segunda-feira, 23 de junho de 2014

 BOA TARDE
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
043: (23.06.2014) Boa Tarde para Você, Marcos Tavares
Há poucos dias atrás, o jornal O Alternativo, periódico que você, Marcos Tavares, fundou em 2006, deveria ter chegado às bancas, para a aquisição de seus leitores. Seria a sua edição de número 50, e estamos esperando. Mas, que pretensão essa minha em dizer tal coisa. Uma cidade como esta não tem, senão, uma única banca de jornais na Praça Pe. Cícero, e não importa se o jornal vem com seu preço estampado, pois não vende. É sempre assim: os nossos jornais, especialmente estes da resistência democrática, vivem da distribuição gratuita e de sua circulação dirigida. Lamento muito isto, pois considero, de fato, que o Alternativo é uma dessas vozes da livre imprensa. Repasso, então, e com grande atualidade, a matéria de fundo da última edição, com o clamor necessário para o estado de abandono de nossa Praça Pe. Cícero. Até conferindo as ilustrações fotográficas, se percebe esta atualidade da denuncia. Faço coro com o que afirma, “a Praça Padre Cícero é o retrato da política de abandono que se encontra Juazeiro!”  Esse abandono, Marcos, você nos indica que reside primordialmente numa concepção de que a iniciativa privada alarga os seus domínios sobre o espaço público. É assim que também penso. Os últimos governos foram excessivamente permissivos ao admitir que a praça pode e deve comportar inúmeras biroscas para vender batata frita, sorvete e refrigerantes. Mais que isto, Marcos, fica claro que pode cada uma daquelas barracas alargar o seu domínio espalhando mesas e cadeiras para seus clientes. Pode cada uma deles, se desejar, por uma maquina de fritar, churrasqueiras, balcões frigoríficos e outros equipamentos, além do espaço que lhe cabia. Vem no bojo destas permissões e omissões de fiscalização, a existência dos que não tem autorizações, ou se tem – ignoramos, para usar muitos outros espaços do entorno. Então, a Praça virou um grande mercado, expulsando os viventes desta cidade que se conformam em apenas atravessá-la apressadamente. Como a permanência ali é pequena, pois ela é hostil, pela presença de todo tipo de incômodo, fica nos faltando este lado inconformado da nossa indignação que deveria propor, de forma incisiva o restaure-se a moralidade para com aquele coração da velha cidade. A revisão de sua instalação elétrica, por exemplo, obra contratada pela prefeitura, que já existia em dezembro passado, continua ainda sem solução. Assim, a praça está cheia de buracos que causam mais transtornos. A fonte sem uma gota de água e servindo de depósito de lixo. Você sabia, Marcos, que o poço que deveria servir à Praça é o mesmo que manda água para o Hotel, gratuitamente, entregue à exploração da iniciativa privada? O relógio – pode até marcar certo, mas badala com quase meia hora de atraso, e por aí a lista dos descalabros que aguentamos. Sem falar dos seus jardins mal cuidados e do arvoredo que tanto nos acolhia. Enfim, lamentamos muito, como você, amigo Marcos Tavares, que não obstante o papel imprescindível desta imprensa do Alternativo, os nossos homens públicos tenham sido transformados em entidades privadas, presas preferenciais da sanha violenta do capital, única razão da vidinha miserável que experimentam. Enquanto isto, vida longa para o Alternativo, assim desejo e espero.

