domingo, 26 de janeiro de 2014

EU NÃO ESTOU AQUI...

A recente celebração do centenário de morte da beata Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo (Joazeiro: *24.05.1862; +17.01.1914) teve como um dos momentos mais simbólicos a cerimônia na qual a beata teria nova sepultura. Consultado sobre a placa que encima o local, sugeri uma paráfrase ao epitáfio do grande poeta Mário Quintana: “Eu não estou aqui!” A isto, acrescentaríamos: “Aliás, eu estou aqui!” Tal aconteceu, e assim está lá. Moveu-me o intento, felizmente aceito, de que com isto ainda mais nos lembraremos com frase tão emblemática, não só a memória poética, mas a certeza da ressureição e da imortalidade da alma. De outra sorte, ao agregar o “eu estou aqui”, queremos firmar o nosso entendimento de que Maria de Araújo, por exemplo e vida, especialmente ao longo de amplo período de esquecimento, e da violência cometida, está ali, sim, pois não é admissível a negação de um derradeiro palmo de terra para o seu “repouso eterno”. O caso de Maria de Araújo, visto pela intolerância clerical de sua época, levou a infeliz a se tornar este ser histórico que se arrasta pelos séculos, como uma mulher sem túmulo. Até 22.10.1930, sabia-se que seus restos mortais estavam ali, na entrada da Capela do Socorro, ao lado direito, ao pé da parede, em modesto túmulo registrado em foto da época. Naquela data o ato violento, autorizado pelo Diocesano de então, converteu-se em crime hediondo perante os olhares do Patriarca e, ao tempo, pela indignação de cidadãos honrados, de povo e estudiosos que se deixaram ficar reflexivos sobre a triste sina deste infortúnio. Estranho é que, passados tantos anos, a homenagem aceita pela própria Igreja do Cariri se faz sob o mesmo clima marginal de então, ao pé do muro da Capela, mas agora externamente. Cabe a esta mesma Igreja esclarecer a este povo o que foi determinado há 83 anos. Se o vigário José de Lima o fez mediante imposição do diocesano, pode ser que haja correspondência ou algum relatório. Contudo, o único documento competente, firmado em cartório (03.12.1930) pelo protesto de cidadãos juazeirenses, assegura que ali já não encontrava quase nada, a não ser uns poucos resíduos do caixão, do crânio da beata, de sua vestimenta e adornos, postos em um vaso de vidro, mas também sem indicação de destino. Quanto ao procedimento instruido pelo vigário, é pouco provável que tenham posto em algum outro túmulo, mas aberto uma outra vala, sem qualquer identificação para o futuro. Sabe-se que até fotógrafo integrava o grupo que inspecionou o local após a violação. Mas, caprichosamente não há uma só imagem a propósito do interesse dos protestantes. Na comemoração do centenário, a própria Igreja do Cariri, reconheceu a mártir, lhe deu vivas e proclamou suas virtudes e heroismo. Mais que isto, é dever desta mesma Igreja, já que recentemente se preocupou com isto, proceder a uma “busca arqueológica”, não em jazigos autorizados do campo santo, mas no ambiente da Capela, exatamente no local tão reconhecido, o da sepultura original. Qual é a angústia e o escrúpulo prevalentes? Sem dúvida, a pauta existente na Sagrada Congregação e que nos remete à expectativa de uma revisão de todo o processo, com a ansiosa espera por uma reabilitação, também deverá ensejar, obrigatoriamente, um novo olhar de piedade cristã sobre a serva tão fiel.     

AEROPORTO DE JUAZEIRO DO NORTE
A imprensa desta semana, especialmente a Folha da Manhã (23.01.2014) deu manchete principal para a redução do movimento no Aeroporto de Juazeiro do Norte. Ou seja, comparando-se os anos 2012 e 2013, o transito de passageiros caiu cerca de 14%. Seguindo-se a evolução deste movimento, como se tem observado desde 2003 até 2012 (dados e gráfico, abaixo, oficiais do Infraero), a expectativa para 2013 seria 560.000 passageiros/ano (ponto 11 no gráfico). Portanto, a frustração não é apenas de 14%, mas de 44%. Se houver uma boa recuperação, a ponto de alterarem-se certos condicionantes como novos vôos, destinos, operadoras e a solução das questões de obras em andamento, a expectativa para 2014 pode girar em torno de 700.000 passageiros/ano (ponto 12 no gráfico). Não obstante este mau resultado, o Aeroporto de Juazeiro do Norte se mantém, comparativamente aos demais 62 aeródromos brasileiros geridos pelo Infraero, guardando a mesma posição relativa. Para verificar esta questão, entre as conjunturas Brasil e Norte/Nordeste, Internacionais/Domésticos, voltamos a apresentar com os dados oficiais, as tabelas mostradas a seguir, como vimos fazendo anteriormente. Isto significa que, efetivamente, embora alguns aeroportos não tenham experimentado o problema do nosso, esta posição relativa comportava alguma variação momentânea, sem afetar este desempenho como temos concebido. Menos mal, especialmente diante do que ainda compete ser realizado pela Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte/Governo do Estado do Ceará/Infraero no tocante a infraestrutura e instalações do aeroporto. O mercado do Cariri e área de influência, certamente, ainda continuará a exercer uma forte pressão sobre estas ações, de modo a que não reste nenhuma dúvida sobre o que precisa ser implementado nas melhorias do aeroporto. Somos otimistas.