sábado, 28 de março de 2015

BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
134: (23.03.2015) Boa Tarde para Você, Francisco Mendes Filho
O papa Francisco continua nos surpreendendo com os seus discursos, simples e diretos, como no pronunciamento no último sábado em Scampia, um dos bairros da periferia de Nápoles, tradicionalmente vinculado à máfia local, a Camorra. Guardo de você, Mendes, também um discurso contundente e muito claro sobre este abominável sinal, permanentemente vistoso em nosso país nos últimos tempos, especialmente na atividade política de parlamentos municipais, estaduais e federais, com a anuência de nosso voto. E olha que o Bispo de Roma foi particularmente elegante, diria mesmo – quase ingênuo ao dizer que "a corrupção é suja", e que "uma sociedade corrupta é uma porcaria", e que aquele que permite a corrupção não é cristão e também "fede". E como sempre fala, urbi et orbe, Mendes, o papa não deixou de nos incentivar na “luta contra o mal e a ter o valor e a coragem de ir pelo caminho do bem e da justiça, de ir adiante limpando a própria alma, a alma da cidade e da sociedade para que não exista esse cheiro putrefato que tem a corrupção". E era o que cabia mesmo como uma luva, a esta santa e objetiva investida ao nosso esclarecido sentimento de revolta, por parte de alguém que está muito acima de qualquer suspeição, para nos permitir algo que vá da reflexão necessária ao gesto concreto de nossa intolerância. Ontem, em matéria preciosa, Mendes, o programa Fantástico nos mostrou uma pista mais que razoável a merecer a nossa crença, no exemplo do Japão, com respeito a este combate sistemático à desonestidade e à corrupção, a partir da educação de nossos próprios filhos. Mas, sintomaticamente, este câncer maligno está tão visceralmente impregnado no cotidiano de nossas vidas que por todos os títulos é lamentável que o homem público brasileiro seja o réu indiscutível de todos os desvios de recursos pretensamente aplicáveis na educação deste pais. Há quem calcule, Mendes, que o ralo desta indescritível roubalheira atinja quase 70% de todos os montantes de valores aplicados nas transferências governamentais do FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, e que não chega à sala de aula. Juazeiro do Norte, teve em 2014 um repasse global do FUNDEB da ordem de 90, 4 milhões de reais, e a previsão é de que receba neste ano corrente 4,5% mais, numa estimativa do próprio governo fixada em 94,5 milhões. 
Atentar contra isto, e é assim que penso Mendes, é declarar a manifesta intenção de sequer estarmos interessados em honrar o necessário incremento de alunos em sala de aula, para permitir-lhes vida livre pelas ruas da cidade, na marginalidade, na violência, no crime e nas drogas. Tristemente, no nosso caso municipal, há gente sem escrúpulos que não hesitou em fazê-lo e a cometer isto que pelo menos para mim, como educador, não pode haver crime mais hediondo que esta atitude irresponsável de gestores que pratica toda sorte de desvios. Considero particularmente importante, Mendes, o que a Rede Globo deflagrou ontem, no dia mundial da água, na campanha Menos é Mais, para discutir, de forma ampla, como podemos gerar sustentabilidade para garantir para as próximas gerações as condições que temos hoje. Trata-se de falar de tudo que nos angustia, e não apenas do drama da crise atual da falta de água, aquilo que mais facilmente se vê e que sai pelo ralo do esgoto, mas tudo mais que nos falta por uma conduta defeituosa e que atenta contra a sociedade, ética e moralmente. Eu e você, Mendes, o Zé do Mercado, a Maria da Escola, o Chico da Praça, o vereador Tarso, o prefeito Raimundão, o governador Camilo, a presidente Dilma, enfim, todos, não temos outra chance, outra opção, senão estarmos do lado desta cruzada para merecermos a vida digna pela qual lutamos sem parar. Quando um dia o futuro nos cobrar sobre o que fizemos por esta dignidade, que não nos lembrem, como o poeta Francisco Otaviano: “Quem passou pela vida em branca nuvem. E em plácido repouso adormeceu. Quem nunca sentiu o frio da desgraça. Quem passou pela vida e não sofreu. Foi espectro de homem, não foi homem. Só passou pela vida, não viveu.”
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 23.03.2015)

 BOA TARDE (II)

135: (25.03.2015) Boa Tarde para Você, Sávio Leite Pereira
Vez por outra, felizmente, eu tenho a sensibilidade de manifestar zelo e gratidão pelo que tem sido esta construção generosa, extensa e muito valiosa, de muitas pessoas que contribuem para uma melhor história de minha terra. Isto tem acontecido, não somente pelas edições livrescas, mas por novas mídias eletrônicas que vão acumulando muitas páginas, em face da dinâmica destes recursos, o modo mais prático e barato de como podem ser dispostas e a forma democrática que se estabelece no acesso e na interatividade. Por isso mesmo, Dr. Sávio Pereira, cabe-lhe da nossa parte, embora com algum atraso, um agradecimento e um louvor à sua dedicação em vir participando conosco no blog do Portal de Juazeiro, tratando de questões da nossa história mais contemporânea. Quem se dispuser, acessando aquele endereço, vai se deliciar com prazerosos relatos, bem ilustrados com significativas imagens fotográficas de seu arquivo, desde aqueles com respeito ao Juazeiro dos anos 50, até estes últimos escritos, sob o título frequente de confidências políticas. Revendo estas matérias, constato que este arquivo já vai corporificando uma obra memorialística e, seguramente, não deixará de partir de todos nós que as lemos, gratificados, um incentivo para que você não perca a oportunidade de mandar imprimi-las em requintado volume gráfico. Aproveito também esta oportunidade, meu caro Sávio, para agradecer-lhe a gentileza de ter remetido em dias passados o arquivo eletrônico de um livro organizado pelo cineasta e produtor Marcello Laffite, com o apoio da Caixa Econômica, com bela e merecidíssima homenagem ao nosso José Wilker. Trata-se do título José Wilker: 50 anos de Cinema, um dos marcos da vida deste juazeirense tão ilustrado, José Wilker de Almeida, nascido entre nós em 20 de agosto de 1944, e falecido no Rio de Janeiro em 5 de abril de 2014, depois de ter sido festejado em vida como um dos mais importantes personagens do cinema, do teatro e da televisão deste país. Na verdade, o livro é o catálogo de uma Mostra de exposição restrita a público carioca, com curadoria do próprio Marcelo Laffitte, que busca celebrar a carreira do ator de cinema e TV através de uma seleção criteriosa de suas principais participações cinematográficas. A retrospectiva presta uma homenagem sincera a um dos maiores atores brasileiros e com isto a Caixa reafirma sua política cultural de estimular a discussão e a disseminação de ideias, promover a pluralidade de pensamento, mantendo viva sua vocação de democratizar o acesso à produção artística. Destaco particularmente a sua felicidade, Sávio, em abrir o volume com seu primeiro texto, delicioso, contando memórias de adolescência, histórias dos tempos iniciais da sua relação pessoal com Wilker, no Ginásio Salesiano e na vida cotidiana deste Juazeiro dos anos 50. Aliás, todo o volume, incluindo a revisão mais aprofundada da obra cinematográfica de Wilker é um extenso relicário de afetos, manifestados com grande sensibilidade em depoimentos de amigos, como Moema Cavalcanti, Marcos Flaksman, Joaquim Ferreira do Santos, Orlando Senna, Braz Chediak, Zé Celso Martinez Correa, Ney Latorraca, Aderbal Freire-Fillho, Hildegard Angel, Daniel Filho, Luiz Carlos Barreto, Cacá Diegues, Zezé Motta, Lauro Escorel, Betty Faria, Lucélia Santos, Paulo Betti, Denise Saraceni, Maitê Proença, Sergio Rezende, Francisco Ramalho Jr, Lidia Franco, Claudio Rangel, Vera Holtz, Aracy Balabanian, Mariza Leão, Rodrigo Fonseca, Andréa Beltrão, Beto Brant, Lourdes Hernandez, Walter Carvalho, e Marçal Aquino. Lamento que este livro, tão maravilhosamente concebido e tão rico pelo painel que montou para contar toda a vida e a obra de Wilker tenha a circulação limitada aos espaços da Mostra. Não posso deixar de dizer-lhe, Sávio, que como você, imagino, estimo e desejo ardentemente que a Caixa Econômica Federal seja sensível a uma possível montagem desta mostra no Cariri, para os olhos, corações e mentes de nossa gente, tão plena de ardorosos admiradores do Wilker. Não seria pedir de mais para que não percamos a oportunidade de revê-lo, vivo e autêntico, magistral e grandioso, na arte que o consagrou para a eternidade de nossa memória.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 25.03.2015)

BOA TARDE (III)
136: (27.03.2015) Boa Tarde para Você, Pe. Antenor de Andrade Silva
Em 1963, aluno do Ginásio Salesiano São João Bosco, eu fiz alguma coisa reprovável no comportamento em sala de aula, fato que gerou do professor de português a aplicação de um castigo para aprender a recitar uma das mais lindas poesias do poeta Casimiro de Abreu. Era o poema Meus Oito Anos, do poeta que se finou tão novo e deixou esta beleza de versos inesquecíveis: “Oh! que saudades que tenho / Da aurora da minha vida, / Da minha infância querida / Que os anos não trazem mais! Tantos anos afastado deste velho casarão de minha juventude, muitas vezes eu pensei neste fato, nestes versos e tudo mais que a vida me reservou daí por diante, sempre lembrando que o ginásio e estes versos eu cantei e cantarei para lembrar a minha própria existência. Logo mais, às 18:30 devo viver mais uma vez, um destes instantes de reencontro com estas saudades, para também saudá-lo, Padre Antenor, durante o lançamento de seu mais novo livro, Pe. Cícero: O Calvário de um profeta dos Sertões. Se não me distrai pelo caminho, este é o seu quinto livro, precedido pelos anteriores: Os Arquivos do Padre Cícero, de 1977, Cartas do Padre Cícero, de 1982, Padre Cícero - mais documentos para a sua história, de 1989, e Padre Cícero - sacerdote, médico e conselheiro, de 1992. Agora você nos trás este mais novo que se afirma por um mais amplo painel de releitura sobre o Pe. Cícero, feito com a propriedade de quem mergulhou profundamente no amplo documentário e na bibliografia que se construiu em mais de um século de estudos. Se duas ou três coisas se pode dizer de sua pessoa, padre Antenor, uma é fazer coro com a expressão de Núbia Ferreira que lhe reconhece no meio intelectual “como um dos importantes colaboradores da historiografia sobre instituições religiosas e educacionais, especialmente, com as suas publicações sobre o Padre Cícero e o Juazeiro do Norte.” Dirigindo este Colégio Salesiano em meados dos anos 70, quero crer que você foi tocado pela necessidade de explorar aquele rico acervo documental que até então somente servira a Ralph della Cava, para nele mergulhar de forma quase definitiva a ponto de ensejar a sua reabertura à pesquisa que tanto tem contribuído para a biografia sincera de nosso Patriarca. O seu livro trás algumas das questões inquietantes para todos aqueles que desejam aprofundar o conhecimento desta realidade de Padre Cícero e Juazeiro do Norte, especialmente através de indagações que se tornaram permanentes em nossas especulações. Vejamos algumas das que você aponta: Qual seria a fisionomia religiosa do Cariri e do Nordeste do Brasil sem a presença de Cícero Romão Batista no Juazeiro do Norte?  Como seria a situação social, política e econômica do Juazeiro sem a influência do padre? A história do Pe. Cícero seria diferente, se os Bispos de Fortaleza e Crato tivessem sido mais abertos, mais sensíveis a um dialogo vis a vis, presencial com o acusado? Que teria acontecido em termos religiosos, se o sacerdote tivesse se insurgido diretamente contra as normas de Fortaleza e Crato? O padre deveria ter esperado mais, ter consultado seu bispo e aguardado o parecer dele, antes de acreditar no episódio de Maria de Araújo como miraculoso? O fato de as duas Comissões de Inquérito terem conclusões diferentes não é sintomático? Alguma trama, algum cambalacho? Que aspectos do comportamento do Pe. Cícero nos parecem hoje, mais significativos? Sem Maria de Araújo e José Marrocos teria acontecido o “Milagre” do Juazeiro? Por que havia interessados em denegrir, a figura do Pe. Cícero? Concordo inteiramente consigo, pois “A história, queiram ou não, continuará se ocupando com as figuras polêmicas e queridas do pastor dos sertões e da beata Maria do Juazeiro. Um dia a verdade será totalmente esclarecida.” Desejo especialmente louvar e fazer-lhe um agradecimento particular pela missão que empreendeu, pois suas luzes e seu trabalho diligente marcaram toda uma geração de gente acadêmica que foi capaz de por novos olhares e novos sentimentos na riqueza dos personagens e dos fatos de Joaseiro. E não há dúvida alguma, Pe. Antenor, que esta mesma cidade que mereceu o grande entusiasmo dos seus verdes anos, ainda continuará a tributar-lhe o merecido reconhecimento a quem tão generosamente a isto se entregou e que se renova a cada novo livro que nos trás.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 27.03.2015)


