sábado, 18 de fevereiro de 2017

BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que semanalmente estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de quartas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
248: (15.02.2017) Boa Tarde para Você, Maria do Socorro Ribeiro de Oliveira
Recebi com satisfação a notícia que você, Socorro, está de volta ao Cariri para um novo encargo e grande responsabilidade para sua competência, integrando a equipe da nova gestão municipal barbalhense, à frente da comunicação social na prefeitura. Você está trazendo para cá, seguramente, uma performance amadurecida ao longo de sua carreira profissional, para cobrir jornalisticamente a vida política e administrativa de municípios que desafiaram suas habilidades, tornando-se conhecida pela determinação de fazê-lo primorosamente. Quero me congratular com a administração barbalhense por este empenho em buscar o melhor também nesse setor, tão importante para a vinculação mais imediata de povo e gestores e que não pode ser visto como instrumento fácil do proselitismo político dos chefes da municipalidade. Há um tempo atrás, procurando uma notícia sua, sempre lamentando que o tempo nos distanciou, me disseram na Assembleia Legislativa: - A Socorro se aposentou! E eu pensei comigo, será o “impossível”, nós que sabemos daquela menina irrequieta, dinâmica e nunca desocupada? Mas, enfim, você está aqui nesse Cariri para trabalhar por ele, pois certamente você bem sabe que estando a trabalho de um ou outro município, felizmente os tempos nos indicam que é pelo Cariri que o fazemos, pois temos em comum essa esperança por essa metropolização de nossa região. Penso, sinceramente, Socorro, que para profissionais como você, com o seu perfil, recai parte expressiva desse trabalho, na sua esfera cidadã, para reforçar a corrente que nos levará a gestos amadurecidos para tratar desses nossos interesses comuns, antes das divisões paroquiais. O conceito de metropolização não é tão antigo, mas ele encerra o que se inova em torno de um processo eficiente para o crescimento urbano de uma cidade, numa área em que vários municípios podem perseguir a interligação necessária, a solução comum ao sucesso da região. Lutamos por sua implementação, procurando evitar, ao contrário, que isso produza um efeito negativo, o que os técnicos chamam de desmetropolização, frustrando o avanço que se pretende na melhoria da qualidade de vida, na ocupação plena do cidadão e o crescimento da renda. E nisso, longe de mim adiantar qualquer coisa, pois sou lembrado que você há vinte anos fez parte dessa história, tendo aqui sido peça chave para a implantação do jornal diário, a nova fase de um velho título, Jornal do Cariri, casualmente nascido em Barbalha, aí pelo ano de 1904. Naquela época, veja só, nasceu esse jornal atrelado a uma carta de princípios – não uma peça de retórica, mas um código para procedimentos que se alicerçavam em ética e moral, indicando o serviço a ser prestado quanto à visão de desenvolvimento que se preconizava. Quando o Jornal do Cariri renasceu em 1997, lembro o notável trabalho daquela primeira fase, especialmente, entre as edições primeira e a de número 489, ainda em Crato, e que contava com você, Socorro Ribeiro, à frente da Editoria, além dos notórios valores de Cícero Pereira, Elisete Cardoso, Fabíola Nascimento e Elizângela Santos. Tive o privilégio de ver isso de perto, na prática, vivendo essa experiência maravilhosa, integrando o seu Conselho Editorial, o que ainda hoje me conserva fiel à sua leitura semanal, na convicção da maior valia que esse instrumento nos trás, na sua sucessão com grandes valores. Se não me engano, esse primeiro desafio que você enfrentou, tinha essa cara, o de que por num jornal diário, nunca antes experimentado com essa dimensão, aí se tinha uma ferramenta factível para se aliar às forças que queriam um Cariri mais forte e solidário. Lamentável é que no concerto das comunidades emergentes em nosso pais, o Cariri cearense nesse particular, talvez pela forte influência das novas mídias eletrônicas, não tem uma boa convivência com o jornalismo impresso e isso tem uma grave repercussão sobre nossa vida. De outra sorte, felizmente, o jornalismo dedicado às atenções com os nossos municípios, e através das novas equipes de comunicação social, com renovação de valores egressos das academias, tem contribuído de fato para uma nova feição e eficiência do serviço dedicado à comunidade. Seja bem vinda ao Cariri, Socorro Ribeiro, pois essa é também parte da sua terra, do seu território de luta, ávida por um desbravamento de novas ideias, e ao saudá-la, faço com os votos sinceros para que esses novos desafios confirmem as marcas indeléveis da sua competência e de seus valores.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 18.02.2017)

BOM DIA!
Continuo transcrevendo nesta coluna semanal o conjunto de sete textos que estão sendo publicados na minha página do Facebook, tratando de questões relacionadas com a atualidade da vida juazeirense, com o objetivo de fomentar uma ampla discussão sobre esses temas de nosso interesse. Os que desejarem contribuir com esse propósito, poderão dispor do espaço na rede social, ou encaminhando sua opinião para o nosso endereço. Muito grato.
BOM DIA! (43) Por Renato Casimiro
HISTÓRIAS DE UM CINEMEIRO: I) VELHOS CINEMAS.
Descobri o cinema em meados dos anos 50, através das sessões vespertinas, dominicais, do Cine Avenida, funcionando na praça Pe. Cícero, lado da Rua São Francisco, onde hoje está o Hotel Municipal. Ao que me parece, seria a nossa quarta sala de projeção, instalada em 1942. Antes dele, conforme relata Senhorzinho Ribeiro, sem oferecer maiores detalhes, o primeiro cinema pode ter sido em 1916, na então Rua Nova, para depois se mudar para a Rua São Pedro. Depois, em março de 1921 veio o Cine Iracema, de Pelúsio Correia de Macedo, na Rua Pe.Cícero, ainda como cinema mudo, embora em Fortaleza já estivesse preste a funcionar o Cine Moderno, o primeiro cinema falado do Estado. Generosa Alencar e Fátima Menezes, utilizando um velho caderno de apontamentos de Pelúsio, assim se referem ao velho cinema: “A referida casa de diversões funciona em prédio próprio construído para este fim. Ficava situado na rua Pe. Cícero. Tinha piso inclinado e cadeiras convencionais. Possuía uma sala de espera, bilheteria, cabine de projeção, tela e palco conjugados, permitindo apresentações teatrais e iluminação própria com corrente elétrica gerada no local. Nesta época a cidade ainda não dispunha de luz elétrica”. Há indícios de que Benjamim Abraão tenha utilizado esta sala de exibição, entre os anos 1925 e 1935, para projetar os seus documentários sobre Juazeiro e Pe. Cícero. Nessa cronologia cinematográfica, encontramos, citados por Paulo Machado, três registros nos arquivos do Cartório Machado. O primeiro, de 29 de julho de 1935, é um contrato entre os irmãos Antonio Vieira de Almeida e Olimpio Vieira de Almeida, Manoel Soares Couto e Antonio Pita, e corresponde à fundação do Cine Teatro Roulien.  O segundo é outro contrato assinado no dia 7 de maio de 1936, entre as empresas Almeida & Cia. Ltda. e Lourenço Pontes & Cia. Ltda. para a exploração dos Cines Iracema e Roulien. O Iracema teria saído das mãos de Pelúsio e ainda funcionaria mais alguns anos. Quanto ao Roulien, a empresa Almeida & Cia. Ltda., em 22 de maio de 1946, agora integrada por Antonio Vieira de Almeida, Olimpio Vieira de Almeida, Antonio Pita e Edmundo Morais, passou a ser designada de Sociedade Almeida & Cia. Ltda. É esta Sociedade que inaugurará, em 07.09.1947, o maior de todos os cinemas de Juazeiro – o Cine Eldorado, que irá funcionar na Rua Santa Luzia, com cerca de 800 lugares. Quando nasci em 1949, somente havia dois cinemas: o Roulien e o Eldorado. O Cine Teatro Roulien tinha 500 poltronas e seria fechado em 1958. O Almanaque do Cariri, de 1949, referencia que estas salas exibiam a mesma programação da capital, distribuída por Luiz Severiano Ribeiro, e elas eram consideradas como das melhores no interior do Estado. Ainda sobre velhos cinemas, há a menção de Senhorzinho Ribeiro para os Cines Operário, Guri e Luz. O primeiro funcionaria a partir de Agosto de 1949, e o segundo seria inaugurado em Junho de 1950, e funcionaria na rua São João, perto do Bar de Lêra. Quanto ao terceiro, o Luz, pertencente a Luiz Dantas de Macedo, sei apenas que funcionava no bairro dos Franciscanos, na Rua São Bento. Ressalvo que havia uma designação de empresa Guri, como a proprietária do Eldorado e do Capitólio, ainda nos anos 60. O Cine Capitólio, a oitava casa de exibição, pertencente aos irmãos Almeida, funcionaria na Rua Santa Luzia, 321, a partir de 1957. Alguns anos depois, assistiria de perto a sua adaptação para exibição em CinemaScope. Meu pai, que fornecia material elétrico, era amigo de Luiz Ferreira de França, o reconhecido técnico em eletrônica, encarregado da reforma da sala de projeção, e isto me permitia, freqüentemente, ir ver a montagem das novas máquinas e os testes para a exibição da primeira película: Vikings, os conquistadores  (The Vikings, 1958), produção americana, dirigida por Richard Fleischer, um elenco notável para a época, com Tony Curtis, Ernest Borgnine, Janet Leigh, dentre outros. O CinemaScope tinha uma tela quase 3 vezes maior que a original e, por sua curvatura, nos dava uma sensação nova muito envolvente às cenas, sobretudo de filmes de aventuras. A última sala de cinema de rua que tivemos foi o Cine Plaza, então pertencente a Luiz Dantas de Macedo, e que foi inaugurado em 30 de maio de 1965, exibindo o filme Três almas Danadas (The Three Outlaws, EUA, 1956, 74min), dirigido por Sam Newfield, do gênero western.
