sábado, 24 de março de 2012


COMENDA MEMÓRIAS DE JUAZEIRO, 2012
 Aconteceu no dia de ontem, 23, no Auditório do Espaço Mix do Centro Dragão do Mar, na Praia de Iracema, nesta capital, a entrega da Comenda Memórias de Juazeiro, versão 2012. O evento foi uma realização da Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte – AFAJ. A reunião sempre acontece, anualmente, para celebrar, antes de tudo, a motivação maior que esta Comenda encerra: a data natalícia – a centésima, sexagésima oitava da existência do nosso Patriarca e fundador, Padre Cícero Romão Batista. Daí esta proximidade com o dia 24 de março. Foram registradas muitas presenças de pessoas das famílias dos homenageados que lotaram o auditório. Receberam as homenagens: Benedito Rodrigues Veloso, Felipe Neri Coelho e Celina Callou de Sá. Para saudar os homenageados e suas famílias, o diretor cultural da AFAJ, Renato Casimiro, pronunciou o seguinte discurso.

Excelentíssimo Senhor Dr. Odival Limeira Lima, Presidente da Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte (AFAJ);
Excelentíssimo Senhor Dr. Benedito Rodrigues Veloso, filho do homenageado, por cujo nome saudamos efusivamente seus filhos, netos, bisnetos e trinetos, e bem assim todos os demais membros da família e amigos de Manuel Rodrigues Veloso;
Excelentíssimo Senhor Felipe Neri Coelho, filho do homenageado, por quem desejamos abraçar e cumprimentar toda sua família, estreitando junto a tantos amigos estes laços memoriais em torno de Raimundo Saraiva Coelho;
Excelentíssima Senhora Maria Celina Callou de Sá, esposa do homenageado, em nome de quem cumprimentamos todos os membros da família e os amigos de José Feijó de Sá;
Excelentíssimas autoridades;
Senhoras e senhores, membros da Diretoria da AFAJ e do seu quadro social;
Minhas senhoras e meus senhores, amados filhos e afilhados de Juazeiro do Norte.

Em anos anteriores, foram homenageados com a Comenda Memórias do Juazeiro, as seguintes personalidades: na primeira concessão, em 2001: José Geraldo da Cruz, Manoel Francisco Germano e Odílio Figueiredo; Em 2002: Antonio Fernandes Coimbra, Dário Maia Coimbra e José Monteiro de Macedo; Em 2003: Felipe Néri da Silva, Expedito Pereira e Francisco Erivano Cruz; Em 2004: Francisco Néri da Costa Morato, Mozart Cardoso de Alencar e José Bezerra de Menezes; Em 2005: Expedito Guedes, José Teófilo Machado e Antonio Corrêa Celestino; Em 2006: Samuel Wagner Marques de Almeida, Walter de Menezes Barbosa e Mons. Francisco Murilo de Sá Barreto; Em 2007: Amadeu de Carvalho Brito, Aureliano Pereira da Silva e Edgar Coelho de Alencar; Em 2008: Durval Aires de Menezes, Getúlio Grangeiro Pereira e Tarcila Cruz Alencar; Em 2009: Antonio Conserva Feitosa, Gumercindo Ferreira Lima e Francisca Pereira de Matos; Em 2010: José Perboyre Sampaio Sabiá, José Pereira Nobre e Tereza de Sousa Pereira; E em 2011: Luiz Gonçalves Casimiro, Orlando Bezerra de Menezes e Valdetário Pinheiro Mota. Para a nova Concessão, nesta versão de 2012, a Diretoria esteve reunida no último dia 7 de fevereiro e decidiu, por votação secreta, a escolha dos seguintes homenageados: Manuel Rodrigues Veloso, Raimundo Saraiva Coelho e José Feijó de Sá.
Estamos, portanto, aqui reunidos mais uma vez para celebrar, antes de tudo, a motivação maior que esta Comenda encerra: a data natalícia – a centésima, sexagésima oitava da existência do nosso Patriarca e fundador, Padre Cícero Romão Batista. Daí esta proximidade com o dia 24 de março. Ultimamente, diluídos no tempo – conflitos e paixões, emerge com maior clareza para nós a figura impoluta deste homem que plantou no velho Taboleiro do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, do Pe. Pedro Ribeiro e de nossa Mãe das Dores, a boa semente de uma civilização romeira que perdura pelos séculos.  