PADRE CICERO: NOVOS LIVROS
Na quinta feira, 26 e na sexta feira, 27, foram lançados três livros sobre Padre Cícero Romão Baptista.  Em Fortaleza, dia 26, na Livraria Cultura (Aldeota), foi lançada a obra Padre Cicero: Mitificação e desmitificação, de Fátima Oliveira Malahosky (Editora Prismas, SP, 169 páginas). O livro derivado desse belo trabalho apresentado com mérito e louvor, se intitula com muita adequação “Padre Cícero: Mitificação e Desmitificação”.  Ele é constituído de uma introdução, três capítulos e uma conclusão norteados por um aparato teórico bem definido e destinado a apontar as contradições da figura do pároco da cidade cearense Juazeiro do Norte, Cícero Romão Batista. Com esse roteiro, prima pela riqueza da literatura secundária, ou seja, do acerco crítico que descreve a vida e os eventos em torno do sacerdote, seja julgado inadequado por uns, ou ovacionado por outros, em todo caso, por aqueles que se dão o direito ou se arvoram do poder de julgar. A linguagem prima pela correção, é condizente com o conteúdo apresentado e proporciona uma leitura fluente, que torna agradabilíssima a assimilação do seu conteúdo mágico. O corpo temático envolve, fascina pela dose de exotismo, extraída dos eventos pretensamente míticos ou sobrenaturais, aqueles em torno da beata Maria de Araújo e o fenômeno hierofania do milagre da hóstia, isto é, pelos rasgos de um realismo maravilhoso, que tangencia o gênero fantástico. Sua autora é escritora, professora, fundadora da revista de informação cultural Café das Artes e mestre pelo programa de Pós-Graduação em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.
Em São Paulo, dia 27, na Martins Fontes (Av. Paulista), foi apresentado o livro Os Sons do Adeus - Da Origem aos últimos Dias de Padre Cícero, de Gouveia de Hélias (pseudônimo de Expedito Alves Gouveia) (Editora Pasavento, 264 páginas). O livro foi fruto de uma paixão que o acometeu ao recolher da tradição oral informações interessantes, a maioria delas dentro de sua própria família, sobre a vida do sacerdote e sobre os grandes eventos acontecidos no Vale do Cariri. Esses subsídios da tradição oral juntados à pesquisa de campo o habilitaram a escrever sobre Padre Cícero, dando, porém, ênfase e primazia aos sertanejos daquelas eras e à poesia que nascia agreste de suas manifestações religiosas apaixonadas. Gouveia de Hélias nasceu em Redenção, cidade serrana do Estado do Ceará, estudou, na década de 1960, no Seminário Arquidiocesano de Fortaleza – Seminário da Prainha – instituição por onde passaram figuras polêmicas de nossa história contemporânea como Padre Cícero Romão Batista e D. Helder Câmara.  Gouveia de Hélias deixou o Seminário e mudou-se para o sul do país onde cursou Filosofia na Universidade de São Paulo. Em 2010, na XXI Bienal Internacional do Livro de São Paulo, lançou seu primeiro trabalho, o “Dias Sem Compaixão”, um livro onde contava histórias do mundo do cangaceirismo.
Em Juazeiro do Norte, também no dia 27, no Colégio Salesiano, foi lançado o livro Padre Cícero: O Calvário de um profeta dos sertões (Maqisa, 209 páginas).  O livro se inicia com o momento em que Padre Cícero se instalou na cidade, em 1872, em pleno regime Monárquico- republicano; desta forma, passa a falar sobre a Sociedade brasileira, para contextualizar as atividades religiosas, sociais e políticas do Capelão do Juazeiro, sem esquecer da questionada relação entre o Estado e a Igreja. Na segunda parte do texto encontra-se outro aspecto controvertido desta história. Utilizando as cartas do Padre Cícero faz importantes revelações sobre os dois Inquéritos que deram inicio a “uma saga plena de torturas morais e psicológicas, motivadas por correspondências entre Juazeiro, Fortaleza, Crato, Roma e outras cidades do Nordeste e Sul do pais”. Trata-se do momento em que o padre Cícero, mesmo fazendo de forma brilhante a sua defesa, não conseguiu evitar que fosse cassada sua atividade apostólica, o que o impedia de realizar, adequadamente o trabalho espiritual junto ao seu povo. Seu autor, Padre Antenor de Andrade Silva é um historiador engajado, nascido em Tabaiana, PB, graduado em Filosofia, Letras, Administração Escolar, História e Teologia. Estudou nos Seminários de Recife, Lorena (SP) e Pio XI (SP). Escreveu oito obras publicadas e algumas inéditas. Fez alguns cursos em Buenos Aires, Roma, Palestina e Inglaterra. Foi diretor do Colégio Salesiano em Juazeiro do Norte no período 1974-1976.

JUAZEIRO: LANÇAMENTO DE LIVRO
Participei na noite da sexta feira passada do lançamento do livro Padre Cícero: O Calvário de um Profeta dos Sertões (Maqisa, Recife, 209 páginas), de autoria do Pe. Antenor de Andrade Silva. Transcrevo abaixo o discurso de apresentação da obra.
Caríssimo Padre Antenor de Andrade Silva, Estimada comunidade salesiana, Meus senhores e minhas senhoras: Entre 1961 e 1964, tempo em que cursei o antigo ginásio na minha formação básica neste então Ginásio Salesiano São João Bosco, por diversas ocasiões, eu e outros colegas subíamos ao pavimento superior deste edifício, pois aí havia uma biblioteca, um auditório, e a residência dos padres. Em algumas destas oportunidades, chamava-nos a atenção um pequeno quarto, uma espécie de depósito que guardava alimentos, diversos materiais e muitos papeis velhos.

Em 1963, pelo então diretor, Pe. Gino Moratelli, numa manhã ensolarada, durante o seu bom dia costumeiro, nós fomos apresentados ao prof. Ralph Della Cava que estava na cidade para realizar a sua tese de doutoramento na Columbia University, em New York, e por algum tempo seria frequentador assíduo daquele aparente e insignificante ambiente, espremido entre apartamentos e a biblioteca.
Foi nesta ocasião que soubemos que ali se guardava parte importante da herança do Padre Cícero Romão Baptista, aquilo que tocara à Congregação Salesiana na partilha dos bens do Patriarca, e se configurava como o seu arquivo pessoal, e que com bastante surpresa para todos nós, começaria a ser revelado em novembro de 1970, quando do lançamento da edição americana de Miracle at Joaseiro.
Em 1975 a obra de Della Cava mereceu tradução e edição em português e assim passamos a saber com maior riqueza de detalhes o que aquele quartinho continha e de cuja riqueza jamais nenhum de nós suspeitou.
Mas, e também não sabíamos, Della Cava deixou, como fruto de seu diligente trabalho, uma organização de todo o documentário por ele utilizado em seus estudos, em dezenas de pastas, e assuntos sistematizados de acordo com os seus critérios de historiador e frente ao seu projeto de doutoramento.
No começo dos anos 70, já estava conosco o Pe. Antenor de Andrade Silva, dirigindo esta casa e vivamente interessado num melhor domínio sobre este documentário, cujo conhecimento ainda não chegava, senão a uns poucos privilegiados da convivência com o historiador americano.
Parte deste entusiasmo foi sua iniciativa de reproduzir expressiva porção daquele documentário, tendo para isto empreendido uma viagem e permanência em Brasília para fotocopiar (e era esta a tecnologia mais disponível para o propósito) em uma dezena de cópias que ele generosamente distribuiu entre instituições e pesquisadores, tendo eu mesmo sido um dos distinguidos.
Isso, felizmente, Pe. Antenor, foi o início, a disseminação de um vírus potentíssimo, se assim posso comparar, que nos motivou e nos pôs a caminho para tentar realizar uma das mais emocionadas jornadas de resgate histórico que se tem notícia em torno de um personagem histórico neste pais. 
Devemos lembrar que, com o tempo, mais de uma centena de pessoas e instituições terminaram por se envolver naquilo que sua iniciativa disparara, e que resultou em projetos de pesquisa, organização de acervos, artigos técnicos e científicos, e também de divulgação, elaboração de monografias, dissertações, teses, muitos livros, além da criação de instituições, com o foi o caso do Instituto José Marrocos de Pesquisas e Estudos Sociais, sem falar dos eventos marcantes de fóruns, simpósios, mesas redondas, palestras, conferências, e a formação continuada de muitos jovens pesquisadores.
Com imenso atraso, mais de 40 anos, é esta a oportunidade de lhe confessar e publicamente, um agradecimento pessoal, de grande valia para a relação de minhas dívidas contraídas ao longo da vida, particularmente referentes a esta mania de pretensamente ter me consagrado pesquisador das coisas do Juazeiro que de alguma forma nasce por sua deferência em me fazer participante desta partilha que você empreendeu e que num primeiro momento também contemplava a professora Luitgarde Oliveira Cavalcante Barros, então estudante de Mestrado na PUC-São Paulo, e que seria vitoriosa com o extraordinário livro A Terra da Mãe de Deus.
Lembro, especialmente, quando daqui de Juazeiro saímos com um imenso volume de documentos para reproduzir em Fortaleza, algo inusitado que dois meninos, tão jovens e inexperientes ganhavam a confiança do então diretor, para retirar daqui acervo tão precioso, sem a exigência mínima de um inventário, tal era a confiança depositada.
Você mesmo, Pe. Antenor, não ficou à margem disto, apenas como o gestor que era, o organizador de algo a se entender como de grande utilidade, como se fosse um daqueles surtos que nos ocorrem na vida, especialmente na juventude, e para os quais concorremos com toda a emoção, a paixão desenfreada que nos promove diante dos horizontes insuspeitos, na pesquisa e no conhecimento.  
Hoje estamos aqui para receber mais um dos seus livros, este quinto volume do seu projeto, sempre ativo, aqui iniciado há uns 45 anos, e que recebe o título de “Pe. Cícero: O Calvário de um Profeta dos Sertões”, que nos chega precedido pelos anteriores: Os Arquivos do Padre Cícero, de 1977, Cartas do Padre Cícero, de 1982, Padre Cícero - mais documentos para a sua história, de 1989, e Padre Cícero - sacerdote, médico e conselheiro, de 1992.
Em diversas ocasiões, momentos como estes, sempre nos ocorre a vontade de lembrar a sensível percepção de Pe. Murilo de Sá Barreto a nos testemunhar a grandeza histórica desta cidade e de seu povo. Pois bem, ainda lamentamos o quanto não nos foi possível avançar para constituir um grande acervo, de preferência como um Arquivo Público para esta cidade, de modo a preservar todos estes elementos que se configuram em dezenas de itens, como documentos, livros, fotografias, jornais, folhetos, gravações, vídeos, filmes, monografias, dissertações, teses, literatura de cordel, xilogravura, arte popular, folhetos, catálogos, boletins, correspondência, etc.
Deixo aqui esta insatisfação que temos porque isto, e me permita que assim possa referir, é parte de uma pauta que está inserida nesta missão salesiana como herdeiros do Pe. Cícero e que toca não somente a tarefa educacional com este colégio e o que mais possa ser semeado, mas também pelos sítios históricos que contemplam a Colina do Horto, o Museu Casa do Pe. Cícero e este acervo documental de que falamos, o famoso Arquivo do Padre Cícero. Creio piamente que a oportunidade é a de se pensar em algo mais, não mais episódico, mas institucional, para alargar mais ainda esta responsabilidade social candente e que coloca na atualidade equipamentos e instituições que congregam a visão atualizada dos filhos de Dom Bosco pelo mundo, e a atenção particular desta terra que os recebe, os abriga e os auxilia prazerosamente na sua missão evangelizadora.
Este seu livro mais recente está respaldado numa avaliação preliminar de Núbia Ferreira, tão conhecedora desta questão memorial dos filhos de Dom Bosco, exatamente ela que já nos deu para o conhecimento mais que aprimorado, a trajetória educacional deste colégio e dos seus mais experimentados educadores não deixando de referir a você como “reconhecido no meio intelectual como um dos importantes colaboradores da historiografia sobre instituições religiosas e educacionais, especialmente, com as suas publicações sobre o Padre Cícero e o Juazeiro do Norte.”
A obra que você nos entrega tem uma marca pessoal de revisar a história local, desde o pano de fundo de um contexto de sociedade brasileira, revisitando as relações de Estado e Igreja, dos quais não se dissocia a presença e o peso da Santa Sé, naquilo que você considera a pré-história dos factos do Joaseiro.
Por isso mesmo a sua narrativa esta coerentemente sintonizada com algumas das premissas eleitas nos estudos acadêmicos de que o movimento de Juazeiro influiu e foi influenciado pelos movimentos sociais de sua época, ao tempo em que aqui se constatou que o mundo dos beatos parecia criar uma Igreja dentro da Igreja.
É de grande valia o foco desta sua obra, enfatizando o Calvário que se constituiu a trajetória do Patriarca de Juazeiro, em toda a sua vida. Isto ainda vai comportar muitas reflexões, especialmente pelo passivo que se acumulou na interpretação e no reconhecimento de suas virtudes, como podemos ver na atualidade, em razão dos esforços para a sua reabilitação canônica.
A obra encerra algo de muito valioso e que nos remete à maturidade do seu entendimento sobre a biografia do personagem que não se contenta apenas no ajuntamento temporário de documentos e achegas para as pesquisas, mas percorre ao lado desta biografia heroica, com a inserção de documentos que suportam as análises necessárias e que desembocam na melhor compreensão de sua vida.
Considero particularmente importante a inserção dos anexos, especialmente os que derivaram de documento substancioso elaborado por Mons. Francisco de Assis Pereira, em consulta reservada à Sagrada Congregação da Doutrina da Fé, em 2005 e que revela parte dos bastidores deste Calvário vivido pelo Pe. Cícero, até hoje, tantos anos após a sua ressureição. 
Por último, considero gratificante que sua inquietação ainda se debruce sobre questões que a atualidade impõe para que não sejamos apenas contadores e escutadores de histórias, procurando nas entrelinhas destes escritos e que respondem por indagações como estas que você nos faz (me permita aqui reler):
Qual seria a fisionomia religiosa do Cariri e do Nordeste do Brasil sem a presença de Cícero Romão Batista no Juazeiro do Norte?  Como seria a situação social, política e econômica do Juazeiro sem a influência do padre? A história do Pe. Cícero seria diferente, se os Bispos de Fortaleza e Crato tivessem sido mais abertos, mais sensíveis a um dialogo vis a vis, presencial com o acusado? Que teria acontecido em termos religiosos, se o sacerdote tivesse se insurgido diretamente contra as normas de Fortaleza e Crato? O padre deveria ter esperado mais, ter consultado seu bispo e aguardado o parecer dele, antes de acreditar no episódio de Maria de Araújo como miraculoso? O fato de as duas Comissões de Inquérito terem conclusões diferentes não é sintomático? Alguma trama, algum cambalacho? Que aspectos do comportamento do Pe. Cícero nos parecem hoje, mais significativos? Sem Maria de Araújo e José Marrocos teria acontecido o “Milagre” do Juazeiro? Por que havia interessados em denegrir, a figura do Pe. Cícero?
Apresento-lhe nossos parabéns, Pe. Antenor. Mais que isto, nosso agradecimento sincero por toda esta obra historiográfica que seu esforço construiu em tantos anos de pesquisas, leituras, reflexões e estes seus preciosos livros, como este último. 
Muito obrigado! É de coração que o fazemos.
(Discurso pronunciado no lançamento do livro Pe. Cícero: O Calvário de um Profeta dos Sertões, do Pe. Antenor de Andrade Silva, no Colégio Salesiano de Juazeiro do Norte, em 27.03.2015)

