sexta-feira, 21 de abril de 2017

MONSENHOR AZARIAS SOBREIRA LOBO
CENTENÁRIO DE ORDENAÇÃO SACERDOTAL
Transcorre no dia de hoje, 22.04.2017, o centenário de Ordenação Sacerdotal de Mons. Azarias Sobreira Lobo. Ele foi o primeiro juazeirense a ser ordenado na então mais nova Diocese do Ceará, a Diocese de Crato. Sobre ele, há alguns anos atrás eu escrevi uma pequena memória a seu respeito que abaixo transcrevo:
HOMENAGEM AO MONSENHOR AZARIAS SOBREIRA LOBO
É da recomendação experimentada de um velho franciscano missionário que acompanhou um grupo de romeiros do Juazeiro, tempos atrás, pelas terras da Judéia, da Galiléia e da Samaria, que é muito útil, em momentos como estes que a nossa reflexão se aprofunde para que o nosso conhecimento dos fatos e da vida não sejam abordagens superficiais, de esmalte de fácil remoção. E isto é tão mais valioso quando a nossa prospecção se estriba em textos que traduzem e refletem o pensamento cristalino das idéias, ao contexto que nos permite situar as suas relações com o mundo, os pretextos que motivaram ações e reações, e as entrelinhas que freqüentemente guardam enclausuradas as razões mais convincentes de suas decisões e gestos. Os textos, de longa data, já nos permitiram conhecer do Pe. Azarias Sobreira Lobo, do seu porte, uma figura exemplar no seu ministério. Desta análise, lembraria as expressões de Luitgarde Barros quando afirma: “Filólogo, profundo conhecedor da história eclesiástica, dos costumes, do adagiário e da genealogia cearenses. Era um deslumbramento beber tanto conhecimento temperado com um bom humor irresistível, leveza de crítica dos costumes, transmitido numa linguagem escorreita, um singular conhecimento da alma humana.” O contexto de sua época, em transformação substancial, sobretudo após o Vaticano II, não alterou o seu itinerário de vida, como autêntico missionário do Cristo. Ao contrário, atualizou-o e reforçou a sua primitiva opção pelos pobres e desassistidos deste Ceará interiorano de flagrantes contrastes e injustiças. Um dia, já próximo de sua morte, escreveu: “Se, neste meu ablativo de vida, me perguntasse qual a marca que me parece mais saliente em meu espírito, eu não teria medo em responder: uma inata tendência para admirar. Não propriamente os que fizeram fortuna ou conseguiram altas posições sociais, e sim os que se impuseram pela coragem das convicções, pelo domínio de seus apetites desordenados, pela compaixão para com os injustiçados e oprimidos.” Abriu-se na vida de Azarias Sobreira o pretexto extraordinário da celebração da data centenária de ordenação de Cícero Romão Batista. A história lhe fará justiça ao mencionar a sua determinada intenção de esclarecer a opinião pública, à época, ainda muito desinformada, até em segmentos da intelectualidade, plena de preconceitos e radicada em julgamentos emocionais apressados. Nas entrelinhas de suas ações estavam as notas maiores de sua grande fidelidade ao Cristo que lhe inspirou uma vida de dedicação à Igreja. Mas, estava também o reclamo mais que patente de sua consciência que não repousava se por sua atitude, solidária ao seu bispo diocesano, em Fortaleza, ele não empunhasse o estandarte da revisão histórico-eclesial das punições que determinaram a extensa e renitente punição ao santo do Juazeiro. Para homenagear este homem, este santo homem - diríamos, este irmão do chão amado do Juazeiro, aqui estamos. Quase que nos passava despercebida a ocorrência destes seus 90 anos de opção pelo sacerdócio, vocação que ele nos diz que nasceu aos 5 anos de idade, quando desejou ser um simples padre. Que grave pecado teríamos cometido ! Felizmente, por este gesto amoroso e cordial de sua família, tão pleno de simbolismo, que entrega ao povo de Juazeiro a guarda permanente, neste Memorial Pe. Cícero, do cálice que lhe acompanhou por longos anos na celebração do Mistério, enseja-nos a oportunidade de relembrá-lo, sobretudo aos mais novos, aos que porventura nem tenham tido o privilégio de conhecê-lo. Por isto mesmo, agradecendo a delicadeza de terem me convocado para esta homenagem, permitam-me que eu possa lhes dizer um pouco mais do amigo que tive e por cujas saudades, lágrimas e apertos no coração se fizeram sentir por estes anos, em momentos como estes. Era o dia 30 de maio de 1970, um sábado. Já residindo em Fortaleza, fazia uns cinco anos. Reservei aquela tarde para satisfazer uma velha expectativa: conhecer de perto o Pe. Azarias Sobreira Lôbo, de quem acabara de ler sua mais alentada obra “O Patriarca de Juazeiro”. Na sua casa da Av. Dom Manoel, fui recebido com atenção. Essa gentileza se repetiria inúmeras vezes, até 1974, face a sua morte em 14 de junho. Daí por diante, e sempre com as queixas de Da. Messias e de Joana, a que cuidava dos serviços domésticos, fui espaçando as visitas, até que, no início de 1977, me mudei para São Paulo e não mais as visitei. Quando voltei, Da. Messias já havia falecido, a casa já era endereço comercial, até reformada, e de Joana tinha poucas notícias. Na primeira visita encontrei-o aos 76 anos. Naquele dia recebeu-me com carinho e tanta atenção que me surpreendi com tal gesto. Estava ali não só pela curiosidade pessoal, mas, também, por sugestões insistentes de amigos comuns como Amália Xavier de Oliveira, Maria Assunção Gonçalves e José Oswaldo Araújo. Identificado por estes e iniciado nas leituras da vasta literatura sobre o Pe. Cícero, o Pe. Azarias me acolheu como um dos seus mais íntimos e, a partir daí, por minha insistência e, sobretudo, com sua paciência em responder serenamente a intermináveis questionamentos, passamos a nos encontrar semanalmente, aos sábados e domingos, em sua casa. Várias vezes saímos a fazer visitas a amigos e locais. Vivíamos o ano de 1970 e o Pe. Azarias