quinta-feira, 3 de maio de 2012

03.05.2012
FOTO RARA

Esta coluna diária (com pequenas irregularidades, lamentavelmente) está comemorando hoje a sua 200ª. postagem. É necessário, à margem desta celebração, muito mais de foro íntimo, dizer algumas coisas. Em primeiro lugar, o compromisso com a memória histórica de Juazeiro, coisa que temos levado adiante com determinação e zelo, modéstia à parte. Outra coisa é referir a nossa imensa felicidade por ser, não só um trabalho prazeroso, mas também por contar com a grande solidariedade de muitos dos nossos leitores (já passamos dos 150.000 acessos) que retornam com comentários e até doações que nos chegam através da disponibilidade de imagens. É o caso de iniciar a manhã agradecendo ao Dr. Sávio Leite Pereira, que por e-mail nos manda a imagem que utilizo imediatamente com breves comentários. Trata-se de uma fotografia tomada de uma visão quase panorâmica da cidade de Juazeiro do Norte, em 1964, a partir do alto da torre do Santuário de São Francisco das Chagas. A cidade mal começara a se verticalizar. Daí porque, uma visão do alto mostra com clareza, não só o primeiro plano, mas as construções mais salientes, cuja verticalidade não ultrapassaria, talvez, 15 metros de altura, em raras situações. Podemos indicar no reconhecimento desta imagem, no primeiro plano, parte das dependências dos Franciscanos, os imóveis da antiga Usina da Clayton, à época como Usina José Bezerra, as casas pertencentes à então RVC – Rede Viação Cearense (principalmente a do Chefe da Estação, na esquina, à direita). Mais ao fundo, alguns pontos são notórios: 1) a nova Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte – Palácio José Geraldo da Cruz, na Praça Dirceu de Figueiredo, ainda em construção, e que seria inaugurada no ano seguinte, em 07.09, pelo prefeito Humberto Bezerra; 2) a Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, junto ao Cemitério; 3) o edifício de A Vencedora, na Rua São Pedro, propriedade do empresário Severino Alves Sobrinho; 4) a caixa de água, do abastecimento público, da então empresa CAENE – Companhia de Águas e Esgotos do Nordeste; 5) a Igreja-Matriz de Nossa Senhora das Dores. Ao lado destes pontos mais expressivos, podemos identificar pequenos trechos das ruas São Domingos (vendo-se no trecho inicial a residência da família de Lindalva e Antonio Ribeiro de Melo), e da hoje nomeada rua Vicente Patú, ao lado da Praça dos Ourives. Se olharmos para o cimo da Serra do Catolé (Horto) já veremos a ausência do velho pau de tambor, cuja copa formava uma densa área em imagens desta época. Ele foi derrubado no ano anterior para que se montasse a antena de TV para uma repetidora de imagem para a cidade, nos permitindo que assistíssemos por vários anos a TV Jornal do Commércio, Canal 2, de Recife. A foto é uma expressiva e rara documentação de um ano que já vivemos. Aliás, um duro ano para todo o país, em razão da cena política com o início da ditadura militar. Só recapitulando o que ainda em 1964 teríamos de alterações na cena urbana, poderíamos acrescer: No dia 21 de abril seria inaugurada a Quadra de Esportes João Cornélio, no velho Bosque; no mesmo dia, também foi inaugurada a Biblioteca Pública, ali junto (nenhum dos dois existe mais); No dia 27 de maio foi denominada de Rodovia Leão Sampaio a recém inaugurada estrada asfaltada para Barbalha; No dia 22 de Julho foi inaugurada a Praça Des. Juvêncio Santana; e em 6 de Outubro foi denominado o Bairro Felipe Neri (da Silva) a área da cidade que ia do Arco (Salesiano) ao Matadouro (hoje Teatro Marquise Branca). Se me perguntarem o que fizeram com esta homenagem, eu vou desapontá-los: o gato comeu.