sábado, 12 de setembro de 2015


BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
187: (07.09.2015) Boa Tarde para Você, José Leite de Souza
Durante as celebrações do Centenário de Juazeiro do Norte, eu tive a oportunidade de conhecer um destes juazeirenses ilustrados que veio para estar conosco, trazendo uma grande legião de amigos baianos, para juntos inaugurarmos um monumento ao ex-deputado Floro Bartholomeu da Costa. Foi assim que o conheci José Leite de Souza, voltando à sua cidade natal, empenhado em contribuir para aquela que bem poderia ter sido uma grande festa, se fazendo acompanhar do prefeito de Ilhéus, do bispo diocesano, de empresários e muitos amigos de sua terra adotiva. Esse era e continua sendo o seu itinerário afetivo e emocional, como daqueles que, em sendo bom filho, volve sempre à sua terra, das heranças ternas de seus pais e avós, para celebrar a grande graça desta naturalidade, como agora quando você está aqui, novamente presente neste 7 de Setembro. Saúdo você, caro amigo, por esta sua fidelidade e disponibilidade de continuar repetindo esta peregrinação, aos seus 72 anos de vida, daqui se retirando há mais de meio século, para novas conquistas, fixando-se em Ilhéus, estabelecendo-se no comércio, iniciando esta vitoriosa caminhada de sucessos na vida privada e no que lhe foi possível contribuir para a uma benemérita ação comunitária. Assim, ficaram aqui as saudades dos que o viram partir, na figura daquele jovem rapaz, filho de João Leite de Souza e Josefa Bezerra Lima, estudante saído do Grupo Escolar Padre Cícero e da Escola Técnica de Comércio, balconista do Armarinho Padre Cícero, que pertencia a seu pai. Daí por diante foram chegando as notícias que nos diziam dos seus empreendimentos comerciais, como a inicial Loja Credi Joias, e o que mais se sucedeu nestes anos, passando pela Joalheria A Pérola, pela Óptica Cruzeiro, pela Safira Presente, pela Óptica Safira, pelas lojas na Central de Abastecimento do Malhado e no terminal Rodoviário do Fundão, até o Hotel Cacau D`Ouro. Toda esta caminhada se fez solidariamente à CDL de Ilhéus, que você ajudou a fundar e foi presidente por três gestões, na Associação Comercial que você presidiu em duas gestões, e no Sindicato do Comércio Atacadista e Varejista de Ilhéus que você também ajudou a fundar. E por todos estes méritos creditados ao seu irrequieto sentimento de pronta disposição ao trabalho, Ilhéus não deixou de tributar-lhe homenagens, atribuindo diplomas, títulos, comendas, medalhas e um grande reconhecimento público a quem sempre esteve à frente de suas melhores conquistas. Revê-lo, reencontrá-lo na cidade é destas coisas que nos emociona e de certo modo nos comove face o seu grande sentimento de compromisso social com esta cidade de suas origens, como se a nos dizer que a si também é verdade que você saiu de Juazeiro, mas Juazeiro nunca saiu de dentro de si. Mais recentemente, estamos vendo de perto o seu empenho em se manter engajado e fazendo investimentos bem voluntários na direção da campanha que se alimenta em diversos setores da sociedade, para a Reabilitação Histórico-Eclesial do Padre Cícero Romão Baptista. Esta é uma questão notável que a todos nós deveria impregnar com entusiasmo, pois além da motivação justíssima como compreendemos toda a vida e a ação de nosso Patriarca, é de caráter imperioso que lutemos por isto que é o passar a limpo a sua história e a grandeza de seu ministério. Não se reveste, portanto, de qualquer exagero o fato que devemos também repetir como você nos diz e está escrito em material da campanha com as frases provocativas: “Chega de tanta espera. Queremos a Reabilitação do Padre Cícero já”. Felizmente, Zé Leite, em muitos anos nos quais a figura polêmica do Padre Cícero mereceu densos estudos por intelectuais, institutos e academias, gradativamente se foi acrescendo um acervo de valor inestimável sobre novas luzes, olhares e saberes que muito tem contribuído para esta revisão. Por depoimentos já colhidos de autoridades eclesiásticas bem qualificadas e aqui manifestadas, queremos crer que as questões pendentes neste processo, e que implicam na demora do pronunciamento de Roma, estejam próximas a uma solução definitiva e breve. Há quem sonhe como você Zé Leite, que este dia realmente esteja próximo e seja a hora marcada para o reconhecimento pleno de tudo aquilo que nos importa, sobre reabilitação, sobre romaria, e com certeza também para a canonização e a criação da Diocese de Juazeiro do Norte. No folheto que você me deu, aí também está estampada a imagem plena desta esperança, quando até voltaremos a nos encontrar, quem sabe, recebendo aqui no Juazeiro o Papa Francisco. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 07.09.2015)

