terça-feira, 5 de junho de 2012

O PADRE CÍCERO VISTO PELA UMBANDA
É interessante para nós saber o que pensam religiões e seitas a respeito do Padre Cícero Romão Batista. Achamos oportuno inserir aqui um texto oriundo de publicação da Umbanda, de acordo com as ilustrações, onde Cícero Romão Batista recebe o epíteto de SEMIROMBA. Esta palavra, salvo engano, não existe no dicionário da língua portuguesa. Pelo menos em nossa edição do Aurélio. Para os umbandistas, o termo significa “Homem Puro”. Há também a forma SEMIROMBÁ, que se aplica a uma saudação, exaltando as características espirituais de tais homens. Por isto, o título aparentemente estranho para nosso linguajar, do texto que reproduzimos a seguir:

O SEMIROMBA CÍCERO ROMÃO BATISTA
O Conselheiro do Sertão – Devoto tenaz do Rosário e da Mãe Maria Santíssima

Cícero Romão Batista nasceu na Vila Real do Crato, então província do Ceará, em 24 de março de 1844 e faleceu em Juazeiro do Norte em 20 de julho de 1934. É conhecido como Padre Cícero, ou, mais coloquialmente, Padrinho Cícero e mesmo, Padim Ciço.
Iniciou a carreira eclesiástica em 1865, no Seminário da Prainha, em Fortaleza; ordenou-se padre em 1870.
Em 1872, foi nomeado vigário de Juazeiro do Norte, então um pequeno povoado na região do semi-árido cearense; angariou fundos para a construção de uma igreja e passou a desenvolver intenso trabalho pastoral com pregação, conselhos e visitas domiciliares.
Em 1889, durante uma comunhão, a hóstia consagrada por ele sangrou na boca de uma beata chamada Maria de Araújo. O povo considerou o fato um milagre; as toalhas utilizadas para limpar o sangue tornaram-se objetos de adoração; a notícia espalhou-se, e Juazeiro começou a ser visitada por peregrinos, interessados nos poderes do padre. Cícero foi acusado por membros do Vaticano de mistificação (manipulação da crença popular) e heresia (desrespeito às normas canônicas); em 1894, foi punido com a suspensão da ordem. Por todo o restante da vida, Cícero tentou, em vão, revogar a pena.
Em 1898, foi a Roma e encontrou-se com o Papa Leão XIII, que lhe concedeu indulto parcial, mas manteve a proibição de celebrar missas; apesar da proibição, Padre Cícero jamais deixou de celebrar missas em sua igreja em Juazeiro.
Padre Cícero valeu-se do enorme prestígio entre os fiéis para ingressar na carreira política. Em 1911, com a emancipação de Juazeiro, elegeu-se Prefeito e ocupou o cargo por quinze anos; Padre Cícero engajou-se tanto nas disputas políticas entre os oligarcas cearenses que acabou por ver-se na situação de enfrentar tropas federais, enviadas para uma intervenção.
Padre Cícero usou sua popularidade para convencer os fiéis a pegar em armas, e obrigou o governo federal a recuar da intervenção.
Posteriormente, foi nomeado vice-governador do Ceará e eleito Deputado Federal, mas, como não queria deixar Juazeiro, jamais exerceu nenhum desses cargos.
Até sua morte, aos 90 anos, foi uma das mais expressivas figuras políticas do Estado.
Após sua morte, sua fama e seus feitos foram divulgados entre as camadas populares, não raramente com certo exagero dos poetas populares. Embora ainda banido pela Igreja, tornou-se, de fato, um santo entre os sertanejos.
No final do século 20, o Papa Bento XVI, quando ainda era Cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, propôs um estudo sobre o Padre Cícero com a finalidade de, possivelmente, reabilitá-lo perante a Igreja Católica e, eventualmente, beatificá-lo.
(www.viagemdeferias.com/fortaleza/ceara/padre-cicero.php)
“... o padre Cícero tornou-se um líder cristão que ensinou o povo do Nordeste a rezar o Rosário de Nossa Senhora ao mesmo tempo em que mitigava o sofrimento daquela gente simples, explorada e abandonada. Por isso era carinhosamente chamado de Padrinho... (www.idbrasil.org.br)

Disse o Padre Cícero:

“Para ganhar o Céu é preciso ter caridade e não invejar nada de ninguém: que contra a inveja é a caridade; dar esmola ao menos uma vez por dia, de qualquer coisa se dá uma esmola. A caridade não é só dando o que tem não, meus amiguinhos, é também não enfezar os outros e quando se vir um aperreado, ajudar em seus sofrimentos, aconselhando com calma, e se ver uma pessoa pobre, sem ter nada em casa, com um doente, vá e varra a casa, bote água nos potes, lave as roupas, ajude à noite a fazer sentinelas ao doente com todo o silêncio para não incomodar o doente e para ajudar a dona da casa ou o dono, para que eles possam dormir. Os ricos botem no hospital os pobres para se tratar, ou levem um médico para receitar o doente. Tudo isto é caridade”.

