terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
116: (07.02.2015) Boa Tarde para Você, Wilson Pereira

O tempo corre e em breves dias, a 11 de Maio, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos vai completar 163 anos, criada com a primeira linha telegráfica brasileira, no Departamento de Correios e Telégrafos, há 46 anos autarquia federal, hoje nomeada, simplesmente, como os Correios. Não vamos longe, historiando fatos, meu caro Wilson, senão atestando que é pouco provável que exista no conhecimento e no conceito do povo brasileiro uma instituição que goze de tanta credibilidade quanto esta que você serve com tal dedicação. Esse patrimônio inquestionável passa por gente como você, meu amigo, estimado carteiro sempre aguardado por esta nossa Rua São José, por ser parte deste exercido diário de mais de cento e vinte mil servidores dos Correios. É sempre muito gratificante, Wilson, encontrar em qualquer avenida, rua ou viela deste país alguém que se identifica visualmente pelo serviço que esta empresa se empenha em realizar em nome do desenvolvimento de nossa nação. Essa famosa credibilidade resiste aos temporais pelos quais já passaram greves, paralizações, e toda a sorte de reclamações partidas de seus usuários para se afirmar como algo que raramente a abalou. Não é que não haja um motivo só, pois você sabe, Wilson, que as queixas se acumulam em razão de prazos nas entregas de encomendas, de documentos, de mercadorias, extravios e erros nas entregas de correspondências, coisas referidas por todos nós. É intrigante saber que estes acontecimentos, que seguramente comprometem a qualidade e a eficiência dos serviços, parecem não afetar esta crença de que os Correios, apesar dos pesares, merecem a nossa fé e o nosso reconhecimento. Lembro, particularmente, o Sedex como um destes serviços, para encomendas expressas que devem chegar a destino seguro em pouquíssimo tempo, algo diferenciado da mais de uma centena de produtos oferecidos. Como se justifica que uma encomenda com esta tarifa, tão bem remunerada, possa demorar setenta e duas horas para ser entregue em Fortaleza, se há transporte rodoviário regular da Empresa, e de terceirizados, além da rota aérea? Não sei se você sabe, Wilson, mas ainda nos anos 60, um juazeirense empreendedor, criou o primeiro e bem referido serviço nacional de encomendas expressas, que eu usei muitas vezes para remeter documentos de Fortaleza para o Rio de Janeiro e não demorava mais que 24 horas. Mas, deixemos isto de lado, pois não lhe cumprimento nesta tarde, Wilson, para lhe fazer portador autorizado a reproduzir a minha queixa abusada nestas mal traçadas linhas. Exatamente porque eu nunca tardei em me associar a toda esta vontade do povo brasileiro em credenciar com respeito e reverência os serviços postais que utilizamos, mesmo nestes tempos de internet. E olha que poucos de nós sabemos o que há por trás de toda esta organização, como o seu Código de Ética, preconizando com grande transparência os seus princípios fundamentais, e as relações no ambiente de trabalho com os clientes, fornecedores, parceiros, governo, instituições, sociedade e concorrentes. Gostaria de me dirigir especialmente a você, Wilson, este caririense exemplar, carteiro de 25 anos de batente diário, exilado por longos anos na Paulicéia desvairada e que finalmente retornou à terra querida pela sonhada transferência. Para louvar esta sua dedicação aos Correios, esta fidelidade e este empenho, nem precisaríamos saber mais que duas ou três coisas a seu respeito. Fiel a esta vocação de serviço, você completou suas bodas de prata na Empresa, e ainda fez seus estudos universitários em Letras com habilitações em literatura brasileira, inglesa e espanhola. Sem dúvida alguma, Wilson, isto é parte surpreendente do perfil de um grande servidor que diariamente percorre a minha rua distribuindo simpatias e boas notícias guardadas em pequenos envelopes que nos chegam com a responsabilidade devida, como se ali tivesse ouro em pó.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 07.02.2015)

