segunda-feira, 29 de junho de 2015

BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
166: (27.06.2015) Boa Tarde para Você, Gilberto Soares Silva
“Olha pro céu meu amor / Veja como ele está lindo / Olha pra'quele balão multicor / Que lá no céu vai sumindo. Foi numa noite / Igual a esta / Que tu me deste / O teu coração / O céu estava / Todinho em festa / Pois era noite de São João / Havia balões no ar / Xote e baião no salão / E no terreiro o seu olhar / Que incendiou meu coração.” 
Na canção deste centenário Luiz Gonzaga, Gil, estão algumas das lembranças mais afetuosas destas celebrações, pois sertão e mar enchem-se de cores, ritos e alegrias, e não há nenhum outro período do ano em que estas comemorações tem mais nos encantado pelos séculos. Outrora, eram apenas os dias mais próprios, como 13, 24 e 29, e hoje, por onde se anda, especialmente através do interior do país, os festejos juninos fazem um calendário extenso, relembrando tradições de nossa cultura. Gostaria de lembrar, cumprimentar e agradecer pelo imenso serviço que a Quadrilha do Gil presta à nossa cultura, realizando comemorações cheias de eventos, de manifestações folclóricas, de muitos símbolos e principalmente de forte ligação ao tradicionalismo histórico. Sendo festas que nasceram na ambiência rural, elas ainda hoje conservam um modus que reproduz vida, hábitos e cultura de interior, guardando os símbolos maiores, como a fogueira que se acende no dia de São João, marco da cena religiosa do nascimento de João Batista. Infelizmente, esta tradição em parte teve de ser contida por instrumento legal, em razão dos avanços da civilização, deste progresso que tanto contribuiu para a urbanização do mundo, e encheu cada lugar, de sertão a litoral, com reservas de materiais combustíveis, incendiáveis ao cair dos balões. O casamento mututo é uma sátira ao tradicionalismo, uma caricatura com elementos flagrantemente contrários às regras sociais, com uma noiva grávida, um noivo bêbado, rebelde ao casamento, presa do futuro sogro com o apoio do delegado e pela força de uma arma, aos pés de um padre. Desde o século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e foi fortemente influenciada por danças nacionais, acrescidas de evoluções ritmicas e alguns passos assemelhados à origem francesa e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. Recai sobre a escola de nossos dias a tarefa urgente de continuar, pedagogicamente, cultivando as tradições juninas, conduzindo o educando na compreensão histórica das manifestações, para orientar no sentido de que estas origens não se percam no trato modernoso de tantos novos ritos. Evidentemente, Gil, num mundo em evolução é necessário incorporar novos elementos que contribuem para a realização destas festas, como o forte apelo Hi Tech, com novos sons, imagens, alegorias, vestuário, ambiente, efeitos e cenografia, tornando a celebração um grande show audio-visual, um espetáculo que muitos vêem como atentado e descaracterização destas tradições. Em alguns aspectos isto já era notado no vestuário antigo, como deturpação, pois se criou um guarda roupa de caipira que era produzido com muitos remendos e retalhos de tecidos, para expressar a simplicidade do povo e do uso de roupas modestas. 
Hoje, pela glamurização do festejo, o guarda roupa é absurdamente colorido e estiloso, o que torna a quadrilha mais apreciada, um grande espetáculo de noitadas e apresentações em concursos para a escolha dos melhores em várias categorias, em aparente desvio das origens e da tradição. Outro aspecto questionável diz-se da invasão perniciosa da música eletrônica, a presença mais frequente de bandas de forró, tão em voga na atualidade, especialmente do Nordeste, em detrimento dos tradicionais conjuntos típicos dos forrós “pé de serra” com os ritmos clássicos de xote, xaxado, e baião. A Quadrilha do Gil elegeu para este ano a temática que fala da cidade fantasma de Cococi, nos Inhamuns, e isto é salutar, pois as festas juninas devem compreender possíveis incursões na história, na religião, na literatura, na gastronomia, na dança, na música, nas brincadeiras lúdicas, no artesanato, no teatro, no folclore e em quaisquer elementos típicos destas tradições. Parabéns, Gil, e a todos os integrandes deste numeroso grupo da sua quadrilha que faz a grande alegria deste período junino, fortalecendo os nossos vínculos históricos, religiosos e culturais. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 27.06.2015)

BOA TARDE (II)
167: (29.06.2015) Boa Tarde para Você, Carlos Oliveira Silva
Há vários anos eu escrevo um livro sobre as minhas memórias como antigo residente na Rua São José, e recentemente fiz um passeio sobre a rua como nunca antes havia feito, me deleitando em passos vagarosos, rebuscando cada detalhe que me remetesse àquelas lembranças. Deparei-me com muito carinho diante daquele velho casario ainda existente, quase sempre tão familiar, através de marcos ainda indeléveis desta memória, embora com a desfiguração de alguns deles, e não pude deixar de sentir um lamento profundo que permeia a vida mais recente do lugar. Senti a cada passo a ausência terna de gratas figuras, como de você Carrapeta, meu amigo naqueles anos 50-60, num imaginário que fiz ressurgir diante daquela desorganização urbana que permitiu a invasão de tantos negócios, como bares, lojas, repartições, consultórios, hospitais, laboratórios, hotéis, pousadas e ranchos, no outrora pacato recanto de moradias familiares. Nossas famílias, como a sua, de Lôzinha e Raimundo José, ainda estão por aqui, nas poucas casas que restaram, criando seus netos e bisnetos, e vivendo desta alegria fraterna com a velha tradição das rodas de calçadas na boquinha da noite, das renovações e das festinhas de aniversários. De tão agradáveis, Carrapeta, não há como não reviver este encanto, aquele prazer de participar daquelas rodas onde se falava de tudo, inclusive da vida alheia, e não se deixava de falar dos fatos do dia, da política daqueles tempos de Gogó e Carrapato, das notícias dos parentes que chegavam pelo correio, e os poucos fatos interessantes que ouvíamos pelo rádio, com bateria de automóvel. Lembrei do velho e tão amado itinerário das bodegas mais próximas, como a de seu Deca, a de Catarina, a de Firmino Teixeira, a de Albis Sobreira, a de seu Toinho Rocha, a de Dona Lucilia (a portuguesa), a de dona Isaura Arrais, e até as de mais longe como as de Eliseu Bispo, de Zuza Marques, de Onildo e de Aureliano Pereira, bodegas onde íamos comprar cera de abelha, pirró e cocadas, bolas de gude, pião e carrapeta, papel e lapis, brinquedos e mantimentos de casa. Como esquecer, Carrapeta, os agradabilíssimos passeios aos engenhos das redondezas, nas temporadas de moagens, entre o Salgadinho, as Malvas, e o Logradouro, para sair dali com as mãos cheias de pedaços de batidas e generosas varas de cana carregadas de mel para fazer alfenin. E não lembrar todos os jogos e brincadeiras de ruas, tudo mais simples que a eletrônica de hoje, tudo feito tão artesanalmente com sucatas de peças de automóveis, de madeiras e compensados, e de couros, que íamos buscar nas das oficinas de Siri, de Antonio Avelino e de dona Lôzinha. E nos invernos de boas chuvas, os banhos de rua nas bocas de jacarés, as enxurradas das águas rua abaixo e a nos carregar com jangadas improvisadas, sem nenhuma preocupação pelas consequências das gripes e resfriados. Sem falar, é claro, do que mais nos aventurávamos, com você à frente, com Cícero de Zé Izidro, com Ricardo de João Guilherme, com Francisco de Pretinha, com Zezo de Fabião, com Ricardo de Otacílio Leandro e tantos outros, nos banhos de rio, no Salgadinho. Foi numa destas aventuras de fim de tarde que eu, ainda tão frangote, sem nenhuma vivência, sem saber como se dava uma braçada de nado, me arrisquei a cair na corrente do Salgadinho, num daqueles buracos turbulentos da Boca das Cobras, para me ver em aflição, quase afogado. Você, Carrapeta, até mais franzino que eu, veio em meu socorro, pulou n´água me agarrou pela cintura e me arrancou daquele sofrimento horroroso que parecia me fazer engolir toda aquela água barrenta, sob os olhares atônitos e surpresos dos damais, que o viam corajoso e decidido. Jamais esqueci aqueles momentos dramáticos e os instantes que se sucederam, quando voltávamos para casa ainda um tanto angustiados pelo acontecido, pois teria sido trágico, algo que não se imaginaria reviver, e nem me lembro mais se voltamos ali algum dia. 
Agora, na maturidade da vida, depois de tantos caminhos, de tantas coisas que um dia quero lhe contar, voltei a reencontra-lo para abraçá-lo com imenso afeto, agradecer-lhe na memória do tempo, por seu gesto heróico que seguramente tantos anos me garantiu na vida. Velhos anos, belos e dourados anos aqueles, Carrapeta, pois como me dizia um amigo noutro dia, revivendo cenas deste mesmo viver, aquele era um tempo onde até o futuro era melhor. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 29.06.2015)

CINEMATÓGRAPHO (SESC, JN)
O Cinematógrapho (SESC, Rua da Matriz, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 01.07, quarta feira, às 19:00 horas, o filme A DUPLA VIDA DE VERONIQUE (La Double Vie de Véronique, Dir. Krzysztof Kieslowski, França/Noruega/Polonia, 1991, 98min). Elenco: Irène Jacob (Personagem: Weronika/Véronique ), Aleksander Bardini (Personagem: Maestro), Halina Gryglaszewska (Personagem: A tia), Wladyslaw Kowalski (Personagem: O pai de Weronika). Sinopse: O filme abre com a história de Veronika, uma jovem polonesa com um talento absurdo para a música erudita. Sua voz é incomparável. Após conseguir entrar em uma escola de música, Veronika se apresenta pela primeira vez e morre, com um ataque cardíaco. Veronique é uma jovem francesa com um grande talento musical. Sua vida seguia bem até que ela sente como se estivesse só. Perde o interesse na música e acaba se relacionando um manipulador de fantoches, Alexandre Fabbri, que a conduz para uma espécie de conto da vida real. A história é bastante simples: duas jovens, de mesma idade, que não se conhecem, que moram em países diferentes e que têm o mesmo gosto musical, mas que possuem uma ligação metafísica inexplicável. A simplicidade da trama é trabalhada pela direção magnífica de Kieslowski, que conta essa fábula através de imagens, sons, cores e gestos fabulosos. Filme vencedor do prêmio de melhor atriz (I. Jacob), prêmio FIPRESCI e prêmio do júri ecumênico no Festival de Cannes.

