segunda-feira, 29 de junho de 2015

BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
166: (27.06.2015) Boa Tarde para Você, Gilberto Soares Silva
“Olha pro céu meu amor / Veja como ele está lindo / Olha pra'quele balão multicor / Que lá no céu vai sumindo. Foi numa noite / Igual a esta / Que tu me deste / O teu coração / O céu estava / Todinho em festa / Pois era noite de São João / Havia balões no ar / Xote e baião no salão / E no terreiro o seu olhar / Que incendiou meu coração.” 
Na canção deste centenário Luiz Gonzaga, Gil, estão algumas das lembranças mais afetuosas destas celebrações, pois sertão e mar enchem-se de cores, ritos e alegrias, e não há nenhum outro período do ano em que estas comemorações tem mais nos encantado pelos séculos. Outrora, eram apenas os dias mais próprios, como 13, 24 e 29, e hoje, por onde se anda, especialmente através do interior do país, os festejos juninos fazem um calendário extenso, relembrando tradições de nossa cultura. Gostaria de lembrar, cumprimentar e agradecer pelo imenso serviço que a Quadrilha do Gil presta à nossa cultura, realizando comemorações cheias de eventos, de manifestações folclóricas, de muitos símbolos e principalmente de forte ligação ao tradicionalismo histórico. Sendo festas que nasceram na ambiência rural, elas ainda hoje conservam um modus que reproduz vida, hábitos e cultura de interior, guardando os símbolos maiores, como a fogueira que se acende no dia de São João, marco da cena religiosa do nascimento de João Batista. Infelizmente, esta tradição em parte teve de ser contida por instrumento legal, em razão dos avanços da civilização, deste progresso que tanto contribuiu para a urbanização do mundo, e encheu cada lugar, de sertão a litoral, com reservas de materiais combustíveis, incendiáveis ao cair dos balões. O casamento mututo é uma sátira ao tradicionalismo, uma caricatura com elementos flagrantemente contrários às regras sociais, com uma noiva grávida, um noivo bêbado, rebelde ao casamento, presa do futuro sogro com o apoio do delegado e pela força de uma arma, aos pés de um padre. Desde o século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e foi fortemente influenciada por danças nacionais, acrescidas de evoluções ritmicas e alguns passos assemelhados à origem francesa e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. Recai sobre a escola de nossos dias a tarefa urgente de continuar, pedagogicamente, cultivando as tradições juninas, conduzindo o educando na compreensão histórica das manifestações, para orientar no sentido de que estas origens não se percam no trato modernoso de tantos novos ritos. Evidentemente, Gil, num mundo em evolução é necessário incorporar novos elementos que contribuem para a realização destas festas, como o forte apelo Hi Tech, com novos sons, imagens, alegorias, vestuário, ambiente, efeitos e cenografia, tornando a celebração um grande show audio-visual, um espetáculo que muitos vêem como atentado e descaracterização destas tradições. Em alguns aspectos isto já era notado no vestuário antigo, como deturpação, pois se criou um guarda roupa de caipira que era produzido com muitos remendos e retalhos de tecidos, para expressar a simplicidade do povo e do uso de roupas modestas. 
Hoje, pela glamurização do festejo, o guarda roupa é absurdamente colorido e estiloso, o que torna a quadrilha mais apreciada, um grande espetáculo de noitadas e apresentações em concursos para a escolha dos melhores em várias categorias, em aparente desvio das origens e da tradição. Outro aspecto questionável diz-se da invasão perniciosa da música eletrônica, a presença mais frequente de bandas de forró, tão em voga na atualidade, especialmente do Nordeste, em detrimento dos tradicionais conjuntos típicos dos forrós “pé de serra” com os ritmos clássicos de xote, xaxado, e baião. A Quadrilha do Gil elegeu para este ano a temática que fala da cidade fantasma de Cococi, nos Inhamuns, e isto é salutar, pois as festas juninas devem compreender possíveis incursões na história, na religião, na literatura, na gastronomia, na dança, na música, nas brincadeiras lúdicas, no artesanato, no teatro, no folclore e em quaisquer elementos típicos destas tradições. Parabéns, Gil, e a todos os integrandes deste numeroso grupo da sua quadrilha que faz a grande alegria deste período junino, fortalecendo os nossos vínculos históricos, religiosos e culturais. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 27.06.2015)

