sábado, 1 de março de 2014

COMENDA MEMÓRIAS DE JUAZEIRO


Na noite do dia 25, pp., a Diretoria da AFAJ – Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte, como faz todos os anos, se reuniu sob a presidência do Cel. Francisco José de Lima, recém-eleito, e escolheu estas três personalidades que neste ano centenário receberão, in memoriam, a homenagens com a concessão da Comenda Memórias de Juazeiro: Cel. FIRMINO ARAÚJO, BARTOLOMEU ALVES FEITOSA e ANTÔNIO ARAÚJO SILVA. O primeiro nome foi indicado por Ronald Brito, o segundo por Iane Neri e o terceiro por Francisco Neri. Não houve qualquer outra indicação. A cerimônia acontecerá em Fortaleza, no dia 27 de Março, na sede da AORECE-Associação dos Oficiais Militares da Reserva e Reformados PM/BM do Estado do Ceará.

CIDADANIA & MEDALHA
A Câmara Municipal de Juazeiro do Norte concedeu as seguintes honrarias: Resolução N.º 683 de 11.02.2014: Concede Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor Valdetário Andrade Monteiro, pelos relevantes serviços prestados à nossa comunidade. (Autoria: João Alberto Morais Borges; Coautores: Danty Bezerra Silva, José Duarte Pereira Júnior e José Tarso Magno Teixeira da Silva; Subscritores: Cícero Claudionor Lima Mota – José Ivan Beijamim de Moura – Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha – Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro – Rubens Darlan de Morais Lobo – José Adauto Araújo Ramos – Antônio Vieira Neto – José Nivaldo Cabral de Moura e Rita de Cássia Monteiro Gomes.) Resolução N.º 684 de 11.02.2014: Concede a Medalha Cidade de Juazeiro,  Comenda do Mérito Legislativo ao Excelentíssimo Senhor Desembargador Francisco Suenon Bastos Mota, pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade juazeirense. (Autoria: José Duarte Pereira Júnior; Coautores: Danty Bezerra Silva e Glêdson Lima Bezerra; Subscritores: Cícero Claudionor Lima Mota – José Ivan Beijamim de Moura – Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro - Rubens Darlan de Morais Lobo - José Adauto Araújo Ramos – José Nivaldo Cabral de Moura - Firmino Neto Calú - João Alberto Morais Borges – Normando Sóracles Gonçalves Damascena – Cláudio Sergei Luz e Silva - Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha – Francisco Alberto da Costa – Rita de Cássia Monteiro Gomes e Maria Calisto de Brito Pequeno.) Também foi concedida a cidadania juazeirense mediante a Resolução N.º 685 de 11.02.2014: Concede Título Honorífico de Cidadão Juazeirense Senhora Patrícia Vieira Pereira, pelos relevantes serviços prestados à nossa comunidade.(Autoria: José Nivaldo Cabral de Moura; Coautores: Danty Bezerra da Silva; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro - Cícero Claudionor Lima Mota – Cláudio Sergei Luz e Silva – José Adauto Araújo Ramos - José Tarso Magno Teixeira da Silva – Francisco Alberto da Costa – Firmino Neto Calú - José Ivan Benjamim de Moura – Paulo José de Macêdo - Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha – Rubens Darlan de Morais Lobo– Normando Sóracles Gonçalves Damascena – Maria Calisto de Brito Pequeno – Rita de Cássia Monteiro Gomes.)

MEMÓRIA: UM FACTO HISTÓRICO
Ainda sobre Maria de Araújo, cujo centenário de falecimento ainda estamos rememorando, ocorreu-me a publicação do esboço do protesto que o Pe. Cícero Romão Baptista fez registrar no Cartório do Segundo Ofício (Cartório Machado) que, como já referimos, está inserido numa das obras de Paulo Machado. Como se pode ver, são três datas: O “facto” aconteceu em 22.10.1930. O esboço do protesto (documento anexo) é de 10.11.1930, e só foi registrado em Cartório no dia 03.12.1930. Este documento me foi cedido, em definitivo, por Fátima Menezes. Anteriormente ele certamente fazia parte do acervo de seu avô, o advogado José Ferreira de Menezes (JFM), que elaborou a “minuta”. Por que esta demora em efetivar o registro? Será que eles esperavam, antes, encontrar o paradeiro do corpo? Outro fato que me chamou atenção foi que no interior do documento encontrei este pequeno fragmento de um detalhe de roupa feminina. Seria da beata? Pode ser que José Ferreira de Menezes tenha recolhido isto dentre os resíduos dos despojos, como ele mesmo registra. Fica apenas como curiosidade. 