CIDADÃOS JUAZEIRENSES
A cidade de Juazeiro do Norte acaba de eleger os seus mais novos cidadão honorários. Vejamos os atos sancionados na Câmara Municipal: 
RESOLUÇÃO N.º 766 de 18.06.2015, pela qual fica concedido o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Ilustre General Francisco Batista Torres de Melo, pelos relevantes serviços prestados a nossa comunidade. Autoria: José Tarso Magno Teixeira da Silva; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Nivaldo Cabral de Moura, João Alberto Morais Borges, Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, José Ivan Beijamim de Moura, Danty Bezerra Silva, Antonio Vieira Neto, Francisco Alberto da Costa, Cícero Claudionor Lima Mota, José Adauto Araújo Ramos, Normando Sóracles Gonçalves Damascena e pelas vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres, Auricélia Bezerra, Maria Calisto de Brito Pequeno e Rita de Cássia Monteiro Gomes.
RESOLUÇÃO N.º 767 de 18.06.2015, pela qual fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Sub Tenente PM Ednaldo Aparecido Costa Moura, pelos relevantes serviços prestados a nossa comunidade. Autoria: José Nivaldo Cabral de Moura; Coautoria: Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha e Danty Bezerra Silva; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, João Alberto Morais Borges, José Ivan Beijamim de Moura, Francisco Alberto da Costa,
Cícero Claudionor Lima Mota, Normando Sóracles Gonçalves Damascena e pelas Vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres, Auricélia Bezerra, Maria Calisto de Brito Pequeno e Rita de Cássia Monteiro Gomes.
RESOLUÇÃO N.º 768 de 18.06.2015, pela qual fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Reverendíssimo Padre Sebastião Monteiro da Silva, pelos relevantes serviços prestados a nossa comunidade. Autoria: Rita de Cássia Monteiro Gomes; Coautoria: João Alberto Morais Borges; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Ivan Beijamim de Moura, Francisco Alberto da Costa, Cícero Claudionor Lima Mota, Normando Sóracles Gonçalves Damascena, Antonio Vieira Neto, José Tarso Magno Teixeira da Silva , José Adauto Araújo Ramos, Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, José Nivaldo Cabral de Moura, Danty Bezerra Silva e pelas Vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres, Auricélia Bezerra e Maria Calisto de Brito Pequeno.
RESOLUÇÃO N.º 769 de 18.06.2015, pela qual fica concedido o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor Tiago Sobreira de Santana, pelos relevantes serviços prestados à comunidade juazeirense. Autoria: José Adauto Araújo Ramos; Subscrição: Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, Francisco Alberto da Costa, João Alberto Morais Borges, José Nivaldo Cabral de Moura, José Ivan Beijamim de Moura, Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, Rita de Cássia Monteiro Gomes, Maria de Fátima Ferreira Torres, Maria Calisto de Brito Pequeno e Auricélia Bezerra.
RESOLUÇÃO N.º 770 de 18.06.2015, pela qual fica concedido Título Honorífico de Cidadã Juazeirense a Senhora Francisca Elias Ramos, pelos relevantes serviços prestados a nossa comunidade. Autoria: Auricélia Bezerra; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Ivan Beijamim; de Moura, Francisco Alberto da Costa, Normando Sóracles Gonçalves Damascena, Antonio Vieira Neto, José Adauto Araújo Ramos, Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, José Nivaldo Cabral de Moura, Danty Bezerra Silva, João Alberto Morais Borges e pelas Vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres, Maria Calisto de Brito Pequeno e Rita de Cássia Monteiro Gomes.

quarta-feira, 24 de junho de 2015


BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
163: (17.06.2015) Boa Tarde para Você, Dr. Francisco Carlos Macedo Tavares
Cumprimento-o nesta tarde, meu caro amigo Dr. Carlos Macedo e parabenizo-o por sua iniciativa de, concretamente, estabelecer-se profissionalmente a serviço mais de perto da comunidade do bairro do Pirajá, pondo em funcionamento a sua clínica de atenções sobre a saúde da população. E o Pirajá, bem como o seu entorno, com outros bairros que alargam seu território, é hoje sem dúvidas uma área importantíssima desta cidade a reclamar atenções por iniciativas desta natureza, e mais ainda dos cuidados do setor público, dada a gravidade de muitas de suas demandas. Hoje eu resido nas proximidades do Pirajá e tenho percebido com muita clareza a dimensão quase insuportável de sua problemática social, mercê de uma infraestrutura capenga que o poder público insiste em perpetuar, não obstante os clamores da população. Ao atender um povo que padece de enormes angústias com respeito a tantas coisas, mas especialmente aos cuidados com a saúde pública, sobra-lhe Dr. Carlos Macedo, sensibilidade e compreensão para lidar com algumas destas coisas que poderiam mitigar tais sofrimentos. Afinal, como homem público que é, você é destas pessoas privilegiadas que bem alinhavam compreensão e sensibilidade para orientar ações que uma voz qualificada para compor esse compromisso civil de responsabilidade social em defesa do bairro que agora mais de perto serve. Ainda ontem, bem próximo à sua clínica da Av. Ailton Gomes, eu vivi alguns instantes de um destes recortes diários que nos chocam, ao conhecer mais de perto a situação precária da comercialização de alimentos no Mercado do Pirajá e das ruas que o cercam. Chamo sua atenção, Dr. Carlos Macedo, para a gravidade que é esta atividade tão importante, a ponto de ser elo expressivo da garantia que se pode dar a uma população carente em busca de vida saudável, com segurança alimentar garantida ao cidadão que procura um serviço como este. Quando se entra na área de negócios de produtos alimentícios no bairro do Pirajá, desta chamada primeira necessidade, tem-se um choque brutal pela desorganização, pelo desrespeito e por toda a sorte de contravenções que se poderiam perpetrar com a saúde da população. Com o perdão da palavra, o mercado do Pirajá mais parece uma pocilga e na esteira da grande ausência de um serviço que inspecione e controle a sanidade deste negócio, bem se vê como por esta via a população mais se enche de mazelas, afetando o seu precário perfil de saúde. Foi o que presenciei, de forma chocante, quando vi de perto, por exemplo, que comerciantes de hortifrutigranjeiros, com seus produtos expostos diretamente em contato com o péssimo calçamento da via, dispondo de produtos em oferta, deles fazer vassouras com a quais improvisavam uma pretensa limpeza do local, para em seguida reunir tudo como alimento a ser vendido. Que coisa horrorosa esta, Dr. Carlos Macedo, dizer que somos gente civilizada que temos regras, tratados e instituições para cuidar disto e o que vemos é o abandono criminoso da coisa pública para que cenas horripilantes como estas façam o nosso dia-a-dia de lamentações! Não faz muito tempo, a municipalidade renovou parte desta retaguarda competente, arrimada em um Conselho Municipal de Segurança Alimentar e este até se reuniu em torno de outros segmentos da sociedade numa Conferência para repassar necessidades e estratégias necessárias e competentes. No duro mesmo, mais um daqueles bla-bla-blás costumeiros, legalmente estatuídos no seu aparato legislativo, mas que na prática só demonstra como são pouco eficientes estas iniciativas diante do que se tem tão objetivamente para realizar, como a inspeção sanitária a cargo do município. O que acontece com o Mercado do Pirajá é parte da calamidade geral, instalada em todos os pontos de negócios de alimentação, tanto de suprimentos como o de alimentos prontos para consumo por parte de uma população que tem mudado substancialmente o seu modo de vida para dispô-lo frequentemente, fora de seu próprio domicílio. Por coisas como estas, partilho consigo, Dr. Carlos Macedo, de apreensões que se antecipam ao nosso próximo voto popular nas eleições, exatamente porque nos vemos mais uma vez diante da perversa conjuntura política onde nada se renova e pouco se faz, depois de tanta promessa. Um grande abraço a você, e daqui brademos para fazer algo de bom em melhores dias no Pirajá.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 17.06.2015)