estava vivamente empenhado na reabilitação do Pe. Cícero, cem anos após a sua ordenação, no Seminário da Prainha. Azarias era, na verdade, o único sacerdote a encarar frontalmente a questão e, a partir dos escritos e do posicionamento público de seu bispo - D. José de Medeiros Delgado, firmou-se como articulador das celebrações do centenário de ordenação sacerdotal do Pe. Cícero, no âmbito da Diocese. D. Delgado havia lançado duas publicações: Juazeiro, Padre Cícero e Canindé (1968) e Padre Cícero, Mártir da Disciplina (1970). No dia 26 de janeiro de 1973, D. Delgado revelaria a mim e a profa. Luitgarde Oliveira Cavalcanti que, "quando ainda redigia o segundo texto, recebeu formalmente, por escrito, da Diocese do Crato, a única censura por este posicionamento público assumido em favor da reabilitação de Cícero". Para D. Delgado, não havia tratamento errôneo em considerar o Patriarca de Juazeiro um mártir da disciplina. Reabilitá-lo perante a Santa Sé era, no mínimo, revisar a injustiça que se cometera contra o próprio povo do Nordeste. No dia 30 de novembro de 1970, no auditório do Seminário da Prainha, com a presença do Pe. Azarias - destacado pelo depoimento que daria, realizava-se a sessão solene com a qual a Arquidiocese de Fortaleza abria um ciclo de estudos sobre o Pe. Cícero. Além de Azarias, falaram o bispo D. Delgado e o jornalista Luís Sucupira. Suas falas foram depois publicadas num folheto comemorativo. Nos meses subseqüentes, por diversas vezes, o Pe. Azarias me chamaria para participar de alguns encontros com intelectuais e amigos seus, com os quais viabilizariam o ciclo de estudos. Lembro-me de alguns: Parsifal Barroso, Raimundo Girão, Dr. Fernandes Távora, Luís Sucupira, Rachel de Queiroz, José Aurélio Câmara, Gal. Carlos Studart, Pe. Tibúrcio Grangeiro, Irmã Marciana Maria, D. Raimundo de Castro e Silva, dentre outros. No dia 6 de janeiro de 1971, na Sala de História Eclesiástica da Prainha, o Pe. Azarias reunia um pequeno grupo que ele julgava dar suporte executivo às pretensões do ciclo de estudos. Deste grupo faziam parte alguns dos já mencionados. Os propósitos iniciais eram: articulação com o Clero, com intelectuais, com Juazeiro, com a Diocese do Crato, etc. Fiquei encarregado de organizar o arquivo e de levantar informações bibliográficas, documentos e tudo mais para o desempenho da equipe. Começamos a trabalhar com um pouco de livros, jornais e documentos que estavam ao nosso alcance, e o resultado foi logo aparecendo, tal era a determinação do Pe. Azarias na coordenação dos trabalhos. No dia 11 de janeiro, durante uma destas reuniões, o Pe. Azarias me pediu que relatasse uma série de documentos que haviam sido localizados, principalmente a longa carta de Mons. Monteiro a D. Joaquim, narrando os fatos extraordinários do Joaseiro. Destes, também me lembro que faziam parte várias cartas de Pe. Quintino ao bispo D. Joaquim, dando conta do movimento de pessoas, sobretudo o Pe. Cícero, Conde Adolpho van den Brule, Floro Bartholomeu da Costa, José Xavier de Oliveira, e outros, em Juazeiro e até fora dali. Uma delas chamou a atenção de todos, pelo fato de que se seguiu à sua leitura. Era uma carta do vigário do Crato, pe. Quintino a D. Joaquim, em 01.07.1903, nos seguintes termos: "Tenho a honra de comunicar a VExe. Revma. que levei ao conhecimento do Revmo. Pe. Cícero Romão Batista o ofício de VExe. mandando suspender as obras da capela que aquelle sacerdote estava construindo perto da povoação do Joaseiro, e elle me respondeu que obedecia promptamente a VExe. suspendendo o serviço, o que e.ffectivamente fez. Deus guarde a VExe. Revma.". D. Delgado, nem bem terminei a leitura, levantou-se e indagou: ''Afinal, onde estão estes padres do Crato que não exergam que estamos tratando de um mártir da disciplina? ". O Pe. Azarias esteve sempre muito entusiasmado com o andamento dos estudos e com as reuniões que fazíamos. A mim, pessoalmente, este entusiasmo era contagiante. Guardo, anotado numa agenda, os inúmeros passos que empreendi em seu nome, entrevistando pessoas e reunindo material para as pesquisas. Lembro-me de haver entrevistado Hugo Catunda, J. de Figueiredo Filho, Pe. Antônio Gomes de Araújo, Amorim Sobreira, Otacílio Anselmo, F.S. Nascimento, Durval Aires, Amália Xavier de Oliveira, Pe. Cícero Coutinho, Raimundo Girão, Pedro Gomes de Matos, Ananias Eleutério de Figueiredo, Sebastião Marques e Pe. Helvídio Martins Maia (a revelia de Azarias, como relatarei adiante). Em 6 de março daquele ano eu estava no Rio de Janeiro e aprofundava meu conhecimento sobre a trajetória política de Floro Bartolomeu. Depois, combinei com Pe. Azarias e voltei ao Cariri, continuando as pesquisas. No dia 30 de março, ele me confidenciou, como já havia feito a Amália Xavier de Oliveira, que sua exposição de motivos ao Sr. Bispo Diocesano havia gerado um expediente para a Nunciatura, em tom de consulta, sobre a criação de uma Prelazia, em Juazeiro do Norte. Além deste município, somente Caririaçu seria englobado. A indicação do Prelado recairia sobre o Pe. Francisco Murilo de Sá Barreto. Esta seria a sua maior satisfação. Azarias queria que este procedimento significasse o retorno da velha idéia pela qual Pe. Cícero tanto lutara, como se pretendeu fazer novamente, de criar uma Diocese em Juazeiro. Quanto à idéia de Pe. Azarias / D. Delgado, nunca mais se ouviu falar, nem mesmo voltou a comentar comigo. Havia uma questão posta sobre a distância da futura Prelazia pretendida e a sede da Diocese, em Crato. Pareceu-me que este argumento, à época, teve algum peso. O ciclo de estudos prosseguia. O entusiasmo de Azarias, lotando novamente o auditório da Prainha, era grande para receber o depoimento e as reflexões de RacheI de Queiroz. Bem à sua frente