segunda-feira, 27 de abril de 2015

BOA TARDE (I)
Dou continuidade à publicação nesta página das pequenas crônicas que estão sendo lidas no Jornal da Tarde (FM Rádio Padre Cícero, 104,9 de Juazeiro do Norte) nos dias de segundas, quartas e sextas feiras, sob o título Boa Tarde para Você.
148: (27.04.2015) Boa Tarde para Você, Maria Gorete Couto Bem Mendonça
Bem imagino que também para você, caríssima, há dias em que bate uma saudade enorme de alguns daqueles que nos precederam, principalmente no sinal da fé, e que nos esforçamos para assimilar um grande conforto que nos vem pela crença no Ressuscitado e em todos aqueles que nele creem. Cada um de nós pode falar de entes queridos, amigos mais próximos, todos na graça da eternidade, cujas memórias procuramos honrar e propalar, às vezes pelo mínimo de quanto fomos agraciados com estas amizades, carinho e caminhos, zelo e preocupações, em grandes exemplos que ficaram. Já escrevi muito e certamente ainda não o bastante do que seria necessário para tentar dizer-lhes o quanto minha vida, certamente também a sua, Gorete, e igualmente de tantos por aqui, todos aqueles que foram muito bem marcados e impressionados com o trabalho pastoral de Pe. Murilo. Insisto na nomenclatura, Pe. Murilo, porque ele era destas pessoas que escapulia desta reverência, tão cabível, mas que de honorária, nesta hierarquia católica, parecia convicto de que isto era desnecessário para alguém que não queria deixar de viver a grande graça de ser um simples padre. Ele me disse um dia, e me perdoe a inconfidência, estranho já era conviver com esta honorabilidade decretada e que a homenagem que se queria lhe prestar terminou por contemplar outros e certos padres velhos, que sob sua censura eu tratei de bestas e ciumentos, que também reclamavam esta aparente dignidade. Triste, e você bem sabe e viveu, Gorete, foi assisti-lo na nossa completa impotência, o drama dos últimos dias abreviando uma vida grandiosa de cuidados a tantas causas, como a missão evangelizadora, a memória de nosso Patriarca, e o grande afeto pelas dores da Nação Romeira. Dois anos depois de seu sepultamento, exatamente em 04.12.2007, você viabilizou e assim se mantém com grande entusiasmo com a instituição do Terço, rezado às 18 horas do dia 4 de cada mês, junto ao seu túmulo, na Capela do Encontro, na Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores. Cada vez que participo destes momentos, a minha primeira invocação recai sobre a memória de tudo aquilo que me permitiu viver com grande privilégio a proximidade deste homem magnífico, o que me garantiu a certeza de alguns poucos acertos no caminho da minha própria humanidade. De fato, Gorete, Pe. Francisco Murilo Correia de Sá Barreto foi um paradigma de vida, um grande exemplo no seu ministério, um homem muito além do seu tempo, um cidadão sobre o qual seriam temerárias e absurdas as suspeições quaisquer sobre o seu perfil ético e moral. Ninguém pode ser um grande exemplo se não preenche corretamente este itinerário, reunindo em torno de si a grande adesão de um convívio que sempre foi marcado pelo serviço absolutamente desinteressado, voluntário e disponível intensamente entre as primeiras orações das madrugadas e as noites adiantadas onde o trabalho incansável escondia parte das canseiras dos dias. Eu o conheci em 1958, Gorete, logo que aqui chegou, e esta imagem eu pude resgatar concretamente ao assistir recentemente um pequeno documentário de um evento paroquial que já tinha à sua frente aquele jovem sacerdote cujo entusiasmo se media pela postura e agilidade. Chegou aqui, graças aos seminários que frequentou, aureolado por grandes predicados na sua formação eclesiástica, mas também vitima do que esta mesma Igreja lhe semeou de prevenção e desconfiança para com o Milagre Eucarístico de Juazeiro, em março de 1889. Quando visitávamos o museu do Milagre de Lanciano, na Itália, no ano 2000, ele me deixou esta indagação: O que há aqui de mais grandioso que também não tenha sido visto e vivido naquele miserável lugar do Joaseiro?  Foram mais de 47 anos de intensa dedicação neste ministério exemplar, com o qual ele realizou uma boa parte dos sonhos de tantos, dentre aqueles que o encontraram nas salas de aulas da Escola Normal, dentre os que receberam sua atenção nos sacramentos, dentre todos os que o viram servindo, digno e ereto, daqueles que hoje nos fazem falta. Esse homem, servo incondicional do Senhor, de Nossa Mãe das Dores, e do Padre Cícero Romão Baptista, passou a merecer por sua iniciativa e na recitação mensal do terço, mais esta dedicação, esta vigilância espiritual que nos permite uma sintonia fina com o seu exemplo de vida e aquilo que acreditamos media a nossa relação com Deus, Nosso Senhor. Desejo nesta tarde, Gorete Couto, elogiar e engrandecer o seu trabalho, sempre feito com tanto carinho, com tanto esmero, procurando reunir-nos durante a recitação deste terço, em torno da memória irretocável de Pe. Murilo de Sá Barreto.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 27.04.2015)