Nessa época, aproximadamente, também havia uma pequena sala de projeção instalada, na hoje denominada av. Carlos Cruz, de propriedade do sr. Aragão, que era mentor de um terreiro de umbanda e aí tinha projeções semanais. Mas, as oportunidades de ver cinema não eram restritas apenas ao circuito comercial. Entre os anos 50 e 60, o Departamento Diocesano de Cinema promovia nas paróquias a exibição de películas religiosas, documentários, desenhos e curtas metragens, com máquinas em 16 mm. Lembro bem da figura querida do padre Argemiro, dirigindo um veículo com todo o equipamento. Em frente à Matriz, do lado do Dispensário de Jesus Crucificado, se instalava a tela e se fazia a projeção. A programação se estendia por vários dias, depois da função religiosa. Sua programação era constituída de documentários, filmes religiosos, desenhos animados e comédias do Gordo e o Magro. No auditório do Ginásio Salesiano instalou-se, no começo dos anos 60, uma sala de cinema, para sábados e domingos, com a frequência dos alunos e de gente do bairro. O operador era o querido amigo Vital Tavares, que contava conosco para auxiliá-lo em pequenas tarefas, antes e durante as exibições. Desta fase, tornou-se inesquecível para mim o filme “A Balada do Soldado”, filme russo, de 1960. Os cinemas eram as casas de espetáculo da cidade, por excelência, os únicos auditórios para certas ocasiões. Por exemplo, foi no Cine-Teatro Roulien que a antiga Escola Normal Rural realizou quatro sessões de colação de grau de suas professorandas, nos finais dos anos 1937 a 1940. Numa destas ocasiões, em 1938, minha mãe, Doralice Soares, integrava a segunda turma de professoras rurais. A partir de 1941 o Roulien não mais foi usado, pois a Escola passou a contar com moderno Auditorium. Lembro de ter reconhecido o mesmo Roulien, como palco de temporada de notável pastor protestante, em excursão pela cidade. No cine Eldorado, em 15.11.1951 realizou-se o show de inauguração da Rádio Iracema, com as presenças de Nelson Gonçalves, Carmem Costa e Luiz Gonzaga. O cinema também existia no nosso artesanato criativo. Com fotogramas de filmes rompidos durante as exibições, montávamos projetores usando lentes improvisadas com lâmpadas incandescentes e água cristalina. Era uma lente maravilhosa para se projetar com lanterna de mão. Tudo instalado num caixote, feito máquina de projeção. A imagem, dependendo do escuro da sala, assumia dimensões de mais de metro. Também havia pelas redondezas os pequenos projetores, fixos, brinquedos comprados em lojas, um deles em forma de pistola que pelo gatilho acendia lâmpada e projetava imagem, com filmes diversos. E havia os mais sofisticados, animados, já de 16mm. Lembro de um, particularmente, de Flávio e Aécio Germano, exibindo películas de uns 5 minutos, como “Caça ao Jacaré” e “Doma do Cavalo”. Originalmente, o aparelho funcionava a manivela, mas eles trataram de adaptar pequeno motor, e a projeção se tornou um grande espetáculo. Víamos os filmes, inúmeras vezes. E os sabíamos de cor, cada cena. Fazíamos também pequenos ensaios com grossos cadernos, em cujas extremidades desenhávamos bonecos e assim produzíamos desenhos animados, ao correr os dedos para a passagem sequenciada das páginas, gerando efeitos, como andamentos rápidos ou em câmara lenta. Bom dia. (Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 12.02.2017)             
BOM DIA! (44) Por Renato Casimiro
HISTÓRIAS DE UM CINEMEIRO: II) OLHANDO OS CARTAZES...