BOA TARDE (II)
167: (29.06.2015) Boa Tarde para Você, Carlos Oliveira Silva
Há vários anos eu escrevo um livro sobre as minhas memórias como antigo residente na Rua São José, e recentemente fiz um passeio sobre a rua como nunca antes havia feito, me deleitando em passos vagarosos, rebuscando cada detalhe que me remetesse àquelas lembranças. Deparei-me com muito carinho diante daquele velho casario ainda existente, quase sempre tão familiar, através de marcos ainda indeléveis desta memória, embora com a desfiguração de alguns deles, e não pude deixar de sentir um lamento profundo que permeia a vida mais recente do lugar. Senti a cada passo a ausência terna de gratas figuras, como de você Carrapeta, meu amigo naqueles anos 50-60, num imaginário que fiz ressurgir diante daquela desorganização urbana que permitiu a invasão de tantos negócios, como bares, lojas, repartições, consultórios, hospitais, laboratórios, hotéis, pousadas e ranchos, no outrora pacato recanto de moradias familiares. Nossas famílias, como a sua, de Lôzinha e Raimundo José, ainda estão por aqui, nas poucas casas que restaram, criando seus netos e bisnetos, e vivendo desta alegria fraterna com a velha tradição das rodas de calçadas na boquinha da noite, das renovações e das festinhas de aniversários. De tão agradáveis, Carrapeta, não há como não reviver este encanto, aquele prazer de participar daquelas rodas onde se falava de tudo, inclusive da vida alheia, e não se deixava de falar dos fatos do dia, da política daqueles tempos de Gogó e Carrapato, das notícias dos parentes que chegavam pelo correio, e os poucos fatos interessantes que ouvíamos pelo rádio, com bateria de automóvel. Lembrei do velho e tão amado itinerário das bodegas mais próximas, como a de seu Deca, a de Catarina, a de Firmino Teixeira, a de Albis Sobreira, a de seu Toinho Rocha, a de Dona Lucilia (a portuguesa), a de dona Isaura Arrais, e até as de mais longe como as de Eliseu Bispo, de Zuza Marques, de Onildo e de Aureliano Pereira, bodegas onde íamos comprar cera de abelha, pirró e cocadas, bolas de gude, pião e carrapeta, papel e lapis, brinquedos e mantimentos de casa. Como esquecer, Carrapeta, os agradabilíssimos passeios aos engenhos das redondezas, nas temporadas de moagens, entre o Salgadinho, as Malvas, e o Logradouro, para sair dali com as mãos cheias de pedaços de batidas e generosas varas de cana carregadas de mel para fazer alfenin. E não lembrar todos os jogos e brincadeiras de ruas, tudo mais simples que a eletrônica de hoje, tudo feito tão artesanalmente com sucatas de peças de automóveis, de madeiras e compensados, e de couros, que íamos buscar nas das oficinas de Siri, de Antonio Avelino e de dona Lôzinha. E nos invernos de boas chuvas, os banhos de rua nas bocas de jacarés, as enxurradas das águas rua abaixo e a nos carregar com jangadas improvisadas, sem nenhuma preocupação pelas consequências das gripes e resfriados. Sem falar, é claro, do que mais nos aventurávamos, com você à frente, com Cícero de Zé Izidro, com Ricardo de João Guilherme, com Francisco de Pretinha, com Zezo de Fabião, com Ricardo de Otacílio Leandro e tantos outros, nos banhos de rio, no Salgadinho. Foi numa destas aventuras de fim de tarde que eu, ainda tão frangote, sem nenhuma vivência, sem saber como se dava uma braçada de nado, me arrisquei a cair na corrente do Salgadinho, num daqueles buracos turbulentos da Boca das Cobras, para me ver em aflição, quase afogado. Você, Carrapeta, até mais franzino que eu, veio em meu socorro, pulou n´água me agarrou pela cintura e me arrancou daquele sofrimento horroroso que parecia me fazer engolir toda aquela água barrenta, sob os olhares atônitos e surpresos dos damais, que o viam corajoso e decidido. Jamais esqueci aqueles momentos dramáticos e os instantes que se sucederam, quando voltávamos para casa ainda um tanto angustiados pelo acontecido, pois teria sido trágico, algo que não se imaginaria reviver, e nem me lembro mais se voltamos ali algum dia. 
Agora, na maturidade da vida, depois de tantos caminhos, de tantas coisas que um dia quero lhe contar, voltei a reencontra-lo para abraçá-lo com imenso afeto, agradecer-lhe na memória do tempo, por seu gesto heróico que seguramente tantos anos me garantiu na vida. Velhos anos, belos e dourados anos aqueles, Carrapeta, pois como me dizia um amigo noutro dia, revivendo cenas deste mesmo viver, aquele era um tempo onde até o futuro era melhor. 
