116: (07.02.2015) Boa Tarde para Você, Wilson Pereira
O tempo corre e em breves dias, a
11 de Maio, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos vai completar 163
anos, criada com a primeira linha telegráfica brasileira, no Departamento de
Correios e Telégrafos, há 46 anos autarquia federal, hoje nomeada,
simplesmente, como os Correios. Não vamos longe, historiando fatos, meu caro
Wilson, senão atestando que é pouco provável que exista no conhecimento e no
conceito do povo brasileiro uma instituição que goze de tanta credibilidade
quanto esta que você serve com tal dedicação. Esse patrimônio inquestionável
passa por gente como você, meu amigo, estimado carteiro sempre aguardado por
esta nossa Rua São José, por ser parte deste exercido diário de mais de cento e
vinte mil servidores dos Correios. É sempre muito gratificante, Wilson,
encontrar em qualquer avenida, rua ou viela deste país alguém que se identifica
visualmente pelo serviço que esta empresa se empenha em realizar em nome do
desenvolvimento de nossa nação. Essa famosa credibilidade resiste aos temporais
pelos quais já passaram greves, paralizações, e toda a sorte de reclamações
partidas de seus usuários para se afirmar como algo que raramente a abalou. Não
é que não haja um motivo só, pois você sabe, Wilson, que as queixas se acumulam
em razão de prazos nas entregas de encomendas, de documentos, de mercadorias,
extravios e erros nas entregas de correspondências, coisas referidas por todos
nós. É intrigante saber que estes acontecimentos, que seguramente comprometem a
qualidade e a eficiência dos serviços, parecem não afetar esta crença de que os
Correios, apesar dos pesares, merecem a nossa fé e o nosso reconhecimento.
Lembro, particularmente, o Sedex como um destes serviços, para encomendas
expressas que devem chegar a destino seguro em pouquíssimo tempo, algo
diferenciado da mais de uma centena de produtos oferecidos. Como se justifica
que uma encomenda com esta tarifa, tão bem remunerada, possa demorar setenta e
duas horas para ser entregue em Fortaleza, se há transporte rodoviário regular
da Empresa, e de terceirizados, além da rota aérea? Não sei se você sabe,
Wilson, mas ainda nos anos 60, um juazeirense empreendedor, criou o primeiro e
bem referido serviço nacional de encomendas expressas, que eu usei muitas vezes
para remeter documentos de Fortaleza para o Rio de Janeiro e não demorava mais
que 24 horas. Mas, deixemos isto de lado, pois não lhe cumprimento nesta tarde,
Wilson, para lhe fazer portador autorizado a reproduzir a minha queixa abusada nestas
mal traçadas linhas. Exatamente porque eu nunca tardei em me associar a toda
esta vontade do povo brasileiro em credenciar com respeito e reverência os
serviços postais que utilizamos, mesmo nestes tempos de internet. E olha que
poucos de nós sabemos o que há por trás de toda esta organização, como o seu
Código de Ética, preconizando com grande transparência os seus princípios
fundamentais, e as relações no ambiente de trabalho com os clientes,
fornecedores, parceiros, governo, instituições, sociedade e concorrentes.
Gostaria de me dirigir especialmente a você, Wilson, este caririense exemplar,
carteiro de 25 anos de batente diário, exilado por longos anos na Paulicéia
desvairada e que finalmente retornou à terra querida pela sonhada
transferência. Para louvar esta sua dedicação aos Correios, esta fidelidade e
este empenho, nem precisaríamos saber mais que duas ou três coisas a seu
respeito. Fiel a esta vocação de serviço, você completou suas bodas de prata na
Empresa, e ainda fez seus estudos universitários em Letras com habilitações em
literatura brasileira, inglesa e espanhola. Sem dúvida alguma, Wilson, isto é
parte surpreendente do perfil de um grande servidor que diariamente percorre a
minha rua distribuindo simpatias e boas notícias guardadas em pequenos
envelopes que nos chegam com a responsabilidade devida, como se ali tivesse
ouro em pó.