acompanhei sua comoção em algumas oportunidades, recolhendo as lágrimas ao tom emocional da narrativa e à argumentação irretorquível de quem, como ele, não via outra alternativa senão a reabertura do processo em Roma, pela reabilitação do Pe. Cícero. Por fim, reconheço e lhes afirmo que seria enfadonho continuar, página a página, revendo estas anotações e fazendo estas relembranças daquele ano, particularmente tão ativas e ricas de emoções para Azarias Sobreira. Guardo-as como um preito de saudade daquele que me conferiu o imenso privilégio de ter, por tão pouco tempo, entre os que se achegaram à sua casa, à sua mesa, ao seu afeto. Inúmeras vezes me recebeu à porta com a exclamação: - Ó meu santo! No que respondia: - Mas padre, o Sr. me escuta em confissão e ainda assim me faz passar por este vexame? Acompanhei-o algumas vezes, no martírio das dores na coluna que o acometia. Usávamos um pequeno aparelho de ondas curtas às quais chegavam às suas costas por duas placas. A coluna vertebral freqüentemente impunha ao querido amigo, penas mais que suportáveis. Erguê-lo, da cadeira ou da cama, era um suplício. Para não gemer, ouvia-se o ranger dos dentes, num esforço sobre-humano. Por Juazeiro, e diante de tantas coisas imputadas ao Pe. Cícero, Azarias não mais respondeu. Considerou sempre que “O Patriarca de Juazeiro" era a sua melhor e antecipada resposta. A serenidade dos últimos anos se contrapunha à indignação dos tempos de "Um Civilizador do Cariri". Esse artigo, escrito por Pe. Antonio Gomes de Araújo na revista A Província, (Crato,1955), aparentemente nada provocaria. Mas, seu autor resolveu na tiragem de separatas do artigo e na formatação de pequeno opúsculo, inserir comentários sobre os fatos extraordinários do Joaseiro, nas expressões grosseiras de Basílio Gomes de Araújo, seu avô. Foi o suficiente. Pe. Azarias respondeu com veemência, e fez publicar o opúsculo Em Defesa de um Abolicionista (I), respondendo às acusações dirigidas à memória do professor José Joaquim Telles Marrocos. No ano seguinte, 1956, o Pe. Antonio Gomes de Araújo faz nova investida de acusações, procurando mais ainda desmistificar os fenômenos do Joaseiro e acusando ainda mais José Marrocos como o falsário e embusteiro. Neste ano o longo artigo, Apostolado do Embuste, saiu pela revista Itaytera e o seu autor fez a publicação de numerosos exemplares em opúsculo. Indignado com a atitude medíocre do historiador, Pe. Azarias escreve e publica Em Defesa de um Abolicionista (II). A polêmica continuou em bastidores por longos anos. Até a festa do cinqüentenário de Juazeiro, em 1961, foi abalada por novo e virulento artigo deste grupo de caririenses que orquestravam, intelectualmente, a destruição do Juazeiro e do Pe. Cícero. Nesses outros tempos, o "Pe. Gomes" era outro. Agora é o Pe. Helvídio Martins Maia, ex-padre, casado, reintegrado ao sacerdócio, paroquiando Pindoretama. No jornal "A Fortaleza", uns 10 artigos publicados, abriam um novo surto da mesma virulência já reconhecida, sob o título de Pretensos Milagres do Juazeiro, posteriormente editados em livro pela Vozes, em 1974. Pe. Azarias lia aquilo tudo e em silêncio sofria muito. Em duas ocasiões tentei abordar o assunto. Propus ao Pe. Azarias procurá-lo para uma conversa. Até então não tínhamos muita certeza onde a coisa ia desaguar. Não aceitou a sugestão, desaprovando a conversa. Mesmo assim, procurei o Pe. Helvídio, tendo conversado com ele em 15 de julho de 1971. Eu havia escrito alguns trabalhos no ano anterior para um jornalzinho de Juazeiro, editado por Wellington Amorim. Trabalhando com os documentos encontrados, dei o título de Pretensos Milagres do Juazeiro. Helvídio não gostou nem um pouco que tivesse usado este título e para ele o havia "roubado" de sua futura e pretensiosa obra. Naquele momento, os capítulos apresentados eram análises de documentos fotocopiados e devidamente autenticados pelo bispo D. Vicente de Paulo Araújo Matos. Eram peças do processo, sobretudo da 2ª Comissão chefiada pelo indigesto Mons. Antonio Alexandrino de Alencar. Uma semana depois de nossa conversa, comuniquei, em detalhes, tudo que havíamos tratado. Tive de amargar a completa desaprovação pela iniciativa. Ele achava, e de fato isto se confirmou, que o Pe. Helvídio era uma reedição péssima da catilinária de Pe.Antonio Gomes de Araújo, de Otacílio Anselmo e Silva, de Nertan Macedo de Alcântara, e de outros que se articularam com este intento. Na verdade, aí pelos anos 50, partiria desta gente a decisão de elaborar uma obra que acabasse de vez com o "mito", e por via de conseqüência, com o Juazeiro. O modo era um relato de uma "realidade" vista friamente através de documentos que suportariam análises exaustivas, cheias de ilações que se confrontariam, mais tarde, como equivocadas em boa parte. Mas, o propósito era este mesmo. Exatamente isto aconteceu, conforme me foi confirmado recentemente por um dos antigos articulistas da revista A Província. No número 25, que acaba de sair, com data de 2007, seu editor registra com deselegância, a propósito destas questões, a expressão “...a teimosia do Juazeiro em forçar a reabilitação e canonização do Pe. Cícero...”, exatamente ao comentar o artigo de D. Fernando. O ranço continua e é lamentável que estejamos falando da terra do Santo. Em 1971 já estávamos organizando a 2ª exposição fotográfica do Juazeiro Antigo, e o Pe. Azarias colaborava emprestando fotos e facilitando a obtenção de outras entre instituições e famílias. Levei diversas vezes ao seu conhecimento o nosso desgosto pela forma como vinha sendo tratado o patrimônio histórico de Juazeiro e o pouco caso do poder público, no que, quase me consolando, citava Siqueira Campos: À pátria nada se nega,
À pátria tudo se dá.