Vou tentar fazer um breve exercício de memória para falar de um programa de cinema, antes mesmo de comprar o ingresso. O que orientava o nosso conhecimento sobre o cinema vinha de programas de rádio e da leitura de revistas nacionais, especializadas, como Filmelândia. Cine Romance, Cine Revelação, Cinelândia, e outras que chegavam para a loja do Florentino. Já nos anos 60, pela Rádio Educadora do Cariri, Pe. Gonçalo Farias Filho conduzia nas manhãs de domingos um programa elaborado pelo Departamento Diocesano de Cinema, em que se falava do cinema como arte e tecnicamente. Ouviamos trilhas sonoras e comentários. Através de uma transmissão regular, durante a semana, a Voz da América divulgava a Crônica de Hollywood, com notícias, comentários, lançamentos e o dia a dia da Meca do Cinema. Este era o pano de fundo da nossa iniciação. O Cine Roulien chegou a ter um jornalzinho, Roulien Jornal, para a divulgação de programação e matérias relativas à sétima arte. A divulgação da programação cinematográfica se fazia, principalmente, pelos grandes cartazes e por fotos que eram arrumados em painéis, protegidos por uma porta de vidro, nas paredes do hall de entrada. Pelas esquinas das ruas da cidade havia as tabuletas, com letreiros em tinta d´água, multicolorida. Havia faixas em tecido ao longo dos corredores de maior movimentação (Ruas Pe. Cícero e São Pedro). O noticiário de rádio e serviços de auto-falantes dava o tom mais dinâmico da informação com a inclusão de alguns comentários que orientavam o conhecimento dos fãs. Era o caso de se ouvir o Cinetom, ao que me parece de propriedade da Empresa Guri, dos Almeida, com um auto-falante em cima do Eldorado, e sob a direção de Pompílio de Castro Medeiros, até 1958, quando o Roulien fecha as portas. Muitas vezes era a própria empresa cinematográfica que mandava imprimir e distribuir boletins com a programação. Tanto mais o cinema expusesse cartazes e fotografias, mais se freqüentava. Havia o programa que se dizia: estou indo ao cinema só para ver os cartazes.  A abundância dos cartazes era uma atração a mais para se fazer, antecipadamente, uma boa programação para, até, semanas seguintes. Na frente dos cinemas havia sempre um grande aglomerado de cinemeiros nas horas dos espetáculos. Muitos chegavam com bastante antecedência porque ali se estabeleciam oportunidades para todos os gostos. Em dias muito concorridos, não faltavam os atravessadores que vendiam os ingressos com ágio. Havia os baleiros e ambulantes. Mas, havia uma categoria que o tempo se encarregou de extinguir, os vendedores de gibis. Nesta fase, muitos eram os títulos da nossa predileção. Alguns viviam deste comércio de compra-vende-troca revistas, fazendo bons negócios. Os títulos mais conhecidos eram: Roy Rogers, Tarzan, Antar, Zorro e Tonto, Bill Elliott, Cavaleiro Negro, Rocky Lane, Flecha Ligeira, Don Chicote, Família Marvel, Capitão América, Homem Morcego & Robin, Hopalong Cassidy, Nick Holmes, Kid Colt, Jerônimo & Moleque Sacy, O Anjo & Metralha, Super Homem, Mandrake, Sobrinhos do Capitão, Fantasma, Flash Gordon, Pimentinha, Bolinha, Luluzinha, Charlie Chan, Pato Donald, Mickey, Batman, Rin-Tin-Tin, e tantos títulos inesquecíveis. E tinha, também, as rodas de cinema. Não eram muito elaboradas, mas se falava de um tudo. Dos astros e atrizes, de mocinhos e de mocinhas, de bandidos e de “doidinhos”, de cavalos e de índios, dos novos filmes, das estórias e enredos, das aventuras mirabolantes dos mocinhos, matando bandido aos montes, com revolveres cheios de balas que nunca acabavam. Evidente que nestas rodas havia o fascínio pelos gêneros particulares, sobretudo os que mais constavam nas programações desta fase: filmes de caubóis, épicos, policiais, chanchadas da Atlântida, filmes de vampiros, e os seriados, principalmente. Se alguém queria juntar o útil ao agradável, quero dizer, ir à praça e ver o filme em cartaz, tinha que optar pela segunda sessão, das 20:30 horas. Primeiro vinha o agradável footing pelo miolo da praça, o namoro, as rodas, os bancos, ao som da seleção musical do CRP, elaborada por Dário Maia Coimbra, para depois, aí pelas 20 horas, ir rumando, Rua São Pedro acima até quebrar na Santa Luzia, à esquerda ou à direita, onde estivesse a melhor opção. Os cinemas, como os conheci em Juazeiro, funcionavam todos os dias nos horários noturnos de 18:30 e 20:30. Encontrei, em jornal de 1949, citação da programação cinematográfica, por quase todo o ano, que excluía as segundas feiras, fazendo-me crer que era um dia de folga. Nos sábados, havia as sessões das 14 horas, com exibição de um seriado que ficava sempre para depois do filme. Nos domingos eram até cinco sessões: 10:00, 13:00 15:00, 18:30 e 20:30. Era comum que neste dia, tão reservado ao cinema pelas famílias, se dispusesse até 3 filmes distintos em cartaz. Houve um momento que se instituiu a programação em Sessões Contínuas, no período noturno. Ou seja, entre uma sessão e outra não havia intervalo. Quem não queria perder, “nem o jornal”, assim se dizia, chegava mais cedo. Aguardávamos na sala de espera a hora de entrar rapidamente, escolher um lugar e ver o filme. Freqüentemente a confusão era grande, com este entrar e sair dos espectadores. A censura imposta classificava os espetáculos como livres, ou permitidos apenas para maiores de 10, 14 ou 18 anos. Algumas vezes eu tentei entrar em filmes de censura superior à minha idade e, na maioria, era barrado pela vigilância do Juizado de Menores, alternada nas pessoas de Nair Silva, Mestre Noza, Cabo Dídio, Zeca Marques, Gumercindo Ferreira Lima, dentre outros. Usava-se a estratégia de não pagar a meia entrada para não ter que apresentar o documento do Centro Estudantal Juazeirense, onde se revelaria claramente a idade do penetra. Uma das poucas oportunidades de sucesso foi a exibição de Estrela de Fogo (Flaming Star, 1960) com Elvis Presley, em que fui levado por José Machado, na companhia dos filhos Anchieta e Paulo. Algumas vezes tinha a motivação de ir a um bom filme fora de Juazeiro. As opções eram os Cines Moderno e Cassino (depois veio o Educadora), em Crato, e o Cine Neroli, em Barbalha. O fato marcante desta fase, certamente, foi a programação de Os Dez Mandamentos (The Ten Commandments, 1956), primeira experiência na região de uma longuíssima metragem, dividida em dois períodos de quase duas horas cada, já que o filme tinha duração de 229 minutos, e para o qual quase todo o Cariri acorreu em sessões memoráveis no Cine Moderno. A ida ao Crato se justificava, também, porque havia alguma diferença entre as programações reservadas ao Juazeiro. Por exemplo, durante muitos anos não tínhamos a exibição de filmes da Metro Goldwin Mayer, nem os distribuídos pela Art Filmes. Para nós, face a dependência do acerto comercial dos irmãos Almeida e a Luiz Severiano Ribeiro, os selos mais comuns eram Paramount, Republic, Condor, United Artists, 20Th Century Fox, RKO, Columbia, a mexicana Pelmex, além das nacionais Vera Cruz, Cinédia Atlântida e Cinedistri. Películas de origem francesa, italiana, espanhola, então, eram raridades. Bom dia. (Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 13.02.2017)             
BOM DIA! (45) Por Renato Casimiro
HISTÓRIAS DE UM CINEMEIRO: III) VAI COMEÇAR A SESSÃO...