(Crônica lida durante o Jornal da
Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 07.02.2015) 117: (09.02.2015) Boa Tarde para Você, Elvis Pinheiro
Das gratas satisfações do ano
passado, uma delas, Elvis, foi saber da sua existência, e mais que isto
conhecê-lo, ainda que tão superficialmente, para saber da importância de sua
completa dedicação à animação cultural deste nosso Cariri. Isso se faz presente
entre nós, hoje com tanto vigor, porque você, um cinemeiro por vocação, de
esmerado conhecimento e tanto gosto, assumiu para si esta tarefa de grande
prazer em realizar pelo cinema, e em diversas salas dos espaços culturais da
região, o fórum permanente que a arte sempre permite. Recebi na última, e tão
privilegiada sessão de cinema, a 21ª edição, a mais recente de Sétima - Revista
de Cinema, de cuja leitura isto me permitiu conhecer um pouco mais deste seu
grande trabalho, por algo que a mídia sempre nos lembra de que é a maior
diversão. Sem historiar, exatamente porque você, Elvis, deve saber da minha
grande ignorância por seu itinerário, refiro-me ao que se programa entre este
mês de fevereiro e o seguinte de março, como agenda de cinema alternativo que
invade o Cariri e se afirma como dos seus melhores momentos. É necessário
divulgar aqui, e insistir em tantas outras instâncias, o grande serviço que
você promove, e com larga competência, entre as sessões do Cine Café, do Centro
Cultural BNB Cariri, nas tardes de sábados. Mas, igualmente se deve dizer de
quanto isto se apresenta tão diverso com o Cine Café Volante, em Nova Olinda,
do Cinerama do SESC Crato, e do Cinetatógrapho do SESC Juazeiro, sem falar do
Grupo de Estudos que se reúne neste último, para debater temas dos interesses
desta sétima arte. Portanto, Elvis Pinheiro, tem o cumprimento desta tarde o
dever de fazer a desnecessária louvação destes grandes méritos a alguém como
você que por estudos, análises, planejamento e execução, nos conduz a uma
permanente inserção ao grande valor do cinema e que foge, frequentemente, à
massificação dos esquemas de exploração meramente comercial. Isto é importante
para alargar o nosso conhecimento para além daquele vício que nos cativou ao
consumo de Holywood, mercê do acordo comercial de Luiz Severiano Ribeiro e
Harry Stone, e nos tirou por muitas décadas os olhares sobre o cinema do
impressionismo francês, do expressionismo alemão, do surrealismo espanhol, do
neorrealismo italiano, e das novas estéticas dos países emergentes, sobretudo
os do Sudeste Asiático, da América do Sul e do Oriente Médio. De tudo quanto
você tem realizado com grande esforço, mas também com a compreensão dos centros
culturais e seu apoio financeiro, destaco a acolhida que permite a exibição de
mostras as mais representativas, como esta que apenas se iniciou, em busca da
Ditadura Militar Brasileira Revisitada, com a exibição de documentários e
filmes de grande importância. A sua abertura com a exibição do extraordinário
documentário, “O Dia que Durou 21 Anos”, mostrou para nós a participação do
governo dos Estados Unidos na preparação, desde 1962, do golpe de estado de
1964, e tudo o que de mais dramático aconteceu a esta nação até à sua
redemocratização. Felizmente, o Cariri se abriga na sua competência para que o
cinema seja para nós algo que permanentemente nos auxilia no exercício
necessário da nossa crítica, da nossa própria formação cidadã, como agentes
desta construção necessária que nos torna formadores de opinião. Desejo, em
nome de todos, se assim não recorro ao excesso do voluntariado, para
agradecer-lhe publicamente por tudo isto que você, Elvis Pinheiro, vem
realizando pelo cinema alternativo no Cariri, oportunizando tantas exibições,
debates e o nosso próprio crescimento. Permita-me que lhe diga que está sendo
um grande prazer conhecê-lo ainda mais, para hoje continuar privando e
usufruindo um pouco mais intimamente desta sua missão civilizadora, pois se não
me fizer nenhuma censura, até diria que se você não existisse, seria necessário
inventá-lo. Nós caririenses, sua plateia fiel e agradecida, estamos sempre
ansiosos e atentos na expectativa do próximo espetáculo, na certeza de que este
ainda não será a última sessão de cinema.