JOSÉ FEIJÓ DE SÁ
José Feijó de Sá nasceu no dia 20 de março de 1917, na Fazenda Ouro Preto, município de Salgueiro - Pernambuco. Seus pais foram Manoel de Sá Araújo Irmão e Ana da Cruz Sampaio de Sá. José Feijó viveu no convívio familiar até os oito anos de idade. Desejando muito estudar e com o consentimento dos pais foi morar na cidade de Jardim, Ceará, em casa do seu tio José da Cruz Sampaio, em 1925. Estudou e trabalhou na loja do seu tio por vários anos. Continuando na loja de tecidos ele desenvolveu suas habilidades comerciais. Cresceu e passou sua adolescência demonstrando sempre o desejo de vencer no ramo comercial.  Sempre muito interessado no trabalho procurou absorver do tio seu estilo de como dirigir os negócios. A leitura era uma coisa indispensável nas horas de folga. Em 1936, foi convidado pelo seu tio Pedro Cruz Sampaio, para trabalhar em sua firma Sampaio Irmãos S.A., loja que tinha o nome de Nova Aurora, implantada na cidade de Barbalha. Feijó, desejando avançar no ramo lojista, atendeu o convite, passando-se para Barbalha de imediato no ano de 1936. Aos poucos foi se afeiçoando e logo se tornou sócio da firma. Ele tinha o dom de atrair fregueses, pela sua sensibilidade comercial. De Barbalha, ele viajava para os grandes centros, trazendo tecidos do mais fino gosto. Em 1943, em sociedade com seu tio Pedro Cruz Sampaio, estabeleceu-se em Juazeiro do Norte onde abriu uma loja a que deu o nome de Casa Feijó. Aí foi um novo marco de sua vida. Cheio de esperanças, alimentava o desejo de prosperar mais e mais, pois Juazeiro oferecia campo para a expansão comercial. Ele não parou, continuando firme e forte na luta por dias melhores. Em 26 de maio de 1944, casou-se com a senhorita Maria Celina Callou de Sá, e tiveram cinco filhos: Ana Celi Feijó Andrade, empresária, residente em Belém; Frederico Feijó de Sá, engenheiro civil, residente em São Paulo; Maria Natércia Feijó Jereissati,  empresária, residente em Fortaleza; Francisco Rommel Feijó de Sá, médico, ex-prefeito de Barbalha e ex-deputado federal, residente na Lagoa Seca, e Maria Eugênia Feijó Barros, empresária, residente em Fortaleza.  José Feijó de Sá, homem de fino trato, soube muito bem conduzir sua linha, como chefe de família. Foi bom pai, bom esposo, coordenando bem os filhos no caminho do saber, ensinando-lhes com serenidade, seriedade, honestidade, simplicidade e responsabilidade nos atos assumidos. O diálogo familiar era coisa prioritária. Ele dava liberdade de pensamento, não deixando, no entanto, de supervisionar e aconselhar o melhor. O seu controle educacional foi fundado nos bons costumes, difundindo uma personalidade sólida, sóbria, inquebrantável e justiceira. Neste punhado de coisas, que procurava transmitir aos filhos com muita propriedade, consolidava as palavras coloridas de muito amor paterno. Anos depois, transformou a Casa Feijó em Armazém Feijó. Daí a comercialização se tomou maior, exigindo dele um trabalho mais fecundo, produtivo e profícuo. Em janeiro de 1951 junto aos companheiros Antonio Correa Celestino, Edmundo Morais, Vicente Teixeira de Macedo, Luciano Teófilo de Melo e seu tio Pedro Cruz Sampaio, fundou a Aliança de Ouro Ltda. Esta cresceu muito bem, sobressaindo-se em todos os negócios. A mesma cresceu e logo transformada em 1955, para Aliança de Ouro Comércio, Indústria e Agricultura S/A. José Feijó, em companhia dos sócios, comprou a indústria de algodão de Antonio Gonçalves Pita, conhecido industrial de Juazeiro do Norte. Daí fundou a firma Industria e Comércio de Algodão S/A - ICASA, no dia 25.12.1957. Com seu espírito arrojado e empreendedor, Feijó construiu a fábrica algodoeira, à margem da rodovia Juazeiro do Norte - Crato, equipando-a com as melhores máquinas - desfibradoras de algodão, do país. Desenvolvendo um sistema de trabalho planejado, conseguiu êxito total na indústria. A pluma era vendida para o sul do País. Aberto o sistema de exportação pelo governo, Feijó chegou a exportar pluma para Alemanha em 1966. O óleo ela vendido para as refinarias como Alimonda Irmãos (PE), Siqueira Gurgel e Ceará Industrial (Fortaleza-CE). A torta era vendida para a Bahia, Piaui, Pernambuco e Região