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 29.06.2015)

CINEMATÓGRAPHO (SESC, JN)
O Cinematógrapho (SESC, Rua da Matriz, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 01.07, quarta feira, às 19:00 horas, o filme A DUPLA VIDA DE VERONIQUE (La Double Vie de Véronique, Dir. Krzysztof Kieslowski, França/Noruega/Polonia, 1991, 98min). Elenco: Irène Jacob (Personagem: Weronika/Véronique ), Aleksander Bardini (Personagem: Maestro), Halina Gryglaszewska (Personagem: A tia), Wladyslaw Kowalski (Personagem: O pai de Weronika). Sinopse: O filme abre com a história de Veronika, uma jovem polonesa com um talento absurdo para a música erudita. Sua voz é incomparável. Após conseguir entrar em uma escola de música, Veronika se apresenta pela primeira vez e morre, com um ataque cardíaco. Veronique é uma jovem francesa com um grande talento musical. Sua vida seguia bem até que ela sente como se estivesse só. Perde o interesse na música e acaba se relacionando um manipulador de fantoches, Alexandre Fabbri, que a conduz para uma espécie de conto da vida real. A história é bastante simples: duas jovens, de mesma idade, que não se conhecem, que moram em países diferentes e que têm o mesmo gosto musical, mas que possuem uma ligação metafísica inexplicável. A simplicidade da trama é trabalhada pela direção magnífica de Kieslowski, que conta essa fábula através de imagens, sons, cores e gestos fabulosos. Filme vencedor do prêmio de melhor atriz (I. Jacob), prêmio FIPRESCI e prêmio do júri ecumênico no Festival de Cannes.

CIDADÃOS JUAZEIRENSES
A cidade de Juazeiro do Norte acaba de eleger os seus mais novos cidadão honorários. Vejamos os atos sancionados na Câmara Municipal: 
RESOLUÇÃO N.º 766 de 18.06.2015, pela qual fica concedido o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Ilustre General Francisco Batista Torres de Melo, pelos relevantes serviços prestados a nossa comunidade. Autoria: José Tarso Magno Teixeira da Silva; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Nivaldo Cabral de Moura, João Alberto Morais Borges, Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, José Ivan Beijamim de Moura, Danty Bezerra Silva, Antonio Vieira Neto, Francisco Alberto da Costa, Cícero Claudionor Lima Mota, José Adauto Araújo Ramos, Normando Sóracles Gonçalves Damascena e pelas vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres, Auricélia Bezerra, Maria Calisto de Brito Pequeno e Rita de Cássia Monteiro Gomes.
RESOLUÇÃO N.º 767 de 18.06.2015, pela qual fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Sub Tenente PM Ednaldo Aparecido Costa Moura, pelos relevantes serviços prestados a nossa comunidade. Autoria: José Nivaldo Cabral de Moura; Coautoria: Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha e Danty Bezerra Silva; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, João Alberto Morais Borges, José Ivan Beijamim de Moura, Francisco Alberto da Costa,
Cícero Claudionor Lima Mota, Normando Sóracles Gonçalves Damascena e pelas Vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres, Auricélia Bezerra, Maria Calisto de Brito Pequeno e Rita de Cássia Monteiro Gomes.
RESOLUÇÃO N.º 768 de 18.06.2015, pela qual fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Reverendíssimo Padre Sebastião Monteiro da Silva, pelos relevantes serviços prestados a nossa comunidade. Autoria: Rita de Cássia Monteiro Gomes; Coautoria: João Alberto Morais Borges; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Ivan Beijamim de Moura, Francisco Alberto da Costa, Cícero Claudionor Lima Mota, Normando Sóracles Gonçalves Damascena, Antonio Vieira Neto, José Tarso Magno Teixeira da Silva , José Adauto Araújo Ramos, Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, José Nivaldo Cabral de Moura, Danty Bezerra Silva e pelas Vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres, Auricélia Bezerra e Maria Calisto de Brito Pequeno.
RESOLUÇÃO N.º 769 de 18.06.2015, pela qual fica concedido o Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor Tiago Sobreira de Santana, pelos relevantes serviços prestados à comunidade juazeirense. Autoria: José Adauto Araújo Ramos; Subscrição: Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, Francisco Alberto da Costa, João Alberto Morais Borges, José Nivaldo Cabral de Moura, José Ivan Beijamim de Moura, Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, Rita de Cássia Monteiro Gomes, Maria de Fátima Ferreira Torres, Maria Calisto de Brito Pequeno e Auricélia Bezerra.
RESOLUÇÃO N.º 770 de 18.06.2015, pela qual fica concedido Título Honorífico de Cidadã Juazeirense a Senhora Francisca Elias Ramos, pelos relevantes serviços prestados a nossa comunidade. Autoria: Auricélia Bezerra; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Ivan Beijamim; de Moura, Francisco Alberto da Costa, Normando Sóracles Gonçalves Damascena, Antonio Vieira Neto, José Adauto Araújo Ramos, Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, José Nivaldo Cabral de Moura, Danty Bezerra Silva, João Alberto Morais Borges e pelas Vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres, Maria Calisto de Brito Pequeno e Rita de Cássia Monteiro Gomes.