sábado, 21 de março de 2015

DENOMINAÇÕES DE VIAS E EDIFÍCIO
Mediante novas Leis municipais, diversas novas ruas e um edifício público ficaram nomeados por iniciativa de alguns vereadores. Vejam os Atos:
LEI N.º 4432, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2015, – Fica denominada de RUA EXPEDIDO RAMOS DA SILVA, o prolongamento da artéria projetada que se limita ao leste com a Quadra “P”, do Loteamento Parque Santos Dumont, com início na Rua Ary Cruz e término na Rua Otílio Gomes de Souza, no bairro Leandro Bezerra, nesta cidade. AUTORIA: Vereador Ronaldo Gomes de Lira;
LEI N.º 4441, DE 09 DE MARÇO DE 2015, – Fica denominada de RUA LUIZ CALIXTO DOS SANTOS, a primeira rua paralela leste com a rua projetada 01, primeira paralela oeste com a rua José Mendes Parente, ao sul com a rua Padre João Moretti, ao norte com a rua Maria Dircíola Germano, no bairro Jardim Gonzaga, Juazeiro do Norte-Ceará. AUTORIA: Vereador Paulo José de Macedo; SUBSCRIÇÃO: Vereador Cícero Claudionor Lima Mota;
LEI Nº 4443, DE 11 DE MARÇO DE 2015, – Fica denominada de RUA FRANCISCO PEREIRA DA SILVA, (SINVAL), a rua projetada 03, entre as Avenida Cantor Tim Maia e Sebastião Mariano da Silva, sentido norte/sul, no loteamento Parque José Neto, bairro Tiradentes. AUTORIA: Vereador José Tarso Teixeira da Silva;
LEI Nº 4444, DE 11 DE MARÇO DE 2015, – Fica denominada de AVENIDA CANTOR TIM MAIA, a Avenida projetada 01, paralela à Avenida Sebastião Mariano da Silva, sentido oeste/leste, no loteamento Parque José Neto, bairro Tiradentes. AUTORIA: Vereador José Tarso Mago Teixeira da Silva;
LEI Nº 4445, DE 11 DE MARÇO DE 2015, – Fica oficializada a RUA AFONSO DIAS GUIMARÃES, a primeira rua paralela oeste a rua Manoel Soares Couto, com início na rua José Sabiá, sentido norte/sul e término na Avenida Cantor Tim Maia, no loteamento Parque José Neto, bairro Tiradentes. AUTORIA: Vereador José Tarso Mago Teixeira da Silva;
LEI Nº 4446, DE 11 DE MARÇO DE 2015, – Fica denominada de RUA GOVERNADOR EDUARDO CAMPOS, a rua projetada 02, entre as Avenidas Cantor Tim Maia e Sebastião Mariano da Silva, sentido norte/sul, no loteamento Parque José Neto, bairro Tiradentes. AUTORIA: Vereador José Tarso Mago Teixeira da Silva;
LEI Nº 4447, DE 11 DE MARÇO DE 2015, – Fica denominada de RAIMUNDA LOPES DE ARAÚJO, o CRAS – Centro de Referência em Assistência Social, localizado à rua Joaquim Leandro de Souza, no bairro Pedrinhas, em Juazeiro do Norte-Ceará. AUTORIA: Vereador Paulo José de Macedo;
LEI Nº 4448, 11 DE MARÇO DE 2015, – Fica prolongada a RUA OTÍLIO GOMES DE SOUZA, a primeira até pública paralela sul à rua Ary Cruz, com início na rua Horácio Campelo e término na rua Expedito Ramos da Silva, no sentido oeste/leste, no bairro Leandro Bezerra, desta cidade. AUTORIA: Vereador Ronaldo Gomes de Lira.
Na foto: Da esq. para a dir.: Tim Maia (Sebastião Rodrigues Maia); Eduardo Campos (Eduardo Henrique Accioly Campos e Afonso Dias Guimarães.

RECONHECIMENTO PÚBLICO
Duas instituições foram recentemente reconhecidas como de utilidade pública, pelo Município de Juazeiro do Norte. Vejam os Atos:
LEI N.º 4433, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2015, – Fica reconhecida de utilidade pública a ASSOCIAÇÃO DOS PERMISSIONÁRIOS DO MERCADO GONZAGA MOTA - APMGM - (Mercado do Pirajá), pessoa jurídica de direito privado, constituída na forma de sociedade civil sem
finalidades lucrativas, com autonomia administrativa e financeira, com sede e foro na cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, com prazo de duração indeterminado, regendo-se por seus estatutos sociais, bem como pelas leis, usos e costumes nacionais. AUTORIA: Vereador Cláudio Sergei Luz e Silva
LEI Nº 4437, DE 06 DE MARÇO DE 2015, – Fica reconhecida de utilidade pública o INSTITUTO
CASA DA ESPERANÇA SÃO PIO DE PIETRALCINA, FUNDADO em 13 DE JUNHO DE 2007, CNPJ/MF Nº 08.921.624/0001-53, sociedade civil de direito privado, de caráter social, sem fins lucrativos, tendo por finalidade promover atividades junto a população carente e idosa, no atendimento as necessidades de saúde e assistência social com duração por tempo indeterminado,
com sede e foro nesta cidade à rua do Ancião, nº 100, bairro Tiradentes, nesta cidade de Juazeiro do Norte, Estado do Ceará, regendo-se por seus estatutos sociais, bem como pelas leis, usos e costumes nacionais. AUTORIA: Vereadora Maria de Fátima Ferreira Torres; COAUTORIA: Vereador José Nivaldo Cabral de Moura.

TURISMO ESCOLAR NA CIDADE
O Governo Municipal instituiu um programa de incentivo ao turismo para envolver alunos, pais  e professores. Vejam o Ato:
LEI Nº 4438, DE 09 DE MARÇO DE 2015, Art. 1º – Fica instituído o Programa “Turismo Escolar em Minha Cidade”, que consiste em realizar atividades de turismo para alunos, pais de alunos e profissionais da educação da rede municipal de ensino de Juazeiro do Norte, com o objetivo de valorizar os aspectos culturais, históricos, turísticos e sócio religioso de nossa cidade. Parágrafo único – As atividades de turismo escolar, no âmbito de Juazeiro do Norte serão organizadas e programadas pelas próprias escolas municipais e deverão utilizar os próprios ônibus escolares para o transporte dos mesmos.  Art. 2º – As atividades de turismo de que trata esta lei consiste em visitas a museus, memoriais, monumentos históricos e/ou culturais, universidades, órgãos públicos, praças, parque ecológico, igrejas antigas, ruas e bairros históricos da cidade de Juazeiro do Norte, dentre outros de caráter histórico-cultural. AUTORIA: Vereador Normando Sóracles Gonçalves Damascena

BIBLIOTECA PÚBLICA POSSIDÔNIO DA SILVA BEM
A biblioteca pública lançou o seu Projeto para o II CONCURSO LITERÁRIO: POESIA E PROSA, com o Tema: O PADRE CÍCERO EM SUA DIVERSIDADE, reconhecendo na sua apresentação que a biblioteca pública é instrumento de formação de leitores, atuando como mediadora de leitura; às vezes culminando no desejo de escrever que requer um bom acervo literário para constituição do intelecto dos novos autores. O II CONCURSO LITERÁRIO: POESIA E PROSA da BIBLIOTECA PÚBLICA DR. POSSIDÔNIO DA SILVA BEM, tem por finalidade estimular os participantes a refletirem sobre a diversidade de elementos a partir da pessoa do Padre Cícero Romão Batista, cearense do século XX e um dos 100 maiores brasileiros de todos os tempos. O lançamento do Regulamento deste Concurso foi divulgado no dia 10 de março de 2015 na abertura da programação dos 50 anos da BIBLIOTECA PÚBLICA DR. POSSIDÔNIO DA SILVA BEM. Conforme a notícia oficial, a comissão organizadora visitará as instituições fazendo essa divulgação até a véspera do início das inscrições. Comentário: quero crer que esta celebração está atrasada pelo menos um ano, a não ser que haja algum ato formal que desconheça, mas na sua sede original, no antigo Bosque Dr. Luiz de Queiroz, em frente a Matriz de Nossa Senhora das Dores, a Biblioteca Pública, já com a homenagem a este grande e benemérito médico, funcionava ali entre os anos 1963 e 1964.