Caririense. No seu currículo profissional, sempre demonstrou ótimo relacionamento dentro da empresa. O seu tino comercial serviu de exemplo para muitos que hoje militam no ramo. O natal dos funcionários e operários era coisa fundamental para ele. A distribuição de presentes aos filhos de operários se dava anualmente, satisfazendo assim o seu ego. No inicio de janeiro promovia um almoço, churrasco, horas de lazer, num congraçamento entre ele, funcionários e operários. Na década de 60, Feijó providenciou um largo galpão para servir de restaurante aos operários oferecendo uma alimentação condigna, por preço muito barato, comparando-se ao preço normal. Para melhorar o padrão de alimentação dos operários, providenciou uma horta e o plantio de frutas, dentre as quais fruteiras de prazo de curta colheita, atendendo assim, o consumo necessário a boa alimentação do operariado. Ele gostava muito de ler. No curso de sua vida profissional, dedicou-se bastante à leitura de obras relacionados ao ramo dos negócios. Ele lia administração e recursos humanos, relacionamento industrial, técnicas e supervisão de funcionários e outros. Lia muito as obras de Machado de Assis, Humberto de Campos e José de Alencar. Leu todas as obras de Plínio Salgado, inclusive "Vida de Jesus". Era uma pessoa de muita fé cristã. Gostava também de romances. Ele foi conhecedor do Novo e Velho Testamento. Gostava de boas revistas e jornais, pois para ele era de suma importância estar em dia com os assuntos nacionais e internacionais. Em 1963 fundou a CIGA – Companhia Iguatuense de Algodão S.A., que ficou seguindo o seu regime de trabalho sob sua supervisão, destacando-se bem em ternos de compra e venda da matéria prima. Desportista ardoroso, fundou em 1963, o Icasa Esporte Clube, que manteve até sua morte. O ICASA com o tempo se firmou tomando-se um time de alto escalão na região. Enquanto viveu, Feijó viu seu time participando do campeonato municipal de 64 a 72, ganhando oito vezes consecutivas em Juazeiro do Norte. Assistiu a sua participação no Campeonato Estadual. Viu-o filiado à CBF e vibrava pelas participações da equipe, até na Loteria Esportiva. Na sua época ainda era uma façanha e trouxe muitos times bons a Juazeiro como o Cruzeiro, de Belo Horizonte, Ceará, Fortaleza, entre outros da Paraíba e Pernambuco, satisfazendo assim o seu gosto esportivo oferecendo a sociedade um lazer sadio e cultural. Na sua consciência, o valor de um homem não devia ser julgado unicamente pela obra que faz, mas também - e principalmente pelas circunstâncias e condições em que a executa. A grande obra construída ao longo dos seus 58 anos de idade, pelo industrial José Feijó de Sá não foi somente o complexo industrial que ele dirigiu, mas sobretudo a solidariedade para com os amigos e para com a família. Solidariedade nas campanhas políticas. Solidariedade na renuncia ao poder. Solidariedade no contato diário com os seus funcionários. E para que virtude maior do que esta se há no mundo uma crise de solidariedade. Assim pensava que, da solidariedade nascia o amor, a compreensão, a caridade, o respeito à honestidade, os bons propósitos. Feijó morreu precocemente, certamente com a consciência tranqüila, em paz consigo mesmo. Sua firmeza de caráter, seu espírito de luta, sua lealdade não morreram. Estas virtudes estão presentes na mente daqueles que tiveram o privilégio de privar de sua amizade. Feijó deixou uma imagem positiva do homem moderno. O industrial sério e o desportista alegre e apaixonado pelo ICASA. O político independente e o avô extremoso que se curvava para receber os beijos dos netos. Essa é a mensagem e a imagem que todos nós guardamos de Feijó. Faleceu José Feijó de Sá em 31 de janeiro de 1977, num desastre automobilístico. O seu esforço para fazer amigos não foi inútil. O sepultamento de Feijó foi uma verdadeira consagração. Os amigos foram lhe dar o último adeus. E o pequeno cemitério da cidade de Barbalha, sua terra por adoção, testemunhou o choro em silêncio de milhares de pessoas de todas as categorias sociais. Era a homenagem póstuma a um homem justo, que fora chamado de volta à casa do Pai, no fulgor de uma vida que a muitos comovia.