BOA TARDE (II)
188: (10.09.2015) Boa Tarde para Você, José Alberto Moreira de Assis

Entre 1963 e 1964, antes de finalizar o então curso ginasial no Colégio Salesiano, eu e José Alberto, o Zezo, de dona Bibi e seu Fabião, éramos parte da banda que tanto nos animava na celebração da Independência, desfilando garbosamente pelas ruas desta cidade, na data do Sete de Setembro. Foram dois anos de intenso treinamento para aprendermos a tocar corneta, num batalhão de doze integrantes cuja lembrança ainda hoje muito nos inspira um grande orgulho e farta emoção só em recordar aquela maratona de ensaios, entre os encontros no Colégio e nos quintais de nossas casas. Por estes dias que antecederam mais uma celebração do Grito do Ipiranga, encontrei o Zezo e repassamos muitas daquelas histórias para relembrar, especialmente a gentileza do amigo que com tal paciência me ensinou técnicas mínimas que me fizeram dar alguma conta do recado. Quando descíamos pela Rua Padre Cícero naquelas manhãs tão ensolaradas, vestidos a caráter com farda nova em azul e branco, túnica e quepe, ao calor escaldante da temporada, o grupo se transformava numa elite da banda para por em notas tão estridentes o abre-alas do grande desfile. Por muitos anos a cidade correu para a Praça para festejar este momento de sua cidadania, como povo brasileiro, aguardando o desfile das grandes escolas que na época eram a Escola Normal Rural, o Ginásio Monsenhor Macedo, a Escola Técnica de Comércio e o Ginásio Salesiano. Relembramos isto noutro dia, Zezo, para lamentar com certa nostalgia que o tempo transformou esta grande celebração em algo que verdadeiramente, assim se pode dizer, mais parece uma festa popular de música e dança, para não mais conter aqueles elos mágicos dos desfiles cívicos. Ah!, Zezo, até confortados, dizemos que os tempos são outros e nem sentimos tanto a renovação daquele espírito nacionalista, ufanista, como o povo celebrava, pois vieram os duros anos da ditadura, deixamos uma juventude para trás e hoje vivemos a nossa maturidade sob novos olhares. Se a conjuntura é parte do nosso próprio estado de espírito, como não reservar de corpo e alma, ao menos um dia no ano para celebrar este nosso sentimento de liberdade que cabe a cada um de nós para responsavelmente exercer a sua cidadania, nem que seja num grito às margens do Salgadinho? Independência? Que independência celebrar, Zezo, se já em 1822 o Brasil pagava 2 milhões de libras esterlinas de propina a Portugal para reconhecer esse nosso direito, e 193 anos depois ainda continuamos a pagar propina a uma gente imunda, ladra dos nossos recursos e esperanças? Caprichosamente, este já era um primeiro preço pago, que de tal impositivo por razões de foro íntimo à nacionalidade que já se reconhecia, tivemos que bancar com empréstimo de dinheiro a banco da Inglaterra, iniciando a nossa longa história de endividamento, interno e externo, até hoje. Mas, mesmo assim, e principalmente por coisas como estas, fomos novamente e iremos sempre para as ruas, e por nós houve marcha, tocaram-se os clarins e rufaram-se os tambores, porque não podemos nunca abdicar desta nossa prerrogativa de continua lutando pelos ideais da pátria. A liberdade, a independência política como relembramos e celebramos há pouco, são coisas de uma construção continuada, intermináveis, muito mais amplas que todos os sentimentos que cabem dentro de nós, muito mais longas que as nossas vidas, graças a Deus, já bem estiradas no tempo. Quanto a nós, Zezo, garotos felizes daqueles tempos, batendo tambores e tocando cornetas, para marcar o compasso, para acertar o passo, para alegrar o povo, para festejar a pátria, em nossos semblantes, ficaram as marcas de um sentimento profundo a serviço do pais. Parece que é verdade e até lamentamos saber que este patriotismo, outrora tão determinante dos nossos melhores gestos, é algo que está em extinção e não é difícil aceitar que o foco da questão está na péssima condução que os governos vêm dando à educação das novas gerações. Em muitos anos, Zezo, raros foram aqueles que não voltei à Praça para aplaudir os desfiles da celebração da Independência, agora transferidos para o Pirajá, mas pela primeira vez, intencionalmente, me escondi atrás da melancolia e da tristeza, ficando em casa. Ainda assim, do fundo de mim mesmo, parecia que estava ouvindo de perto, tocando as nossas cornetas a todos os pulmões, como a entoar: “Já podeis, da Pátria filhos, / Ver contente a mãe gentil; / Já raiou a liberdade / No horizonte do Brasil.”
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 10.09.2015)

