segunda-feira, 30 de abril de 2012

30.04.2012
A LIRA NORDESTINA (II)

Tomei conhecimento de matéria veiculada pela Tv Verdes Mares Cariri, no seu noticiário CETV-1ª. edição, de 27.04,pp., encontrável em arquivo no endereço (http://g1.globo.com/videos/ceara/cetv-1dicao/t/edicoes/v/xilogravuristas-reclamam-de-abandono-de-editora-historica-de-juazeiro-do-norte-ce/1922686/de). Lamentavelmente, isto me leva a retomar considerações sobre a falta de vergonha com a qual a Reitoria da Universidade Regional do Cariri vem tratando a Lira Nordestina. Recordo um pouco a razão que sempre me provoca indignação com respeito a este estado de coisas que foi cronicamente perpetrado desde a segunda administração da URCA, até hoje, especialmente. Quando ainda nos momentos iniciais da criação da URCA, a comunidade do Cariri começou a discutir o que seria esta tal de Regionalização de sua Universidade, para que ela não fosse, da forma mais medíocre, um colegião de terceiro grau servindo aos interesses de famílias oligárquicas do Crato, nós do Juazeiro do Norte nos posicionamos em seminário coordenado pelo então reitor prof. José Teodoro Soares para dizer-lhes que não estávamos ali, como se propalava, para impor critérios de distribuição de faculdades e muito menos de equipamentos administrativos, de pró-reitorias, ou o que fosse. Daí porque evoluiu, aparentemente bem, a nossa proposta de que faríamos o possível para ter uma biblioteca setorial, uma casa de cultura portuguesa, a Lira Nordestina, o IPESC-Instituto José Marrocos de Pesquisa e Estudos Sócio-Culturais e um museu. Não foi fácil criar e manter quase todas estas instituições, atribuir 40 horas de atividades a uns poucos abnegados professores para tocar os empreendimentos, todos bem amadurecidos e necessários ao que gostaríamos de ver em atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão. Depois de longas batalhas contra toda sorte de dificuldades impostas por ranços que até imaginávamos não coubessem na nova Academia, vimos gradativamente que a má vontade, a má fé, o desrespeito – tudo isso foi se avolumando e determinando o gradual encerramento de atividades. Não vamos entrar em detalhes sobre cada um destes frustrados projetos de interesse de Juazeiro do Norte junto a URCA. Por último, estão fechando o IPESC e planejando a extinção da Lira. No texto anterior, tornado público pelo Portal de Juazeiro (07.04), em jornal (Gazeta de Notícias, nº 183, 04.2012) e reproduzido em diversos outros blogs, eu havia manifestado a minha repulsa ao ato recente de desligamento de dois xilógrafos, com os quais se poderia enxergar uma responsabilidade da URCA naquela instituição. Sem eles, agora como será? Como é que fica se não tem pessoal para tocar o necessário? Na referida matéria do link mencionado, aí se pode ouvir de sua reitora que, depois de tantos anos, a instituição tem um projeto onde “a revitalização da Lira passa por sua integração com a Academia, com os departamentos e cursos acadêmicos que tematizam a literatura popular....blá,blá,blá”. Diz, concluindo que a Lira “não há de ser um espaço privado de meia dúzia de xilógrafos...” E fiquei pensando comigo mesmo, por que será que é admissível que a URCA seja o espaço de meia dúzia de incompetentes que passaram tantos anos para deixar que estes xilógrafos do Juazeiro, não obstante o grande valor de seu trabalho, ficassem aí, usufruindo de um certo pacto de mediocridade, onde uma das partes se apodera do que não lhe pertence e a outra não está nem aí para o que acontece? Como sobrevive a Lira, daqui por diante, sem poetas, sem xilógrafos, sem cordelistas, sem artistas, sem gráficos? Que mágica é esta, doutora Reitora? Acho, sinceramente, que a Lira é o último combate. Ainda estaremos vigilantes à sua agonia. Quanto ao IPESC, este já estava morto, coitado. Há poucos dias começaram a transferir seus restos mortais para o Crato. O defunto era dos bons e tinha história. Façam bom proveito com sua memória, coisa que não morrerá diante dos assassinatos imundos que perpetraram aos “negócios do Joaseiro”, abeirados na URCA.