CINE ELDORADO
O Cine Eldorado estará exibindo no próximo dia 01.05, sexta feira, no seu endereço da Rua Pe. Cícero, às 20:00 horas, o filme O Maior Espetáculo da Terra ( The Greatest Show on Earth, USA, 1952), do gênero drama épico, com produção, narração e direção de Cecil B. DeMille. Elenco: Charlton Heston (Brad Braden); Cornel Wilde (The Great Sebastian); James Stewart (Buttons A Clown); Gloria Grahame (Angel ); Lawrence Tierney (Mr. Henderson); William Boyd; Bing Crosby; Bob Hope; Lyle Bettger (Klaus); John Ridgely  (Assistant Manager); Frank Wilcox (Circus Doctor) Robert Carson  (Ringmaster); Lee Aaker (Little Boy Spectator); Cecil B. DeMille  (Ator);
Kathleen Freeman (Spectator); Jimmy Hawkins (Little Boy Spectator); Van Johnson (Spectator); Noel Neill (Noel); Edmond O'Brien (Midway Barker at End). Sinopse: O enérgico gerente Brad contrata o trapezista internacional Sebastian para garantir os lucros e evitar que seu circo deixe de fazer uma temporada completa (e que inclui espetáculos em pequenas cidades). Mas a entrada de Sebastian acaba criando um conflito com Holly, apaixonada por Brad e também uma trapezista, que começa a competir perigosamente com o astro recém-contratado durante os números de trapézio. Mas este não é o único problema de Brad: além dos caprichos dos outros artistas, tem que lidar ainda com assaltantes, trapaceiros e animais selvagens doentes. Dentre seus artistas, o bondoso palhaço Buttons, que nunca retira maquiagem em função de um terrível segredo em seu passado. Crítica: Os circos existem desde a antiguidade, tendo merecido destaque à época do império romano. O formato que nos conhecemos, caracterizado por uma grande lona e picadeiro, para apresentação dos artistas, data do século XVIII, numa iniciativa de um militar inglês. O Brasil conheceria as atividades circenses no século XIX, graças aos emigrantes europeus que para aqui vieram. Apesar de toda tecnologia, do cinema, da TV de alta definição oferecendo centenas de opções, da internet, da vida diversificada nas grandes cidades, o circo ainda sobrevive, mesmo sem a força do passado. Há poucos anos mesmo, tivemos o lançamento do romance “Água para Elefantes”, depois adaptado para o cinema, uma tentativa de resgatar e homenagear a história dos circos. Muitos outros diretores e atores se envolveram em filmes com essa temática: temos o ótimo  "O Homem Elefante" (David Lynch), "Carrossel de Emoções (com Elvis Presley) e o brasileiríssimo "Saltibanco Trapalhões", com Renato Aragão. Esse registro histórico do glamour e do trabalho artístico embaixo da lona foi realizado com talento e suntuosidade raros em 1952, com O Maior Espetáculo da Terra, do cineasta americano Cecil B. DeMille, um mestre das grandes produções em seu país. Esse diretor realizou quase uma centena de filmes, dentre eles os conhecidos Sansão e Dalila,  Os Dez Mandamentos, O Rei dos Reis e Cleópatra. O Maior Espetáculo da Terra traz uma curiosidade: é considerado pela crítica especializada americana como “o pior longa a ganhar o Oscar de Melhor Filme”. Logicamente isso é discutível, devem existir filmes piores de que o clássico de B. DeMille que levaram a famosa estatueta. E se você avaliar o trabalho cinematográfico em questão como espetáculo, levando em conta atores, fotografia, música, figurinos e o objetivo de homenagear os artistas de circo, concordará que o filme é de boa qualidade, com momentos deliciosos de se ver. Em alguma resenhas que li os articulistas desdenhavam O Maior Espetáculo da Terra por conta do roteiro, criticavam o drama envolvendo os personagens principais. Assisti o filme recentemente (não lembro se vi a produção americana quando criança ou adolescente) e percebi facilmente que o triângulo amoroso envolvendo Braden, Holy e Sebastian é na verdade secundário. O que Cecil B. DeMille pretende mesmo é mostrar a grandiosidade do circo, com seus trapezistas, malabaristas, equilibristas, palhaços, mulheres bonitas, cantoras, dançarinas e domadores de animais diversos, como cavalos, macacos, tigres, leões e elefantes. Na história, um grande circo americano está em dificuldades. É preciso ter criatividade e contratar artistas que atraiam o público para evitar o pior. Uma das alternativas encontradas é limitar as apresentações só às grandes cidades, cortando do roteiro de viagens os centros menores. 
