sábado, 9 de dezembro de 2017



BOM DIA!
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XXIV)
Por Renato Casimiro
Uma revista de variedades, das mais famosas que foram editadas no Brasil, e que circulava amplamente em todo o território nacional, foi o Jornal das Moças, que como periódico semanal foi editado entre 1914 e 1965, embora tenha sido fundado em 1913, por Agostinho Menezes, no Rio de Janeiro, que para tal criou a empresa Editora Jornal das Moças Ltda. Cada edição tinha cerca de 75 páginas, com bons textos e ilustração farta. Seu foco era a preferência feminina, através de matérias de seu amplo interesse, nas áreas de economia doméstica, literatura em prosa e verso, humorismo, curiosidades, culinária e gastronomia, moda, sociedade, etc. Na Biblioteca Nacional há uma excelente coleção digitalizada para consulta on line, pela internet. Segundo uma ótima Tese de Doutoramento, de uma professora da UECE, (Almeida, Nukácia Meyre Araújo. Jornal das Moças: leitura, civilidade e educação femininas (1932-1945). 2008. UFC, Faculdade de Educação, Fortaleza-CE, 2008: “O projeto editorial do Jornal das Moças (JM), assim como outras revistas ilustradas da 1ª metade do século XX, inspirava-se nos magazines ilustrados ou nas revistas de variedades do século XIX, os quais, por sua vez, copiavam modelos europeus, sobretudo os franceses. Destinada ao público feminino, o JM seguia os padrões das publicações de sua época inclusive em relação ao nome. Como no início da imprensa, jornal e revistas se distinguiam mais pelo conteúdo do que pelo formato, consideravam-se revistas as publicações que, mesmo tendo a aparência de jornal, continham maior variedade de assuntos, principalmente no que dizia respeito à ficção, à poesia e a outros tipos de texto de entretenimento. Aos jornais caberiam os textos de opinião e a discussão de ideias, por exemplo. Apesar de haver essa divisão, alguns periódicos femininos brasileiros tinham no nome jornal, mesmo tratando-se revistas”. A redação do ‘Jornal das Moças’ publicava gratuitamente, depois de completamente julgados todos os trabalhos, em prosa ou verso, que lhe fossem remetidos por qualquer leitor, assinante ou não. Mas Lourival Marques, provavelmente, descobriu a revista para alçar um voo maior, porque mesmo residindo em Joazeiro, seu horizonte era vasto. Nessa época ele já se tornara redator de jornal e já tivera experiência de editoração. Do JM ele participou de duas formas: sendo divulgador e vendedor de assinaturas e colaborador, remetendo matérias para publicação. Quanto ao primeiro encargo, na edição de 06.12.1934, Lourival Marques (Joazeiro, Ceará) é citado pela editora como um dos seus muitos representantes espalhados pelo pais, como agentes de venda avulsa de exemplares. Pelo entendimento, esses agentes recebiam uma determinada quantidade de exemplares de cada edição e faziam a sua venda visitando as “moças” em suas cidades. As contas eram ajustadas no mês seguinte. E a outra forma de estar presente nesse expressivo veículo de entretenimento nacional foi o de colaborar mandando matérias para serem submetidos à publicação. E pelo menos um texto seu nos foi possível localizar, na edição 981, de 05.04.1934, o conto intitulado “O FIM TRISTE DO HOMEM TRISTE”, que a seguir transcrevemos: “A Avenida regurgita de gente alegre. Letreiros luminosos, músicas, rádios, eletrolas... Um barulho ensurdecedor. Por entre a fina elite que passeia e se diverte, o homem triste passa a vagar, com o olhar perdido na multidão. Cinemas... Arranha-céus... Automóveis... Carros e mais carros que deslizam no asfalto sem fazer ruído. Bondes. O homem triste vai rompendo a multidão delirante de alegria... A gola do paletó está levantada, a roupa desbotada é enfeitada com remendos. A camisa, que não se vê, é rota. Os sapatos, rasgados. As vezes, uma tosse seca o sacode como a brisa da tarde sacode as arvores da Avenida... O homem triste sofre a terrível doença transmitida pelo bacilo de Koch... O rosto magro, pálido, os olhos fundos, brilhantes, o andar trôpego, vacilante, bem o demonstram. Mas ninguém o conhece. Há alguém que o vê e, querendo fazer graça, o qualifica: - Um vencido na vida... E ele é bem isso... Indiferente a tudo que o rodeia, o homem triste prossegue de cabeça baixa, os passos incertos. Para onde caminha? Ninguém o sabe. Ele mesmo... Faminto, sem trabalho, doente, o que ele pode encontrar em seu caminho é a morte. E o homem triste sofre, porque sabe que essa morte será longa como uma noite de inverno. Aos seus ouvidos, chega, como uma atração que ele mal pode vencer, o ruído do mar, de encontro ao paredão do cães. Não. O cães é perigoso. No cães há tantos imbecis que era bem capaz de algum atirar-se à água para salva-lo... Salvá-lo? Chega ao fim do passeio. É uma esquina. Sinais de cores, veículos, guardas, apitos. O homem triste cambaleia e apoia-se ao poste... Sorri um instante. Depois, fazendo um esforço, atira-se ao asfalto liso, brilhante, sob as rodas dos automóveis, dos bondes, de uma onda de veículos que passa indiferente. O guarda apita. Sinal encarnado. Tráfego interrompido. Telefone. Aglomeração... Assistência... Uma massa enorme é apanhada do chão. Regulariza-se o tráfego. Carros... carros... bondes... A ambulância roda... Dentro vai o resto do homem triste. Dispersa-se o ajuntamento... Ninguém sabe quem foi... Na Avenida colossal os bondes continuam a passar. E os ônibus. E os automóveis... Os letreiros dos arranha-céus apagam-se e ascendem-se compassadamente... Passa um carro fechado... É a Assistência. Nele vai dormindo um homem. É o homem triste que dorme o último sono... o sono eterno... Lourival Marques”. Pode ter sido essa a primeira grande experiência que já revelaria o grande valor intelectual de seu autor. Nesse ano, como já vimos em textos anteriores, Lourival Marques, por um simples desafio e uma carta a um amigo em Alagoas, escreveu um texto que se tornou clássico para contar o dia de tristeza, quando da morte do Pe. Cícero. Isso também foi em 1934, depois da sua permanência na redação do jornal A Cidade do Pilar (AL). Depois disso só as edições juazeirenses de Província e Roulien Jornal, já mais próximas da viagem que o tornaria famoso, o homem de publicidade, de rádio e tv, mas, acima de tudo, um grande intelectual de sua nação.

(Na Foto: Capa de época da tradicional revista Jornal das Moças, Rio de Janeiro.) 

BOM DIA!
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XXV) Oh... Ópera! (1ª. Parte)
Por Renato Casimiro
O que virá a seguir, no meu entendimento, é algo que só comporta a apresentação e transcrição integral de textos, para melhor análise e esclarecimento do leitor. Penso que aqui não me cabe fazer juízo de mérito sobre fatos, motivos, razões e atitudes. Ficarei à margem para apenas reunir argumentos que nos permitam compreender o andamento do acontecido. Para tanto, dada a complexidade, a sistemática será a de ir introduzindo textos em obediência a certa cronologia e à conveniência da nervosa interlocução. Trataremos de um fato muito representativo na vida de Lourival Marques, e que num certo período, entre 1957 e 1958, trouxe-lhe grande desconforto, e se bem imagino, com grande repercussão sobre sua carreira profissional, vida pessoal e familiar. De alguma forma, eu penso também que Lourival administrava bem a sua relação com o contraditório, com as opiniões que divergiam de suas ideias e criações. Mas, ele justificava isso, diária e plenamente, pois era perfeccionista, detalhista, competente em lidar com fontes e era, sobretudo, um intelectual de ótima formação. Portanto, “avis rara” que tinha livre trânsito no ambiente das suas “navegações”. Pois a lembrar o poeta, “navegar é preciso, viver não é preciso”. Nem sempre foi compreendido, e a história que aqui se tentará recompor, lamentavelmente, para contá-la em detalhes, reflete esse intenso ruído diante do que não foi a atitude sensata e generosa de alguém que muito o machucou, através da imprensa. Tristemente, a sua reação, o palavreado destemperado, terminou por lhe comprometer perante amigos e público e Lourival, ele mesmo, sofreu duramente por isso. Refiro-me ao incidente que o vitimou diante de críticas muito ácidas, saídas da lavra da senhora Maria Magdala da Gama Oliveira, ou simplesmente Mag. (como era e será citada daqui por diante), jornalista de grande prestigio e popularidade, nesse período referido, assinando uma coluna diária sobre rádio e tv no jornal Diário de Notícias (RJ) (citado daqui por diante como DN), com redação supostamente independente, a ponto de irritar e incomodar muita gente, sem se preocupar se doeria ou não, em quem quer que fosse. Já em 1956, seu comportamento era motivo suficiente para um samba de Haroldo Barbosa, amigo e colega de Lourival, na Nacional, com o título “Pra que discutir com Madame?” Em 1957 algumas de suas notas no DN já irritavam Lourival. Vejamos essas que se encontram nesse jornal, nas datas de 26.03, 05.11 e 21.11: “A ENCICLOPÉDIA – Não precisamos saber o prefixo da estação para sentir “no ar” o velho estilo da Nacional. Tem a emissora a melhor orquestra de nosso “broadcasting”, o melhor grupo de rádio atores, bons cantores populares, ótimos redatores. Ora, com tudo isso, a Nacional podia apresentar bons programas. No entanto, um micróbio, desconhecido, e dos mais perniciosos, afasta sempre a estação das realizações sérias, dignas de louvores. Esse micróbio é o da vulgaridade. Estranho conceito leva a Nacional a temer as realizações plenamente artísticas, e todos os seus programas devem levar o condimento do humorismo plebeu, numa adaptação ao estilo impingido ao povo, desde a fundação da emissora, um estilo arcaico sem nenhum conteúdo cultural. A começar pelo título, o programa “Enciclopédia Maisena” é mais uma desagradável mistura de coisas austeras e ridículas. O redator Lourival Marques cita, na letra “G”, o compositor Carlos Gomes, o poeta Gonzaga, vocábulos como Graça, Gol, etc. Até aí, ótimo. Pior são as anedotas de almanaque enxertadas no texto... Um doente procura o médico, e este receita “alimentos preferidos pelas crianças, os quais o doente interpreta a seu modo, terra, ponta de lápis, etc” Positivamente, isso não tem graça nem senso. O micróbio de vulgaridade destrói o mérito das excelentes execuções da orquestra sob a regência do maestro Léo Peracchi, as referências inteligentes do redator a palavras usuais, e dos demais elementos que fariam da “Enciclopédia” um magnífico programa. O estilo da Nacional deve ser renovado. Para o assunto, pedimos a atenção do Sr. Moacyr Arêas, diretor da importante emissora oficial. Mag. (Diário de Notícias (RJ), 26.03.1957)”. “AS FORTALEZAS – LOURIVAL MARQUES acaba de ser designado assistente da direção-geral da Rádio Nacional com atuação direta sobre toda a parte artística da emissora. Se as coisas continuarem como estão na dita emissora, Lourival Marques terá pouco trabalho. A parte verdadeiramente “artística” da emissora se resume nos “Festivais GE”, aliás, já entregues ao comando competente do maestro Léo Peracchi, e o setor musical da programação, também subordinado a elementos de valor como Radamés Gnatali e os músicos que compõem a orquestra sinfônica da estação da praça Mauá. E o resto? Três “fortalezas” se erguem no centro da Nacional, repelindo quaisquer investidas de gente bem intencionada para salvar a emissora do cafajestismo ali predominante: os programas “Manuel Barcelos”, “Paulo Gracindo” e “César de Alencar”. A Nacional, de fato, não pertence ao governo, mas a esses magnatas do auditório, empresários do histerismo de “inocentes úteis” feitores de cozinheiras transviadas que abandonam os empregos, ou servem mal às patroas, atraídas pela tabela tentadora dos desmaios remunerados e a “claque” teleguiada. Que estratégia poderá empregar o Lourival Marques para derrubar as “fortalezas”? Ousará o cerco? Terá armas para isso? É de duvidar. Ao assumir a direção da Nacional, faz alguns anos, o Sr. Marcial Dias Pequeno convidou a cronista do “Diário de Notícias” para dirigir a parte artística da emissora. O assunto divulgou-se nos corredores da estação, e logo surgiu uma anedota. Diziam que a Emilinha Borba procurara o maestro solicitando-lhe uma ária da “Traviata”. Pouco depois a Marlene fez o mesmo, pedindo um trecho da “Aida”. E, assim, várias cantoras, mas queriam as óperas em ritmo de samba. Perplexo, o maestro quis saber a razão da preferência. – Dona Mag vem aí!, explicaram-lhe. Dona Mag, sabida, não foi? Conhecia as “fortalezas” e outros entraves irremovíveis na época, e até agora. Quem tinha e tem a faca na mão é o governo, mas este nada faz sem a espada de ouro. Eis que surge no campo de batalha o Lourival Marques. Não sabemos se traz a armadura de Dom Quixote ou se possui uma arma secreta, eficaz. Queremos ver para crer. Mag. (Diário de Noticias (RJ): 05.11.1957)”. “ESTRÉIA INFELIZ – A Nacional estreou uma produção de Lourival Marques, recentemente nomeado “diretor artístico” dessa emissora. E o que ouvimos, foi uma calamidade radiofônica que não é produção, nem programa, nem nada. Parece incrível que um cidadão culto, inteligente, dispondo de situação de prestígio na radiodifusão carioca, como Lourival Marques, tenha autorizado a referência ao seu nome como autor da baboseira intitulada “Musical Singer”. Dona Emilinha Borba cantou quase o tempo todo músicas mal escolhidas, em péssimos arranjos do maestro Alexandre Gnatalli, orquestra e coro mal ensaiados. Duas “piadas” maliciosas, com Zezé Macedo e Apolo Correia, marcaram a falta de gosto de Lourival Marques como redator. O pior foi o berreiro do auditório, e outra expressão não existe senão “gritos histéricos” do auditório para consignar a presença dos “fã-clubes” de dona Emilinha Borba. Lá apareceu, também, um artista convidado, um tal de Luis Cláudio, cantor que não impressiona bem pela sua voz grave-aguda, forte-fraca, voz desigual, portanto, na melodia de Tito Madi, “Quero-te assim”. Na balbúrdia de “Musical Singer” apenas se aproveitou a atuação do locutor Paulo Gracindo, que se absteve de exageros. Como vemos, a Nacional mergulha cada vez mais fundo na mediocridade radiofônica. Até o inteligente Lourival Marques é envolvido nas trevas intelectuais que caracteriza a emissora do Governo... E, a propósito, fomos informados que será inaugurada em Brasília, brevemente, uma filial da Nacional do Rio, por iniciativa do sr. Juscelino. O povo paga tudo. E só recebe em troca transmissões horrorosas como “Musical Singer!”, e outras no estilo da Praça Mauá. Lamentável. Mag. (Diário de Notícias (RJ), 21.11.1957)”. (Continua na 2ª. Parte)