(Crônica lida durante o Jornal da
Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 09.02.2015) MOSTRA A DITADURA REVISITADA
O Cinematógrapho (SESC, Juazeiro
do Norte), com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, iniciou na semana
passada a Mostra A Ditadura Militar Brasileira Revisitada, com a exibição do
filme O Dia que Durou 21 Anos (Brasil, 2012). Na próxima quarta feira, dia 11,
a Mostra exibirá o filme Hoje é dirigido por Tata Amaral (Brasil, 2011), com
duração de 90 minutos. Elenco: Denise Fraga como Vera; César Troncoso como
Luiz; João Baldasserini como Carregador
1; Pedro Abhull como Carregador 2;
Lorena Lobato como Síndica;
Cláudia Assunção como Antônia. Sinopse: Em 1998, Vera (Denise Fraga)
está se mudando para um novo apartamento, na região central de São Paulo, que
conseguiu comprar devido a uma indenização que ganhou do governo brasileiro em
decorrência do assassinato do marido Luiz (César Troncoso). A perda de seu
companheiro ocorreu na época em que ambos eram militantes contra a ditadura
militar no Brasil e, enquanto a mudança ocorre, ela vê o fantasma de Luiz,
fazendo com que se recorde das torturas sofridas por ambos na época do regime
militar. Crítica: Foi curiosa - e acertada - a escolha do título do quarto
longa metragem de Tata Amaral. Apesar de ser um filme sobre o passado, ou ao
menos sobre o impacto deste na vida de uma mulher, o nome Hoje retratar bem a
realidade de quem sofreu duramente nas mãos da ditadura. Ao contrário do que a
Lei da Anistia e algumas correntes políticas nos querem fazer acreditar, o
regime militar no Brasil não é uma página completamente virada em nossa
história e as pessoas que sofreram diretamente através de tortura ou perda de
parentes e amigos continuam muito marcadas por isso, por mais que já tenhamos
mais de 20 anos de democracia. O "hoje" do título faz menção
justamente à presença do passado no presente e são questões como estas que são
a força da produção, que não se utiliza de técnicas de linguagem batidas como
flash backs ou reconstituições. Reflexões sobre indenização monetária para pessoas
que sofreram com a ditadura e sobre a ausência de punição para os torturadores
estão em foco no longa, transformando-o em algo que merece ser conferido.
Alguns problemas claros no desenvolvimento comprometem, principalmente na
tentativa de investir em um ministério cuja a solução é óbvia desde o primeiro
segundo em que o personagem aparece em cena, mas ainda assim a fotografia
excelente de Jacob Solitrenick (em especial na bela tomada final) e a trilha
contida de Livio Tragtenberg ajudam a manter os expectador preso do filme. O mesmo pode ser dito com relação às atuações
de Denise Fraga e César Trancoso. Conhecida por papéis cômicos em produções
como O Auto da Compadecida e Como Fazer um Filme de Amor, Fraga reforça com sua
performance em Hoje que está muito longe de ser uma atriz de um só gênero. Em
seu papel mais intenso e dramático, ela se entrega a uma personagem que não
necessariamente irá conquistar o público, mas que provavelmente despertará
muito interesse e curiosidade. Marcado pela atuação em O Banheiro do Papa, o
uruguaio César Trancoso também faz bonito, embora seu papel seja menos
significativo. O ator, que parece em lua de mel com o cinema brasileiro e já
está confirmado em novas produções como Faroeste Caboclo e Circular, é um dos
nomes mais talentosos do cinema latino-americano e só colabora para aumentar a
qualidade do longa de Tata Amaral. Hoje é uma adaptação do livro "Prova
Contrária", de Fernando Bonassi, mas curiosamente o roteirista Jean-Claude
Bernardet não leu a obra literária para escrever o filme. Ele preferiu levar
para as telas as impressões passadas pela cineasta, o que mostra que a trabalho
de Amaral vai bem além de apenas sentar na cadeira de diretora, sendo
responsável direta pela concepção da ideia inicial. Rubens Rewald e Felipe
Sholl aparecem como co-roteiristas. Contando com sequências bem originais, em
especial àquelas que utilizam-se da projeção para interagir com o que está
sendo dito ou lido pelos personagens - algo confessadamente inspirado no curta
Superbarroco, de Renata Pinheiro -, o longa é passado inteiramente em um
apartamento, lembrando um pouco Cabra Cega, que também aborda a questão da
ditadura. Em alguns momentos parece teatral demais, mas nunca banal. (Lucas
Salgado, http://www.adorocinema.com/filmes/filme-202661/criticas-adorocinema/)
A mostra estará acontecendo
sempre às 4as feiras, às 19 horas, no SESC Juazeiro do Norte-CE, com entrada
gratuita. A abertura da Mostra contou com um bom público e ao final da exibição
aconteceu um momento de reflexão e de debate sobre o documentário. Este fato se
repetirá a cada nova apresentação.