Nos cinemas mais antigos, como Roulien e Avenida, havia chamadas programadas com uma sirene que percebíamos, principalmente nas tardes de domingo, de meia em meia hora. Era hora de tomar banho e se preparar para o melhor. No velho Cine Avenida (na Praça Pe. Cícero, ou Alm. Alexandrino de Alencar) havia um serviço de auto-falantes que também começava a funcionar nas tardes de domingo. Foi por ele que conheci as primeiras canções de Caubi Peixoto, como Tarde Fria, A Pérola e o Rubi, Conceição...e outras. Quando se chegava à sala de cinema, e antes que o filme começasse a ser projetado, havia algumas coisas a fazer, ou pelo menos a aguçar nossa curiosidade, e que também nos dava algum prazer. No Eldorado, por exemplo, bastava que alguém guardasse o seu lugar para se dar uma circulada ao redor da sala. Havia alguns cartazes que só se tinha acesso de dentro do cinema. Então era hora de ir vê-los, pois eram geralmente os que estavam com o cartaz de Breve, e demorariam a serem transferidos para os expositores de fora. Na lateral esquerda estava a saída para o sanitário masculino. Aí se formava uma roda interessante, sobretudo para “assuntos masculinos”, relativos ao cinema proibido para menores. No fundo era a instalação do gerador que fornecia energia, também para o Capitólio. Ia lá de vez em quando para ver o trabalho de “Seu” Zé Viana, e seus filhos, pondo o gerador em funcionamento. Era a manivela. Acendiam o que para mim era um pequeno cigarro, para proporcionar a combustão do óleo diesel. Em seguida, aliviavam a pressão dos pistons e moviam com muita dificuldade a volante do gerador. Quando a velocidade era suficiente, soltavam a manivela e fechavam a válvula. O gerador iniciava a queimar (tum, tum, tum, tum...) e daí por diante era ajustar as condições da geração de energia e ligar a chave para o cinema. Também era hora de correr para o lugar reservado, se é que um engraçadinho não havia tomado. Já era para ir começando a projeção. Primeiro, havia a pressão dos assistentes: tá na hora, tá na hora, tá na hora... Para o início de uma sessão havia um ritual. Lembro que havia uma campainha (cigarra) que era acionada por alguém da administração do cinema. No Eldorado já sabíamos que ficava por trás da cortina da entrada da sala, do lado direito. Era a nossa primeira observação. Havia questões que determinavam o acionamento. Freqüentemente era o cumprimento do horário. Outras vezes eram as longas filas para ingresso e entrada, e as tentativas para conciliar o empurra-empurra para se conseguir, mesmo com a advertência da bilheteria (Só tem em pé...!) entrar no cinema. Quando a sessão era autorizada, iniciava o ritual. Começavam a fechar as portas e cortinas. Ligavam os ventiladores, soava um sinal eletrônico de gongo, as lâmpadas da sala iam se apagando sequenciadamente, até aceder as coloridas da cortina da tela. E a projeção se iniciava, até mesmo se a cortina não estava totalmente aberta. O cara no palco cochilara e perdera o ritmo. E já era motivo para muita vaia. Os ventiladores eram motivo de preocupação. Geralmente eram barulhentos e era preferível tê-los desligados. Quantas vezes não tivemos que correr com defeitos elétricos nestes aparelhos. De repente era uma daquelas hélices que começava a bater na tela protetora e ateirar pequenas centelhas. Um perigo medonho. Outras vezes um começava a feder e a sair fumaça, com a queima do sistema elétrico. Sem falar de caso em que o suporte da parede não agüentou a vibração e o peso e o ventilador arriou quase em cima da assistência. Algumas vezes presenciamos correria e quebra de cadeiras na sala. Era um sufoco. Para o dia do estudante, em 11 de agosto, o Centro Estudantal Juazeirense (CEJ) fazia um acordo com o exibidor e, geralmente havia uma sessão comemorativa, muito festiva, no Eldorado. Era parte da programação ansiosamente aguardada. Do cinema, nada em especial, era o que estivesse em cartaz. Os associados, de carterinha em punho tinham que ir retirar o ingresso na sede da Rua da Conceição, com a antecipação devida. Era cinema gratuito, item fundamental na programação do dia consagrado, fosse quem fosse o presidente. Lembro que Manoelito Vitorino, Cesinho Luiz de Brito e, por último, Francisco Rocha da Silva, cumpriam fielmente este desejo da estudantada. Pelo menos neste dia. Noutros dias, o privilégio era pagar a meia. O CEJ sempre estava presente na entrada dos cinemas através de um fiscal, seu delegado, devidamente identificado, para verificar, tanto o cumprimento do acordo com o exibidor, bem como a regularidade do associado, se estava em dia com a mensalidade que aparecia na carteirinha com um pequeno selo rubricado pelo tesoureiro da agremiação. Privilégio só para quem cumprisse fielmente a sua obrigação. Quando íamos entrando, já apresentávamos o documento que era conferido. Se o cara não tivesse em dia, voltava para comprar a outra metade, pagando o ingresso inteiro. Dali mesmo, às vezes, se voltava para casa, pois a verba da família era para ingresso de estudante. Os ingressos poderiam ser usados para outra sessão. Não havia reserva especial para esta ou aquela sessão. Depois do cinema, para permanecer um pouco mais na rua, havia as opções de uma boa sorveteria, como as de Né Cansanção e Guimarães, ambas na São Pedro, em torno do Roulien, ou Beira Fresca, mais próximo do Eldorado. Também podíamos dar uma passadinha na feirinha do cruzamento das Ruas São Pedro e Conceição, onde havia cocada, amendoim torradinho, castanha e roletes de cana. Bom dia. (Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 14.02.2017)             
BOM DIA! (46) Por Renato Casimiro
HISTÓRIAS DE UM CINEMEIRO: IV) NO ESCURINHO DO CINEMA...
Era comum o amplo conhecimento dos cinemeiros sobre os cartazes expostos nos anúncios dos próximos filmes. Alguns ficavam muito tempo com a plaqueta de Breve. E haja esperar. Nós, realmente, curtíamos a espera de uma exibição e tínhamos boa memória das fotografias em 18x24, em preto e branco, ou coloridas, que eram mostradas nos painéis, nos halls dos cinemas. De modo que a certa altura do filme alguém gritava: cartaz, cartaz, cartaz... Era a chamada de que aquela cena já era antevista pelas fotografias. Nos filmes de faroeste, as reações eram muito entusiasmadas: batíamos palmas para o mocinho em disparada com seu cavalo, sempre belíssimo, dávamos vaia para o índio que morria, ríamos a valer das traquinagens dos “doidinhos”, auxiliares dos mocinhos, que sempre trapalhões. Não nos furtávamos de “avisar” alguém quando estava na iminência de um perigo, uma emboscada, ou coisa assim, e batíamos fortemente nas cadeiras quando havia uma cena de cavalaria, acelerada ao sabor dos clarins. E muitas palmas para os mocinhos que usando de revolveres com muitas balas, balas intermináveis, iam abatendo índios e bandidos, aos montes. Randolph Scott era destes mocinhos que matavam centenas de índios sem carregar o revolver. Mas, não era somente para o gênero faroeste que as reações eram mais freqüentes. De repente, na sala havia conversa perturbadora, então, pedíamos silêncio com psiu muito longo, ou os chamávamos de matutos, abestados. Quando não resolvia, alguém dava assobios estridentes. A vaia comia de esmola quando o filme ficava com a projeção fraca (o carvão estava acabando), ou a película quebrava ou queimava. Se o operador trocasse a seqüência dos rolos e começasse a rodar