Os artistas discordam, querem estar com seu público em todos os lugares, principalmente nas cidades médias e pequenas. Fica subentendido que nesses locais o carinho ou a empatia com as pessoas que amam o circo é maior. O gerente do grande circo, Brad Braden (Charlton Heston) fica ao lado dos seus empregados e contrata o trapezista Sebastian, um astro capaz de garantir o público nas apresentações, inclusive nas cidades de pequeno e médio porte. Braden é viciado no trabalho, só pensa no circo, negligenciado o amor que sente por Holly (Betty Hutton) e aparentemente sem notar que a garota também o ama. A mocinha do filme é bastante ingênua, de uma inocência difícil de encontrar no mundo real. Sebastian, que chega para reforçar o elenco do circo, é bonitão, extremamente vaidoso e mulherengo, com um comportamento pessoal e profissional que beira a irresponsabilidade. Esses três personagens dominam a trama central, numa história meio bobinha que serve na verdade para expor tudo que está envolvido na vida de um grande circo. São mostrados os arriscados números de trapézio, os malabaristas e equilibristas, coreografias de diferentes regiões do planeta com mulheres belíssimas à frente, além dos animais presentes em qualquer grande espetáculo de picadeiro. Muitas vezes o olhar da câmera do diretor passeia pela platéia: um velho que se comporta como uma criança assistindo o circo, se divertindo muito, enquanto um menino ao seu lado é estranhamente sisudo. Casais de namorados, pessoas de meia idade e a meninada em peso em êxtase: acompanhando cada lance com atenção total, alguns emocionados, quase todos felizes, livres, sem tirar os olhos do picadeiro, mesmo quando têm em mãos um gostoso sorvete ou um saco de pipocas. Além dos atores citados, sendo o mais conhecido deles Charlton Heston (Os Dez Mandamentos, O Planeta dos Macacos, Aeroporto, Terremoto), o filme tem ainda dois ícones do cinema americano: Dorothy Lamour e James Stewart. Este último, que estrelaria depois alguns do melhores trabalhos de Alfred Hitchcock, interpreta um personagem curioso em O Maior Espetáculo da Terra: ele se “esconde” por trás de um palhaço, sempre maquiado, quando na verdade é um famoso cirurgião que matou a mulher por amor. Em O Maior Espetáculo da Terra não vemos apenas um filme. Durante quase três horas é como se estivéssemos também dentro de um verdadeiro circo, acompanhando não só os números belos e variados que são exibidos no palco ou picadeiro, mas também tomando conhecimento do que está por trás da vida de cada artista famoso. Cecil B. DeMille era um mestre nesses espetáculos majestosos, épicos e prova isso numa das grandes cenas do filme, quando dois trens com os artistas do circo se chocam deixando por alguns momentos a sensação de que “tudo vai acabar”. É bom lembrar que isso foi feito em 1952, sem os efeitos especiais de hoje. O realismo que o diretor conseguiu, porém, é impressionante. O título dessa obra cinematográfica é bastante significativo. O responsável pelo longa quis realmente proporcionar um grande espetáculo e conseguiu. Com o filme e o circo, os dois juntos na tela grande, um se ancorando no outro e formando um produto único que oferece arte, graça e diversão de primeira. (Fonte: http://robertoalmeidacsc.blogspot.com.br/) Curiosidades: A premiação do Oscar gerou críticas por muitos especialistas que o consideraram um dos piores ganhadores da história do prêmio. Neste ano concorrem como melhor filme os clássicos Matar ou Morrer e Cantando na Chuva. Em meio a platéia aparecem Bob Hope e Bring Crosby, parceiros da atriz Dorothy Lamour (que interpreta Phyllis e canta a canção que eles estão ouvindo) em muitas comédias. Outras participações especiais foram a de Edmund O´Brian e do cowboy do cinema e Tv Hapolong Cassidy, que desfila em uma cena de Parada. Os principais prêmios e indicações foram: No Oscar de 1953, venceu nas categorias de melhor filme e melhor história, e foi Indicado nas categorias de melhor diretor, melhor figurino colorido e melhor edição. No Globo de Ouro, em 1953, Venceu nas categorias de melhor filme - drama, melhor diretor e melhor fotografia colorida

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