inclusive cardeais) e ordens religiosa. Ee inicia pelo Pe. Alberto Teixeira Pequeno, um cearense de Icó, nascido em 30.04.1875, sobrinho do seu amigo Pe. Dr. Francisco Ferreira Antero, e que nesta época era aluno do Colégio Pio Latino America, futuro Pio Brasileiro, em Roma, onde aí se ordenou. Essa distribuição de missas era muito vultosa para a época, em se tratando de um pobre padre de aldeia, na época. Mas, ele havia arrecadado todo esse dinheiro da parte de muitos simpatizantes da sua causa junto a Santa Sé. Consta que ele distribuiu em uma semana cerca de 11.254 missas, importando isso numa doação de 14.145, 85 Liras italianas. Segundo o prof. Della Cava, ao registrar em sua obra esses valores, o total em moeda brasileira foi, ao câmbio de 1898, de 22:708$000, isto é mais de 22 contos de réis. Uma ótima casa em Juazeiro seria comprada por 2 contos de réis. Segundo o próprio Della Cava, “Respeitador do Direito Canônico que exigia a celebração de cada uma dessas missas, o clérigo suspenso, distribuía escrupulosamente o estipêndio das missas entre vários padres e instituições religiosas”.



08 de Junho de 1938: O Prefeito Municipal de Juazeiro do Norte, Antonio Gonçalves Pita, através do Decreto nº 8, desta data, instituiu o Diretório Municipal de Geografia, como órgão do Conselho Nacional de Geografia, diretamente articulado com o Diretório Regional do Conselho no Estado do Ceará. Compõem o Diretório nos termos do Art. 130 do Regulamento do Conselho: Presidente – Antonio Gonçalves Pita, Prefeito Municipal; Secretário – Walmik Gomes, Secretário da Prefeitura, e os seguintes Membros: 1) Jesus Rodrigues – Coletor Estadual, 2) José Fausto Guimarães – Coletor Federal, 3) Mons. Joviniano da Costa Barreto – Vigário da Paróquia de Nossa Senhoras das Dores, 4) Humberto Sá – Sub-Inspetor Agrícola, 5) Dr. Mário Malzoni – Chefe do Posto de Saúde.



09 de Junho de 1968: Na ausência de um Diário Oficial do Município de Juazeiro do Norte, o jornal Tribuna de Juazeiro publica em sua edição deste dia, a Lei 315, de 27 de maio de 1968, assinada pelo então prefeito Dr. José Mauro Castelo Branco Sampaio, e registrada no livro competente, o de número 6, páginas 12 e 12v, com a qual a municipalidade institui os dois mais importantes símbolos do município: o brasão e as armas. A iniciativa foi levada a cabo pela Diretoria de Relações Públicas e Turismo, da PMJN, na época sob o comando do jornalista Aldemir Sobreira. A elaboração do Brasão de Armas do Município coube ao professor e heraldista Arcinoé Peixoto de Farias, da Enciclopédia Heráldica Municipalista, de São Paulo. O Ato é bastante minucioso por apresentar todas as justificativas da composição. O uso desse brazão também foi regulamentado pelo Decreto 59, de 30.05.1968. Duas considerações: 1. Estamos lembrando que os nosso símbolos estão completando 50 anos de existência; 1. Tem sido observado que o Brasão é alterado em alguns dos seus adereços pictóricos, e isso não se deve permitir por violentar o dispositivo legal de sua criação. Senão muito em breve teremos outra coisa que em nada pode se parecer com o que foi originalmente criado. Sobre isso, veja as ilustrações que postamos. A da esquerda está como o projeto original. A da direita tem diversos elementos modificados, como os leões, alguns adereços e da maneira como é encontrado na web, tem dimensões erradas. Nessa época da criação do Brasão e da Bandeira, também foi pensado completar a iniciativa com a instituição do Hino Municipal. E isso, de fato, aconteceu vários anos depois. 



RECONHECIMENTO
Uma Organização Não Governamental acaba de ser reconhecida pela municipalidade como de utilidade pública. Vejamos o ato: LEI Nº 4.859, de 23.05.2018: Reconhece de Utilidade Pública a ONG SEMEANDO VIDA e adota outras providências. O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, Estado do Ceará, no uso de suas atribuições legais que lhe confere o art. 72, inciso III, da Lei Orgânica do Município. FAÇO SABER que a CÂMARA MUNICIPAL aprovou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei: Art. 1° Fica Reconhecida de Utilidade Pública a ONG SEMEANDO VIDA, fundada em 24 de junho de 2017, com sede e foro na cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, na Rua Antônio Cirineu, n° 60 – Bairro Pedrinhas, é uma associação civil de direitos privados, de caráter educativo, beneficente e filantrópico, sem fins lucrativos, de duração por tempo indeterminado, reger-se-á por seus estatutos sociais, bem como pelas leis, usos e costumes nacionais. Art. 2° A presente Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3° Ficam revogadas as disposições em contrário. Palácio Municipal José Geraldo da Cruz, em Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, aos 23 (vinte e três) dias do mês de maio de 2018 (dois mil e dezoito). José Arnon Cruz Bezerra de Menezes, Prefeito Municipal de Juazeiro do Norte.