quarta-feira, 11 de março de 2015

BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
123: (23.02.2015) Boa Tarde para Você, Pe. Cícero José da Silva
Em breves dias estaremos novamente celebrando o aniversário de Cícero Romão Baptista, presbítero em Cristo que, dentre outras coisas, viveu longo tempo afastado de sua Igreja, sem poder celebrar batizados, e tendo a censura sobre o seu apadrinhamento e a aplicação de seu nome para um recém nascido. O que este santo homem não diria hoje, Pe. Cícero José, ao ver que estas coisas parecem ir gradativamente sendo superadas e esta sua mesma Igreja no Cariri vai batizando Cíceros aos montes e o seu ministério vai fertilizando o grande Vale do Cariri, ao trabalho valioso de tantos Cíceros? Digo-lhe isto porque ficou para mim, em nosso último e apressado encontro, esta sensação de que seria necessário esticá-lo para examinar estes fatos, a partir mesmo do seu diligente e tão vocacionado ministério em nossa Basílica. Recorro aos dados da nossa Diocese para me certificar de que, além de si, como me disse, são realmente seis os padres Cíceros em nosso território: o Padre Cícero Gomes da Silva, o Padre Cícero Alencar Ferreira, o Padre Cícero Mariano de Lima, o Padre Cícero Luciano Lima, o Padre Cícero Caboclo da Silva, e o Padre Cícero Leandro Cavalcante, além do diácono permanente, Cícero Leonardo Martins.  Interessante é também notar que o futuro desta cena vai ser acrescido de expressivo número de novos ministros, assim aguardamos em Cristo, ao contarmos os treze seminaristas, todos Cíceros, que estão em formação, para que um dia, em breve, se somem a esperança que há dentro de nossa Igreja, pois como se lê em Lucas, “Grande é a messe, mas poucos são os operários”. Se imaginarmos que esta atitude, o da nomenclatura, só teria espelho na existência do romano Marco Túlio Cícero, nascido 106 anos antes de Cristo, é sempre imaginável que de fato, toda esta avalanche nos nomes da gente nordestina, se deve à inspiração do santo destes sertões, por sua grande devoção, como foi o caso de sua mãe, Pe. Cícero José, que não pestanejou ao fazê-lo. Esta Diocese de Crato, além dos seus dois bispos e dezoito diáconos, conta com 102 padres, que Cíceros ou não, tem o dever intransferível de reconhecer neste Patriarca do Nordeste a mais legítima e benéfica inspiração para continuar realizando o seu grande trabalho de evangelização. Não passa por nossas mentes que estes homens, ou alguns deles, insistam e continuem manifestando o ranço perverso dos tempos inquisitoriais, tão nefastos como já se manifestaram, e que parecem ainda orientar divisões inconseqüentes nos propósitos de atendimento à grande nação romeira, e mais que isto, na proposta benemérita da reabilitação do Padre Cícero. Foi o que ainda nos pareceu ser dito, na recente celebração do centenário de nossa Diocese, quando um representante da Cúria Romana suscitou, em resposta a uma indagação da imprensa, comentários de que Roma ainda aguarda a solução de divisões internas no âmbito do nosso clero.
Não se trata de fazer qualquer juízo apressado, levantando estes questionamentos sobre as razões que continuam preservando toda sorte de intolerâncias em algo que foi conjuntamente propalado e pactuado há tantos anos, entre o Vaticano e a Diocese de Crato. Onde residem, meu caro padre Cícero José, os obstáculos intransponíveis, aqui gerados e mantidos, depois que esta mesma Diocese mergulhou fundo, com apoio de estudiosos notáveis e produziu reflexões as mais atualizadas, às luzes de ferramentas de análises sob olhares científicos os mais diversos para, ainda assim, não contemplar as exigências de tais dissidências? Lamentaria, ainda muito mais, se dentre estes em quem reconhecemos a posição cômoda e retrógrada de justificativas inconciliáveis, à sombra da modernidade desta Igreja, ainda formos encontrar alguns destes novos Cíceros, na precavida, suspeitosa e cômoda posição que os mantém irredutíveis. Eu espero, sim, padre Cícero José, que esta renovação que experimentamos nos quadros de nossa Igreja, em parte encontre nestes novos Cíceros Josés, homens iluminados pelo Santo Espírito, capazes de renovar o nosso ânimo de cristão, ao tempo em que isto também tanto anima a nossa Igreja.  
