quarta-feira, 24 de junho de 2015


BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
163: (17.06.2015) Boa Tarde para Você, Dr. Francisco Carlos Macedo Tavares
Cumprimento-o nesta tarde, meu caro amigo Dr. Carlos Macedo e parabenizo-o por sua iniciativa de, concretamente, estabelecer-se profissionalmente a serviço mais de perto da comunidade do bairro do Pirajá, pondo em funcionamento a sua clínica de atenções sobre a saúde da população. E o Pirajá, bem como o seu entorno, com outros bairros que alargam seu território, é hoje sem dúvidas uma área importantíssima desta cidade a reclamar atenções por iniciativas desta natureza, e mais ainda dos cuidados do setor público, dada a gravidade de muitas de suas demandas. Hoje eu resido nas proximidades do Pirajá e tenho percebido com muita clareza a dimensão quase insuportável de sua problemática social, mercê de uma infraestrutura capenga que o poder público insiste em perpetuar, não obstante os clamores da população. Ao atender um povo que padece de enormes angústias com respeito a tantas coisas, mas especialmente aos cuidados com a saúde pública, sobra-lhe Dr. Carlos Macedo, sensibilidade e compreensão para lidar com algumas destas coisas que poderiam mitigar tais sofrimentos. Afinal, como homem público que é, você é destas pessoas privilegiadas que bem alinhavam compreensão e sensibilidade para orientar ações que uma voz qualificada para compor esse compromisso civil de responsabilidade social em defesa do bairro que agora mais de perto serve. Ainda ontem, bem próximo à sua clínica da Av. Ailton Gomes, eu vivi alguns instantes de um destes recortes diários que nos chocam, ao conhecer mais de perto a situação precária da comercialização de alimentos no Mercado do Pirajá e das ruas que o cercam. Chamo sua atenção, Dr. Carlos Macedo, para a gravidade que é esta atividade tão importante, a ponto de ser elo expressivo da garantia que se pode dar a uma população carente em busca de vida saudável, com segurança alimentar garantida ao cidadão que procura um serviço como este. Quando se entra na área de negócios de produtos alimentícios no bairro do Pirajá, desta chamada primeira necessidade, tem-se um choque brutal pela desorganização, pelo desrespeito e por toda a sorte de contravenções que se poderiam perpetrar com a saúde da população. Com o perdão da palavra, o mercado do Pirajá mais parece uma pocilga e na esteira da grande ausência de um serviço que inspecione e controle a sanidade deste negócio, bem se vê como por esta via a população mais se enche de mazelas, afetando o seu precário perfil de saúde. Foi o que presenciei, de forma chocante, quando vi de perto, por exemplo, que comerciantes de hortifrutigranjeiros, com seus produtos expostos diretamente em contato com o péssimo calçamento da via, dispondo de produtos em oferta, deles fazer vassouras com a quais improvisavam uma pretensa limpeza do local, para em seguida reunir tudo como alimento a ser vendido. Que coisa horrorosa esta, Dr. Carlos Macedo, dizer que somos gente civilizada que temos regras, tratados e instituições para cuidar disto e o que vemos é o abandono criminoso da coisa pública para que cenas horripilantes como estas façam o nosso dia-a-dia de lamentações! Não faz muito tempo, a municipalidade renovou parte desta retaguarda competente, arrimada em um Conselho Municipal de Segurança Alimentar e este até se reuniu em torno de outros segmentos da sociedade numa Conferência para repassar necessidades e estratégias necessárias e competentes. No duro mesmo, mais um daqueles bla-bla-blás costumeiros, legalmente estatuídos no seu aparato legislativo, mas que na prática só demonstra como são pouco eficientes estas iniciativas diante do que se tem tão objetivamente para realizar, como a inspeção sanitária a cargo do município. O que acontece com o Mercado do Pirajá é parte da calamidade geral, instalada em todos os pontos de negócios de alimentação, tanto de suprimentos como o de alimentos prontos para consumo por parte de uma população que tem mudado substancialmente o seu modo de vida para dispô-lo frequentemente, fora de seu próprio domicílio. Por coisas como estas, partilho consigo, Dr. Carlos Macedo, de apreensões que se antecipam ao nosso próximo voto popular nas eleições, exatamente porque nos vemos mais uma vez diante da perversa conjuntura política onde nada se renova e pouco se faz, depois de tanta promessa. Um grande abraço a você, e daqui brademos para fazer algo de bom em melhores dias no Pirajá.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 17.06.2015)


BOA TARDE (II)
164: (22.06.2015) Boa Tarde para Você, Walderez Pereira de Menezes
Vez por outra, na elaboração destas páginas, ao encargo prazeroso destas crônicas, eu me encarrego de fazer uma discreta memória sobre o lado mais encantador da formação de minha terra, focando meu olhar sobre os valores humanos que se associaram à minha própria existência. Embora amadoristicamente eu tenha uma forte inclinação para ser o narrador da contemporaneidade, eu não me furto de fazer exercícios de campo com história oral, porque ela é plena de uma experiência continuada na vivência de testemunhos e emoções. Nesta tarde, trago para estas linhas os meus cumprimentos a uma destas antigas amigas de minha família, na pessoa de Maria Walderez Pereira de Menezes, assim como seria pelo batistério de uma garota aqui nascida em 31 de agosto de 1929.