BOA TARDE (II)
164: (22.06.2015) Boa Tarde para Você, Walderez Pereira de Menezes
Vez por outra, na elaboração destas páginas, ao encargo prazeroso destas crônicas, eu me encarrego de fazer uma discreta memória sobre o lado mais encantador da formação de minha terra, focando meu olhar sobre os valores humanos que se associaram à minha própria existência. Embora amadoristicamente eu tenha uma forte inclinação para ser o narrador da contemporaneidade, eu não me furto de fazer exercícios de campo com história oral, porque ela é plena de uma experiência continuada na vivência de testemunhos e emoções. Nesta tarde, trago para estas linhas os meus cumprimentos a uma destas antigas amigas de minha família, na pessoa de Maria Walderez Pereira de Menezes, assim como seria pelo batistério de uma garota aqui nascida em 31 de agosto de 1929.
Walderez é destas pessoas que tem um laço comum a esta cidade, pois seus pais aqui chegaram no começo do século passado, em 1903, atraídos pelos mesmos motivos como de tantos milhares que aqui chegaram, como se para viver de oração e trabalho numa Nova Jerusalém. Assim, João Pereira Cansanção, que vivia de comércio ambulante, e Joana Farias de Melo, aqui se conheceram, casaram-se em novembro de 1911, geraram tantos filhos e foram felizes para sempre, numa cidade que apenas começava. Se todos os seus filhos tivessem sido criados, teria sido uma prole enorme, com 27 filhos, mas destes apenas onze tiveram vida adulta e fizeram outras gerações, em diversas famílias que continuam fazendo a grandeza do povo desta terra. Dos irmãos de Joana, dos quais se poderia lembrar Maria, Carmina e Zeca, havia também o Manoel que de mais entendido na sua genealogia, não teve dúvida em recuperar uma antiga raiz alagoana da sua família fazendo registrar entre os primeiros e nos demais a contribuição do ramo Menezes. Walderez é fruto do oitavo nascimento em família, que já dera a luz do mundo a Maria Menezes, Eudócia, Alzira, Francisco, Lourdes e Maria do Espirito Santo (a Santinha), e ainda mais viria com os nascimentos de Valdir, Zenilda e Vicente. Eu tive Maria Menezes, esta adorável irmã de Walderez, como minha primeira professora na velha e querida Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte, a mesma escola que a tornou uma das suas primeiras professoras, juntamente com Doralice Soares, minha mãe, dentre tantas outras, em 1938. E foi exatamente Doralice Soares uma das professoras que participaram dos primeiros passos da educação formal de Walderez, na antiga escola que havia no Círculo Operário São José, e que continuaria pelo Grupo Pe. Cícero e Escola Técnica de Comércio, no seu primeiro endereço da Rua São José. A partir de 1954 e nos dez anos subsequentes, Walderez desejou consagrar-se ao serviço da Igreja e ingressou numa congregação franciscana, em Fortaleza, passando pelas atividades de juvenista, convento e noviciado. Por onde passou, em Fortaleza, Teresina ou São Luiz, Walderez dedicou-se especialmente a atividades do magistério, tendo também prestado grande serviço nas colônias de hansenianos em Maracanaú e Antônio Diogo, e no Posto de Puericultura da Capital. Teria sido uma grande vocação religiosa, e ainda hoje se conserva, mulher de grande fé, não fosse a intolerância vivida, para se rebelar contra o que ouvia de que Juazeiro era uma terra de fanáticos, de gente que usava rosário e peixeira, e onde se matava gente como se mata bicho. Walderez achou que este sentimento, a começar por suas superioras, este ranço imperdoável contra seu Patriarca, sua terra e sua gente, que era inconciliável com a suas convicções e não teve dúvidas em deixar o Convento às vésperas de seus votos perpétuos. Voltou para o convívio da família, aqui se dedicou ao comércio local ao lado dos irmãos Valdir e José Menezes e ainda completou sua formação capacitando-se em Enfermagem. Dentro de breves dias, Walderez, você estará chegando aos seus 86 anos e nós vamos presenciar isto, fazendo votos por uma vida muito mais longa, pois eu quero que você saiba como foi maravilhoso reencontrá-la para festejarmos juntos esta grande graça.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 22.06.2015)

CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe hoje, dia 27.06, sábado, às 17:30 horas, o filme Lado selvagem (Into the wild, USA 2007), drama dirigido por Sean Penn. Elenco: Emile Hirsch, Marcia Gay Harden, William Hurt, Jena Malone, Catherine Keener, Brian Dierker, Vince Vaughn, Zach Galifianakis, Kristen Stewart, Hal Holbrook. Sinopse: Em 1990, com 22 anos e recém-licenciado, Christopher McCandless ao terminar a faculdade, doa todo o seu dinheiro a uma instituição de caridade, muda de identidade e parte em busca de uma experiência genuína que transcendesse o materialismo do cotidiano. Abandona, assim, a próspera casa paterna sem que ninguém saiba e aventura-se na estrada. Perambula por uma boa parte da América (chegando mesmo ao México) à boleia, a pé, ou até de canoa, arranjando empregos temporários sempre que o dinheiro faltasse, mas nunca se fixando muito tempo no mesmo local pois, Chris acaba por abandonar o seu carro e queimar todo o dinheiro que levava consigo para se sentir mais livre. Desconfiado das relações humanas e influenciado pelas suas leituras, que incluíam Tolstoi e Thoreau, ansiava por chegar ao Alasca, onde poderia estar longe do homem e em comunhão com a natureza selvagem e pura. O que lhe acontece durante este percurso transforma o jovem num símbolo de resistência para inúmeras pessoas. Christopher dá igualmente início a uma aventura começando por fazer uma capucho ao Alex que mais tarde viria a encher as páginas dos jornais e que termina com a sua morte no Alasca. Sean Penn vai intercalando a viagem de McCandless com breves flashbacks do seu passado, narrados em voz off pela irmã de Chris. Chistopher quer fugir de uma família materialista, hipócrita e cheia de mentiras. Penn tem olho de cineasta e a sua câmera vai captando melancolicamente, com vagar e gosto, a paisagem americana, ao som da excelente trilha sonora de Eddie Vedder, embalando o espectador, que é quase hipnotizado pelas imagens e som. Penn tem ainda a maestria de não entrar muito pelo lado místico ou esotérico do rapaz tímido, mostrando-nos apenas o lado de McCandless extremamente simpático, uma pessoa que faz amigos com facilidade, com uma simpatia espontânea, onde apenas se entrevê uma certa tristeza interior, não obstante toda a força que possui. Claro que a isto não é estranha a tranquila mas marcante interpretação de Emile Hirsch. Tal como aconteceu com o excêntrico Timothy Treadwell, retratado em 'Grizzly Man', também aqui McCandless não é bem tratado pela rude e impiedosa natureza que tanto amou, e onde procurou uma solução para o seu vazio. O tocante final do filme, é o derradeiro motivo para admirarmos esta sétima obra de Sean Penn atrás da câmara. Era Christopher McCandless um aventureiro heróico ou um idealista ingênuo, um Thoreau rebelde dos anos 1990 ou mais um filho americano perdido, uma pessoa que tudo arriscava ou uma trágica figura que lutava com o precário balanço entre homem e Natureza e contra o materialismo da sociedade? Podem se seguir discussões e debates para decidir se era ele uma resposta a uma sociedade doente ou um jovem intenso demais em tudo que fazia. Porém, todo julgamento que fizermos dele será hipotético: sobre alguem que atravessou as fronteiras de si mesmo e chegou onde poucos habitam, que experimentou o seu jeito de viver e concluiu que seu lugar no mundo não era tão ruim assim. Mas já era tarde demais para voltar, ele já estava onde o julgamento nem bem compreende e nossa sociedade isolada em suas redes de comunicação não pode sequer supor.

XILOGRAVURA: PATRIMÔNIO IMATERIAL
A municipalidade juazeirense acaba de sancionar uma lei que declara a arte de xilogravura patrimônio imaterial de nossa cultura. Vejamos o ato. LEI N.º 4492, de 15.06.2015: Art. 1.º - Considerando o art. 15, inciso III da Lei Orgânica do Município de Juazeiro do Norte, ficam declarados como Patrimônio Cultural e Imaterial do povo juazeirense, a arte de fazer xilogravura e o cordel literário. § 1.º - Considera-se xilogravura a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre papel ou outro suporte adequado. § 2.º - Considera-se cordel o Gênero Literário popular, escrito de forma métrica e rimado, poética e/ou narrativa e depois impresso em folheto de tamanho padronizado com ou sem figura de xilogravura. Art. 2.º - Para fins do disposto nesta Lei, o Poder Executivo Municipal de Juazeiro do Norte, procederá aos registros necessários nos livros próprios do órgão competente. Art. 3.º - As despesas decorrentes desta Lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias ou suplementadas, se necessário. Art. 4.º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. AUTORIA: Vereadora Maria de Fátima Ferreira Torres.

NOVOS CIDADÃOS HONORÁRIOS
A Câmara Municipal designou formalmente dois novos cidadãos juazeirense: John Herbert Oliveira e o Padre Alessandro Campos. Vejamos os atos. RESOLUÇÃO N.º 764 de 16.06.2015: Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor John Herbert de Oliveira, (Diretor Geral da AFAGU – Assistência Familiar Anjo da Guarda), pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade juazeirense. Autoria: Auricélia Bezerra; Coautoria: Normando Sóracles Gonçalves Damascena e Cláudio Sergei Luz e Silva; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Nivaldo Cabral de Moura, Firmino Neto Calú, João Alberto Morais Borges, José Adauto Araújo Ramos, Cícero Claudionor Lima Mota, Glêdson Lima Bezerra, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Rubens Darlan de Morais Lobo e pelas vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres.
RESOLUÇÃO N.º 765 de 16.06.2015: Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Reverendíssimo Padre Alessandro Campos, pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade juazeirense.  Autoria: José Adauto Araújo Ramos; Coautoria: Cícero Claudionor Lima Mota e Cláudio Sergei Luz e Silva; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Nivaldo Cabral de Moura, Firmino Neto Calú, João Alberto Morais Borges, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, José Ivan Beijamim de Moura, Danty Bezerra Silva, Antônio Vieira Neto, Francisco Alberto da Costa e pelas vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres, Auricélia Bezerra, Maria Calisto de Brito Pequeno e Rita de Cássia Monteiro Gomes.