O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI
CINEMARANA (SESC, CRATO)
O Cinemarana (SESC, Rua Cel. Francisco José de Brito, Crato), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 14, segunda feira, às 19 horas, o filme O DECLINIO DO IMPÉRIO AMERICANO (Le déclin de l´empire americain, Canadá, 1986, 101min), direção de Denys Arcand. Elenco: Dominique Michel (Dominique); Dorothée Berryman (Louise); Louise Portal (Diane); Pierre Curzi (Pierre); Rémy Girard (Rémy); Yves Jacques (Claude); Geneviève Rioux (Danielle); Daniel Brière (Alain); Gabriel Arcand (Mario). Sinopse: Quatro professores universitários conversam sobre assuntos diversos enquanto preparam um jantar. Ao mesmo tempo, em uma academia de ginástica, quatro mulheres, colegas dos professores também conversam sobre os problemas de relacionamento entre homens e mulheres. A partir da metade do filme este grupo de amigos se encontra para um jantar. A conversa que segue nos faz perceber o clima dos anos 80, onde várias teorias que explicavam o mundo começam a cair por terra. Os protagonistas realizam uma verdadeira auto-avaliação ao discutirem sobre os mais variados temas, entre eles moral, liberação sexual, valor da intelectualidade, conhecimento, liberdade, entre outros.

CINEMATÓGRAPHO (SESC, JN)
O Cinematógrapho (SESC, Rua da Matriz, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 16, quarta feira, às 19 horas, os filmes:NÃO MATARÁS (Dekálog 5, Dir. Krzysztof Kieslowski, Polônia, 1988, 60min). Um crime ocorrido em Varsóvia une três personagens: um desocupado, um taxista e um advogado em início de carreira. NÃO COMETERÁS ADULTÉRIO (Dekálog 6, Dir. Krzysztof Kieslowski, Polônia, 1988, 60min). Jovem tímido declara seu amor a uma vizinha e fica decepcionado ao descobrir que ela encara com extrema liberdade uma possível relação entre eles.

BIBLIOCINE (FAPCE, JN)
A Faculdade Paraiso do Ceará (FAPCE),está incluída no circuito alternativo de cinema do Cariri, embora seja restrito aos alunos desta Faculdade. As sessões são programadas para as terças e quintas feiras, de 12:00 às 14:00h, na Sala de Vídeo da Biblioteca, na Rua da Conceição, 1228, Bairro São Miguel. (Informações pelo telefone: 3512.3299). Até o fim de Setembro, estará em cartaz o filme A Menina Que Roubava Livros (The Book Thief , EUA, 2013, min) direção de Brian Percival. Sinopse: Uma jovem garota consegue sobreviver em Munique, na Alemanha, através de livros que a mesma roubava. Com a ajuda de seu pai adotivo, ela consegue aprender a ler em plena Segunda Guerra Mundial. A garota, Liesel Meminger, também partilha de seu aprendizado com vizinhos e um judeu que consegue esconder sua origem para não ser morto pelo exército nazista.