uma seqüência que logo víamos que não era a correta, o cinema vinha abaixo. Isso acontecia porque em alguns casos dois cinemas exibiam o mesmo filme. E como não dispunham de duas cópias, um empregado era responsável por levar e trazer rolo entre um cinema e outro. Daí a confusão. O filme quebra, queima o filme, ou rolo é trocado. Baderna (abre a luz e interrompe o filme). Era necessário acender logo as luzes do salão. Às vezes, o pessoal de serviço do cinema, já estava tão precavido que as luzes eram acesas e apagadas ao menor barulho, como medida preventiva. Quando passava um trailer, e havia a informação: na próxima 4ª. Feira, por exemplo, a gargalhada ia solta porque alguém dizia: “Se mamãe deixar, eu venho”. Bandido era para ser vaiado. Nos filmes nacionais conhecíamos os vilões, eternos, como José Lewgoy, Roberto Duval, Wilson Grey, Jece Valadão, Carlos Imperial, Renato Restier, Rafael de Carvalho, Carlos Tovar, etc, etc. Outra pilantragem era espantar o condor na apresentação da Condor Filmes. Era infalível. Só quando a ave deixava o penhasco, voava e desaparecia da cena com o efeito no qual se convertia na palavra apresenta, ou presents, era que nos acalmávamos. Havia aqueles que assistiam os filmes pela segunda ou terceira vez e ficavam falando alto sobre o que ia acontecer. Eram os estraga prazeres de plantão. Nem sempre líamos tudo que aparecia na apresentação do filme, principalmente porque antigamente era mais usual toda a ficha técnica vir no início do filme. O mais comum era ler os títulos maiores, como a citação dos atores principais, com forte exclamação: o filme vai começar. Mas, as Legendas de João Branco não passavam em... Outro capítulo à parte eram as reações com as diversas matérias dos jornais, como o Atualidades Atlântida, de Luiz Severiano Ribeiro Júnior. Quase sempre o noticiário se encerrava com uma badalada partida de futebol, principalmente pelo campeonato carioca. E havia dentro do cinema, como não podia deixar de ter, a velha rivalidade entre os torcedores dos times maiores, como Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo. Só pintava Bangu, Madureira, América, etc, se fosse com um destes maiores. Nas horas mais críticas como faltas, penalidades máximas, expulsões e os momentos dos gols, a bagunça era geral, ninguém se entendia. Silêncio mesmo só para as calamidades. Inundações, incêndios, mortes, coisas assim. Aí o nosso coração silenciava e nos abatíamos ao sabor de uma narrativa primorosa, quase sempre de Heron Domingues. Gente estranha era a classe política. Tanto mais evidentes no cenário nacional, mais vaiados. Não importava se era o presidente da república ou um simples vereador. Era gente antipática e só merecia desprezo. Havia os que tinham um frenesi para cantar todas as modinhas de carnaval nas chanchadas da Atlântida. E em alguns casos, era só o que o filme trazia. O mais comum era ver gente fumando fora da sala de projeção, nas laterais, ou nos mictórios. Aliás, não eram, de fato, toaletes respeitáveis, eram umas espeluncas, fedidas, muito mal cuidadas. Mas, ocorria, vez por outra que alguém resolvia fazê-lo escondido da vigilância dos lanterninhas. Então, alguém mais incomodado gritava de lá: Tão fumando... Era o suficiente para a bagunça recomeçar. O lanterninha vinha armado e na maior moral bradava de lá: “não quero nem saber, eu boto pra fora...” Eu encontrei muita identidade em fatos pitorescos como estes na obra extraordinária de Giuseppe Tornatore, Cinema Paradiso. Os cinemas antigamente, sobretudo os que estavam em meio a este clima provinciano do interior do país eram o cenário apropriado para todas estas manifestações, tão espontâneas de espectadores que se fascinavam com a magia do cinema e podiam, a cada espetáculo viver um sonho que tornava a vida mais encantadora. Bom dia. (Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 15.02.2017)             
BOM DIA! (47) Por Renato Casimiro
HISTÓRIAS DE UM CINEMEIRO: V) O PERIGO DA SÉRIE
A crônica cinematográfica especializada registra que entre as décadas de 1920 e 1960 os freqüentadores de cinema não perdiam as exibições dos seriados. Os seriados eram filmes em capítulos semanais, de uma mesma história, que se caracterizavam por intensa ação e poucos diálogos, muitas emoções vividas por mocinhos e mocinhas, enfrentando perigos de toda sorte. A seqüência era mais ou menos a seguinte: no primeiro capítulo, geralmente o mais longo, de até 30 minutos, situava-se a história e ela ia se desenvolvendo com pelo menos um dos protagonistas se encaminhando para o primeiro embaraço. Era o perigo. Com duração de 15 a 20 minutos, o capítulo se encerrava abruptamente, quando se antevia a morte do personagem. Era, portanto, sempre, um perigo de morte. A imagem era congelada e aparecia o indefectível aviso: “Continua na próxima semana”. Às vezes, o seriado incluía um curtíssimo trailer do próximo capítulo. E a história ia se desenvolvendo capítulo a capítulo, até o desfecho final, num flagrante atestado do triunfo do bem sobre o mal. As dificuldades, às vezes, eram muito grandes. Nem sempre acertávamos como o(a) “artista” ia sair daquele “perigo da série”. Por vezes era decepcionante, digamos. Um simples e rápido gesto o fazia livre daquele perigo mortal. Nossos nervos ficavam à flor da pele. A agitação na sala era tremenda e o que se roia de unhas, não estava no gibi. Diversos seriados marcaram os anos 50-60 em Juazeiro. E eu os via no Eldorado, ou no Capitólio. Destes, três ficaram na minha lembrança: Império Submarino (Undersea Kingdom), Os Perigos de Nyoka (Perils of Nyoka) e O Chicote do Zorro (Zorro´s Black Whip). Império Submarino foi um seriado com 12 capítulos, cujos títulos eram: 1. No Fundo do Mar (Beneath the Ocean Floor); 2. A Cidade Sob o Mar (The Undersea City); 3. A Arena da Morte (Arena of Death); 4. A Vingança dos Volkites (Revenge of the Volkites); 5. Prisioneiros de Atlântida (Prisoners of Atlantis); 6. O Juggernaut Ataca (The Juggernaut Strikes); 7. Armadilha Submarina (The Submarine Trap); 8. Dentro da Torre de Metal (Into the Metal Tower); 9. Morte no Ar (Death in the Air); 10. Atlântida Destruída (Atlantis Destroyed); 11. Chama da Morte (Flaming Death);12. Retorno à Superfície (Ascent to the Upper World). Produzido pela Republic Pictures Corporation, em 1936, e estrelado por Roy Crash Corrigan. O primeiro capítulo durou 30 minutos e os demais tinham duração entre 17 e 19 minutos. O seriado narrava as aventuras do tenente Ray "Crash" Corrigan, recém formado na Academia Naval de Anapolis e da ambiciosa repórter Diana (Lois Wilde) em acompanharem o Prof. Norton (C. Montague Shaw) na procura do hipocentro dos terremotos que assolavam e devastavam as cidades americanas. A origem do sismo era a lendária Atlântida que se encontrava dentro de uma redoma no fundo do Oceano Atlântico. O Prof. Norton, Corrigan e Diana partiam no submarino - foguete criado pelo professor, acompanhados pelo filho Billy Norton (Lee Van Atta) e por uma dupla cômica de marujos, Briny (Smiley Burnette) e Salty (Frankie Marvin). Quando a expedição chegava à Atlântida eram pegos numa guerra entre os "capas brancas" (obviamente os bons), liderados pelo alto sacerdote Sharad (William Farnum) e os malvados de "capas pretas", sob o comando do tirano Unga Kahn (Monte Blue). Os atlantes possuiam uma tecnologia avançada com o uso de robôs (Volkites), naves, mísseis, armas