BOA TARDE (II)
117: (09.02.2015) Boa Tarde para Você, Elvis Pinheiro

Das gratas satisfações do ano passado, uma delas, Elvis, foi saber da sua existência, e mais que isto conhecê-lo, ainda que tão superficialmente, para saber da importância de sua completa dedicação à animação cultural deste nosso Cariri. Isso se faz presente entre nós, hoje com tanto vigor, porque você, um cinemeiro por vocação, de esmerado conhecimento e tanto gosto, assumiu para si esta tarefa de grande prazer em realizar pelo cinema, e em diversas salas dos espaços culturais da região, o fórum permanente que a arte sempre permite. Recebi na última, e tão privilegiada sessão de cinema, a 21ª edição, a mais recente de Sétima - Revista de Cinema, de cuja leitura isto me permitiu conhecer um pouco mais deste seu grande trabalho, por algo que a mídia sempre nos lembra de que é a maior diversão. Sem historiar, exatamente porque você, Elvis, deve saber da minha grande ignorância por seu itinerário, refiro-me ao que se programa entre este mês de fevereiro e o seguinte de março, como agenda de cinema alternativo que invade o Cariri e se afirma como dos seus melhores momentos. É necessário divulgar aqui, e insistir em tantas outras instâncias, o grande serviço que você promove, e com larga competência, entre as sessões do Cine Café, do Centro Cultural BNB Cariri, nas tardes de sábados. Mas, igualmente se deve dizer de quanto isto se apresenta tão diverso com o Cine Café Volante, em Nova Olinda, do Cinerama do SESC Crato, e do Cinetatógrapho do SESC Juazeiro, sem falar do Grupo de Estudos que se reúne neste último, para debater temas dos interesses desta sétima arte. Portanto, Elvis Pinheiro, tem o cumprimento desta tarde o dever de fazer a desnecessária louvação destes grandes méritos a alguém como você que por estudos, análises, planejamento e execução, nos conduz a uma permanente inserção ao grande valor do cinema e que foge, frequentemente, à massificação dos esquemas de exploração meramente comercial. Isto é importante para alargar o nosso conhecimento para além daquele vício que nos cativou ao consumo de Holywood, mercê do acordo comercial de Luiz Severiano Ribeiro e Harry Stone, e nos tirou por muitas décadas os olhares sobre o cinema do impressionismo francês, do expressionismo alemão, do surrealismo espanhol, do neorrealismo italiano, e das novas estéticas dos países emergentes, sobretudo os do Sudeste Asiático, da América do Sul e do Oriente Médio. De tudo quanto você tem realizado com grande esforço, mas também com a compreensão dos centros culturais e seu apoio financeiro, destaco a acolhida que permite a exibição de mostras as mais representativas, como esta que apenas se iniciou, em busca da Ditadura Militar Brasileira Revisitada, com a exibição de documentários e filmes de grande importância. A sua abertura com a exibição do extraordinário documentário, “O Dia que Durou 21 Anos”, mostrou para nós a participação do governo dos Estados Unidos na preparação, desde 1962, do golpe de estado de 1964, e tudo o que de mais dramático aconteceu a esta nação até à sua redemocratização. Felizmente, o Cariri se abriga na sua competência para que o cinema seja para nós algo que permanentemente nos auxilia no exercício necessário da nossa crítica, da nossa própria formação cidadã, como agentes desta construção necessária que nos torna formadores de opinião. Desejo, em nome de todos, se assim não recorro ao excesso do voluntariado, para agradecer-lhe publicamente por tudo isto que você, Elvis Pinheiro, vem realizando pelo cinema alternativo no Cariri, oportunizando tantas exibições, debates e o nosso próprio crescimento. Permita-me que lhe diga que está sendo um grande prazer conhecê-lo ainda mais, para hoje continuar privando e usufruindo um pouco mais intimamente desta sua missão civilizadora, pois se não me fizer nenhuma censura, até diria que se você não existisse, seria necessário inventá-lo. Nós caririenses, sua plateia fiel e agradecida, estamos sempre ansiosos e atentos na expectativa do próximo espetáculo, na certeza de que este ainda não será a última sessão de cinema.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 09.02.2015)