CINE CAFÉ VOLANTE (BARBALHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Barbalha (Parque da Cidade), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 18, sexta feira, às 19 horas, o filme BLADE RUNNER, O CAÇADOR DE ANDROIDES (Blade runner, EUA, 1982, 117min), direção de Ridley Scott. Elenco: Harrison Ford (Deckard); Rutger Hauer (Roy Batty); Sean Young (Rachael); Edward James Olmos (Gaff); M. Emmet Walsh (Capitão Bryant); Daryl Hannah (Pris); William Sanderson (J.F. Sebastian); Brion James (Leon Kowalski); Joe Turkell (Tyrell); Joanna Cassidy (Zhora); James Hong (Hannibal Crew); Morgan Paull (Holden). Sinopse: O filme descreve um futuro em que a humanidade inicia a colonização espacial, para o que cria seres geneticamente alterados - replicantes - utilizados em tarefas pesadas, perigosas ou degradantes nas novas colônias. Fabricados pela Tyrell Corporation como sendo "mais humanos que os humanos", as clonagens Nexus-6 são fisicamente idênticas aos humanos, mas são mais fortes e ágeis. Devido a problemas de instabilidade emocional e reduzida empatia, os replicantes são sujeitos a um desenvolvimento agressivo, pelo que o seu período de vida é limitado a quatro anos. Após um motim, a presença dos replicantes na Terra é proibida, sendo criada uma força policial especial - blade runners — para os caçar e "aposentar" (matar). O filme relata como um ex-blade runner - Deckard - é levado a voltar à ativa para caçar um grupo de replicantes que se rebelou e veio para a Terra à procura do seu criador, para tentar aumentar o seu período de vida e escapar da morte que se aproxima. Um a um os replicantes são caçados, e ao longo do filme parecem adquirir características humanas, enquanto os verdadeiros humanos que os caçam parecem adquirir, cada vez mais, características desumanas. Ao fim, as questões que afligem os replicantes acabam se tornando as mesmas que afligem os humanos. Como diz a personagem de Edward James Olmos (Gaff), quase ao término do filme: "... que pena que ela não viverá... mas quem é que vive?"

CINE ELDORADO (JN)
O Cine Eldorado (Rua Padre Cícero, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, ainda não divulgou o que exibirá no próximo dia 18, sexta feira, às 20 horas, devendo tratar-se de uma grande obra dentro da programação de filmes premiados pelo Oscar, em alternância à programação de filmes nacionais.
CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 19, sábado, às 17:30 horas, o filme EUROPA (Europa, Dinamarca/França/Suécia, 1991, 112min), direção de Lars Von Trier. Elenco: Jean-Marc Barr (Leopold Kessler); Barbara Sukowa (Katharina Hartmann); Udo Kier (Lawrence Hartmann); Ernst-Hugo Järegård (Kessler); Erik Mørk (Pater); Jørgen Reenberg (Max Hartmann); Henning Jensen (Siggy); Eddie Constantine (Cel. Harris); Max von Sydow (Narrador); Benny Poulsen (Steleman); Erno Müller (Seifert); Dietrich Kuhlbrodt (Inspetor); Michael Phillip Simpson (Robins); Holger Perfort (Sr. Ravenstein); Anne Werner Thomsen (Sra. Ravenstein); Hardy Rafn (o homem em Housecoat); Cæcilia Holbek Trier (Maid); János Herskó (Judeu); Talila (Esposa judia). Sinopse: Está é a incrível história de Solomon Perel, um jovem que sobrevive ao Holocausto escondendo sua identidade judaica e paradoxalmente, encontrando refúgio junto à Juventude Hitlerista. Sua trajetória começa quando sua família alemã, mas de origem judaica, é perseguida pelos nazistas e se refugia em Lodz, na Polônia. Com a invasão, o que parecia ser o começo de uma vida tranquila, rapidamente se transforma em um grande pesadelo. Perel consegue fugir levando seu irmão, mas acaba se perdendo dele e busca refúgio entre os bolcheviques. Depois, ele é transferido para um orfanato na região leste da Polônia. Mesmo assim, acaba sendo capturado pelos nazistas. Sua única alternativa é se alinhar ao exército de Hitler e para isso tem que esconder sua verdadeira identidade...

FATOS E FOTOS DO PADRE CÍCERO
A oportunidade da primeira romaria do calendário da Basílica de Nossa Senhora das Dores trouxe uma visitação muito expressiva ao Memorial Padre Cícero que dentre outras atrações está abrigando a Exposição Fatos e Fotos do Padre Cícero, organizada pelo fotógrafo Raimundo Araújo. Em vista do abundante documentário fotográfico de Juazeiro do Norte, especialmente centrado na figura do Padre Cícero, o Memorial Padre Cícero bem que poderia estimular a permanente realização de mais ampla exposição fotográfica, pois é um acervo que sempre estimula muito a curiosidade, tanto de pessoas da cidade como de visitantes. Fica aqui a provocação.