atômicas, etc. Estranhamente, apesar de todas essas maravilhas tecnológicas, os dois oponentes ainda lutavam com espadas, cavalos e carruagens. Depois de passarem por várias aventuras, os membros da expedição escaparam para a superfície, seguidos por Unga Khan através de sua torre, munido com foguetes criados pelo Prof. Norton que esteve sob seu domínio, em sua tentativa de dominar os povos da superfície. Mas, acaba sendo impedido pela marinha americana com a ajuda de Corrigan. O segundo seriado, Os Perigos de Nyoka, também era da Republic Pictures Corporation, de 1942, protagonizado pela dupla Kay Aldridge (Nyoka Gordon) e Clayton Moore (Larry Groyson). O seriado tinha 14 episódios: 1. (Desert Intrigue); 2. (Death´s Chariot); 3. (The Devil´s Crucible); 4. (Ascending Doom); 5. (Fatal Second); 6. (Human Sacrifice); 7. (The Monter´s Clutch); 8. (Tuareg Vengeance); 9. (Buried Alive); 10. (Treacherous trail); 11. (Unknown Peril); 12. (Underground Tornado); 13. (Blazing Barrier); 14. (Satans´s Fury). Na Internet encontrei referência ao seriado, em cópia em VHS, com 15 episódios, em 261 minutos de exibição, no total. Mas, no cinema, os capítulos eram exibidos, em média, com duração de uns 19 minutos. Nyoka e os integrantes de uma expedição às montanhas da Líbia, entram em combate com Vultura, a Rainha do Deserto, na busca das Tábuas Douradas de Hipócrates. A série se inicia com a chegada da expedição, sob a chefia do prof. Douglas Campbell à pequena cidade de Wadi Bartha. Ele havia encontrado um papiro que poderia revelar o local onde se encontrariam escondidas as Tábuas que contém indicações de remédios para a cura de doenças graves, incluindo o câncer. Mas, também, com respeito a rico tesouro em jóias e pedras.  O Dr. Larry Grayson (o legendário Clayton Moore, que encarnou o personagem Zorro noutro conhecido seriado) é um médico interessado no aspecto científico da busca. Nyoka também procura por seu pai que viera para a região em expedição anterior. Ela acredita e, efetivamente, o encontra ainda vivo, embora com amnésia, e vivendo no Vale dos Tuaregs, uma tribo árabe do deserto. Isto enseja muitos perigos aos membros da expedição, particularmente a Nyoka. Ao final ele recupera a memória e auxilia a expedição a encontrar as Tábuas e o tesouro, sem que falte aquele final feliz, onde mais uma vez o bem vence o mal. Por último, O Chicote do Zorro foi um seriado também produzido pela Republic em 1944, e tendo como papel principal Linda Stirling.  Seus episódios, em número de 12 foram: 1. (The Masked Avenger); 2. (The Tomb of Terror); 3. (Mob Murder); 4. (Detour of Death); 5. (Take Off That Mask); 6. (Fatal Gold); 7. (Wolf Pack); 8. (The Invisible Victim); 9. (Avalanche); 10. (Fangs of Death); 11. (Flaming Juggenaut); 12. (Trail of Tyranny). O primeiro capítulo durou 23 minutos e todos os demais duraram 14 minutos. No seriado desenvolveu-se a seguinte trama: A série, ambientada em 1889, era sobre uma linda garota, Bárbara Meredith (Linda Stirling), que passava a usar roupa preta, máscara e chicote de seu irmão assassinado, para continuar a luta contra bandidos no oeste americano. Por isso mesmo o personagem mascarado passou a ser conhecido como Chicote Negro. Seu irmão, Randolph Meredith, era editor de um jornal em Crescente City, no Idaho. Ele defendia a transformação do seu território em Estado da União, e era fortemente combatido por um empresário que agia secretamente, como líder de uma quadrilha. Na trama, entra em cena um agente federal que vai tentar capturar o misterioso vilão e o mascarado Chicote Negro. Eles todos são os vitoriosos no 12° capítulo quando o seriado se encerra, com a derrota dos bandidos. Certamente esta idéia de uma heroína mascarada foi o elemento mais importante do seriado, uma inovação que fez muito sucesso. Convém salientar que este Zorro não tinha nada a ver com o famoso personagem californiano, tão mais conhecido no cinema. O andamento dos seriados nos permitia, freqüentemente, na Rua, realizar a sua teatralização. Era como se vivêssemos “o perigo da série”. Quando não fosse possível reproduzir a cena, o mais próximo do que nos parecia o real, criávamos outra cena. Era o clima, de cima do muro, trepado numa árvore, correndo pela rua e nos becos, perseguindo aventuras e driblando situações, a qualquer modo, tudo contribuía para a permanência desta atmosfera por 12 ou 15 semanas seguidas. Houve casos em que o seriado em cartaz não foi exibido num fim de semana. Prevendo esta frustração, estabeleceu-se uma rede de espionagem preocupada em confirmar se o capítulo seriado havia mesmo desembarcado pela ferrovia. Então a conversa se espalhava: a série chegou, a série chegou, corria de boca em boca. Recentemente, um amigo que percorria o interior do Ceará, em nome da distribuidora, me informou que era inadimplência do exibidor. Então, o distribuidor não mandava a série, pois sabia da repercussão. Na semana seguinte o débito estava liquidado. Vi muitas vezes o carrinho descendo a Rua São Pedro com uma porção de latas contendo rolos de filmes. Corria para ver de perto, e aí estava o rolo da série. Alegria geral. Os seriados eram exibidos aos sábados e domingos. Era a última parte da sessão. Depois do jornal, dos trailers, e do filme. Eram habitualmente, os vinte minutos mais eletrizantes do espetáculo.Muitas destas séries exibidas nos cinemas entre os anos 20 e 60 chegaram a ser reapresentadas em programas de Tv aberta, ou em canais por assinatura. A maioria delas ainda pode ser encontrada em VHS, ou mesmo já em DVD, para compra. Um amigo já me advertiu: - não queria vê-las mais, você não vai achar graça nenhuma. Bom dia. (Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 16.02.2017)             
BOM DIA! (48) Por Renato Casimiro
HISTÓRIAS DE UM CINEMEIRO: VI) FILMES INESQUECÍVEIS
Frequentemente, tenho lido seleções e listas elaboradas por críticos de arte com o melhor da produção cinematográfica mundial, onde se incluem os filmes de maior sucesso todos os tempos Quase não encontro nelas o que via por aqueles idos anos 50-60. E me parecem óbvios os motivos. Em primeiro lugar, a questão da distribuição impedia que certos tipos de filmes chegassem ao interior. Lembro, particularmente, que não conhecíamos, ou pouco, o que saia dos estúdios da Metro (MGM) e outros, principalmente do cinema europeu. O que era distribuído pela Art filmes também se resumia a Stan Laurel e Oliver Hardy (O Gordo e o Magro). Outra coisa era o posicionamento do exibidor local em selecionar filmes de bilheteria fácil. Também é importante salientar que falo de um tempo para um menino limitado à censura de sua faixa etária, em que se incluíam filmes de 10 a 14 anos, e freqüentador das programações de fins de semanas, onde quase tudo era livre. Talvez porque havia a complementação dos seriados, para qualquer idade. Hoje posso compreender mais facilmente não ter acompanhado o melhor do cinema e coisas preciosas só terem chegado ao meu conhecimento já na fase da universidade, freqüentando sessões exclusivas do chamado cinema de arte. Foi aí que conheci extraordinários marcos daquela época, dentre os quais Casablanca, O ano passado em Mariembad, Cidadão Kane, Hiroshima meu amor, e tantos outros. Recorro ao belíssimo trabalho de Sávio Leite Pereira (Volta ao mundo dos Filmes em 50 Anos) para completar estas relembranças. Assim, vou me