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 23.02.2015) 

BOA TARDE (II)
124: (25.02.2015) Boa Tarde para Você, Amigo Forasteiro
Há poucos dias, na escuta do noticiário político local, eu ouvi bem os sinais destes bate-bocas solitários e cotidianos, entre poderes públicos, um dos quais estava imputando ao outro, entre acusações e conversa dissimulada, a palavra forasteiro. Minha primeira reação foi a de correr no dicionário para ver se havia sido introduzido algum novo sentido ao termo, mas lá só encontrei o de sempre, que nos diz como uma tal pessoa continua sendo para os vernaculistas o mesmo substantivo masculino para quem é de fora, para quem é estrangeiro, para quem é peregrino, para quem é estranho. E com isto fiquei imaginando com que cara alguém poderia se referir isto em Juazeiro do Norte, não fôssemos a cidade que somos, construída com o concurso tão acentuado e acendrado de tantos forasteiros, gente de Crato, de Barbalha, de Várzea Alegre, de Missão Velha, de Caririaçu, de Aurora e de outras cidades do nosso entorno. E me permitam que use a objetividade daqueles termos para dizer alguma coisa sobre esta inoportunidade de que um gestor público possa destilar destemperança, ao sabor de velhas intrigas partidárias, à revelia do interesse do cidadão comum deste lugar. De fora vieram meus avós e pais, assim como também tantos que aqui assentaram as bases da construção de nossas famílias, porque, enfim, não éramos senão uma meia dúzia de ilustrados clãs que, por sinal, já estavam aqui no século XVIII, e também vieram de Sergipe, da Bahia, de Pernambuco, das Alagoas e de todo o Nordeste. Estrangeiros, sim senhor, tivemos alguns de nomes esquisitos para os nossos Soares e Silva, como os Jereissati, os Rota, os van den Brule, os Reiner, os Wilson, os McLain, os Abraão, os Balme, e ainda continuamos a recebê-los, de braços abertos, porque esta é, em verdade, uma terra abençoada. Peregrinos, continuamos todos a ser nesta terra e neste mundo de meu Deus, uma gente de grandes virtudes pela fé inabalável que nos fortalece, na postura irremovível que nos mantêm fiéis a esta herança que herdamos de quem nos precedeu, a começar pelo patriarca de que nos inspira todos os dias de nossas vidas, para que nunca deixemos de dar graças para o alto. Estranhos, estes sim, continuam estranhos e sob suspeição, todos aqueles que ainda não descobriram que à nossa convivência devem ser juntados todos aqueles que aqui vivem, oram e trabalham para o engrandecimento deste povo ordeiro e bom. Estranhos, estes sim, serão sempre os que usurparem de prerrogativas que este povo nunca lhes conferiu e em nome destes poderes que dele emanam, semeiam a intriga, a discórdia, a desavença sobre ideais e bens públicos inegociáveis, escudados em seus mandatos. Este filminho nós já vimos, desde antes de nossa emancipação e, lamentavelmente, sempre volta a ser exibido, maquiado por circunstâncias que o tempo desenhou, sem nunca ter-lhe alterado na essência. Em horas como estas, quando vemos que nossa pobre terra, tão carente de todas as atenções dos homens públicos que elegemos, mergulha na perplexidade de sentir-se abandonada, desprotegida, tão assaltada e roubada, nos vem a angústia pelo que sentimos desta Severina sorte que nos persegue com forasteiros que não passam disto. Lamento, profundamente que há horas como estas em que temos de confessar esta certa desesperança, este desconforto no caminho de nossa cidadania. Mas isto jamais vai nos intimidar ao desejo de nossa luta permanente para que esta terra continue a ser o território livre, independente e aberto, e que a este abrigo, sejam bem vindos todos os homens de boa vontade, a gente valorosa deste forte nordestino que há em cada um de nós. Por último, lhes digo com sinceridade que ainda me emociono porque sempre estou voltado para a lembrança, a memória gratificante e tão querida de um certo forasteiro Cícero Romão Baptista, aquele que veio e só porque foi a convite, aqui ficou, trabalhou arduamente e nada mais tendo sido possível nos dar, deu seu próprio sangue, suor e vida.   