AEROPORTO DE JUAZEIRO DO NORTE
Voltamos com o balanço mensal do movimento do Aeroporto de Juazeiro do Norte, no tocante a embarque e desembarque de passageiros, pousos e decolagens, bem como o tráfego de cargas despachadas ou recebidas aqui. No tocante à movimentação de passageiros, o Aeroporto continua mantendo um ótimo desempenho, não obstante a lista de demandas insatisfeitas com respeito a melhores condições de operações, especialmente no serviços aos usuários. Aguarda-se com vivo interesse o início das operações da TAM em nosso aeroporto, a partir de 13 de julho na rota Brasilia-Juazeiro do Norte-Recife-Juazeiro do Norte-Brasilia. Outgro fato importante é o que se aguarda com respeito a transformação do aeroporto de Fortaleza, num novo “Hub”, de interesse da TAM, e que estará sendo objeto de uma licitação. Neste mes tivemos como ótima notícia a aquisição do controle da TAP – Transportes Aéreos Portugueses, pela brasileira Azul. É provável que isto tenha em breve algum desdobramento, uma vez que a TAP tem na capital do Ceará, Fortaleza, um ponto de grande importância, há muito explorado pela TAP na rota Lisboa-Europa. Torcemos particularmente para que haja um novo destino na Azul e que ele inclua o tráfego entre Cariri e Litoral. Enfim, grandes expectativas voam pelos ares de nossa região.

















quarta-feira, 17 de junho de 2015

BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
162: (15.06.2015) Boa Tarde para Você, Antonio José de Figueiredo Albuquerque
Aí pelo começo dos anos 70, eu era um estudante universitário, li e ensaiei pequena discussão em seminário em sala de aula, com o então projeto de instalação de uma usina de pasteurização de leite no Cariri que fora concretizado pelo funcionamento da CILCA-Companhia de Laticínios do Cariri, em anos anteriores, aqui em Juazeiro do Norte. Desde aquela época eu nutria uma expectativa de que a região do Cariri viesse a resolver satisfatoriamente a questão da comercialização e do consumo de leite cru, ainda sem pasteurização, e bem assim oferecesse oportunidades de industrialização para os seus derivados. E, realmente, por muitos anos, esta unidade funcionou entre nós aqui no Triângulo Crajubar, hoje inativa e deixando a região quase que totalmente refém das alternativas de consumo de leite longa vida, vindo de várias partes do país, da tradição dos leites em pó e os derivados vindos de fora. No ano passado eu tive a oportunidade de conhecer de perto a unidade industrial da Cooperativa Agroindustrial dos Pequenos Produtores do Sítio Malhada (CAIPEMA), no distrito de Ponta da Serra, em Crato. Essa Cooperativa montou uma planta de processamento de leite graças a mobilização da Associação dos Pequenos Produtores de Leite do Sítio Malhada, que havia sido fundada em 3 de março de 2007, e que em dezembro de 2008 passou à condição de Cooperativa Agroindustrial. Ao cumprimenta-lo nesta tarde, Antônio José, quero inicialmente manifestar-lhe o meu sincero agradecimento pela atenção com que tenho sido recebido, e aos meus alunos, ao visita-los algumas vezes, desde o ano passado, incluindo suas instalações no roteiro obrigatório de uma visão minuciosa por sobre a tecnologia de alimentos na região do Cariri. Anteriormente eu havia lido uma substanciosa notícia das atividades e da vida da CAIPEMA, através de um trabalho de professores da UFC e da URCA com o qual se fazia uma avaliação socioeconômica e tratava da viabilidade desta Cooperativa. Mais de perto, tem sido extremamente prazeroso, Antônio José, verificar como esta iniciativa, com o apoio de 22 cooperativados atualmente, firma um exemplar compromisso de crença e serviço em torno de pequena parcela do volume diário desta nossa bacia leiteira. Infelizmente, Antônio José, o Cariri pouco conhece do excelente trabalho que esta Cooperativa vem realizando, chegando ao mercado ainda timidamente, particularmente só em Crato, com diversos tipos de produtos derivados, como leite fluido pasteurizado, iogurte e bebida lática, queijos diversos, manteiga e creme. Esta é uma realidade bem administrada pela pequena disponibilidade de matéria prima entre os cooperativados, do entorno de poucos sítios como Palmeirinha dos Brito, Sítio Juá, Palmeirinha dos Vilar, Sítio Patos, Umburana, Malhada, Sítio Cipó e Sítio Macapá, dentre outros. Ninguém, em sã consciência, pode ignorar a grande relevância da produção leiteira para a economia local, fato que se amplia a mais que a simples visão econômica do negócio, para contribuir valiosamente para as questões da alimentação básica e para os índices de nutrição de seu povo. Lamentável, Antônio José, é verificar que em nosso meio a oferta de leite para a população carente ainda se faz sem a proteção mínima de tratamento técnico adequado, minimizando ao máximo as ocorrências de veiculação de doenças potencialmente transmissíveis pelo leite mal cuidado e frequentemente adulterado. Como a única instalação em operação com leite no Cariri, recai sobre esta unidade fabril uma grande responsabilidade social que reclama mais apoio financeiro e de incentivo e proteção técnica para a sua expansão e a dinamização de suas atividades, especialmente governamental. Desejo parabenizar-lhes, Antônio José, e a sua equipe pela excelência daquilo que não cansamos de admirar nestas visitas, particularmente pela qualidade de seus produtos e pela renitente resistência que esta Associação manifesta, acreditando no sucesso crescente de seus empreendimentos. Sem dúvida alguma, este é um exemplo magnífico que homens de visão dão ao setor produtivo, desde esta célula básica da agricultura familiar, e que impacta socialmente para a grandeza do pais. Vocês estão de parabéns pelo sucesso da CAIPEMA, porque vocês fazem esta diferença.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 15.06.2015)

CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 20.06, sábado, às 17:30 horas, o filme O pecado de todos nós (Reflections in a Golden Eye, EUA, 1967), um drama dirigido por John Huston, com roteiro de Carson McCullers, Chapman Mortimer e Gladys Hill. Elenco: Al Mulock (Private), Brian Keith ( Morris Langdon), Douglas Stark (Dr. Burgess), Elizabeth Taylor (Leonora Penderton), Fay Sparks (Susie), Frank Flanagan (General Sugar), Friedrich von Ledebur (Lieutenant at Garden Party),Gordon Mitchell (Stables Sergeant), Harvey Keitel (Soldado),Irvin Dugan (Cap. Murray Weincheck), Jed Curtis (Accordionist), John Callaghan (Private),Julie Harris (Alison Langdon), Marlon Brando (Maj. Weldon Penderton), Robert Forster (Pvt. L.G. Williams), Ted Beniades (Sergeant), Trent Gough (Soldado), Zorro David (Anacleto). Sinopse: Weldon Penderton (Marlon Brando) é um major que vê sua carreira em franca decadência, após o término da 2ª Guerra Mundial. Seus problemas na carreira terminam influenciando também seu casamento, que vive uma crise que é acompanhada atentamente por um casal de vizinhos e um recruta que nutre uma paixão platônica por sua esposa (Elizabeth Taylor). Crítica: Logo no começo de O pecado de todos nós, percebemos que não se trata de um filme para qualquer público. A narrativa, lenta, e o clima denso entre os personagens escondem muito mais do que o espectador possa supor. Na trama, Marlon Brandon é um major linha dura, Whedon, casado com uma bela esposa, Leonora (papel de Liz Taylor). Seria um casal, além de belo, perfeito aos olhos da sociedade norte-americana: ele é trabalhador, militar, e ela uma dona de casa comunicativa e simpática. Há, contudo, uma série de poréns que o filme vai expondo aos poucos nesse casal saído de um comercial de margarina, que leva o espectador até o limite do suportável e do bizarro. Vaidoso, não demora muito para que Whedon se mostre um narcisista, do tipo que não para de se olhar no espelho e de cuidar dos seus cabelos. Faz exercícios físicos, como se sentisse assim jovem e atraente, mas o espectador sabe que ele está ficando velho e seu casamento sobrevive de aparências. Não se relaciona mais com sua mulher e dorme até em camas separadas. Sua mulher, aliás, é o exemplo da futilidade. Passa o dia todo apenas a cavalgar, com um cavalo cuidado por um recruta chamado Williams e a pensar numa forma de convidar pessoas para uma das festas em sua casa. Williams, aliás, é tratado com certo desprezo por Whedon inicialmente, quando este manda o recruta limpar os matos da área e o repreende ao vê-lo fazer o serviço errado. Até que um problema do major surge nas entrelinhas: Whedon é um homossexual enrustido. Ao ver Williams completamente nu, cavalgando em uma égua negra, Whedon desperta sua louca obsessão pelo rapaz. O que ele não sabe é que Williams é igualmente obcecado pela sua bela esposa, chegando até a invadir seu quarto por várias noites e, pior, ela tem um caso com um coronel mais velho e casado que mora ao lado. O coronel perdeu uma filha e, mesmo depois de três anos passados, sua mulher Alison, que sofreu horas no trabalho de parto, está doente tendo ataques de pânico. Ela sabe da traição mas mantém o casamento de pé assim como Whedon. As coisas começam a piorar mais ainda quando Whedon, desequilibrado pela sua condição, desconta toda sua raiva no cavalo da esposa, provocando uma briga e o total afastamento um do outro. Em uma noite, Alison vê Williams invadir a casa de Whedon, acreditando ser o seu marido. Ela descobre o rapaz no quarto da mulher, o que lhe possibilita que peça o divórcio ao marido para que possa ir embora. Alison joga a merda no ventilador para atingir tanto Whedon quanto ao marido – o fato de que Leonora não está só traindo Whedon, mas também ele mesmo com o recruta, embora o que ela tenha visto no quarto destoe da realidade e o resultado é sua morte pouco depois. O final caminha para o trágico, envolto até mesmo em cenas de suspense e que nos remetem a filmes de horror, com direito a chuva, trovoadas e relâmpagos, uma casa de andar mal iluminada e um assassinato que fecha a bizarrice e choca o espectador. Baseado no livro de Carson McCullers, Reflections in a Golden Eye, o filme deveria ser estrelado por Montgomery Clift, que morreu durante a produção e precisou ser substituído. A abordagem e o tom do filme nos mostra que todos os personagens, por baixo da aparência, não são normais. Normalidade, aliás, é uma palavra que não se enquadra no filme e em nenhum dos personagens, e isso inclui também o filipino empregado de Alison, que parece viajar em drogas o tempo todo, como se estivesse eternamente em uma apresentação teatral. Williams é retratado como um homem que beira a psicopatia: ele invade a casa de Whedon e segue para o quarto da mulher apenas para observá-la e mexer em suas coisas como se procurasse por suvenir. Quanto a Whedon, notem, sua obsessão faz com que ele persiga o homem e guarde suvenirs que o fazem recordar e conviver com sua sexualidade, como se neles pudesse realizar suas fantasias. Nesse sentido, Brandon dá um show de interpretação, trabalhando toda a problemática sem parecer estereotipado. Aqui e ali, de frente para o espelho, passando seus cremes de beleza escondido, trocando olhares para o rapaz, sozinho em sua casa observando seus suvenirs, Brandon constrói um personagem complexo e intrigante, uma bomba relógio que está prestes a explodir. Ao final, ao perceber a invasão do recruta em sua casa, deixa transparecer o seu medo por ter seu segredo revelado, mas também o seu desejo por achar que o recruta o conhece. É um trabalho ainda crível até hoje, digno dos melhores atores do cinema, sem sombra de dúvidas. Por trás do rosto ríspido e do jeito machão, Brandon trabalha nos detalhes, como numa noite que discursa involuntariamente sobre a vida dos homens na base, diante de sua mulher e do coronel, transparecendo o seu desejo de estar com outro homem ao dizer que os “inveja”. Um degrau abaixo, mas ainda assim eficiente, está Liz Taylor, como a mulher bela, mas fútil e infiel do major, mas que tem clareza suficiente para perceber, após a morte de Alison, que as coisas mudaram entre todos eles. Como citado anteriormente, o filme não é para qualquer gosto. Tem ritmo lento, meio melancólico, áspero e rígido, mas o trabalho de Huston é perfeito ao expor as mazelas do casamento aparentemente impecável e as debilidades de pessoas tão desequilibradas. De quebra, Huston mira e atira um míssil na cultura machista americana, ao trazer, em plenos anos 60, um tema tão complicado e difícil como a homossexualidade para dentro da vida militar – afinal, Whedon é uma pessoa que todos respeitam e o filipino que trabalha na casa do coronel infiel é uma figura gay que contrapõe a macheza de Whedon. Tudo isso com distanciamento e sobriedade para ninguém botar defeito. Preste atenção: no final do filme e em Whedon. Ele parece se conectar com outro personagem enrustido, cuja repressão sexual leva a alienação e a violência, o também perturbado Coronel Frank Fitts, papel de Chris Cooper em Beleza Americana (1999).
(Fonte: http://www.ccine10.com.br/o-pecado-de-todos-nos-critica/)