permitir, neste caminho, recordar as minhas grandes emoções, permeando estórias, enredos, atrizes e atores, músicas, fotografia e os encantos não traduzíveis desta arte, ainda hoje resgatados nas sessões domésticas, muito cômodas, proporcionadas pelas videolocadoras, canais de Tv aberta ou por assinatura. Foi o que ficou na memória, talvez apenas para indicar os gêneros e algumas circunstâncias do aprendizado de um cinemeiro, ainda hoje pouco qualificado. Os primeiros momento vividos ainda no velho Cine Avenida, eram marcados por filmes de cowboys e aventuras de Tarzan. O herói teve uma larga permanência através dos estrelatos de Johnny Weissmuller, Gordon Scott e Lex Baxter. Nesta época as grandes vedetes dos bang-bangs eram Hopalong Cassidy, interpretado por William Boyd, montado em cavalo branco, maravilhoso. Elegância no vestir e na postura charmosa de um ator requintado. Era também a fase de mocinhos inesquecíveis como Gene Autry, Roy Rogers, Tom Mix, Durango Kid, Rocky Lane, Johnny Mack Brown, Bill Elliott, Rex Allen, Tim Holt, Buck Jones e tantos outros. No capítulo dos cowboy, impossível não lembrar a filmografia de inesquecíveis mocinhos como James Stewart, John Wayne, Audie Murphy, Randolph Scott, e tantos. O Renegado do Forte Peticoat(1957) representou para mim uma marca inesquecível da longa filmografia de Audie Murphy. Seus filmes eram muito freqüentes na programação do Eldorado, em manhãs de domingos. Alguns destes foram: Tambores da Morte, Traição Cruel e Antro de Perdição, todos de 1954, Terrível como o Inferno (1955), Honra de Selvagens (1956), Na Rota dos Proscritos (1958), Antro de Desalmados e Balas que não erram (1959), Com o Dedo no Gatilho (1960), para citar uns poucos, nas domingueiras do Eldorado. Marcelino Pão e Vinho foi um dos espetáculos mais emocionantes que assisti. O filme contava a história de um garoto, órfão, que havia sido encontrado na porta de um mosteiro, e era criado por frades; Um dia, enquanto fazia uma refeição, ele tomou um pedaço de pão e ofereceu a Jesus, crucificado, à sua frente. O Cristo aceita a oferta e aí se estabelece um diálogo e uma amizade inusitada. O filme é uma produção ítalo-espanhola, de 1955, estrelado por Pablito Calvo. Foi premiado em Cannes e Berlim, e ainda hoje é visto, pois é comercializado em vídeo. Foi este filme o primeiro a me provocar a mais comovida reação de choro e lágrimas, pelo sofrimento e a as fortes emoções da vida daquela criança. Cito, ao acaso, alguns destes filmes inesquecíveis em breve listagem: Trapézio, Bichinho de Estimação, Os Brutos Também Amam (1953) com Allan Ladd e Jack Palance, A ponte do Rio Kwai (1957) com William Holden e Alec Guiness, Matar ou Morrer (1952) com Gary Cooper e Grace Kelly, Branca de Neve e os Sete Anões, Fantasia, Ben Hur (1959) com Chalton Heston e Stephen Boyd, Sete Noivas para Sete Irmãos (1954) com Jane Powell, Depois do Vendaval (1952) com John Wayne e Maureen O´Hara, O Ladrão de Bagdá (1940) com Sabu, Spartacus (1960) com Lawrence Olivier e Kirk Douglas, A Balada do Soldado (1960) com Vladimir Ivashov, Os Dez Mandamentos (1956) com Chalton Heston e Yul Brinner, O Vento Não Sabe Ler, Por Quem os Sinos Dobram (1943) com Gary Cooper e Ingrid Bergman, O Manto Sagrado , Comanche, O Maior Espetáculo da Terra (1952) com Chalton Heston e James Stewart, Helena de Tróia. Além destes, e para não ir muito longe, vamos mencionar alguns dos astros e atrizes do nosso gosto particular por estes tempos: Cantinflas e Tintan, dois comediantes mexicanos (nos velhos filmes da Pelmex), Jerry Lewis (quase sempre sob a direção de Frank Talshin, o garoto trapalhão), Kirk Douglas (entre os épicos e os cowboys), Victor Mature (fantástico, em Sansão e Dalila), Steeve Reves (com um personagem chamado Maciste que se tornou a febre da garotada), Sofia Loren, Gina Lolobrígida (extraordinária no Corcunda de Notre Dame), Burt Lancaster, Tony Curtis, Elvis Presley (desde a grande promessa de Estrela de Fogo até os musicais que nos faziam comprar todos os discos), Ivone de Carlo (belíssima, e que era a paixão recolhida do tio Ananias), Debra Paget (Sepulcro Indiano, 1957), Ava Gardner, Mauren O´Hara, Audrey Hepburn (magnífica em a Princesa e e Plebeu, até Bonequinha de Luxo), Romy Schneider (na trilogia de Sissi). Paramos por aqui, pois a saudade mata a gente. Bom dia. (Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 17.02.2017)             
BOM DIA! (49) Por Renato Casimiro
HISTÓRIAS DE UM CINEMEIRO: VII) NO TEMPO DAS CHANCHADAS...
Como já fiz referência, a distribuição realizada por Luiz Severiano Ribeiro era a principal responsável pela programação dos cinemas em Juazeiro. Ele começou o seu empreendimento cinematográfico em Fortaleza, no dia 14 de julho de 1917, quando arrendou o Majestic-Palace, primeiro cinema importante construído em Fortaleza. Bem sucedido no negócio, comprou outras salas e construiu o Moderno, inaugurando-o em 21.09.1921. Luiz Severiano Ribeiro se mudou com a família para o Rio de Janeiro, arrendou o Cinema Atlântico (em Copacabana/RJ) em 1926. Associou-se à Metro Goldwin Mayer, em 1927, que forneceria filmes a Severiano até 1930. Em 18.09.1941, Moacir Fenelon e José Carlos Burle fundaram a Atlântida Cinematográfica com um objetivo bem definido: promover o desenvolvimento industrial do cinema brasileiro. Em 1947 Luiz Severiano Ribeiro Jr. torna-se sócio-majoritário da empresa, integrando-se a um mercado que já dominava nos setores de distribuição e exibição. Estava aberto o caminho para a chanchada. O ano de 1949 marca definitivamente a forma em que o gênero atingiria o clímax e atravessaria toda a década de 50. A Atlântida descobriu que os filmes ditos carnavalescos, por incluir cantores de reconhecida projeção e os seus sucessos tocados no rádio brasileiro, principalmente nas ondas da velha Rádio Nacional, e através de programas de auditório, com o repertório de temas carnavalescos daqueles anos, era um grande filão. Os atores principais vinham do teatro e do circo, como foi o caso da dupla mais famosa, entre 1935 e 1965. Oscarito saiu de circo e Grande Otelo veio do Cassino da Urca. Os dois atuaram juntos em 17 filmes. As histórias eram ingênuas, muito românticas, bem adocicadas. Um homem rico, uma moça pobre e pelo menos um vilão para atrapalhar. No final feliz, a polícia tomava conta do bandido e o casal era feliz para sempre. A crítica cinematográfica nunca viu nada de interessante neste tipo de filme e passou a denominá-lo de chanchada, um termo pejorativo para explicitar o que era mal feito, grosseiro e sem valor. Relaciono, a seguir, filmes da Atlântida que foram exibidos no Capitólio e no Eldorado, entre os anos 50 e 60. As datas que aí constam são as de lançamento nacional. Em Juazeiro, de um modo geral os filmes estrangeiros demoravam de 5 a 6 anos para chegarem às nossas telas. Mas para os filmes nacionais o tempo era bem menor, embora não tenha visto nada no mesmo ano de lançamento. Uma das apelações frequentes era o carnaval ou lançamento de canções por cantores famosos e nisso o filme cumpria esse merchandising importante. Eis o que pude relembrar: Aviso aos Navegantes (1951) com Oscarito e Grande Otelo; Aí Vem o Barão (1951) com Oscarito; Barnabé, Tu És Meu (1952) com Oscarito e Grande Otelo; Três Vagabundos (1952) com Oscarito e Grande Otelo; Amei um Bicheiro (1952) com Cyll Farney, Eliana e Grande Otelo; Carnaval