E mais que isto, como ninguém, nos amou até o fim.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 25.02.2015) 


BOA TARDE (III)
125: (28.02.2015) Boa Tarde para Você, João Alberto Morais Borges
No começo deste mês o vereador João Borges informou por uma rede social que estaria protocolando um requerimento na Câmara de Vereadores, com o qual pretende que o seu colegiado aprove a iniciativa de instituir uma Política Municipal do Livro. No seu expediente, ele requer que esta política se dedique particularmente a um programa de leitura nas bibliotecas e escolas públicas da rede municipal de Juazeiro do Norte. Somos, meu caro João Borges, eu e o escritor Joaquim Crispiniano Neto, entusiastas da idéia, pela imediata aceitação de sua parte, encaminhando o projeto de Lei do Livro de Juazeiro do Norte para análise de seus pares, na expectativa da sanção e providências do executivo. Este projeto vem em sintonia com o esforço nacional para transformar o Brasil em um país de leitores, conforme se percebe pela respectiva Lei Federal Nº 10.753, de 30.10.2003, e dos Planos Nacional e Estadual do Livro e da Leitura. Segundo a Associação Nacional de Livrarias, o Brasil possui 3.481 livrarias em operação, e 49% destas estão instaladas nas capitais dos 27 Estados e no Distrito Federal, e as 51% restantes nas demais cidades. Temos apenas 1776 livrarias nas 5.547 cidades restantes do País, sendo que cidades de porte médio como Juazeiro do Norte ainda são muito mal servidas de livrarias, de bibliotecas e editoras. O Brasil tem uma média 1,8 livrarias para cada 100 mil habitantes, e nas cidades do interior, a média é bem mais baixa, e a maioria absoluta das cidades do interior não possui nenhuma livraria. As bibliotecas públicas que oferecem o acesso ao livro gratuitamente na maioria das cidades, geralmente são desestruturadas e não dispõem de programas que incentivem a formação do hábito da leitura. Pelos dados do Índice para o Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 2012, 192.676 escolas de educação básica no país atendem 50.545.050 alunos, mas, apenas 64 mil delas possuem bibliotecas, e cada uma delas para menos de mil alunos. Isso, João Borges, reflete o déficit de leitura do brasileiro que, segundo pesquisa recente, tem uma média de leitura de quatro livros por ano, a maioria didáticos e técnicos, com índice muito baixo para livros literários que realmente servem para melhorar o nível cultural dos leitores. Por esta pesquisa, constatou-se que somente cerca de 50% da população brasileira cultiva o hábito de leitura e para fazer uma comparação com outros países, na França a média é de 12 livros por ano, na Espanha, 11, nos Estados Unidos, 10, na Argentina, 6, no Chile, 5 e na Colômbia, 2. Dados do Indicador de Analfabetismo Funcional divulgados em 2012, falam que 20% dos brasileiros, de 15 a 49 anos, são analfabetos funcionais, ou seja, apesar de conseguir ler as palavras, não conseguem entender e interpretar a mensagem de um texto de até 10 linhas com até três parágrafos. Juazeiro do Norte, João Borges, em virtude da presença do Padre Cícero Romão Batista nas cenas da sua história, tornou-se uma das cidades mais registradas em livros, com mais de 1000 títulos que abordam assuntos ligados diretamente à vida deste município de grande valor histórico. Quanto às escolas públicas, a Câmara Municipal poderá respaldar, do ponto de vista legislativo, as condições do poder executivo desenvolver uma política de Livro e Leitura capaz de garantir às escolas a estruturação de bibliotecas e a aquisição de livros para doação aos alunos. Isto trará como consequencia as edições e reedições de obras dos nossos autores, como Pedro Bandeira, Mons. Azarias Sobreira, Daniel Walker, Ralph Della Cava, Raimundo Araújo, Ana Tereza Guimarães, Anne Dumoulin, Paulo Machado, Geraldo Menezes Barbosa, Luitgarde Barros, Marcelo Camurça, Renato Dantas, Amália Xavier, e muitos outros. Estimula-se deste modo, João Borges, o início do embrião de uma biblioteca domiciliar em cada lar, para que estes alunos, tendo o livro ao alcance da mão, possam adquirir o hábito da leitura, de frequentar bibliotecas e livrarias, movimentando assim a economia do livro, viabilizando em Juazeiro do Norte empreendimentos que fomentem livrarias e editoras.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 28.02.2015) 