À pátria nada se pede,
Nem mesmo a compreensão.
Homem de profundas convicções religiosas, Pe. Azarias tinha uma fé inabalável nos desígnios da Providência. Acreditava que por tais desígnios, sua vida chegara a tanto. Lembrava sempre uma mocidade de saúde precária que não lhe projetaria aos anos 70. Suas orações diárias e o inseparável breviário, companheiro até de pequenos passeios, eram o memento sagrado da sua renovação e do sustento espiritual de sua vida. Sete padres, seus irmãos no ministério - como mencionava, mereciam um cuidado especial. Disse-me algumas vezes e guardei-lhes os nomes: Pe. Cícero Romão Batista, D. Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, Pe. Vicente Sóther de Alencar, Pe. Joaquim Sóther de Alencar, Mons. Francisco Rodrigues Monteiro, Pe. Guilherme Vaessen e Pe. Plácido de Oliveira. Essa lembrança diária, em suas orações, era edificante e bem revelava seu espírito elevado, de homem de Deus. Quando foi nomeado Monsenhor, em 19 de Março de 1973, dia do padroeiro do Ceará – São José, fui cumprimentá-lo logo à saída da missa. Dizia-me que só tinha pensado mesmo em ser um bom padre, numa paroquiazinha do interior, como fora no Aracati, em Milagres e noutras paragens. Sua casa era, permanentemente, um recanto de acolhimento de gente amiga, vinda dessas diversas cidades onde residira. Ali conheci admiráveis sertanejos simples, que Azarias não se cansava de classificá-los como "Santos homens de Deus", "homens de bem" e por aí. Certamente porque deles ouvira, muitas vezes, os relatos de suas vidas que indicavam os caminhos do bem, do servir ao próximo, Gente de palavra, de fortes convicções, Gente de fibra, como era Azarias Sobreira. Quando faleceu em 14 de junho de 1974, eu estava no Cariri, e não lhe assisti nos últimos momentos como desejara sempre, vendo que o agravamento do seu estado de saúde nos levaria a este desenlace. Visitei-o uma única vez no hospital, e saí desolado. A notícia veio pelo rádio. Aconteceu e foi profundamente triste. De lá para cá, duas ou três vezes ao ano, vou ao seu túmulo onde me aguardam essas lembranças, sobretudo, as mais felizes daqueles quatro anos de amizade. Nunca duvidei que haveríamos de ter mais um santo a interceder por todos nós.
Para abrir espaço para as celebrações que desejamos realizar para lembrar essa grande figura do cleo cearense, na manhã de hoje haverá uma missa em Ação de Graças, na Basílica, às 9 horas e que será também transmitida na WebTv. Como parte das celebrações, diversas homenagens serão prestadas ao Mons. Azarias Sobreira, ao tempo em que tratamos de cataslogar a sua correspondência, bem como de tratar da iniciativa de criar o Instituto Mons. Azarias Sobreira Lobo, com o qual se pretende realizar um amplo trabalho de ação cultural e social. No Memorial Padre Cícero, em data a ser divulgada, acontecerá uma exposição sobre o homenageado, dispondo de documentos, fotografias, livros e objetos.   

BOM DIA!
Continuo transcrevendo nesta coluna semanal o conjunto de sete textos que estão sendo publicados na minha página do Facebook, tratando de questões relacionadas com a atualidade da vida juazeirense, com o objetivo de fomentar uma ampla discussão sobre esses temas de nosso interesse. Os que desejarem contribuir com esse propósito, poderão dispor do espaço na rede social, ou encaminhando sua opinião para o nosso endereço. Muito grato.
