sábado, 10 de março de 2012

10.03.2012
BICICLETAS

Não tenho nenhuma dúvida: o presente que ganhei de meus pais no dia do meu aniversário em 1962, há quase cinqüenta anos, foi um dos mais expressivos em minha vida. Era uma bicicleta, modelo daquele ano, em cor azul, próxima de turquesa com detalhes em branco, da marca Goriche. Esta marca, de procedência alemã já era fabricada em São Paulo, pela Indústria Brasileira de Bicicletas Ltda. Leio no Wikipedia que “Göricke é um fabricante alemão de bicicletas e motocicletas com produção desde 1874. Com sede na cidade de Bielefeld, a Göricke Werke fabricou bicicletas até os anos 1970, quando a marca foi vendida e passou a ser fabricada pela Pantherwerke A.G., sediada na cidade de Löhne. Em 1955 as bicicletas da marca começaram a ser produzidas no Brasil, na cidade de São Paulo. A produção das Göricke nacionais durou até meados dos anos 1960. Eram bicicletas resistentes e duráveis, produzidas seguindo o padrão de qualidade alemão da época. Eram importados poucos componetes (como o cubo contra-pedal Renak), sendo a maior parte das peças produzida no Brasil. O fabricante produziu componentes para diversas outras marcas nacionais, da época, de diversas regiões do país. Nomes como Henke, Sieger, Prosdócimo, Abul, Bergamo, Wolf, Patria, entre outros são encontrados em quadros produzidos pelo fabricante da Göricke brasileira.” Eu já havia aprendido a andar com a bicicleta do primo Chichico (Francisco Gonçalves Casimiro) nas visitas que fazia à sua oficina de marcenaria na rua São Francisco, perto da Rua da Gloria. Devo a ele estas primeiras noções do guidon. Ele tinha uma MercSwiss, com pneus muito finos e um design que hoje reconheço como uma precursora destes novos modelos bike. Desta fabricação, Goricke, não lembro se havia variações de modelos. Parecia que era o básico, sem muitos recursos, coisa que faríamos acrescentar no ato da compra, ou numa das oficinas da cidade, pondo acessórios tais como aparador de lama, descanso, buzina, gerador e faróis (frente e sinaleira), e retovisor. Algum tempo depois começaram a chegar outros mais sofisticados, como um cilindro para várias marchas e até mesmo um pequeno motor a gasolina que a transformaria numa espécie de motocicleta. Com a minha, tinha o maior zelo, lavando semanalmente, passando cera e mantendo o brilho de sua pintura original. Mas pouco a usei, pois já em começo de 1965 eu iria para Fortaleza e a bicicleta ficou para um primo que deve ter ficado com ela por vários anos, e eu perdi o contato, não sabendo o fim que levou. Tenho uma única foto desta bicicleta, com os amigos Francisco Flávio Germano Magalhães e Francisco Hélio Germano Correia, na Lagoa Seca, numa manhã de domingo, de 1963. Tudo faz crer que meu pai a comprou na loja de Manoel Nino, na Rua Santa Luzia, 264, que viria a ser no ano seguinte nosso vizinho, pois moraríamos no número 268. Nesta época, seu Nino tinha a Oficina São Francisco, no fundo da loja. Ele dava a assistência técnica para as necessárias lubrificações, montagem de acessórios, consertos de câmaras de ar e rodas, bem como os ajustes que sempre se faziam necessários eram feitos. A outra loja que também muito utilizei foi a do Posto Monark, da Rua São Pedro (ainda hoje com este nome, mas no ramo de fotografia) com Cícero e sua turma. A loja de Nino era completamente especializada em bicicletas, tendo de tudo. Mas, havia algumas outras lojas em Juazeiro do Norte vendiam este produto. Manoel Nino, já referido tanto no Juaonline, quanto no Blog que o sucedeu, era aquele que, reconhecidamente tinha a mais impressionante bicicleta da cidade. Muito incrementada por acessórios, a começar do celim que era enorme para um melhor assento, coberto de um estofamento bem interessante. Havia gerador para puxar a iluminação que era um caso quando trafegava à noite. A bicicleta tinha muito enfeite, decoração à beça, e até um rádio, modelo Spica, dentro de uma caixinha de couro, se não estou enganado, com o qual ele ia ouvindo a Pioneira (Rádio Iracema). Quem tinha bicicleta fazia passeios pelos fins de tarde, depois dos deveres escolares, ou nos fins de semana, especialmente nas tardes de sábados e nos domingos. Eram passeios pela Boca das Cobras, Franciscanos, Lagoa Seca, Timbauba, LDJ, velho campo de pouso (próximo do hoje Romeirão), Franciscanos, Salesianos, Malvas, Pedrinhas e tantos lugares. Infelizmente não havia boa pavimentação das vias. Ou era a pedra tosca, ou paralelepípedo e ainda muita piçarra. Pouquíssimo asfalto. Os mais afoitos já usavam bicicleta para ir aos sítios mais distantes, ou mesmo Crato e Barbalha.
Depois destas lembranças pessoais, apresento aqui como ilustrações alguns dos reclames que faziam a publicidade de modelos dos principais fabricantes nacionais de Bicicletas: Monark, Gulliver, Mercswiss, Goricke, e outros modelos americanos.



Um comentário:

  1. Professor Renato, o amigo é uma enciclopedia e psicanalista ao mesmo tempo.Viva a nossa juventude.Monark e Göricke que pronuciávamos-GUÊRIQUE, era inacabável, toda inoxidável, os raios como as estrela reverberavam-.Obrigado Iderval.

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