FOTOS DE ROMARIA
O Instituto Moreira Salles (IMS) foi fundado em 1990 pelo embaixador e banqueiro Walther Moreira Salles (1912-2001). Ele é uma entidade civil sem fins lucrativos que tem por finalidade exclusiva a promoção e o desenvolvimento de programas culturais. Seu acervo reúne cerca de 550 mil fotografias, 100 mil músicas (entre as quais, 25 mil gravações digitalizadas), uma biblioteca com 400 mil itens (quase 90 mil deles catalogados) e uma pinacoteca com mais de três mil obras. Entre as coleções desse conjunto, que são mantidas por meio das mais modernas técnicas de restauração e conservação, destacam-se as de Marc Ferrez, Marcel Gautherot, José Medeiros, José Ramos Tinhorão, Humberto Franceschi, Pixinguinha, Decio de Almeida Prado e Ana Cristina Cesar. O IMS possui três centros culturais, onde promove exposições, palestras, shows, ciclos de cinema e eventos. Na área editorial, além de livros e catálogos de arte, publica a série CADERNOS DE LITERATURA BRASILEIRA e a revista de ensaios serrote. Consultando seu catálogo, ali se pode encontrar esta publicação do fotógrafo Jorge Bodanzky que ao tempo em que realizou filmagens pelo Nordeste, para a Caravana Farkas, também fotografou fartamente uma romaria de Juazeiro. A este respeito, e apresentando o trabalho, eis os comentários de José Carlos Avellar: “Juazeiro do Norte 1969: As fotos retornam do cinema. Talvez seja possível imaginar (como quem vê o que está fora do quadro) assim: o filme Visão de Juazeiro, de Eduardo Escorel, sobre romaria do padre Cícero, é tanto o que foi registrado pela câmera de cinema quanto um rascunho para as fotos que Bodanzky fez nos intervalos da filmagem. O preto e branco de O profeta da fome, de Maurice Capovilla, e de Compasso de espera, de Antunes Filho, feitos pouco antes, pode ser visto como o olhar de Brasília aprimorado na Alemanha, quando refotografou os negativos para aumentar o contraste e acentuar o rigor. O colorido de Juazeiro pode ser visto como a projeção de um olhar que amadureceu ali mesmo – porque a realidade despencou sobre Bodanzky com a mesma intensidade com que ele mergulha nela para filmar um documentário. Em Brasilia, preto e branco bem ordenado. Em Juazeiro, colorido desembestado. Na composição que descobre – não destaca, mas descobre – o fotógrafo que se volta para o fotógrafo que fotografa, Bodanzky propõe um gesto inspirado pelo tema da foto. A festa dos romeiros não é só assunto, é também um modo de fotografar.” Para consultar: http://issuu.com/ims_instituto_moreira_salles

ARTESÃOS DO PADRE CÍCERO
Garimpando publicações sobre Juazeiro do Norte, tomei conhecimento que o BSG (Bureau de Serviços Gráficos, Juazeiro do Norte), havia impresso este excelente trabalho de Rebeca da Rocha Grangeiro e Jeová Torres da Silva Júnior, em 2013, em primeira edição, com tiragem de 500 exemplares. Não tendo sido possível até o momento encontrar um exemplar por qualquer ponto da cidade, e nem mesmo a divulgação desta pesquisa, eis que encontro na internet (http://issuu.com/carlosvilmar/docs/livro_artesoes_ebook) a versão eletrônica, com a possibilidade de fazer o download em pdf. Sobre a obra eis o que, na apresentação dizem os autores: “Para realizar o Projeto Fomento à Arte e a Economia Solidária na Região do Cariri e publicar este livro foi necessário o apoio de pesquisadores, técnicos, bolsistas e parceiros, os quais agradecemos pelas suas distintas formas de contribuição. Não seria possível, portanto, executar o mapeamento que subsidia este livro sem: a disposição dos Artesãos de Juazeiro do Norte/CE para responder o questionário e nos apontar outros artesãos para também responderem; o compromisso dos nossos bolsistas; a ação gerencial do Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Gestão Social (LIEGS/UFC Cariri); o reconhecimento científico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); o prestígio institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Direção do Campus da UFC no Cariri e da Coordenação do Curso de Administração; a parcerias com a Central de Artesanato do Ceará (CeArt)/Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS/Governo do Estado do Ceará) e com o Serviço Social do Comércio (SESC) – Unidade Juazeiro do Norte/CE; e o aporte de recursos financeiros do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e do Programa de Apoio a Extensão Universitária/Ministério da Educação (ProExt/MEC). Por fim, agradecemos a Profa. Dra. Tânia Fischer, do Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gestão Social (CIAGS)/Universidade Federal da Bahia (UFBA), por ter aceito o convite e redigido o prefácio desta obra, que nos deixa honrados e amplia o valor simbólico do livro, uma vez que se trata de uma pesquisadora referência acerca do campo da gestão social do desenvolvimento.” Eis o conteúdo da obra, nas suas 110 páginas: 1. História do Artesanato em Juazeiro do Norte/CE; 1.1. O Artesanato; 1.2. A Origem de Juazeiro do Norte/CE e a Ascensão de sua Atividade Artesanal dos Anos 1890 aos 1960; 1.3. O Juazeiro do Norte/CE e a Queda de sua Atividade Artesanal dos Anos 1970 aos 2000; 2. Os Artesãos de Juazeiro do Norte/CE no Século XXI; 2.1. Procedimentos e Instrumentos da Coleta de Dados com os Artesãos; 2.2. Condições Socioeconômicas dos Artesãos de Juazeiro do Norte/CE; 2.3. Aspectos do Processo Produtivo Artesanal em Juazeiro do Norte/CE; 3. Fomento à Arte e à Economia Solidária em Juazeiro do Norte/CE; 3.1. Antecedentes que Influenciaram a Origem do Projeto ‘Fomento’; 3.2. Projeto ‘Fomento’, suas Fases e seus Resultados; 4. Reflexões sobre os “Artesãos do Padre Cícero” no Século XXI; 4.1. Perfil dos ‘Artesãos do Padre Cícero’ do Século XXI; 4.2. Transformações na Atividade Artesanal dos ‘ Artesãos do Padre Cícero’, no Século XXI; Referências. 