Walderez é destas pessoas que tem um laço comum a esta cidade, pois seus pais aqui chegaram no começo do século passado, em 1903, atraídos pelos mesmos motivos como de tantos milhares que aqui chegaram, como se para viver de oração e trabalho numa Nova Jerusalém. Assim, João Pereira Cansanção, que vivia de comércio ambulante, e Joana Farias de Melo, aqui se conheceram, casaram-se em novembro de 1911, geraram tantos filhos e foram felizes para sempre, numa cidade que apenas começava. Se todos os seus filhos tivessem sido criados, teria sido uma prole enorme, com 27 filhos, mas destes apenas onze tiveram vida adulta e fizeram outras gerações, em diversas famílias que continuam fazendo a grandeza do povo desta terra. Dos irmãos de Joana, dos quais se poderia lembrar Maria, Carmina e Zeca, havia também o Manoel que de mais entendido na sua genealogia, não teve dúvida em recuperar uma antiga raiz alagoana da sua família fazendo registrar entre os primeiros e nos demais a contribuição do ramo Menezes. Walderez é fruto do oitavo nascimento em família, que já dera a luz do mundo a Maria Menezes, Eudócia, Alzira, Francisco, Lourdes e Maria do Espirito Santo (a Santinha), e ainda mais viria com os nascimentos de Valdir, Zenilda e Vicente. Eu tive Maria Menezes, esta adorável irmã de Walderez, como minha primeira professora na velha e querida Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte, a mesma escola que a tornou uma das suas primeiras professoras, juntamente com Doralice Soares, minha mãe, dentre tantas outras, em 1938. E foi exatamente Doralice Soares uma das professoras que participaram dos primeiros passos da educação formal de Walderez, na antiga escola que havia no Círculo Operário São José, e que continuaria pelo Grupo Pe. Cícero e Escola Técnica de Comércio, no seu primeiro endereço da Rua São José. A partir de 1954 e nos dez anos subsequentes, Walderez desejou consagrar-se ao serviço da Igreja e ingressou numa congregação franciscana, em Fortaleza, passando pelas atividades de juvenista, convento e noviciado. Por onde passou, em Fortaleza, Teresina ou São Luiz, Walderez dedicou-se especialmente a atividades do magistério, tendo também prestado grande serviço nas colônias de hansenianos em Maracanaú e Antônio Diogo, e no Posto de Puericultura da Capital. Teria sido uma grande vocação religiosa, e ainda hoje se conserva, mulher de grande fé, não fosse a intolerância vivida, para se rebelar contra o que ouvia de que Juazeiro era uma terra de fanáticos, de gente que usava rosário e peixeira, e onde se matava gente como se mata bicho. Walderez achou que este sentimento, a começar por suas superioras, este ranço imperdoável contra seu Patriarca, sua terra e sua gente, que era inconciliável com a suas convicções e não teve dúvidas em deixar o Convento às vésperas de seus votos perpétuos. Voltou para o convívio da família, aqui se dedicou ao comércio local ao lado dos irmãos Valdir e José Menezes e ainda completou sua formação capacitando-se em Enfermagem. Dentro de breves dias, Walderez, você estará chegando aos seus 86 anos e nós vamos presenciar isto, fazendo votos por uma vida muito mais longa, pois eu quero que você saiba como foi maravilhoso reencontrá-la para festejarmos juntos esta grande graça.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 22.06.2015)