DE JOSÉ MALTA FONTES NETO
Recebi o texto AURA DO JUAZEIRO DO NORTE – TERRA DO PADRE CÍCERO, de autoria do jornalista alagoano, com recente estada na cidade, e que com muito prazer transcrevo neste espaço.
“Já ouvi muitas histórias do Juazeiro do Norte, a terra do Padre Cícero Romão Batista, mas nunca havia sentido a aura daquela terra.
O meu avô Alfredo Rodrigues de Melo, Alfredo Labareda, fundador do município de Carneiros, terra em que vivi os meus primeiros anos de vida, ancião respeitado pela sua dureza terminou os seus dias, na sua última existência, na condição de evangélico, mas um fervoroso adepto e admirador dos milagres do fundador do Juazeiro. Não cabe aqui contar o porquê, pois a história é longa, mas quem sabe um dia contarei.
No período de 04 a 06 de junho de 2015, tive a oportunidade de visitar a terra do Padre Cícero, na companhia do Dr. José Arrais Onofre. Visita esta a trabalho, mas nela pude vivenciar diversas experiências que enriqueceram a minha vida. Uma, em especial, tratarei nesse texto.
Quando resolvi a nossa viagem ao Juazeiro, e sabendo que um amigo devoto do Padre Cícero passava por certos problemas, comuniquei a ele que faria essa viagem e o mesmo pediu que um dia antes o encontrasse para que levasse um bilhete ao “Padim Ciço”, com o que prontamente concordei e ele ainda fez um pedido: já que era analfabeto, que fosse ao seu local de trabalho para que redigisse o tal bilhete. 
Mas, por ironia do destino, esqueci da promessa e só lembrei do amigo quando estava na Igreja de Nossa Senhora do Socorro, onde está sepultado o corpo do Padre Cícero. Pedi licença ao meu companheiro de viagem e sai até um lugar que pudesse me comunicar com o amigo que deixei em Santana do Ipanema. Fiz uma ligação telefônica e no diálogo perguntei se ele sabia onde eu estava e ele prontamente respondeu: - E você, está no Juazeiro do “Padim Ciço” e esqueceu de mim. Eu, prontamente, disse-lhes que havia esquecido de ir fazer com ele o bilhete, mas estava ali para cumprir a minha promessa. Informei que estava comprando um rosário, uma imagem do Padre Cícero e um pequeno adorno da lapela. E também que iria à Igreja do Socorro, colocaria essas compras no local onde foi sepultado o corpo do Padre Cícero e faria um pedido para o amigo. Ele agradeceu e aceitou a nossa indicação.
Assim o fiz, coloquei os presentes do amigo e silenciosamente, a minha maneira,  coloquei as intenções do romeiro que estava no Sertão Alagoano.
Continuei as atividades para a qual nos propomos, visitamos amigos, ganhei presentes que acredito ser tesouros e que há bastante tempo procurava. Dentre os presentes estava o livro PADRE CÍCERO – A sabedoria do Conselheiro do Sertão de autoria do professor, historiador, jornalista e escritor Daniel Walker.
Assim que retornei à Santana do Ipanema comecei a ler essa obra e para minha surpresa,  encontrei um texto que me deixou arrepiado, o qual transcrevo na íntegra:
“No tempo do Padre Cícero, os comerciantes de artigos religiosos: Joaquim Mancinho, Pedro Magalhães, Dandão, Lourencinho e Beata Rita também eram proprietários de casas para hospedagem dos romeiros que chegavam a Juazeiro. Para os romeiros falarem com o Padre Cícero eram obrigados a fazer compras na loja do proprietário do rancho em que estavam hospedados.
Logo depois da morte do Padre Cícero, Joaquim Mancinho contou-me o seguinte fato: “Eu, disse ele, estava certo dia na sala de espera da casa do Padre Cícero, esperando chegar a minha vez para apresentar meus romeiros a ele, quando deu-se uma discussão entre a Beata Rita e Manoel Lucas (sócio de Lourencinho). Cada qual queria apresentar primeiro seus romeiros ao Padre Cícero. Da sala vizinha, onde o Padre Cícero recebia os visitantes, ele ouviu a discussão e levantando-se da rede aproximou-se dos dois e disse: – Vocês vão logo se acostumando porque está bem próximo de meus romeiros chegarem a Juazeiro, podendo se hospedar onde melhor achar conveniente, fazer suas compras onde bem lhes convém, me visitar a qualquer hora e eu atendo suas preces, benzo suas imagens, seus terços e rosários sem ser preciso a interferência de vocês. Disse mais: “Isso acontecerá três anos e meio depois da minha morte. “Estarei aqui em espírito e verdade para velar por esta cidade que será perseguida, mas não vencida”.
Em 20 de dezembro de 1937, decorridos 3 anos e meio de sua morte, que ocorreu em 20 de julho de 1934, os devotos do Padre Cícero observando a má vontade de alguns sacerdotes em benzer as imagens que compravam, quando entre elas estava o retrato do Padre Cícero, daí em diante, por conta própria, passaram a se dirigir à Capela do Socorro, onde o corpo do Padre Cícero está sepultado e põem em cima da lápide do túmulo, seus objetos religiosos para serem bentos, fazem suas preces e saem contentes e satisfeitos como se ele ali estivesse.” (WALKER Daniel 2009 p. 65 e 66).
Ao concluir essa leitura, parei um pouco e coloquei o meu senso crítico para funcionar, analisando todos os acontecimentos vividos, as coincidências e as vivências de tantas pessoas que se repetem ano a ano. 
No hotel, à noite, passei um e-mail para uma amiga que muito estimo e que tem uma longa ligação com o Juazeiro do Norte, a antropóloga santanense, Luitgarde Oliveira Cavalcanti de Barros, que me respondeu com a seguinte mensagem: “Muito bem, dê lembranças ao Daniel Walker e reze muito na Igreja do Socorro, que o Padre Cícero nos abençoa a todos. Bendito seja quem vai ao Juazeiro. Abração, Luitgarde”
Hoje escrever essas linhas, posso assegurar com a batuta de pesquisador,  que muito ainda teremos que conhecer daquela terra encravada no Vale do Cariri, mas que, na Aura do Juazeiro do Norte a presença forte do Padre Cícero e algo notável, até para os céticos.”

domingo, 14 de junho de 2015

BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
160: (08.06.2015) Boa Tarde para Você, comunidade do Orfanato Jesus, Maria e José
Há um bom tempo, recebi do professor Antônio Figueiredo um belo trabalho sobre o Orfanato Jesus Maria José, instituição que foi fundada pelo Padre Cícero Romão Baptista em 8 de abril de 1916. No princípio, a casa que se destinava a receber órfãos da região do Cariri, por designação do próprio padre, foi dirigida por dona Joana Tertulina de Jesus, tão conhecida como beata Mocinha. A instituição funcionou numa casa que pertencia ao Pe. Cícero, situada bem no começo da Rua São José, e isto durou até o ano de 1933. Para ampliá-la, Pe. Cicero transferiu o Orfanato para um local mais adequado, num prédio de sua propriedade, encontrando-se hoje rua Cel. Antônio Pereira, 64, no bairro Santa Tereza. Neste conjunto que ainda hoje guarda o aspecto da arquitetura da época, onde outrora era a fazenda do Dr. Floro Bartholomeu da Costa, a casa passou a funcionar a partir de 1933 e data desta época a transferência para a Congregação das Filhas de Santa Teresa. Esta Ordem religiosa, fundada por D. Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva e Madre Ana Alvares Couto, em 1923, assumiu a direção da casa logo após a morte do Pe. Cícero, em 1935. Nos seus apontamentos, o prof. Figueiredo registra o “amor como estas irmãs se dedicaram em todos estes anos a esta obra de caridade até os dias atuais, atuando também como escola de 1º grau Jesus Maria José para a educação das crianças internas e da comunidade.” Problemas financeiros e alguns condicionantes sociais no ambiente terminaram por impor à instituição um novo direcionamento de suas ações a partir de 1996. Neste período a instituição não pode mais contar com o apoio dos governos municipal e estadual e assim teve que fechar a escola regular. As irmãs continuaram seus trabalhos com o regime de externato, como entidade civil filantrópica, de caráter beneficente, educativo, cultural e de assistência social às crianças pobres e abandonadas, garantindo um futuro sólido e digno na sociedade. Na atualidade, ela se mantém funcionando, conservando-se fiel ao propósito para a qual foi criada, o de educar para a cidadania, e assistindo mais de 150 crianças e adolescentes. Suas atividades são bastante diversificadas, contemplando muitas ações no formato de oficinas que oferecem atenções para reforço escolar, aulas de inglês, teatro, dança, contação de histórias, pintura, desenho, música instrumental (violão e teclados) e canto coral. Oferece atividades de esportes, catequese, biblioteca infantil, e reuniões com famílias, clube de mães e escola de cidadania. No último dia 8 de abril, esta comunidade a quem hoje saúdo com grande afeto, tendo à frente a sua provincial, Irmã Vera Lúcia de Andrade, e ao seu lado as irmãs Francimária, Zenilda, Lia e Helenice, iniciaram uma mobilização para a justa celebração do centenário da instituição, a transcorrer em 8 de abril de 2016. Tantos anos decorridos com tão meritório trabalho de promoção social e de resgate da cidadania para com crianças e adolescentes, esta casa está mais uma vez apelando para o nosso sentimento fraterno de solidariedade à sua missão. Não há como transferir a nossa responsabilidade social por uma obra com este gigantismo, com o propósito de sua finalidade, com a herança que nos toca e com a necessidade que vem sendo posta de que ela seja uma obra sempre marcante pelo que contribui para a nossa humanidade. Ao saudá-la nesta tarde, querida comunidade das filhas diletas de Santa Teresa d´Ávila, no ano emblemático da celebração de seu quinto centenário, faço por estes termos a minha conclamação pessoal para despertar em cada um dos que vivem nesta terra, a necessária adesão aos seus objetivos. Vamos lá, minha gente, vamos lá senhor prefeito municipal, senhores vereadores, senhores empresários, povo generoso desta terra amada, vamos participar concretamente para dar a sustentação necessária a esta grande obra. Telefonem, por favor, para a Ir. Francimária, diretora da obra, pelo 3511.1692 e juntem-se a nós como era o grande desejo do Padre Cícero, porque é também o desejo de todos nós. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 08.06.2015)