Sobre a obra, seus autores ainda escreveram na Introdução: “A compreensão dos contextos sociais, políticos, econômicos, culturais e tecnológicos de nossa sociedade faz parte do trabalho dos pesquisadores e do dia-a-dia da Universidade. Contudo, mais do que adquirir esta compreensão é necessário que o pesquisador saiba traduzir o seu entendimento e expor a toda a sociedade o que tais contextos significam. Por fim, a Universidade (além da apreensão da conjuntura e apresentação da sua leitura da realidade) ainda cumpre o papel de análise critica desta realidade e, em alguns casos, de indicações de como transformar o contexto apreendido. O Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Gestão Social (LIEGS), da Universidade Federal do Ceará (UFC - Campus Cariri), está ciente deste papel que assume perante a sociedade brasileira e a comunidade caririense. Assim, foi a campo e realizou mais um de seus estudos conjunturais. Desta vez, a realidade investigada foram os artesãos de Juazeiro do Norte/CE, a fim de conhecer as condições sociais, econômicas e ambientais dos artesãos; as características do processo de criação e produção; a capacidade organizativa e suas entidades representativas, dentre outros aspectos. Desta forma, foi elaborado questionário com três sessões, onde a primeira aborda questões sobre identificação pessoal e condições de moradia; a segunda sobre condições profissionais e econômicas; e a terceira sobre aspectos educacionais e culturais. Os dados foram coletados entre os meses de março a agosto de 2009 e, posteriormente, os dados foram tabulados em software estatístico. Diante disto, este livro servirá para expor uma síntese dos resultados acerca do Perfil dos Artesãos do Padre Cícero no Século XXI, bem como, trazer uma aná- lise teórico-propositiva sobre os artesãos - e o artesanato - em Juazeiro do Norte e na Região do Cariri cearense. O livro está, portanto, dividido em quatro capítulos. O capítulo 1 apresenta a história do artesanato em Juazeiro do Norte, recorrendo a uma bibliografia de referenciais e a textos obrigatórios acerca do artesanato local, como é o caso do livro “Os Artesãos do Padre Cícero: condições sociais e econômicas do artesanato de Juazeiro do Norte”, de Sylvio de Lyra Rabello. Esta obra de Sylvio Rabello, editada pela primeira vez em 1967 com prefácio do sociólogo Gilberto Freyre, é um relevante documento do século XX sobre os artesãos de Juazeiro do Norte, que procuramos homenagear no título do nosso livro. Assim, justificamos que a nossa escolha pelo título Perfil dos Artesãos do Padre Cícero no século XXI é premeditado, mas não para plagiar ou “pegarmos carona” no título de um trabalho importante e sim para prestar – de forma planejada – um justo tributo a um autor respeitado e a uma obra clássica. Sylvio de Lyra Rabello (1899-1972) era pernambucano, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife. Foi jornalista, promotor, professor catedrático de psicologia no Instituto de Educação de Pernambuco e ocupou diversos cargos públicos, como: Diretor do Departamento de Educação de Pernambuco, Secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e Diretor do Departamento de Psicologia Social do Instituto Joaquim Nabuco. Rabello escreveu mais de uma dezena de livros, dentre eles Os Artesãos do Padre Cícero: condições sociais e econômicas do artesanato de Juazeiro do Norte, de 1967. No prefácio desta obra, Gilberto Freyre escreveu: “[...] trata-se de um cientista social que é também escritor com um raro poder de expressão, distinguindo-se por sua precisão ou exatidão de palavra [...] O seu saber corresponde ao do ideal camoneano: é não só teórico como feito de experiência [...]”. Nos seus livros e nos cargos que atuou, Rabello enfatizou, prioritariamente, os temas da educação e da psicologia social e infantil. (GASPAR, 2010) Em seguida, no capítulo 2, expõem-se o processo de preparação e realização do mapeamento dos artesãos, além de se discutir as dificuldades encontradas nestas etapas da pesquisa. Ainda no capítulo 2, os dados obtidos no mapeamento são expostos, analisados, discutidos e – eventualmente – comparados com informações de pesquisas anteriores realizadas no local e em outras cidades. Ainda neste capítulo se aponta um perfil do artesão de Juazeiro do Norte/CE e uma proposta de agenda de pesquisa a partir dos desafios resultantes do que obteve no mapeamento. O capítulo 3 aborda as ações do Projeto Fomento à Arte e à Economia Solidária na Região do Cariri – do qual o mapeamento dos artesãos de Juazeiro do Norte constituiu sua primeira etapa – que desde 2009 está sendo realizado pelo LIEGS/UFC Cariri e pela Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares e Solidários (ITEPS/UFC Cariri) com o propósito de apoiar – com base nos princípios da Economia Solidária – o desenvolvimento socioeconômico dos produtores artesãos de Juazeiro do Norte/CE, através da articulação destes trabalhadores e do fomento a produção e a comercialização do seu trabalho artesanal. Finalmente, o último capítulo deste livro - capítulo 4 - será o espaço que utilizaremos para reflexões gerais - mas, não superficiais - sobre os “Artesãos do Padre Cícero” no século XXI. Neste capítulo, traremos uma reflexão mais atualizada sobre o trabalho artesanal em Juazeiro do Norte que capture as transformações experimentadas pela atividade em contexto contemporâneo. Além disso, a partir de um quadro teórico de análise fundamentado em duas características fundamentais na produção artesanal (inovação na atividade artesanal e visibilidade do artesanato), são identificados e discutidos quatro subgrupos de artesão e como estes subgrupos estão representados na região do Cariri.”