MEMÓRIA FOTOGRÁFICA
Foto de João Alencar Figueiredo, integrante da antiga Guarda Nacional, ao tempo em que serviu no Acre. A imagem nos foi enviada por seu bisneto Gandhi Figueiredo Timóteo.







RECONHECIMENTO PÚBLICO & NOVA RUA
Através da LEI Nº 4280, de 19.02.2014 fica reconhecida de utilidade pública o INSTITUTO NOVO SOL – INSOL - de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, fundado em 10 de setembro de 2012, com sede e foro nesta cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, é uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, de duração por tempo indeterminada, e reger-se-á por seus estatutos sociais, e bem como pelas leis, usos e costumes nacionais. Autoria: Vereadora Rita de Cássia Monteiro Gomes
Também pela LEI Nº 4281, de 19.02.2014 fica reconhecida de utilidade pública o INSTITUTO CULTURAL E SOCIAL BEATO ROQUE PINTO DE MIRANDA fundado em 26 de abril de 2010, com sede e foro nesta cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, é uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, que tem por finalidade apoiar e desenvolver ações e projetos nas áreas social, cultural e artística, promovendo a reinserção e tendo como público-alvo todo os segmentos (família, criança, adolescente, adulto e idoso) e em especial os que se encontram em situação de risco social, de duração por tempo indeterminado, e reger-se-á por seus estatutos sociais, e bem como pelas leis, usos e costumes nacionais. Autoria: Vereador Paulo José de Macedo; Coautoria: Vereador Cícero Claudionor Lima Mota.
Igualmente, pela LEI Nº 4282, de 19.02.2014 fica reconhecida de utilidade pública a
ASSOCIAÇÃO CENTRO DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO DO BAIRRO TIMBAÚBAS – CDCT., fundada em 04 de setembro de 2010, é uma associação civil de direito privado, de caráter social, sem fins lucrativos, político partidário ou religiosos, que terá duração por tempo indeterminado, com sede e foro  nesta cidade de Juazeiro do Norte e reger-se-á por seus estatutos sociais, e bem como pelas leis, usos e costumes nacionais. Autoria: Vereador Glêdson Lima Bezerra; Coautoria: Vereador Tarso Magno Teixeira da Silva.
Pela LEI Nº 4283, de 19.02.2014 denominada de RUA PEDRO ALEXANDRE DAMASCENO, a artéria que tem início na rua Domingos Rodrigues Barbosa e término na rua Engenheiro José Onofre Marques, no bairro São José, nesta cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará. Autoria: Vereador Danty Bezerra da Silva
(Na foto, de nosso arquivo, o Beato Roque Pinto de Miranda)

A MÍSTICA NORDESTINA FEITA COM SANGUE E SUOR’
A reabilitação do Padre Cícero pelo Vaticano gera expectativa e renova a fé dos nordestinos em seus beatos e cangaceiros (Entrevista com o teólogo Paulo Suess) (Recebi a indicação de leitura e repasso aos interessados) Porto Alegre - Em janeiro deste ano a cidade de Juazeiro do Norte (CE), terra de Padre Cícero, abriu as portas para fiéis de vários outros padrinhos. As fileiras dos romeiros engrandeceram com a presença dos mais de 5 mil participantes do 13º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base - CEBs, cujo tema foi Justiça e Profecia a Serviço da Vida. Além das delegações, estiveram presentes bispos, padres, lideranças indígenas e membros de várias outras religiões (mesmo as não-cristãs). De acordo com o Paulo Suess, alemão radicado no Brasil, o que mais marcou o encontro foi a força da mística nordestina. Em uma região onde a religiosidade se mistura ao imaginário dos beatos e beatas, dos padres messiânicos e cangaceiros, a força da religiosidade popular se manifesta de maneiras únicas, ainda que em diálogo com inquietações de todo o Brasil. Assemelham-se nas lutas por justiça e lutas justiceiras, nos messianismos políticos e mesmo nas loucuras messiânicas (como no emblemático caso da Pedra do Reino). “Em cada um de nós, a religião pode alimentar desespero e esperança. Saber para que lado do muro se deve pular é decisão da fé. Mas a fé não é necessidade, é opção.” Em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, Suess destaca as mudanças na visão da religiosidade popular a partir do Concílio Vaticano II, o papel da espiritualidade na vida contemporânea, os desafios da igreja e da sociedade e a busca pelo Bem Viver (Sumak Kawday), baseado na simplicidade, na vida em comunidade, na comunicação e no equilíbrio. “O equilíbrio vivencial encontra-se nas relações que aparentemente são caracterizadas por oposições ou contradições: o indivíduo se desenvolve na comunidade, o trabalho integra o lazer (dança, música, arte), o jejum faz parte do comer. O equilíbrio entre essas oposições garante a vida em sua plenitude”, defende o religioso.