BOA TARDE (II)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
161: (12.06.2015) Boa Tarde para Você, Hilton Cruz
Estamos vivendo até o próximo dia 13 neste nosso Cariri a tricentésima quinta festa de Santo Antonio em Barbalha, com festejos sempre tão aguardados e celebrados, desde a tradição da escolha, corte, transporte e hasteamento do pau da bandeira. Esta festa há muito tempo deixou de ser apenas uma manisfestação do calendário municipal para ser relevada pela grande mobilização que se verifica desde o barbalhense mais simples que retorna ao encontro da familia e dos amigos, para ser um elemento forte de nossa desejada integração metropolitana. Em meio a esta ambiência festiva é que tive a oportunidade outro dia de reencontrá-lo, Hilton Cruz, para matar as saudades de uma boa conversa consigo, para conhecer mais a fundo as suas histórias que nos falam com propriedade sobre as perspectivas deste Cariri canavieiro. Encantei-me por ouvir de você uma concepção mais nova, pelo menos para mim, de um bem cuidado projeto de ecoturismo para Barbalha, arrimado em forte patrimônio que se assenta entre povo, água, solo e cultura, se assim pude traduzi-lo em sua essência. Em séculos de trabalho, de conquistas e tradições, a visão que se tem hoje de Barbalha é que tudo caminha para um perfeito encaixe na visão de um forte aparelhamento para o mais avançado desenvolvimento motivado pela garra e determinação de sua gente. Acho e assim compreendi, Hilton, que da sua concepção é necessário fazer um grande entrelaçamento destes fartos recursos bem elaborados pela natureza exuberante de sua geografia, especialmente da sua riqueza hídrica, principalmente entre Caldas, Arajara e Riacho do Meio. Faz se necessário, igualmente, e nisto concordo plenamente, reunir nesta visão a presença marcante dos mestres deste povo, por sua cultura fantásticamente assinalada por manifestações de brilho e entusiasmo, pelo canto, pela dança e pelos folguedos. É importantíssimo que pelo dulçor da cana de açucar embalem-se histórias, conquistas e sonhos de uma terra dadivosa que passou por engenhos, como o Tupynambá e dezenas de outros, embora hoje sejam tão poucos, no roteiro da Bulandeira, do Estrela, do Venha Ver até o Brejão. A atualidade vibrante e tão expressiva de empreendimentos agro-pecuários e industriais é parte deste contexto para que não se viva apenas da memória saudosista, senão na crença mais pragmática de uma luta diária por investimentos que promovam riquezas. Penso como você, Hilton, pois a criatividade nestas concepções de novos olhares sobre o turismo, como o religioso e o ecológico, além dos valores históricos e da tradição, obrigatoriamente privilegiam as oportunidades de negócios desde a agricultura familiar até o que se revoluciona pela tecnologia. Faço votos e torço para que uma parte disto, a depender de empresários de visão que cheguem juntos na acolhidas de idéias inovadoras e bem concebidas como esta sua, Hilton, se realize com ações articuladas de modo a perenizar fluxos, retirando a fragilidade dos eventos sazonais. Outra parte deste esforço depende do poder público que deve nos satisfazer com os investimentos para uma melhor capacitação da infraestrutura urbana, bem como o sistema viário e outros equipamentos, como já foram pensados investimentos com hotelaria e teleférico. Que grande momento este e tão grande sorte esta da Barbalha que se dizia pequenina, para lembrar aqui as inesquecíveis figuras de Antonio Costa e Edmundo Sá, como os conheci, e que pode dispor de um governador tão amoroso por esta causa! Esta alegria que encontro no seu viver e na dedicação permanente a sua Barbalha, Hilton, eu também a encontro nos versos encantadores de dona Alacoque Sampaio a nos dizer com tão grande sentimento, do orgulho por sua terra natal. Ela nos deixou um velho canto novo que fala de sua cidade, de fé e esplendor, nas esperanças de alegrias que hão de vir, das lutas cheias de ardor, dos que batalham em seu favor, dos que passaram fazendo o bem, dos que lutaram como heróis, os que brilharam quais lindos sóis e os que fazem cantar, “Barbalha, essa saudade que a gente tem!"
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 12.06.2015)

OS BARULHENTOS
Os Barulhentos foi um conjunto musical que existiu nesta cidade nos anos 60, a partir de 1965, nos bons tempos da Jovem Guarda. Era integrado por Alexandre Júlio Gondim de Souza (baterista), Paulo de Tarso Gondim Machado (guitarrista base), Francisco de Assis Menezes Júnior (Assizinho) (guitarrista solo), José Alberto Moreira (Zezo) (contra-baixo) e a croner Diana Moreira Menezes, posteriormente também integrado por Juvêncio Gondim Medeiros. Encerraram suas atividades em 1969, finalzinho do tempo da Jovem Guarda. Os Barulhentos fizeram muito sucesso em Juazeiro do Norte e até hoje o conjunto é lembrado com muita saudade por quem viveu aquele bom tempo de juventude nesta cidade. O grupo resolveu ser novamente formado para celebrar os seus 50 anos. E o farão em grande estilo em noite marcada para o 4 de julho próximo, quando promoverão uma apresentação para matar a saudade, em show previsto para o largo espaço do Hotel Verde Vale, ocasião em que lançarão um CD que gravarão com o título de Friends.

ANTENA & AEROPORTO
A altura do equipamento vinha impedindo que 120 metros da pistas pudessem ser utilizados . Em cumprimento à liminar obtida pelo Ministério Público Federal (MPF) na Justiça Federal, a antena de telefonia da operadora Oi, que violava o plano de zona de proteção do Aeroporto Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, teve o tamanho reduzido pela empresa, segundo informou o MPF na última  sexta-feira,  dia 5. Com o rebaixamento da antena, todos os 1.800 metros homologados da pista podem ser utilizados por aeronaves que pousam e decolam de Juazeiro do Norte. A torre de celular invadia em 2,9 metros a superfície de aproximação das aeronaves. Isso conforme apurado pelo procurador da República Rafael Rayol em inquérito civil público instaurado no MPF para acompanhar o processo de homologação de mudanças no aeroporto, que incluem o aumento da pista de pousos e decolagens. A altura do equipamento vinha impedindo que 120 metros da pistas pudessem ser utilizados. Em 20 de abril, o procurador requereu à Justiça que determinasse a desmontagem ou rebaixamento da torre imediatamente e teve o pedido atendido. Em 30 de abril foi concedida a liminar estabelecendo prazo de 15 dias para que a operadora de telefonia procedesse com o rebaixamento da antena, o que foi cumprido pela empresa. No total, a antena foi rebaixada em quatro metros. O Comando da Aeronáutica, ciente do cumprimento da decisão judicial liminar, informou ao MPF que estava suspenso o documento (Notam) que restringia, por questões de segurança, o uso da pista do aeroporto. A redução do tamanho da pista para pouso e decolagem interfere nos tipos, tamanhos e peso total das aeronaves que podem operar num aeroporto. Ainda conforme o MPF, a ação contra a operadora Oi Movel S.A. tramita na 16ª Vara da Justiça Federal do Ceará.