ARTESANATO: NOVO OLHAR
Nesta publicação está uma referência importante sobre a Associação dos Artesãos da Mãe das Dores e do Padre Cícero de Juazeiro do Norte, registrada do seguinte modo: “Fibras naturais há anos tem sido as principais matérias primas de sobrevivência dos artesãos em Juazeiro do Norte. E foi com a palha do milho que a Associação dos Artesãos da Mãe das Dores e do Padre Cícero tem conquistado seu espaço no cenário do artesanato cearense. Com cursos e capacitações, os artesãos se aperfeiçoaram, agregando design e qualidade ao talento característico desses cearenses abençoados. Criada em 1984, a Associação dos Artesãos da Mãe das Dores surgiu da iniciativa de duas freiras, que tiveram a missão de evangelizar o povoado que vivia na Colina do Horto. Durante o trabalho das irmãs, elas perceberam que muitas senhoras trabalhavam com artesanato, mas sem orientação e sendo exploradas pelos atravessadores. Essa realidade mudou e a associação continua a pregar a ajuda mútua entre os artesãos. Desde a criação até a produção e a venda, tudo é feito de forma coletiva. Atualmente, a entidade conta com 25 artesãos. A associação atua promovendo cursos que ensinam, de forma gratuita, a técnica do trançado da fibra da palha de milho. As mulheres produzem desde bolsas, cestos e caixas, chapéus, revisteiros, luminária e jogo americano a produtos decorativos e utilitários. As peças são comercializadas na loja da associação. Juntas, as mulheres conseguem atender grandes encomendas.” Observamos que as duas freiras citadas são as irmãs Anne Dumoulin e Ana Tereza Guimarães, infelizmente já falecida. O livro está disponível para baixar gratuitamente em:


MEMÓRIAS DE JUAZEIRO DO NORTE
Também na internet localizamos esta publicação sobre Juazeiro do Norte, dos autores Maria Isadora Felix Gomes, Cícero Rolim Morais, Francisca Idelzuite de Freitas Dias e Jucélia Teixeira Macedo. Para registrar esta memória, os autores entrevistaram Cosma Pereira de Lima, 80 anos; João Antonio Bonfim, 68 anos; Maria José da Conceição, 76 anos; Maria Salvanira de Freitas Dias, 65 anos; e Rosa Bezerra de Lima, 84 anos. E apresentam a obra com o seguinte texto: “Ainda em comemoração ao centenário da cidade de Juazeiro do Norte, localizada na região Sul do Estado do Ceará que se sobressai das demais cidades pelo fenômeno das romarias religiosas que ocorridas periodicamente, surgiu a necessidade de realizar um trabalho voltado para o registro da sua memória. Partindo de um olhar mais científico para esse fato, se percebe que o mesmo desencadeia um processo que reflete em vários aspectos de mutação social e do urbanismo, tais como: economia, crescimento demográfico e arquitetônico e ainda, nos costumes da população. Esse estudo tem como objetivo, além de homenagear a cidade que acolhe tantos povos oriundos de regiões circunvizinhas, pretende destacar a cultura da cidade. O livro digital, será o instrumento para a divulgação da pesquisa. Aqui encontraremos histórias narradas por pessoas que vivem em Juazeiro, escolheram essa terra para morar e construir sua história de vida. É desses sonhos que Juazeiro é feita, uma cidade que permite seus habitantes sonharem, mesmo diante de suas mazelas.”

Os interessados podem baixar a obra através do link: http://issuu.com/jucelia/docs/livro
PRIMEIRO LIVRO
Concha Di Pierro Celestino (Concha Celestino, Sra. Tarcísio Barreto Celestino) vai aparecer nas prateleiras de livrarias do pais com o seu primeiro livro - Sopro, no gênero ficção. No dia 3 de outubro haverá a sessão de autógrafo no charmoso endereço paulistano da Livraria Martins Fontes. Encontro na internet uma pequena mostra das suas letras, neste texto que, embora nada haja aí de ficção, já nos serve para conhecer seu agradabilíssimo estilo. "Quando a coisa estava preta", por Concha Di Pierro Celestino.
“Em 1976, quando eu e meu marido fomos estudar na Califórnia, quase todo o nosso contato com a família e os amigos era por cartas. Telefonemas internacionais custavam um desaforo e a internet ainda não era nem sonhada. Era tempo de censura cerrada aos meios de comunicação e às artes pelo governo militar, tempo de boatos correndo mais que notícias de jornal. Fomos criando o hábito ansioso de procurar cartas do Brasil no meio da correspondência diária. Os meses iam passando, elas iam rareando. Numa tarde, retirei da caixa de correio a carta de uma colega de trabalho, a Eliete. Tínhamos trabalhado na mesma escola por quase dois anos. Gelei ao perceber que o envelope tinha sido violado. Havia uma larga fita adesiva colada à parte rasgada e, carimbadas em grandes letras vermelhas, as palavras: “Aberto pelo Itamarati”. Não era para deixar dúvida: estávamos sendo investigadas pela ditadura. Eliete contava só no finalzinho da carta, como se isso não fosse o principal assunto, que nossa escola estava sob intervenção. Uma ativista política tinha sido presa quando transportava em seu carro grande quantidade de panfletos contra a ditadura. Acabou confessando que tinham sido impressos na gráfica do subsolo da escola. Houve prisões, medo e professores foragidos, mas a Eliete não citava os nomes. Eu tinha que falar com ela, alertá-la sobre a violação da carta. Queria saber notícias de outro amigo, o Tonhão. Estranhamente, a Eliete nem o mencionava. Eu não podia telefonar, é claro, telefonemas também poderiam ser interceptados. Enviei uma carta trivial ao Tonhão perguntando como ia a vida. A Eliete não escreveu mais e o pouco que vim a saber sobre o assunto depois, foi através de parentes que passaram por nossa casa, nos visitando. Um desses visitantes nos trouxe, naquele mesmo ano, o disco recém-lançado do Chico Buarque, “Meus caros amigos”. A faixa que dá nome ao disco, um samba ligeiro, quase um chorinho, é uma carta gravada em fita para um amigo que está fora do país. Chico, o nosso grande cronista, expressa na canção a mesma vontade de contar algo importante e a mesma impossibilidade. Arrodeia, despista, fala do sol e da chuva, do samba e do futebol, do cigarro e da cachaça. Parece que desliza para a banalidade e o clichê de um país feliz. E, no meio de tudo, o alerta: “Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta”. Era surpreendente. Então, já se podia cantar “a coisa aqui tá preta”? Sabíamos que aquilo não passava de uma leve afrouxada na mordaça, um dreno para o que já não se podia estancar. Mas sentíamos um desafogo. O Chico cantando “a coisa aqui tá preta” era um país inteiro desabafando.”