Uma das grandes dificuldades das confissões religiosas nos dias de hoje é vincular a espiritualidade às práticas do cotidiano. Como as CEBs colaboram para a construção de pontes entre os “dois mundos”?
Na passagem pelos documentos do Concílio Vaticano II (1962-65) aprendemos que a “autonomia das realidades terrestres” está vinculada à responsabilidade da humanidade “perante os seus irmãos e a história”. Ao mesmo tempo, ela não está desvinculada da ordem da criação. A autonomia se desdobra na liberdade da autodeterminação e da criatividade, e como tal é constitutiva para a dignidade humana. A criação do mundo continua nas “práticas do cotidiano” em todas as suas dimensões. Por isso não faz sentido falar em “fratura entre o reino de Deus e a vida material”, porque nem o reino de Deus está desprovido da vida material, nem “a vida material” está desprovida do espírito. A física quântica nos esclareceu sobre o fato de que no fundo da “vida material” encontra-se energia, luz, vida, espírito, processos em mutação permanente. As CEBs vivem esses processos de encarnação na vida. Suas raízes têm asas! Aprenderam no seguimento de Jesus que a vida material nunca é o fim último nem realidade definitiva, e que a vida espiritual está embutida na terra e na água, na dor cotidiana e na morte que é passagem.
Como evangelizar sem alienar? Ou seja, é possível viver em espiritualidade mantendo um pensamento crítico?
O que é “alheio” e produz alienação, e o que é “próprio” e fortalece a identidade? A relação entre ambos é resultado de acordos, consensos e negociações históricas. Tanto “alienar” como “pensamento crítico” pressupõem um fundo de valores e normas constitutivos e assumidos em liberdade por uma determinada comunidade. Quem se “aliena”, se afasta desses valores que compõem uma visão do mundo compartilhada. O pensamento crítico aponta para esse distanciamento da visão do mundo compartilhada e reivindica a volta ao “ideal” abandonado.
A proposta comum das CEBs, seu ideal, é sua articulação entre fé e vida. Nas CEBs, a relevância da fé é permanentemente aferida a uma vida na qual o fruto do trabalho de todos é repartido igualmente entre todos e apropriado em harmonia com a natureza, tendo particularmente em vista as futuras gerações. O “pensamento” crítico, inerente ao Evangelho, fortalece a “espiritualidade”.
A vida espiritual, como as CEBs a compreendem, faz um esforço permanente para resistir contra certo “essencialismo nas nuvens” e fora dos contextos e da história. Vida espiritual significa vigilância sobre um projeto civilizatório, capaz de alienar-nos de nós mesmos, do outro e do mundo. O tema do 13º Intereclesial de CEBs “Justiça e Profecia a Serviço da Vida” é expressão dessa vigilância em defesa do bem viver para todos e do discernimento crítico.
De que forma o trabalho promovido pelas CEBs dialoga com a lógica do bem viver (sumak kawsai)?