MANUEL RODRIGUES VELOSO
Manuel Rodrigues Veloso nasceu no então Distrito de Acarape, do município de Redenção, CE, em 4 de junho de 1896. Era popularmente conhecido em Juazeiro do Norte como o “Seu” Veloso, chefe durante 23 anos da Estação Ferroviária, da antiga RVC (Rede Viação Cearense). Seu Veloso ingressou na Companhia em 1919. Trabalho ativamente por trinta e cinco anos. Somente após a sua aposentadoria, em 1954 ele viu a empresa ser federalizada, com a transformação em RFFSA. A Rede Ferroviária Federal S.A. – RFFSA foi criada mediante autorização da Lei nº 3.115, de 16 de março de 1957, pela consolidação de 18 ferrovias regionais, incluindo a RVC. Em 1992 a Companhia foi desestatizada passando à iniciativa privada. Com a liquidação da RFFSA, a partir de 17.12.1999, surgiu a Companhia Ferroviária do Nordeste – CFN, que perdura até hoje. Era da maior valia o trabalho que este homem realizava numa cidade como Juazeiro do Norte, já que era funcionário efetivo daquela rede de transportes ferroviários, de carga e passageiros, um setor então muito importante para o desenvolvimento da cidade, pois era praticamente a única via de transporte no Estado do Ceará, pela ausência de rodovias naquela época. Filho do imigrante português Simão Antonio Veloso, autor de duas obras de arte (Estátuas de José de Alencar e General Sampaio) ainda hoje existentes na praça da estação de Fortaleza, e de Ana Hermínia Ferreira de Melo Veloso. Este senhor abandonou a família deixando sua mãe e ele. Sem motivo plausível, e até morrer no ano 1986, aos 90 anos de idade, não soube o seu paradeiro e assim tiveram a vida difícil, tendo praticamente apenas em educação a quinta série primária, abandonando os estudos na escola por força de ajudar a mãe, trabalhando inicialmente aos 12 anos como auxiliar de redação de “O JORNAL" começando o seu conteúdo cultural de autodidata o que lhe proporcionou conhecimentos gerais da Língua Portuguesa, Geografia e Historia. Casou-se em 11 de janeiro de 1922, com a jovem Maria Braga Soares (Mariinha Veloso), com quem permaneceu casado até 11 de agosto de 1980, data de sua morte. Fez concurso para os Correios como telegrafista de Código Morse. Posteriormente foi transferido para a RVC, onde fez carreira, iniciando-se como telegrafista da estação ferroviária central de Fortaleza, Engenheiro João Felipe, na Praça Castro Carreira. Nesta época, nasceu sua primeira filha Lúcia Vanda. Depois, transferiu-se para chefiar a estação do Distrito de Uruquê, junto a cidade de Quixeramobim, onde nasceu o seu segundo filho Nazareno. Algum tempo depois, transferiu-se para a cidade de Aracoiaba onde nasceram mais dois filhos, Maria Helena e Manuel Filho (Nelito). Novamente, Manuel Rodrigues Veloso se transfere para chefiar a estação de Soure, hoje Caucaia, onde nasceu Benedito, conhecido como Beni, um dos diretores desta nossa AFAJ. Em seguida, veio nova transferência para a cidade de Senador Pompeu, onde nasceu o sexto filho, Célio, hoje capitão reformado do Exercito e advogado. Finalmente, em agosto de 1934, Manuel Rodrigues Veloso chegou à cidade de Juazeiro do Norte, aliás, transferência que estava no desejo de sua esposa, devota do Padre Cícero, onde fixariam residência por mais de vinte anos. Em Juazeiro do Norte nasceram mais três filhos, Roberto, Isolda (falecida prematuramente aos 6 meses de idade) e Eduardo Maurício, seu ultimo filho. De formação austera, vinda de sua mãe que o acompanhou até a morte, homem de personalidade digna e honesta, até demasiada, sempre pautou a sua profissão pelo cumprimento do dever, levando uma vida de amizades sem distinção