CLUBE CACHO DE ARROZ
Como todos sabem, e está na enciclopédia eletrônica, Dr. Mozart Cardoso de Alencar nasceu em Barbalha, a 28 de maio de 1903, e faleceu em  Juazeiro do Norte, a 15 de dezembro de 1996). Foi um médico, político e poeta. Iniciou os estudos no Colégio Diocesano do Crato, depois foi para o Liceu do Ceará, em Fortaleza. Em 1926, entrou na Faculdade de Medicina da Bahia, onde cursou apenas quatro anos, transferindo-se em seguida para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, instituição em que adquiriu o título de bacharel em 20 de dezembro de 1930. No ano seguinte, retornou ao Cariri cearense, assumindo o primeiro posto de saúde de Juazeiro do Norte. Em 1936, assumiu a chefia do Serviço de Peste Bubônica do Crato. Médico particular de Padre Cícero, acompanhou o sacerdote nos seus últimos dias de vida. Em 1948, ingressou na política, elegendo-se vereador em Juazeiro do Norte, sendo reeleito na legislatura seguinte. Em 1973 foi eleito prefeito do município. Mas, certamente como poeta ele sempre será lembrado. Transcrevo abaixo uma de suas produções, frequentemente muito irônicas, a respeito de um certo Clube Cacho de Arroz, fato que me foi passado por Luiz Afonso Cavalcante Gomes. Eis o que nos diz o amigo, por e-mail: “Estes versos de Dr. Mozart, guardei-os por mais de 40 anos. Hoje, ele serve para a velha guarda relembrar parte dos anos dourados e da verve do nosso saudoso amigo e poeta. Lalá Mendonça e o seu inseparável amigo José Nilson (parece-me que Felix), de saudosa memória - notaram que havia um enorme secador de arroz (a descoberto). O piso feito com um cimento lizinho, próprio para dançar. Protegido por um muro baixo (1,5 m) e com um portão da mesma altura, fechado a ferrolho, literalmente aberto, convidava os dois para uma aventura, que logo puseram em prática. Presepeiros como eram, trataram logo de bolar uma maneira de movimentar o local e claro, salvar alguns trocados. Contrataram o dono de uma banda, conhecido como Jaime do piston, que com uns 2 ou 3 elementos, seriam os responsáveis pela animação do novel Clube “Cacho de Arroz”, além de contarem com a bela voz de  Fernando Menezes. Foram à praça Pe. Cícero e comunicaram aos jovens que passeavam com suas namoradas, informando que estava havendo um arrasta-pé no clube “CACHO DE ARROZ“, sediado junto a Capela de S. Vicente. Não deu outra. Encheu. Todos que entravam (com exceção das moças) eram cotizados em 5 cruzeiros (acho que era cruzeiro na época) e depois de espalhada a noticia, o clube dia após  dia,  ia aumentando o número de frequentadores. Cilon Costa, era o cobrador da cota. Dr. Mozart conta a história do nascimento e o final do clube. Aqui vai. Fortaleza, 4 de Maio de 2014. Para os meus amigos, especialmente os conterrâneos da velha guarda, com o meu abraço. Luiz Afonso Cavalcante Gomes”

A FESTA DO CLUBE CACHO DE ARROZ
Dr. Mozart Cardoso de Alencar

NA PRAÇA DE S. VICENTE,
TODAS AS NOITES, HAVIA
UMA FESTA ANIMADA,
LOGO AO ANOITECER DO DIA,
RAPAZES, MOÇAS, GAROTAS,
QUASE TODO MUNDO IA.

CARLOS ALBERTO MENDONÇA,
ERA O COBRADOR DA COTA,
CILON COSTA LHE AJUDAVA,
DE VEZ EM QUANDO, UMA VOLTA,
A COTA DE TAUMATURGO
QUEM PAGAVA ERA O OTA (Othon Mendonça)

IDEVAL, - SEMPRE NA FRENTE (Ideval Coelho)
DIZIA COM SEUS BOTÕES:
NESTA FESTA EU SOU O BAMBA,
E NEM GASTO MEUS TOSTÕES...
PAULO E LUIZ DE MATOS  (Paulo Magalhães)
ERAM ALI OS CAMPEÕES

O TOCADOR DA FESTINHA,
ERA JAIME DO PISTON,
A ORQUESTRA ESTAVA BOA
PARECENDO UM ORFEON
TODA TURMA MUITO ALEGRE,
SE DESTACANDO O CILON.  (Cilon Costa )

A COISA JÁ MELHORAVA,
DIA-A-DIA IA AUMENTANDO,
QUANDO DAVA SEIS E MEIA,
TODA TURMA IA CHEGANDO,
COM VIOLÃO E PANDEIRO,
FERNANDO MENEZES CANTANDO.

IA TUDO MUITO BEM,
NÃO PARAVAM DE DANÇAR,
VIVA O CACHO DE ARROZ !
GRITAVAM AQUI E ACOLÁ,
FESTA ASSIM NÃO PODE HAVER,
NOSSO CLUBE É SINGULAR...

O “TREZE” NÃO PEGA LETRA,
O “DOZE” VAI SE ESCONDER,
POIS O CACHO DE ARROZ,
PRÁ NINGUÉM PODE PERDER
TOCA O BAILE PARA A FRENTE,
DEIXA O DIA AMANHECER.