O bem viver, como está inscrito nas Constituições da Bolívia e do Equador, é um processo de conquistas e esforços históricos permanentes contra tudo que estorva a vida de pessoas, comunidades e sociedades. No horizonte dessa luta está a transformação do Estado do Bem-Estar para poucos em um Estado do Bem Viver para todos (fim da sociedade de classes e dos privilégios) e para sempre (memória dos antepassados, projeto para hoje e para as futuras gerações). As comunidades construídas por beatos e beatas nordestinos do século XIX foram herdeiras e construtoras do bem viver rural e precursoras das CEBs de hoje. Da afinidade entre o projeto do bem viver e o projeto das CEBs, emergem eixos comuns. Primeiramente, a simplicidade garante a dignidade da vida para todos. Essa simplicidade nos faz gastar o necessário para todos. Ela não é uma extensão da miséria ou da pobreza; pelo contrário, ela faz todos viverem melhor com menos e em equilíbrio com a vida em sua totalidade.A simplicidade é vivida em comunidade que protege contra as tendências de apropriação privada dos bens do planeta Terra através de indivíduos isolados. As comunidades incentivadas pelo padre Cícero viviam segundo um código ecológico ainda hoje válido. O comunitarismo protege contra a emergência permanente de uma sociedade de classe. Tanto nas comunidades nordestinas do século XIX que os beatos animaram, como no paradigma do bem viver almejado pelo mundo andino e nas CEBs de hoje, a vida é marcada pelo trabalho, pela mística e pela redistribuição dos bens. O fracasso dessa redistribuição dos frutos do trabalho seria o fracasso do projeto comunitário como tal. Todos esses projetos (comunidades dos beatos, comunidades do bem viver e CEBs) desencadearam lutas contra a modernização na qual está embutida a promoção individual e concorrencial. Na base do bem viver das comunidades está o equilíbrio entre os saberes ancestrais e os científicos. O sumak kawsay faz parte daquela sabedoria que a humanidade adquiriu ancestralmente nas relações vividas e transmitidas entre gerações. A ciência é parte complementar desse saber adquirido. O equilíbrio vivencial encontra-se nas relações que aparentemente são caracterizadas por oposições ou contradições: o indivíduo se desenvolve na comunidade, o trabalho integra o lazer (dança, música, arte), o jejum faz parte do comer. O equilíbrio entre essas oposições garante a vida em sua plenitude. Nos três tipos de comunidades (comunidades dos beatos, comunidades do bem viver e CEBs) prevalece a comunicação oral. O bem viver comunitário exige a superação dos conflitos pelo diálogo e a participação de todos e todas. Essas práticas de oralidade apontam para uma espécie de “democracia participativa” que questiona a escrita e a delegação representativa da ação. Vai fazer 60 anos que Lévi-Strauss, em seu Tristes Trópicos, nos lembrou: a escrita “parece favorecer a exploração dos homens, antes de sua iluminação. Essa exploração, que permitia reunir milhares de trabalhadores para obrigá-los a tarefas extenuantes [...]. Se a minha hipótese for exata, é necessário admitir que a função primária da publicação escrita foi a de facilitar a servidão”. Por fim, ao não se realizar historicamente em sua plenitude, o bem viver das comunidades tem no seu horizonte rupturas sistêmicas e conversão pessoal. Ruptura e conversão têm dimensões religiosas, sociais, políticas, éticas, econômicas e escatológicas.
Este ano o Intereclesial ocorreu em Juazeiro do Norte, terra de Padre Cícero, um religioso que por muitos anos foi recusado pela Igreja. Atualmente, o Vaticano prepara a reabilitação e a possível canonização do padre. Qual a importância deste reconhecimento oficial?
A canonização do padre Cícero não acrescenta nada às curas, graças e consolos que o povo recebe de seu Padim. Mas o povo quer partilhar as suas graças recebidas com toda a Igreja em busca de sua conversão pastoral. O primeiro milagre de Juazeiro do Norte aconteceu na hora da comunhão, da eucaristia, da ação de graças. Entre as três forças (o Estado, a Igreja e o Povo), os beatos, via de regra, foram questionados pelos seus poderes políticos e eclesiásticos. Não foi diferente com Padre Cícero, que nasceu em 1844, em Crato, no Ceará. Juazeiro do Norte, onde morreu, em 1934, originalmente pertenceu a Crato, de onde só em 1911 foi emancipado. Por 11 anos e a pedido do povo, o Padre Cícero, que desde 1872 era morador de Juazeiro, foi seu primeiro prefeito. A partir de 1872, Cícero desenvolveu intenso trabalho pastoral, com pregações, visitas domiciliares e confissões. Os peregrinos e retirantes foram recebidos em Juazeiro com dignidade. Nunca o padre Cícero mandou alguém de volta para os territórios da fome. Todos foram assentados em comunidades de oração e trabalho. A grande mudança na abordagem do “caso Cícero” veio com a sedimentação do Vaticano II e com a atitude do atual bispo de Crato, Dom Fernando Panico, em 2001. No Concílio, a Igreja católica procurou fortalecer as Igrejas locais e superar a fase da romanização anterior; fortaleceu a voz do povo de Deus, sobretudo a dos leigos. Os romeiros de Juazeiro do Norte tiveram confirmadas a sua voz teológica, a sua infalibilidade no ato da fé (in credendo): “O conjunto dos fiéis, ungidos que são pela unção do Santo, não pode enganar-se no ato de fé”. O povo de Deus recebeu do Espírito o “senso da fé”. O Papa Francisco, que enviou aos participantes do 13º Encontro Intereclesial das CEBs uma mensagem animadora, diria: “faro da fé”. Tudo isso foi confirmado pelo bispo de Crato, Dom Fernando, que atribuiu sua cura de um câncer, que parecia incurável, à intercessão do Padre Cícero. A fidelidade do povo simples, que sempre se soube amparado por seu Padim, e a humildade e gratidão de Dom Fernando conseguiram abrir as portas para a reabilitação e, quem sabe, para a beatificação oficial do Padre Cícero. O “faro da fé” do povo de Deus é como um GPS que indica ruas e veredas da fé. A canonização poderá confirmar esses caminhos e veredas.