REQUERIMENTO
![]() |
João Borges (Foto de Beto Fernandes Blog de Juazeiro) |
No dia de hoje o vereador João
Alberto Morais Borges estará protocolando na Câmara Municipal de Juazeiro do
Norte o seguinbte requerimento dirigido ao sr. Prefeito Municipal de Juazeiro
do Norte: Ao Senhor Prefeito Municipal, Raimundo Antônio de Macêdo. Venho,
respeitosamente, através do presente requerer de Vossa Excelência a implantação
de um programa de leitura nas bibliotecas e escolas públicas da rede municipal
de Juazeiro do Norte. O ensino da cultura e da história dos municípios e do
Estado Ceará nas escolas é obrigatório. Entretanto, os livros didáticos
adotados nas escolas do Nordeste cumprem diretrizes dos Parâmetros Curriculares
do MEC - Ministério da Educação e são, na quase totalidade, livros produzidos
por autores e editoras do Sul e do Sudeste contemplando temáticas nacionais e
internacionais, conforme estejam voltados para a História ou a Geografia
Mundial ou do Brasil, não descendo a detalhes fundamentais para a compreensão
do aluno, em relação ao chão onde pisa. Estes livros, mesmo sendo de grande
importância não contribuem para o conhecimento local em si, tampouco para a
conexão dos fatos históricos ou da Geografia, bem como da Economia e da Cultura
de Juazeiro do Norte com os conteúdos disponíveis nestes livros adotados,
criando-se um clima de desconhecimento e de alienação da realidade local, não
contribuindo para o saber nem para a autoestima do aluno. Sugerimos que este
programa comece pela aquisição dos seguintes títulos voltados para o
conhecimento da história, da geografia, da cultura e da economia do município
de Juazeiro do Norte e região, a saber: 01. Pedro Bandeira do Juazeiro – Org.
Lucinda Marques; 02. O Nordeste nas Canções de Luiz Gonzaga – Adelson Viana et
alli; 03. Patriarca do Juazeiro – Mons. Azarias Sobreira; 04. História da
Independência de Juazeiro do Norte – Daniel Walker; 05. Milagres de Joaseiro –
Ralph Della Cava; 06. Antes Qu’eu me Esqueça
(Volumes 1, 2, 3, 4, 5 e 6) – Renato Casimiro; 07. Padre Cícero do Juazeiro
(Antologia) – Raimundo Araújo; 08. Pe. Cícero, por ele mesmo – Ana Tereza
Guimarães e Anne Dumoulin; 09. Padre Cícero, entre rumores e verdades – Paulo
Machado; 10. Caminhadas com o Padre Cícero
– Geraldo Menezes Barbosa. Acrescento a importância de adquirir para cada
biblioteca pública ou escolar de Juazeiro do Norte uma coleção com os
principais títulos de Literatura de Cordel sobre Juazeiro do Norte, sejam
folhetos e romances clássicos, históricos sejam títulos atuais, valorizando
assim a tradição de juazeiro como principal centro de produção e difusão desta
importante expressão da poesia nordestina, desde a importante contribuição do
empreendedor poeta e editor José Bernardo. Para que surta o efeito desejado dos
pontos de vista cultural, pedagógico e didático sugerimos que sejam adquiridos
pelo menos dez volumes de cada um destes títulos para cada biblioteca pública
e/ou escola pública municipal e pelo menos um kit com os dez livros para cada
professor da Rede Municipal de Ensino. Para coroar de êxito o tão auspicioso
programa educativo-cultural sugerimos que a Prefeitura Municipal de Juazeiro do
Norte realize um seminário de capacitação dos professores com autores e
editores destes livros citados para que nossos mestres fiquem devidamente
habilitados a repassarem estes conteúdos nas suas salas de aula. Na certeza do
bom acolhimento, fico no aguardo da vossa decisão. Nestes Termos, Pede
Deferimento. Juazeiro do Norte, 09 de Fevereiro de 2015. João Alberto Morais
Borges, Vereador.