(Na Foto: Na Rádio Nacional, Lourival Marques e Manoel Leite, então Chefe do Depto. de Rádio Cinema e Televisão da Mac-Cann Erickson do Brasil, representando o cliente-patrocinador Esso do Brasil.)

BOM DIA!
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XXV) Oh... Ópera! (2ª. Parte)
Por Renato Casimiro
As notas que estou transcrevendo já nos permitiram sentir o clima que rodeava Lourival Marques no seu cotidiano de produtor e diretor da Nacional. A bem da verdade, não era esse o clima meramente pessoal, pois a atmosfera já estava se carregando com os boatos de que o governo Juscelino estava tramando o fechamento da Nacional e havia grandes interesses em jogo. Seguramente, Lourival era conhecedor minucioso dessas manobras e disso tomou parte no que seria a reação com a instalação da Tv Nacional em Brasília, projeto que já se estruturava por esses anos. Produtor de grande efervescência, sua cabeça “fumaçava” para conceber novos programas, e atrações na emissora, de modo a superar a crise de audiência que vez por outra se instalava. Foi assim que ele investiu muito de sua inventiva para criar o “Oh... Ópera!”, importante desafio de sua genialidade que foi anunciado brevemente em releases da Nacional. Valho-me da melhor impressão dessas leituras da imprensa da época, transcrevendo aqui o sentimento de Moisés Weltman, no editorial da revista semanal Radiolândia (11.10.1958): “Outro registro que queremos fazer é o de uma estreia radiofônica, Oh...Ópera, programa de Lourival Marques que será lançado ao ar, pela Rádio Nacional. Dizemos hoje, dia em que escrevemos esta crônica. Ainda não o ouvimos. Traz, porém, a assinatura-garantia de Lourival Marques. Sabemos que se trata de um programa elaborado, com “script” complexo e bem escrito. Uma paródia inteligente, e não grotesca, de óperas famosas. Tudo em versos. Tudo cantado. Arranjos especiais, que se constituirão em autênticas partituras semanais, a cargo de Leo Peracchi. As melhores vozes do elenco da Nacional defendendo texto e música, Ora, só pode sair coisa boa. Esperamos que “Oh... Ópera” venha a ser um dos grandes sucessos radiofônicos do ano. Somos do que vem combatendo a orientação de programas fáceis, que dominou o “broadcasting” carioca nestes últimos anos. Chamamos programas fáceis aos que tem produtores de renome, mas praticamente não tem texto. Programas bem arrumadinhos, bem organizados, mas que, no fundo, não passam de “programas de legendas”. Sabemos que nem sempre a culpa é dos produtores, mas da atmosfera rotineira e medrosa que domina certas estações. A própria Nacional andou um tempo fazendo esta política do fácil. Felizmente, está havendo reação. Em passado recente vários programas montados foram lançados pela E-8, e também pela Tupi e Mayrink. E é com alegria que aplaudimos o lançamento de “Oh... Ópera”. Que não fique nesta dose, porém, são os nossos votos. Queremos mais e melhores programas como este, difíceis, trabalhados. Bons.” As críticas muito ruins da senhora Magdala para com a produção de Lourival continuaram saindo no Diário carioca. Ao noticiar a estreia ela põe uma pitada de veneno, nomeando o tópico como “Escandalo”. Vejamos mais alguns textos. “ESCANDALO – Do produtor Lourival Marques, a Rádio Nacional lançará, na próxima terça feira, às 21h05m, o programa “Oh... Ópera!”. Tomarão parte nessa audição, entre outros, os seguintes vocalistas que viverão os personagens da curiosa versão de “A bela adormecida”: Zezé Gonzaga, Gilberto Milfont, Leo Vaz, Lenita Bruno, Hélio Paiva e Albertinho Fortuna. Orquestrações do maestro Leo Peracchi. Narração de Aurélio de Andrade. (Diário de Notícias (RJ), 20.09.1958).” “CONTRAFAÇÃO – Como não parece existir no Brasil um Ministério da Educação e Cultura, a Rádio Nacional levará ao ar, hoje, às 21h05m, a estreia do programa “Oh... Ópera!” no qual será apresentada uma versão de “A Bela Adormecida”, cujo resumo foi enviado aos jornais pela emissora do Governo: “O rei Balandráu I de Bangolândia e sua esposa, a augusta rainha Bronzilda, são avisados pelo sapo misterioso de que nascerá no palácio uma formosa princesa. No dia do nascimento da princesa Belindalinda, celebra-se uma grande festa para a qual são convidadas doze fadas. Mas, quando maior é a alegria, surge a fada número treze, a tal que fora rifada (sic), e prediz que a princesa morrerá aos quinze anos. O sortilégio é atenuado por uma das fadas bondosas, que transforma a morte anunciada EM UM SONO QUE DEVERÁ DURAR CEM ANOS. Um século mais tarde, surge não se sabe de onde, o formoso príncipe Papanicos Papanicôcos, Senhor de Bahia, o qual, penetrando na mata encantada, descobre a Princesa adormecida e desperta-a com um beijo. E tudo acaba em felicidade, como convém nas histórias de pessoas de boa qualidade”. Serão intérpretes dessa ópera de fancaria os vocalistas Zezé Gonzaga, Léo Vaz, Lenita Bruno, Hélio Paiva, Abelardo Magalhães, Albertinho Fortuna, Jamelão, Nuno Roland, Gilberto Milfont, Araci Costa e o “Côro dos sapos” dirigido por Carlinhos.” (Diário de Notícias (RJ), 23.09.1958). “ALFACE E ÓPERA – Pela manhã, antes de escrever esta crônica, fui ao supermercado de Copacabana comprar alface para o almoço. Pediram-me vinte e quatro cruzeiros por um pé de alface. Isto quer dizer que, numa quitanda ou na feira, a mesma alface estará custando trinta cruzeiros. Essas coisas não surpreendem mais a ninguém. Culpamos o presidente da República por tudo que desgraça o Brasil, mas devemos ver que o sr. Juscelino, sozinho, não poderia tabelar o preço da alface, como, sozinho, não pode tomar conta dos programas da Rádio Nacional. Aqui, nesta coluna, fiz uma advertência ao ministro da Educação e Cultura sobre o programa a ser estreado na Rádio Nacional, sob o título: “Oh... Ópera!”. Que o sr. Clovis Salgado não entenda muito de Educação e Cultura, ainda se perdoa. Não se justifica, porém que o ministro não entenda de ópera, pois essa é a sua vida nos corredores do Teatro Municipal. O sr. Clovis Salgado cruzou os braços, ou melhor, permaneceu na sua atitude predileta, que é ficar de braços cruzados, e o programa “Oh... Ópera!” foi para o ar. Quem ouviu a estreia, mesmo não entendendo de música, verificou que se tratava de um programa super-vulgar, nem cômico, nem artístico, nem entrosado na boa técnica de produção radiofônica. Cantores péssimos. Arranjos musicais horrorosos. O programa seria considerado abaixo da crítica, se esta coluna não houvesse previamente solicitado a atenção do ministro da Educação e Cultura para o crime contra a arte que pretendiam cometer na Rádio Nacional com o lançamento de “Oh... Ópera!”. O ministro cruzou os braços, o programa foi para o ar e a cronista comprou um pé de alface para o almoço. Confirma-se a bagunça como uma das metas da ditadura mineira que desgraça o Brasil.” (Diário de Notícias (RJ), 25.09.1958). (Continua na 3ª. Parte)

(Na Foto: A jornalista Maria de Magdala da Gama de Oliveira, do jornal Carioca, Diário de Notícias)