MOSTRA A DITADURA REVISITADA
O Cinematógrapho (SESC, Juazeiro do Norte), com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, dá prosseguimento a Mostra A Ditadura Militar Brasileira Revisitada, com a exibição de filmes sempre às 4as feiras, às 19 horas, no SESC Juazeiro do Norte-CE, com entrada gratuita. Já fizemos referência nesta Coluna sobre a excelente qualidade da seleção de títulos que integram a Mostra, e isto deverá ser acrescido com novas películas sobre D. Helder Câmara, João Goulart e outros grandes personagens desta fase da vida brasileira. A última exibição foi a do filme Cidadão Boilensen, Documentário (Brasil, 2009) com roteiro e direção de Chaim Litewski, com duração de 92 min. Sinopse: Através de diversos depoimentos, o documentário revela as ligações de Henning Albert Boilesen (1916-1971), presidente do famoso grupo Ultra, da Ultragaz, com a ditadura militar. Seu apoio, assim como de muitos outros empresários, financeiro ao movimento de repressão violenta e também a sua participação na criação da temível Oban – Operação Bandeirante, espécie de pedra fundamental do Doi-Codi. Crítica: Você gosta de documentários? Não? Então prepare-se porque Cidadão Boilesen pode mudar seu ponto de vista. Com um título notoriamente inspirado no clássico Cidadão Kane, Chaim Litewski produziu ao longo de 16 anos um documento audiovisual de qualidade ímpar em termos de pesquisa, impacto e apuro técnico. Em sua abertura, com uma levada diferente, o filme revela o Curriculum Vitae de Boilesen (batido a máquina) e vai tecendo a sua história através dos depoimentos de vítimas de tortura, diplomatas, militantes de organizações de esquerda, políticos, militares da reserva, religiosos e até ex presidentes. Litewski costurou de maneira sublime uma história que tinha tudo para ser chata, principalmente, pela quantidade de material visual estático (fotos em preto & branco), mas não é o que se vê na tela. A pesquisa minuciosa investigou boletins de escola e estabeleceu conexões de seu comportamento quando jovem e depois de adulto. E é impressionante ver como um homem de notável capacidade de liderança, criador de mecanismos de auxílio ao novo trabalhador como o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) sucumbiu ao "lado escuro" numa clara demonstração de que – de fato – o poder corrompe. O longa não perde nunca a verve da denúncia, impondo em alguns momentos um ritmo até frenético com edição competente embalada por boa trilha sonora com direito até a regravação do clássico "Eu Te Amo Meu Brasil" de Don & Ravel. O documentário desnuda de maneira contundente o dinamarquês mais famoso do Brasil (condecorado pelo rei de seu país), revelando um homem frio, calculista, capaz de participar de sessões de tortura e até importar instrumentos para este fim como a máquina que ficou conhecida como "Pianola Boilesen". Com narrações e imagens originais, o espectador é a todo instante inserido no contexto da época, podendo, até certo ponto, ter uma dimensão aproximada de quem viveu aqueles momentos. depoimentos e documentos comprovam a conexão estabelecida entre os caminhões da Ultragaz e as prisões políticas. Assim como as ligações dele com o delegado Fleury e a guinada do Esquadrão da Morte, que passou a perseguir militantes políticos, revelam os bastidores do plano maquinado em 1969 para arrecadar fundos para financiar a OBAN (Operação Bandeirante). Criada para combater o terrorismo, misturando policiais civis e militares, acabou virando uma espécie de pedra filosofal do famigerado DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna). E não por acaso, você verá gente como o cineasta Roberto Faria e Celso Amorim, na época na Embrafilme, falando dos problemas de Pra Frente Brasil, e o ex ministro Delfim Netto revelando empresas famosas da FIESP que cederam a pressão "mafiosa" de Boilesen que, segundo um embaixador, não era agente mas falava com a CIA. E até o ex presidente Fernando Henrique Cardoso não poupa saliva para falar do "golpe do golpe" em 64 e afirmar "um a menos" sobre o assassinato de Boilesen em 1971 com 19 tiros, a maioria, na cabeça. Assim, Cidadão Boilesen é acima de tudo um documento moderno sobre um tema antigo. Sem sombra de dúvida um filme que ajuda a entender determinados mecanismos do poder e suas ligações históricas com um passado não tão distante do Brasil de João Goulart, do ódio ao comunismo, dos militantes de esquerda e de um exército no poder. E se o Kane de Welles era ficção inspirada na realidade, o Boilesen de Litewski é realidade baseada em não ficção. Por mais que seu filho (no doc mesmo) negue tudo e ainda pergunte "por que". Obrigatório para quem busca o saber. Imperdível para quem curte documentário e cinema. (Por Roberto Cunha, http://www.adorocinema.com/filmes/filme-182848/criticas-adorocinema)
A próxima exibição será do filme Marighella, Documentário (Brasil, 2012), Dirigido por Isa Grinspum Ferraz, tendo no elenco Lázaro Ramos, como narrador .

AEROPORTO DE JUAZEIRO DO NORTE
Como em meses anteriores, estamos voltando a analisar brevemente os últimos dados oficiais, divulgados pela Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) sobre a movimentação dos 60 aeroportos sob o seu controle administrativo, no tocante a passageiros, e cargas. De modo particular, lançamos aqui também os dados evoluídos ao correr de um ano (Março, 2014-Fevereiro, 2015) com respeito ao pouso e decolagem de aeronaves. Este propósito é movido pelo nosso interesse particular em acompanhar a evolução do aeroporto de Juazeiro do Norte, tendo em vista a sua grande importância para o desenvolvimento regional, visto a partir do contexto de variáveis como a categoria de aeródromos (Domésticos e Internacionais) e sua posição geográfica (Brasil e Norte/Nordeste). De modo sumário, o mês de fevereiro pp., comportou o embarque e desembarque de 29.399 passageiros, bem como o envolvimento de 550 pousos e decolagens de aeronaves, especialmente as das três companhias que operam o aeroporto. Isto significa, embora a média não seja bem real, uma ocupação da ordem de pelo menos 53 passageiros em cada operação (embarcado/desembarcado).
Neste particular, o aeroporto regional está se mantendo nas posições relativas frente a diversas situações destacadas, aleatoriamente por nosso interesse, conforme se vê nas tabelas 78ª e 7b, onde o destaque é a posição que o Orlando Bezerra ocupa, destacando-se em terceiro lugar dentre os aeroportos do interior do Norte e Nordeste do Brasil. Na sua categoria e no país, ele se mantém na 16ª posição, sendo de qualquer modo, em qualquer avaliação de movimentação de passageiros, 35º do pais. Sobre Cargas, desempenho que estamos ainda reunindo dados para uma série histórica em 12 meses, e conforme se vê nas tabelas 15ª e 15b, o melhor desempenho está na sua categoria de doméstico, em todo o país, ocupando a sétima posição, com uma movimentação de 48.663 kg em fevereiro, acumulando 100.526 kg no ano 2015, e inclusive, surpresa pelo menos para mim, ligeiramente superior ao de Petrolina, que Internacional, é muito expressivo para esta movimentação. Estes me pareceram os destaques destes últimos resultados. Faça cada um a sua própria análise.
A grande notícia, já longamente esperada, foi a comunicação oficial de que uma nova operadora se instalará no Aeroporto de Juazeiro do Norte. A TAM fez este comunicado em dias passados e isto trouxe muita euforia a todos nós. Destaco e transcrevo, abaixo, um texto encontrável na internet, gerado pela própria companhia, com respeito a este início de operações. A divulgar em manchete, inclusive, “Para ampliar conectividade de sua malha aérea no Brasil, companhia investe em novos voos para todas as regiões do país”, a companhia ilustrou a matéria em página da internet, com uma foto de uma de suas aeronaves em decolagem de Juazeiro do Norte. (www.latamairlinesgroup.net) Vejamos o texto, de 11.03.2015: “A TAM Linhas Aéreas acaba de dar início aos novos voos domésticos previstos para este início de 2015. As novas operações foram planejadas de acordo com a demanda de mercados em todas as regiões do país, e vão ampliar a conectividade e a rapidez no deslocamento dos passageiros com origem ou destino em algumas cidades já atendidas pela companhia. “É nosso compromisso oferecer o melhor produto ao cliente. Por isso, mesmo diante do cenário econômico desafiador para 2015, mantivemos os nossos investimentos e seguimos acreditando no potencial do país, operando estrategicamente com disciplina de capacidade e com o melhor aproveitamento das aeronaves”, afirma Claudia Sender, presidente da TAM Linhas Aéreas. “Estudamos constantemente as oportunidades de mercado e estamos conseguindo melhorar o acesso e a conectividade aérea para muitas pessoas que pretendem viajar pelo Brasil com mais conveniência, menos escalas e mais opções de horários e de voos”. Na região Norte, por exemplo, onde a TAM já começou a operar diariamente o primeiro voo direto (ida e volta) entre Macapá e Brasília, acaba de estrear uma nova rota da empresa entre Boa Vista e a capital federal, com operação de ida e volta todos os dias da semana, exceto aos sábados. Em abril, também terá início a operação de outra nova rota, no voo direto e inédito entre Santarém (PA) e Brasília, que será oferecido todos os dias (exceto aos sábados). O litoral nordestino também está sendo contemplado com pelo menos três lançamentos. Na Bahia, por exemplo, a TAM prepara para abril o início de um novo voo que será operado três vezes por semana entre Ilhéus e Brasília, e já deu início a um novo voo entre Porto Seguro e a capital federal, operado diariamente (exceto às terças-feiras). Em Aracaju, acaba de estrear o primeiro voo direto e diário de ida e volta entre a capital sergipana e Brasília. No Sul e no Sudeste, a TAM já lançou o primeiro voo direto entre São José do Rio Preto (SP) e Brasília, operado cinco dias da semana, e também vai dar início em abril ao primeiro voo direto entre Foz do Iguaçu (PR) e a capital federal, que será oferecido todos os dias, exceto aos sábados. Planejamento: novos destinos da aviação regional Como empresa aérea que mais investe no Brasil, a TAM já havia anunciado, no final de 2014, que decidiu atender de quatro a seis novos destinos regionais brasileiros por ano. A empresa já solicitou autorizações à ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) para começar a operar voos em duas cidades do interior de São Paulo — Bauru e São José dos Campos — e no município cearense de Juazeiro do Norte. Além disso, a TAM também já se prepara para ser a primeira companhia aérea a operar voos regulares no aeroporto de Jaguaruna (SC). A TAM planeja realizar voos entre São José dos Campos e Brasília e também entre Bauru e Brasília. No caso de Juazeiro do Norte, estão previstos voos entre a cidade cearense e a capital federal, e também entre Juazeiro e Recife. Em Jaguaruna, a previsão é de voos entre a cidade catarinense e São Paulo/Congonhas. No momento, a companhia aguarda a avaliação das autoridades para prosseguir com a definição destes voos e anunciar as datas de início das operações regionais. Sobre o Grupo LATAM Airlines: LATAM Airlines Group S.A. é a nova denominação da LAN Airlines S.A., resultado da sua associação com a TAM S.A. O LATAM Airlines Group S.A. agora inclui a LAN Airlines e suas filiais no Peru, Argentina, Colômbia e Equador, e LAN CARGO e suas filiais; bem como a TAM S.A. e suas filiais TAM Linhas Aéreas S.A., incluindo suas unidades de negócios, TAM Transportes Aéreos del Mercosur S.A. (TAM Airlines (Paraguai)) e Multiplus S.A. Esta associação gera um dos maiores grupos de companhias aéreas do mundo em malha aérea, oferecendo serviços de transporte de passageiros para cerca de 135 destinos, em 24 países, e serviços de carga para aproximadamente 144 destinos, em 26 países, com uma frota de 320 aviões. No total, o LATAM Airlines Group S.A. tem em torno de 53 mil funcionários e suas ações são negociadas nas bolsas de Santiago, Nova York (na forma de ADRS) e São Paulo (na forma de BDRs). Cada companhia aérea opera independentemente, mantendo suas respectivas identidades e marcas. Qualquer consulta deve ser feita em www.lan.com e www.tam.com.br, respectivamente. Mais informações em www.latamairlinesgroup.net. 
