política. Foi amigo de políticos e de todos os habitantes da cidade de Juazeiro do Norte. Dedicou-se de corpo e alma a dirigir a sua estação. Por isso, citamos um caso acontecido com o seu amigo Prefeito Municipal, empresário Antonio Gonçalves Pita. Antonio Pita pleiteou ao chefe da estação um carro de carga de trem para transporte de suas mercadorias para o destino de Fortaleza, exigindo antecipação da entrega do mesmo, o que não podia, pois estas solicitações constavam em livro aberto ao publico, e ele era o quinto lugar em prioridade. Seu Veloso negou o pedido, apesar de sua estreita amizade com o Sr Antonio Pita. Tal era esta amizade que muitas vezes Antonio Pita, nos seus aniversários fugia das homenagens e se refugiava até tarde da noite na praça da estação, na casa da família Veloso. O Sr. Antonio Pita não concordou com a negativa do seu pedido, surgindo daí, acerbada discussão em que o prefeito ameaçou o amigo da transferência da chefia da estação em Juazeiro do Norte. Antonio Pita recuou, não cumpriu a ameaça e reconheceu publicamente as razões do chefe da estação, com um pedido de desculpas pelo acontecido. Veloso era, nas suas ações pessoais e administrativas um grande exemplo de correção e caráter. Nesta época, por exemplo, por ele passava grandes negócios do setor algodoeiro da região, o que o colocava diante de relações muito importantes com as empresas P. Machado, Anderson Clayton, além de figuras importantes do ramo de algodão em pluma, como Manoel Germano e José Bezerra de Menezes, dentre outros. Por isso mesmo, era possuidor de um círculo de boas amizades, onde se relacionava com grande estima com pessoas da sociedade. Foi amigo particular do médico Dr. Mozart Cardoso de Alencar, do chefe dos Correios, Sr. Propércio de Castro Nogueira, do ex prefeito Jose Geraldo Cruz, do advogado Dr. Gregório Callou de Sá Barreto, do médico Dr. Possidônio da Silva Bem, do empresário Jose Bezerra de Menezes, do médico Dr. Leão Sampaio, do prefeito Dr. Antonio Conserva Feitosa, do empresário Odílio Figueiredo, dentre tantos outros, para demonstrar sua maneira apolítica na condução de sua profissão na cidade, cuidando exclusivamente de sua estação ferroviária. De todos os seus filhos nasceram em Juazeiro do Norte 23 netos e 25 bisnetos e tataranetos, muitos deles morando ainda hoje em Juazeiro do Norte. Pai austero, digno e honesto acima de tudo, pautou sua vida com sua esposa Dona Mariinha até a sua morte, para educar seus filhos nos melhores colégios da cidade onde formou duas professoras, Lúcia Vanda (prêmio de primeiro lugar dentre as professorandas, da 5ª. Turma, de 1941) e Maria Helena, ambas na Escola Normal Rural sob a batuta educacional de D. Amália Xavier de Oliveira, de Maria Assunção Gonçalves, de Generosa Ferreira Alencar e de Tarcila Cruz Alencar. Quanto aos rapazes, manteve-os no então Ginásio Salesiano São João Bosco, formando-os até o curso Ginasial, seus filhos Nazareno, Beni, Célio, Roberto, Nelito e Eduardo Mauricio tornando-se assim e por tudo citado merecedor desta homenagem que a AFAJ lhe presta neste momento solene. Depois de 20 anos residindo em Juazeiro do Norte, “Seu” Veloso solicitou a sua aposentadoria da velha RVC, em 1954. Na inatividade, ainda residiu pouco mais de um ano em Juazeiro. Manuel Rodrigues Veloso transferiu-se, pela última vez para ainda continuar a chefiar a estação familiar, em Fortaleza, em 1956. E aqui viveu por mais 30 anos, pacatamente, administrando a benquerença dos seus mais íntimos, enorme família que lhe deu o conforto de uma existência vitoriosa em mais de noventa anos. Faleceu em 11 de outubro de 1986.  