BOM DIA!
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XXV) Oh... Ópera! (3ª. Parte)
Por Renato Casimiro
Damos continuidade à transcrição dos textos saídos no Diário de Notícias carioca, da lavra da senhora Magdala, em sua coluna, com sua metralhadora voltada para todos os lados, a perseguir produtor, maestro, diretor da emissora, ministro de Estado, presidente da República, etc. Não sabemos ao certo se essa indignação era em si apenas para com o programa, ou se isso já anteciparia uma encrenca maior que o fato ressuspendeu. Para tanto, vamos mais uma sequência indigesta da sua catilinária. “CRIME CONTRA A ARTE” – Enviou-nos o Departamento de Divulgação da Rádio Nacional a seguinte nota: “Novo lançamento – “Oh... Ópera!” é o programa que a Rádio Nacional lançará no dia 23 do corrente, às 21:05 horas. Na audição de estreia tomarão parte os seguintes vocalistas: Zezé Gonzaga, Leo Vaz, Lenita Bruno, Hélio Paiva, Abelardo Magalhães, Albertinho Fortuna, Jamelão, Nuno Roland, Consuelo, Odaléia Sodré, Vera, Ivone Rabelo, Cleide Moura, Araci Costa, Gilberto Milfont e o grande coro dirigido por Carlinhos. Produção e direção de Lourival Marques. Orquestrações e regência do maestro Leo Peracchi. Narração de Aurélio Andrade”. Trata-se de uma iniciativa lamentável sob todos os aspectos. É incrível que numa estação como a Nacional, que pertence ao governo, ninguém saiba o que seja uma ópera, como gênero musical, e as características de seus interpretes, que devem ser cantores líricos. É lamentável que os Srs. Moacir Arêas e Floriano Faissal tenham aprovado semelhante programa, como a dar prova de ignorância e incompetência na direção da mais importante emissora de rádio do Brasil. Pedimos, no caso, a intervenção direta do Sr. Clovis Salgado, Ministro da Educação e Cultura, a quem caberá coibir a irradiação de um programa que será nocivo ao nosso pais, pela boçalidade de suas intenções, com o aproveitamento de artistas populares que também merecem respeito e não devem ser lançados numa aventura humorística sob o título ridículo: “Oh... Ópera!” (Diário de Notícias (RJ) 18.09.1958). “SUGESTÃO – Continua a Rádio Nacional a levar ao ar o pior programa até agora apresentado pelas emissoras cariocas. Trata-se de “Oh... Ópera!”, produção que terá inexplicavelmente, a cumplicidade do maestro Léo Peracchi, sem dúvida artista de talento, músico que merece o respeito de todos nós que cultivamos a verdadeira arte. No entanto, o maestro Léo Peracchi vem comprometendo o seu próprio nome, seus princípios estéticos, nesse infeliz programa de rádio. Não quero envolver nesta censura os elementos que participam do “cast” de “Oh... Ópera!”, entre os quais destaco a brilhante cantora Lenita Bruno. Considero, ainda, responsáveis pela péssima obra radiofônica o sr. Moacir Arêas, diretor da Nacional, e o sr. Ministro da Educação e Cultura. Eu, sinceramente, gostaria de saber as opiniões do diretor e do ministro sobre a paródia de “Romeu e Julieta” irradiada anteontem. Não foi a primeira vez que a tragédia de Shakespeare sofreu o humorismo irreverente de pessoas sem imaginação, pessoas sem imaginação, pessoas que perpetram programas de rádio, roteiro de revistas para a praça Tiradentes, “shows” de televisão, etc. O que espanta, no caso, é se tratar de iniciativa de prestigiosa emissora oficial que tem a cumprir finalidades culturais e educativas. Se o sr. Moacir Arêas ainda não ouviu “Oh... Ópera!”, peço-lhe que promova uma audição de “Romeu e Julieta”, convidando para o debate da mesma críticos musicais e críticos de rádio e televisão. Aqui fica a sugestão, não o desafio. Confio na honestidade, na inteligência, no bom senso do sr. Moacir Arêas, certa de que o sr. Moacir Arêas não recusará esta oportunidade de conhecer o julgamento da crítica esclarecida, se assim solicitada, quanto ao mérito de um programa da emissora a seu cargo.” (Diário de Notícias (RJ), 23.10.1958). “EM DEFESA DO POVO – Ao que parece, o sr. Moacir Arêas, diretor da Rádio Nacional, permanece de braços cruzados com referência ao programa “Oh... Ópera!”, que continua a provocar náuseas nos ouvintes da importante emissora. Temos hoje, mais uma prova de que o programa é irracional, deseducativo, cretino, o que passamos a demonstrar, com a transcrição do roteiro distribuído para a próxima terça feira, sob o título “Colombo...”: “Quando Colombinho nasceu, sua atração pelo mar se manifestou quase prontamente. Já moço, depois de muitas viagens, Colombo vai ter a Lisboa e aí se casa e tenta convencer o rei D. João II a confiar-lhe o descobrimento da América. O rei “cozinha” (sic) o navegador e às escondidas, manda seus próprios navios pelo mar. Revoltado e desgostoso, Colombo mudou-se para a Espanha e ofereceu seus serviços a Isabel. A rainha esvaziou as prisões e entregou a Colombo toda a gente “bem” (sic) que lá estava esperando a força ou as galés perpétuas como castigo de crimes cometidos. A expedição partiu de Palos rumo a São Domingos. Oitenta e oito feras famintas, revoltadas, que Colombo teve de dominar. E a tragédia não se consumou porque apareceu no horizonte a primeira tanga e a primeira palmeira. Os indígenas, na praia, perguntaram a Colombo se ele era Colombo e ao ter a resposta afirmativa fugiram gritando “Deus salve a América”. Felizmente, a Espanha já possuía um cônsul naquela região: Xavier Cugat, que recebeu festivamente os descobridores. Era 12 de outubro de 1492”. Eis prezados leitores, o capítulo da História do Brasil que a Rádio Nacional vai narrar ao povo brasileiro, na próxima terça-feira. E o sr. Clóvis Salgado, ministro da Educação e Cultura, continua a sonhar com a ópera “Fausto”, de Gounod...”. (Diário de Notícias (RJ), 26.10.1958). (Continua na 4ª. Parte)

(Na Foto: O produtor Lourival Marques e o narrador do programa “Oh! Ópera”, Aurélio Andrade).
BOM DIA!
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XXV) Oh... Ópera! (4ª. Parte)
Por Renato Casimiro
Mesmo reconhecendo que “coisas sérias” deram ótimos ganchos para a produção de humor, a cronista do Diário carioca se mantém irredutível na sua cruzada para advertir a inteligência do pais contra o abuso e a arrogância que um produtor da Rádio Nacional, um redator já bem elogiado, teve de ousar para recontar com graça alguns flagrantes da história da civilização. Esses escritos irritaram e vão ser, oportunamente, esclarecidos pelo que será dito no futuro, em resposta, pelo próprio Lourival Marques que até então, guarda o silêncio necessário para não explodir diante de tanta e sistemática provocação. Enquanto isso, vamos continuar “ouvindo” o que ela insiste em nos dizer: “CONTRA A CULTURA DO POVO” – Continua a Rádio Nacional a realizar obra contra a cultura do povo, transmitindo às terças feiras o programa “Oh...Ópera!”, com a cada vez mais lamentável colaboração do ilustra maestro Leo Peracchi. Recebemos, ontem, um resumo do próximo “espetáculo” que passamos a transcrever: “O Belo e a Fera – Mamãe Roscofézia é uma viúva, mãe de três rapazes: Serigaito, Pasouquilo e Planildo. Certo dia, indo viajar, ela pergunta aos filhos o que desejam como presente. Os dois primeiros pedem presentes de alto preço, mas Planildo só deseja um envelope azul. Quando regressava, Mamãe Roscofézia, fugindo da tempestade, abrigou-se num castelo misterioso. Ali, depois de jantar, encontrou o envelope que o filho mais moço lhe havia pedido. Mas, ao invés de tirar apenas um ou dois, recomendava um aviso escrito na parede, encheu as mãos do precioso alivio efervescente. Logo apareceu uma fera apavorante que lhe censurou a ação e, para não matá-la, exigiu que voltasse para casa e de lá trouxesse o primeiro ser vivo que encontrasse. Por desgraça, foi Planildo a pessoa a quem primeiro avistou, sendo obrigada a levá-lo para o castelo da fera. Esta insiste para se casar com o mancebo, mas ele se recusa e foge. A fera adoece de amor. Planildo se compadece a voltar para dizer que aceita o casamento. Imediatamente, da pelo horrenda do monstro sai uma preciosa princesa com quem o nosso herói se casa. O enredo, evidentemente, não tem originalidade, mas a redação constitui mais uma demonstração de ignorância que muito compromete o diretor da Rádio Nacional, Sr. Moacir Arêas.

(Diário de Notícias (RJ) 15.11.1958). “AINDA” – Na semana passada, o programa “Oh... Ópera!” teve um roteiro ainda pior. Não vamos gastar espaço com a transcrição integral do libreto, pois algumas linhas bastam para apontar, mais uma vez o crime que o Sr. Moacir Arêas vem praticando, na emissora oficial, contra a educação do povo: “Quando Alexandria era capital do Egito, existiu uma jovem e encantadora rainha que se chamava Cleópatra. Entre dois “rock “n” roll” e um jogo de tênis, ela se disfarçava de baiana e ia escutar as belas canções do Nilo”. Chega! Isso é uma vergonha. (Diário de Notícias (RJ) 15.11.1958). “OUTRA OPINIÃO – Como é do conhecimento do leitor, consideramos o programa “Oh... Ópera!”, da Nacional, o pior do rádio brasileiro. A transmissão de terça-feira foi mais uma calamidade. Mas, não estamos (.........) na repulsa a essa vergonhosa iniciativa. Vamos transcrever o comentário publicado no “Jornal do Brasil” de ontem, seção de rádio e televisão (CF): “O Belo e a Fera” foi o título da última apresentação do programa “Oh... Ópera!”, na Rádio Nacional. A velha lenda do século XVIII, da qual Jean Cocteau, em 1916, soube extrair uma das obras-primas do cinema francês, filme cheio de poesia e que nunca envelhecerá, foi inteiramente assassinada por essa chanchada que a Nacional levou ao ar na noite de terça-feira. De tremendo mau gosto a ideia de utilizar o texto para propaganda comercial de determinado produto, insistindo a torto e direito nas citações do remédio contra azia e chegando a substitui-lo pela “rosa” do pedido feito ao pai por Belo (nossa apresentação: Pianildo...); nesse sentido, a peça não passou de um enorme e estafante anúncio do produto patrocinador. Infelizmente, nada, absolutamente nada, aproveitou-se disso tudo. O humorismo fraco e sem espontaneidade. Por que a troca de sexo de todas as personagens... O texto sem qualquer poesia e os versos primários e vazios. As músicas totalmente inadequadas. A própria orquestra do maestro Léo Peracchi merecia melhor emprego e é de lastimar que se preste a essas coisas. Enfim, o nome da viúva, Roscolézia, define o programa... roscof”. Com esse comentário do “Jornal do Brasil”, vemos que, de fato, “Oh... Ópera!” é mesmo considerado o pior programa do rádio brasileiro, como asseguramos em diversas crônicas, traduzindo igualmente, a opinião de numerosos leitores desta coluna.” (Diário de Notícias (RJ), 21.11.1958). Até então isolada nos seus comentários, dona Mag. Começou a colher simpatia na classe dos críticos de rádio e televisão, na pessoa de um certo CF, do Jornal do Brasil, que na edição do JB referida (20.11.1957) atribuiu ao programa a nota 2. Assim ela deverá ir colhendo outras impressões que reforçam as suas certezas, e não deixaremos de relacioná-las e transcrevê-las para uma visão mais abrangente de sua causa. (Continua na 5ª. Parte)