sexta-feira, 20 de março de 2015

BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
130: (13.03.2015) Boa Tarde para Você, Cícero Batista Lúcio
Amanhã, 14 de março, completa-se o primeiro ano desta minha atividade de cronista do cotidiano, inserido no Jornal da Tarde, para oferecer em cada oportunidade e a cada personagem destacado no Boa Tarde para Você, uma palavra de reconhecimento, de homenagem, de estímulo e de gratidão. Foram cento e trinta pequenos e bons momentos para 134 personagens que fui escolhendo, ao sabor de motivos diversos, sempre num conexão com a atualidade, e em vista da memória que acumulamos e que sempre nos traz, por vezes com atraso, esta imagem de um resgate necessário. Revejo o primeiro texto, ainda tão tímido para o que aos poucos foi se afirmando, e era ele dedicado a uma quase vizinha, a senhora Marlene Balbino, que acordara naquela madrugada para ver o seu pobre filho abatido com balas traiçoeiras de uma madrugada, na calada do sono da Rua São José, que eu há tão pouco tempo experimentava. Nasceu deste modo, Cícero Lúcio, ao tom fortíssimo da violência urbana destes nossos dias, coisa que você conhece tão bem, o meu sentimento de indignação diante de cenas fortes que eu nem imaginava encontrar no retorno com a vida nesta minha terra, tantos anos longe daqui. Confesso, e me perdoe por isto, que demorei a ter alguma consideração por este trabalho que você realiza no rádio e na televisão, pois ele carrega para dentro de nós as angústias vividas por esta cidade amada, cada vez mais recheada do sofrimento de seu povo diante do perverso e das dores inimagináveis.  Posso lhe dizer, Cícero Lúcio, que tive de me reeducar para ouvi-lo e vê-lo entre rádio e televisão, de modo a assimilar a importância desta presença nos noticiosos como um serviço que a mídia deve e não pode se escusar de fazer, porquanto se faz porta-voz de uma comunidade que quer ser ouvida em seus lamentos e aos relatos de seus dramas. É sempre difícil imaginar que a Folha Policial seja um serviço necessário, quando necessário sempre nos parece que é a luta insana de um povo para merecer a tranquilidade que o embala na vida em sociedade, no trabalho digno e no lazer tão merecido. Mas, enfim, Cícero, você está aí, abrindo este jornal com as notas mais tristes, com as informações precisas e pauta sempre cheia de acontecimentos lamentáveis, trazendo principalmente, a sua denúncia, a orientação, a investigação que reclamamos, como igualmente reclamamos a escalada desta violência que parece não cessar nunca. O jornalismo policial brasileiro não é um gênero recente, pois é tão antigo quanto a violência vivida nas comunidades que diariamente reclamaram da imprensa o seu papel contundente de denúncia. Os fatos mais recentes que o torna vistoso e com programas de grande audiência ganhou muito fôlego nos casos dos grandes sucessos experimentados na televisão, como o Cidade Alerta, da Rede Record, o Brasil Urgente, da Rede Bandeirantes e o Linha Direta, da Rede Globo. O programa policial na mídia brasileira, televisiva ou pelo rádio, se configura com um estilo próprio e é muito marcado pelo sensacionalismo, pelo que se tem denominado de Datenismo, numa referência explicita ao apresentador Datena, que é um dos expoentes do estilo no Brasil. Realmente, este estilo tem elementos importantes desta empatia com o público curioso pela tragédia das ruas, especialmente no encontro com a linguagem coloquial, a interatividade com apresentadores populares e, especialmente, com o tom de veracidade e autenticidade necessário para firmar este pacto cativo com o ouvinte. Eu encontro nestas premissas, Cícero Lúcio, uma justificativa razoável para o seu sucesso, com o Rota e aqui entre nós no Jornal, pois apesar do traço comum, você foi capaz de esmerar-se num estilo que colabora e dialoga com a humanidade, como sentido de vida, abstraindo destes infortúnios o choque traumático que se faz pela banalização da violência. Cumprimento-o por isto, e mais pelo esforço continuado para prestar este serviço através do qual tem se tornado admirado, profissional competente, respeitado e valioso para falar em nome deste povo que tanto sofre. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 14.03.2015) 

BOA TARDE (II)
131: (17.03.2015) Boa Tarde para Você, Jefferson de Albuquerque Júnior
Na semana passada, por ocasião da visita empreendida pelo ministro Juca Ferreira a uma parte deste nosso Cariri cultural, vimos como você, de viva voz, protestou pela programação parcial da comitiva que, dentre outras coisas, excluiu uma participação mais amiudada com setores de Juazeiro do Norte. Algumas desculpas oficiais foram oferecidas, como o curto tempo disponível, e outras ficaram mesmo evidentes que se tratou de fazer uma certa manipulação da agenda para contemplar apenas Nova Olinda e Crato, não obstante nesta última, um encontro com os mestres do Cariri. Não é de hoje, meu caro Jefferson, que temos nos habituado a vê-lo a assim proceder, pois sua voz tão esclarecida e o seu trabalho tão diligente, competente e persistente por todas estas atividades da arte, especialmente no audiovisual, o tem credenciado a ser a interlocução desta cena autêntica em nossa defesa. Em todos os campos, mas especialmente nas áreas da cultura, o Cariri está se incomodando muito ultimamente para que de fato façamos uma revisão sobre o divisionismo que nos marcou há uns tempos, pois a emergência desta região nos tem imposto uma postura nova para novas conquistas. Damos graças para falar que gostaríamos muito que fossem para mais longe os velhos tempos das lutas meramente paroquianas quando o clientelismo serviçal e governista presidia os ganhos que amealhávamos em pretensões muito louváveis para preservar tradições e para firmar programas e equipamentos por esta cultura regional, tão rica e valiosa. Você é parte importantíssima disto, Jefferson, porque devemos lembrar que “corre nas vossas veias o sangue velho de avós e vós não amais o que é fácil”, e esta é uma grande diferença naquilo que prepara, elege, purifica, legitima e consagra o líder que fala por todos nós. Mais que isto, é parte de sua formação ética, estética, moral e cidadã, uma visão avançada e muito aperfeiçoada que esta terra de bravos pais é hoje motivo de nossas maiores atenções, pois aqui vivemos e continuamos, para fazer como você nestes dias, pondo nos braços ansiosos e felizes, a netinha Bárbara, que só pelo nome já nos lembra o sentido desta missão libertária nestes ideais. Você, Jefferson Júnior, é parte indissociável desta nossa caminhada, por um Cariri forte e firme em sua vocação de grande centro irradiador de como uma sociedade constrói, pela manifestação cultural de seu povo, um futuro que nos anima a prosseguir na caminhada. Não há como protelar até perder de vista o novo foco destes interlocutores da arte e da cultura caririense a um grande acerto de contas para que a região se afirme no que resta ainda de barganha frente ao poder de Brasília que mergulhou sem apelação aos impositivos do sudeste. No caso específico da lei de incentivos fiscais, Jefferson, onde se procura identificar parcerias para a proteção, o fomento e o financiamento das atividades, necessário se faz que o Cariri se sensibilize para empenhar este apoio, via renúncia fiscal, de modo a garantir a sua sobrevivência. Inaceitável é conviver com a mínima atenção do espírito maligno que perdura na feitura de orçamentos municipais, destinando tão pouco para algo que realmente reforma e modifica a sociedade, ao lado das imensas demandas de Educação e Saúde por dinheiros públicos. O Cariri almeja que a região cresça com grandes eventos culturais em calendários mais permanentes e que isto não se sobreponha à necessária manutenção e construção de equipamentos efetivos tão desejáveis como museus, teatros, cinemas, bibliotecas, salas de exposições e centros culturais. Felizmente, Jefferson, nossa convivência, herança de um tempo juvenil em dezenas de anos de lutas e trabalhos é hoje o testemunho eloquente desta vocação de serviço comunitário que você, mais que cada um de nós, exercitou e continua a manifestar para legar a este chão adorado do Cariri, o melhor da colheita, de tudo o que se plantou desde aqueles anos dourados. Salve esta Nação Cariri, de grandes terreiros e de grandes mestres e salve, salve, principalmente, a voz, o espírito, a vocação e a emocionante dedicação de um dos seus filhos, nascido Jefferson de Albuquerque Júnior, cuja vida e competência tão necessárias, continua nos emocionando pela vida afora.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 17.03.2015) 

BOA TARDE (III)
132: (18.03.2015) Boa Tarde para Você, Marília Pinheiro Falcioni
Há mais ou menos 50 anos, um pouco mais, o Cariri vivia a véspera de um dos seus grandes momentos, talvez o maior de sua história, quando se preparava para a sua autonomia energética, esticando por ruas de suas cidades os postes e fios que trariam a energia de Paulo Afonso até nós. Sem muito esclarecimento e a noção mais perfeita do que aquilo significava, e ainda significaria, eu estava no foco de uma destas trincheiras, pois um menino há pouco saído das calças curtas ajudava seu pai no balcão da pequena loja de material elétrico na Rua São Pedro. Como se de um grande salto no tempo, acordo hoje neste Cariri, e a propósito, Marilia, lendo nesta manhã um folder empresarial que me fala da Falcioni Consultoria e Treinamento que existe entre nós, não sei há quanto tempo, mas que busca conosco reafirmar o sucesso desta região, preparando-a ainda mais para a competitividade necessária aos grandes avanços. Nos dois últimos anos eu reservei um pouco de tempo das segundas feiras para não perdê-la de vista, admirando-a por esta proposta de estar nos falando sobre o seu sentimento mais técnico de uma profissional que se empenha neste foco de resultados pelo desenvolvimento dos negócios. É um hábito meu, muito particular, de me sentir ainda ligado a estas demandas, a estes saltos que empreendemos, fruto do que pude aprender pela vida, como profissional que se ligou por quase 25 anos, a um dos mais importantes grupos empresariais deste pais, o grupo M. Dias Branco. E a cada nova participação sua neste Jornal, Marilia, posso lhe dizer que tem sido bem prazeroso sentir o que se configura neste foco de resultados, preparando profissionais, e capacitando empresas diante dos novíssimos instrumentos de gestão de negócios, por sua atualíssima visão de mundo. E foi exatamente por esta visão de mundo e de como uma empresa de consultoria se propõe a planejar e a auxiliar na gestão de pessoas, de finanças, de comunicação e marketing e da organização e processos que eu comecei a refletir sobre esta necessária parceria que uma empresa que desenha ambições não pode ficar alheia no tempo e ao último trem. Não deixei de olhar, Marília, com certos olhos de melancolia por sobre aqueles tempos de grandes desafios que nos eram impostos a partir das luzes mais permanentes da CHESF, para lamentar que, efetivamente, na maior parte nos faltou este preparo visceral, que nos leva à competência e à competitividade. Foi por aquela época, no bem próximo do pós eletrificação que tivemos, em parte a tutela de um grande projeto da Universidade da Califórnia, através do Plano estratégico de semear indústrias e negócios no Cariri, a cargo do inesquecível professor Morris Asimow. Até que demos partida nisto e vários profissionais foram para os diversos campi da UCLA para depois aqui voltarem assumindo o comando dos empreendimentos em empresas de alimentos, de óleos lubrificantes, de equipamentos eletro-eletrônicos, de materiais cerâmicos e do setor metal-mecânico. Penso, Marilia, que esta foi uma grande lição que ficou nos caminhos do desenvolvimento do Cariri, infelizmente com um tom nostálgico do que vimos de pouca duração, exatamente por falta de assistência para esta atualização das organizações e de seus gestores, em busca da melhoria contínua de gestão, produtos e processos. Aquelas empresas do Projeto Morris Asimow, esperanças plantadas em uma dezena de fábricas, terminaram por serem extintas, mercê de um conjunto de fatores bem conhecidos, mas que principalmente se revelavam no despreparo de como tentavam sobreviver à margem de recursos e estratégias que, enfim, já existiam, mas que não lhes eram ofertados. Agora, Marilia, e é você mesma quem nos diz, o quanto o Cariri é esta região mais madura, que já era exuberante na sua proposta original de mercado, de empreendimentos em vários setores e que conta com gente como você para arejar-lhe os caminhos e os instrumentos destas novas conquistas. Faço melhores votos a você, Marília Falcioni e a toda a sua equipe, por grandes sucessos na trajetória de sua empresa, para que ela de fato continue como já tem feito, honrando os compromissos que a inventaram e que hoje serve à nossa região com tal entusiasmo.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 18.03.2015) 