RAIMUNDO SARAIVA COELHO
Raimundo Saraiva Coelho nasceu na cidade de Iguatu, no dia 15 de julho de 1927, sendo filho de Luis Coelho de Figueiredo Rocha e Clotildes Saraiva Coelho. Ele costumava justificar o orgulho para com sua terra natal, mencionando que ela também era o berço de homens da expressão do democrata Adail Barreto, do filósofo Alcântara Nogueira, do ex-deputado Edival de Melo Távora, do erudito sacerdote Mons. Pedro Rocha de Oliveira, do escritor Fran Martins, do maestro Eleazar de Carvalho, do Mons. José Coelho de Figueiredo Rocha - seu tio, vigário por quase 40 anos, e tantos outros vultos do passado e de nossa história contemporânea. Muito cedo perdeu o pai aos 6 anos de idade. A partir daí, iniciou sua jornada de luta e muito trabalho, onde forçado pelas circunstâncias que a vida lhe impôs, passou a vender leite num lombo de um jumento, para ajudar a mãe a criar a família. Porém, as dificuldades aumentaram, teve que residir com o tio Monsenhor, onde foi coroinha, e durante esta fase da vida fez o colegial, já com a obstinação de servir ao exército, pois na sua visão isto lhe daria tranqüilidade e estabilidade financeira. Ao entrar na juventude foi para Fortaleza com pouquíssimos recursos, chegando a morar de favor em uma barbearia. Logo depois trabalhou lavando tubos de coleta de material em um laboratório, porém em paralelo a isto, empenhou-se nos estudos. Tendo cursado o então primário no Grupo Escolar Manoel Carlos Gouveia, de 1936 a 1940, ainda em sua própria cidade natal, Raimundo Saraiva Coelho fez os estudos secundários no Ginásio Iguatuense de 1941 a 1944, transferindo-se, em seguida, para Missão Velha. Trabalhou como Auxiliar de Escritório no período de 1944 a 1948, cargo do qual se afastou nesse mesmo ano para assumir a função de Auxiliar Administrativo no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS, prestando serviços nas obras do açude público Boqueirão de Piranhas, em Cajazeiras, Estado da Paraíba, fase que se concluía em 1950. De 1950 a 1951, Raimundo Saraiva Coelho cursou a Escola de Sargento das Armas (ESA), sediada em Três Corações - Estado de Minas Gerais, chegando ao fim dessa etapa do ensino militar com o titulo de Sargento de Infantaria de nossas Forças Armadas. No mesmo período fez o Curso de Comando de Pelotão, indo servir como sargento no 19º. Batalhão de Caçadores em Salvador, no Estado da Bahia, onde permaneceu até agosto de 1952. Retornando ao Ceará, de 1952 a maio de 1953 ocupou as funções de Instrutor da Escola Preparatória de Fortaleza.  Incluído no quadro de Instrutores do Tiro de Guerra, em junho de 1953, o já então 3º. Sargento Raimundo Saraiva Coelho foi prestar seus serviços em Juazeiro do Norte. Em 1955 era promovido a 2º. Sargento, permanecendo como instrutor até 1959. Tendo sido promovido a 1º. Sargento em 1960. Raimundo Saraiva Coelho se manteve como instrutor Chefe do Tiro de Guerra até 1966. No mesmo ano era promovido a subtenente e classificado no 15º. Regimento de Infantaria de João Pessoa, na Paraíba, e no mesmo ano foi transferido para a reserva remunerada no posto de 1º. Tenente. Ficava ai encerrado esse ciclo de sua existência, pleno de grandes momentos e de orgulho de haver cumprido todos os seus deveres, como militar e como instrutor de milhares de jovens que receberam seus ensinamentos de civismo e de amor à Pátria. O ingresso de Raimundo Saraiva Coelho no campo da iniciativa privada se deu auspiciosamente em 1966 tornando-se sócio e, ao mesmo tempo, diretor vice-presidente da COESA - Coelho S/A - Indústria e Comércio de Algodão, com sede em Iguatu, função que exerceu até março de 