(Na Foto: O produtor e diretor musical Lourival Marques e o maestro Léo Peracchi)
BOM DIA!
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XXV) Oh... Ópera! (5ª. Parte)
Por Renato Casimiro
Às provocações da cronista do Diário de Notícias (RJ), a comunidade radiofônica carioca aguardava a mais contundente resposta de Lourival Marques. E é através de uma edição dominical do Diário Carioca, em 30.11.1958 que ele se expressa, como abaixo vamos transcrever, na matéria que veio encimada com a seguinte manchete: “Lourival responde às Ofensas que Sofreu (Em declarações ao DC responde o produtor)”. Por simples questão de ética, e, ao mesmo tempo, a fim de dar direito de defesa aos que são violentamente criticados, é hábito nosso ceder espaço, neste suplemento dominical, a elementos da TV e do rádio que desejem responder às censuras sofridas, tanto da parte do redator especializado deste diário como de qualquer outro. E é escusado acrescentar que as declarações aqui inseridas são sempre de absoluta autoria dos entrevistados, não se responsabilizando o DC pelo que elas encerram, assim como o jornal não endossa as opiniões dos que emitem, dessa forma, seus pontos de vista. Assim, divulgamos hoje, o depoimento de Lourival Marques, produtor da Rádio Nacional. “OH, ÓPERA” – Lourival Marques lançou, pela PRE-8, recentemente, o “Oh, Ópera”, às terças feiras, às 21,05 horas, programa que ele mesmo chama de “brincadeira musical”. Bem recebido pela crônica radiofônica (alguns comentaristas o situaram entre os melhores, senão o melhor programa do ano), o “Oh, Ópera”, foi desde o primeiro dia, violentamente atacado pela crítica Mag. do “Diário de Notícias”. E Lourival nos prestou, a propósito, as seguintes declarações: “-Não sei se foi Fernando Lôbo... Sei que, há alguns anos atrás, um cronista de rádio estudou a personalidade da comentarista que me ataca, em nota que intitulou de “Uma cronista desonesta”!. Não foi o primeiro nem último estudo inspirado naquela senhora. Muitos já a definiram em palavras que não desejo repetir. Mas, talvez possa dar minha contribuição a essa literatura pitoresca, nem sempre capaz de ser reproduzida.” CRITICA: Continuou Lourival Marques: “- Nunca fui de atitudes violentes. Não respondo às críticas. A crítica é um direito. O crítico tem inteira liberdade para gostar ou não gostar de um trabalho. E ninguém negará os efeitos salutares da crítica construtiva.” Adiante: “- Mas criticar um programa antes de o mesmo ser lançado, sem conhecer sequer, seu conteúdo, tendo como única referência um título, não é só desonesto; é, também, inédito. Não sei e maior prova de má fé. Foi o que fez d. Mag.” E acrescentou: “- Quem abrir o jornal em que aquela senhora escreve – qualquer exemplar, de qualquer data – observará sua constância nos ataques à Rádio Nacional, aos seus dirigentes e aos seus artistas. É uma psicose.” PROVEITO: Analisando o trabalho da jornalista, comentou o popular produtor: “-Quem acompanha a coluna de rádio dela, observa também esta constância: a cronista usa o espaço que lhe é dado para fim útil, em seu proveito pessoal. Quem se der ao trabalho de ler o que ela vem escrevendo há 15 anos, mais ou menos, chegará facilmente a esta conclusão. Dona Mag só teve até hoje, um objetivo: dirigir uma destas três emissoras: Nacional, Ministério da Educação ou Roquete Pinto. É só alguém observar suas crônicas. Subitamente, ela desaba com seu melhor vocabulário sobre uma dessas estações. E, durante uma temporada, numa “assinatura” às vezes longa, às vezes curta, desanca-a com ou sem pretexto, com ou sem motivo.” “GAZUA”: Prosseguiu: “-Foi com essa “gazua” que ela conseguiu o cargo de diretora da Rádio Roquete Pinto. Que fez a cronista ao se instalar naquele importante posto? Transformou a emissora cultural em estação comercial, nesse rádio comercial que ela tantas vezes combate (para uso externo). Ainda estamos lembrados de seu fracasso. Em boa hora felizmente, a emissora voltou às suas finalidades e a mãos competentes. E com um sorriso: - É por isso que as más línguas dizem que ela precisa, urgentemente, de um prefixo onde apresentar seus “brotinhos”... Se me demoro nestes detalhes é para explicar por que não dei atenção às “críticas” de dona Mag. Para mim, elas sempre se dirigiram (embora indiretamente) aos Governos (de Getúlio para cá) que nunca se lembram de convidá-la para a direção da PRE-8.” FACCIOSISMO: Insistindo na argumentação de que as críticas ofensivas a ele dirigidas pela citada senhora são de parcialidade irritante, Lourival Marques disse: “– Querem outra prova de seu facciosismo? Todos sabem que a Nacional educa o povo através de inúmeros programas. A Nacional faz arte da melhor qualidade quando irradia programas como “Festivais GE”. A Nacional instrui e informa em programas como “Seu Criado, Obrigado”. Nenhuma pessoa honesta poderia negar a boa influência da Rádio Nacional na educação do povo. Especialmente do interior, pois como sabemos, é uma estação de cobertura nacional. Pois bem, quantas vezes a cronista já se ocupou em elogiar aqueles e outros programas? Quantas vezes já enalteceu o esforço honesto da Rádio Nacional? Gostaria de que respondessem...” EQUIPE: Tratando especificamente do “Oh, Ópera”, além daquela desonestidade que foi a crítica feita antes de o programa haver sido realizado, a cronista tem insistido em que ele deseduca porque deturpa os fatos. Ela escreveu para as autoridades, na esperança de que estas leiam as crônicas sem ouvir o programa. Por outro lado, rádio é equipe. O maestro, o orquestrador, o músico, o cantor são pelas do conjunto. Recebem uma tarefa que devem realizar, de acordo com um contrato assinado. Censurar uma dessas partes pela sua participação no trabalho é ignorância ou má fé. Nos ataques fitos por dona Mag ao maestro Léo Peracchi há má fé e “boçalidade” (perdoem o termo, mas faz parte de uma das últimas crônicas dela). E não confundem nenhum leitor, por mais leigo que ele seja... Foi depois das tragédias gregas que surgiram as sátiras. O teatro satírico é, ainda hoje, um sucesso. O cinema também. A idéia de “Oh, ópera” nem sequer é nova no rádio: muitos já a fizeram antes. O que há de novo no meu trabalho é o tratamento, o carinho do orquestrador, dos cantores, dos músicos (professores do Teatro Municipal e da Sinfônica). SATIRA Sempre a repetir que se acha profundamente magoado com a “assinatura” ofensiva a irritante, para a qual não acha que dê razão, continuou Lourival Marques: “-Não posso crer que dona Mag desconheça o sentido da palavra “sátira”. Lendo seus conceitos, ao invés de acusá-la de burrice, prefiro atribuir-lhe má fé e velhacaria, porque nem com a máxima má vontade se poderia ver no meu programa um insulto à opera ou atentado à Arte. Não há nem pode haver, em “Oh, ópera” a menor dúvida sobre o seu sentido satírico, claramente anunciado. O tratamento jocoso é tão pronunciado que nem o mais analfabeto dos analfabetos iria imaginar, por exemplo, que, chegando à América, em 1492, Colombo realmente lá houvesse encontrado Xavier Cugat como cônsul da Espanha. Se fosse uma sátira Brasília ou a general Lott, dona Mag estaria batendo palmas com entusiasmo. Porque isso, pelo menos neste momento, consultaria a seus interesses. E finalizando: “- A crítica radiofônica do Rio tem inúmeros cronistas. Mas não sei de nenhum outro que use a sua coluna para fazer chantagem. Não sei de nenhum que use essa linguagem vulgar de estivador, tão ao gosto de dona Mag (vide sua literatura a propósito do “Oh, Ópera”). Destruir é fácil, quando se tem coluna de jornal para usar sem escrúpulos. Difícil é ajudar a construir, criticando para melhorar, com isenção de ânimo e autoridade. Isso dona Mag não tem”. (Até aqui a entrevista-resposta de Lourival Marques.) (Continua na 6ª. Parte)

(Na Foto: A cantora Lenita Bruno, e os cantores Carlos Galhardo e Albertinho Fortuna cumprimentam o produtor Lourival Marques pelo êxito de seu programa.)

BOM DIA!
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XXV) Oh... Ópera! (6ª. Parte)
Por Renato Casimiro
A revista Radiolândia, periódico semanal que contava com Lourival Marques como seu colaborador, desde a sua fundação, através das matérias: Dicionário da Gente de Rádio e Seu Criado, Obrigado), através de sua coluna de Cotação de Programas, sobre a edição de lançamento, em 23.11.1958 – A Bela Adormecida, fez o seguinte comentário para ao final atribuir uma nota (de 0 a 10): “Nenhuma restrição se poderá fazer no tocante à execução desse novo programa de Lourival Marques, em sua audição de estreia. De difícil feitura, decorreu toda ela praticamente sem falhas, quer por parte dos cantores, quer por parte da orquestra. Mesmo Aurélio de Andrade, a quem foi confiada a narração, desempenhou-se satisfatoriamente de sua missão. A partitura, composta por Leo Peracchi, a despeito da irreverência para com algumas árias consagradas, era tecnicamente perfeita. Também é louvável que a Rádio Nacional tenha substituído um programa de perguntas banal e desinteressante por outro de maior envergadura, resistindo assim à lamentável tendência para o primarismo que vimos notando ultimamente em sua programação. Achamos apenas que a primeira audição de “Oh... Ópera”, como sátira, não alcançou o seu objetivo. Faltava-lhe graça, não só no texto, como na interpretação dos cantores que, não sendo comediantes, preocupavam-se apenas com a própria voz, roubando a graça que o “script” porventura pudesse ter. De qualquer modo, um bom programa, que por certo irá se firmando e melhorando a cada semana, pois seu produtor é dos melhores e mais responsáveis, com que conta o nosso rádio. Cotação: 7 (sete)”. Também a Radiolândia, na sua edição de 20.12.1958, repercute sobre a questão Lourival x Mag e, a propósito de inserir ali textos da senhora Mag e fragmentos da entrevista de Lourival ao Diário Carioca, faz constar também o seguinte posicionamento: “LOURIVAL MARQUES é, muito justamente, considerado um dos maiores, dos mais sérios, dos mais competentes e dos mais mais que se possam inventar no rádio brasileiro. Mag (pseudônimo de D. Magdala da Gama Oliveira) é uma das mais combativas, das mais intransigentes, das mais lidas cronistas especializadas do Rio de Janeiro. Sua seção no conceituado matutino “Diário de Notícias” tem sempre grande repercussão. Pois Lourival Marques e Mag estão numa briga feroz, por causa de “Oh... Ópera!”, ou melhor, não era propriamente uma briga, pois somente a cronista atacava e o produtor agüentava calado. Agora, porém, a coisa muda de figura. É uma briga mesmo. E nós não temos nada com isso. Respeitamos a ambos, dando-lhes o justo conceito que conquistaram, cada um no seu setor, através de anos e anos de trabalho. Limitamo-nos a transcrever - coma devida vênia da autora – trechos de crônicas de D. Mag e declarações do produtor Lourival Marques, da Rádio Nacional. O público que tome o partido que lhe aprouver e dê razão a quem tiver.” Interessante é retomar esse texto da entrevista, em comparação ao da Radiolândia, pois na última aparecem alguns detalhes que parecem ser acréscimos que Lourival inseriu ou o DC havia previamente censurado, como a seguir: “Certa vez, Mag foi pedir emprego na Rádio Nacional. Queria tocar violino na orquestra. Fez uma prova. Não passou. Não conseguiu o emprego. Isso foi há muito tempo, já. Teria guardado rancor? Prefiro acreditar no mais evidente: a cronista uma a sua coluna como uma “gazua” para atingir o que deseja: a direção da emissora”. “De outra feita, quando eu ocupava a direção de “broadcasting” da Radio Globo, deixei-a falando para microfones desligados. É que a cronista “doublé” de “radialista” desobedecia as constantes reclamações do contra-regra. Seu programa passava da hora, prejudicando o patrocinador do programa seguinte.” “Mandei avisar que se continuasse excedendo o tempo previsto, cortaria o programa. Não fui obedecido. Com minha autorização o contra-regra fez o corte. Seria rancor, lembrança desse episódio? Não acho. O que Mag quer é dirigir uma emissora. Uma grande emissora”. Outro fato relevante é o que diz Lourival em detalhes, em apoio ao maestro Leo Peracchi. Ele reafirma a bacharia que é se voltar para o maestro como se ele fosse um ingênuo e não soubesse de suas responsabilidade pelo contrato que mantinha com a Nacional. Diz ele que “O programa nada tem que deslustre o nome do excelente orquestrador e regente. Mas se tivesse, a ele nenhuma censura poderia ser feita. E isto ela sabe muito bem. (...) Se não se tratasse de má fé patente, eu lhe pediria que abrisse um dicionário e verificasse o significado da palavra “sátira”. Lá está: “composição destinada a censurar ou ridicularizar defeitos ou vícios. Censura jocosa”. As sátiras existem desde que surgiram as tragédias gregas. Qualquer um sabe disso. E é o que o “Oh...Ópera!” faz. Transforma um assunto sério em piada. Com todos os exageros possível. (...) Ninguém censurou o Professor Madeira de Freitas quando escreveu “O Brasil Pelo Método Confuso”. Até um analfabeto sabia que se tratava de uma simples brincadeira. Os termos em Radiolândia reafirmam o que dissera antes no DC: “A verdade simples e clara é que Mag nada tem contra o programa “Oh... Ópera!”, nem – acredito – contra o seu produtor, que sou eu. Sua guerra – que já vem durando mais de quinze anos (quem quiser consulte as crônicas ali publicadas) é contra esses teimosos homens de governo que até hoje, obstinadamente, tem-se recusado a convidá-la para dirigir a Rádio Nacional. Ou a Rádio Ministério da Educação. Ou a Rádio Roquette Pinto. Periodicamente – quando lhe parece oportuno – ela recrudesce a sua campanha contra uma destas emissoras. E foi assim que conseguiu a direção da Rádio Roquette Pinto”. (Continua na 7ª. Parte)

(Na Foto: O produtor Lourival Marques no seu ambiente de trabalho na Rádio Nacional, RJ.)
BOM DIA!
LOURIVAL MARQUES, SEU CRIADO, OBRIGADO! (XXV) Oh... Ópera! (7ª. Parte)
Por Renato Casimiro