Atlântida (1953) com Oscarito e Grande Otelo; A Dupla do Barulho (1953) com Oscarito e Grande Otelo; Nem Sansão Nem Dalila (1954) com Oscarito, Eliana e Cyll Farney; Matar ou Correr (1954) com Oscarito e Grande Otelo; Guerra ao Samba (1955) com Oscarito, Cyll Farney e Eliana; Colégio de Brotos (1956) com Oscarito, Cyll Farney e Margot Louro; Vamos Com Calma (1956) com Oscarito, Cyll Farney e Eliana; Papai Fanfarrão (1956) com Oscarito, Cyll Farney e Margot Louro; Garotas e Samba (1957) com Renata Fronzi, Adelaide Chiozzo, Sonia Mamede e Zé Trindade; Treze Cadeiras (1957) com Oscarito, Renata Fronzi, Zé Trindade e Zezé Macedo; De Vento em Popa (1957) com Oscarito, Cyll Farney, Sonia Mamede, Zezé Macedo, Margot Louro; Esse Milhão é Meu (1958)  com Oscarito, Sonia Mamede, Margot Louro, e Zezé Macedo; O Homem do Sputnik (1959) com Oscarito, Zezé Macedo, Cyll Farney, Neide Aparecida, Jô Soares, Norma Bengel, Alberto Peres; Cacareco Vem Aí (1960) com Oscarito, Cyll Farney, Sonia Mamede, Odete Lara, Jaime Filho, Francisco Anísio; Os Dois Ladrões (1960) com Oscarito, Cyll Farney e Eva Todor; Pintando o Sete (1961) com Oscarito, Cyll Farney e Sonia Mamede. Depois da Atlântida, foi criada a Cinedistri, que também explorou o filão das chanchadas. A Companhia Produtora e Distribuidora de Filmes Nacionais foi fundada em 1949 por Oswaldo Massaini, e encerrou suas atividades no início dos anos 80, sendo substituída pela CINEARTE, do produtor Aníbal Massaíni Neto (filho de Oswaldo Massaini). Nos filmes da Cinedistri Ankito "substitui" Oscarito na parceria com Grande Otelo. Continuo relacionando, a seguir, filmes da Cinedistri da programação dos cines Capitólio e Eldorado, nos anos 50 e 60: Angu de Caroço (1955) com Ankito, Consuelo Leandro, Costinha e Agildo Ribeiro; Metido a Bacana (1957) com Ankito e Grande Otelo; Absolutamente Certo (1957) com Anselmo Duarte, Dercy Gonçalves, Odete Lara; De Pernas Pro Ar (1957) com Ankito e Grande Otelo; O Barbeiro que se Vira (1957) com Waldemar Seyssel (Arrelia), Eliana Macedo, Paulo Goulart, Carlos Tovar, Berta Loran, Roberto Duval, Wilson Grey; A Baronesa Transviada  (1957) com  Dercy Gonçalves, Grande Otelo e Humberto Catalano; Com Jeito Vai (Soldados Do Fogo) (1957) com Carequinha, Fred e Grande Otelo; É de Chuá!  (1957) com Ankito e Grande Otelo; O Camelô da Rua Larga (1958) com Zé Trindade, Nancy Wanderley e Zezé Macedo; Na Corda Bamba (1958) com Waldemar Seyssel (Arrelia), Zé Trindade, Ema D’ávila, Roberto Duval, Wilson Grey; Quem Roubou meu Samba ? (1958) com Ankito, Nancy Wanderley, Pituca, Humberto Catalano, Wilson Grey; Cala a Boca, Etelvina (1958) com  Dercy Gonçalves, Humberto Catalano, Paulo Goulart, Zezé Macedo, Otelo Zeloni; Minervina Vem Aí ! (1959) com Dercy Gonçalves, Zezé Macedo, Norma Blum, Humberto Catalano, Wilson Grey; Dona Xepa (1959) com Alda Garrido, Odete Lara, Colé Santana, Zezé Macedo, Herval Rossano; Titio Não é Sopa (1959) com Procópio Ferreira, Eliana Macedo, Ronaldo Lupo, Herval Rossano, Afonso Stuart; Eu Sou o Tal (1960) com Vagareza, Jorge Murad, Mara Di Carlo, Daniel Filho, Nancy Wanderley, Francisco Anizio, Herval Rossano, Rodolfo Arena, Paulo Celestino, Wilson Grey, Moacyr Derriquem; Samba em Brasília (1960) com  Eliana Macedo, Herval Rossano, Geraldo Mayer, Nancy Wanderley, Humberto Catalano, Paulo Celestino, Henriqueta Brieba; A Viúva Valentina (1960) com Dercy Gonçalves, Humberto Catalano, Herval Rossano, Wilson Grey; Sai Dessa... Recruta!  (1960) com Ankito, Consuelo Leandro, Mário Tupinambá, Renato Restier, Jorge Loredo, Martim Francisco, Rafael De Carvalho. Aliás, Ankito permaneceria mais tempo na telona e dele ainda posso me lembrar dos seguintes filmes: É Fogo na Roupa (1952); Os Três Recrutas (1953); Marujo Por Acaso (1954); O Grande Pintor (1955); Rei do Movimento (1955); Boca de Ouro (1956); Feijão é Nosso (1956); Metido a Bacana (1957); E o Bicho Não Deu (1958); Pé na Tábua (1958); Garota Enxuta (1959); Quem Roubou Meu Samba ? (1959); Um Candango na Belacap (1960); Sai Dessa, Recruta (1960); Vai Que é Mole (1960); Pistoleiro Bossa Nova (1960); Os Três Cangaceiros (1961).  Mas, não foram apenas estes dois estúdios os responsáveis pela presença do cinema nacional nas telas de Juazeiro. Da Cinédia veio, pelo menos, O Ébrio (1946) com Vicente Celestino, Alice Archambeau, Rodolfo Arena, Victor Drummond, Walter D'Ávila, César de Alencar, Ademilde Fonseca, Oswaldo Loureiro. Da Vera Cruz merece menção os primeiros filmes de Mazzaroppi: Sai da frente (1952), Nadando em Dinheiro (1952) e Candinho (1954). Na verdade, Amacio Mazzaroppi fundou a sua própria produtora e diversos outros filmes vieram para nossas telas, como: A Carrocinha (1955); O Gato de Madame (1956); Fuzileiro do Amor (1956); O Noivo da Girafa (1957); Chico Fumaça (1958); Chofer de Praça (1958); Jeca Tatu (1959); As Aventuras de Pedro Malasartes (1960). E era isso, o cinema da minha infância, certamente de muitos garotos daquela fase da Rua São José, e antes que alguém dissesse, já era a maior diversão. Bom dia.
(Postado em Facebook: https://www.facebook.com/renato.casimiro1, em 18.02.2017)             

TELEFÉRICO DO HORTO


O governador Camilo Santana aprovou o projeto e garantiu recursos do Tesouro Estadual para a construção do teleférico e urbanização do Horto do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, no Cariri. Tradicional ponto de turismo religioso na região, o local recebe milhões de visitantes durante o ano. "Essa será uma obra importantíssima para o Horto. Vai melhorar a acessibilidade, trazer mais conforto e segurança para os romeiros e alavancar ainda mais o turismo em toda a região do Cariri", citou o governador do Ceará, sobre a importância do teleférico e de reurbanizar a Colina do Horto. O percurso do teleférico tem aproximadamente 2 mil metros, com tempo total de 12 minutos. A expectativa é receber cerca de 400 pessoas por hora. Construída em 1969 na Colina do Horto, a estátua de Padre Cícero tem 27 metros e está entre as três maiores de concreto do mundo. O monumento representa a presença do patriarca no coração dos fiéis e tornou-se símbolo sagrado do romeiro. Nas fotos que ilustram a notícia, temos de cima para baixo: 1. A estação que ficará no Horto, situada na extremidade mais distante da Rua dos Pombos; 2. A estação que ficará na cidade, na altura do Vapt-Vupt; 3. Uma visão aérea do traçado das duas linhas retas do teleférico, sendo a primeira, horizontal, entre a estação da cidade, no Vapt-Vupt e a rotatória do Anel Viário na confluência com a Av. do Agricultor, e a segunda linha, a partir daí até o Horto, ascendente-descendente. A instalação desse equipamento vem de encontro ao nosso desejo de ver ações que implementem o turismo na cidade, ampliando o que as romarias já fazem. Resta agora saber como isso será tocado. O governo ainda não se manifestou, salvo melhor juízo sobre a sustentabilidade desse investimento. É mais provável que ele seja terceirizado porque a sua manutenção será problemática uma vez que ele não contempla a Vila do Horto, ou mais propriamente a Rua do Horto, o que seria a sua mais frequente usuária, na ligação mais estreita com a cidade. Mas, seguramente, na justificativa do investimento, o Estado deve ter elementos que melhor recomendem o seu traçado como está proposto, e disso não discutimos. Aplaudimos a decisão e aguardamos sua instalação.