BOM DIA! (76) Por Renato Casimiro
JOAZEIRO: CEM ANOS ATRÁS (1917): Recorro a uma velha publicação, o Almanak Laemmert, anuário que era editado no Rio de Janeiro, de grande conceito desde 1839, para ali encontrar preciosas informações sobre Joazeiro, no ano de 1917, então município e villa, pertencente à Comarca do Crato. Interessante observar que em data tão próxima à sua emancipação, sua superfície territorial era de 72 quilômetros quadrados (hoje temos aproximadamente 248,832km2). Revendo outras publicações, os números oscilam bastante, pois já encontramos registrados dados (confiáveis, ou não), valores de 304 (em 1945) e 219 (em 1987). Na agricultura, destacávamos com as culturas de cana de açúcar, algodão, borracha de maniçoba e também se plantava fumo. Eram considerados agricultores e lavradores: Antonio Dias Ferreira, Pe. Cícero Romão Baptista, Damião Ferreira dos Santos, Cel. Francisco Nery da Costa Morato, João Bezerra de Menezes, João Francisco Gonçalves, Joaquim Bezerra de Menezes e Nazário Furtado Landim. Os criadores, especialmente de bovinos eram: Pe. Cícero, João Bezerra, João José Moreira, Joaquim Bezerra e Joaquim Ferreira de Sá. E a população girava ao redor de 25.000 habitantes. Nossa imprensa dispunha de dois periódicos: O Recato e O Mensageiro. A repartição dos Correios & Telégrafos tinha dois encarregados: Pelúsio Correia de Macedo (telegrafista) e Generosa Bezerra de Menezes (Agente), além de dois estafetas (Pedro Belmiro de Menezes e Francisco Bastos da Silva). A Justiça Federal estava a cargo de um suplente de juiz seccional, João Duarte Pinheiro. A administração pública municipal tinha como intendente (prefeito) o Pe. Cícero Romão Baptista. A intendência dispunha de um secretário (Severino Pires de Brito), fiscais (Sebastião Marques dos Santos, pai do jornalista Lourival de Melo Marques; João Casimiro Piancó; João Cyriaco dos Santos e Quintino Alves Feitosa). O porteiro da Intendência era Leandro Bezerra de Menezes Sobrinho, mas a repartição não tinha nem procurador, nem tesoureiro. A Câmara Municipal, ou melhor, o Conselho Municipal, era presidido por Francisco da Cruz Neves, e os vereadores eram: tenente-coronel Fenelon Gonçalves Pita (pai do futuro prefeito Antonio Gonçalves Pita); tenente-coronel José Eleuthério de Figueiredo; major Raymundo Nonato de Oliveira (Natim) (bisavô do atual governador do Ceará, Camilo Sobreira de Santana); major Manoel Victorino da Silva; major Fausto da Costa Guimarães (secretário do Pe. Cícero); capitão João Bezerra de Menezes (ex-prefeito); tenente-coronel Cincinato José da Silva. A administração Judiciária estava a cargo de juízes substitutos: Pedro Fernandes Coutinho e Deomedes de Siqueira Passos; O adjunto de Promotor era Severino Pires de Brito. O Tabelião do 1º Ofício era Vicente Pereira da Silva e contava com os seguintes oficiais de justiça: Fausto Secundo de Sá e Moysés Firmino de Maria. Consta que mesmo dispondo de um distrito policial, o cargo de Delegado na administração policial estava vago. A Instrução Pública funcionava com a inspectoria de Francisco Alencar Landim, e eram professoras na época: Josepha de Alcântara Leite, Maria Luiza Landim, Angélica Soares da Silva (futura senhora Luciano Teophilo de Melo), Conceição Esmeraldo da Silva (sra. Sebastião Marques da Silva), Donata Bezerra de Araújo e Maria Christina de Castro. Na instrução particular havia os estabelecimentos do major Guilherme Moreira de Maria e de Miguel Ferreira. Na Coletoria Estadual, o titular era o coronel Francisco Nery da Costa Morato (pai de meu amigo Francisco Neri Filho) e o escrivão era Ananias Eleuthério de Figueiredo (filho de José Eleuthério e pai de Edite Viana). Consta, embora erradamente, que a Capela de Nossa Senhora das Dores estava sem titular. Na verdade, já havia a primeira paróquia, desde 21.01.1917, cujo vigário era Pe. Pedro Esmeraldo da Silva Gonçalves. Vejamos as atividades produtivas do município e os seus líderes, em comércio, indústria e profissões. Havia fábricas de descaroçar algodão de propriedade de Pe. Cícero Romão Baptista, Joaquim Bezerra de Menezes, Raymundo Cesário da Silva e Theodomiro Ramalho & Cia. Tinha Engenhos de açúcar e rapadura, de Abel Sobreira, Antonio Dias Ferreira, Antonio Felix, Antonio Leôncio, Pe. Cícero Romão Baptista, Cel. Francisco Nery, Hermínio Gomes, João Bezerra de Menezes, Manoel Dantas de Araújo, Ramalho & Cia., e viúva Sobreira da Cruz. Eram comerciantes de tecidos: Aristides de Andrade, Dorotheu Sobreira da Cruz, Fenelon Pita, João Baptista de Oliveira, João Victorino da Silva, Joaquim de Paulo e Silva, José Eleuthério de Figueiredo, José Ferreira de Souza, José Pereira da Silva, Ladislau de Arruda Campos, Manoel Victorino da Silva, Nazário Furtado Landim, Ramalho & Rangel e Umbelina Silva & Cia. Eram proprietários de barbearias: Antonio José de Mello, Firmino Ignácio Rodrigues, Galdino Antonio dos Santos (esse muito conhecido de minha geração, tendo conhecido ainda ativo, com seu Salão Alagoano, na Praça Pe. Cícero, antes na Rua São Pedro, depois na Rua São Francisco), José Domingos, José Gomes, José Martins, Manoel Furtado landim, Pedro Fernandes e Vicente Francisco Gonçalves. Como carpinteiros, no fabrico de móveis e serviços gerais em madeiras, eram: Antonio Felippe de Oliveira, Antonio José de Mello, João Calixto dos Santos, João Thomaz da Silva, Manoel Virginio de Oliveira, e Militão da Costa Duarte. Os ferreiros de então eram: Antonio Campos, Antonio Guerra, João Domingos, Manoel Honorato, Salviano Rodrigues e Serapião Bispo dos Reis. Os funileiros eram: Caetano Souza, João Antonio Furtado, Pedro Belmiro