BOA TARDE (IV)
126: (02.03.2015) Boa Tarde para Você, Francisco Gonçalves Barros
Na semana que se foi, Chiquinho, o mundo estarreceu-se diante da barbárie, através de um vídeo na televisão, mostrando com que banalidade o dito Estado Islâmico destruiu estátuas milenares, peças datadas de até 800 anos a.C., na cidade iraquiana de Mossul, e que teve também uma cena horrenda com a queima de 8 mil livros e manuscritos raros de uma biblioteca. O vandalismo foi visto com indignação dos nossos olhos quando estas raridades históricas foram destruídas a golpes de marretas, furadeiras, brocas elétricas e britadeiras, no Museu Ninevah, tomado em junho passado, causando um incalculável prejuízo à humanidade, para a revolta de especialistas e estudiosos. Nós somos assim, Chiquinho, temos vez por outra a iniciativa de manifestar a nossa angústia, por este espírito destrutivo sobre o nosso patrimônio histórico e cultural, pois nada mais verdadeiro do que dizer que um povo que não tem história, e não tem passado, também não terá futuro. Fiz esta breve contextualização, lembrando o fato traumático do museu iraquiano, meu caro Chiquinho, pois recebi com sensibilidade a sua provocação na conversa tão agradável deste domingo, com a qual você me lembrava o quanto seria conveniente que ao lado de nossa rica história, que bom seria que a isto se juntassem novos museus na cidade. Eu lhe digo que sou bastante suspeito para falar disto porque tenho a maior admiração pelos museus, quaisquer que sejam as suas motivações, e sempre quando posso os visito e até tenho contribuído para alguns deles, mais perto de nós. Por isso mesmo, Chiquinho, não deixo de reconhecer a propriedade de que, a despeito de sua sugestão, por um deles sobre esporte e futebol, devêssemos semeá-los, tê-los mais em abundância, pois nossas tradições as permitiriam, no histórico, na arte, na cultura, e nas atividades produtivas. Houve tempo em que, através do antigo Instituto José Marrocos, da URCA, iniciamos um trabalho que redundaria na instalação de vários museus, como o da Literatura de Cordel, da Xilogravura, da Arte Popular, das Romarias, dos Beatos, do Ouro, da Imagem e do Som, do Comércio e da Indústria, e de outros mais, pois não nos faltavam motivações e acervos. E você tem grande razão, Chiquinho, ao mencionar a oportunidade de um bom equipamento que se encarregaria de guardar esta trajetória dos nossos esportes, especialmente do futebol, que historicamente não se circunscreve apenas a Icasa e Guarani, pois isto é bem pouco de tudo que já tivemos e vivemos. Em primeiro lugar, devemos ver o museu por uma outra ótica, a da informação, da instrução, da educação e da cultura, da nossa formação cidadã, do nosso aperfeiçoamento intelectual, muito mais que enxergá-lo como um depósito bem cuidado de velharias, de coisas ultrapassadas que já nem vale mais a pena revisitar. Mas, a realidade é que frequentemente pecamos por uma dedicação que muito se assemelha à nossa pouca fé, lamentando que nem sempre encontramos sensibilidade e respaldo no poder publico municipal, que coloca estas providências num rol de pouca significação, ignorando o papel de fomento ao turismo como atividade geradora de emprego e renda. Contudo, o governo federal continua estimulando a criação de novos museus, e o estatuto respectivo preconiza princípios fundamentais que relevam a valorização da dignidade humana, a promoção da cidadania, o cumprimento da função social, a valorização e preservação do patrimônio cultural e ambiental, a universalidade do acesso, o respeito e a valorização à diversidade cultural e o intercâmbio institucional. É preciso, então, reconhecer em ideias e lembranças como esta sua, Chiquinho, que há coisas que precisamos fazer para honrar estas atividades que fizeram a nossa história, construíram os nossos caminhos, e que seria, no mínimo desejável, estabelecer equipamento museais para preservá-los, para que as nossas próximas gerações possam reconhecer os valores intrínsecos de nossas lutas. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 02.03.2015) 