CINE CAFÉ (CCBNB, JN)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe hoje, dia 27.06, sábado, às 17:30 horas, o filme Lado selvagem (Into the wild, USA 2007), drama dirigido por Sean Penn. Elenco: Emile Hirsch, Marcia Gay Harden, William Hurt, Jena Malone, Catherine Keener, Brian Dierker, Vince Vaughn, Zach Galifianakis, Kristen Stewart, Hal Holbrook. Sinopse: Em 1990, com 22 anos e recém-licenciado, Christopher McCandless ao terminar a faculdade, doa todo o seu dinheiro a uma instituição de caridade, muda de identidade e parte em busca de uma experiência genuína que transcendesse o materialismo do cotidiano. Abandona, assim, a próspera casa paterna sem que ninguém saiba e aventura-se na estrada. Perambula por uma boa parte da América (chegando mesmo ao México) à boleia, a pé, ou até de canoa, arranjando empregos temporários sempre que o dinheiro faltasse, mas nunca se fixando muito tempo no mesmo local pois, Chris acaba por abandonar o seu carro e queimar todo o dinheiro que levava consigo para se sentir mais livre. Desconfiado das relações humanas e influenciado pelas suas leituras, que incluíam Tolstoi e Thoreau, ansiava por chegar ao Alasca, onde poderia estar longe do homem e em comunhão com a natureza selvagem e pura. O que lhe acontece durante este percurso transforma o jovem num símbolo de resistência para inúmeras pessoas. Christopher dá igualmente início a uma aventura começando por fazer uma capucho ao Alex que mais tarde viria a encher as páginas dos jornais e que termina com a sua morte no Alasca. Sean Penn vai intercalando a viagem de McCandless com breves flashbacks do seu passado, narrados em voz off pela irmã de Chris. Chistopher quer fugir de uma família materialista, hipócrita e cheia de mentiras. Penn tem olho de cineasta e a sua câmera vai captando melancolicamente, com vagar e gosto, a paisagem americana, ao som da excelente trilha sonora de Eddie Vedder, embalando o espectador, que é quase hipnotizado pelas imagens e som. Penn tem ainda a maestria de não entrar muito pelo lado místico ou esotérico do rapaz tímido, mostrando-nos apenas o lado de McCandless extremamente simpático, uma pessoa que faz amigos com facilidade, com uma simpatia espontânea, onde apenas se entrevê uma certa tristeza interior, não obstante toda a força que possui. Claro que a isto não é estranha a tranquila mas marcante interpretação de Emile Hirsch. Tal como aconteceu com o excêntrico Timothy Treadwell, retratado em 'Grizzly Man', também aqui McCandless não é bem tratado pela rude e impiedosa natureza que tanto amou, e onde procurou uma solução para o seu vazio. O tocante final do filme, é o derradeiro motivo para admirarmos esta sétima obra de Sean Penn atrás da câmara. Era Christopher McCandless um aventureiro heróico ou um idealista ingênuo, um Thoreau rebelde dos anos 1990 ou mais um filho americano perdido, uma pessoa que tudo arriscava ou uma trágica figura que lutava com o precário balanço entre homem e Natureza e contra o materialismo da sociedade? Podem se seguir discussões e debates para decidir se era ele uma resposta a uma sociedade doente ou um jovem intenso demais em tudo que fazia. Porém, todo julgamento que fizermos dele será hipotético: sobre alguem que atravessou as fronteiras de si mesmo e chegou onde poucos habitam, que experimentou o seu jeito de viver e concluiu que seu lugar no mundo não era tão ruim assim. Mas já era tarde demais para voltar, ele já estava onde o julgamento nem bem compreende e nossa sociedade isolada em suas redes de comunicação não pode sequer supor.