Maia, Pedro Fernandes Coutinho (aliás, uma peça extraordinária que ele realizou foi a maquete da Igreja do Horto, que ainda hoje se encontra no Museu Pe. Cícero, na Rua São José) e Vicente Francisco Gonçalves. Os ourives, para uma cidade que se diz que teve mais de mil, ainda eram poucos: José Gomes da Silva, Olympio Josino Oliveira, Raymundo Nunes Branco, Vicente Ferrer de Oliveira e Vicente Mattos e Silva. Pedreiros não eram muitos: Antonio Duvirge (Edwirge), Antonio Nivardo Maciel, Domingo Porphirio, José Simão, Mamede Salomão de Lima, Manoel da Costa e Simão Francisco das Chagas. Já havia algumas farmácias, como as de: Dr. Isidro Moreira S. de Oliveira, José Geraldo da Silva, José Sebastião de Carvalho e Luiz Costa e Lima. Dentre os fabricantes de calçados, os sapateiros eram: Francisco Domingos, Irineo Cabral de Oliveira, Joaquim Sobral, José Batista da Silva, José Bento, José Luiz, José Mendes, José Pinheiro, José de Sequeira brito, Mariano dos Santos e Theodoro Francisco Bezerra. O comércio de gêneros alimentícios era mais conhecido como de Secos e Molhados e eram a maioria dos estabelecimentos, das propriedades de: Alexandre Furtado Landim, Antonio Santino de Oliveira, Antonio Salu, Antonio Thimóteo dos Nascimento Flor (o pai do Pe. José Jesu Flor, e da professora Neném Flor), Artur Ramos de Vasconcelos, Aureliano Pereira da Silva (a mais típica figura de romeiro do Juazeiro, biografado por Geraldo Menezes Barbosa), Damião Pereira da Silva (mais conhecido por Damiãozinho, o que tinha a propriedade mais conhecida como Coqueiros de Damiãozinho, além da Boca das Cobras), Domingos Gomes da Silva, Fausto da Costa Guimarães, Firmino Teixeira Lima (figura que conheci com sua bodega extraordinária para a minha lembrança, na Rua São José, esquina de São Francisco), Ignácio Rodrigues, João Antonio Furtado, João Corrêa de Lima, João Francisco Gonçalves, João Leocádio da Silva, João de Moura Lima, João Paulo, João Severino Leite, José Batista da Silva, José Evangelista de Sant´Anna, José Gomes Sobrinho, Josias da Franca (esse chegou a ser delegado de polícia e o fundador do Tiro de Guerra da cidade, onde se prestava serviço militar até os anos 70), Lúcio Barbosa & Cia., Manoel Carneiro da Motta, Possidônio Silva de Almeida, Raymundo André de Sá Barreto e Pedro Cabral de Oliveira (esse, pai de Lauro Cabral de Oliveira, fotógrafo excepcional, que eu ainda conheci, vivendo seus últimos dias em Fortaleza, o homem que fotografou Lampião em Juazeiro, em 1926. Bom Dia!

BOA TARDE!
A partir dessa publicação, dou continuidade à divulgação nesta página das pequenas crônicas com as quais semanalmente estarei prestando minha modesta homenagem a gente de destaque pelo trabalho em favor de Juazeiro do Norte, independentemente se isso também receber alguma guarida em algum órgão da imprensa impressa, radiofônica, televisiva ou midiática.
254: (19.04.2017) Boa Tarde para Você, José Leite de Souza.
Seguramente, você bem sabe da enorme alegria que vários juazeirenses, como eu, Zé Leite, sentimos ao reencontrá-lo em visita costumeira a esse seu amado chão do Juazeiro, como é do seu hábito, deixando a sua Ilhéus adotiva, em gesto tão típico desses nossos conterrâneos expatriados. Uma graça, para mim, pelo menos, que de tão pouco lhe conheço, não esquecendo aquela manhã festiva em tempo de celebração do nosso primeiro centenário, quando coordenando luzida comitiva de baianos, com bispo, prefeito e gente notável, aqui aportou para abrilhantar a festa. De quebra, ainda legou ao nosso espaço urbano a merecida, embora por uns questionada, homenagem ao general Dr. Floro Bartholomeu da Costa, esse elo comum entre caririenses e baianos, traduzida pelo fincamento de um monumento em via pública, na antiga Rua Nova. Aprendi por esses seis últimos anos, José Leite, que isso é uma marca indelével de sua alegria de viver, dessa honorária condição de nosso grande embaixador que não se cansa de estar realizando alguma coisa que traduza esse entusiasmo constante pelo nosso desenvolvimento e bem estar. Então, mais uma vez, ocorre-me o dever civilizado de saudá-lo por essa mania, e desculpe-me ao fazê-lo à moda irreverente, e bem humorada, tão ao gosto de sua convivência, onde de tudo se ri um pouco e se tem sempre uma boa tirada de espírito leve e solto à margem do sisudo da vida. Revi-o por esses dias, entre a reza dominical na Basílica e o refresco da Praça Pe. Cícero, para nos trazer a lembrança desse esforço continuado pela completa reabilitação do Padre Cícero, a se realizar com gesto mais completo, pelo menos com a proclamação desse servo de Deus. Com o respeito que lhe devotamos, assimilamos a sua postura de grande insatisfação, ainda, pelo fato de que aquela carta do cardeal Pietro Parolin, em nome de Sua Santidade Francisco é ainda pouco para o nosso esperado e a exigir ainda mais da Santa Sé para uma solução da causa. A tirar por declaração dita aqui na Diocese, não se constitui novidade que o Santo Padre tenha dito que ainda deverá fazer muito mais por essa alma intranquila, à espera do que ele mesmo disse e reafirmou, de que a sua própria Igreja seria capaz de reabilitá-lo, um dia, se bem tão demorado. Mas a mansidão e a serenidade que nos deixou o Patriarca ao partir naquele 20 de Julho de 1934 parece ainda persistir no íntimo coração de seus romeiros, de modo que prevalece a esperança, muito mais que a indignação e a convulsão por desafio tão longevo às suas expectativas. Nisso, Zé Leite, ainda parece residir a grande diferença entre essas posturas, a lembrar os rótulos tão bem aplicados por Ralph della Cava, os de filhos da terra e de adventícios, aqueles