BOA TARDE (V)
127: (06.03.2015) Boa Tarde para Você, Dane de Jade
Todos nós, os filhos amados desta grande nação Cariri, sentimos ao longo de nossas vidas uma enorme emoção na vivência com o ambiente cultural desta região, pois todo este trajeto foi sempre ponteado pela presença extraordinária de grandes mestres. É aparentemente dispensável, mas será sempre conveniente que não esqueçamos jamais de nomeá-los, de lembra-los com muito afeto, para que não lhes falte, mesmo que in memoriam, o preito sincero desta admiração porque, cada um em particular, deixou um legado extraordinário na permanência de sua arte. Lembrá-los, minha querida Dane de Jade, e você é uma destas pessoas que nos ensinam isto diariamente, é coisa importantíssima, e não apenas na reverência obrigatória que contraímos por esta dívida social intransferível. Faço-lhe nesta tarde a minha louvação, reconhecendo como dívida de gratidão toda a sua imensa ação cultural, por onde quer que tenha passado, como determinação de algo visceral a sua existência, para que dentre os seus filhos, o Cariri se resguarde nesta missão. Em cada época, em cada tempo já vivido, tivemos as graças de ter encontrado gente como você que assumiu perante a arte e os artistas, frente ao povo e na sua representação, e na interlocução com instâncias de governo tudo aquilo que foi necessário mediar para que tudo isto continuasse o seu caminho de resistência. Estes novos tempos, este momento confuso e ainda de esperanças, me permita, por uma grande e radiante fase na cultura do Cariri, ao lado entusiasmante de uma região que explode, não só dentro do seu próprio estado, é o tempo de Dane de Jade. Não é apenas a circunstância momentânea da função que você ocupa, à frente da Secretaria de Cultura de Crato que me permite esta visibilidade, senão também o olhar discreto por sobre tantas outras funções empreendidas e vitoriosas que você realizou até os dias atuais. Recorro à minha percepção, angustiada pelo tempo, para encontrá-la sempre ativa, dedicada e genial, a conduzir com tanto brilho as gestões que se empreenderam para grandes eventos, a patrocínios a grandes mestres, e a consolidação de uma infraestrutura indispensável. Recorro, igualmente, à necessária reflexão de que vivemos numa região sempre carente destas atenções, sofrida por todos os desgastes, perdas e danos que assistimos, mesmo na emergência desta Região Metropolitana do Cariri, de quem se espera ações concretas e resolutas. Desnecessário se torna afirmar aqui que, de há muito, o nosso Cariri não é apenas esta centralidade cultural de CRAJUBAR, e tampouco é o normativo de uma região construída ainda em papel, com nove municípios, a maioria ainda esmolando para a cultura com o velho pires do nosso imaginário. Dane, estamos às vésperas de receber entre nós, para olhares e uma conversa franca, homens, entre estado e nação, que virão rever o Cariri com os olhos, sentimentos e pragmatismo de governo, na visita anunciada de secretário e ministro, entre Nova Olinda e Crato. Neste instante em que nos preparamos, elaborando pautas e nos organizando para este encontro, necessário se faz que aproveitemos da melhor maneira possível estes momentos para insistir na construção de um grande sistema de cultura para o Cariri. Este sistema, como assim me parece, deve contemplar grandes eventos, mas deve também plantar estruturas definitivas para animar e suportar o que queremos e ainda seja o nosso maior alento. Peço a você, Dane de Jade, se assim posso me dirigir, que assuma em nosso nome, por todos nós do Cariri esta interlocução que não se traduz em moeda de barganha, e que deixa de ser pleito local, como é a sua esfera mais direta de atividade, para alçar a grandeza de todas as nossas demandas regionais. Estou convencido que deste modo, estamos reconhecendo e entregando esta missão a você, com todas as prerrogativas que são necessárias, em nome de todos nós que almejamos melhores momentos para estes grandes mestres, instituições, e para que a cultura não lhe negue um agradecimento de coração, como é tão bem merecido. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 06.03.2015) 