CIDADÃOS JUAZEIRENSES
A cidade tem novos cidadãos honorários. Veja os atos: RESOLUÇÃO N.º 762 DE 28.05.2015. Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Jornalista Cícero Roberto Crispim, pelos inestimáveis serviços prestados à nossa comunidade. Autoria: Auricélia Bezerra Coautoria: José Tarso Magno Teixeira da Silva – Cláudio Sergei Luz e Silva - Glêdson Lima Bezerra e Normando Sóracles Gonçalves Damascena. Subscrição: Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Nivaldo Cabral de Moura, José Ivan
Beijamim de Moura, Danty Bezerra Silva, Francisco Alberto da Costa, Antonio Vieira Neto, Rubens Darlan de Morais Lobo, Firmino Neto Calú e pelas vereadoras Maria Calisto de Brito Pequeno e Rita de Cássia Monteiro Gomes. RESOLUÇÃO N.º 763 DE 28.05.2015. Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Exmo. Sr. Juiz Federal do Estado do Paraná Dr. Sérgio Fernando Moro, pelos inestimáveis serviços prestados à nossa comunidade. Autoria: José Tarso Magno Teixeira da Silva Subscrição: Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Nivaldo Cabral de Moura, Danty Bezerra Silva, Francisco Alberto da Costa, Firmino Neto Calú, João Alberto Morais Borges, Normando Sóracles Gonçalves Damascena, José Adauto Araújo Ramos, Cícero Claudionor Lima Mota, Glêdson Lima Bezerra e pelas vereadoras Auricélia Bezerra e Rita de Cássia Monteiro Gomes.
Comentário: O Dr. Sérgio Fernando Moro está atualmente em grande evidência pois comanda as investigações sobre a operação Lava-Jato em Curitiba. Conforme a Wikipedia, “Sérgio Fernando Moro é filho de Odete Starke Moro e Dalton Áureo Moro, ex-professor de geografia da Universidade Estadual de Maringá. Sérgio formou-se em direito pela Universidade Estadual de Maringá em 1995, tornando-se juiz federal em 1996. Também cursou o programa para instrução de advogados da Harvard Law School em 1998 e participou de programas de estudos sobre lavagem de dinheiro promovidos pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. É Mestre e Doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente é Juiz Federal da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, ministra aulas de processo penal na UFPR e comanda a operação Lava Jato. Moro é casado e tem dois filhos. Além da Operação Lava Jato, o juiz também conduziu o caso Banestado, que resultou na condenação de 97 pessoas, atuou na Operação Farol da Colina, onde decretou a prisão temporária de 103 suspeitos de evasão de divisas, sonegação, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro – entre eles, Alberto Youssef. Moro já foi indicado pela Associação dos Juízes Federais do Brasil para concorrer a vaga deixada por Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. Foi eleito o "Brasileiro do Ano de 2014" pela Isto É e um dos cem mais influentes do Brasil em 2014 pela Época. Na décima segunda edição do Prêmio Faz Diferença do jornal O Globo, foi eleito a "Personalidade do Ano" de 2014 por seu trabalho frente às investigações da Lava Jato. 

sábado, 6 de junho de 2015

BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
159: (06.06.2015) Boa Tarde para Você, José Humberto Mendonça
Quero cumprimentar lhe por suas reflexões na página de opinião do Diário do Nordeste no último fim de semana quando abordou de forma clara, objetiva e contundente a questão da decadência política vista do lado das administrações municipais. Temos cada um de nós, a obrigação moral de fazer reverberar esta angústia que está expressa na feição do povo brasileiro e que denuncia o grande desapontamento que temos pelos nossos gestores, exatamente porque não caíram do céu e estão aí por obra e graça dos nossos votos. Realmente, Humberto, é muito simplório creditar à conjuntura do pais, a necessidade expressa pela Frente Nacional de Prefeitos, fixando em um crescimento da ordem de 4% como tábua de salvação para os municípios, como forma de se livrar da penúria que muitos declaram. Lamentavelmente, temos que falar, e mais que isto, denunciar a roubalheira que se instalou como regra geral entre as instâncias de executivo e legislativo, contaminando extensivamente tudo o que cerca as administrações públicas, quaisquer que sejam as demandas por alimentos, medicamentos, e serviços, em negociatas de toda sorte. Como você bem o diz, Humberto, a grande omissão deste corporativismo é altamente preocupante, pois nem mesmo os integrantes destas agremiações e muito menos os grandes partidos políticos do pais, encastelados também em todas as siglas horrorosas que se conhecem bem por seus podres, enxergam a necessidade de por em prática o exercício mínimo de uma seleção para seus quadros. O brasileiro, este cidadão exemplar, cumpridor leal de sua cidadania, é um ser diferenciado desta marginalidade que parece confundi-lo na lama comum do desrespeito, da vergonha nacional de ter a sua própria representação política assinalada por todo o tipo de desmando. Há pouco, o parlamento nacional deu o tom mais triste do que se perpetrou como pretensa reforma política, estabelecendo a continuidade da mesmice e perdendo o trem da história para reformar parte do estado nacional, de modo a levantar a autoestima deste povo, em busca de melhores dias. Já não temos dúvida, Humberto, que dentro em breve este pais e os nosso pobres municípios novamente serão assaltados em busca do voto para a eleição destes novos velhos prefeitos, gente sem competência e compromisso público com a fragilidade destas comunas e do seu povo. Vivemos nós, especialmente aqui neste Juazeiro do Norte que você tão bem conhece, a ansiedade de que esta última fase negra de uma administração desastrosa venha logo a se interromper por um novo sonho que nos alimente na esperança por tudo aquilo que não foi possível ver realizado. Os sinais de uma campanha para a substituição necessária do quadro atual já está ganhando corpo pelas ruas com uma relação de mais de quinze pretensos candidatos, gente de ocasião, onde a maioria figura sem que se acredite no menor preparo para o cargo. Triste sina esta, novamente revista e ampliada, de um município com este a demonstrar a exuberância de indicativos de crescimento urbano e de alguns dados econômicos, a se conservar refém da perversa maldade de homens públicos improvisados. Pelo andar da carruagem, dentro de dez anos, Humberto, Juazeiro do Norte terá um contingente populacional de meio milhão de habitantes, que seguramente estarão sendo maltratados pelas péssimas condições da infraestrutura da cidade, espremidos nas filas dos debilitados serviços de saúde, e uma parte fora da escola de má qualidade que não conseguimos reformar. Também por aqui, temos que insistir no martelo de que a crise atual não pode ser vista apenas pelo indicador de números frios, como se tudo fosse insuficiente, e como se tudo servisse à sanha insaciável dos que querem continuar roubando os recursos do povo. A tecla é antiga e volta e meia é necessário batê-la para não deixarmos de lado a insistente preocupação de que a crise é ética e moral e só se reforma com respeito, com honestidade, e com o compromisso civil de zelo pela coisa pública. Mas isto tudo parece estar tão longe de nós, que uma boa parte, lamentavelmente, vai permanecer alienada, alheia do grande embate onde ainda teremos forças suficientes para recusar a via mais fácil de que alguns querem se acercar do poder para o seu próprio enriquecimento. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 05.06.2015)

CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe hoje, dia 06.06, sábado, às 17:30 horas, o filme Meu passado me condena, é uma comédia dirigida por Júlia Rezende, (Brasil, 2013). Elenco: Fábio Porchat, Miá Mello, Inez Vianna, Marcelo Valle, Rafael Queiroga, Juliana Didone e Alejandro Claveaux. Sinopse: Fábio (Fábio Porchat) e Miá (Miá Mello) são dois recém-casados que resolveram trocar alianças depois de apenas um mês de namoro. O casal decide passar a lua de mel em um cruzeiro que parte do Rio de Janeiro em direção à Europa. Porém, os dois logo descobrem que um ex-namorado dela (Alejandro Claveaux) e uma antiga paixão platônica dele (Juliana Didone) também estão a bordo.  

CIDADÃO JUAZEIRENSE
Pela RESOLUÇÃO N.º 761 de 26.05.2015, o Presidente do Poder Legislativo de Juazeiro do Norte,
Estado do Ceará, faz saber que a Câmara Municipal aprovou e ele promulga esta Resolução, através da qual: Art. 1.º - Fica concedido, nos termos do artigo 198 e seguintes da Resolução de n.º 297/2001 (Regimento Interno), o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor Raimundo Farias Gregório, pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade juazeirense. Art. 2.º - A honraria será entregue em sessão solene destinada a esse fim, em data a ser estabelecida pela mesa diretora da Câmara. Autoria: João Alberto Morais Borges; Coautoria: Cláudio Sergei Luz e Silva; Subscrição: Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, José Ivan Beijamim de Moura, José Nivaldo Cabral de Moura, Cícero Claudionor Lima Mota, José Tarso Magno Teixeira da Silva, José Adauto Araújo Ramos, Normando Sóracles Gonçalves Damascena, Glêdson Lima Bezerra, Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, Francisco Alberto da Costa, Auricélia Bezerra, Maria Calisto de Brito Pequeno e Rita de Cássia Monteiro Gomes.




BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
120: (16.02.2015) Boa Tarde para Você, Cícero Wagner de Almeida Pinheiro
Fazia bom tempo que não lhe via, meu amigo Ciço Wagner, e no nosso último encontro na Praça você foi direto, sem me dar chance de um abraço, quando me perguntou: O que fazer para salvar o nosso rio Salgadinho? Eu já pus no papel e divulguei as minhas mágoas ao ter visto em 50 anos de contemplação a gradativa degradação deste riozinho de minha aldeia que hoje se apresenta tão completamente descaracterizado, como se fosse parte da nossa rede de esgoto a céu aberto. Se não for uma visão muito simplista, estribada em longos 22 anos com a experiência gratificante de ter aprendido a respeitar o meio ambiente como gestor de uma estação de tratamento de efluentes, e respondendo a seu questionamento, eu enumeraria os seguintes propósitos: Primeiro: Você - Bagada, eu, o prefeito, o vereador, o juiz, o bispo, o delegado, o chefe de família, a dona da casa, o cidadão cumpridor de seus deveres civis e pagador de impostos, todos, enfim, temos de fazer um esforço para não continuar jogando nossas fezes no Salgadinho. Segundo: Não é possível conviver com os lançamentos não autorizados, a propósito de não querer pagar pelo serviço público, sob qualquer pretexto de valores de tarifas, pois afinal que diferença há neste nosso entendimento sobre luz, telefone, água e qualquer outro serviço público e comunitário? Terceiro: É precioso combater este espírito de porco que há onde menos se espera e que vem de espertezas de grandes impactantes como os equipamentos do próprio município, e instalações tais como as industriais, as comerciais e as de serviços. Quarto: Custe o que custar, o Salgadinho precisa de uma grande intervenção que implique na sua revitalização, sem dispensar a necessária canalização urbana, mesmo porque isto permitirá a ocupação de solos que hoje impedem a expansão urbana em certas direções. Quinto: Evidentemente não basta fazer qualquer coisa com o Salgadinho se a infraestrutura de saneamento da cidade não for agregada com um mais amplo serviço de drenagem e a melhoria urgente da Estação de Tratamento da CAGECE. Talvez isto não esgote tudo o que de bom ainda temos para fazer por este riacho, já que ele é parte desta mínima geografia de um município que vive dia-a-dia o agravamento de suas questões ambientais, acentuadas pelos parcos recursos hídricos. A crise da água, como no sudeste, tem mostrado a inadiável necessidade de tratar estes efluentes que emporcam os rios, para que, uma vez tratados, se destinem a reuso humano, controlado, para que não fique a impressão de que vamos novamente beber e tomar banho com esgoto. Foi o que vi outro dia, perplexo, pela voz autorizada de meu antigo mestre de recursos hídricos na USP, prof. Ivanildo Espanhol, a nos falar da necessidade de potabilizar as águas de reuso, lançadas em algum manancial, após o tratamento de bacias de estabilização, como as que temos aqui. Não seria nada estranho, Dr. Cícero Wagner, você que é engenheiro, compreender que necessitamos também constituir mais espelhos d´água em nosso município, como lagos e lagoas de modo a nos ajudar a suportar a agressividade destes efluentes e as perturbações climáticas que vivemos. Mas, não há dúvida, a solução correta para o rio Salgadinho também depende de como temos que enfrentar o que já vem desde o além de nossas fronteiras, de outras contribuições sobre as quais nenhuma ingerência, nem nós nem o nosso poder público tem. Por isso mesmo, ela é cara, é demorada, é complexa e jamais será ação da vontade de um só homem, por maior que seja o seu interesse, determinação e dedicação. Mas, não temos que nos animar ou nos conformar com algo que difira disto, pois o Salgadinho, desgraçada seja a sua situação, simplesmente não pode ser riscado do mapa, nesta pouca Geografia do município, como já nos advertia o Pe. Murilo de Sá Barreto, para que nos façamos alegres, com as muitas Histórias de nossas vidas que temos para contar. Isto tudo é urgente, urgentíssimo, pois esta é uma das coisas que necessitamos fazer por este nosso Juazeirinho, para não deixarmos nada para depois. Nem o futuro que a Deus pertence.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 16.02.2015)

BOA TARDE (II)
121: (18.02.2015) Boa Tarde para Você, Elizabeth Ribeiro Tavares
Eu tenho sido advertido por diversos amigos e até pessoas que me reconhecem pelas ruas que estas crônicas devem lembrar, num tributo muito merecido, e em sinal de resgate da vida e da obra de muitas pessoas ilustradas, e principalmente de anônimos esquecidos, para relevar-lhes nos seus grandes exemplos. Por alguma razão que não se assemelha a nenhuma descriminação de que tenham sido lembradas algumas pessoas do meu afeto comum, eu me penitencio aqui que não tenha sido possível, em vida, saudar nestas crônicas o Francisco Silva (Foguinho), o Francisco de Assis Ferreira Lopes (o Escurinho), e por último, o José Tavares Noca. Ontem, Elizabeth, estivemos ao seu lado e junto de seus familiares durante a celebração da santa missa, no sétimo dia da ressureição de seu pai, José Tavares Noca, falecido aos oitenta e três anos, no último dia 11. Bem imagino como tem sido duro para vocês receber todo este apreço, numa procissão interminável que procura confortar-lhes diante desta ausência que não quer calar, num sentimento próprio do que Rachel de Queiroz já nos estimulávamos a crer: “Somos imortais, não somos imorríveis”. Por estes dias, uns falaram em boa prosa, outros, como Jevan Siqueira, lembraram em poesia, pois ao Zé por todos nós perdido era parte deste clima nostálgico de tantas memórias da ambiência destas velhas amizades, entrecortadas por sons de músicas inesquecíveis. Jevan, por exemplo, Elizabeth, escreveu: “Quando um livro perde a página / Perde o gosto e a poesia / É quando se perde um amigo / Completando sete dias / É um adeus que se deu / foi pra nós um grande adeus / A José e à boemia.” “Sete dias sem o amigo / Nosso Zé Tavares Noca / um amigo sem rasuras / que não era de fofoca / Essa viagem ele fez / Foi direto de uma vez / Sem pular nenhuma grota.” “Seus amigos ainda choram / Zé Tavares sua partida / Nos deixou órfãos e com dor / Que não vai ser esquecida / Se desse certo juntar / Seus amigos pra formar / Outro Zé pra nossa vida...” Nestas circunstâncias, costumo lembrar a carta de Paulo a Timóteo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” Por todos os motivos, Elizabeth, Zé Tavares foi um homem simples e ninguém deixou de nos dizer quanto foi bom e prestativo, alegre e solidário, sendo sempre uma presença desejada, alguém que nos trouxe um clima ameno na conversa e no relacionamento, e por isto vai fazer falta. Por paradoxal que nos posso parecer é esta falta que vai nos consolar, a certeza inevitável que ele nos legou uma perspectiva de busca, aquilo que não deve nos satisfazer apenas pelo necessário, senão pelo fundamental, o que alimenta a nossa luta em todos os momentos de nossas vidas. O Zé Tavares despediu-se de nós e o fez não porque viveu uma vida pequena, superficial e inútil, mas porque soube marca-la com um sinal de paz, com um serviço que foi ao próximo e por um legado que sua família enaltece. Estes fazem e farão falta, Elizabeth, pois não é sendo o famoso que se justifica nesta memória, nesta querência, neste afeto, é aquele que se reconhece pela obra que nos lega e que alegrou e confortou nossas dores e nossos momentos. Foi-se Zé Tavares para a eternidade dos nossos sonhos e em cada um de nós ficou a imagem de um homem bom, um companheiro agradável em todos os momentos mais simples da vida, alguém que não se fez banal, nem banalizou-se no caminho da vida que viveu.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 18.02.2015)

BOA TARDE (III)
122: (20.02.2015) Boa Tarde para Você, Pe. Giuseppe Venturelli
Giuseppe Venturelli, este mesmo que seguimos apelidando de José, filho de Lucia e Giovanni Venturelli, nascido em 26 de agosto de 1944, em Sona, Itália, e ordenado padre em 26 de Março de 1972, em Verona, é este Salesiano que está conosco há uns 15 anos, se mal calculo. Seus amigos mais antigos na missão em Areia Branca, RN, desde os idos de agosto de 1978, falam ainda hoje com certo orgulho, do fato que este José, em demorados 16 anos de trabalhos como Diretor da obra e vigário, terminou se incorporando à história do lugar. Venturelli veio para o Nordeste, sendo um dos pioneiros da nova fronteira missionária que contemplava Areia Branca, Grossos, Tibau e Serra do Mel, construindo casas populares, escola especial, centros juvenis, centros de pastoral paroquial, oficina mecânica e outros marcos. Terminada esta fase importante da vida missionária, o Pe. José, como se referem os potiguares, a Inspetoria do Nordeste o removeu para novo e importante desafio, na direção deste Juazeiro, aqui tendo acumulado funções de responsabilidade em diversos segmentos da Ordem entre nós. Mas foi como administrador do Horto, propriedade secular no topo da Serra do Catolé, que Venturelli termina por legar o melhor do seu empenho, com a construção da ansiosamente aguardada Igreja do Bom Jesus do Horto, edifício proibido desde os idos de 1904. Mas, Pe. José Venturelli deverá ser reconhecido também como alguém que lutou e conseguiu restaurar a Estátua do Patriarca, o velho Casarão do Pe. Cícero, as Muralhas que protegeram o Juazeiro na Sedição de 1914 e a respectiva Casa da Pólvora, as melhorias do Acesso ao Santo Sepulcro e outras obras de arte do sítio histórico. Eu considero importante o seu esforço para melhorar o Museu da Casa do Pe. Cícero, um dos mais visitados museus deste pais, embora me mantenha como um crítico severo do estado em que os Salesianos insistem em deixa-lo à margem de investimentos, ao relevo que ocupa. Agora estamos sabendo que a Pia Sociedade de São Francisco de Sales, a ordem Salesiana, por sua Inspetoria do Nordeste está removendo o Pe. José Venturelli para novos encargos em destino, pelo menos a mim, não revelado. A verdade é que ao lado do nosso entendimento quanto difícil será substituí-lo, não há o que retocar naquilo em que tememos pelo futuro do Horto, como propriedade privada Salesiana, herança de um patrimônio da nação romeira, e sítio de uma das mais amplas responsabilidades sociais existentes entre nós. Para se fazer respeitado e para fazer respeitada a obra que representava, o Pe. José Venturelli feriu muitas sensibilidades, todas contrariadas entre iniciativa privada e poder público, pois foi grosseiro, deselegante, mal educado, truculento, e até pareceu desrespeitoso. Mas, justiça se faça, pois José Venturelli não foi o mal necessário à retomada do Horto como uma parte desta terra sagrada, autêntico refrigério sertanejo, senão o operário de uma grande obra, deste novo templo que consome sangue e suor nordestino, dos afilhados do Padre Cícero. Por isto, Pe. Venturelli, com as minhas desculpas, se assim lhe convenço na minha sinceridade, hoje eu posso lhe afirmar que lhe dedico o respeito necessário ao que você nos deixa, ao daqui sair para uma nova missão, reconhecendo o zelo, o empenho e a responsabilidade por tudo quanto realizou. Não é problema seu, se você nos deixa incertezas e temores que se acendem no alto da serra, se nos parece pouco crível que alguém esteja pronto para sucedê-lo, a ponto de manter a ordem, a paz, e aquele recanto quase paradisíaco, à margem da violência urbana. Desejamos felicidades à sua vida, a estes novos caminhos que a sua Ordem lhe impõe, porque ela sabe, como ninguém, muito mais que nós, quem a este tempo e aos seus caminhos foi o missionário temperado que se forjou na vida destes sertões. O Horto, e tudo o que se configurou no alto da colina, como parte desta Jerusalém terrestre, vai ficar sob as nossas vistas, vigilantes e apreensivas, e a nossa boa vontade para continuar fazendo por sua preservação, para que ela nunca deixe de ser aquela derradeira paragem da utopia sertaneja.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 20.02.2015)