Havia quem apostasse em panos frios, enquanto outros torciam pelo agravamento da crise, com novos elementos, já que Lourival teria dito que não dissera tudo e que não estava arrependido das acusações à sra. Maria Magdala da Gama de Oliveira. Ela iria responder, mas as notícias eram desencontradas, a ponto que um partidário, o colunista Catão, do jornal carioca Luta Democrática de vinculação ideológica nitidamente comunista, falava que Mag teria dado o caso por encerrado. Tal não foi. ENTREVISTA VIOLENTA (I) (Luta Democrática 03.12.1958). O produtor Lourival Marques, da Rádio Nacional, concedeu domingo passado, entrevista ao Diário Carioca para difamar a jornalista Magdala da Gama de Oliveira, cronista de rádio e TV do “Diário de Notícias”. “Tarada”, “chantagista”, “velhaca” e “desonesta” foram adjetivos com os quais o sr. Lourival Marques mimoseou a jornalista pelo crime de ter, segundo ele, o afirma atacado sistematicamente o seu programa “Oh, Ópera”. Acontece que “Mag” limitou suas críticas ao espetáculo radiofônico, sua feitura, finalidade e interpretações. Em nenhuma delas enveredou pela vida privada do sr. Lourival Marques, do maestro Peracchi ou de seus cantores. Ficou ali, na crítica ao programa, sem bem que reconhece, usando termos que traduziam uma revolta ocasional, mas nunca infamantes. Mag agiu, portanto, no desempenho de suas funções naquela prestigiosa folha, comentando um programa da Rádio Nacional. Externou com ênfase sua desaprovação a sátira musical que aquele produtor semanalmente escreve para a Rádio Nacional. A resposta imprudente de Lourival Marques na entrevista que concedeu ao “Diário Carioca”, foi tão violenta que o redator do jornal eximiu-se de qualquer responsabilidade, fazendo do lide essa declaração: “as declarações aqui inseridas são sempre da absoluta autoria dos entrevistados, não se responsabilizando “Diário Carioca” pelo que elas encerram, assim como o jornal não endossa as opiniões que emitem e, dessa forma, seus pontos de vista”. O sr. Lourival Marques, naquela oportunidade, uma vítima com pele de lobo, assacou diretamente contra a honra da cronista “Mag”, estendendo suas opiniões à vida privada da jornalista. Chamou-a de doente, de desonesta. Acusou-a de possuir personalidade de psicopata, reportando-se aos 15 anos de serviços prestados pela cronista ao “Diário de Notícias”. Enfim, perdeu a serenidade que sempre manteve e que o fez admirado de todos. Mal comparando o produtor da Rádio Nacional, inconformado com as críticas dirigidas ao seu programa “apelou para a ignorância” e respondeu aos comentário de “Mag” com acusações que envergonham a qualquer homem decente. A sra. Magdala está, agora, no direito de responder em espécie às injustas acusações e o vexame sofrido. Pode até caluniar ou agir, sub-reticiamento (sic) como o sr. Lourival Marques, entrando indiscretamente na sua sua vida particular, se preferir. Há o recurso legal do processo por difamação e calunia. Ontem, um amigo me informava que de jornal em punho, o produtor da Rádio nacional vangloriava-se de que impensada atitude afirmando, ainda, que “não dissera tudo e que não estava arrependido. Toda a crítica especializada sofreu com a afronta recebida pela colega e, nesta oportunidade estou inteiramente ao lado de “Mag”. Volto ao assunto amanhã, trazendo minha solidariedade à cronista agredida pelos diatribes do sr. Lourival Marques, antes considerado um homem sereno e equilibrado. ENTREVISTA VIOLENTA (II) (Luta Democrática 04.12.1958). “A maldade do homem não está em odiar, mas em odiar o que devia ser amado (Monte, “Formação do Caráter”). E prossegue: “Diante da cólera animal que se caracteriza na agressão real de tudo destruir, e ante a cólera simulada, típica em procurar intimidar o agressor, sobrepuja a cólera intelectiva; a mais perigosa de todas as cóleras: o ódio”. Ontem, tratei da agressão sofrida pela cronista “Mag”, do Diário de Notícias” por intermédio do jornalista Nestor de Holanda. Ela mesma, “Mag” me explicou que a afronta veio mais particularmente do jornalista que a odeia sem motivo aparente. E explicou que há anos sofre desmedidos e injustos ataques de Nestor a quem nunca ofendeu nem ao menos conhece. O sr. Lourival Marques erro. Perdeu a serenidade em assacar contra a vida particular da jornalista que criticara um seu programa. Argumentou em defesa de sua criação radiofônica com sandices, num linguajar que surpreendeu a tantos quantos o conhecem e o admiram. Foi uma decepção ler a sua entrevista e, mais ainda, ter conhecimento de que no dia seguinte, ele se mostrava eufórico com os insultos que imprimiu em corpo 8, na edição dominical de prestigioso matutino contra a mulher que criticara, unicamente, um programa por ele escrito. Não compro a briga dos outros, por prazer. Mas, na oportunidade não poderia ficar alheio a trama maldosa que foi vítima uma colega de profissão. Nestor de Holanda, moço inteligente, deveria, já não digo por educação, mas por ética, ter suavizado a cólera ocasional do produtor Lourival Marques, levando em conta que tal como foi publicada a matéria só prejudicou a Rádio Nacional, às vésperas de um pleito cujos eleitores são todos cronistas radiofônicos. Mas, surpreendentemente, ele que é elemento ligado à PRE-8, como produtor, como colega do sr. Lourival Marques e amigo do sr. Floriano Faissal, preferiu alimentar sua osmose congênita publicando a entrevista. Está claro que não agiu bem e a essa altura já está arrependido. Comentei o caso, pondo-me ao lado da vítima, não por prazer como já disse, mas porque, em circunstâncias idênticas gostaria de ter a solidariedade dos colegas. Se a cronista “Mag” fosse um homem, ante a violência da agressão que sofreu, as coisas teriam se desenrolado de modo diverso. De minha parte, lamento a atitude de Nestor que conto entre meus amigos, e mais ainda do produtor da Rádio Nacional, pela desilusão que causou a seus velhos admiradores. A calúnia e as infâmias não prevalecerão e “Mag” nem as responderá porque tem um passado honrado e um nome prestigioso a velar (sic). Na verdade ela já deu o caso por encerrado, dando aos seus inimigos uma lição de humildade e nobreza respondendo com a máxima do Espírito Santo: “Bem-aventurados os que sabem perdoar, porque eles triunfarão de seus inimigos”. (Sobre o Sic, anotado atrás: Não seria zelar, observo eu? Se é para “velar”, é porque o coitado do prestígio já é declarado morto. Imagino ao tempo, a gargalhada do Lourival, lendo esse texto, de tão ignorável redator). Este segundo comentário desse colunista termina por expor, nas entrelinhas, um fato lamentável. Estava em curso, promovido pela Revista do Rádio, como anualmente, para acontece no dia 18.12.1958, reunindo a crônica radiofônica, na sede da ABI - Associação Brasileira de Imprensa, as eleições para a escolha dos Melhores do Rádio, de 1958. E por suas palavras, ficava claro que os cronistas se inclinariam a assimilar o caso para prejudicar a Rádio Nacional que não se pronunciaram sobre o caso. Com os resultados divulgados no dia seguinte, em 19.2.1958, não dá para perceber que a Rádio Nacional tenha sido prejudicada como um todo, mas Lourival Marques que novamente seria o franco favorito perdeu para Dias Gomes, na sua categoria de produtor (Continua na 8ª. Parte)

(Na Foto: O produtor Lourival Marques no seu ambiente familiar, com o filho Igor.)
SAUDADES DE MONS. MURILO
Por Renato Casimiro
Alguém, em algum lugar no passado, disse com rara felicidade uma dessas expressões que ainda nos toca bem, de perto: “o Vigário do Nordeste”. Muito provavelmente, ao observador atento, tratava-se de designar alguém que ao longo de várias décadas alçara a credibilidade, manifestara a dedicação amorosa e cumprira fielmente o zelo pastoral, características marcantes dos que abrem o coração para missionar em nome do Cristo. Penso que isso, na melhor parte, sintetiza a razão de ser de Francisco Murilo de Sá Barreto entre nós. O tratamento, aplicado a quem tantos benefícios deixou na memória de seu povo, é sinal de uma honra que se confere a privilegiados dentre a sua gente. Não um tratamento burocrático, mas uma menção afetuosa e permanente entre todos os que entenderam a sua missão vivificadora. Nesse mês, lembramos Pe. Murilo na frieza do calendário que nos faz recordar do tempo de sua ausência. Depois daquele trauma horroroso, em quatro de dezembro de 2005, esses doze anos nos fortificaram na crença da imensa felicidade que foi conhecê-lo, de tê-lo junto de nós, para receber de sua mente, de seu coração e de seus braços, parte das energias que nos promoveram a uma comunidade melhorada, mais solidária e fiel a esse desígnio de acolhida e abrigo em romaria. Não é possível descrever sumariamente o longo, proveitoso e eficiente serviço para consolidar o ciclo de Romarias de Juazeiro do Norte, a despeito das imensas reservas que ele viveu, historicamente. Superou-as todas e nos legou a certeza maior de que a Igreja não tardaria a reconhecer a grandeza da religiosidade do povo romeiro. Nesse sentido, e ao tempo em que nos encontramos, para recordar tantos fatos relevantes recentemente acontecidos, sempre nos ocorre a sensação de que nos lembramos desse ausente-presente, nas saudades que cada um refere, pelo amigo que se foi. Essas saudades que naturalmente sentimos em sua ausência são sinais evidentes do quanto nos fazem falta a sua palavra esclarecida, o gesto concreto e preciso para superar tantos obstáculos, a vigilância esmerada que sempre parecia nos proteger, em tanto momentos, como vimos nascer e crescer na caminhada que empreendemos para construir essa civilização sertaneja. Pelo exemplar serviço à nossa Igreja, e à comunidade a que foi tão e exemplarmente servidor, Pe. Murilo de Sá Barreto é alvo acrescido às nossas invocações, a situá-lo dentre os nossos santos, os credores maiores de nossas reverências, orações e crenças. Sabe disso o povo nordestino que tantas vezes foi solidário ao seu chamamento, à devoção de Nossa Mãe das Dores e aos rogos do santo padrinho do Juazeiro, fortalecendo essa vocação de missionário. Cada um de nós vai lembrar, enquanto for possível, o papel importante que cumpriu, à frente da principal paróquia desse Juazeiro do Norte. Felizmente, entronizado em nossos corações, ele é parte dessa fortaleza que nos entusiasma e que nos acalma, é parte dessa esperança que nos anima, e é parte do futuro que nos aguarda. (Informativo Romaria, Dez., 2017)
OS MÉDICOS DA TURMA DE FLORO (VI)
CHRISTOVÃO COLOMBO DA GAMA
Por Renato Casimiro
Neste sexto texto sobre os médicos que integraram a turma de Floro Bartholomeu da Costa, vamos sentindo que os dados vão rareando pois nem todos foram figuras brilhantes e notórias. É preciso garimpar bastante para ir tirando leite de rocha para se conhecer mais alguns. É o caso desse dr. Christovão Colombo da Gama, cuja tese de doutoramento foi intitulada de “Da Tuberculose na Bahia”. Pouco dele se soube. Vamos encontrar muito mais informações sobre sua esposa, Corina Caçapava, sobre quem diremos algumas coisas por transcrição de dados da internet. Por exemplo, sabemos que: Nasceu Corina Caçapava Barth em 30 de setembro de 1884, sendo filha de João Leite de Oliveira Caçapava e Argentina Ribeiro Caçapava. (...) A professora Corina Caçapava Barth, paulista de Tietê, casou-se com o médico baiano Christovam Colombo da Gama em maio 1906, nesta mesma cidade de Faxina (atual Itapeva), no mês seguinte ao do citado evento acima. A partir de então, ela passou a assinar Corina Caçapava da Gama. Eles tiveram os seguintes filhos: Carlos Gilberto da Gama, Jovita da Gama Botto, Yolanda da Gama Macedo e Celso da Gama. Não encontramos nenhuma informação sobre a atividade médica do Dr. Christovam. Apenas a nota de falecimento que saiu no Estado de São Paulo nos seguintes termos: “Dr. Christovam Colombo da Gama – Faleceu no dia 10 do corrente (outubro), em Taquaritinga, onde era clinico, o dr. Christovam da Gama, natural da Bahia. Deixa viúva a sra. D. Corina Caçapava da Gama e quatro filhos. D. Jovita da Gama Botto, casada com o dr. Collemar Botto, alto funcionário bancário, residente em Botucatu, senhorita Yolanda da Gama e os meninos Celso e Carlos Gilberto. Era irmão dos senhores drs. Durval Gama, lente da Escola de Medicina da Bahia e Rodrigo Gama, clínicos residentes na Bahia. Era genro do sr. farmacêutico João Caçapava e da sra. D. Argentina Caçapava, e cunhado dos srs. Dr. Corino Caçapava, clínico em Lins, casado com a sra. D. Flávia Almeida Caçapava; César Caçapava, farmacêutico químico da Cia. Rhodia Brasileira, casado com a sra. D. Maria de Castro Caçapava, funcionário estadual, residente em Faxina, casado com a sra. D. Marietta Brisola Caçapava; Orestes Caçapava, cirurgião dentista, residente em Catanduva, casado com a sra. D. Carmen Amaral Caçapava, e Celiano Caçapava, alto funcionário bancário, residente nesta capital (SP), viúvo da sra. D. Maria izalina Almeida Caçapava, e das sras. D. Carlina de Mello, casada com o sr. farmacêutico Pedro Martins de Mello, residente em São Bernardo; d. Cacilda de Oliveira, casada com o sr. José Maurício de Oliveira, prefeito municipal de Guarulhos, e de d. Celina Azzi, casada com o sr. dr. Ricardo Azzi, engenheiro agrônomo, residente nesta capital.” Consta que d. Corina, poetisa e música concertista, no dia 14.12.1935, em Itapetininga (SP), a viúva do dr. Christovam, casou-se em segundas núpcias com o também viúvo João Barth, farmacêutico natural desta mesma cidade. A partir de então, ela passou a assinar “Corina Caçapava Barth. Consta também que no dia 11.02.1950, ela faleceu em São Paulo aos 66 anos incompletos de idade, cuja notícia foi publicada no jornal “O Estado de São Paulo” em 16.02.1950. Ao casal Corina e Christovam o governo do Estado de São Paulo prestou duas homenagens: Hospital e Maternidade Doutor Christóvão da Gama, em Santo André, inaugurada em 30 de setembro de 1954 pelo Doutor Celso Caçapava da Gama. O nome foi uma homenagem ao seu pai, o Doutor Christovam Colombo da Gama, e a data escolhida para a inauguração foi a do aniversário de nascimento de sua mãe, a Professora Corina Caçapava, que estaria completando 70 anos, caso estivesse viva. Devido ao seu progresso, menos de 6 anos depois, o hospital inicial foi ampliado e no dia 24 de fevereiro de 1960 foi inaugurado o atual Hospital e Maternidade Doutor Christóvão da Gama. A Escola Estadual Professora Corina Caçapava Barth como uma justa homenagem, foi dado o nome da professora Corina a um Grupo Escolar já existente em Itapetininga, através do Decreto No 27.556, de 22 de fevereiro de 1957, publicado no DOSP em 23.02.1957. Como não foi possível obter a imagem do Dr. Christovam, ilustramos esse texto com um recorte de jornal da época da inauguração do hospital em homenagem a ele, omnde são visto um flagrante da inauguração, o Dr. Celso, filho do homenageado e um ângulo do Hospital inaugurado. 