BOA TARDE (VI)
128: (09.03.2015) Boa Tarde para Você, Raul Sampaio Correia
Cada um de nós tem uma história particular com respeito à sua inserção no mundo da Tecnologia da Informação, que é como hoje mais propriamente nos referimos ao que outrora denominávamos a Cibernética ou a Ciência dos Computadores. Lembro perfeitamente, Raul, com que ansiedade estávamos ainda aguardando em início de 1968 que uma velha e monstruosa máquina IBM que ocupava várias salas, estava lendo os cartões que preenchíamos durante as provas para nos dar o resultado do vestibular na UFC. Depois, com que curiosidade me acercava de um computador, mais bem resoluto e mais compacto, que estava à nossa disposição no Departamento de Engenharia Química da USP, mas que para nós não fazia mais que algumas correlações de dados e nos ajudava a dar imagens gráficas de variáveis. Mas, já vai para uns 25 anos que adquiri, ainda por uma pequena fortuna, o meu primeiro PC, com o qual esta intimidade chegou ao meu dia-a-dia para facilitar uma enormidade de tarefas entre a mais simplório de substituição de uma velha máquina de escrever até aos usos mais surpreendentes. Não vou ocupar o seu HD, meu caro Raul, em ficar daqui fazendo pequenos relatos desta experiência particular com computadores, porque diante do trabalho que passei a admirar por sua presença neste jornal, há pouco mais de um ano, eu me tornei seu admirador pela imensa utilidade do seu serviço nestas ondas. O rádio é, enfim, um grande usuário destes momentos Hi Tech, algo que a emissora procura dinamizar como informação precisa e útil e que nos coloca na fronteira deste conhecimento porque, em verdade, isto de há muito é parte significativa de nossa vida e a conduz quase ditatorialmente.  Tão ditadora esta presença que de cativa, ora nos parece perversa a nos subjugar por rotinas e grande dependência, sentida em horas por vezes dramáticas quando alguém nos diz, simplesmente, como se por isto tudo se resumisse: o computador está fora do ar. Curioso, Raul, eu fui buscar na internet um pouco da sua itinerância de trabalho para reconhecer, seguramente, como um técnico de formação bem esmerada, você é um profissional de elevada e festejada especialização que se capacitou para estes grandes desafios que se exige nesta área. Desejo cumprimentar-lhe nesta hora pelas responsabilidades que o faz aceito com grande competência, entre a gerência de Tecnologia da Informação no Hospital Maternidade São Vicente de Paulo, em Barbalha, bem como a de Consultor, disponível para trabalhos em Desenvolvimento iOS, além desta presença obrigatória no quadro Momento Hi-Tech deste Jornal da Tarde, aos sábados. Vale a pena também considerar como este nosso Cariri se beneficia destas competências, especialmente em área tão dinâmica, que lida com eventos tão impactantes e difusos em todas as áreas, com repercussões sociais e econômicas tão marcantes. Uma coisa que me tocou, particularmente, ao ler resumida informação sobre a sua própria formação é a confissão sincera de como na origem dos seus propósitos, você recebeu todos os incentivos de seus pais, operários da educação neste Vale, a ponto de sacramentar o seu sucesso presente. Seguramente você, Raul, não é um caso isolado desta consciência que temos o quanto Educação, Ciência e Tecnologia ainda serão capazes de realizar os nossos sonhos por um mundo melhor, e indubitavelmente, isto é a grande tarefa que começa em casa, entre pais e filhos. Quero felicitar-lhe pela oportunidade de trazer sempre a estes Momentos Hi Tech, os esclarecimentos e a discussão franca sobre este “dernier cri” que a Tecnologia da Informação esparge sobre a nossa pretensa civilização, acreditando e demonstrando que aí está uma ferramenta que mais nos promove e menos nos desagrega. Parabéns, Raul, nós nos conservamos fieis a este rádio que vai buscar e abre espaço para que a sua utilidade como veículo da comunicação vá muito mais além, trazendo para nós a folha mais que proveitosa destes Momentos Hi Tech que você não se cansa em nos presentear.  