1979. Sem prejuízo para as atribuições desempenhadas na COESA, em 1970, Raimundo Saraiva Coelho assumia o cargo de diretor-comercial da firma EMPREC-Empreendimentos de Engenharia Civil Ltda., em associação com o empresário e engenheiro Dr. Rômulo Aires Montenegro, cargo que ocupou até 1986. Para se ter idéia da importância da EMPREC, esta empresa tinha escritórios em Brasília, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, afora as frentes avançadas sediadas em cada obra. Ao todo a EMPREC, nesta época, tinha 200 funcionários e oferecia 1.000 empregos indiretos. A primeira grande obra da EMPREC foi a construção do SESI na cidade do Crato, sendo considerada por Raimundo Saraiva Coelho como realizações de destaque os seguintes projetos de engenharia: - SESI e SENAI, da Barra do Ceará, em Fortaleza; Crato e Juazeiro do Norte - 2.000 unidades residenciais em Fortaleza/CE; - 10.000 unidades residenciais em Brasília; - 5.000 unidades residenciais em São Paulo - Varias agencias do Banco do Brasil nos mais diversos Estados da Federação. Várias agências do BNB, inclusive a de Juazeiro do Norte e várias agências da Caixa Econômica Federal, inclusive a de Juazeiro do Norte. Em Juazeiro do Norte, Raimundo Saraiva Coelho foi pioneiro na construção de conjuntos de casas e apartamentos para alugar, iniciativa tomada com a finalidade de suprir a deficiência existente no setor residencial dessa grande cidade do interior do Estado. Vale ressaltar ainda o Conjunto LDJ com 31 unidades, o Conjunto Lagoa Seca, com 21 casas, o Edifício São Raimundo, em Juazeiro do Norte, com 14 apartamentos (o marco inicial da verticalização de unidades residenciais em Juazeiro do Norte), o Edifício São Raimundo, em Fortaleza, com 32 aptos, e o Edifício São Raimundo, em Brasília, com 30 aptos. Seu dinamismo não parava nessas realizações. Em junho de 1979, Raimundo Saraiva Coelho era guindado ao cargo de diretor comercial da firma de veículos - CRAJUBAR, função que exerceu até junho de 1980. Em 1980 fundou e construiu o Hospital e Maternidade Santo Antonio, em Barbalha, juntamente com os médicos Drs. Antonio, João e José Correia Saraiva, e o analista José Ribamar Correia. Foi também sócio-fundador do Hospital Santo Inácio, de Juazeiro do Norte. Pecuarista como também o fora seu genitor, dedicava-se à Fazenda São Raimundo, nos arredores de Juazeiro do Norte, onde criava aproximadamente, 500 cabeças de gado. De suas propriedades ainda se destacava o Sítio Monte Castelo, sendo ele o maior produtor de cana-de-açúcar do município juazeirense, cuja produção era vendida a Usina Manoel Costa Filho, de Barbalha. Representando a EMPREC, participou em Paris de um Congresso sobre a Construção Civil e, na vida política, chegou a ser convidado para disputar a Prefeitura Municipal de Juazeiro, na condição de presidente da comissão executiva do PDS local. Em 1986 saiu da EMPREC e fundou a CRC - Construtora Raimundo Coelho com a sua família, passando para seus descendentes sua experiência profissional e seus valores mais fundamentais: sua conduta de homem bom, íntegro, trabalhador. A CRC é sediada na cidade de Juazeiro do Norte-CE e com filiais em Fortaleza-CE, e Escritórios de apoio nas cidades de João Pessoa-PB e São Paulo-SP. A CRC é uma empresa especializada, com atuação no setor de: Edificações, Construção Civil em geral, Drenagem, Terraplenagem, Pavimentação Asfáltica, Urbanização, Saneamento Básico, Projetos Diversos, Planejamento, Assessoria Técnica, Incorporações, além de Administração e Locação Imobiliária, disponibilizando uma diversidade de Imóveis de sua propriedade para uso Residencial e Comercial.