UMA IMAGEM E MUITAS HISTÓRIAS (III)
LOTT EM JUAZEIRO DO NORTE (1ª. Parte)
Por Renato Casimiro
A imagem que apresentamos aqui é a do desembarque do general, Ministro da Guerra desde o governo Café Filho até o governo JK, Henrique Batista Duffles Teixeira Lott (*Antonio Carlos, MG: 16.11.1894; +Rio de Janeiro, RJ: 19.05.1984), militar que atingiu o antigo posto de Marechal. Lott chegou em Juazeiro do Norte, por volta das 11 horas da manhã do dia 25.07.1959. O gesto que ele faz, apresentando continência virou manchete de primeira página no jornal Diário Carioca, de 28.07.1959, “Lott no Nordeste fez continência ao Povo”, como mostra a outra ilustração, da primeira página do jornal. Fazendo uma breve retrospectiva, o ano de 1959 foi um ano marcante, pois estávamos próximos da inauguração da eletrificação do Cariri pela Hidroelétrica do São Francisco, em Paulo Afonso (BA). Já em 5 de fevereiro, nosso aeroporto recebeu o primeiro avião comercial de porte médio, um C-46 da Real Aerovias Aeronorte, para 40 passageiros. Esse avião fazia a rota Rio de Janeiro-Fortaleza incluindo Juazeiro do Norte na escala. O prefeito da época era o médico Antonio Conserva Feitosa, que havia sido eleito no ano anterior e tomou posse em 25 de março. Dona Amália, nas suas memórias, narra que no dia 13 de junho, comemorou-se o vigésimo quinto aniversário da Escola Normal Rural. Lembro com saudade que no Bosque Luiz de Queiróz (lateral direita da Igreja-Matriz), o Clube Agrícola Alberto Torres organizou uma feira livre, pois era um sábado, dia da tradicional feira da cidade. Eu era aluno da professora Chiquinha Cornélio, no terceiro ano primário, estava com 9 anos de idade, e a nossa participação na feira foi com a banca de ervas medicinais. Os alunos do Curso Ginasial constituíram um corpo de fiscais, instalaram uma Delegacia, para evitar as desordens dos feirantes. De noite houve a sessão solene no auditório da Escola, sendo orador oficial o Dr. Plácido Aderaldo Castelo, fundador da Escola e seu 1º Diretor. Foi instalado o Círculo de Pais e Mestres. Dr. Moreira de Sousa, ex-diretor da Instrução do Ceará, idealizou e localizou a Escola em Juazeiro, e também se fez presente às solenidades. Não havendo o Prefeito Municipal de então permitido que os acionistas do Instituto Educacional erguessem na Praça Pe. Cícero um obelisco comemorativo daquele grande evento, a Diretora da Escola instalou uma placa de cimento numa das portas de entrada do prédio ao lado da Avenida Dr. Floro colocando na mesma os seguintes dizeres: “1934-1959, 13 de junho: Inaugura-se oficialmente a Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte.” No dia 25 de julho, um sábado, a cidade recebeu festivamente o visitante general Lott. Deixando o ministério e passando a reserva, desejou candidatar-se a presidência da república em 1960, pela coligação PTB/PSD. Seria derrotado por Jânio Quadros. Na sua campanha veio ao Ceará (essa é a primeira em campanha, viria noutra ocasião a Fortaleza) e a um dos mais importantes colégios eleitorais da época, o município de Juazeiro do Norte. A sua saída do Rio de Janeiro para Fortaleza sofreu atraso porque o avião teve uma pane num dos motores da aeronave, um Costelation, da Panair, que teve de retornar ao aeroporto do Galeão. Enquanto aguardavam providências para a troca de aeronave, o general conheceu a grande atriz Marlene Dietrich que desembarcava. A bordo de uma nova aeronave, um DC 6C, chegaram a Fortaleza pelas 23 horas da sexta feira. No dia seguinte, após compromissos, vieram para Juazeiro do Norte em dois aviões DC-3 da Real Aerovias. Na comitiva do ministro estavam: o governador do Ceará, José Parsifal Barroso, o deputado Armando Falcão, há pouco nomeado ministro da justiça, deputados cearenses do PTB e do PSD e jornalistas. A previsão era de que o general pernoitaria em Fortaleza para seguir na manhã do outro dia para Juazeiro do Norte. Interessante é a descrição que um repórter faz da viagem do general. Na manhã de sábado, depois de visitas em Fortaleza, o ministro chegou ao aeroporto com sua comitiva depois das 9 horas e embarcaram em dois aviões C-46 da Real Aerovias Aeronorte. Ainda no trajeto Rio-Fortaleza, o general confidenciou ao comandante Fontana, da presidência da república, que a sua vocação teria sido a de aviador. E terminou por dizer que gostaria de pilotar aquela aeronave. O comandante fez uma breve verificação da habilidade do general e o colocou na poltrona do co-piloto. Verificando que teoricamente o general sabia pilotar. Deu instruções rápidas e autorizou a fazer a decolagem. (Continua na 2ª. Parte)
UMA IMAGEM E MUITAS HISTÓRIAS (III)
LOTT EM JUAZEIRO DO NORTE (2ª. Parte)
Por Renato Casimiro
A bordo dessa aeronave estavam Parsifal, Armando Falcão, deputados Oliveira Brito, Bias Fortes, Carlos Murilo, Último de Carvalho, Colombo de Souza, Crisanto Moreira da Rocha, Expedito machado, o vice-governador Wilson Gonçalves, e os generais ajudantes de ordens, Pradel e Portugal e 3 ou quatro jornalistas. O DC-3 correu n pista e alçou vôo sem dificuldade. O general colocou-o na rota e o dirigiu até as vizinhanças de Juazeiro do Norte, num percurso de 1 hora e 40min. Na hora da aterrissagem o general passou a tarefa para o comandante Fontana. – Não quero descontar em ninguém – disse o general depois aos jornalistas, explicando que decolar é fácil – é sentir o avião pegar e puxar a alavanca – mas aterrissar é difícil – depende do golpe de vista e da intimidade com os pedais. Foi esse o primeiro voo do general Lott. O segundo, completo, com aterrissagem, ele faria na viagem de volta a Fortaleza. No desembarque, à porta da aeronave, há esta imagem do general fazendo continência, claro às patentes militares ao pé do avião, mas foi interpretado mais amplamente pela imprensa. 

Ainda na pista do aeroporto, o ministro da Guerra passou em revista a tropa do Tiro de Guerra 210, cumprimentou e foi cumprimentado por autoridades de toda a região e se encaminhou para um veículo que o levou diretamente para o local do marco comemorativo da ereção do primeiro poste da rede de eletrificação de Juazeiro do Norte, e por extensão, de todo a região do Cariri. No trajeto havia muita animação pelas ruas, em clima festivo pela visita e o ato que se realizaria, denominado de Festa do Poste. O local escolhido era à margem da rodovia Juazeiro-Crato-Barbalha, na altura do cruzamento da linha férrea (situando hoje: seria o cruzamento das avenidas Pe. Cícero e Paulo Maia, do lado do Hiper). Aí já estava instalado o marco, como uma pedra em granito e uma placa de bronze, com dizeres que transcreverei adiante. Consta que no local, simbolicamente, o ministro fez o aterramento do poste que foi fincado para receber as linhas elétricas. 

No andamento do ato, usaram da palavra vários deputados e políticos locais. Os oradores locais assinalaram a significação daquele ato e manifestaram a esperança de que o general Lott como presidente da República, aceleraria o processo de eletrificação e industrialização do Cariri. Colombo de Souza, um dos mais ativos e participantes dessa campanha recebeu grande manifestação dos presentes. Nesta ocasião, em nome da comunidade, especialmente representada pelo Comitê Pró Eletrificação e Industrialização do Cariri, que reunia lideranças das cidades de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, usou da palavra, visivelmente emocionado, o Dr. Hildegardo Belém de Figueiredo, Presidente do Comitê, que terminou seu discurso com as palavras seguintes: "Meus senhores: Encimado da verde flâmula que simboliza a luta, uma causa, um ideal, aqui ficará, marginando a estrada, este primeiro poste, sentinela de esperança. No alto, verão quantos por aqui passarem, o verde retângulo desfraldado ao beijo suave de todas as brisas do Nordeste, simbolizando a fé cívica de um povo em eterna vigília, marchando das trevas para a luz. Símbolo de uma parcela do Brasil Nordeste que deseja conduzir o seu próprio destino e construir também o progresso da pátria. Um dia, este frio corpo de cimento perderá a verde bandeira que o engalana. Nesse dia, meus senhores, a paisagem sertaneja que nos cerca terá rutilantes cintilações de esplêndida alvorada. Nesse dia, o Cariri estará recebendo através das artérias metálicas dos fios condutores, a vibrante energia que, ora, tumultua, em cada sístole, o dadivoso e turbulento coração de Paulo Afonso."