BOA TARDE (IV)
133: (20.03.2015) Boa Tarde para Você, João Martins Gonçalves
Já mencionei nestes escritos a minha intenção de, sempre que possível, trazer-lhes ao conhecimento as minhas lembranças sobre figuras notáveis que tanto realizaram por esta cidade e seu povo, servindo esta oportunidade, na maioria das vezes para resgatar algumas dívidas que se acumularam. Penso que este é o caso de João Martins Gonçalves, um missãovelhense nascido em 1925 e que há mais de sessenta anos vive entre nós, sendo reconhecido como profissional de alfaiataria e um dos músicos mais versáteis que tivemos a chance de conhecer. Permitam-me, sim, que lhes faça estas anotações biográficas sobre este homenageado de hoje, que já aos 10 anos de idade tocava cavaquinho com grande habilidade, e que paralelamente a este seu gosto musical, dedicou-se a fazer roupas sob encomenda, assim se mantendo até bem recentemente. João Martins e seus irmãos, José Martins (Zezinho), Ancilon, Raimunda (Mundinha), Liquinha, Alzira, Dilzete (Nilza), Geraldo e Angelita são os 9 filhos de Martinho Zacarias Gonçalves e de Maria das Dores do Espirito Santo, todos nascidos em Missão Velha. Em Missão Velha, já alfaiate por profissão e músico diletante, João Martins casou em 1946 com uma sua prima, Maria André Gonçalves e esta união que dura ate os nossos dias, resultou numa familia de seis filhos, 20 netos e 11 bisnetos. Dois anos depois de casados, em 1948, João Martins e Maria se mudaram para Milagres onde ele continuou sua dedicação exclusiva ao trabalho como alfaiate, até que em 1950 um fato mudaria o seu itinerário de vida. Os cantores juazeirenses, Alberto e José Brasileiro, foram realizar um show em Milagres e necessitavam do apoio de um regional que por indicação recaiu sobre João Martins, como lider e organizador, já considerado um músico de grande competência. O resultado foi tão bom que Alberto, uma espécie de cover do cantor Bob Nelson, e seu irmão, o  tenor José Brasileiro induziram João Martins a vir para o Juazeiro, onde encontraria melhores condições de trabalho, tanto na alfaiataria, quanto na música. De fato, João Martins foi aos poucos vindo para cá, tendo inicialmente uma participação no Regional de Badiar, da novíssima Rádio Anhanquera de Juazeiro (depois Rádio Iracema), tendo inclusive figurado no grande show do seu primeiro aniversário, em memorável espetáculo no então Clube dos Doze, em 15 de novembro de 1951. Nessa época - coisas do destino, João Martins retoma o seu contato pessoal com Vicente Alves dos Santos, o inesquecível mestre Coelho Alves, que então dirigia a pioneira, e havia sido seu aprendiz na alfaiataria de Missão Velha. Finalmente, em 1954, João Martins se transfere com sua familia para esta terra, continua seu trabalho profissional de alfaiate, pois a cidade era carente deste serviço, e contava apenas com o velho Moura, e na música formaria um regional, na companhia do saxofonista Maurício de Barros, que se ligaria à Rádio Iracema, até 1958. Neste período, o regional da Iracema participou de grandes temporadas de renomados cantores nacionais, como Jorge Goulart, Nelson Goncalves, Nora Ney, Carlos Gonzaga, Luiz Gonzaga, Blackout, que por sinal fez o show de inauguração da Casa Rosada. No início dos anos 60, João Martins e seu sobrinho Rosiel, formaram no conjunto de Hildegardo, na Rádio Educadora do Cariri. Em 1962, João Martins estruturou o J. Martins e seu conjunto, consigo na guitarra e com os seguintes valores: Antonio Miguel (Piston), Edmundo (Trombone de vara), Geraldo Martins (Baterista), Wilson Borges (Ritmo e Crooner), Roterdan Martins (Contrabaixo) e Zezinho (Acordeon). Em 1969, o grupo passou a ser conhecido como J. Martins Show, cuja existência se alteraria em virtude do encerramento do conjunto de Hildegardo. Os dois articularam uma sociedade, em 1971 e nasceu o HildeMartins Som, nome que prevaleceu até 1978, assim batizado pelo inesquecivel radialista Maciel Silva. Desfeita a sociedade, o conjunto  passou a ser conhecido com a sua denominacao final, Martins Som, até o ano 2000, quando realizaram o último espetáculo, com a seguinte formação: João Martins (Guitarra), Manito (Sax tenor), Zé dos Prazeres (Ritmo e Percussão), Toni (Piston), Pirralho (Bateria), Carlo (Contrabaixo), Antonio (Teclados) e e João Paulo Junior (irmão de Alcimar Monteiro, Crooner). Isto é, sumariamente, um pouco da vida e da obra desta figura notável que hoje vive mais recolhido a sua vivência familiar, habitando a Rua da Gloria, com um pequeno negócio de compra e venda de instrumentos musicais. Só bem recentemente, João Martins gravou o seu primeiro disco, um CD em parceria com sua irmã, Mundinha, e que contem um belo repertório de velhas canções que ele executa magistralmente ao velho e inseparável violão. Gostaria de finalizar esta singela homenagem a João Martins Gonçalves, recomendando a nossa Câmara Municipal a concessao do título de Cidadania Juazeirense, com o qual teremos a oportunidade de tributar-lhe o nosso reconhecimento por tudo quanto fez na música que nos embalou em inesquecíveis momentos de nossas vidas. E só para lembrar-lhes, no próximo dia 29 de agosto de 2015, João Martins Gonçalves estará chegando, felizmente com grande vitalidade e entusiasmo pela vida, na marca dos noventa anos de existëncia, quando seria muito oportuno celebrar esta data dignamente. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 20.03.2015)

quarta-feira, 11 de março de 2015

BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
123: (23.02.2015) Boa Tarde para Você, Pe. Cícero José da Silva
Em breves dias estaremos novamente celebrando o aniversário de Cícero Romão Baptista, presbítero em Cristo que, dentre outras coisas, viveu longo tempo afastado de sua Igreja, sem poder celebrar batizados, e tendo a censura sobre o seu apadrinhamento e a aplicação de seu nome para um recém nascido. O que este santo homem não diria hoje, Pe. Cícero José, ao ver que estas coisas parecem ir gradativamente sendo superadas e esta sua mesma Igreja no Cariri vai batizando Cíceros aos montes e o seu ministério vai fertilizando o grande Vale do Cariri, ao trabalho valioso de tantos Cíceros? Digo-lhe isto porque ficou para mim, em nosso último e apressado encontro, esta sensação de que seria necessário esticá-lo para examinar estes fatos, a partir mesmo do seu diligente e tão vocacionado ministério em nossa Basílica. Recorro aos dados da nossa Diocese para me certificar de que, além de si, como me disse, são realmente seis os padres Cíceros em nosso território: o Padre Cícero Gomes da Silva, o Padre Cícero Alencar Ferreira, o Padre Cícero Mariano de Lima, o Padre Cícero Luciano Lima, o Padre Cícero Caboclo da Silva, e o Padre Cícero Leandro Cavalcante, além do diácono permanente, Cícero Leonardo Martins.  Interessante é também notar que o futuro desta cena vai ser acrescido de expressivo número de novos ministros, assim aguardamos em Cristo, ao contarmos os treze seminaristas, todos Cíceros, que estão em formação, para que um dia, em breve, se somem a esperança que há dentro de nossa Igreja, pois como se lê em Lucas, “Grande é a messe, mas poucos são os operários”. Se imaginarmos que esta atitude, o da nomenclatura, só teria espelho na existência do romano Marco Túlio Cícero, nascido 106 anos antes de Cristo, é sempre imaginável que de fato, toda esta avalanche nos nomes da gente nordestina, se deve à inspiração do santo destes sertões, por sua grande devoção, como foi o caso de sua mãe, Pe. Cícero José, que não pestanejou ao fazê-lo. Esta Diocese de Crato, além dos seus dois bispos e dezoito diáconos, conta com 102 padres, que Cíceros ou não, tem o dever intransferível de reconhecer neste Patriarca do Nordeste a mais legítima e benéfica inspiração para continuar realizando o seu grande trabalho de evangelização. Não passa por nossas mentes que estes homens, ou alguns deles, insistam e continuem manifestando o ranço perverso dos tempos inquisitoriais, tão nefastos como já se manifestaram, e que parecem ainda orientar divisões inconseqüentes nos propósitos de atendimento à grande nação romeira, e mais que isto, na proposta benemérita da reabilitação do Padre Cícero. Foi o que ainda nos pareceu ser dito, na recente celebração do centenário de nossa Diocese, quando um representante da Cúria Romana suscitou, em resposta a uma indagação da imprensa, comentários de que Roma ainda aguarda a solução de divisões internas no âmbito do nosso clero.
Não se trata de fazer qualquer juízo apressado, levantando estes questionamentos sobre as razões que continuam preservando toda sorte de intolerâncias em algo que foi conjuntamente propalado e pactuado há tantos anos, entre o Vaticano e a Diocese de Crato. Onde residem, meu caro padre Cícero José, os obstáculos intransponíveis, aqui gerados e mantidos, depois que esta mesma Diocese mergulhou fundo, com apoio de estudiosos notáveis e produziu reflexões as mais atualizadas, às luzes de ferramentas de análises sob olhares científicos os mais diversos para, ainda assim, não contemplar as exigências de tais dissidências? Lamentaria, ainda muito mais, se dentre estes em quem reconhecemos a posição cômoda e retrógrada de justificativas inconciliáveis, à sombra da modernidade desta Igreja, ainda formos encontrar alguns destes novos Cíceros, na precavida, suspeitosa e cômoda posição que os mantém irredutíveis. Eu espero, sim, padre Cícero José, que esta renovação que experimentamos nos quadros de nossa Igreja, em parte encontre nestes novos Cíceros Josés, homens iluminados pelo Santo Espírito, capazes de renovar o nosso ânimo de cristão, ao tempo em que isto também tanto anima a nossa Igreja.  
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 23.02.2015) 