“Diariamente aconselhava a milhares de pessoas que se postavam em frente à sua casa para receberem a bênção que era dada depois que rezavam o Rosário e ouviam os conselhos. Não raro faziam-lhe perguntas sobre o inverno, sobre os de suas famílias que estavam ausentes; pediam-lhe remédio para todas as doenças. A todos ele atendia com palavras de conforto. Por onde passava, o povo se levantava respeitosamente pedindo-lhe a bênção e ele abençoava recomendando que “rezassem o Rosário da Mãe de Deus”.

“E quando em 1917 apareceu em Fátima a Virgem do Rosário recomendando a reza do Terço diariamente, em Juazeiro já o Pe. Cícero havia colocado no pescoço dos seus filhos o "Rosário da Mãe de Deus", como ele chamava, e ensinava a dedilhar diariamente suas contas, como meio seguro de obter as graças dos Céus”.
 (“O PADRE CÍCERO QUE EU CONHECI” – Amália Xavier de Oliveira)

“Padre Cícero incentivou o uso do Rosário de Nossa Senhora e a oração como elemento fortalecedor da fé dos nordestinos”. (www.tvpadrecicero.com.br)

Frases do Rosário proferidas pelo Padre Cícero:

“Eu tenho aconselhado sempre a todos que aqui (Juazeiro) vêm que rezem o Santíssimo Rosário da Mãe de Deus em sufrágio e salvação das almas do purgatório, para que ela nos tome e nos guarde e nos livre de tão grandes males, e desses pecadores que tantos crimes e males praticam”.

“Muita gente reza o Rosário da Mãe de Deus, porém poucos são os que sabem do valor e da força do mesmo.Quem o faz com devoção estará livre de qualquer mal, porque mesmo querendo o inimigo prejudicar, Nossa Senhora intervém, evitando qualquer desgraça”.

“A gente fecha a porta é com o Rosário da Mãe de Deus”.

“Rezem o Rosário da Mãe de Deus que é quem nos poderá livrar das calamidades que a maldade e a perversidade dos homens estão atraindo para a Terra”.

“Sejam fiéis em rezar cada dia o Rosário da Mãe de Deus, mesmo andando pelas estradas, mesmo doentes. Não deixem um só dia de rezar.”

Padre Cícero tornou-se famoso por suas curas, principalmente, curas de obsessões. Não temia ninguém. Para os parapsicólogos ele foi um grande paranormal.
Em vida, Lampião, o Rei do Cangaço, o terror das caatingas, foi pelo Padre Cícero recebido, e era seu admirador fervoroso, devotando-lhe grande respeito. Sobreviver na presença de Lampião era respeitá-lo ao máximo, nunca negar nada e falar de Nossa Senhora Aparecida, Santa que era extremamente devoto)

“... Quanto ao relacionamento de Padre Cícero com Lampião há várias versões para a história, ligadas ao famoso encontro dos dois”.... “de Padre Cícero Romão Batista, Lampião ganhou mesmo foi um puxão de orelha pela vida desregrada do cangaceiro, que ainda exigiu que ele saísse de Juazeiro e deixasse a vida de cangaço”... “Entre seus devotos há uma crença de que padre Cícero recebia bandidos, mas para regenerá-los. ‘O bandido tinha de trocar a arma pelo Rosário’, seria a idéia do padre”. (www.eunapolis.ifba.edu.br)

Para os umbandistas, o Padre Cícero é considerado um Espírito de grande estima, e está ligado a Irmandade de Trabalhos Espirituais dos Semirombas. Boa parte dos Terreiros possuem sua imagem com seu cajado.

Padre Cícero apadrinha a Legião dos Exus Cangaceiros de Oxalá – dirigida pelo Exu Lampião, uma das Legiões especializadas na libertação dos Espíritos aprisionados no Vale das Sombras.


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