mais intolerantes, esses aparentemente mais apáticos, muito mais crentes na santidade de seu santo. Fato novo, desses dias pós Quaresma, com seu testemunho ocular, presença e fala, é a iniciativa de uma frente parlamentar, gesto coordenado por políticos, no sentido de continuar a sensibilização, não se deixando de lado o que até parece ser, o de produzir uma atitude de pressão popular. Evidentemente, e bem imaginávamos, por descrença, apatia e desobediência, aí não formaria qualquer eminência eclesiástica solidária ao movimento, como se a denotar antecipado as sábias palavras da escritura, para continuar separando o que é de César e o que é de Deus. Assim segue, por braços generosos, por mentes saudáveis como essa sua, José Leite, que nos traz frequentemente lembretes impressos, distribuindo com simpatia por entre praças e ruas movimentadas, reavivando a necessária luta e renovando a esperança para se obter, seja lá como for, contanto que seja breve, para desfazer o velho nó de que um dia “Roma locuta, causa finita”.  Quero crer que por vezes ainda nos parece presentes os ranços inquisitoriais que impregnavam o clima e as emoções da época, relembrando o que figuras notáveis do clero cearense que, por incrível que pareça, não deixaram de manifestar sua descrença nos milagres, alegando que “Nosso Senhor Jesus Cristo não deixaria a Europa para operar milagre no miserável lugar do Joaseiro.”  Incrível é imaginar que uma frase dessas tenha nos trazido tanto desconforto espiritual, a ponto de realçar a nossa indignação por mais de cem anos, sem nos arrefecer a mais funda convicção. Nem eu nem você, Jose Leite de Souza, acreditamos nisso, pois se de tudo ficou uma grande lição, sem dúvida foi aquela com a qual nos convencemos que, de fato, aqui Juazeiro do Norte foi o grande milagre de Nosso Senhor Jesus Cristo e o nosso Santo Padrinho foi o seu maior servo.

O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI

CINE CAFÉ VOLANTE (MISSÃO VELHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Missão Velha (Auditório do Centro Social Urbano, CSU), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 27, quinta feira, às 19 horas, o filme O VENCEDOR (The Fighter, EUA, 2010, 115min). Direção de David O. Russell. Sinopse: 1993. Dicky Ecklund (Christian Bale) teve seu auge ao enfrentar o campeão mundial Sugar Ray Leonard em uma luta de boxe, colocando a pequena cidade de Lowell no mapa. Até hoje ele vive desta fama, apesar de ter desperdiçado a carreira devido às drogas. Micky Ward (Mark Wahlberg), seu irmão, tenta agora a sorte no mundo do boxe, sendo treinado por Dicky e empresariado por Alice (Melissa Leo), sua mãe. Só que a família sempre o coloca em segundo plano em relação a Dicky, o que impede que Micky consiga ascender no esporte. A situação muda quando ele passa a namorar Charlene Fleming (Amy Adams), que o incentiva a deixar a influência familiar e tratar a carreira de forma mais profissional.  

CINE CAFÉ VOLANTE (FAMED, BARBALHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Barbalha (Auditório da Faculdade de Medicina), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 28, sexta feira, às 19 horas, o filme MEU PÉ ESQUERDO (My Left Foot, Inglaterra, 1989, 103min). Direção de Jim Sheridan. Sinopse: Christy Brown nasceu em 5 de junho de 1932 e faleceu em 7 de setembro de 1981. De nacionalidade irlandesa, foi escritor, artista plástico e poeta, autor do livro que se chama My Left Foot (Meu Pé Esquerdo) e que deu origem ao filme de mesmo nome. Casou-se com sua enfermeira, Mary Car, em 5 de outubro de 1972. O filme relata as dificuldades vividas por Christy. Ele que nasceu com deficiência física e paralisia cerebral, o que lhe impedia de movimentar praticamente todo o seu corpo, exceto seu pé esquerdo. Ele conseguiu superar diversos obstáculos como o preconceito, o desrespeito, o descrédito social, além dos problemas familiares como um pai extremamente autoritário e incompreensível (Sr. Paddy), que o julgava como estorvo, uma dificuldade a mais em sua existência. Sua mãe era carinhosa (Sra. Bridget) e, com muito amor e esperança, lhe ensinou o alfabeto e motivou na busca pela superação de seus limites. Esforçou-se na economia para a compra de uma cadeira de rodas, chegando a fazer a família passar frio por falta de carvão no inverno e a se alimentar precariamente para cumprir esse objetivo. Ela confiava que ele poderia encontrar soluções pessoais para as suas eventuais dificuldades. Ao lado de seus 13 irmãos buscava incluí-lo nas atividades de recreação, tanto quanto possível. Mesmo com a atrofia de um dos membros e da paralisia cerebral, Christy, usando seu pé esquerdo, fez os seus primeiros rabiscos num pequeno quadro negro que tinha no chão de sua casa. Sua mãe conheceu a Dra. Eileen Cole, que era especialista em paralisia cerebral. Ela convidou Christy a freqüentar sua clinica na cidade de Dublin. Ele não se adaptou por ser tratado como criança. Mas resolveu aceitar a ajuda da médica que, com uso de técnica da logopedia, fez com que ele pronuncie melhor as palavras (até então só sua mãe o entedia). Com todos esses avanços ele alcançou o reconhecimento de sua família e notáveis realizações na arte e na literatura. Percorreu uma fascinante trajetória de vida, conseguindo vencer vários obstáculos com a ajuda de sua mãe e irmãos. Foi capaz de se auto-sustentar e sustentar sua família. A história de Christy é um convite à reflexão e conscientização, pois nos ajuda a compreender as dificuldades e as necessidades de quem tem algum tipo de deficiência, nos convidando ao respeito e alteridade dos deficientes.