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 09.03.2015) 


BOA TARDE (VII)
129: (11.03.2015) Boa Tarde para Você, senador José Reginaldo Duarte
Acordei neste dia com a intenção de saudá-lo por seus oitenta anos de vida que transcorre no dia de amanhã, na lembrança de sua ação política mais expressiva, entre as legislaturas de 1999 e 2007, quando o Cariri teve em sua pessoa a sua última e honrada representação política na Câmara alta do país. Circunstancialmente, é para se dizer e lamentar, que esta nossa região mergulhou daí por diante na estranha vereda de constituir delegados, alguns aventureiros que por aqui aportaram, e a conferir competências que findaram usurpando nossas vozes indignadas, ao custo populista e interesseiro de negócios de compra e venda de votos. A mais recente corrida pelo voto popular nos mostrou claramente, por seus resultados, como este enorme fracionamento dos nossos interesses pessoais são tão nefastos e tão inconsequentes para marcar nossa presença nas câmaras de representação política, hoje extremamente diluída e pouco convincente sobre a qualidade do que se elegeu. Lamentavelmente, senador, a instância mais digna e outrora honrada desta casa legislativa que você ocupou está confundida na atualidade com a lama podre do roubo, da desonestidade e da mais completa insanidade mental que nem poderíamos imaginar. Deixo à margem do meu propósito neste dia, a tarefa urgente e indigesta que se faz a cada um de nós para aprofundar este nosso sentimento de tristeza, para retornar ao fio da meada que me leva a encontra-lo hoje dedicado aos seus negócios particulares e à tranquilidade da vida familiar. Penso que lhe é devida, pelo menos, uma menção significativa da nossa convicção e do nosso agradecimento, pelo que não foi menor e pálida a sua presença no Senado Federal, por diversos motivos que lembrarão a discreta, mas muito eficiente contribuição entre tribuna, plenário e comissões. Lembro particularmente o que nascia de sua iniciativa, há quase treze anos atrás, em pronunciamento que preconizava um estudo, pela então Comissão de Educação do Senado Federal para a criação da universidade federal na região do Vale do Cariri, fato que logo em seguida se transformaria em projeto de Lei. Hoje temos, brilhando e exuberante, a nossa Universidade Federal do Cariri nascida daqueles mesmos lampejos e gestões que se ensaiavam por sua voz e esforço, e pouca gente ainda vai se lembrar que Reginaldo Duarte existia naquela época, iluminando os caminhos que nos conduziriam a esta conquista. É sempre assim, senador, e isto não poupou nem o nosso sempre lembrado Antonio Martins Filho, tido e havido como o grande condutor da criação em 1954 da nossa Universidade do Ceará, e que reconheceria muitos anos depois o papel insubstituível do juazeirense e deputado federal Antonio Xavier de Oliveira, como o mentor exclusivo da ideia. Mas você, senador Reginaldo Duarte, e isto é muito bom que nunca esqueçamos, cumpriu muito bem o que lhe foi posto como representante que se fez legitimamente e dignificou sua trajetória com algumas marcas que permanecem guardadas nos arquivos da nação, embora lamentemos a nossa curta memória. O Cariri, vez por outra, pelo menos, tem que olhar e reverenciar estes exemplos que ficaram entre o tempo e o vento, para que este nosso aprendizado de cidadania mais se exerça na nossa maturidade e o nosso esclarecimento de que é fundamental que sempre saibamos escolher bem os que nos representam, porque nisto não fazemos nenhum favor. Desejo, portanto, senador José Reginaldo Duarte, cumprimenta-lo nesta tarde, a si e a todos estes privilegiados do seu entorno, entre amigos mais próximos e familiares amados, fazendo votos por sua felicidade pessoal, traduzindo, se assim é possível, a nossa querência e estima, desejando que este momento muito se alongue, num preito ao nosso sentido mais sincero de afeto e gratidão. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 11.03.2015) 

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