CONTINUAVA OS FESTEJOS,
REINANDO MUITA ALEGRIA,
MARCHA, SAMBA, FOX, RUMBA,
E O CHORO “ESCADARIA”,
O SALÃO MUITO ESPAÇOSO,
CADA VEZ MAIS SE ENCHIA.

A TURMA DIZIA CONTENTE:-
NOSSO CLUBE É UMA ATRAÇÃO !
DESCONHECEMOS TRISTEZA,
MÁGOA E CONSTERNAÇÃO,
AQUI SÓ TEM ALEGRIA,
PRAZER E SATISFAÇÃO...

FERNANDO ESTAVA CANTANDO,
UM BOLERO APAIXONADO,
COM O TÍTULO DE “TALVEZ”,
POR TODOS APRECIADO,
E NO TALVEZ... TALVEZ...  TALVEZ...
O CANTOR FICOU CALADO.

TALVEZ, TALVEZ, UMA PORRA !
SEU ÂNGELO, MANDOU PARAR
É UMA VERDADE PURA,...
VÃO PRO INFERNO DANÇAR ! ...
MEU SECADOR DE ARROZ,
É PARA O MEU ARROZ SECAR ! ...

COM A FALA DE SEU ÂNGELO,
A TURMA “PEGOU A RETA”
FIZERAM “LISTA NA ESTRADA“
NUMA VIAGEM DIRETA...
UNS,  ATÉ PULARAM O MURO,
DEIXANDO A FESTA DESERTA ...

ASSIM ACABOU A HISTÓRIA
E O CLUBE TERMINOU...
E O “ CACHO DE ARROZ “,
SÓ NA HISTÓRIA FICOU ...
RESTA SÓ SABER AGORA,
QUEM FOI O SEU FUNDADOR...

EI, PSIU...
Já está sendo distribuída pela região do Cariri a segunda edição deste Psiu. É um pequeno (apenas no tamanho) e muito bem cuidado roteiro sobre as potencialidades turísticas, gastronômicas e de diversos serviços da região. Excelente trabalho da Editora 309, sobn a direção de Renato Fernandes e Isabela Geromel. Apanhe o seu e verá que tem tudo a lucrar, inclusive descontos em suas compras. Veja lá.









JOÃO PEDRO DO JUAZEIRO (I)
Recebo pelo correio, do querido amigo cordelista e xilógrafo João Pedro Carvalho Neto (João Pedro do Juazeiro) suas últimas produções, enfeixadas em dois volumes: Xilocordel – xilo e cordel, Arte e Cultura, e Balaio de retalhos. O João mantém em Fortaleza a sua Tipografia Padre Cícero, que é um misto de laboratório, gráfica e escola. Assim, continua pesquisando, formando novos quadros, e fazendo xilogravura e imprimindo os folhetos de sua autoria e de tantos outros poetas. Ele criou também o clube do cordel, que com assinaturas de interessados, permite que mensalmente ele envie a cada um dos assinantes um pacote com uma dezena de novos folhetos.

JOÃO PEDRO DO JUAZEIRO (II)
Fruto do trabalho de João Pedro do Juazeioro, eis aí as imagens de capas dos últimos folhetos do Clube do Cordel. Os interessados em obter exemplares destes trabalhos, podem consultá-lo através do endereço: Rua Princesa Isabel, 97 – 60.015-060 Fortaleza, CE ou pelo e-mail: joaopedro-juazeiro@hotmail.com. 


JORNALISMO ANALFABETO
O jornal O Dia, do Rio de Janeiro, estampou na sua edição do último dia 21: Daniel Alves: O sensível cabra da peste. Lateral defende choro na hora do hino e apoia amigo Fred. Rio - O nordestino é, acima de tudo, um bravo. O baiano de Juazeiro do Norte, que venceu muitas batalhas para fazer sucesso no futebol, tem a frieza para as suas ideias, mas sentimentos para entender que um homem também pode chorar ouvindo o Hino Nacional, sem necessariamente perder sua concentração em campo. No peito de Daniel Alves também bate um coração... (Não é a primeira vez na imprensa nacional. Sem comentários, mesmo ao calor desta Copa do Mundo.)