BOA TARDE (II)
124: (25.02.2015) Boa Tarde para Você, Amigo Forasteiro
Há poucos dias, na escuta do noticiário político local, eu ouvi bem os sinais destes bate-bocas solitários e cotidianos, entre poderes públicos, um dos quais estava imputando ao outro, entre acusações e conversa dissimulada, a palavra forasteiro. Minha primeira reação foi a de correr no dicionário para ver se havia sido introduzido algum novo sentido ao termo, mas lá só encontrei o de sempre, que nos diz como uma tal pessoa continua sendo para os vernaculistas o mesmo substantivo masculino para quem é de fora, para quem é estrangeiro, para quem é peregrino, para quem é estranho. E com isto fiquei imaginando com que cara alguém poderia se referir isto em Juazeiro do Norte, não fôssemos a cidade que somos, construída com o concurso tão acentuado e acendrado de tantos forasteiros, gente de Crato, de Barbalha, de Várzea Alegre, de Missão Velha, de Caririaçu, de Aurora e de outras cidades do nosso entorno. E me permitam que use a objetividade daqueles termos para dizer alguma coisa sobre esta inoportunidade de que um gestor público possa destilar destemperança, ao sabor de velhas intrigas partidárias, à revelia do interesse do cidadão comum deste lugar. De fora vieram meus avós e pais, assim como também tantos que aqui assentaram as bases da construção de nossas famílias, porque, enfim, não éramos senão uma meia dúzia de ilustrados clãs que, por sinal, já estavam aqui no século XVIII, e também vieram de Sergipe, da Bahia, de Pernambuco, das Alagoas e de todo o Nordeste. Estrangeiros, sim senhor, tivemos alguns de nomes esquisitos para os nossos Soares e Silva, como os Jereissati, os Rota, os van den Brule, os Reiner, os Wilson, os McLain, os Abraão, os Balme, e ainda continuamos a recebê-los, de braços abertos, porque esta é, em verdade, uma terra abençoada. Peregrinos, continuamos todos a ser nesta terra e neste mundo de meu Deus, uma gente de grandes virtudes pela fé inabalável que nos fortalece, na postura irremovível que nos mantêm fiéis a esta herança que herdamos de quem nos precedeu, a começar pelo patriarca de que nos inspira todos os dias de nossas vidas, para que nunca deixemos de dar graças para o alto. Estranhos, estes sim, continuam estranhos e sob suspeição, todos aqueles que ainda não descobriram que à nossa convivência devem ser juntados todos aqueles que aqui vivem, oram e trabalham para o engrandecimento deste povo ordeiro e bom. Estranhos, estes sim, serão sempre os que usurparem de prerrogativas que este povo nunca lhes conferiu e em nome destes poderes que dele emanam, semeiam a intriga, a discórdia, a desavença sobre ideais e bens públicos inegociáveis, escudados em seus mandatos. Este filminho nós já vimos, desde antes de nossa emancipação e, lamentavelmente, sempre volta a ser exibido, maquiado por circunstâncias que o tempo desenhou, sem nunca ter-lhe alterado na essência. Em horas como estas, quando vemos que nossa pobre terra, tão carente de todas as atenções dos homens públicos que elegemos, mergulha na perplexidade de sentir-se abandonada, desprotegida, tão assaltada e roubada, nos vem a angústia pelo que sentimos desta Severina sorte que nos persegue com forasteiros que não passam disto. Lamento, profundamente que há horas como estas em que temos de confessar esta certa desesperança, este desconforto no caminho de nossa cidadania. Mas isto jamais vai nos intimidar ao desejo de nossa luta permanente para que esta terra continue a ser o território livre, independente e aberto, e que a este abrigo, sejam bem vindos todos os homens de boa vontade, a gente valorosa deste forte nordestino que há em cada um de nós. Por último, lhes digo com sinceridade que ainda me emociono porque sempre estou voltado para a lembrança, a memória gratificante e tão querida de um certo forasteiro Cícero Romão Baptista, aquele que veio e só porque foi a convite, aqui ficou, trabalhou arduamente e nada mais tendo sido possível nos dar, deu seu próprio sangue, suor e vida.   
E mais que isto, como ninguém, nos amou até o fim.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 25.02.2015) 


BOA TARDE (III)
125: (28.02.2015) Boa Tarde para Você, João Alberto Morais Borges
No começo deste mês o vereador João Borges informou por uma rede social que estaria protocolando um requerimento na Câmara de Vereadores, com o qual pretende que o seu colegiado aprove a iniciativa de instituir uma Política Municipal do Livro. No seu expediente, ele requer que esta política se dedique particularmente a um programa de leitura nas bibliotecas e escolas públicas da rede municipal de Juazeiro do Norte. Somos, meu caro João Borges, eu e o escritor Joaquim Crispiniano Neto, entusiastas da idéia, pela imediata aceitação de sua parte, encaminhando o projeto de Lei do Livro de Juazeiro do Norte para análise de seus pares, na expectativa da sanção e providências do executivo. Este projeto vem em sintonia com o esforço nacional para transformar o Brasil em um país de leitores, conforme se percebe pela respectiva Lei Federal Nº 10.753, de 30.10.2003, e dos Planos Nacional e Estadual do Livro e da Leitura. Segundo a Associação Nacional de Livrarias, o Brasil possui 3.481 livrarias em operação, e 49% destas estão instaladas nas capitais dos 27 Estados e no Distrito Federal, e as 51% restantes nas demais cidades. Temos apenas 1776 livrarias nas 5.547 cidades restantes do País, sendo que cidades de porte médio como Juazeiro do Norte ainda são muito mal servidas de livrarias, de bibliotecas e editoras. O Brasil tem uma média 1,8 livrarias para cada 100 mil habitantes, e nas cidades do interior, a média é bem mais baixa, e a maioria absoluta das cidades do interior não possui nenhuma livraria. As bibliotecas públicas que oferecem o acesso ao livro gratuitamente na maioria das cidades, geralmente são desestruturadas e não dispõem de programas que incentivem a formação do hábito da leitura. Pelos dados do Índice para o Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 2012, 192.676 escolas de educação básica no país atendem 50.545.050 alunos, mas, apenas 64 mil delas possuem bibliotecas, e cada uma delas para menos de mil alunos. Isso, João Borges, reflete o déficit de leitura do brasileiro que, segundo pesquisa recente, tem uma média de leitura de quatro livros por ano, a maioria didáticos e técnicos, com índice muito baixo para livros literários que realmente servem para melhorar o nível cultural dos leitores. Por esta pesquisa, constatou-se que somente cerca de 50% da população brasileira cultiva o hábito de leitura e para fazer uma comparação com outros países, na França a média é de 12 livros por ano, na Espanha, 11, nos Estados Unidos, 10, na Argentina, 6, no Chile, 5 e na Colômbia, 2. Dados do Indicador de Analfabetismo Funcional divulgados em 2012, falam que 20% dos brasileiros, de 15 a 49 anos, são analfabetos funcionais, ou seja, apesar de conseguir ler as palavras, não conseguem entender e interpretar a mensagem de um texto de até 10 linhas com até três parágrafos. Juazeiro do Norte, João Borges, em virtude da presença do Padre Cícero Romão Batista nas cenas da sua história, tornou-se uma das cidades mais registradas em livros, com mais de 1000 títulos que abordam assuntos ligados diretamente à vida deste município de grande valor histórico. Quanto às escolas públicas, a Câmara Municipal poderá respaldar, do ponto de vista legislativo, as condições do poder executivo desenvolver uma política de Livro e Leitura capaz de garantir às escolas a estruturação de bibliotecas e a aquisição de livros para doação aos alunos. Isto trará como consequencia as edições e reedições de obras dos nossos autores, como Pedro Bandeira, Mons. Azarias Sobreira, Daniel Walker, Ralph Della Cava, Raimundo Araújo, Ana Tereza Guimarães, Anne Dumoulin, Paulo Machado, Geraldo Menezes Barbosa, Luitgarde Barros, Marcelo Camurça, Renato Dantas, Amália Xavier, e muitos outros. Estimula-se deste modo, João Borges, o início do embrião de uma biblioteca domiciliar em cada lar, para que estes alunos, tendo o livro ao alcance da mão, possam adquirir o hábito da leitura, de frequentar bibliotecas e livrarias, movimentando assim a economia do livro, viabilizando em Juazeiro do Norte empreendimentos que fomentem livrarias e editoras.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 28.02.2015) 

BOA TARDE (IV)
126: (02.03.2015) Boa Tarde para Você, Francisco Gonçalves Barros
Na semana que se foi, Chiquinho, o mundo estarreceu-se diante da barbárie, através de um vídeo na televisão, mostrando com que banalidade o dito Estado Islâmico destruiu estátuas milenares, peças datadas de até 800 anos a.C., na cidade iraquiana de Mossul, e que teve também uma cena horrenda com a queima de 8 mil livros e manuscritos raros de uma biblioteca. O vandalismo foi visto com indignação dos nossos olhos quando estas raridades históricas foram destruídas a golpes de marretas, furadeiras, brocas elétricas e britadeiras, no Museu Ninevah, tomado em junho passado, causando um incalculável prejuízo à humanidade, para a revolta de especialistas e estudiosos. Nós somos assim, Chiquinho, temos vez por outra a iniciativa de manifestar a nossa angústia, por este espírito destrutivo sobre o nosso patrimônio histórico e cultural, pois nada mais verdadeiro do que dizer que um povo que não tem história, e não tem passado, também não terá futuro. Fiz esta breve contextualização, lembrando o fato traumático do museu iraquiano, meu caro Chiquinho, pois recebi com sensibilidade a sua provocação na conversa tão agradável deste domingo, com a qual você me lembrava o quanto seria conveniente que ao lado de nossa rica história, que bom seria que a isto se juntassem novos museus na cidade. Eu lhe digo que sou bastante suspeito para falar disto porque tenho a maior admiração pelos museus, quaisquer que sejam as suas motivações, e sempre quando posso os visito e até tenho contribuído para alguns deles, mais perto de nós. Por isso mesmo, Chiquinho, não deixo de reconhecer a propriedade de que, a despeito de sua sugestão, por um deles sobre esporte e futebol, devêssemos semeá-los, tê-los mais em abundância, pois nossas tradições as permitiriam, no histórico, na arte, na cultura, e nas atividades produtivas. Houve tempo em que, através do antigo Instituto José Marrocos, da URCA, iniciamos um trabalho que redundaria na instalação de vários museus, como o da Literatura de Cordel, da Xilogravura, da Arte Popular, das Romarias, dos Beatos, do Ouro, da Imagem e do Som, do Comércio e da Indústria, e de outros mais, pois não nos faltavam motivações e acervos. E você tem grande razão, Chiquinho, ao mencionar a oportunidade de um bom equipamento que se encarregaria de guardar esta trajetória dos nossos esportes, especialmente do futebol, que historicamente não se circunscreve apenas a Icasa e Guarani, pois isto é bem pouco de tudo que já tivemos e vivemos. Em primeiro lugar, devemos ver o museu por uma outra ótica, a da informação, da instrução, da educação e da cultura, da nossa formação cidadã, do nosso aperfeiçoamento intelectual, muito mais que enxergá-lo como um depósito bem cuidado de velharias, de coisas ultrapassadas que já nem vale mais a pena revisitar. Mas, a realidade é que frequentemente pecamos por uma dedicação que muito se assemelha à nossa pouca fé, lamentando que nem sempre encontramos sensibilidade e respaldo no poder publico municipal, que coloca estas providências num rol de pouca significação, ignorando o papel de fomento ao turismo como atividade geradora de emprego e renda. Contudo, o governo federal continua estimulando a criação de novos museus, e o estatuto respectivo preconiza princípios fundamentais que relevam a valorização da dignidade humana, a promoção da cidadania, o cumprimento da função social, a valorização e preservação do patrimônio cultural e ambiental, a universalidade do acesso, o respeito e a valorização à diversidade cultural e o intercâmbio institucional. É preciso, então, reconhecer em ideias e lembranças como esta sua, Chiquinho, que há coisas que precisamos fazer para honrar estas atividades que fizeram a nossa história, construíram os nossos caminhos, e que seria, no mínimo desejável, estabelecer equipamento museais para preservá-los, para que as nossas próximas gerações possam reconhecer os valores intrínsecos de nossas lutas. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 02.03.2015) 