MOSTRA A DITADURA REVISITADA
O Cinematógrapho (SESC, Juazeiro do Norte), com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, iniciou na semana passada a Mostra A Ditadura Militar Brasileira Revisitada, com a exibição do filme O Dia que Durou 21 Anos (Brasil, 2012). Na próxima quarta feira, dia 11, a Mostra exibirá o filme Hoje é dirigido por Tata Amaral (Brasil, 2011), com duração de 90 minutos. Elenco: Denise Fraga como Vera; César Troncoso como Luiz; João Baldasserini como Carregador  1; Pedro Abhull como Carregador 2;  Lorena Lobato como Síndica;  Cláudia Assunção como Antônia. Sinopse: Em 1998, Vera (Denise Fraga) está se mudando para um novo apartamento, na região central de São Paulo, que conseguiu comprar devido a uma indenização que ganhou do governo brasileiro em decorrência do assassinato do marido Luiz (César Troncoso). A perda de seu companheiro ocorreu na época em que ambos eram militantes contra a ditadura militar no Brasil e, enquanto a mudança ocorre, ela vê o fantasma de Luiz, fazendo com que se recorde das torturas sofridas por ambos na época do regime militar. Crítica: Foi curiosa - e acertada - a escolha do título do quarto longa metragem de Tata Amaral. Apesar de ser um filme sobre o passado, ou ao menos sobre o impacto deste na vida de uma mulher, o nome Hoje retratar bem a realidade de quem sofreu duramente nas mãos da ditadura. Ao contrário do que a Lei da Anistia e algumas correntes políticas nos querem fazer acreditar, o regime militar no Brasil não é uma página completamente virada em nossa história e as pessoas que sofreram diretamente através de tortura ou perda de parentes e amigos continuam muito marcadas por isso, por mais que já tenhamos mais de 20 anos de democracia. O "hoje" do título faz menção justamente à presença do passado no presente e são questões como estas que são a força da produção, que não se utiliza de técnicas de linguagem batidas como flash backs ou reconstituições. Reflexões sobre indenização monetária para pessoas que sofreram com a ditadura e sobre a ausência de punição para os torturadores estão em foco no longa, transformando-o em algo que merece ser conferido. Alguns problemas claros no desenvolvimento comprometem, principalmente na tentativa de investir em um ministério cuja a solução é óbvia desde o primeiro segundo em que o personagem aparece em cena, mas ainda assim a fotografia excelente de Jacob Solitrenick (em especial na bela tomada final) e a trilha contida de Livio Tragtenberg ajudam a manter os expectador preso do filme.  O mesmo pode ser dito com relação às atuações de Denise Fraga e César Trancoso. Conhecida por papéis cômicos em produções como O Auto da Compadecida e Como Fazer um Filme de Amor, Fraga reforça com sua performance em Hoje que está muito longe de ser uma atriz de um só gênero. Em seu papel mais intenso e dramático, ela se entrega a uma personagem que não necessariamente irá conquistar o público, mas que provavelmente despertará muito interesse e curiosidade. Marcado pela atuação em O Banheiro do Papa, o uruguaio César Trancoso também faz bonito, embora seu papel seja menos significativo. O ator, que parece em lua de mel com o cinema brasileiro e já está confirmado em novas produções como Faroeste Caboclo e Circular, é um dos nomes mais talentosos do cinema latino-americano e só colabora para aumentar a qualidade do longa de Tata Amaral. Hoje é uma adaptação do livro "Prova Contrária", de Fernando Bonassi, mas curiosamente o roteirista Jean-Claude Bernardet não leu a obra literária para escrever o filme. Ele preferiu levar para as telas as impressões passadas pela cineasta, o que mostra que a trabalho de Amaral vai bem além de apenas sentar na cadeira de diretora, sendo responsável direta pela concepção da ideia inicial. Rubens Rewald e Felipe Sholl aparecem como co-roteiristas. Contando com sequências bem originais, em especial àquelas que utilizam-se da projeção para interagir com o que está sendo dito ou lido pelos personagens - algo confessadamente inspirado no curta Superbarroco, de Renata Pinheiro -, o longa é passado inteiramente em um apartamento, lembrando um pouco Cabra Cega, que também aborda a questão da ditadura. Em alguns momentos parece teatral demais, mas nunca banal. (Lucas Salgado, http://www.adorocinema.com/filmes/filme-202661/criticas-adorocinema/)
A mostra estará acontecendo sempre às 4as feiras, às 19 horas, no SESC Juazeiro do Norte-CE, com entrada gratuita. A abertura da Mostra contou com um bom público e ao final da exibição aconteceu um momento de reflexão e de debate sobre o documentário. Este fato se repetirá a cada nova apresentação.