XILOGRAVURA: PATRIMÔNIO IMATERIAL
A municipalidade juazeirense acaba de sancionar uma lei que declara a arte de xilogravura patrimônio imaterial de nossa cultura. Vejamos o ato. LEI N.º 4492, de 15.06.2015: Art. 1.º - Considerando o art. 15, inciso III da Lei Orgânica do Município de Juazeiro do Norte, ficam declarados como Patrimônio Cultural e Imaterial do povo juazeirense, a arte de fazer xilogravura e o cordel literário. § 1.º - Considera-se xilogravura a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre papel ou outro suporte adequado. § 2.º - Considera-se cordel o Gênero Literário popular, escrito de forma métrica e rimado, poética e/ou narrativa e depois impresso em folheto de tamanho padronizado com ou sem figura de xilogravura. Art. 2.º - Para fins do disposto nesta Lei, o Poder Executivo Municipal de Juazeiro do Norte, procederá aos registros necessários nos livros próprios do órgão competente. Art. 3.º - As despesas decorrentes desta Lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias ou suplementadas, se necessário. Art. 4.º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. AUTORIA: Vereadora Maria de Fátima Ferreira Torres.

NOVOS CIDADÃOS HONORÁRIOS
A Câmara Municipal designou formalmente dois novos cidadãos juazeirense: John Herbert Oliveira e o Padre Alessandro Campos. Vejamos os atos. RESOLUÇÃO N.º 764 de 16.06.2015: Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor John Herbert de Oliveira, (Diretor Geral da AFAGU – Assistência Familiar Anjo da Guarda), pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade juazeirense. Autoria: Auricélia Bezerra; Coautoria: Normando Sóracles Gonçalves Damascena e Cláudio Sergei Luz e Silva; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Nivaldo Cabral de Moura, Firmino Neto Calú, João Alberto Morais Borges, José Adauto Araújo Ramos, Cícero Claudionor Lima Mota, Glêdson Lima Bezerra, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Rubens Darlan de Morais Lobo e pelas vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres.
RESOLUÇÃO N.º 765 de 16.06.2015: Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Reverendíssimo Padre Alessandro Campos, pelos inestimáveis serviços prestados à comunidade juazeirense.  Autoria: José Adauto Araújo Ramos; Coautoria: Cícero Claudionor Lima Mota e Cláudio Sergei Luz e Silva; Subscrição: Antônio Cledmilson Vieira Pinheiro, José Nivaldo Cabral de Moura, Firmino Neto Calú, João Alberto Morais Borges, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Pedro Bertrand Alencar Montezuma Rocha, José Ivan Beijamim de Moura, Danty Bezerra Silva, Antônio Vieira Neto, Francisco Alberto da Costa e pelas vereadoras Maria de Fátima Ferreira Torres, Auricélia Bezerra, Maria Calisto de Brito Pequeno e Rita de Cássia Monteiro Gomes.

AEROPORTO DE JUAZEIRO DO NORTE
Voltamos com o balanço mensal do movimento do Aeroporto de Juazeiro do Norte, no tocante a embarque e desembarque de passageiros, pousos e decolagens, bem como o tráfego de cargas despachadas ou recebidas aqui. No tocante à movimentação de passageiros, o Aeroporto continua mantendo um ótimo desempenho, não obstante a lista de demandas insatisfeitas com respeito a melhores condições de operações, especialmente no serviços aos usuários. Aguarda-se com vivo interesse o início das operações da TAM em nosso aeroporto, a partir de 13 de julho na rota Brasilia-Juazeiro do Norte-Recife-Juazeiro do Norte-Brasilia. Outgro fato importante é o que se aguarda com respeito a transformação do aeroporto de Fortaleza, num novo “Hub”, de interesse da TAM, e que estará sendo objeto de uma licitação. Neste mes tivemos como ótima notícia a aquisição do controle da TAP – Transportes Aéreos Portugueses, pela brasileira Azul. É provável que isto tenha em breve algum desdobramento, uma vez que a TAP tem na capital do Ceará, Fortaleza, um ponto de grande importância, há muito explorado pela TAP na rota Lisboa-Europa. Torcemos particularmente para que haja um novo destino na Azul e que ele inclua o tráfego entre Cariri e Litoral. Enfim, grandes expectativas voam pelos ares de nossa região.