A experiência mística nordestina é marcada por beatos, padres e outros personagens emblemáticos que se envolveram em diversas lutas sociais. Como esta mística se caracteriza? 
A “mística nordestina” precisa ser analisada em sua grande diversidade. Comum à maioria dessas experiências é o “comunitarismo interno” e o “ceticismo externo” dispensado pela Igreja oficial, romanizada e distante do povo simples. Ao desenhar uma tipologia dessas místicas podemos elencar cinco grupos diferentes. Primeiramente, o grupo “fome-fé”, cuja organização comunitária, originalmente, acolheu os retirantes das secas e migrantes em busca de condições de uma vida digna. O Padre Ibiapina foi um dos primeiros a se dar conta de que a fome não pode ser combatida somente com fé. Ele acrescentou o que aprendeu na casa dos beneditinos, cujo lema fundacional é “reze e trabalhe” (ora et labora). Nessa casa funcionava a Faculdade de Direito, e Ibiapina ampliou o binômio “fome-fé” por dois componentes essenciais: “trabalho” e “vida em comunidade”. Seu espírito de uma mística articulada com necessidades históricas concretas percorreu todo o sertão. O resultado de todas essas comunidades guiadas por fé, fome, trabalho e vida comunitária era a possibilidade de a festa fazer um eixo estruturante da vida. Geralmente, quando se fala da mística nordestina, pensa-se nesse grupo “fome-fé-trabalho-vida comunitária-festa”, composta pelos padres Ibiapina e Cícero, pela beata Maria de Araújo como pars pro toto para tantas outras beatas que sustentaram o trabalho comunitário e social, e pelo beato Zé Lourenço. No sertão pernambucano, o jovem João Antônio foi o primeiro a pregar a volta do rei Sebastião para consertar a precariedade da vida social. Seu sucessor, que rachou radicalmente com a Igreja Católica institucional, foi o cunhado João Ferreira. O fanático João Ferreira reunia seus seguidores em torno de um grande rochedo (a “Pedra do Reino”) e dizia que, para que o rei Sebastião revivesse e pudesse realizar o milagre da riqueza, era preciso que a grande pedra ficasse totalmente tingida com sangue humano. Quem doasse o sangue para a volta do rei seria recompensado: velhos ressuscitariam jovens; pretos voltariam brancos; e todos, além de ricos, seriam imortais na nova vida. Famílias empobrecidas de agricultores, com a última camisa da esperança, acamparam em volta da rocha e passaram a aguardar o milagre. A espera terminou com o massacre da Pedra do Reino, promovido por João Ferreira. Entre os dias 14 e 16 de maio de 1838, 53 pessoas foram sacrificadas. (Publicado em 23 de Fevereiro de 2014, na Tribuna do Norte, Natal-RN)

EMBAIXADOR DA CULTURA DO CARIRI
Aceitei com muito gosto estar presente no próximo dia 6, no Centro Cultural BNB quando o poeta e repentista Silvio Grangeiro irá receber o título de Embaixador da Cultura do Cariri, comenda ofertada pelo Governo do Estado de Minas Gerais e pela UNESCO. O evento será no seu auditório, às 19:00 horas. De apontamentos biográficos realizados por Rosário Lustosa, anotei: “Expedito Alves Grangeiro, conhecido como Silvio Grangeiro,  nasceu no então distrito de Abaiara, pertencente a  Milagres, (hoje cidade de Abaiara), em 12/08/1943. Com a seca de 1958, aos 15 anos de idade, foi juntamente com toda a sua família para  São Paulo, em busca de