BOA TARDE (V)
127: (06.03.2015) Boa Tarde para Você, Dane de Jade
Todos nós, os filhos amados desta grande nação Cariri, sentimos ao longo de nossas vidas uma enorme emoção na vivência com o ambiente cultural desta região, pois todo este trajeto foi sempre ponteado pela presença extraordinária de grandes mestres. É aparentemente dispensável, mas será sempre conveniente que não esqueçamos jamais de nomeá-los, de lembra-los com muito afeto, para que não lhes falte, mesmo que in memoriam, o preito sincero desta admiração porque, cada um em particular, deixou um legado extraordinário na permanência de sua arte. Lembrá-los, minha querida Dane de Jade, e você é uma destas pessoas que nos ensinam isto diariamente, é coisa importantíssima, e não apenas na reverência obrigatória que contraímos por esta dívida social intransferível. Faço-lhe nesta tarde a minha louvação, reconhecendo como dívida de gratidão toda a sua imensa ação cultural, por onde quer que tenha passado, como determinação de algo visceral a sua existência, para que dentre os seus filhos, o Cariri se resguarde nesta missão. Em cada época, em cada tempo já vivido, tivemos as graças de ter encontrado gente como você que assumiu perante a arte e os artistas, frente ao povo e na sua representação, e na interlocução com instâncias de governo tudo aquilo que foi necessário mediar para que tudo isto continuasse o seu caminho de resistência. Estes novos tempos, este momento confuso e ainda de esperanças, me permita, por uma grande e radiante fase na cultura do Cariri, ao lado entusiasmante de uma região que explode, não só dentro do seu próprio estado, é o tempo de Dane de Jade. Não é apenas a circunstância momentânea da função que você ocupa, à frente da Secretaria de Cultura de Crato que me permite esta visibilidade, senão também o olhar discreto por sobre tantas outras funções empreendidas e vitoriosas que você realizou até os dias atuais. Recorro à minha percepção, angustiada pelo tempo, para encontrá-la sempre ativa, dedicada e genial, a conduzir com tanto brilho as gestões que se empreenderam para grandes eventos, a patrocínios a grandes mestres, e a consolidação de uma infraestrutura indispensável. Recorro, igualmente, à necessária reflexão de que vivemos numa região sempre carente destas atenções, sofrida por todos os desgastes, perdas e danos que assistimos, mesmo na emergência desta Região Metropolitana do Cariri, de quem se espera ações concretas e resolutas. Desnecessário se torna afirmar aqui que, de há muito, o nosso Cariri não é apenas esta centralidade cultural de CRAJUBAR, e tampouco é o normativo de uma região construída ainda em papel, com nove municípios, a maioria ainda esmolando para a cultura com o velho pires do nosso imaginário. Dane, estamos às vésperas de receber entre nós, para olhares e uma conversa franca, homens, entre estado e nação, que virão rever o Cariri com os olhos, sentimentos e pragmatismo de governo, na visita anunciada de secretário e ministro, entre Nova Olinda e Crato. Neste instante em que nos preparamos, elaborando pautas e nos organizando para este encontro, necessário se faz que aproveitemos da melhor maneira possível estes momentos para insistir na construção de um grande sistema de cultura para o Cariri. Este sistema, como assim me parece, deve contemplar grandes eventos, mas deve também plantar estruturas definitivas para animar e suportar o que queremos e ainda seja o nosso maior alento. Peço a você, Dane de Jade, se assim posso me dirigir, que assuma em nosso nome, por todos nós do Cariri esta interlocução que não se traduz em moeda de barganha, e que deixa de ser pleito local, como é a sua esfera mais direta de atividade, para alçar a grandeza de todas as nossas demandas regionais. Estou convencido que deste modo, estamos reconhecendo e entregando esta missão a você, com todas as prerrogativas que são necessárias, em nome de todos nós que almejamos melhores momentos para estes grandes mestres, instituições, e para que a cultura não lhe negue um agradecimento de coração, como é tão bem merecido. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 06.03.2015) 


BOA TARDE (VI)
128: (09.03.2015) Boa Tarde para Você, Raul Sampaio Correia
Cada um de nós tem uma história particular com respeito à sua inserção no mundo da Tecnologia da Informação, que é como hoje mais propriamente nos referimos ao que outrora denominávamos a Cibernética ou a Ciência dos Computadores. Lembro perfeitamente, Raul, com que ansiedade estávamos ainda aguardando em início de 1968 que uma velha e monstruosa máquina IBM que ocupava várias salas, estava lendo os cartões que preenchíamos durante as provas para nos dar o resultado do vestibular na UFC. Depois, com que curiosidade me acercava de um computador, mais bem resoluto e mais compacto, que estava à nossa disposição no Departamento de Engenharia Química da USP, mas que para nós não fazia mais que algumas correlações de dados e nos ajudava a dar imagens gráficas de variáveis. Mas, já vai para uns 25 anos que adquiri, ainda por uma pequena fortuna, o meu primeiro PC, com o qual esta intimidade chegou ao meu dia-a-dia para facilitar uma enormidade de tarefas entre a mais simplório de substituição de uma velha máquina de escrever até aos usos mais surpreendentes. Não vou ocupar o seu HD, meu caro Raul, em ficar daqui fazendo pequenos relatos desta experiência particular com computadores, porque diante do trabalho que passei a admirar por sua presença neste jornal, há pouco mais de um ano, eu me tornei seu admirador pela imensa utilidade do seu serviço nestas ondas. O rádio é, enfim, um grande usuário destes momentos Hi Tech, algo que a emissora procura dinamizar como informação precisa e útil e que nos coloca na fronteira deste conhecimento porque, em verdade, isto de há muito é parte significativa de nossa vida e a conduz quase ditatorialmente.  Tão ditadora esta presença que de cativa, ora nos parece perversa a nos subjugar por rotinas e grande dependência, sentida em horas por vezes dramáticas quando alguém nos diz, simplesmente, como se por isto tudo se resumisse: o computador está fora do ar. Curioso, Raul, eu fui buscar na internet um pouco da sua itinerância de trabalho para reconhecer, seguramente, como um técnico de formação bem esmerada, você é um profissional de elevada e festejada especialização que se capacitou para estes grandes desafios que se exige nesta área. Desejo cumprimentar-lhe nesta hora pelas responsabilidades que o faz aceito com grande competência, entre a gerência de Tecnologia da Informação no Hospital Maternidade São Vicente de Paulo, em Barbalha, bem como a de Consultor, disponível para trabalhos em Desenvolvimento iOS, além desta presença obrigatória no quadro Momento Hi-Tech deste Jornal da Tarde, aos sábados. Vale a pena também considerar como este nosso Cariri se beneficia destas competências, especialmente em área tão dinâmica, que lida com eventos tão impactantes e difusos em todas as áreas, com repercussões sociais e econômicas tão marcantes. Uma coisa que me tocou, particularmente, ao ler resumida informação sobre a sua própria formação é a confissão sincera de como na origem dos seus propósitos, você recebeu todos os incentivos de seus pais, operários da educação neste Vale, a ponto de sacramentar o seu sucesso presente. Seguramente você, Raul, não é um caso isolado desta consciência que temos o quanto Educação, Ciência e Tecnologia ainda serão capazes de realizar os nossos sonhos por um mundo melhor, e indubitavelmente, isto é a grande tarefa que começa em casa, entre pais e filhos. Quero felicitar-lhe pela oportunidade de trazer sempre a estes Momentos Hi Tech, os esclarecimentos e a discussão franca sobre este “dernier cri” que a Tecnologia da Informação esparge sobre a nossa pretensa civilização, acreditando e demonstrando que aí está uma ferramenta que mais nos promove e menos nos desagrega. Parabéns, Raul, nós nos conservamos fieis a este rádio que vai buscar e abre espaço para que a sua utilidade como veículo da comunicação vá muito mais além, trazendo para nós a folha mais que proveitosa destes Momentos Hi Tech que você não se cansa em nos presentear.  
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 09.03.2015) 


BOA TARDE (VII)
129: (11.03.2015) Boa Tarde para Você, senador José Reginaldo Duarte
Acordei neste dia com a intenção de saudá-lo por seus oitenta anos de vida que transcorre no dia de amanhã, na lembrança de sua ação política mais expressiva, entre as legislaturas de 1999 e 2007, quando o Cariri teve em sua pessoa a sua última e honrada representação política na Câmara alta do país. Circunstancialmente, é para se dizer e lamentar, que esta nossa região mergulhou daí por diante na estranha vereda de constituir delegados, alguns aventureiros que por aqui aportaram, e a conferir competências que findaram usurpando nossas vozes indignadas, ao custo populista e interesseiro de negócios de compra e venda de votos. A mais recente corrida pelo voto popular nos mostrou claramente, por seus resultados, como este enorme fracionamento dos nossos interesses pessoais são tão nefastos e tão inconsequentes para marcar nossa presença nas câmaras de representação política, hoje extremamente diluída e pouco convincente sobre a qualidade do que se elegeu. Lamentavelmente, senador, a instância mais digna e outrora honrada desta casa legislativa que você ocupou está confundida na atualidade com a lama podre do roubo, da desonestidade e da mais completa insanidade mental que nem poderíamos imaginar. Deixo à margem do meu propósito neste dia, a tarefa urgente e indigesta que se faz a cada um de nós para aprofundar este nosso sentimento de tristeza, para retornar ao fio da meada que me leva a encontra-lo hoje dedicado aos seus negócios particulares e à tranquilidade da vida familiar. Penso que lhe é devida, pelo menos, uma menção significativa da nossa convicção e do nosso agradecimento, pelo que não foi menor e pálida a sua presença no Senado Federal, por diversos motivos que lembrarão a discreta, mas muito eficiente contribuição entre tribuna, plenário e comissões. Lembro particularmente o que nascia de sua iniciativa, há quase treze anos atrás, em pronunciamento que preconizava um estudo, pela então Comissão de Educação do Senado Federal para a criação da universidade federal na região do Vale do Cariri, fato que logo em seguida se transformaria em projeto de Lei. Hoje temos, brilhando e exuberante, a nossa Universidade Federal do Cariri nascida daqueles mesmos lampejos e gestões que se ensaiavam por sua voz e esforço, e pouca gente ainda vai se lembrar que Reginaldo Duarte existia naquela época, iluminando os caminhos que nos conduziriam a esta conquista. É sempre assim, senador, e isto não poupou nem o nosso sempre lembrado Antonio Martins Filho, tido e havido como o grande condutor da criação em 1954 da nossa Universidade do Ceará, e que reconheceria muitos anos depois o papel insubstituível do juazeirense e deputado federal Antonio Xavier de Oliveira, como o mentor exclusivo da ideia. Mas você, senador Reginaldo Duarte, e isto é muito bom que nunca esqueçamos, cumpriu muito bem o que lhe foi posto como representante que se fez legitimamente e dignificou sua trajetória com algumas marcas que permanecem guardadas nos arquivos da nação, embora lamentemos a nossa curta memória. O Cariri, vez por outra, pelo menos, tem que olhar e reverenciar estes exemplos que ficaram entre o tempo e o vento, para que este nosso aprendizado de cidadania mais se exerça na nossa maturidade e o nosso esclarecimento de que é fundamental que sempre saibamos escolher bem os que nos representam, porque nisto não fazemos nenhum favor. Desejo, portanto, senador José Reginaldo Duarte, cumprimenta-lo nesta tarde, a si e a todos estes privilegiados do seu entorno, entre amigos mais próximos e familiares amados, fazendo votos por sua felicidade pessoal, traduzindo, se assim é possível, a nossa querência e estima, desejando que este momento muito se alongue, num preito ao nosso sentido mais sincero de afeto e gratidão. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 11.03.2015)