Ao longo destes 24 anos de vida, vem progressivamente ampliando horizontes, agregando valores através da absorção de novas tecnologias, qualificando incansavelmente seus produtos e serviços, combinando talentos, e por fim consolidando nossa marca através de um trabalho sério, onde primamos pela retidão e pelo fiel cumprimento dos nossos objetivos e compromissos. Raimundo Saraiva Coelho matrimoniou-se em 30 de julho de 1960, com Darcila Neri de Vasconcelos Coelho (atualmente, Diretora Presidente da CRC, desde 2009) e desse afortunado matrimônio são os filhos: Fernanda Saraiva Coelho - engenheira civil e funcionária da SOEC. Felipe Neri Coelho - engenheiro civil (atualmente Diretor Técnico da CRC, desde 1986), Luiz Coelho Neto - administrador de empresas; Cláudia Neri Coelho Machado – economista (atualmente Diretora Presidente da Cariri Gás Butano, casada com o odontólogo, escritor, bacharel em Direito, Paulo de Tarso Gondim Machado, atualmente Tabelião do 2º Ofício de Juazeiro do Norte; e Patrícia Neri Coelho Machado, atualmente Diretora Administrativa/Financeira da CRC, desde 1991, casada com o bacharel em Direito, Cícero Alberto Gondim Machado. Faleceu repentinamente, em decorrência de agudo infarto do miocárdio, em sua residência, na rua do Cruzeiro, em Juazeiro do Norte, na manhã do dia 24 de setembro de 2009. Das homenagens que já foram prestadas à memória de Raimundo Saraiva Coelho, podemos destacar o seu nome dado ao Auditório do SENAC-Iguatú, inaugurado em 29 de fevereiro passado, com capacidade para 120 lugares. Raimundo Saraiva Coelho foi o responsável pela construção da nova unidade do Senac em Iguatu, inaugurada em 2010. A homenagem é em reconhecimento a grande contribuição de Raimundo Saraiva ao Senac e ao município. De acordo com o Gerente do Senac Iguatu, “quando soube que  sua construtora, a CRC, iria construir uma unidade do Senac em sua terra natal, o Tenente Raimundo ficou muito feliz. Infelizmente ele não a conheceu finalizada, devido ao seu falecimento. Daí a escolha para nominar o auditório da nova sede, como forma de homenageá-lo”. A outra homenagem veio do município de Juazeiro do Norte e do Governo do Estado do Ceará, denominando a Escola Estadual de Educação Profissional Raimundo Saraiva Coelho, situada na Avenida Paulo Maia - Bairro São José. A solenidade de inauguração, foi no dia 16 de junho de 2011, pelo Governador do Estado do Ceará. Em breve, o grande conjunto residencial que está sendo implantado em Juazeiro do Norte, fruto do programa governamental Minha Casa, Minha Vida, tomará o nome do inesquecível Tenente Coelho.

Meus senhores e minhas senhoras:

Esta é a pequena memória dos imensos exemplos de vida de alguns dentre os que ornaram a sociedade de Juazeiro do Norte. Certamente que cada um dos senhores e senhoras percebeu nesta retrospectiva apressada o quanto de digno e honrado houve na trajetória dos que aqui homenageamos nesta noite.  Mais que lembrá-los, melhor é guardar conosco a advertência: jamais nos esqueçamos deles. Eles nos fazem muita falta.

Muito obrigado.