O clima eleitoreiro do evento ainda hoje é percebido através das críticas feitas ao tempo da denominada Festa do Poste, resistem, por escrito, num discurso do líder da oposição a PTB-PSD, do então deputado Guilherme Gouveia, na Assembleia, em 1960, com os seguintes comentários sobre a vinda de Lott ao Juazeiro: “Certo, conseguiu o chefe do Executivo sobredoirar uma derrota evidente com ribombos festivos no vergel do Cariri. E até como atração central conseguiu-se a presença do Senhor Marechal Teixeira Lott, Ministro da Guerra e candidato do situacionismo federal à presidência da República. (...) O show do Cariri procurou atingir várias "metas", segundo se diz, agora, na novíssima gíria administrativa da República. Uma delas, a principal, por certo, terá sido a de derivar a atenção pública desse espetáculo de alarmante inoperância, que tão bem define o atual governo, através do pano de amostra de quatro meses de desorientação e esterilidade. (...) A Festa do Poste deve ser traduzida como comemoração de um nítido triunfo das administrações Paulo Sarasate e Flávio Marcílio, a cujo crédito deve levar-se, ainda, a abertura da concorrência para o estudo do Plano de Eletrificação do Ceará... O ilustre General Lott, a sua comitiva, o governador, os turistas da República que foram visitar o túmulo do Pe. Cícero, diante do qual ainda se ajoelham legiões da plebe sem terra do Nordeste, vindas em romarias, dos mais longínquos feudos, - toda essa gente, Senhor Presidente, foi assistir ao atual governo do Ceará fazer cortesia com o chapéu alheio.” (Continua na 3ª. Parte)

UMA IMAGEM E MUITAS HISTÓRIAS (III)
LOTT EM JUAZEIRO DO NORTE (3ª. Parte)
Por Renato Casimiro
A placa comemorativa fixada para marcar a instalação do primeiro poste que ligou a energia de Paulo Afonso a Juazeiro do Norte resistiu naquele local por muitos anos. Depois sumiu. Felizmente temos a sua imagem fotográfica. Nela se lia: “Marco comemorativo da instalação do primeiro poste que ligará a energia elétrica de Paulo Afonso ao Cariri. 25 de Julho de 1959. Presidente da República: Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira; Ministro da Viação e Obras Públicas: Almirante Lúcio Meira; Governador do Estado: Dr. José Parsifal Barroso; Vice-Governador do Estado: Wilson Gonçalves; Presidente da CHESF: Eng. Antonio José Alves de Sousa; Executor do Plano de Eletrificação: Eng. Bernardo Bichucher; Prefeito Municipal de Juazeiro do Norte: Dr. Antonio Conserva Feitosa.” As personalidades citadas na placa comemorativa da Festa do Poste, à exceção do presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira, estavam presentes ao ato. Mas, havia dois ilustrados e naturais convidados para a festa que não estiveram presentes, por motivos diversos: o engenheiro, diretor técnico da CHESF, dr. Antonio José Aves de Sousa e o empresário Felipe Neri da Silva (membro ativo do Comité Pró Eletrificação do Cariri). Aliás, ambos também não assistiriam a ligação definitiva, na festa da Eletrificação em dezembro de 1961: Alves de Souza faleceria em Paulo Afonso, em 18.12.1961, e Felipe Neri teve morte trágica no Rio de Janeiro, quando o avião que o transportava, mergulhou nas águas da Baia da Guanabara, em 24.06.1960.

Depois da Festa do Poste, a comitiva, autoridades locais e o povo deslocaram-se para a Praça Pe. Cícero onde aconteceu um comício com a presença do candidato à presidência da república. Na praça um palanque estava montado e o general ficou na frente, posição central, cercado de seus correligionários. Diversos oradores antecederam ao candidato. Quando foi dada a palavra ao general, estouraram-se muitos fogos, vivas ao futuro presidente, e grande delírio na assistência. Isso tudo acontecia, apesar de julho, num dia de forte sol de meio dia, e isso não desanimava o povo que reagia muito bem a tudo. Alguém tomou o microfone e quis saber quais dos ali presentes eram a favor de Lott e que levantassem os braços. Foi uma apoteose. Milhares o fizeram. O general Lott falou de improviso. Lembrou por exemplo, que há uns 51 anos passados, quando era aluno da Escola Militar, assistiu no Rio de Janeiro uma exposição sobre o artesanato cearense, e ele pode ver o valor dessa arte em peças de madeira, de metal, de couro e palha. Agora estava ali na véspera de uma nova redenção do Ceará através da eletrificação. E ele bem imaginava o que seria aquele gosto pelo trabalho e a arte do artesão às portas de ser implementada pela energia elétrica. Finalizou agradecendo a todos, gente de todo o nordeste pela acolhida. Não estava ali para fazer promessas, mas dedicaria todo o seu empenho para trabalhar pelas necessidades do povo. E que isso não era senão a obrigação do homem público, “porque recebe do povo o poder que deve ser exercido para o bem do povo”. 

Logo a seguir, a comitiva e convidados foram recebidos pelo prefeito Dr. Antonio Conserva Feitosa para um churrasco em homenagem ao general Lott. No meio da tarde, todos se dirigiram ao Socorro para uma visita ao túmulo do Padre Cícero, junto ao qual rezou e conversou com romeiros. Antes de retornar a Fortaleza, o general participou na sede o Treze Atlético Juazeirense, na Av. Mons. Joviniano Barreto, de uma mesa redonda com prefeitos da região do Cariri, além de representações políticas, com as quais tratou de questões político-administrativas. Depois, ainda ao final da tarde, o general e sua comitiva se despediram da região no aeroporto. O general Lott foi direto para a cabine de comando de uma das aeronaves, assumiu como piloto, taxiou, levantou voo e tomou a direção que lhe permitiu ver de perto o açude de Orós, tomando, em seguida, a direção de Fortaleza, onde pousou tranquilamente no início da noite. No dia seguinte, retornou ao Rio de Janeiro. 
O CINEMA ALTERNATIVO NO CARIRI

SESSÃO CURUMIM(JUAZEIRO DO NORTE)
A Sessão Curumim promovida pelo Centro Cultural BNB ocorre no próximo dia 11, segunda feira, às 14 horas, no Orfanato Jesus Maria José (Rua Cel. Antonio Pereira, 64, Santa Tereza, em Juazeiro do Norte, o filme FROZEN (Frozen, Estúdios Walt Disney, EUA, 2013, 102 min). Direção de Chris Buck e Jennifer Lee. Sinópse: A caçula Anna (Kristen Bell/Gabi Porto) adora sua irmã Elsa (Idina Menzel/Taryn Szpilman), mas um acidente envolvendo os poderes especiais da mais velha, durante a infância, fez com que os pais as mantivessem afastadas. Após a morte deles, as duas cresceram isoladas no castelo da família, até o dia em que Elsa deveria assumir o reinado de Arendell. Com o reencontro das duas, um novo acidente acontece e ela decide partir para sempre e se isolar do mundo, deixando todos para trás e provocando o congelamento do reino. É quando Anna decide se aventurar pelas montanhas de gelo para encontrar a irmã e acabar com o frio.

SESSÃO CURUMIM (CARIRIAÇÚ)

A Sessão Curumim promovida pelo Centro Cultural BNB, também acontece de forma itinerante no próximo dia 12, terça feira, às 8 horas, na E. E. F. Julita Farias, em Caririaçú, com o filme o filme Frozen (Frozen, Estúdios Walt Disney, EUA, 2013, 102 min) (registro acima) 

CINE GOURMET (FJN, JUAZEIRO DO NORTE)
A Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN) agora também está incluída no circuito alternativo de cinema do Cariri. As sessões são programadas para duas vezes ao mês, de 14:00 às 16:00h, no Auditório do Bloco I, na Rua São Francisco, 1224, Bairro São Miguel, dentro do seu Projeto de Extensão denominado Cine Gourmet, sob a curadoria de Renato Casimiro. Informações pelo telefone: 99794.1113. No próximo dia 12, terça feira, estará em cartaz, o filme CHOCOLATE (Chocolat, Reino Unido/EUA, 2000, 121min) Direção de Lasse Hallstrom. Sinopse: Vianne Rocher (Juliette Binoche), uma jovem mãe solteira, e sua filha de seis anos (Victorie Thivisol) resolvem se mudar para uma cidade rural da França. Lá decidem abrir uma loja de chocolates que funciona todos os dias da semana, bem em frente à igreja local, o que atrai a certeza da população de que o negócio não vá durar muito tempo. Porém, aos poucos Vianne consegue persuadir os moradores da cidade em que agora vive a desfrutar seus deliciosos produtos, transformando o ceticismo inicial em uma calorosa recepção.
CINE GOURMET (FJN, JUAZEIRO DO NORTE)
A Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN) agora também está incluída no circuito alternativo de cinema do Cariri. As sessões são programadas para duas vezes ao mês, de 14:00 às 16:00h, no Auditório do Bloco I, na Rua São Francisco, 1224, Bairro São Miguel, dentro do seu Projeto de Extensão denominado Cine Gourmet, sob a curadoria de Renato Casimiro. Informações pelo telefone: 99794.1113. No próximo dia 14, quinta feira, estará em cartaz, o filme DELICATESSEN (Delicatessen, França, 1991, 97min). Direção de Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro. Sinopse: Num mundo pós-apocalíptico em que a comida é a principal moeda de troca, Louison (Dominique Pinon), um ex-palhaço, arranja um emprego no prédio que abriga o açougue Delicatessen. Instalado na pensão do andar superior, o novo funcionário acaba se envolvendo com a violoncelista Julie (Marie-Laure Dougnac), filha do sanguinário açougueiro Clapet (Jean-Claude Dreyfus). Perseguido, o rapaz precisa escapar do pai ciumento e dos demais moradores do prédio, que têm planos macabros para sua carne.

CINE CAFÉ VOLANTE (URCA, MISSÃO VELHA)


O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Missão Velha (URCA, Campus Missão Velha, Rua Cel. José Dantas, 932 – Centro), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 14, quinta feira, às 19 horas, o filme A CRIANÇA (L’enfant, 2005, BEL/FRA, 95 min). Direção de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne. Sinopse: Sonia (Débora François) é uma jovem de 18 anos, que acabou de dar à luz a um menino. Bruno (Jérémie Renier), o pai, com 20 anos de idade vive de pequenos roubos cometidos por ele e seus comparsas adolescentes. Os dois vêem de maneira bem diferente o significado da chegada desta criança, sendo que os atos de Bruno em relação ao filho colocarão o casal diante de sérios dilemas sobre suas existências. 

CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe no dia 14, quinta feira, às 19:30 horas, dentro da programação de Cinema Noir, o filme O GRANDE GOLPE (The Killing, EUA, 1956, 85 min). Direção de Stanley Kubrick. Sinopse: Johny Clay é um fora-da-lei que, após sair da prisão, começa a pensar em um plano que dará, para ele e seus comparsas, ganhos de US$ 2 milhões. Todo o planejamento ameaça ruir quando o amante da esposa de um dos integrantes do bando começa a se meter nas ideias do grupo.
CINE CAFÉ VOLANTE (FAMED, BARBALHA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Barbalha (Auditório da Faculdade de Medicina), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 15, sexta feira, às 19 horas, o filme ALBERGUE ESPANHOL (L’Auberge espagnole, Espanha/França, 2002, 122 min.) Direção de Cédric Klapisch, Sinopse: Xavier (Romain Duris) tem 25 anos e está terminando o curso de Economia. Um amigo de seu pai lhe oferece um emprego no Ministério da Fazenda, mas, para assumir o posto, o rapaz precisa saber a língua espanhola. Ele decide acabar seus estudos em Barcelona, para aprender a língua. Para isso, vai ter que deixar Martine (Audrey Tatou), sua namorada há quatro anos. Ao chegar em Barcelona, Xavier procura um apartamento no centro da cidade e acha um com mais sete estudantes, todos estrangeiros. Com eles, Xavier vai descobrir a autonomia e a sexualidade e iniciar a vida adulta.
CINE CAFÉ VOLANTE (CASA GRANDE, NOVA OLINDA)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, promove sessões semanais de cinema no seu Cine Café, na cidade de Nova Olinda (Fundação Casa Grande), com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no próximo dia 15, sexta feira, às 19 horas, o filme CONTATOS IMEDIATOS DE TERCEIRO GRAU (Close Encounters of the Third Kind, EUA, 1977, 137 min.). Direção de Steven Spielberg. Sinopse: Em uma pequena cidade americana vive Roy Neary (Richard Dreyfuss), um chefe de família que, ao presentir a chegada de alienígenas, tem o seu comportamento alterado. Ele fica obcecado pela idéia e começa a investigar a situação, buscando o local de contato dos ET's. Como ele, diversas outras pessoas sentem a presença extraterrestre e rumam para o local do pouso da nave. 
CINE ELDORADO (JUAZEIRO DO NORTE)
O Cine Eldorado (Cantina Zé Ferreira, Rua Padre Cícero, 158, Centro, Juazeiro do Norte), com entrada gratuita e com a curadoria e mediação do prof. Edmilson Martins, exibe no dia 15, sexta feira, às 19:30 horas, dentro do Festival de Filmes Inesquecíveis, o filme QUO VADIS (Quo vadis, EUA, 1951, 171min). Direção de Mervin LeRoy. Sinopse: Após três anos em campanha, o general Marcus Vinicius (Robert Taylor) retorna à Roma e encontra Lygia (Deborah Kerr), por quem se apaixona. Ela é uma cristã e não quer nenhum envolvimento com um guerreiro, mas apesar de ter sido criada como romana Lygia é a filha adotiva de um general aposentado e, teoricamente, uma refém de Roma. Marcus procura o imperador Nero (Peter Ustinov) para que ela lhe seja dada pelos serviços que ele fez. Lygia se ressente, mas de alguma forma se apaixona por Marcus. Enquanto isso as atrocidades de Nero são cada vez mais ultrajantes. Quando ele queima Roma e culpa os cristãos, Marcus salva Lygia e a família dela. Nero captura os todos os cristãos e os atira aos leões, mas no final Marcus, Lygia e o cristianismo prevalecerão.
CINE CAFÉ (CCBNB, JUAZEIRO DO NORTE)
O Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil, (Rua São Pedro, 337, Juazeiro do Norte), realizando sessões semanais de cinema no seu Cine Café, com entrada gratuita e com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro, exibe no dia 16, sábado, às 17:30 horas, o filme O MEDO DEVORA A ALMA (Angst essen seele auf, Alemanha, 1974, 94 min). Direção de Dir. Rainer Werner Fassbinder. Sinopse: Emmi (Brigitte Mira), uma sexagenária viúva alemã, se apaixona por um imigrante muçulmano e negro, 20 anos mais jovem, chamado Ali (El Hedi ben Salem). Eles decidem ficar juntos e enfrentam as opiniões contrárias de família, amigos e vizinhos. Ultrapassando o preconceito e as diferenças culturais e sociais, os dois vão vencendo as dificuldades, mas logo começam a questionar os próprios sentimentos e a validade da relação.
O(S) BREVIÁRIO(S) DO PADRE CÍCERO
Quando criança, talvez já me preparando para a primeira eucaristia, lembro de ter ouvido a menção “o breviário do padre fulano”. Cresci com a curiosidade de ver de perto, talvez ler alguma coisa desse livro de que se ouvia falar. O esteriótipo, como vi tantas vezes com o querido amigo Mons. Azarias Sobreira Lobo, era o de vê-lo, debaixo do braço, não importando para onde ia, sempre levando consigo. O tempo acabou com isso, mesmo porque os estereótipos se alteraram, e não se vê mais por aí um padre lendo o breviário em locais públicos. Já preocupado com a pesquisa sobre Pe. Cícero, um dia, em casa de dona Amália Xavier de Oliveira, ele me disse, - “Vou lhe mostrar uma preciosidade”. E me apresentou, deixando que eu o folheasse, o velho breviário do pe. Cícero, aquele que o acompanhou em Roma, e ainda hoje, existente, guarda as lembranças de sua estada na cidade eterna, com alguns apontamentos preciosos que dona Amália transcreveu em sua obra, O Pe. Cícero que eu conheci. Guardou, Amália, por toda a vida aquele documento riquíssimo. Depois de sua morte o livro foi negociado, e comprado com mais algumas peças e hoje está na coleção particular do cel. Humberto Bezerra (Fortaleza). Por esses dias, recebi a comunicação do bibliófilo, Francisco Pereira Lima (Cajazeiras, PB) de que tem conhecimento e até é mediador, que um outro exemplar de um Breviarium Romanum, com assinatura do Pe. Cíucero Romão Baptista está disponível para negócio e será leiloado por algum antiquário. Não tenho maiores detalhes, mas se trata da edição, ou de uma delas, como a foto indica, datada de 1885. Por esta peça, segundo o Pereira, pede-se um lance mínimo de R$1.200,00. Penso que vale, a se confirmar a sua autenticidade. Pela data da edição, pode ser que tenha sido um exemplar que ele, pessoalmente, tenha comprado em Roma, quando ali esteve residindo, entre fevereiro e outubro de 1898, já que aquele seu, tslvez ainda o primeiro, já estava precisando de um substituto. Talvez não por atualização, pois ainda se imprimia esse livro segundo as decisões do Concílio de Trento (1545-1563), com os aditivos dos pontificados de Pio V (1566-1572), Clemente VIII (1592-1605), Urbano VIII (1623-1644) e de Leão XIII (1878-1903). Mas, evidentemente, era esse um livro que se poderia comprar em nosso pais, pois nessa época, se tinha o texto em latim, e o livro era importado, minimamente de Portugal, para onde se destinavam essas edições. 


NOVÍSSIMA EDIÇÃO
Já está disponível para aquisição uma das obras que mais merece a minha reverência pela precisão, oportunidade e serviço, não sendo uma obra para leitura obrigatória mas para ser de consulta muitíssimo obrigatória. Está saíndo a 5ª. Edição dessa obra do engenheiro Mário Bem Filho – Juazeiro do Norte, seu espaço físico, bem volumoso em suas 360 páginas com muitas ilustrações da planta fracionada da cidade, executada pela editora Expressão Gráfica, Fortaleza, com data de setembro de 2017, que por dever de ofício, o engenheiro de obras ligado ao urbanismo da cidade, nos tem legado em diversas oportunidades uma revisão preciosa do mapa da cidade e a perfeita indicação de localização, além de dados que implicaram a respectiva nomenclatura de bairros, ruas e demais logradouros da cidade. Desejo agradecer ao Mário a fineza de ter remetido o exemplar, o que não me exime de ir publicamente festeja-lo, tão logo se anuncie o lançamento. Vou rever a obra tão conhecida, agora ampliada e revisada por seu autor, certamente em edição ainda mais melhorada que as anteriores, inclusive graficamente. Depois terei imenso prazer em confirmar a minha prévia simpatia por sua execução e deverei voltar ao assunto, brevemente. Muito grato ao Dr. Mário Bem Filho.
NOVOS CIDADÃOS JUAZEIRENSES
A cidade ganhou dois novos cidadãos honorários com o gesto da Câmara Municipal. Eis os atos: 

RESOLUÇÃO N.º 873, de 21.11.2017: Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadã Juazeirense a Senhora ANA JOARLEINE ROLIM LEITE, pelos relevantes serviços prestados a esta comunidade. Autoria: Antônio Vieira Neto; Subscrição: José Nivaldo Cabral de Moura, Domingos Sávio Morais Borges, Márcio André Lima de Menezes, Rubens Darlan de Morais Lobo, Glêdson Lima Bezerra, José Barreto Couto Filho, Francisco Demontier Araújo Granjeiro, Cícero Claudionor Lima Mota, Diogo dos Santos Machado, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Paulo José de Macêdo, Herbert de Morais Bezerra, José David Araújo da Silva, Jacqueline Ferreira Gouveia e Rosane Matos Macêdo. 

RESOLUÇÃO N.º 874, de 21.11.2017: Art. 1.º - Fica concedido Título Honorífico de Cidadão Juazeirense ao Senhor JOSÉ GERALDO OLIMPIO DE SOUZA, pelos relevantes serviços prestados a esta comunidade. Autoria: Antônio Vieira Neto; Coautoria: Glêdson Lima Bezerra; Subscrição: José Nivaldo Cabral de Moura, Domingos Sávio Morais Borges, Márcio André Lima de Menezes, Rubens Darlan de Morais Lobo, José Barreto Couto Filho, Francisco Demontier Araújo Granjeiro, Cícero Claudionor Lima Mota, Diogo dos Santos Machado, José Tarso Magno Teixeira da Silva, Paulo José de Macêdo, Herbert de Morais Bezerra, José David Araújo da Silva, Jacqueline Ferreira Gouveia e Rosane Matos Macêdo.
UMA MANHÃ NO AEROPORTO DE JUAZEIRO     
O aeroporto de Juazeiro do Norte parece não ser um equipamento complicado no seu dia a dia. Mas há uma circunstância em que ele se assemelha a qualquer um outro do universo: quando um voo é cancelado, como o que aconteceu na manhã do dia 8.12, ao voo 6376 Avianca, procedente de Guarulhos, com previsão de chegada às 6:55, diariamente, e que prossegue para Fortaleza, às 7:25. Nesse caso, o prejuízo pode ter sido mais sério, pois ele na sua regularidade, retorna de Fortaleza, com destino a Guarulhos, novamente chegando a Juazeiro às 9:55, com o número 6377. Uma jovem estava angustiadíssima porque tinha de chegar a Fortaleza para apanhar o vestido com o qual se casaria no dia seguinte, de volta a Juazeiro; um professor universitário, do Paraná, estava lamentando porque não cumpriria a sua programação, para o qual fora convidado para palestras num Centro universitário da Capital; outra senhora estava nervosa, sem conseguir a remarcação imediata para outro voo à tardinha, para participar de um concurso na UFC; um político, mesmo sem muita expressão, estava fulo de raiva porque não chegaria a tempo para uma audiência pública na Assembleia; dois empresários se queixavam porque talvez perdessem uma concorrência que seria aberta naquela manhã numa repartição pública; uma senhora estava aflita porque deveria chegar a tempo para a cirurgia de caso sério de um parente; várias outras falavam de consultas médicas, de compromisso sociais e familiares; vários se lamentavam pela eventual perda de conexões entre o Cariri e a região Norte e Nordeste do país, e por aí se estendiam os relatos quase dramáticos. Uns entre choros, outros ao ranger de dentes, de ódio, diante da frieza dos empregados da companhia, ao dizer: só vinte, e encerrou.. É a vida em aeroporto, é a vida... Quem abre o Google e sugere alguma coisa assim, vai encontrar muitas informações para o caso de indenizações e ressarcimentos para os casos diversos. Na verdade, somos habituados a ouvir meias histórias e a perceber mais omissões até da agência reguladora que não obriga a companhia a ter uma postura adequada. Em tempo de internet, whatsapp, e o “escambau” é necessário tomar providências para pelo menos informar o coitado do passageiro, e até obrigar as empresas a honrar com maior responsabilidade o que gera de complicação a todos esses casos, quase todos não contornáveis, e com prejuízos sérios às pessoas. No caso em tela, veja-se que o voo não partiu da sua origem, onde há mais aviões disponíveis, mesmo considerando que o aeroporto local não recebe qualquer um. Mas, provavelmente no dia de hoje os dramas não foram tão numerosos. Não se ouviu dizer que em Guarulhos havia um caos, a ponto de tornar a cena mais dramática. O procedimento foi o de acomodar, ver quem toparia um ajuste para outro dia, e coisas assim. Mesmo com essas alternativas, entre 20 ou pouco mais foram os que foram relocados. E os demais, nem imagino. Uma coisa é significativo nesse cenário, o Cariri merece maior atenção, pois o mercado da região está se afastando de limites críticos. Por aqui as demandas já se avolumam, e é necessário implementar mais voos e destinos alternativos para fazer crescer a malha aérea que serve à região. Esperamos sinceramente, que contra tudo e contra todos seja esta a solução mais evidente para novas empresas e principalmente melhores serviços com aeronaves maiores e dentro de nossas possibilidades, horários novos e flexíveis, e um maior número de alternativas de destino para permitir conexões. A região merece essa consideração e esse respeito aos seus interesses. Temos aeroporto e temos clientes de uma enormidade de origens e que passam por aqui. Os que já terão resolvido os seus problemas, por aí, não começaram exatamente por esse mínimo?