REQUERIMENTO
João Borges (Foto de Beto Fernandes
Blog de Juazeiro)
No dia de hoje o vereador João Alberto Morais Borges estará protocolando na Câmara Municipal de Juazeiro do Norte o seguinbte requerimento dirigido ao sr. Prefeito Municipal de Juazeiro do Norte: Ao Senhor Prefeito Municipal, Raimundo Antônio de Macêdo. Venho, respeitosamente, através do presente requerer de Vossa Excelência a implantação de um programa de leitura nas bibliotecas e escolas públicas da rede municipal de Juazeiro do Norte. O ensino da cultura e da história dos municípios e do Estado Ceará nas escolas é obrigatório. Entretanto, os livros didáticos adotados nas escolas do Nordeste cumprem diretrizes dos Parâmetros Curriculares do MEC - Ministério da Educação e são, na quase totalidade, livros produzidos por autores e editoras do Sul e do Sudeste contemplando temáticas nacionais e internacionais, conforme estejam voltados para a História ou a Geografia Mundial ou do Brasil, não descendo a detalhes fundamentais para a compreensão do aluno, em relação ao chão onde pisa. Estes livros, mesmo sendo de grande importância não contribuem para o conhecimento local em si, tampouco para a conexão dos fatos históricos ou da Geografia, bem como da Economia e da Cultura de Juazeiro do Norte com os conteúdos disponíveis nestes livros adotados, criando-se um clima de desconhecimento e de alienação da realidade local, não contribuindo para o saber nem para a autoestima do aluno. Sugerimos que este programa comece pela aquisição dos seguintes títulos voltados para o conhecimento da história, da geografia, da cultura e da economia do município de Juazeiro do Norte e região, a saber: 01. Pedro Bandeira do Juazeiro – Org. Lucinda Marques; 02. O Nordeste nas Canções de Luiz Gonzaga – Adelson Viana et alli; 03. Patriarca do Juazeiro – Mons. Azarias Sobreira; 04. História da Independência de Juazeiro do Norte – Daniel Walker; 05. Milagres de Joaseiro – Ralph Della Cava; 06. Antes Qu’eu me Esqueça (Volumes 1, 2, 3, 4, 5 e 6) – Renato Casimiro; 07. Padre Cícero do Juazeiro (Antologia) – Raimundo Araújo; 08. Pe. Cícero, por ele mesmo – Ana Tereza Guimarães e Anne Dumoulin; 09. Padre Cícero, entre rumores e verdades – Paulo Machado; 10. Caminhadas com o Padre Cícero – Geraldo Menezes Barbosa. Acrescento a importância de adquirir para cada biblioteca pública ou escolar de Juazeiro do Norte uma coleção com os principais títulos de Literatura de Cordel sobre Juazeiro do Norte, sejam folhetos e romances clássicos, históricos sejam títulos atuais, valorizando assim a tradição de juazeiro como principal centro de produção e difusão desta importante expressão da poesia nordestina, desde a importante contribuição do empreendedor poeta e editor José Bernardo. Para que surta o efeito desejado dos pontos de vista cultural, pedagógico e didático sugerimos que sejam adquiridos pelo menos dez volumes de cada um destes títulos para cada biblioteca pública e/ou escola pública municipal e pelo menos um kit com os dez livros para cada professor da Rede Municipal de Ensino. Para coroar de êxito o tão auspicioso programa educativo-cultural sugerimos que a Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte realize um seminário de capacitação dos professores com autores e editores destes livros citados para que nossos mestres fiquem devidamente habilitados a repassarem estes conteúdos nas suas salas de aula. Na certeza do bom acolhimento, fico no aguardo da vossa decisão. Nestes Termos, Pede Deferimento. Juazeiro do Norte, 09 de Fevereiro de 2015. João Alberto Morais Borges, Vereador.

 

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