dias melhores. Em 1964 mudou-se para Dourados, Mato Grosso do Sul, onde iniciou sua carreira como poeta repentista, estreando com um programa na Rádio Clube daquela cidade onde permaneceu por cinco anos, retornando  para Juazeiro do Norte no ano de 1969. Casou-se com a Senhora Marismar Barros Grangeiro, e permanece no Juazeiro até os dias de hoje. Durante estes cinquenta anos dedicados a poesia, publicou livros e cordeis, e gravou CD e DVD. Tem participado de festivais por todo o Brasil de onde  colecionou  mais de 300 troféus. Ao chegar em Juazeiro do Norte, recebeu de Coelho Alves um horário para fazer um programa de radio, na Radio Iracema, a convite de Padre Germano, transferiu-se para a Radio Vale AM, onde permanece até agora. Silvio Grangeiro é produtor de festivais, com destaque para os de Juazeiro do Norte, Farias Brito e Caririaçu. Entre seus filhos está o cantor Sirlan Grangeiro e a sua empresária Simone Grangeiro. Entre seus parceiros mais frequente estão: Agostinho de Oliveira (Juazeiro do Norte/CE), Francinaldo Oliveira (São José de Belmonte/PE), Gilmar de Oliveira (Cajazeiras/PB), Gilvan Grangeiro (Abaiara/CE), Geraldo Amâncio (Fortaleza/CE), Hipólito Moura (Caruarú/PE), Ismael Pereira (Lavras da Mangabeira/CE), Pedro Bandeira (Juazeiro do Norte/CE), Valdir Teles (Tuparetama/PE), Zé Cardoso (Limoeiro do Norte/CE) e Zé Viola (Terezina/PI). No dia 17 de Julho de 2013 foi comunicado que receberá o titulo de  EMBAIXADOR DA CULTURA NO CARIRI outorgado  pela UNESCO através do Governo do Estado de Minas Gerais.

NOVOS CIDADÃOS JUAZEIRENSES
Por atos da Câmara Municipal, a cidade passa a contar com dois novos “conterrâneos”: RESOLUÇÃO N.º 686, DE 20.02.2014, concede o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor Pedro Carlos de Morais Borges. Autoria: João Alberto Morais Borges; Coautoria: José Duarte Pereira Júnior e Danty Bezerra da Silva; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro – José Tarso Magno Teixeira da Silva – Firmino Neto Calú – José Adauto Araújo Ramos – José Ivan Beijamim de Moura – Cícero Claudionor Lima Mota – José Nivaldo Cabral de Moura – Glêdson Lima Bezerra – Maria Calisto de Brito Pequeno e Rita de Cássia Monteiro Gomes. RESOLUÇÃO N.º 687, de 20.02.2014, concede o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor Geraldo Cirilo de Sousa, pelos inestimáveis serviços prestados a esta cidade e ao seu povo. Autoria: José Tarso Magno Teixeira da Silva; Coautoria: Danty Bezerra da Silva; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro – Firmino Neto Calú – José Adauto Araújo Ramos – José Ivan Beijamim de Moura – Cícero Claudionor Lima Mota – José Nivaldo Cabral de Moura – Glêdson Lima Bezerra – Francisco Alberto da Silva – Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha - José Duarte Pereira Júnior - João Alberto Morais Borges – Paulo José de Macêdo – Antônio Vieira Neto – Normando Soracles Gonçalves Damascena - Maria Calisto de Brito Pequeno – Maria de Fátima Ferreira Torres e Rita de Cássia Monteiro Gomes.
Obs.: Pedro Carlos Morais Borges nasceu em Caririaçu, em 05.07.1951, casado, foi vereador em Juazeiro do Norte pelo PSDB, eleito pela coligação Pra Juazeiro Crescer (PSL / PRTB / PSDB), em 2008. Infelizmente não temos nenhum dado sobre o “juazeirense” Geraldo Cirilo de Sousa.