CINE CAFÉ VOLANTE (NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 28, sexta feira, às 19 horas, o filme A VIDA É BELA (La Vita é Bella, Italia, 1997, 116min). Direção de Roberto Benigni. Sinopse: Em 1938, na região italiana da Toscânia, o simpático judeu Guido apaixona-se por Dora, um professora que está noiva de um funcionário local. Guido, porém, não desiste até ao momento do casamento de Dora que acaba por fugir, em plena cerimónia, com o seu "delicioso cavaleiro andante". Durante cinco anos vivem felizes na companhia do seu delicioso filho Giosuè até que as medidas de perseguição e detenção aos judeus são implementadas na Itália. Guido e Giosuè são deportados para um campo de concentração e Dora decide acompanhá-los. Pai e filho ficam juntos e durante todo o tempo de prisão Guido, de forma engenhosa e com o auxílio dos outros prisioneiros, convence o garoto que estão num campo de férias a jogar um longo e emocionante jogo. Guido consegue transformar cada momento de humilhação, repressão e violência em hábeis situações do suposto jogo em que o garoto vai participando divertido. Finalmente, já perto do fim, Guido morre para salvar o filho, que se reune à mãe no dia da Libertação. "A Vida é Bela" foi um dos mais estrondosos sucessos do cinema italiano dos últimos anos, que comoveu e divertiu o mundo com uma incrível história dramática contada em tom de fábula cómica sobre o Holocausto. Foi igualmente, a consagração mundial do talentoso comediante e cineasta italiano Roberto Benigni, que com este magnífico trabalho conquistaria inúmeros prémios, entre eles o Grande Prémio do Júri no Festival de Cannes e três Oscares da Academia de Hollywood, para ele próprio como Melhor Ator, para Melhor Filme de Língua Estrangeira e para a Melhor Banda Sonora. Apesar da polémica que suscitou ao abordar em tom de farsa a tragédia do genocídio dos judeus às mãos do Fascismo, Benigni conseguiu o prodígio de criar momentos delirantes de contagiante humor sem nunca perder quer o tom de fábula amarga quer a evocação brutal do Holocausto, em toda a sua extensão de perversidade sanguinária. Tudo isto num filme exemplarmente escrito, realizado e interpretado, dominado pela presença de Benigni que produziu um dos mais belos, divertidos e comoventes hinos de sempre à vida, à liberdade e ao amor.

CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 29, sábado, às 17:30 horas, o filme MELHOR É IMPOSSÍVEL (As Good as it Gets, EUA, 1997, 139min). Direção de James L. Brooks. Sinopse: Melvin UdalL (Jack Nicholson) é um escritor de romances de sucesso em NY. Ele é racista, homofóbico, anti-semita, e misantropo. Sofre de transtorno obsessivo compulsivo (TOC), que aliado à sua misantropia, o isola de seus vizinhos e de qualquer outra pessoa em seu apartamento em Manhattan. Come todos os dias na mesma mesa do mesmo restaurante usando talheres descartáveis que ele mesmo leva consigo. Ele se interessa pela garçonete Carol Connelly (Helen Hunt), a única funcionária do restaurante que tolera seu comportamento abusivo. Um dia, um vizinho de Melvin, o artista plástico homossexual Simon Bishop (Greg Kinnear) é internado em um hospital por causa de um assalto à sua casa. Melvin é forçado a cuidar de Verdell, o cachorro de Simon. Apesar de Melvin odiar o cachorro, ele acaba criando laços de amizade com o animal à medida em que começa a ganhar mais atenção da garçonete. Suas vidas começam a se misturar a partir da volta de Simon do hospital.

BIENAL DO LIVRO
Nesse fim de semana está sendo encerrada em Fortaleza mais uma Bienal do Livro com intensa programação. De olho nos eventos incluídos na programação, constatamos uma expressiva representação caririense em discussões, palestras, mesas redondas, lançamentos de livros, etc. Isso é ótimo. São pessoas ligadas ao meio universitário, xilógrafos, cordelistas, estudantes e intelectuais. Repassando rapidamente o olho nessa programação, constatamos os seguintes eventos: 1) O lançamento de um novo livro do juazeirense Alberto Farias, com o título de Por que?; 2) 19h - Lançamento de 15 títulos da Coleção Terra Bárbara (Edições Demócrito Rocha): perfis e personalidades cearenses cujas trajetórias traduzem e compõem histórias do Ceará, como por exemplo D. Mocinha (Joana Tertulina de Jesus), além de outras reedições como Pe. Cícero e Mestre Noza; 3) Diversos lançamentos de cordéias sobre Seu Lunga; 4) Diversos lançamentos de cordéis de Hamurabi Batista, com os títulos: A história da África, A dívida pública e Mitologia indígena brasileira.

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